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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

NOSSA SENHORA DE LOURDES

Nossa Senhora de Lourdes, França   (© Vatican News)

"Vocês não são obrigados a acreditar em mim, mas posso apenas lhes dizer o que vi e ouvi". (Bernadete Soubirous)

Bernadete encontrou Nossa Senhora 18 vezes no local determinado, na gruta de Massabielle, às margens do rio Gave.
Antes de receber a revelação da Virgem, a jovem pastora a chamou "Aquero", que, no dialeto local, significava "Senhora". Maria apareceu-lhe assim: vestida de branco, com um longo véu sobre os ombros, uma faixa azul nos quadris e os pés descalços, cobertos por duas rosas douradas, como o rosário dourado e branco em seu braço.

França, pátria do Positivismo

Não foi por acaso que a Providência escolheu o lugar para aquelas manifestações marianas repentinas.
Encontramo-nos na França, no século XIX, onde triunfava a filosofia positivista, segundo a qual o homem, em sua bondade ou, pelo contrário, em sua maldade, estava totalmente determinado de ser inserido em uma sociedade precisamente boa ou má.
Em Lourdes, Maria reverte tudo isso, recordando a existência do pecado original e do livre arbítrio. Por isso, antes de agir na sociedade, dizia Maria, era preciso agir no coração humano. Era preciso converter-se.

11 de fevereiro de 1858

Para lançar sua mensagem de oração e caridade ao mundo, Nossa Senhora escolheu Bernadete, uma pastora de 14 anos. Fazia muito frio, naquele dia, em Lourdes. Então a jovem, com sua irmã e uma amiga, foi catar lenha nas proximidades da gruta de Massabielle. Ficando para trás, sentiu, de repente, uma ventania, que, porém, não balançava as árvores. Depois, viu uma grande luz, em meio à qual estava a figura cândida de uma jovem mulher. Aquela Senhora não falou com ela, mas lhe ensinou a fazer corretamente o sinal da cruz e, juntas, em silêncio, rezar o Terço. No final da oração, a visão desapareceu.

"Eu sou a Imaculada Conceição"

Três dias depois, em 14 de fevereiro, Bernadete sentiu um desejo irresistível de voltar à gruta, mas levou consigo água benta. Quando a Senhora apareceu, ela tentou aspergi-la. Mas a Virgem ficou inerte e, sorrindo, começou a rezar o Terço novamente com ela.
Era o dia 18 de fevereiro, a primeira vez que a Senhora conversou com Bernadete, fazendo-lhe o seguinte pedido: voltar ali por 15 dias, pedir aos padres para irem àquele lugar em procissão e ali construir uma igreja.
Em 25 de fevereiro, a Senhora pediu a Bernadete para comer a grama e escavar um buraco: assim, começou a brotar a água da nascente milagrosa, na qual os enfermos ainda hoje se emergem, pedindo a sua cura.
Finalmente, em 25 de março, dia da Anunciação, Nossa Senhora revelou-se, dizendo: "Eu sou a Imaculada Conceição"! Bernadete transmitiu esta frase ao pároco. Uma pastora não podia saber que o Dogma da Imaculada Conceição de Maria havia sido proclamado, apenas quatro anos antes, pelo Papa Pio IX.
Maria revelou muitas coisas a Bernadete em suas aparições, mas, sobretudo, propôs a ela e ao mundo o “Céu e a santidade”, como únicos objetivos da vida terrena, como também a penitência, para eliminar o pecado do mundo.

Santuário mariano internacional de Lourdes

As aparições de Lourdes atraíram para Massabielle, desde o início, muitos curiosos, com sua bagagem inevitável de ceticismo. Até Bernadete foi submetida a exames médicos e interrogada pelas autoridades eclesiásticas. Somente assim Maria permitiu a realização de acontecimentos prodigiosos para que as pessoas acreditassem.
Ali foi construída uma igreja e, em 1862, com uma Carta Pastoral, o Bispo de Tarbes consagrou Lourdes como Santuário mariano internacional.

Vatican News

São Castrense

São Castrense | ArqSP
Castrense viveu no século V, era cristão e bispo de Cartagine, atual Tunísia, África. Durante a invasão dos Vândalos, comandados pelo rei Genserico, ele foi lançado ao mar, junto com outros sacerdotes e fiéis, dentro de um velho navio desprovido de velas, remos e leme. Com certeza, o intuito era que morressem afogados, mas milagrosamente ele sobreviveu, desembarcando na costa italiana, próxima a Nápolis.

Pelos registros, ele retomou sua missão apostólica e logo se tornou bispo de Castel Volturno. Depois, de acordo com o antiqüíssimo "Calendário Marmóreo" de Nápolis, ele também foi eleito bispo de Sessa, aceitando a difícil tarefa de conduzir os dois rebanhos, os quais guiou com amor e zelo paternal. Castrense era humilde e carismático, penitente e caridoso, durante a sua vida patrocinou dois episódios prodigiosos, registrados nos arquivos da Igreja: libertou um homem possesso pelo demônio e salvou um navio cheio de passageiros de uma grande tempestade.

Assim, a fama de santidade já o acompanhava, quando morreu como mártir de Jesus Cristo, em 11 de fevereiro de 450, em Sessa, Nápolis. Logo passou a ser venerado pela população em toda Campânia e em muitas outras cidades, inclusive na África.

As relíquias do Santo, foram transferidas, antes do século XII, de Sessa para Cápua e depois por determinação de Guilherme II o Bom, último rei normando da Sicília, foram enviadas para Monreale. Em 1637, foram transladadas para a Capela anexa à Catedral de Monreale, em uma urna de prata com uma placa onde se pode ler "São Castrense, eterno baluarte da cidade de Monreale".

As mais recentes informações sobre este Santo de origem africana, datam de 1881, e foram encontradas durante as escavações arqueológicas na gruta de Calvi, próximas de Monreale. São pinturas do século VII que retratam o bispo Castrense, nas duas dioceses e ao lado de outros mártires da mesma época e região.

Mas ainda hoje encontramos o efeito da sua presença na Catânia, seja na pequena região que leva o nome de São Castrense, seja nas diversas igrejas e no convento feminino beneditino erguido ao lado da Catedral, sendo tudo dedicado à sua memória. Inclusive nas manifestações de sua devoção quando da comemoração de sua passagem no dia 11 de fevereiro. Data oficializada pela Igreja, quando reconheceu o seu martírio e declarou o bispo Castrense, Santo e padroeiro da cidade de Monreale. Neste dia a sua estátua segue em procissão da Catedral de Monreale, indo para a de Sessa e retornando após o culto litúrgico. Dizem os devotos que durante este trajeto muito graças são alcançadas por sua intercessão.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 17/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 42

Porém ele estava tão longe de participar da enfermidade que curou a doença de quem havia adoecido. Não só permaneceu quieto, sem se deixar levar pela vingança contra os que o haviam ferido, mas aplacou a Deus em favor deles, mostrando com sua ação - penso - que quem se encontra bem protegido com o escudo da virtude não é arranhado pelas pontas dos dardos. Ele, com efeito, engrossa a ponta das armas, e a solidez da armadura as faz voltar para trás. A armadura que protege destes dardos é o mesmo Deus, do qual se reveste quem combate pela virtude. Revesti-vos, diz, de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 13, 14 e Ef 6, 13), isto é, da armadura completa, sem fissuras. Moisés, bem protegido por ela, tornou ineficaz o malvado arqueiro. Com efeito, nem ele foi presa de um impulso de vingança contra os que o haviam feito dano, nem depois de eles serem condenados por um juiz irrepreensível, ignorou o que é justo segundo a natureza, mas se fez suplicante diante de Deus em favor dos irmãos. Certamente não haveria de ter feito isso se não tivesse estado atrás de Deus, que lhe havia mostrado suas costas como guia seguro da virtude. As coisas que seguem são parecidas. Posto que o inimigo natural dos homens não encontrou nele campo para o dano, volta a guerra contra os mais fáceis de caçar. E tendo lançado no povo, como um dardo, a paixão da gula, preparou-os para comportar-se ao modo egípcio no que concerne ao paladar, fazendo-os preferir as ansiadas carnes do Egito àquele alimento celestial. Porem ele, mantendo sua alma no alto, sobrevoava acima de semelhante paixão e estava todo inteiro pendente da herança futura, prometida por Deus aos que saíssem do Egito espiritual e marchassem para aquela terra na qual mana leite misturado com mel. Por esta razão constituiu exploradores que informassem dos bens daquela terra. Os portadores de boas esperanças são, a meu ver, as considerações nascidas da fé, que fortalecem a esperança com os bens que estão preparados; os que causam a desilusão das melhores esperanças são os pensamentos que provêm do inimigo, os quais debitam a fé na promessa. Sem levar em conta nenhuma palavra dos adversários, Moisés julgou digno de fé quem dava as melhores referências acerca daquela terra. Josué era o chefe da melhor exploração e o que com sua autoridade dava credibilidade às notícias. Ao vê-lo, Moisés teve como indubitáveis as esperanças destes bens futuros, tomando o ramo de uvas, transportado por ele em varas, como sinal das riquezas dali (Nm 13, 24). Evidentemente, ao ouvir que Jesus revela aquela terra e que levanta o ramo de videira no madeiro, entendes que coisa confirmava Moisés nas esperanças. O ramo de uvas pendurado no madeiro que outra coisa designa senão o ramo pendente do madeiro nos últimos dias, cujo sangue se converte em bebida salvadora para os crentes? Moisés nos anunciou isto como símbolo, dizendo: Bebiam vinho, sangue da uva (Dt 32, 14), referindo-se por meio disto à Paixão salvadora. Novamente o caminho através do deserto. O povo, que havia perdido a esperança nos bens da promessa, se vê incomodado pela sede.

Capítulo 43

Moisés novamente inunda o deserto para eles por meio da pedra (Nm 20, 2-11 e Ex 17, 1-7). Este relato, em sua interpretação espiritual, nos ensina como é o sacramento da penitência. Com efeito, aqueles que depois de haver experimentado a água da pedra se voltam para o ventre, a carne e os prazeres egípcios, são castigados com a ânsia da participação dos bens. Porem graças ao arrependimento lhes é possível encontrar de novo a rocha que abandonaram, e abrir de novo o veio de água e saciar-se novamente da fonte. A pedra o outorga isto àquele Moisés que acreditou que a exploração de Josué era mais verdadeira que a de seus adversários, que via o ramo de uvas (Jo 15, 1) pendente em nosso favor, e que de novo fez com a vara que a pedra manasse para eles. O povo ainda não havia aprendido a seguir as pegadas da grandeza de Moisés. Ainda se deixa arrastar para baixo, para os desejos servis, e se inclina aos prazeres egípcios. O relato mostra através destas coisas que a natureza humana é propensa a esta paixão acima de todas as demais, capaz de sucumbir à enfermidade por mil caminhos. Moisés, como médico que impede com sua arte que o mal vença sempre, não permite que a enfermidade predomine sobre eles a ponto de causar a morte (Nm 21, 6-9). Posto que a concupiscência de coisas absurdas engendrou serpentes cuja mordida era portadora de morte ao introduzir o veneno em quem era alcançado por seus dentes, o grande Legislador neutralizou com a imagem de uma serpente a força das feras verdadeiras. Talvez seja tempo de revelar mais claramente o enigma. Existe uma só proteção contra estas perversas paixões: a purificação de nossas almas que tem lugar através do mistério da piedade. Entre as coisas que cremos no mistério, é ponto capital a fé na Paixão Daquele que por nós aceitou o padecimento. A cruz, com efeito, é um padecimento; quem olha para ela, como explica o relato, não é atingido pelo veneno da concupiscência (Nm 21, 9 e Jo 3, 15). Olhar para a cruz não é outra coisa que converter a vida inteira de cada um em crucificação e morte ao mundo (Ga 6, 14), inamovível por qualquer pecado, crucificando verdadeiramente as próprias carnes com o temor de Deus, como diz o profeta (Sal 119, 120). O cravo que sujeita a carne é a continência. E posto que a concupiscência de coisas absurdas faz sair da terra serpentes portadoras de morte, - todo rebento da concupiscência é uma serpente-, a Lei nos mostra o que se revela no madeiro. Este é figura de serpente, porem não é serpente, como também disse o grande Paulo: Em semelhança da carne de pecado (Rm 8, 3). A verdadeira serpente é o pecado; quem marcha junto do pecado se reveste da natureza da serpente. Assim pois, o homem é libertado do pecado por aquele que tomou sobre si a aparência de pecado e se fez igual a nós que nos havíamos transformado em imagem da serpente. Por ele é evitada a morte proveniente das mordidas, porem não são aniquiladas as feras. Chamo feras à concupiscência. Com efeito, a má morte dos pecadores não tem força contra aqueles que olham para a cruz, ainda que a concupiscência contra o espírito, que está metida dentro da carne, não tenha sido destruída de tudo (Ga 5, 16-17). Também os crentes se deixam sentir muitas vezes as mordidas da concupiscência, porem quem olha para aquele que foi levantado no madeiro evita a paixão, dissolvendo o veneno com o temor do preceito, como se fosse um antídoto.

ECCLESIA Brasil

Como a cruz passou a ser o símbolo do cristianismo

Brian A Jackson | Shutterstock
por Lucien de Guise

Os primeiros cristãos hesitavam em usar um crucifixo, que consideravam degradante, na prática de sua fé.

Por dois séculos, os seguidores da nascente fé cristã evitaram fazer do instrumento da morte de Cristo uma medalha de honra. Muitos não católicos ainda comparam o uso de um crucifixo com algo como pendurar o símbolo de uma cadeira elétrica em volta do pescoço.

O crucifixo era visto como degradante

Assim também teriam pensado as primeiras comunidades cristãs. A crucificação era uma forma de execução destinada a ser excruciante e humilhante. Era uma degradação pública deliberada. Para os cristãos convertidos que vinham de formação judaica, a figura de um Deus crucificado era pior do que degradante: era contra séculos de sua religião e cultura.

No começo havia “a Palavra”

Cristo amava as palavras e contava histórias. “Eu sou o Alfa e o Ômega” é uma expressão usada várias vezes no Novo Testamento. Como o grego era a língua franca do Mediterrâneo oriental, os primeiros cristãos usaram o alfabeto grego para criar um símbolo escrito pelo qual podiam se identificar. As palavras também eram poderosas em hebraico. Até hoje, a palavra hebraica para Deus (abreviada para YHWH) raramente é falada ou escrita por completo. É referida como “O Nome”.

Os primeiros cristãos eram igualmente reticentes em promover o nome da imagem de Deus. “Peixe” foi sua primeira escolha como referência a Cristo. Em parte porque seu Salvador falou em ser um “pescador de homens”, e também porque a palavra grega para peixe (ichthus) pode ter um duplo significado: Jesus (Iesos) Cristo (Christos) de Deus (theou) Filho (uios) Salvador (soter).

Jogos de palavras com o nome de Cristo são discutidos com mais frequência do que as referências à Sua cruz. Isso mostra a importância do símbolo, antes de ser representado fisicamente. Por volta do ano 200, o teólogo Hipólito escreveu sobre fazer o sinal da cruz na testa “pois este é um sinal da Sua Paixão”. Logo depois, passou a ser recomendado como remédio para picadas de escorpião. A ideia da cruz havia claramente se consolidado.


O estaurograma

Um candidato à representação física mais antiga da cruz de Cristo é o estaurograma. Composto pelas letras gregas Tau e Rho, seu som lembrava a palavra grega para crucificar, “stauroo”. Usado principalmente em textos escritos do século 2, ele na verdade se assemelha a uma pessoa em uma cruz.

Aleteia

O Símbolo Chi Rho

Um pouco mais difundido era o símbolo Chi Rho, que combinava as duas primeiras letras do nome de Cristo em grego para formar uma imagem que parecia menos com uma cruz do que com o estaurograma. O Chi Rho é mais parecido com o símbolo papal das chaves cruzadas. Isso não é coincidência, já que os papas continuam a usar os dois. Esses símbolos transmitem um pouco do esplendor imperial de Constantino, o Grande, que primeiro adotou o Chi Rho.

Inscrições ou imagens sagradas?

À medida que o cristianismo viajou para o oeste, encontrou culturas que não apenas gostavam de imagens esculpidas, mas frequentemente não tinham linguagem escrita. O primeiro exemplo é, notoriamente, um tipo de graffiti de um semianalfabeto anônimo em Roma. Certamente não foi feito pela mão de um cristão e há muitos motivos para duvidar dessa imagem. Pode ser considerada uma crucificação, mas não a crucificação de Jesus.

Datar corretamente muitas dessas supostas cenas de crucificação é outro problema. Pensa-se que uma pedra preciosa esculpida no Museu Britânico pode ser a imagem não blasfema mais antiga da crucificação. É um item preocupante, no entanto. O amuleto pode ter sido produzido por uma seita herética e mostra claramente Cristo preso à cruz com cordas em vez de pregos.

O caixão de marfim representando a crucificação de Cristo

Meu símbolo favorito como a primeira representação inequívoca da morte de Nosso Senhor é um caixão de marfim, feito em Roma por volta de 420. Ele tem todos os atributos que reconheceríamos hoje. Maria e São João choram ao pé da cruz, enquanto o soldado romano Longinus está perfurando o tronco de Cristo. A vítima está presa com pregos. Podemos ainda ver o arrependido Judas pendurado em uma árvore. O mais convincente de tudo é que nos traz de volta à palavra escrita. Acima da cabeça do homem crucificado está metade do título em latim que conhecemos tão bem: “Rei dos Judeus”.

Aleteia

90 anos da Rádio Vaticano: as palavras dos Pontífices

Os Papas e a Rádio Vaticano na pintura da Sala Marconi,
na sede da Rádio, Palácio Pio 

Por ocasião do aniversário da nossa emissora, recordamos as palavras dos Papas nos microfones da Rádio. Dos apelos à paz às reflexões sobre comunicação. A voz dos Papas desde Pio XI a Francisco.

Vatican News

Oito pontífices em 90 anos falaram nos microfones da Rádio Vaticano, a "rádio do Papa", lembrando frequentemente, em aniversários e em reuniões com funcionários, sua missão evangelizadora e sua capacidade de unir os fiéis de todo o mundo e das comunidades mais isoladas. Uma voz de paz e amor que há quase um século acompanha os acontecimentos da humanidade desde 12 de fevereiro de 1931. A seguir apresentamos a voz dos Papas nos microfones da Rádio Vaticano, desde Pio XI até Francisco. 

Pio XI e os primórdios da Rádio Vaticano

Foi o inventor do rádio Guilherme Marconi, encarregado pelo Papa Pio XI, o responsável pela execução da estação de rádio e foi o primeiro a falar no microfone, deixando logo a palavra para o Pontífice, que gravou esta primeira radiomensagem em latim:

Sendo, pelo misterioso desígnio de Deus, Sucessores do Príncipe dos Apóstolos, isto é, daqueles cuja doutrina e pregação por ordem divina é destinada a todos os povos e a toda criatura (Mt 28, 19; Mc 16, 15), e podendo nos valer por primeiro desta admirável invenção de Marconi, Nos dirigimos antes de tudo a todos os homens.

Pio XII e o seu apelo à paz

Em 24 de agosto de 1939, uma semana antes da invasão da Polônia pela Alemanha nazista, o Papa Pio XII gravou uma radiomensagem dirigida aos governantes e aos povos avisando "o perigo de guerra é iminente". "Nada se perde com a paz. Tudo pode ser perdido com a guerra", são suas históricas e proféticas palavras.

João XXIII e a fraternidade entre os povos

Era 1961, o ano que começou com o juramento de John Fitzgerald Kennedy, com a estreia dos Beatles, e terminou com a intervenção dos EUA no Vietnã. Em 12 de fevereiro, o Papa João XXIII fez um discurso por ocasião do 30º aniversário da Rádio Vaticano, um exemplo de técnica a serviço da fraternidade dos povos.

Paulo VI e a voz de consolação para os fiéis

Em 27 de fevereiro de 1971, o Papa Paulo VI encontra-se com os funcionários da Rádio Vaticano para o 40º aniversário de sua fundação e recorda a importância de chegar aos fiéis em todas as partes do mundo.

João Paulo I e seu encontro com a imprensa internacional

Em setembro de 1978 foram assinados os Acordos de Camp David entre Israel e Egito nos EUA. Alguns dias antes, em 1º de setembro, João Paulo I encontrou-se com representantes da imprensa internacional e lembrou o compromisso de divulgar as notícias sobre a Igreja.

João Paulo II: informação, evangelização, catequese

Em agosto de 1980 nasceu o sindicato Solidarnosc na Polônia após uma greve nos estaleiros de Gdansk. Em 5 de março daquele ano, o Papa João Paulo II visitou as instalações da Rádio Vaticano e recordou a missão da Rádio a partir de seu lema: Laudetur Iesus Christus

Bento XVI e os ouvintes: a família de Deus

Aproximando-se aos nossos dias, em 3 de março de 2006, por ocasião do 75º aniversário de fundação da Rádio Vaticano, Bento XVI visitou as instalações do Palazzo Pio. Do estúdio o Papa se dirigiu diretamente aos ouvintes, uma família de Deus que não conhece fronteiras.

Francisco: comunicar-se como testemunhas de Cristo

Após a reforma da mídia do Vaticano em 2015 desejada pelo Papa Francisco, a Rádio Vaticano começou a fazer parte do novo Dicastério para a Comunicação. Comunicar é testemunhar, recorda Francisco Em 23 de setembro de 2019, na plenária do dicastério.

Vatican News

Lourdes e Fátima, duas grandes aparições marcadas pelo mistério de seus segredos

Guadium Press
Em Fátima, a Virgem adverte ao mundo sobre a alarmante decadência moral pela qual estava entrando. Em Lourdes, vemos a expressão de graças marianas, através de conversões e curas portentosas, a ponto de ser considerada sinônimo de milagres.

Redação (09/02/2021 10:30, Gaudium Press) Oito milhões de peregrinos chegam -em tempos normais sem pandemia- à Gruta de Massabielle, às margens do rio Gave, em Lourdes, região dos Pirineus da França. Levam suas enfermidades viajando dos lugares mais recônditos, sobem onde, a “Senhora vestida de branco”, apareceu em 18 oportunidades à rústica camponesa de 14 anos, Bernadette Soubirous. Tudo começou em 11 de fevereiro de 1858.

Maravilhosa força de atração testemunhada por milagres incríveis. A fim de eliminar dúvidas e demonstrar a insondável compaixão de Maria Santíssima, a Igreja instituiu um comitê médico que analisa os enfermos antes de serem banhados na água da fonte curativa. Já houve mais de seis mil curas inexplicáveis ​​para a medicina; embora se considerem 64 os milagres reais indiscutíveis.

Santuário de Lourdes lança grande novena de oração contra o coronavírus
Guadium Press

“O milagre estava me esmagando”

Naquela época, um ímpio famoso escritor francês ficava incógnito, com a intenção de coletar informações para um livro contra os prodígios de Lourdes. Vendo a Fé fortalecida e a esperança que não se quebrava, ao voltar à Paris disse aos seus íntimos: “Fugi porque o milagre estava me esmagando”.

Elevado comentário fazia o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira na década de 1960: “Lourdes concede ao enfermo tal conformidade com o sofrimento que não há notícia de alguém que, estando ali e não sendo curado, tomou uma atitude de rebeldia. Pelo contrário, as pessoas voltam aos seus lares imensamente resignadas, satisfeitas por terem podido fazer sua visita à célebre gruta dos milagres e contemplar a bondade de Maria para com os outros infortunados que não estão com elas”.

Aparições de Nossa Senhora em Lourdes e Fátima

Lourdes ocupa uma posição de grandeza entre as aparições dos últimos dois séculos junto a Fátima. Ambas têm uma profunda ligação, nos fazem pressentir o prometido Reino do Imaculado Coração de Maria. Em Fátima, a Virgem adverte ao mundo sobre a alarmante decadência moral pela qual estava entrando. Em Lourdes, vemos a expressão de graças marianas, através de conversões e curas portentosas, a ponto de ser considerada sinônimo de milagres.

Não deixam de ter uma pitada de mistério sobre “segredos” comunicados. Em Fátima três segredos são conhecidos até o momento. Em Lourdes, a vidente recebeu “três segredos”, além do pedido de sofrer por “um grande pecador”, que ela não identifica.

Transcorria o século XIX, um novo mundo de tecnologia, dinheiro e invenções, influenciava a vida dos homens, quimeras que colocavam os ensinamentos evangélicos de lado.

Guadium Press

Uma das maiores vitórias de Nossa Senhora contra o demônio

Bem afirmava o Dr. Plinio que: “Lourdes é uma das manifestações mais extraordinárias da luta de Nossa Senhora contra o demônio, visto que esta aparição se deu no auge das perseguições e desprezos movidos pelo anticlericalismo do século XIX para enfraquecer a Igreja”.

Era o pontificado do Beato Pio IX que, para combater esta onda de soberbo ateísmo que avançava sobre os corações, proclamou o Dogma da Imaculada Conceição em 1854. Inspiração especial confirmada do Céu pelas aparições de Lourdes, quando Bernadette vislumbrou uma Senhora: “vestida de branco, um véu também branco, um cinto azul e uma rosa amarela em cada pé”.

Uma Senhora de poucas palavras

Se nos voltarmos àqueles momentos, e percorrermos as aparições na singular Gruta, encontraremos poucas palavras -ao menos as conhecidas- que a Santíssima Virgem transmite, e os difíceis momentos pelos quais passa esta simples camponesa. Uma forte oposição tentou acabar com essa singular “aventura”.

Até a terceira aparição, a imagem será muda; momentos de oração -a única coisa que Bernadette conhecia era o rosário- e de contemplação silenciosa. Ela começará a se comunicar com Bernadette, não em francês, mas no dialeto local, o patois. Ela pede orações e sacrifícios pelos pecadores, manda cavar a fonte com as mãos, “pede aos padres que construam uma capela. Quero que todos venham em procissão”. Nas diversas aparições foi a Santíssima Virgem dizendo: “Quero que venha aqui muita gente”, “peça a Deus pelos pecadores! Penitência, penitência, penitência!”.

Os assistentes não viam a “Senhora”, mas sentiam a Sua presença e se comoviam com os êxtases da vidente. A afluência do público aumentou, o comissário proibiu ir à Gruta. Eram tempos de pressão do ateísmo sobre a religiosidade popular.

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Um manancial de milagres

As pessoas pedem provas, como sempre. A Senhora lhe indica onde cavar com sua mão, fazer um buraco, do qual sairia uma fonte. Bernadette bebeu, molhando o rosto também, ficando enlameada. Todos eles zombaram dizendo que ela tinha enlouquecido. Oh, misteriosos desígnios de Deus! O entusiasmo sensível diminui, os espectadores ficam desencantados. Era 25 de fevereiro.

Ali surgiu a fonte dos milagres mais conhecida pela humanidade, símbolo das inesgotáveis graças ​​concedidas a todos os que ali vão em peregrinação. A água, analisada por destacados químicos, é: virgem, muito pura, natural, sem propriedades térmicas, nenhuma bactéria sobrevive a ela. Está comprovado: um após o outro, pacientes de todos os tipos, tomam banho nas piscinas de Lourdes e não se contaminam com nada.

Três semanas depois, no dia 4 de março, a mensageira “anônima”, por insistência de Bernadete e a pedido do pároco, revelou quem ela era: “Eu sou a Imaculada Conceição”, título raro para os homens e mulheres do momento.

Os segredos de Lourdes

Mas o “mistério” de Lourdes está centrado nas aparições de 23, 24 e 25 de fevereiro, nas quais “a Senhora de branco” lhe comunica três segredos. Dia 23, um que só diz respeito a ela e que ela não podia revelar a ninguém, e uma oração que lhe fez repetir, mas que ela não queria que fizesse conhecer. No dia 24 lhe revelou um segredo pessoal e depois desapareceu. No dia 25, lhe disse: “minha filha, quero confiar-te apenas a ti o último segredo; como os outros dois, você não os revelará a ninguém neste mundo”.

A última aparição, em 16 de julho, ocorreu discretamente. Foi à distância, separada pelas águas do Rio Gave e o povo que não permitia o comissário se aproximar da gruta.

Em certos momentos, de sua dolorosa agonia, se ouviu dizer que o oferecia em reparação pelo “grande pecador”. A irmã assistente lhe perguntou e ela respondeu colocando o dedo na boca em sinal de silêncio.

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Bernadette cumpriu sua missão

Com o passar dos anos sua pessoa foi diminuindo, a gruta, com sua fonte e seus milagres, passaram ao primeiro plano. Bernadette em 1866 deixa Lourdes. Ela havia cumprido sua missão. Cumpriu, com grande dedicação, todos os sofrimentos e obstáculos colocados pelo demônio durante esta etapa. Entra na vida religiosa, “nunca imaginei que sofreria assim”, dizia ela nas terríveis provações que padeceu; nada a fez sofrer mais do que algumas freiras de sua comunidade. Exumado seu corpo, em 1933, ele permaneceu incorrupto. Se convenceram de que era “uma vítima expiatória de seus três segredos” e do “Grande Pecador”, que nunca revelou a ninguém, segundo as palavras do historiador Pierre Claudel em seu livro” O Mistério de Lourdes”.

Por Padre Fernando Gioia, EP

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

(Publicado originalmente em La Prensa Gráfica de El Salvador, 7-2-2021).

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Rádio Vaticano completa 90 anos: a voz do Papa para o mundo inteiro

A sede da Rádio Vaticano em primeiro plano tendo como
fundo a Basílica Vaticana 

A estação de rádio projetada e construída por Guilherme Marconi, encomendada pelo Papa Pio XI, completa 90 anos. Hoje, a emissora da Santa Sé fala 41 idiomas. O responsável pela Rádio fala de duas novidades para este aniversário: uma nova página web e a rádio Web.

MASSIMILIANO MENICHETTI

Quase 12 mil horas de transmissão em um ano, incluindo transmissões ao vivo, programas informativos, litúrgicos e musicais. Esta é a carteira de identidade da Rádio Vaticano, a emissora da Santa Sé, criada por Pio XI, que a confiou à Companhia de Jesus, e que foi construída por Guilherme Marconi noventa anos atrás. Hoje transmitimos em 41 idiomas e todos os dias levamos as palavras do Evangelho e a voz do Papa para o mundo inteiro.

Este aniversário é particularmente desafiador para nós. Estamos celebrando nosso 90º aniversário enquanto uma das maiores provações para toda a humanidade está em andamento devido à pandemia da COVID-19. Nossa missão sempre foi a de não deixar ninguém sozinho e levar a esperança do anúncio cristão, a voz do Papa e ler os fatos à luz do Evangelho. Este momento nos questiona e nos desafia ainda mais. Quando, por exemplo, em 9 de março de 2020, o Papa Francisco decidiu celebrar a missa ao vivo na Casa Santa Marta, permitindo que o mundo inteiro rezasse com ele, nossos esforços, técnicos e editoriais, se multiplicaram. Recordamos que naquele período em muitas nações as celebrações estavam suspensas. Além do serviço transmissões ao vivo em várias línguas, criamos novos programas, podcasts e audiolivros, para estar perto de todos, para alcançar todos os cantos do planeta. Nestes meses, além de informar, continuamos a reunir e contar histórias de proximidade, de alívio, de solidariedade. Mostramos o rosto da Igreja e daquela parte da sociedade que constrói pontes, muitas vezes silenciosamente, ajuda e inclui.

Segundo as estatísticas e as pesquisas mais recentes, a rádio goza de excelente saúde. Em muitas partes do mundo, além de ser uma emissora de ondas, transmite também imagens, mensagens, interação. O Rádio vive com as redes sociais, e se tornou parte delas. É certamente imediatismo e rapidez. Nossa vocação é levar a Boa Nova a todos e para isso usamos ondas e bit. A reforma desejada pelo Papa Francisco também nos projetou em uma nova dimensão, caracterizada pela integração com outras mídias, a começar pelo jornal L’Osservatore Romano. Os funcionários da Rádio Vaticano, provenientes de 69 nações, possibilitaramo nascimento do portal Vatican News, que conta com fluxos vídeos, fotográficos, áudio e textuais. Para dar um exemplo: os podcasts da Rádio também são difundidos através das redes sociais do Dicastério para a Comunicação, e frequentemente são acompanhados por imagens e gráficas. E também, as reportagens ou programas de rádio muitas vezes tornam-se páginas web e artigos do L'Osservatore Romano. Somos a expressão de um grande trabalho de equipe e ainda estamos caminhando.

A Rádio Vaticano sempre falou muitos idiomas, mas não tínhamos programações linguísticas especiais. A rádio Web, que agora está sendo criada, estreará em italiano, francês, inglês, espanhol, português, alemão e armênio. Ao longo deste ano, serão criados quase 30 canais ao vivo, correspondentes ao mesmo número de idiomas, que podem ser ouvidos tanto na página da rádio, especialmente desenvolvida em sinergia com o Vatican News, como através do aplicativo da Rádio Vaticano. Será dado um amplo espaço à música e à liturgia em latim.

A Rádio Vaticano transmite via satélite, DAB+, digital terrestre, internet e, naturalmente por ondas hertzianas. Não devemos esquecer que em particular as ondas curtas representam o forte apelo do Papa Francisco, que é o de alcançar as periferias do mundo. Ficamos muito impressionados com o testemunho do padre Pierluigi Maccalli, que foi sequestrado no Níger em 2018 e libertado em outubro de 2020. Após sua libertação, ele expressou seu desejo de nos visitar. Contou-nos que durante sua prisão no deserto do Saara, deram-lhe um pequeno rádio com ondas curtas, que se tornou sua "janela de ar puro". Graças a esse radinho, "apesar de ter que ser reparado várias vezes e de estar aberto em duas partes", ele nos ouvia em francês e italiano e também com o rádio foi possível participar da Missa de Pentecostes com o Papa. Uma proximidade, nos disse, que jamais esquecerá. E nós, desde que conhecemos esta história, sempre que estudamos como otimizar as transmissões para a África, carregamos em nossos corações o que chamamos de Emissões Maccalli.

Hoje, ao celebrarmos estes 90 anos, olhamos para frente, com a força e a consciência de nossas raízes e o desejo de levar a luz do Evangelho a todo o mundo. Todo bom caminho requer a consciência de onde se vem e saber em que direção se está indo. A Rádio Vaticano tem uma grande história de serviço, em apoio da fé, da liberdade, da verdade, da Igreja, uma história marcada por décadas de gestão por parte dos Jesuítas, que ainda são responsáveis por muitas redações. Pio XI, em sua primeira radiomensagem, dirigiu-se "a todos os povos e a toda criatura"; e Pio XII através da Statio Radiophonica Vaticana apelou nos microfones da Rádio para que as tensões não levassem ao abismo da Segunda Guerra Mundial: naqueles anos sombrios, a Rádio realizou um serviço admirável, atuando como ponte, ajudando a obter notícias sobre o destino de milhares de pessoas desaparecidas ou presas.  A Rádio superou todas as barreiras: durante os anos do totalitarismo foi ouvida por muitas pessoas clandestinamente, com o risco de suas vidas, porque essa era a única maneira de participar da Missa. Também recordamos do desafio do Concílio contado em cerca de 3.000 horas de transmissão, das muitas viagens internacionais e, mais uma vez, dos membros fundadores da EBU (European Broadcasting Union), a maior associação global de mídia de serviço público. Vivemos os impensáveis 72 dias, que começaram com a morte de Paulo VI e ficaram na história como o "Ano dos Três Papas", que pôs toda a estrutura da mídia à prova. Enfrentamos a revolução digital, seguida pelas transmissões via satélite, e desafios contínuos até a pandemia que vivemos hoje, sempre com o objetivo de estar perto de todas as pessoas que procuram e desejam ouvir.

Vatican News

Existem demasiadas armas no mundo, afirma o Papa Francisco

Papa Francisco em uma imagem de arquivo. Foto: Vatican Media

Vaticano, 09 fev. 21 / 02:12 pm (ACI).- "No mundo, existem demasiadas armas". Assim se expressou de forma clara e direta o Papa Francisco durante o discurso pronunciado aos membros do Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, que recebeu em audiência na segunda-feira, 8 de fevereiro.

O Santo Padre qualificou como um "sinal encorajador" a entrada em vigor, em 22 de janeiro, do Tratado para a Proibição das Armas Nucleares, “bem como a prorrogação por mais cinco anos do Novo Tratado sobre a Redução das Armas Estratégicas (o chamado New START) entre a Federação Russa e os Estados Unidos da América”.

Além disso, o Papa recordou as suas recentes palavras na Encíclica Fratelli tutti, nas quais destacou que “se tomarmos em consideração as principais ameaças contra a paz e a segurança com as suas múltiplas dimensões neste mundo multipolar do século XXI, (...) muitas dúvidas emergem acerca da insuficiência da dissuasão nuclear para responder de modo eficaz a tais desafios”.

O Pontífice se reafirmou em suas palavras e reforçou que “não é sustentável um equilíbrio baseado no medo, quando de fato ele tende a aumentar o temor e a ameaçar as relações de confiança entre os povos”.

Da mesma forma, acrescentou que “este esforço no campo do desarmamento e da não proliferação de armas nucleares, que, apesar das dificuldades e reticências, é preciso intensificar, deveria ser feito igualmente no que diz respeito às armas químicas e convencionais”.

Foi neste contexto que afirmou que existem demasiadas armas no mundo, e recordou algumas palavras de São João XXIII pronunciadas em 1963: “A justiça, a reta razão e o sentido da dignidade humana terminantemente exigem que se pare com essa corrida ao poderio militar, que o material de guerra, instalado em várias nações, se vá reduzindo duma parte e doutra, simultaneamente”.

Papa Francisco lamentou que com o pulular de armas “aumenta a violência a todos os níveis e vemos ao nosso redor um mundo dilacerado por guerras e divisões, sentimos crescer cada vez mais a exigência de paz, duma paz que não é apenas ausência de guerra, mas é uma vida rica de sentido, construída e vivida na realização pessoal e na partilha fraterna com os outros”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

S. ESCOLÁSTICA VIRGEM, IRMÃ DE S. BENTO

S. Escolástica virgem, Sacro Speco de Subiaco

“Quem ama mais, pode mais”!

Este desafio aconteceu com Bento de Núrsia, mas a vencedora foi sua irmã gêmea, Escolástica, que se consagrou ao Senhor, desde muito jovem. Vivendo à sombra do irmão, pai do monacato ocidental, foi sempre fiel intérprete da sua Regra.

Presume-se que Escolástica, primeira monja beneditina, viveu entre os anos 480 e 543. Natural de Núrsia, região italiana da Úmbria, foi uma dócil aluna de Bento, do qual recebeu a sabedoria do coração, a ponto de superar seu mestre: é o que narra São Gregório Magno nos seus “Diálogos”, único texto de referência, com poucas menções sobre a vida desta Santa; ele descreve ainda um particular episódio, no qual ela revela uma acentuada personalidade humana e grande profundidade espiritual.

Vocação religiosa, nas pegadas do irmão

Segundo a história de Escolástica, diz-se que era filha de Eutrópio, descendente de uma antiga família de Senadores romanos, os Anici, e de Cláudia, morta logo depois do parto dos gêmeos; com 12 anos, foi mandada a Roma, junto com seu irmão Bento, onde ficaram profundamente escandalizados pela vida desregrada da cidade. Bento tornou-se eremita, por primeiro, enquanto Escolástica, herdeira do patrimônio familiar e revelando-se distante dos bens terrenos, pediu ao pai para dedicar-se à vida religiosa. Antes, entrou para um mosteiro, próximo de Núrsia, e, depois, transferiu-se para Subiaco, seguindo o irmão, que havia fundado a Abadia de Monte Cassino, ao leste de Nápoles. Ali, em apenas sete quilômetros de distância, fundou o mosteiro de Piumarola, onde, com as coirmãs, seguiu a Regra de São Bento, que deu origem ao ramo feminino da Ordem dos Beneditinos.

A regra do silêncio

Era normal para Escolástica recomendar a observância da regra do silêncio e evitar conversas com pessoas estranhas no mosteiro, mesmo se fossem visitantes devotos. Ela costumava repetir: “Fiquem em silêncio ou falem de Deus, pois o que, neste mundo, pode ser tão digno para se falar senão sobre Ele?”. Escolástica gostava de falar, a respeito de Deus, sobretudo com o irmão Bento, com o qual se encontrava uma vez por ano. O local onde faziam diálogos espirituais era uma casinha, situada no meio da estrada entre os dois mosteiros.

O milagre que desafiou Bento

São Gregório Magno narra que, no último dos seus encontros, datado de 6 de fevereiro de 543, - pouco antes da sua morte, - Escolástica pediu ao irmão para prolongar a conversa até na manhã do dia seguinte, mas Bento se opôs para não violar a Regra. Então, Escolástica implorou ao Senhor para não deixar o irmão partir, debulhando-se em pranto. A seguir, um temporal inesperado e violento obrigou Bento a ficar com ela, levando-os a conversarem toda a noite.

A primeira reação de Bento com o temporal improviso foi, porém, de contrariedade: “Que Deus onipotente possa lhe perdoar, irmã. O que você fez?”. E Escolástica respondeu: “Eu lhe implorei para ficar e você não me ouviu; pedi a Deus e Ele me atendeu. Agora, pode ir, se quiser; deixe-me e volte ao seu mosteiro”. Foi uma espécie de revanche da irmã, que não pôde se entristecer pelo amadíssimo irmão; pois ele mesmo lhe havia ensinado a se dirigir a Deus, com todas as forças, durante as dificuldades. Assim se destacaram os dotes femininos de Escolástica: docilidade, perseverança e também audácia ao obter o que desejava fortemente.

Unidos em Deus, na vida e na morte

Três dias depois deste encontro, - segundo São Gregório, - Bento recebeu a notícia da morte da irmã com um sinal divino: viu a alma da sua irmã subir ao céu em forma de uma pomba branca. Então, quis enterrá-la na sepultura, que havia preparado para si, onde também foi enterrado, pouco tempo depois. “Como seus pensamentos sempre estiveram voltados para Deus era justo seus corpos também ficassem unidos na mesma sepultura”.

Hoje, quem visita a majestosa Abadia de Monte Cassino, - após 15 séculos de história, - pode experimentar a emoção de estar diante do túmulo dos Santos irmãos, os pioneiros de um grande número de seguidores de Deus.

Vatican News

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 16/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 39

Isto é o mais paradoxal de tudo: como a quietude é o mesmo que o movimento. Com efeito, quem corre não está quieto, e quem está quieto não marcha para cima; aqui, ao contrário, o permanecer estável se origina do caminhar para cima. Isto quer dizer que quanto mais sólida e firmemente alguém se mantém no bem, tanto mais consuma a corrida da virtude. Quem é instável e vacilante quanto à base de suas convicções, por carecer de uma segura estabilidade no bem, sacudido pelas ondas e levado de um lado a outro, como diz o Apóstolo (Ef 4,14), ao estar agitado e duvidoso em sua concepção dos seres, jamais alcançará a virtude. Os que sobem uma costa de areia, ainda que dêem grandes passos, fadigam-se com pouco resultado, pois seus pés se afundam sempre juntamente com a areia; se esforçam no movimento, porem deste movimento não obtêm nenhum avanço. Porém se alguém, como diz o salmo, tira seus pés do seio do abismo (Sal 40, 3), e os coloca sobre a pedra, - e a pedra é Cristo, virtude perfeita (1Co 10, 4) -, quanto mais firme e imóvel se faz no bem conforme o conselho de São Paulo (1Co 15, 58), tanto mais veloz corre sua corrida, servindo-se da estabilidade como de asas: em sua marcha para cima, o coração, por sua segurança no bem, lhe serve de asas.

Capítulo 40

Assim pois Deus, ao mostrar a Moisés o lugar, o excita à corrida. Ao prometer-lhe estabilidade sobre a pedra, mostra-lhe a forma de correr este certame divino. Quanto ao espaço que há na fenda, ao que o relato chama buraco, formosamente o interpretou o divino Apóstolo com suas próprias palavras, dizendo que uma morada celestial não feita por mão de homem está preparada, na esperança, para aqueles cuja tenda terrena tenha sido desfeita (2Co 5, 1). Aquele que na verdade tiver consumado a corrida, como diz o Apóstolo (2Tm 4, 7), naquele estádio amplo e espaçoso a que a palavra divina chama lugar, e tiver guardado efetivamente a fé, como diz o símbolo, este, tendo assentado seus pés sobre a fenda, será recompensado com a coroa da justiça pelas mãos do presidente do certame. Este prêmio é chamado pela Escritura de diversas formas. O mesmo que é chamado aqui cavidade da fenda, em outros lugares é chamado jardim de felicidade, tenda eterna, morada junto do Pai, seio do patriarca, terra dos viventes, água do descanso, Jerusalém celestial, reino dos céus, prêmio dos eleitos, coroa de graças, coroa de felicidade, coroa de formosura, torre de poder, banquete de festa, estar sentado junto de Deus, trono para julgar, lugar ilustre, tenda escondida (Gn 3, 23; Lc 16, 9; Jo 14, 2; Lc 16, 22; Is 38, 11; Sal 23, 2; Ga 4, 26; Mt 3, 2; Flp 3, 14; Pr 1, 9 e 4, 9; Is 62, 3; Sal 61, 4; Ap 3, 21; Sal 89, 15; Is 56, 5; Sal 27, 5). Assim pois, dizemos que a entrada de Moisés na fenda designa a mesma realidade que todas estas expressões. Posto que a fenda é interpretada por Paulo como Cristo (1Co 10, 4), e cremos que em Cristo está a esperança de todos os bens, e sabemos, com efeito, que nEle estão todos os tesouros dos bens (Col 2, 3), quem alcançou algum bem, esse certamente está em Cristo, o qual contem todo bem. Quem avançou até este ponto e esteve protegido pela mão de Deus, como pôs em relevo o relato, a mão talvez seja a força de Deus, criadora dos seres, o Unigênito de Deus por meio do qual foram feitas todas as coisas (Jo 1, 3), o qual é também lugar para quem corre; é, segundo sua própria expressão (Jo 14, 6 e 1Tm 4, 7), caminho dos que correm, e é também rocha para quem está firme, e casa para os que alcançaram o repouso, esse se sentirá chamar, e verá as costas do que chama, isto é: marchará atrás do Senhor Deus (Dt 13, 5), conforme prescreve a Lei. Também o grande Davi, ao ouvir isto, o entendeu, quando diz a quem habita sob a proteção do Altíssimo: Ele cobrirá com suas asas (Sal 91, 4), que é o mesmo que encontrar-se atrás de Deus, pois as asas se encontram nas costas, e grita com relação a si mesmo: minha alma aderiu a Ti, tua direita me sustentou (Sal 53, 9). Vês como concorda o salmo com o relato? Da mesma forma que este diz que a direita protegeu a quem estava aderido a Deus, assim também ali a mão toca em quem espera na fenda a palavra divina, e lhe pede que o siga. Também o Senhor que, ao converter-se em plenitude da própria Lei, recebia a riqueza de Moisés, dirige-se de forma parecida a seus discípulos, e revela claramente as coisas que haviam sido ditas em figuras, quando diz se alguém quer vir atrás de Mim (Lc 9, 23). Não diz: "Se alguém quer ir adiante de Mim". E dirigiu o mesmo convite a quem suplicava pela vida eterna: Vem e segue-me (Lc 18, 22). Pois bem, quem segue vê as costas. Portanto, Moisés, que anseia por ver Deus, recebe o ensinamento de como é possível ver Deus: seguir a Deus aonde quer que Ele conduza, isto é ver Deus. Sua passagem indica que guia a quem o segue. Para quem ignora o caminho, não é possível percorrê-lo com segurança senão seguindo atrás de quem guia. Por esta razão aquele que guia, indo adiante, mostra o caminho a quem o segue, e quem segue não se separará do bom caminho se olhar continuamente para as costas de quem conduz.

Capítulo 41

Quem em seu movimento se deixa levar para os lados, ou se coloca olhando o guia de frente, inventa outro caminho para si, e não aquele que lhe mostra o guia. Por esta razão diz Deus ao que é guiado: Meu rosto não será visto por ti (Ex 33, 20), isto é, não te ponhas de frente a quem te guia, pois obviamente o caminho seria em sentido contrário. O bem não olha de forma oposta ao bem, mas o segue. O que conhecemos como contrário ao bem, isto se o põe de frente. O mal olha para a virtude em sentido contrário; ao passo que a virtude não é olhada de forma oposta pela virtude. Por esta razão, Moisés não olha agora a Deus de frente, mas vê o que está atrás dEle. Pois quem olha de frente não viverá, como atesta a palavra divina: Ninguém verá a face do Senhor e viverá (Ex 33, 20). Vês quão importante é aprender a seguir a Deus: aquele que aprendeu a colocar-se às costas de Deus, depois daquelas altas ascensões e daquelas terríveis e maravilhosas teofanias, já quase na consumação de sua vida, apenas se acha digno desta graça. A quem desta forma segue Deus, não detém nenhuma das contradições suscitadas pelo mal. Pois após isto, nasce a inveja dos irmãos. A inveja, a paixão malvada primordial, pai da morte, primeira porta do pecado, raiz do mal, origem da tristeza, mãe das desgraças, fundamento da desobediência, princípio do paraíso convertendo-se em serpente para dano de Eva. A inveja nos separou com um muro da árvore da vida, nos despojou das vestimentas sagradas e, para vergonha, nos revestiu com folhas de figueira. A inveja armou Caim contra sua natureza, e inaugurou a morte castigada sete vezes. A inveja fez escravo José. A inveja é incentivo portador de morte, arma oculta, enfermidade de nossa natureza, veneno bilioso, putrefação voluntária, dardo cruel, loucura da alma, fogo que abrasa o coração, chama que devora as entranhas. Para ele, é uma desgraça não o próprio mal, mas o bem alheio e, vice versa, é um bom sucesso não o bem próprio, mas o mal do próximo. A inveja, que se entristece com os êxitos dos homens e se alegra com suas desgraças. Dizem que os abutres, devoradores de cadáveres, são aniquilados pelo perfume, pois sua natureza se fez afim do insalubre e pútrido. Assim também quem está dominado por esta enfermidade se consome com a boa sorte do próximo como com a presença de um perfume, e ao ver algum sofrimento por alguma desgraça, revoa sobre ele, e mete seu bico torcido, trazendo à luz os aspectos ocultos da desgraça. A inveja atacou a muitos antes de Moisés. Arrojando-se contra este grande homem, se pulveriza como um vaso de argila estraçalhado contra uma pedra. Nisto, sobretudo, se mostrou o prêmio de caminhar atrás de Deus como fez Moisés; ele havia corrido no lugar divino, havia permanecido firme sobre a fenda e, metido em seu vão, havia sido protegido pela mão de Deus, e havia marchado atrás de quem guiava, sem vê-lo face a face mas olhando suas costas. E que ele alcançou por si mesmo a felicidade ao seguir a Deus se demonstra por ter se mostrado mais elevado que um tiro de arco. A inveja, com efeito, enviou seu dardo contra ele, porem o tiro não alcançou a altura em que se encontrava Moisés. A corda do arco da maldade não teve força suficiente para lançar esta paixão tão longe para que o contagiasse esta enfermidade partindo dos que já haviam caído nela. Aarão e Maria, roídos pela paixão da inveja, se converteram em um arco feito de selos de barril lançando contra ele a palavra como um dardo.

ECCLESIA Brasil

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF