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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Presidência da CNBB divulga nota sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021

Presidência da CNBB 

Sobre o texto-base da CFE deste ano, os bispos afirmam que a publicação seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), conselho responsável pela preparação e coordenação da campanha da fraternidade em seu formato ecumênico.

Vatican News

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta terça-feira, 9 de fevereiro, uma nota na qual esclarece pontos referentes à realização da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, cujo tema é: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz. Do que era dividido fez uma unidade”, (Ef 2,14a).

O documento reafirma a Campanha da Fraternidade como uma marca e, ao mesmo tempo, uma riqueza da Igreja no Brasil que deve ser cuidada e melhorada sempre mais por meio do diálogo. Iluminado pela Encíclica Ut Unum Sint, de 1999, do Papa São João Paulo II, o texto aponta também ser necessário cuidar da causa ecumênica. 

Sobre o texto-base da CFE deste ano, os bispos afirmam que a publicação seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), conselho responsável pela preparação e coordenação da campanha da fraternidade em seu formato ecumênico. “Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado apenas pela comissão da CNBB”, aponta a Nota.

No documento, a presidência da CNBB reafirma que a Igreja Católica tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela. “A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que ‘gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo” (Pontifício Conselho para a Família, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas., pág. 673).

A nota informa que os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) seguem rigorosa orientação, obedecendo não apenas a legislação civil vigente para o assunto, mas também a preocupação quanto à identidade dos projetos atendidos. “Os recursos só serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica”, reforça a nota.

A presidência da CNBB afirma, no parágrafo final, que apesar de nem sempre ser fácil cuidar das dificuldades levantadas pela realização de uma Campanha da Fraternidade e da caminhada ecumênica e de muitos outros aspectos da ação evangelizadora da Igreja, nem por isso se deve desanimar e romper a comunhão, o que segundo os bispos é uma das maiores marcas dos cristãos. “Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos”, exorta a presidência da CNBB.

Conheça, abaixo, a íntegra do documento. Aqui a versão em PDF:

NOTA DA PRESIDÊNCIA DA CNBB

Irmãos e irmãs em Cristo Jesus,

“Não apagueis o Espírito, não desprezais as profecias,
mas examinai tudo e guardai o que for bom” (1 Ts 5,21)

1. No exercício de nossa missão evangelizadora, deparamo-nos com inúmeros desafios, diante dos quais não podemos esmorecer, mas, ao contrário, buscar forças para responder com tranquilidade e esperança.
2. Nosso país vive um tempo entristecedor, com tantas mortes causadas pela covid-19, um processo de vacinação que gostaríamos fosse mais rápido e uma população que se cansou de seguir as medidas de proteção sanitária. Nosso coração de pastores sofre diante de tantas sequelas que surgem a partir da pandemia, em especial o empobrecimento e a fome.

A Campanha da Fraternidade 2021 e suas características
3. Em meio a tudo isso e atendendo à solicitação de irmãos bispos, desejamos abordar a Campanha da Fraternidade deste ano. Algumas afirmações têm ocasionado insegurança e mesmo perplexidade.
4. Como sabemos, a Campanha da Fraternidade é uma riqueza da Igreja no Brasil, nascida e amadurecida não sem dificuldades e mesmo sofrimentos. A cada Campanha, o aprendizado se fortalece e se mostra continuamente necessário. Assim acontece com cada tema escolhido e assim acontece quando as Campanhas, desde o ano 2000, são feitas em modo ecumênico.
5. Para este ano, o tema escolhido foi o diálogo, com o tema, portanto, fraternidade e diálogo: compromisso de amor. Trata-se, como explicado nas formações feitas pelo nosso Setor de Campanhas, do recolhimento dos temas anteriores, em especial desde 2018, que tratou da superação da violência, até 2020, quando apresentou-se a proposta cristã do cuidado.
6. Para 2021, conforme aprovação em nossa Assembleia Geral de 2018, a Campanha foi construída ecumenicamente e, conforme costume desde o ano 2000, sob a responsabilidade do CONIC. Nas primeiras reuniões, discerniu-se pelo tema do diálogo, urgência num tempo de polarizações e fanatismos, cabendo então ao CONIC a construção do texto-base. Isso foi feito conforme está explicado na apresentação do mesmo, com detalhamento da equipe elaboradora, na pág. 9.
7. Consequentemente, o texto seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do CONIC. Foram realizadas várias reuniões, o texto passou por revisão da assessoria teológica do CONIC, uma assessoria com membros das diversas igrejas, chegando, então, ao que hoje temos. Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado pela comissão da CNBB, pois são duas compreensões distintas, ainda que em torno do mesmo ideal de servir a Jesus Cristo. O texto-base desse ano, por conseguinte, deve ser assim compreendido, como o foi nas Campanhas da Fraternidade levadas a efeito de modo ecumênico.

Algumas questões específicas
8. Nos últimos dias, reações têm surgido quanto ao texto. Apresentam argumentos que esquecem da origem do texto, desejando, por exemplo, de uma linguagem predominantemente católica. Trazem ainda preocupações com relação a aspectos específicos, a saber, as questões de gênero, conforme os números 67 e 68 do referido texto.
9. A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que “gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo” (Pontifício Conselho para a Família, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas., pág. 673).

Uma ajuda destacável
10. Já pronto o texto-base, fomos presenteados com a Fratelli Tutti, que recomendamos vivamente seja também utilizada como subsídio para a Campanha da Fraternidade deste ano. Ela estabelece forte conexão entre o tema de 2020 e o de 2021, cuidado e diálogo, e muito ajudará na reflexão sobre o diálogo e a fraternidade.

Coleta da Solidariedade
11. Junto com essas preocupações de conteúdo, surgiu ainda a sugestão de que não se faça a oferta da solidariedade no Domingo de Ramos, uma vez que existiria o risco de aplicação dos recursos em causas que não estariam ligadas à doutrina católica.
12. Lembramos que, em 2019, foi distribuída pelo Fundo Nacional de Solidariedade – FNS a quantia de R$3.814.139,81, fruto da generosidade de nossas comunidades, não se incluindo nessa quantia o que foi destinado aos fundos diocesanos. Em 2020, por causa da pandemia, não ocorreu arrecadação. Somente com a ajuda da instituição alemã Adveniat conseguimos atender a 15 projetos.
13. Sobre isso, recordamos que o FNS segue rigorosa orientação, obedecendo não apenas a legislação civil vigente para o assunto, mas também preocupação quanto à identidade dos projetos atendidos. Desde o início da construção da Campanha da Fraternidade de 2021, temos informado ao CONIC a respeito da dificuldade e até mesmo da impossibilidade de mantermos a estrutura do Fundo de Solidariedade como ocorrido nas Campanhas ecumênicas anteriores. Sobre este ponto, tendo como base a última dessas Campanhas, a de 2016, esta Presidência já manifestou ao CONIC as dificuldades e, por espírito de comunhão e corresponsabilidade, vai conversar sobre o assunto na próxima reunião do CONSEP. A conclusão será informada em seguida.

Desse modo:
14. Em consequência, respeitando a autonomia de cada irmão bispo junto aos seus diocesanos e como não poucos irmãos nos têm solicitado indicações para informar ao povo sobre a CF 2021, consideramos importante que sejam destacados os seguintes aspectos:
1) A Campanha da Fraternidade é um valor que não podemos descartar.
2) Alguns temas, conforme seu modo de ser apresentado, tornam-se mais difíceis que outros.
3) A Igreja tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela.
4) Os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica.
5) A causa ecumênica se mantém importante. “Uma comunidade cristã que crê em Cristo e deseja com o ardor do Evangelho a salvação da humanidade não pode de forma alguma fechar-se ao apelo do Espírito que orienta todos os cristãos para a unidade plena e visível … O ecumenismo não é apenas uma questão interna das comunidades cristãs, mas diz respeito ao amor que Deus, em Cristo Jesus, destina ao conjunto da humanidade; e criar obstáculos a este amor é uma ofensa a Ele e ao Seu desígnio de reunir todos em Cristo” (S. João Paulo II, Encíclica Ut Unum Sint, 99)
15. Concluímos lembrando a importância da Campanha da Fraternidade na história da evangelização do Brasil. É nossa marca. Cabe-nos cuidar dela, melhorá-la sempre mais por meio do diálogo, assim como nos cabe cuidar da causa ecumênica, um ideal que se nos impõe. Se nem sempre é fácil cuidar de ambos e de muitos outros aspectos de nossa ação evangelizadora, nem por isso devemos desanimar e romper a comunhão, uma de nossas maiores marcas, um tesouro que o Senhor Jesus nos deixou e do qual não podemos abrir mão. Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos.

Brasília-DF, 09 de fevereiro de 2021

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB

Fonte: CNBB

Vatican News

Qual é a diferença entre proselitismo e evangelização?

Omar Montenegro/Panama 2019/Flickr

A palavra "proselitismo" refere-se ao zelo que alguém despende para converter os outros às suas ideias e especialmente à sua crença religiosa. Os cristãos que se engajam na evangelização se esforçam para desenvolver uma estratégia real para "alcançar" o maior número possível de pessoas. Proselitismo e evangelização, então, são a mesma coisa?

Foi em 1599 que foi fundada em Roma a Congregação pro Propaganda Fide, com o objetivo de “propagar” a fé cristã no mundo, especialmente na América que acabava de ser descoberta. Essa palavra está na origem da palavra “propaganda”, que passou a designar todos os meios implementados para divulgar desde as ideias de um partido político aos benefícios de um tratamento de spa.

Anteriormente, a palavra “prosélito” designava na Grécia um estrangeiro que viera se estabelecer no país e, entre os judeus, um pagão que, após se interessar pela religião de Israel, acabou adotando todas as suas observâncias – incluindo a circuncisão. Posteriormente, a palavra “proselitismo” designou o zelo que alguém desdobra para converter os outros às suas ideias e, em particular, à sua crença religiosa. Hoje, a palavra é frequentemente usada em um sentido depreciativo para estigmatizar a atitude daqueles que traçam estratégias para converter tantas pessoas quanto possível – voluntariamente ou pela força – às suas crenças.

Mas não é isso que os cristãos estão fazendo hoje ao se engajarem na nova evangelização? Eles também se empenham em desenvolver uma estratégia real para “alcançar” o maior número possível de pessoas: eles não hesitam em ir de porta em porta, pregar o Evangelho na rua, distribuir folhetos na saída das entradas do metrô para convidar os transeuntes para um evento religioso. Eles usam todas as técnicas de comunicação modernas para alcançar os que estão próximos e os que estão longe. Qual é a diferença então entre proselitismo e evangelização?

O objetivo da evangelização não é persuadir alguém sobre a excelência de uma doutrina

A diferença essencial vem do fato de que a evangelização não visa antes de tudo persuadir alguém sobre a excelência de uma doutrina, mas fazê-lo encontrar o Cristo vivo, presente no seio de sua Igreja. Também gostamos de fazê-lo descobrir alguns aspectos da Boa Nova que Deus veio nos revelar e porque acreditamos que ele é verdadeiramente nosso Salvador e Senhor!

A segunda diferença é que os cristãos estão convencidos de que somente Deus pode converter corações e que sua conduta não deve contradizer o evangelho que proclamam. A atitude prosélita, em sua aceitação negativa, acredita apenas em seus esforços, busca apenas convencer, sem ceder a Deus, até mesmo o servindo de contraponto. Como alguém pode acreditar na palavra de um cristão, por exemplo, se ele mostra uma irritação ao ver o pequeno número de pessoas que conseguiu alcançar?

Numa noite de inverno, São Francisco de Sales foi pregar em uma paróquia de Chablais (Suíça). Na plateia havia apenas uma pessoa de certa idade. São Francisco faz seu sermão como se uma multidão estivesse ali: gostava de dizer que uma alma era um campo grande o suficiente para semear a palavra de Deus! E foi assim que um pastor protestante foi convertido ao ouvir o sermão dado com entusiasmo na frente de uma única pessoa em uma igreja vazia e fria! A fecundidade de um apóstolo não se mede pelo número de evangelizados!

Aleteia

NOSSA SENHORA DE LOURDES

Nossa Senhora de Lourdes, França   (© Vatican News)

"Vocês não são obrigados a acreditar em mim, mas posso apenas lhes dizer o que vi e ouvi". (Bernadete Soubirous)

Bernadete encontrou Nossa Senhora 18 vezes no local determinado, na gruta de Massabielle, às margens do rio Gave.
Antes de receber a revelação da Virgem, a jovem pastora a chamou "Aquero", que, no dialeto local, significava "Senhora". Maria apareceu-lhe assim: vestida de branco, com um longo véu sobre os ombros, uma faixa azul nos quadris e os pés descalços, cobertos por duas rosas douradas, como o rosário dourado e branco em seu braço.

França, pátria do Positivismo

Não foi por acaso que a Providência escolheu o lugar para aquelas manifestações marianas repentinas.
Encontramo-nos na França, no século XIX, onde triunfava a filosofia positivista, segundo a qual o homem, em sua bondade ou, pelo contrário, em sua maldade, estava totalmente determinado de ser inserido em uma sociedade precisamente boa ou má.
Em Lourdes, Maria reverte tudo isso, recordando a existência do pecado original e do livre arbítrio. Por isso, antes de agir na sociedade, dizia Maria, era preciso agir no coração humano. Era preciso converter-se.

11 de fevereiro de 1858

Para lançar sua mensagem de oração e caridade ao mundo, Nossa Senhora escolheu Bernadete, uma pastora de 14 anos. Fazia muito frio, naquele dia, em Lourdes. Então a jovem, com sua irmã e uma amiga, foi catar lenha nas proximidades da gruta de Massabielle. Ficando para trás, sentiu, de repente, uma ventania, que, porém, não balançava as árvores. Depois, viu uma grande luz, em meio à qual estava a figura cândida de uma jovem mulher. Aquela Senhora não falou com ela, mas lhe ensinou a fazer corretamente o sinal da cruz e, juntas, em silêncio, rezar o Terço. No final da oração, a visão desapareceu.

"Eu sou a Imaculada Conceição"

Três dias depois, em 14 de fevereiro, Bernadete sentiu um desejo irresistível de voltar à gruta, mas levou consigo água benta. Quando a Senhora apareceu, ela tentou aspergi-la. Mas a Virgem ficou inerte e, sorrindo, começou a rezar o Terço novamente com ela.
Era o dia 18 de fevereiro, a primeira vez que a Senhora conversou com Bernadete, fazendo-lhe o seguinte pedido: voltar ali por 15 dias, pedir aos padres para irem àquele lugar em procissão e ali construir uma igreja.
Em 25 de fevereiro, a Senhora pediu a Bernadete para comer a grama e escavar um buraco: assim, começou a brotar a água da nascente milagrosa, na qual os enfermos ainda hoje se emergem, pedindo a sua cura.
Finalmente, em 25 de março, dia da Anunciação, Nossa Senhora revelou-se, dizendo: "Eu sou a Imaculada Conceição"! Bernadete transmitiu esta frase ao pároco. Uma pastora não podia saber que o Dogma da Imaculada Conceição de Maria havia sido proclamado, apenas quatro anos antes, pelo Papa Pio IX.
Maria revelou muitas coisas a Bernadete em suas aparições, mas, sobretudo, propôs a ela e ao mundo o “Céu e a santidade”, como únicos objetivos da vida terrena, como também a penitência, para eliminar o pecado do mundo.

Santuário mariano internacional de Lourdes

As aparições de Lourdes atraíram para Massabielle, desde o início, muitos curiosos, com sua bagagem inevitável de ceticismo. Até Bernadete foi submetida a exames médicos e interrogada pelas autoridades eclesiásticas. Somente assim Maria permitiu a realização de acontecimentos prodigiosos para que as pessoas acreditassem.
Ali foi construída uma igreja e, em 1862, com uma Carta Pastoral, o Bispo de Tarbes consagrou Lourdes como Santuário mariano internacional.

Vatican News

São Castrense

São Castrense | ArqSP
Castrense viveu no século V, era cristão e bispo de Cartagine, atual Tunísia, África. Durante a invasão dos Vândalos, comandados pelo rei Genserico, ele foi lançado ao mar, junto com outros sacerdotes e fiéis, dentro de um velho navio desprovido de velas, remos e leme. Com certeza, o intuito era que morressem afogados, mas milagrosamente ele sobreviveu, desembarcando na costa italiana, próxima a Nápolis.

Pelos registros, ele retomou sua missão apostólica e logo se tornou bispo de Castel Volturno. Depois, de acordo com o antiqüíssimo "Calendário Marmóreo" de Nápolis, ele também foi eleito bispo de Sessa, aceitando a difícil tarefa de conduzir os dois rebanhos, os quais guiou com amor e zelo paternal. Castrense era humilde e carismático, penitente e caridoso, durante a sua vida patrocinou dois episódios prodigiosos, registrados nos arquivos da Igreja: libertou um homem possesso pelo demônio e salvou um navio cheio de passageiros de uma grande tempestade.

Assim, a fama de santidade já o acompanhava, quando morreu como mártir de Jesus Cristo, em 11 de fevereiro de 450, em Sessa, Nápolis. Logo passou a ser venerado pela população em toda Campânia e em muitas outras cidades, inclusive na África.

As relíquias do Santo, foram transferidas, antes do século XII, de Sessa para Cápua e depois por determinação de Guilherme II o Bom, último rei normando da Sicília, foram enviadas para Monreale. Em 1637, foram transladadas para a Capela anexa à Catedral de Monreale, em uma urna de prata com uma placa onde se pode ler "São Castrense, eterno baluarte da cidade de Monreale".

As mais recentes informações sobre este Santo de origem africana, datam de 1881, e foram encontradas durante as escavações arqueológicas na gruta de Calvi, próximas de Monreale. São pinturas do século VII que retratam o bispo Castrense, nas duas dioceses e ao lado de outros mártires da mesma época e região.

Mas ainda hoje encontramos o efeito da sua presença na Catânia, seja na pequena região que leva o nome de São Castrense, seja nas diversas igrejas e no convento feminino beneditino erguido ao lado da Catedral, sendo tudo dedicado à sua memória. Inclusive nas manifestações de sua devoção quando da comemoração de sua passagem no dia 11 de fevereiro. Data oficializada pela Igreja, quando reconheceu o seu martírio e declarou o bispo Castrense, Santo e padroeiro da cidade de Monreale. Neste dia a sua estátua segue em procissão da Catedral de Monreale, indo para a de Sessa e retornando após o culto litúrgico. Dizem os devotos que durante este trajeto muito graças são alcançadas por sua intercessão.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 17/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 42

Porém ele estava tão longe de participar da enfermidade que curou a doença de quem havia adoecido. Não só permaneceu quieto, sem se deixar levar pela vingança contra os que o haviam ferido, mas aplacou a Deus em favor deles, mostrando com sua ação - penso - que quem se encontra bem protegido com o escudo da virtude não é arranhado pelas pontas dos dardos. Ele, com efeito, engrossa a ponta das armas, e a solidez da armadura as faz voltar para trás. A armadura que protege destes dardos é o mesmo Deus, do qual se reveste quem combate pela virtude. Revesti-vos, diz, de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 13, 14 e Ef 6, 13), isto é, da armadura completa, sem fissuras. Moisés, bem protegido por ela, tornou ineficaz o malvado arqueiro. Com efeito, nem ele foi presa de um impulso de vingança contra os que o haviam feito dano, nem depois de eles serem condenados por um juiz irrepreensível, ignorou o que é justo segundo a natureza, mas se fez suplicante diante de Deus em favor dos irmãos. Certamente não haveria de ter feito isso se não tivesse estado atrás de Deus, que lhe havia mostrado suas costas como guia seguro da virtude. As coisas que seguem são parecidas. Posto que o inimigo natural dos homens não encontrou nele campo para o dano, volta a guerra contra os mais fáceis de caçar. E tendo lançado no povo, como um dardo, a paixão da gula, preparou-os para comportar-se ao modo egípcio no que concerne ao paladar, fazendo-os preferir as ansiadas carnes do Egito àquele alimento celestial. Porem ele, mantendo sua alma no alto, sobrevoava acima de semelhante paixão e estava todo inteiro pendente da herança futura, prometida por Deus aos que saíssem do Egito espiritual e marchassem para aquela terra na qual mana leite misturado com mel. Por esta razão constituiu exploradores que informassem dos bens daquela terra. Os portadores de boas esperanças são, a meu ver, as considerações nascidas da fé, que fortalecem a esperança com os bens que estão preparados; os que causam a desilusão das melhores esperanças são os pensamentos que provêm do inimigo, os quais debitam a fé na promessa. Sem levar em conta nenhuma palavra dos adversários, Moisés julgou digno de fé quem dava as melhores referências acerca daquela terra. Josué era o chefe da melhor exploração e o que com sua autoridade dava credibilidade às notícias. Ao vê-lo, Moisés teve como indubitáveis as esperanças destes bens futuros, tomando o ramo de uvas, transportado por ele em varas, como sinal das riquezas dali (Nm 13, 24). Evidentemente, ao ouvir que Jesus revela aquela terra e que levanta o ramo de videira no madeiro, entendes que coisa confirmava Moisés nas esperanças. O ramo de uvas pendurado no madeiro que outra coisa designa senão o ramo pendente do madeiro nos últimos dias, cujo sangue se converte em bebida salvadora para os crentes? Moisés nos anunciou isto como símbolo, dizendo: Bebiam vinho, sangue da uva (Dt 32, 14), referindo-se por meio disto à Paixão salvadora. Novamente o caminho através do deserto. O povo, que havia perdido a esperança nos bens da promessa, se vê incomodado pela sede.

Capítulo 43

Moisés novamente inunda o deserto para eles por meio da pedra (Nm 20, 2-11 e Ex 17, 1-7). Este relato, em sua interpretação espiritual, nos ensina como é o sacramento da penitência. Com efeito, aqueles que depois de haver experimentado a água da pedra se voltam para o ventre, a carne e os prazeres egípcios, são castigados com a ânsia da participação dos bens. Porem graças ao arrependimento lhes é possível encontrar de novo a rocha que abandonaram, e abrir de novo o veio de água e saciar-se novamente da fonte. A pedra o outorga isto àquele Moisés que acreditou que a exploração de Josué era mais verdadeira que a de seus adversários, que via o ramo de uvas (Jo 15, 1) pendente em nosso favor, e que de novo fez com a vara que a pedra manasse para eles. O povo ainda não havia aprendido a seguir as pegadas da grandeza de Moisés. Ainda se deixa arrastar para baixo, para os desejos servis, e se inclina aos prazeres egípcios. O relato mostra através destas coisas que a natureza humana é propensa a esta paixão acima de todas as demais, capaz de sucumbir à enfermidade por mil caminhos. Moisés, como médico que impede com sua arte que o mal vença sempre, não permite que a enfermidade predomine sobre eles a ponto de causar a morte (Nm 21, 6-9). Posto que a concupiscência de coisas absurdas engendrou serpentes cuja mordida era portadora de morte ao introduzir o veneno em quem era alcançado por seus dentes, o grande Legislador neutralizou com a imagem de uma serpente a força das feras verdadeiras. Talvez seja tempo de revelar mais claramente o enigma. Existe uma só proteção contra estas perversas paixões: a purificação de nossas almas que tem lugar através do mistério da piedade. Entre as coisas que cremos no mistério, é ponto capital a fé na Paixão Daquele que por nós aceitou o padecimento. A cruz, com efeito, é um padecimento; quem olha para ela, como explica o relato, não é atingido pelo veneno da concupiscência (Nm 21, 9 e Jo 3, 15). Olhar para a cruz não é outra coisa que converter a vida inteira de cada um em crucificação e morte ao mundo (Ga 6, 14), inamovível por qualquer pecado, crucificando verdadeiramente as próprias carnes com o temor de Deus, como diz o profeta (Sal 119, 120). O cravo que sujeita a carne é a continência. E posto que a concupiscência de coisas absurdas faz sair da terra serpentes portadoras de morte, - todo rebento da concupiscência é uma serpente-, a Lei nos mostra o que se revela no madeiro. Este é figura de serpente, porem não é serpente, como também disse o grande Paulo: Em semelhança da carne de pecado (Rm 8, 3). A verdadeira serpente é o pecado; quem marcha junto do pecado se reveste da natureza da serpente. Assim pois, o homem é libertado do pecado por aquele que tomou sobre si a aparência de pecado e se fez igual a nós que nos havíamos transformado em imagem da serpente. Por ele é evitada a morte proveniente das mordidas, porem não são aniquiladas as feras. Chamo feras à concupiscência. Com efeito, a má morte dos pecadores não tem força contra aqueles que olham para a cruz, ainda que a concupiscência contra o espírito, que está metida dentro da carne, não tenha sido destruída de tudo (Ga 5, 16-17). Também os crentes se deixam sentir muitas vezes as mordidas da concupiscência, porem quem olha para aquele que foi levantado no madeiro evita a paixão, dissolvendo o veneno com o temor do preceito, como se fosse um antídoto.

ECCLESIA Brasil

Como a cruz passou a ser o símbolo do cristianismo

Brian A Jackson | Shutterstock
por Lucien de Guise

Os primeiros cristãos hesitavam em usar um crucifixo, que consideravam degradante, na prática de sua fé.

Por dois séculos, os seguidores da nascente fé cristã evitaram fazer do instrumento da morte de Cristo uma medalha de honra. Muitos não católicos ainda comparam o uso de um crucifixo com algo como pendurar o símbolo de uma cadeira elétrica em volta do pescoço.

O crucifixo era visto como degradante

Assim também teriam pensado as primeiras comunidades cristãs. A crucificação era uma forma de execução destinada a ser excruciante e humilhante. Era uma degradação pública deliberada. Para os cristãos convertidos que vinham de formação judaica, a figura de um Deus crucificado era pior do que degradante: era contra séculos de sua religião e cultura.

No começo havia “a Palavra”

Cristo amava as palavras e contava histórias. “Eu sou o Alfa e o Ômega” é uma expressão usada várias vezes no Novo Testamento. Como o grego era a língua franca do Mediterrâneo oriental, os primeiros cristãos usaram o alfabeto grego para criar um símbolo escrito pelo qual podiam se identificar. As palavras também eram poderosas em hebraico. Até hoje, a palavra hebraica para Deus (abreviada para YHWH) raramente é falada ou escrita por completo. É referida como “O Nome”.

Os primeiros cristãos eram igualmente reticentes em promover o nome da imagem de Deus. “Peixe” foi sua primeira escolha como referência a Cristo. Em parte porque seu Salvador falou em ser um “pescador de homens”, e também porque a palavra grega para peixe (ichthus) pode ter um duplo significado: Jesus (Iesos) Cristo (Christos) de Deus (theou) Filho (uios) Salvador (soter).

Jogos de palavras com o nome de Cristo são discutidos com mais frequência do que as referências à Sua cruz. Isso mostra a importância do símbolo, antes de ser representado fisicamente. Por volta do ano 200, o teólogo Hipólito escreveu sobre fazer o sinal da cruz na testa “pois este é um sinal da Sua Paixão”. Logo depois, passou a ser recomendado como remédio para picadas de escorpião. A ideia da cruz havia claramente se consolidado.


O estaurograma

Um candidato à representação física mais antiga da cruz de Cristo é o estaurograma. Composto pelas letras gregas Tau e Rho, seu som lembrava a palavra grega para crucificar, “stauroo”. Usado principalmente em textos escritos do século 2, ele na verdade se assemelha a uma pessoa em uma cruz.

Aleteia

O Símbolo Chi Rho

Um pouco mais difundido era o símbolo Chi Rho, que combinava as duas primeiras letras do nome de Cristo em grego para formar uma imagem que parecia menos com uma cruz do que com o estaurograma. O Chi Rho é mais parecido com o símbolo papal das chaves cruzadas. Isso não é coincidência, já que os papas continuam a usar os dois. Esses símbolos transmitem um pouco do esplendor imperial de Constantino, o Grande, que primeiro adotou o Chi Rho.

Inscrições ou imagens sagradas?

À medida que o cristianismo viajou para o oeste, encontrou culturas que não apenas gostavam de imagens esculpidas, mas frequentemente não tinham linguagem escrita. O primeiro exemplo é, notoriamente, um tipo de graffiti de um semianalfabeto anônimo em Roma. Certamente não foi feito pela mão de um cristão e há muitos motivos para duvidar dessa imagem. Pode ser considerada uma crucificação, mas não a crucificação de Jesus.

Datar corretamente muitas dessas supostas cenas de crucificação é outro problema. Pensa-se que uma pedra preciosa esculpida no Museu Britânico pode ser a imagem não blasfema mais antiga da crucificação. É um item preocupante, no entanto. O amuleto pode ter sido produzido por uma seita herética e mostra claramente Cristo preso à cruz com cordas em vez de pregos.

O caixão de marfim representando a crucificação de Cristo

Meu símbolo favorito como a primeira representação inequívoca da morte de Nosso Senhor é um caixão de marfim, feito em Roma por volta de 420. Ele tem todos os atributos que reconheceríamos hoje. Maria e São João choram ao pé da cruz, enquanto o soldado romano Longinus está perfurando o tronco de Cristo. A vítima está presa com pregos. Podemos ainda ver o arrependido Judas pendurado em uma árvore. O mais convincente de tudo é que nos traz de volta à palavra escrita. Acima da cabeça do homem crucificado está metade do título em latim que conhecemos tão bem: “Rei dos Judeus”.

Aleteia

90 anos da Rádio Vaticano: as palavras dos Pontífices

Os Papas e a Rádio Vaticano na pintura da Sala Marconi,
na sede da Rádio, Palácio Pio 

Por ocasião do aniversário da nossa emissora, recordamos as palavras dos Papas nos microfones da Rádio. Dos apelos à paz às reflexões sobre comunicação. A voz dos Papas desde Pio XI a Francisco.

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Oito pontífices em 90 anos falaram nos microfones da Rádio Vaticano, a "rádio do Papa", lembrando frequentemente, em aniversários e em reuniões com funcionários, sua missão evangelizadora e sua capacidade de unir os fiéis de todo o mundo e das comunidades mais isoladas. Uma voz de paz e amor que há quase um século acompanha os acontecimentos da humanidade desde 12 de fevereiro de 1931. A seguir apresentamos a voz dos Papas nos microfones da Rádio Vaticano, desde Pio XI até Francisco. 

Pio XI e os primórdios da Rádio Vaticano

Foi o inventor do rádio Guilherme Marconi, encarregado pelo Papa Pio XI, o responsável pela execução da estação de rádio e foi o primeiro a falar no microfone, deixando logo a palavra para o Pontífice, que gravou esta primeira radiomensagem em latim:

Sendo, pelo misterioso desígnio de Deus, Sucessores do Príncipe dos Apóstolos, isto é, daqueles cuja doutrina e pregação por ordem divina é destinada a todos os povos e a toda criatura (Mt 28, 19; Mc 16, 15), e podendo nos valer por primeiro desta admirável invenção de Marconi, Nos dirigimos antes de tudo a todos os homens.

Pio XII e o seu apelo à paz

Em 24 de agosto de 1939, uma semana antes da invasão da Polônia pela Alemanha nazista, o Papa Pio XII gravou uma radiomensagem dirigida aos governantes e aos povos avisando "o perigo de guerra é iminente". "Nada se perde com a paz. Tudo pode ser perdido com a guerra", são suas históricas e proféticas palavras.

João XXIII e a fraternidade entre os povos

Era 1961, o ano que começou com o juramento de John Fitzgerald Kennedy, com a estreia dos Beatles, e terminou com a intervenção dos EUA no Vietnã. Em 12 de fevereiro, o Papa João XXIII fez um discurso por ocasião do 30º aniversário da Rádio Vaticano, um exemplo de técnica a serviço da fraternidade dos povos.

Paulo VI e a voz de consolação para os fiéis

Em 27 de fevereiro de 1971, o Papa Paulo VI encontra-se com os funcionários da Rádio Vaticano para o 40º aniversário de sua fundação e recorda a importância de chegar aos fiéis em todas as partes do mundo.

João Paulo I e seu encontro com a imprensa internacional

Em setembro de 1978 foram assinados os Acordos de Camp David entre Israel e Egito nos EUA. Alguns dias antes, em 1º de setembro, João Paulo I encontrou-se com representantes da imprensa internacional e lembrou o compromisso de divulgar as notícias sobre a Igreja.

João Paulo II: informação, evangelização, catequese

Em agosto de 1980 nasceu o sindicato Solidarnosc na Polônia após uma greve nos estaleiros de Gdansk. Em 5 de março daquele ano, o Papa João Paulo II visitou as instalações da Rádio Vaticano e recordou a missão da Rádio a partir de seu lema: Laudetur Iesus Christus

Bento XVI e os ouvintes: a família de Deus

Aproximando-se aos nossos dias, em 3 de março de 2006, por ocasião do 75º aniversário de fundação da Rádio Vaticano, Bento XVI visitou as instalações do Palazzo Pio. Do estúdio o Papa se dirigiu diretamente aos ouvintes, uma família de Deus que não conhece fronteiras.

Francisco: comunicar-se como testemunhas de Cristo

Após a reforma da mídia do Vaticano em 2015 desejada pelo Papa Francisco, a Rádio Vaticano começou a fazer parte do novo Dicastério para a Comunicação. Comunicar é testemunhar, recorda Francisco Em 23 de setembro de 2019, na plenária do dicastério.

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Lourdes e Fátima, duas grandes aparições marcadas pelo mistério de seus segredos

Guadium Press
Em Fátima, a Virgem adverte ao mundo sobre a alarmante decadência moral pela qual estava entrando. Em Lourdes, vemos a expressão de graças marianas, através de conversões e curas portentosas, a ponto de ser considerada sinônimo de milagres.

Redação (09/02/2021 10:30, Gaudium Press) Oito milhões de peregrinos chegam -em tempos normais sem pandemia- à Gruta de Massabielle, às margens do rio Gave, em Lourdes, região dos Pirineus da França. Levam suas enfermidades viajando dos lugares mais recônditos, sobem onde, a “Senhora vestida de branco”, apareceu em 18 oportunidades à rústica camponesa de 14 anos, Bernadette Soubirous. Tudo começou em 11 de fevereiro de 1858.

Maravilhosa força de atração testemunhada por milagres incríveis. A fim de eliminar dúvidas e demonstrar a insondável compaixão de Maria Santíssima, a Igreja instituiu um comitê médico que analisa os enfermos antes de serem banhados na água da fonte curativa. Já houve mais de seis mil curas inexplicáveis ​​para a medicina; embora se considerem 64 os milagres reais indiscutíveis.

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“O milagre estava me esmagando”

Naquela época, um ímpio famoso escritor francês ficava incógnito, com a intenção de coletar informações para um livro contra os prodígios de Lourdes. Vendo a Fé fortalecida e a esperança que não se quebrava, ao voltar à Paris disse aos seus íntimos: “Fugi porque o milagre estava me esmagando”.

Elevado comentário fazia o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira na década de 1960: “Lourdes concede ao enfermo tal conformidade com o sofrimento que não há notícia de alguém que, estando ali e não sendo curado, tomou uma atitude de rebeldia. Pelo contrário, as pessoas voltam aos seus lares imensamente resignadas, satisfeitas por terem podido fazer sua visita à célebre gruta dos milagres e contemplar a bondade de Maria para com os outros infortunados que não estão com elas”.

Aparições de Nossa Senhora em Lourdes e Fátima

Lourdes ocupa uma posição de grandeza entre as aparições dos últimos dois séculos junto a Fátima. Ambas têm uma profunda ligação, nos fazem pressentir o prometido Reino do Imaculado Coração de Maria. Em Fátima, a Virgem adverte ao mundo sobre a alarmante decadência moral pela qual estava entrando. Em Lourdes, vemos a expressão de graças marianas, através de conversões e curas portentosas, a ponto de ser considerada sinônimo de milagres.

Não deixam de ter uma pitada de mistério sobre “segredos” comunicados. Em Fátima três segredos são conhecidos até o momento. Em Lourdes, a vidente recebeu “três segredos”, além do pedido de sofrer por “um grande pecador”, que ela não identifica.

Transcorria o século XIX, um novo mundo de tecnologia, dinheiro e invenções, influenciava a vida dos homens, quimeras que colocavam os ensinamentos evangélicos de lado.

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Uma das maiores vitórias de Nossa Senhora contra o demônio

Bem afirmava o Dr. Plinio que: “Lourdes é uma das manifestações mais extraordinárias da luta de Nossa Senhora contra o demônio, visto que esta aparição se deu no auge das perseguições e desprezos movidos pelo anticlericalismo do século XIX para enfraquecer a Igreja”.

Era o pontificado do Beato Pio IX que, para combater esta onda de soberbo ateísmo que avançava sobre os corações, proclamou o Dogma da Imaculada Conceição em 1854. Inspiração especial confirmada do Céu pelas aparições de Lourdes, quando Bernadette vislumbrou uma Senhora: “vestida de branco, um véu também branco, um cinto azul e uma rosa amarela em cada pé”.

Uma Senhora de poucas palavras

Se nos voltarmos àqueles momentos, e percorrermos as aparições na singular Gruta, encontraremos poucas palavras -ao menos as conhecidas- que a Santíssima Virgem transmite, e os difíceis momentos pelos quais passa esta simples camponesa. Uma forte oposição tentou acabar com essa singular “aventura”.

Até a terceira aparição, a imagem será muda; momentos de oração -a única coisa que Bernadette conhecia era o rosário- e de contemplação silenciosa. Ela começará a se comunicar com Bernadette, não em francês, mas no dialeto local, o patois. Ela pede orações e sacrifícios pelos pecadores, manda cavar a fonte com as mãos, “pede aos padres que construam uma capela. Quero que todos venham em procissão”. Nas diversas aparições foi a Santíssima Virgem dizendo: “Quero que venha aqui muita gente”, “peça a Deus pelos pecadores! Penitência, penitência, penitência!”.

Os assistentes não viam a “Senhora”, mas sentiam a Sua presença e se comoviam com os êxtases da vidente. A afluência do público aumentou, o comissário proibiu ir à Gruta. Eram tempos de pressão do ateísmo sobre a religiosidade popular.

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Um manancial de milagres

As pessoas pedem provas, como sempre. A Senhora lhe indica onde cavar com sua mão, fazer um buraco, do qual sairia uma fonte. Bernadette bebeu, molhando o rosto também, ficando enlameada. Todos eles zombaram dizendo que ela tinha enlouquecido. Oh, misteriosos desígnios de Deus! O entusiasmo sensível diminui, os espectadores ficam desencantados. Era 25 de fevereiro.

Ali surgiu a fonte dos milagres mais conhecida pela humanidade, símbolo das inesgotáveis graças ​​concedidas a todos os que ali vão em peregrinação. A água, analisada por destacados químicos, é: virgem, muito pura, natural, sem propriedades térmicas, nenhuma bactéria sobrevive a ela. Está comprovado: um após o outro, pacientes de todos os tipos, tomam banho nas piscinas de Lourdes e não se contaminam com nada.

Três semanas depois, no dia 4 de março, a mensageira “anônima”, por insistência de Bernadete e a pedido do pároco, revelou quem ela era: “Eu sou a Imaculada Conceição”, título raro para os homens e mulheres do momento.

Os segredos de Lourdes

Mas o “mistério” de Lourdes está centrado nas aparições de 23, 24 e 25 de fevereiro, nas quais “a Senhora de branco” lhe comunica três segredos. Dia 23, um que só diz respeito a ela e que ela não podia revelar a ninguém, e uma oração que lhe fez repetir, mas que ela não queria que fizesse conhecer. No dia 24 lhe revelou um segredo pessoal e depois desapareceu. No dia 25, lhe disse: “minha filha, quero confiar-te apenas a ti o último segredo; como os outros dois, você não os revelará a ninguém neste mundo”.

A última aparição, em 16 de julho, ocorreu discretamente. Foi à distância, separada pelas águas do Rio Gave e o povo que não permitia o comissário se aproximar da gruta.

Em certos momentos, de sua dolorosa agonia, se ouviu dizer que o oferecia em reparação pelo “grande pecador”. A irmã assistente lhe perguntou e ela respondeu colocando o dedo na boca em sinal de silêncio.

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Bernadette cumpriu sua missão

Com o passar dos anos sua pessoa foi diminuindo, a gruta, com sua fonte e seus milagres, passaram ao primeiro plano. Bernadette em 1866 deixa Lourdes. Ela havia cumprido sua missão. Cumpriu, com grande dedicação, todos os sofrimentos e obstáculos colocados pelo demônio durante esta etapa. Entra na vida religiosa, “nunca imaginei que sofreria assim”, dizia ela nas terríveis provações que padeceu; nada a fez sofrer mais do que algumas freiras de sua comunidade. Exumado seu corpo, em 1933, ele permaneceu incorrupto. Se convenceram de que era “uma vítima expiatória de seus três segredos” e do “Grande Pecador”, que nunca revelou a ninguém, segundo as palavras do historiador Pierre Claudel em seu livro” O Mistério de Lourdes”.

Por Padre Fernando Gioia, EP

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

(Publicado originalmente em La Prensa Gráfica de El Salvador, 7-2-2021).

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF