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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

HISTÓRIA DA IGREJA: E os filhos de Adão e Eva?

Editora Cléofas

Diz a Bíblia que Adão e Eva tiveram dois filhos: Caim e Abel. O primeiro matou o segundo; donde surge a pergunta: com quem se casou Caim? – Já houve quem respondesse que se casou com uma jovem proveniente de outro planeta, o que é totalmente preconcebido e infundado.

Uma leitura superficial do texto bíblico fornece a resposta mediata. Com efeito; em Gn 5,4 esta dito que Adão e Eva tiveram muitos filhos e filhas, de modo que Caim tinha com quem se casar, ainda que fosse com uma irmã sua. Eis o teor do texto sagrado:

“Quando Adão completou cento e trinta anos, gerou um filho a sua semelhança, como sua imagem, e lhe deu o nome de Sete. O tempo que viveu Adão depois do nascimento de Sete, foi de oitocentos anos, e gerou filhos e filhas” (Gn 5,3s).

Todavia, se Caim se casou com uma irmã sua (com a autorização do próprio Deus), como se pode condenar o incesto?

Respondemos: na hipótese de Caim ter-se casado com uma irmã sua, não houve violação da natureza nem pecado, pois na primeira geração humana não havia doenças hereditárias a transmitir ou não havia o perigo de acúmulo de taras. Também não havia muitas famílias a se congraçarem, como manda a lei natural. Em consequência não terá sido tal união contrária à lei natural. O mesmo não se dá em nossos dias, quando existem taras hereditárias e se verifica a necessidade de congraçamento entre as famílias, ao contrário do que ocorre em tribos de povos que vão declinando por causa de seu sistema de matrimônios endógenos.

Aproveitamos, porém, a ocasião para chamar a atenção para a exegese mais recente do episódio de Caim e Abel; segundo a moderna interpretação do relato, não se poderia falar de casamento entre irmãos na primeira geração da humanidade. É o que apresentamos sob o titulo seguinte:

Caim e Abel: como entender Gn 4,1-16?

Quem observa este episódio, verifica que supõe um estado adiantado da cultura humana, ou seja, o período neolítico: os homens já domesticavam os animais, de modo que Abel é pastor, e já cultivavam industriosamente a terra, de modo que Caim é agricultor (4,2); Caim funda uma cidade (4,17), tem medo de se encontrar com outros homens (4,14), sabe que haverá um clã pronto para defendê-lo… Diante destes traços literários, os autores propõem duas maneiras de entender o episódio:

1. Fato histórico antigo descrito com roupagem da época posterior. O autor sagrado estaria relatando um fratricídio realmente ocorrido nos inícios da pré-história bíblica, mas teria usado linguagem da época neolítica para tornar-se mais compreendido pelos leitores: Os atores da cena terão sido apresentados como se fossem homens contemporâneos do escritor sagrado. Esta interpretação é aceitável, mas não parece ser a melhor. É preferível a seguinte:

2. Fato meta-histórico ou trans-histórico. Observemos que houve urna tribo dos quenitas ou quineus ou cineus na época de Moisés (séc. XIII a.C.); tinham por patriarca fundador um certo Caim. Leiamos, por exemplo Nm 24,21: “Balaão viu os quenitas e pronunciou o seu poema. Disse: ‘A tua morada está segura, Caim, e o teu ninho firme sobre o rochedo'”; Os quenitas eram nômades (1 Cr 2,55); tinham relações estreitas com Madiã (Nm 10,29; Jz 1,16); ver também 1 Sm 15,4-6; Jz 4,11.17; 5,24. Ora pode-se crer que esse patriarca Caim tenha sido um fratricida famoso; o crime de Caim ocorrido nos tempos de Moisés ou pouco antes terá sido tornado como um fato típico da maldade humana. Por isto autor sagrado haverá colocado esse fato logo no inicio da pré-história bíblica, querendo assim significar, de maneira muito concreta, que, quando o homem diz Não a Deus, passa a dizer Não também ao seu irmão; a fidelidade a Deus e a fidelidade ao próximo são inseparáveis uma da outra; por isto também o Senhor Jesus quis resumir toda a Lei em dois preceitos: o do amor a Deus e o do amor ao próximo (cf. Mt 22,40).

Neste caso não se pode dizer que Caim e Abel foram filhos diretos dos primeiros pais. Nem era a intenção do autor sagrado dizê-lo. Nos onze primeiros capítulos do Gênesis, a Bíblia propõe fatos históricos, sim, dispostos, porém, de maneira a nos fazer compreender o porquê da vocação de Abraão; ela quer mostrar que o primeiro Não dito a Deus desencadeou uma série de outras negações, das quais a primeira é o Não dito ao homem. Segundo tal interpretação, o fratricídio cometido por Caim contra seu irmão Abel é fato histórico, mas um fato que não ocorreu apenas uma vez no século XIII a.C.; ocorre em todas as épocas, a partir da primeira fase da história da humanidade; até hoje há muitos Caíns que matam seus irmãos, como houve também um no inicio da história sagrada.

Quem aceita tal interpretação, já não formula a pergunta tão frequentemente colocada por leitores da Bíblia: com quem se casou Caim, se Adão e Eva só tiveram dois filhos e Caim matou Abel? Se o episódio de Caim e Abel é datado do século XIII a.C., vê-se que não há por que formular a questão; a população humana já se alastrara sobre a terra.

E a Longevidade dos Patriarcas em Gn 5,1-32?

O autor sagrado quis propor a linhagem dos bons; estes tem números, isto é, gozam de ordem e harmonia e estão inscritos no “livro da vida”. Diz o livro da Sabedoria que “o Senhor tudo dispõe conforme número, peso e medida” (Sb 11,20). Não se atribui aos descendentes de Adão e Sete nenhuma obra civilizatória, pois tais obras estavam associ­adas, na mente do autor, aos impérios pagãos da vizinhança de Israel.

A grande longevidade assinalada a cada patriarca não quer dizer que, na verdade, viviam séculos; mesmo que entendamos os 930 anos de Adão, os 912 de Sete… como anos lunares (um pouco mais breves do que o ano solar), não estaremos atinando com a mensagem do autor sagrado. Para os antigos, a longevidade era sinal de venerabilidade e respeitabilidade; por conseguinte, quando atribuíam a alguém longa duração de vida, queriam apenas dizer que tal pessoa era merecedora de toda estima e consideração. Este modo de falar esta documentado, por exemplo, na tabela dos reis pré-diluvianos que o sacerdote Berosso, da Babilônia, nos deixou:

Aloro reinou 36.000 anos; Alaparo 10.800; Almelon 46.800 anos; Amenon 43.200 anos; Amegalaro 64.800 anos; Amenfsino 36.000 anos; Otiartes 28.800 anos; Daono 36.000 anos; Edoranco 64.800 anos; Xisutro 64.800 anos.

Temos nesta lista dez nomes de reis de elevada longevidade. Também no Egito se encontrou a lista de dez reis que governaram o povo nos seus primórdios; os persas conheciam seus dez Patriarcas; os hindus enumeravam nove descendentes de Brama, com os quais Brama completava uma série de dez gerações pré-diluvianas.

É à luz destes documentos que se deve entender Gn 5,1-32. Os dez nomes significam os homens que transmitiram a fé e a fidelidade aos seus descendentes; visto que a vida é o bem fundamental, uma longa vida, para os antigos hebreus, era símbolo de bênção divina e honrabilidade; a indicação de que cada Patriarca viveu elevado número de anos após gerar o seu sucessor na lista, significa que esses pais do gênero humano tiveram a possibilidade de manter pura na sua família a revelação primitiva; donde se concluía que a religião que por tal via chegara a Israel, era a religião verdadeira, conservada através de urna série de gerações providencialmente favorecidas por Deus.

Em síntese, não se deverá crer que os Patriarcas bíblicos viveram séculos. Ao contrário, sabe-se hoje com certeza que a duração da vida humana na pré-história era muito breve: oscilava entre os 20 e 40 anos, os homens não gozavam dos benefícios da medicina e da cirurgia para debelar seus males.
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1 Meta-histórico ou trans-histórico é o fato histórico que não pertence a um determinado período da história apenas, mas se reproduz em diversas fases da história. Este conceito se esclarecerá no decorrer da nossa explicação.

Prof. Felipe Aquino

https://cleofas.com.br/

O Papa na mensagem para a Quaresma: cuidar de quem sofre por causa da Covid-19

Caridade | Vatican News

O Pontífice convida a renovar a nossa fé, “neste tempo de conversão”, a obter “a «água viva» da esperança” e receber “com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo”.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Foi divulgada, nesta sexta-feira (12/02), a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma deste ano sobre o tema “Vamos subir a Jerusalém. Quaresma: tempo para renovar fé, esperança e caridade”.

O Pontífice convida a renovar a nossa fé, “neste tempo de conversão”, a obter “a «água viva» da esperança” e receber “com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo”. Francisco recorda que “na noite de Páscoa, renovaremos as promessas do nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo. Entretanto o itinerário da Quaresma, como aliás todo o caminho cristão, já está inteiramente sob a luz da Ressurreição que anima os sentimentos, atitudes e opções de quem deseja seguir a Cristo”.

Quem jejua faz-se pobre com os pobres 

“O jejum, a oração e a esmola, tal como são apresentados por Jesus na sua pregação, são as condições para a nossa conversão e sua expressão”, ressalta o Papa na mensagem.

De acordo com Francisco, o “jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n'Ele encontram plena realização. Ao fazer experiência duma pobreza assumida, quem jejua faz-se pobre com os pobres e «acumula» a riqueza do amor recebido e partilhado. Jejuar significa libertar a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações, verdadeiras ou falsas, e produtos de consumo, a fim de abrirmos as portas do nosso coração Àquele que vem a nós pobre de tudo, mas «cheio de graça e de verdade»: o Filho de Deus Salvador”.

Dizer palavras de incentivo

"No contexto de preocupação em que vivemos atualmente onde tudo parece frágil e incerto, falar de esperança poderia parecer uma provocação. O tempo da Quaresma é feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua cuidando de sua Criação, não obstante nós a maltratamos com frequência."

O Pontífice convida no tempo da Quaresma, a estarmos “mais atentos em «dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam». Às vezes, para dar esperança, basta ser «uma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença».”

“No recolhimento e oração silenciosa, a esperança nos é dada como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da nossa missão; por isso mesmo, é fundamental recolher-se para rezar e encontrar, no segredo, o Pai da ternura”, ressalta o Papa.

Tempo para crer, esperar e amar

“A caridade se alegra ao ver o outro crescer; e de igual modo sofre quando o encontra na angústia: sozinho, doente, sem abrigo, desprezado, necessitado. A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos gerando o vínculo da partilha e da comunhão. «A partir do “amor social”, é possível avançar para uma civilização do amor a que todos nos podemos sentir chamados. Com o seu dinamismo universal, a caridade pode construir um mundo novo, porque não é um sentimento estéril, mas o modo melhor de alcançar vias eficazes de desenvolvimento para todos».”

Segundo Francisco, “viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid19. Neste contexto de grande incerteza quanto ao futuro, ofereçamos, junto com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir ao outro que Deus o ama como um filho. «Só com um olhar cujo horizonte esteja transformado pela caridade, levando-nos a perceber a dignidade do outro, é que os pobres são reconhecidos e apreciados na sua dignidade imensa, respeitados no seu estilo próprio e cultura e, por conseguinte, verdadeiramente integrados na sociedade»”.

“Queridos irmãos e irmãs, cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai”, conclui o Papa.

Vatican News

Santa Eulália

Sta. Eulália | ArqSP
Eulália, nasceu nas proximidades da cidade de Barcelona, no ano 290. Pertencia a uma família da nobreza espanhola e seus pais viviam numa vasta propriedade na periferia daquela movimentada corte. Cobriam a menina Eulália com todo amor, carinho e mimos, quase sufocando a pequena que já na tenra idade resplandecia em caráter.

Humilde, sábia, prudente e muito inteligente era a caridade em pessoa. Dedicava um extremo amor à Jesus Cristo, para o qual despendia muitas horas do dia em virtuosas orações. Costumava ficar no seu modesto quarto, reunida com suas amiguinhas, entoando cânticos e hinos de louvor ao Senhor, depois saíam para distribuir seus melhores pertences às crianças pobres das imediações, que sempre batiam à sua porta.

Entrou para a adolescência, aos treze anos, no mesmo período em que chegava à Barcelona a notícia da volta à terrível perseguição contra os cristãos, decretada para todos os domínios do Império. Quando os sanguinários dos imperadores romanos Diocleciano e Maximiano souberam da rápida e veloz propagação da fé cristã, nas longínquas terras espanholas, onde até então era rara esta fé, decidiram e mandaram o mais cruel e feroz de seus juízes, chamado Daciano, para acabar com aquela "superstição".

Temendo pela vida de Eulália, seus pais decidiram levá-la para uma outra propriedade mais afastada, onde poderia ficar longe dos soldados que andavam pelas ruas caçando os cristãos denunciados.

Eulália considerou covardia fugir do poder que exterminava os irmãos cristãos. Assim, altas horas da noite e sem que sua família soubesse, fugiu e se apresentou espontaneamente ao temido juiz, como cristã. Consta inclusive que teria dito: "Querem cristãos? Eis uma".

Como queria, na impetuosidade da adolescência, foi levada a julgamento. Ordenaram novamente que ela adorasse um deus pagão, dando-lhe sal e incenso, para que depositasse ao pé do altar. Eulália, ao invés, derrubou a estátua do deus pagão, espalhando para longe os grãos de incenso e sal. A sua recusa a oferecer os sacrifícios deixou furioso Daciano, que mandou chicoteá-la até que seu corpo todo ficasse em chagas e sangrando. Depois foi queimada viva com as tochas dos carrascos. Era 12 de fevereiro de 304.

Seu corpo foi sepultado na igreja de Santa Maria das Arenas, mais tarde destruída durante um incêndio. Mas suas relíquias se mantiveram intactas e foram ocultadas durante a dominação dos árabes muçulmanos, quando o culto cristão era proibido.

O culto à Santa Eulália foi mantido principalmente em Barcelona onde é muito antigo. De lá, acabou se estendendo por toda Espanha atravessando as fronteiras, para além da França, Itália, África enfim atingiu todo o mundo cristão, oriental e ocidental. Ela costuma ser festejada na diocese de Mérida em 10 de dezembro, cidade de seu martírio. Santa Eulália é co-padroeira da cidade de Barcelona, ao lado da Virgem das Mercês.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Arcebispo elogia heroísmo de agente católica do FBI assassinada em serviço

(esquerda) Laura Schwartzenberger, uma agente católica do FBI
e (direita) imagem referencial. Crédito: site do FBI dos
Estados Unidos / Pixabay

FLORIDA, 11 fev. 21 / 10:00 am (ACI).- Em 6 de fevereiro, o Arcebispo de Miami, Dom Thomas Wenski, fez uma homilia comovedora em honra a Laura Schwartzenberger, uma agente católica do FBI que foi assassinada no cumprimento do seu dever.

Em 2 de fevereiro, a agente especial do FBI, Laura Schwartzenberger, mãe de dois filhos pequenos e membro da paróquia “Mary, Help of Christians”, em Parkland, Flórida (Estados Unidos), foi assassinada a tiros junto com o agente Daniel Alfin, enquanto investigavam um caso de pornografia infantil.

O Prelado disse que a comunidade ficou chocada após a morte de Laura, uma mulher que não só se comprometeu com a segurança das crianças ao longo de sua carreira, mas também ensinou educação religiosa para crianças em sua paróquia local.

“Oferecemos nossas mais sinceras condolências ao marido de Laura, Jason, e aos seus dois filhos, Gavin e Damon. Nossas condolências também à família de Daniel Alfin. Compartilhamos a dor e a dor dos pais, irmãos e parentes consanguíneos desses servidores públicos que foram atacados no cumprimento do dever”, disse.

“Sua dor é real e toda a nossa comunidade aqui no sul da Flórida a compartilha com vocês, e esperamos que, ao compartilhá-la, possamos reduzir um pouco esta dor. E, embora não possamos fazer isso, queremos que saibam que não estão sozinhos. Toda a comunidade está ao seu lado e continuará a fazê-lo nos próximos dias”, acrescentou.

Os agentes Schwartzenberger e Alfin estavam cumprindo um mandado federal contra David Lee Huber, de 55 anos, suspeito de trocar imagens sexuais de crianças, informou a Fox News.

Quando os agentes do FBI se aproximaram da porta, Huber supostamente olhou pela doorbell câmera (campainha inteligente que tem uma câmera de vídeo) da porta de sua casa e depois atirou contra as autoridades. O agressor também atirou em outros três agentes, dois dos quais foram hospitalizados. Huber depois se suicidou.

Dom Wenski disse que a agente Laura lidou com o lado negro da natureza humana ao longo de sua carreira e protegeu os jovens e vulneráveis ​​da maldade dos predadores sexuais. Dirigindo-se aos dois filhos de Laura, o Prelado disse que sua mãe era uma verdadeira heroína que estava firmemente comprometida com a caridade.

“Gavin e Damon, sua mãe foi uma heroína como todos os agentes, todos os membros das forças da ordem que usam um distintivo e se apresentam ao serviço. Eles não são celebridades; mas são heróis. As celebridades se exibem; os heróis aparecem”, disse.

“Mas ser um herói não significa não conhecer o medo, mas não deixar que ele oprima para não ajudar o próximo. Ela e todos aqueles que morrem no cumprimento do dever são heróis, porque diante do mal responderam com firmeza e resolução para proteger e servir o bem comum”.

Dom Wenski disse que a morte da agente Laura recorda a fragilidade da vida e levanta perguntas difíceis.

A este respeito, assinalou que a angustiada Marta de Betânia provavelmente enfrentou um encontro semelhante. Segundo o Evangelho, repreendeu Cristo por não ter estado lá para salvar seu irmão Lázaro da morte. No entanto, assim como foi para Lázaro e sua família, a ressurreição é uma luz de esperança em meio às trevas e à dor, acrescentou.

“Nossa fé em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado dos mortos nos ilumina inclusive nas trevas deste dia; e nossa esperança n'Ele, que venceu a morte, nos conforta e nos fortalece em nossa dor; mas ainda assim choramos; choramos como Jesus chorou pela morte de seu amigo Lázaro”.

“Dirigimo-nos à Mãe de Jesus, Maria Auxiliadora. A Mãe de Deus sem pecado conheceu a dor quando ficou ao pé da cruz enquanto Jesus morria. Como a Laura rezava -nesta igreja, na sua casa, com os seus alunos de religião, com os seus filhos-, também rezamos invocando àquela que é a nossa ajuda: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte”.

Em 6 de fevereiro, foi feita uma homenagem para a agente Laura em Miami Gardens. Durante o evento, o diretor do FBI, Christopher Wray, disse que, embora não tenha tido o prazer de conhecer Laura pessoalmente, as histórias dessa agente contam uma vida de "determinação, dedicação e coragem".

Disse que a agente Laura entrou para o FBI em 2005 e, após se formar em Quantico, assumiu seu primeiro trabalho de campo em Albuquerque. Em 2007, a agente católica tornou-se a primeira mulher a entrar para equipe SWAT do FBI, em Albuquerque. Três anos depois, mudou-se para Miami e se juntou ao Violent Crimes Against Children Squad (Esquadrão de Crimes Violentos contra Crianças).

Wray destacou que ela advogou zelosamente por uma maior proteção das crianças contra predadores on-line e fez apresentações sobre a extorsão sexual. Disse que em um de seus casos mais importantes, ajudou a prender um criminoso que enganou centenas de adolescentes para que compartilhassem suas imagens íntimas.

“Laura teve um impacto tão profundo nos pais de algumas das vítimas que, quando souberam que Laura havia sido assassinada no cumprimento do dever, imediatamente enviaram suas condolências ao escritório e perguntaram como poderiam ajudar os dois filhos de Laura. Isso diz muito sobre o que Laura significava para esta comunidade”, disse Wray.

O oficial também se referiu à fé católica de Laura como o motivo que a levou a realizar um serviço verdadeiro e comprometido até o final. “Entendo que Laura era uma mulher de fé, uma católica devota que frequentava a igreja de Maria Auxiliadora. Era uma parte importante de sua vida e parte de quem ela era em tudo o que fazia”, disse.

“Não importa o quão difícil foram os dias de Laura, não importa o quão difícil se tornou proteger as crianças do mal. Laura manteve essa fé. Assim como manteve sua fé no Estado de direito, na justiça e em fazer a coisa certa”, acrescentou.

“Um chamado ao serviço não está desenhado para oferecer comodidade e conveniência. O verdadeiro serviço é uma provação. É um ato de fé. E Laura tinha fé. Tinha fé nas pessoas. Tinha fé no trabalho que estava chamada a realizar. Ela alimentou esta fé. Ela a compartilhou e a viveu, todos os dias”, concluiu.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Hoje a Igreja celebra o 29º Dia Mundial do Doente

Papa Francisco abençoa um idoso doente. Crédito: ACI Prensa

Vaticano, 11 fev. 21 / 08:31 am (ACI).- Neste dia 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, a Igreja celebra o 29º Dia Mundial do Doente sob o lema “‘Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos’. A relação de confiança, na base do cuidado dos doentes”.

A mensagem do Papa Francisco por ocasião do Dia Mundial dos Doentes inspira-se “no trecho evangélico em que Jesus critica a hipocrisia de quantos dizem mas não fazem (cf. Mt 23, 1-12). Quando a fé fica reduzida a exercícios verbais estéreis, sem se envolver na história e nas necessidades do outro, então falha a coerência entre o credo professado e a vida real”, explica.

Pelo contrário, Jesus propõe “deter-se, escutar, estabelecer uma relação direta e pessoal, sentir empatia e enternecimento, deixar-se comover pelo seu sofrimento até lhe valer e servir (cf. Lc 10, 30-35)".

Em sua mensagem, o Santo Padre sustenta que a atual pandemia “colocou em evidência tantas insuficiências dos sistemas sanitários e carências na assistência às pessoas doentes. Viu-se que, aos idosos, aos mais frágeis e vulneráveis, nem sempre é garantido o acesso aos cuidados médicos, ou não o é sempre de forma equitativa”.

Isso depende “das opções políticas, do modo de administrar os recursos e do empenho de quantos revestem funções de responsabilidade. O investimento de recursos nos cuidados e assistência das pessoas doentes é uma prioridade ditada pelo princípio de que a saúde é um bem comum primário”.

O Papa Francisco agradece “a entrega e generosidade” de “uma série silenciosa de homens e mulheres que optaram por fixar aqueles rostos, ocupando-se das feridas de pacientes que sentiam como próximo em virtude da pertença comum à família humana".

 “Com efeito, a proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença” e “vivemos esta proximidade pessoalmente, mas também de forma comunitária: na realidade, o amor fraterno em Cristo gera uma comunidade capaz de curar, que não abandona ninguém, que inclui e acolhe sobretudo os mais frágeis”.

O serviço “fixa sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e, em alguns casos, até ‘padece’ com ela e procura a promoção do irmão. Por isso, o serviço nunca é ideológico, dado que não servimos ideias, mas pessoas”.

Nesse sentido, frisou que “para haver uma boa terapia é decisivo o aspeto relacional, através do qual se pode conseguir uma abordagem holística da pessoa doente”.

O anterior “ajuda também os médicos, enfermeiros, profissionais e voluntários a ocuparem-se daqueles que sofrem para os acompanhar ao longo do itinerário de cura, graças a uma relação interpessoal de confiança”, (cf. Nova Carta dos Agentes de Saúde [2016], 4).

“Trata-se, pois, de estabelecer um pacto entre as pessoas carecidas de cuidados e aqueles que as tratam; um pacto baseado na confiança e respeito mútuos, na sinceridade, na disponibilidade, de modo a superar toda e qualquer barreira defensiva, colocar no centro a dignidade da pessoa doente, tutelar o profissionalismo dos agentes de saúde e manter um bom relacionamento com as famílias dos doentes".

“Uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus membros frágeis e atribulados e o fizer com uma eficiência animada por amor fraterno. Tendamos para esta meta, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído e abandonado”.

Leia a mensagem na íntegra AQUI.

ACI Digital

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 18/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 44

Que a serpente levantada no deserto é símbolo do mistério da cruz o ensina abertamente a palavra do Senhor quando diz: Da mesma forma que Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do homem (Jo 3, 14). Novamente marcha o pecado por seu caminho habitual, avançando regularmente em uma concatenação malvada, com uma lógica perversa. E o Legislador, como um médico, amplia a cura conforme o progresso do mal. Posto que a mordida das serpentes se havia tornado ineficaz para os que olhavam para a figura da serpente, pelo já explicado entendes bem o simbolismo, aquele que maquina enganos tão diversos contra nós inventa outro caminho para o pecado. Também agora podemos observar que isto mesmo sucede a muitos. Com efeito, muitos que reprimem a paixão da concupiscência por meio de uma vida mais sensata, cheios de soberba, se lançam ao sacerdócio contra o plano de Deus, por esforços humanos e intrigas para ser escolhidos. Aquele a quem o relato acusa de fazer o mal aos homens é o que empurra a esta perversa cadeia de pecados. Com efeito, depois que, por causa da fé naquele que está elevado sobre o madeiro, cessou a terra de dar a luz serpentes contra os que estavam cheios de concupiscência, e eles se acreditaram mais fortes que as mordidas venenosas, então, quando se ultrapassa a paixão relativa à concupiscência, se apresenta a enfermidade do orgulho. Julgando que é pouco estar no lugar em que foram colocados, se lançam à dignidade do sacerdócio, intrigando para afastar aqueles que receberam por sorte esta função sagrada da parte de Deus. Estes desaparecem deglutidos pelo abismo. Os que haviam de seu grupo sobre a terra foram abrasados por raios (Nm 16, 31-35). Penso que com este relato a palavra ensina que o final da exaltação própria do orgulho é a descida para debaixo da terra. Talvez alguém, inspirando-se nestas coisas defina a soberba, não sem razão, como uma subida para baixo. Não estranhes se este pensamento está em contradição com o sentir de muitos. As pessoas pensam que com o nome soberba se designa o estar acima dos demais. A verdade do que foi aqui narrado confirma nossa definição. Com efeito, se os que se elevaram a si mesmos acima dos demais se afundaram no abismo da terra aberta debaixo deles, talvez ninguém repudie a descrição que define o orgulho como uma caída ao mais baixo. Moisés ensina a quem contempla estas coisas a ser comedidos e a não envaidecer-se com os êxitos, mas a administrar sempre bem o presente. Pois ainda que hajas sido mais forte que os prazeres, não por isso estás isento de ser preso por outra forma de paixão. Toda paixão é uma caída enquanto é paixão. Não há nenhuma diferença de caída na diversidade de paixões: quem resvalou na suavidade do prazer, caiu; e quem foi derrubado pelo orgulho, caiu. Para quem tem inteligência não é desejável nenhuma forma de caída, pois toda caída, enquanto caída, deve ser igualmente evitada. Por esta razão, se agora vês em algum lugar alguém que se purificou da debilidade dos prazeres, porem que se lança de novo com afã ao sacerdócio por julgar que está acima dos demais, pensa que, na mesma elevação do orgulho, o vês cair terra abaixo. No que segue a continuação, a Lei ensina que o sacerdócio é um assunto divino, não humano. O ensina desta forma: Havendo marcado as varas de cada tribo com o nome dos que as haviam oferecido, Moisés as colocou sobre o altar de Deus, de forma que a vara distinguida das outras por um prodígio divino fosse o testemunho da eleição do céu (Nm 17, 6 -11). Feito isto, as varas dos demais permaneceram como estavam, porem a vara do sacerdote, que havia lançado raízes em si mesma não por uma umidade vinda de fora, mas pela força metida por Deus dentro dela, germinou ramos e frutos, e o fruto, - era uma amêndoa-, chegou a amadurecer. Este acontecimento ensinou a todo o povo a permanecer submisso em boa ordem. No fruto que produziu a vara de Aarão, podemos ver como a vida no sacerdócio deve ser continente, severa e dura na manifestação externa da conduta, porem levando por dentro, no oculto e invisível, o fruto que se come, o qual se mostra quando, com o tempo, amadurece o comestível, parte-se a casca rugosa e se abre a envoltura lenhosa do fruto.

Capítulo 45

Se chegasses a saber que a vida de um sacerdote é doce, folgada e cor de rosa, como aqueles que se vestem de linho e púrpura e engordam em mesas esplêndidas (Lc 16, 19), que bebem vinho filtrado, estão ungidos com o melhores perfumes e reúnem para si tudo o que parece suave ao gosto superficial dos que desfrutam de uma vida mole, poderias aplicar com toda exatidão o dito evangélico: olhando o fruto, não reconheço a árvore sacerdotal, pois um é o fruto do sacerdócio e outro muito diferente este (Lc 6, 43-44). Aquele fruto é a continência, este é a moleza; aquele não está alimentado por umidade terrestre, a este regam muitos arroios de prazeres daqui de baixo, graças aos quais nesta hora o fruto de vida se colore de rosa. Uma vez que o povo se tenha purificado também desta paixão, atravessa a vida estrangeira guiando-o a Lei pelo caminho real, sem desviar-se de um lado ou de outro (Nm 20, 17). É perigoso para o caminhante desviar-se para qualquer lado. Quando dois precipícios se estreitam no caminho de um rompente elevado, é perigoso para quem marcha por ele desviar-se para uma parte ou outra, pois o abismo do precipício traga igualmente a quem se desvia de um lado ou de outro; assim a Lei quer que quem segue suas pegadas não abandone o caminho, o qual, como diz o Senhor, é estreito e empinado (Mt 7, 14), isto é, que não se desvie nem à esquerda, nem à direita. Esta palavra, ao definir que as virtudes se encontram no meio, contem este ensinamento: todo vício nasce ou por falta ou por excesso no fazer em relação à virtude. Assim com respeito ao valor, a covardia é uma falta de virtude, e a temeridade um excesso: o que está livre destes extremos se encontra situado no meio dos vícios que se encontram em seus flancos. Isto precisamente é a virtude. Da mesma forma todas as demais coisas se encontram, em sua relação com o bem, no meio de vizinhos perigosos. A sabedoria ocupa o lugar intermediário entre a astúcia e a candura: nem a astúcia da serpente é aprovada, nem a candura da pomba, se tomarmos cada uma delas separadamente em si mesma (Mt 10, 16), pois a virtude consiste na disposição intermediária que modera estas duas. O que está falho de temperança é um libertino, enquanto que quem se excede em sua prática cauteriza a própria consciência, como declara o Apóstolo (1Tm 4, 2): um, de fato, se entregou voluntariamente aos prazeres, enquanto o outro sente horror ante o matrimônio, como se fosse adultério. A disposição intermediária entre estes dois é a temperança. Posto que, como diz o Senhor, este mundo está sob o poder do maligno (1Jo 5, 19), e para quem segue a Lei tudo quanto se opões à virtude - isto é, a maldade - lhe resulta estranho, aquele que marcha através deste mundo levará a bom termo durante sua vida este caminho da virtude, se não perder a grande estrada, pisada e abrandada pela virtude, sem desviar-se pelo vício para caminhos impraticáveis que estão aos lados. Como já foi dito, a tentação do adversário - que, em qualquer situação, encontra ocasiões para desviar-nos para o mal - cresce juntamente com o progresso da virtude. Na hora que o povo cresceu muito na vida segundo Deus é quando o inimigo tenta atacar com outra forma de tentação segundo o uso de melhores estratégias. Estes quando julgam difícil vencer a frente do exército do inimigo, superior em forças, o combatem com emboscadas e enganos. Por esta razão, a estratégia do mal não apresenta frontalmente sua força contra aqueles que estão robustecidos pela Lei e a virtude, mas realiza a tentação veladamente, com emboscadas. Chama agora a magia como aliada para atacar. O relato diz que era um adivinho e um investigador do vôo das aves, o qual tinha um poder daninho contra os adversários, sem dúvida por alguma força dos demônios. Este estava sendo pago pelo chefe dos madianitas para danar com maldições os que viviam para Deus, porem trocou a maldição em benção (Nm 22, 2-35). Nós, por coerência com nossa exegese anterior, interpretamos que nem sequer a magia tem força contra quem vive na virtude; quem está fortalecido pela ajuda de Deus vence toda tentação.

ECCLESIA Brasil

Presidência da CNBB divulga nota sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021

Presidência da CNBB 

Sobre o texto-base da CFE deste ano, os bispos afirmam que a publicação seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), conselho responsável pela preparação e coordenação da campanha da fraternidade em seu formato ecumênico.

Vatican News

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta terça-feira, 9 de fevereiro, uma nota na qual esclarece pontos referentes à realização da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, cujo tema é: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz. Do que era dividido fez uma unidade”, (Ef 2,14a).

O documento reafirma a Campanha da Fraternidade como uma marca e, ao mesmo tempo, uma riqueza da Igreja no Brasil que deve ser cuidada e melhorada sempre mais por meio do diálogo. Iluminado pela Encíclica Ut Unum Sint, de 1999, do Papa São João Paulo II, o texto aponta também ser necessário cuidar da causa ecumênica. 

Sobre o texto-base da CFE deste ano, os bispos afirmam que a publicação seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), conselho responsável pela preparação e coordenação da campanha da fraternidade em seu formato ecumênico. “Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado apenas pela comissão da CNBB”, aponta a Nota.

No documento, a presidência da CNBB reafirma que a Igreja Católica tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela. “A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que ‘gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo” (Pontifício Conselho para a Família, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas., pág. 673).

A nota informa que os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) seguem rigorosa orientação, obedecendo não apenas a legislação civil vigente para o assunto, mas também a preocupação quanto à identidade dos projetos atendidos. “Os recursos só serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica”, reforça a nota.

A presidência da CNBB afirma, no parágrafo final, que apesar de nem sempre ser fácil cuidar das dificuldades levantadas pela realização de uma Campanha da Fraternidade e da caminhada ecumênica e de muitos outros aspectos da ação evangelizadora da Igreja, nem por isso se deve desanimar e romper a comunhão, o que segundo os bispos é uma das maiores marcas dos cristãos. “Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos”, exorta a presidência da CNBB.

Conheça, abaixo, a íntegra do documento. Aqui a versão em PDF:

NOTA DA PRESIDÊNCIA DA CNBB

Irmãos e irmãs em Cristo Jesus,

“Não apagueis o Espírito, não desprezais as profecias,
mas examinai tudo e guardai o que for bom” (1 Ts 5,21)

1. No exercício de nossa missão evangelizadora, deparamo-nos com inúmeros desafios, diante dos quais não podemos esmorecer, mas, ao contrário, buscar forças para responder com tranquilidade e esperança.
2. Nosso país vive um tempo entristecedor, com tantas mortes causadas pela covid-19, um processo de vacinação que gostaríamos fosse mais rápido e uma população que se cansou de seguir as medidas de proteção sanitária. Nosso coração de pastores sofre diante de tantas sequelas que surgem a partir da pandemia, em especial o empobrecimento e a fome.

A Campanha da Fraternidade 2021 e suas características
3. Em meio a tudo isso e atendendo à solicitação de irmãos bispos, desejamos abordar a Campanha da Fraternidade deste ano. Algumas afirmações têm ocasionado insegurança e mesmo perplexidade.
4. Como sabemos, a Campanha da Fraternidade é uma riqueza da Igreja no Brasil, nascida e amadurecida não sem dificuldades e mesmo sofrimentos. A cada Campanha, o aprendizado se fortalece e se mostra continuamente necessário. Assim acontece com cada tema escolhido e assim acontece quando as Campanhas, desde o ano 2000, são feitas em modo ecumênico.
5. Para este ano, o tema escolhido foi o diálogo, com o tema, portanto, fraternidade e diálogo: compromisso de amor. Trata-se, como explicado nas formações feitas pelo nosso Setor de Campanhas, do recolhimento dos temas anteriores, em especial desde 2018, que tratou da superação da violência, até 2020, quando apresentou-se a proposta cristã do cuidado.
6. Para 2021, conforme aprovação em nossa Assembleia Geral de 2018, a Campanha foi construída ecumenicamente e, conforme costume desde o ano 2000, sob a responsabilidade do CONIC. Nas primeiras reuniões, discerniu-se pelo tema do diálogo, urgência num tempo de polarizações e fanatismos, cabendo então ao CONIC a construção do texto-base. Isso foi feito conforme está explicado na apresentação do mesmo, com detalhamento da equipe elaboradora, na pág. 9.
7. Consequentemente, o texto seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do CONIC. Foram realizadas várias reuniões, o texto passou por revisão da assessoria teológica do CONIC, uma assessoria com membros das diversas igrejas, chegando, então, ao que hoje temos. Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado pela comissão da CNBB, pois são duas compreensões distintas, ainda que em torno do mesmo ideal de servir a Jesus Cristo. O texto-base desse ano, por conseguinte, deve ser assim compreendido, como o foi nas Campanhas da Fraternidade levadas a efeito de modo ecumênico.

Algumas questões específicas
8. Nos últimos dias, reações têm surgido quanto ao texto. Apresentam argumentos que esquecem da origem do texto, desejando, por exemplo, de uma linguagem predominantemente católica. Trazem ainda preocupações com relação a aspectos específicos, a saber, as questões de gênero, conforme os números 67 e 68 do referido texto.
9. A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que “gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo” (Pontifício Conselho para a Família, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas., pág. 673).

Uma ajuda destacável
10. Já pronto o texto-base, fomos presenteados com a Fratelli Tutti, que recomendamos vivamente seja também utilizada como subsídio para a Campanha da Fraternidade deste ano. Ela estabelece forte conexão entre o tema de 2020 e o de 2021, cuidado e diálogo, e muito ajudará na reflexão sobre o diálogo e a fraternidade.

Coleta da Solidariedade
11. Junto com essas preocupações de conteúdo, surgiu ainda a sugestão de que não se faça a oferta da solidariedade no Domingo de Ramos, uma vez que existiria o risco de aplicação dos recursos em causas que não estariam ligadas à doutrina católica.
12. Lembramos que, em 2019, foi distribuída pelo Fundo Nacional de Solidariedade – FNS a quantia de R$3.814.139,81, fruto da generosidade de nossas comunidades, não se incluindo nessa quantia o que foi destinado aos fundos diocesanos. Em 2020, por causa da pandemia, não ocorreu arrecadação. Somente com a ajuda da instituição alemã Adveniat conseguimos atender a 15 projetos.
13. Sobre isso, recordamos que o FNS segue rigorosa orientação, obedecendo não apenas a legislação civil vigente para o assunto, mas também preocupação quanto à identidade dos projetos atendidos. Desde o início da construção da Campanha da Fraternidade de 2021, temos informado ao CONIC a respeito da dificuldade e até mesmo da impossibilidade de mantermos a estrutura do Fundo de Solidariedade como ocorrido nas Campanhas ecumênicas anteriores. Sobre este ponto, tendo como base a última dessas Campanhas, a de 2016, esta Presidência já manifestou ao CONIC as dificuldades e, por espírito de comunhão e corresponsabilidade, vai conversar sobre o assunto na próxima reunião do CONSEP. A conclusão será informada em seguida.

Desse modo:
14. Em consequência, respeitando a autonomia de cada irmão bispo junto aos seus diocesanos e como não poucos irmãos nos têm solicitado indicações para informar ao povo sobre a CF 2021, consideramos importante que sejam destacados os seguintes aspectos:
1) A Campanha da Fraternidade é um valor que não podemos descartar.
2) Alguns temas, conforme seu modo de ser apresentado, tornam-se mais difíceis que outros.
3) A Igreja tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela.
4) Os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica.
5) A causa ecumênica se mantém importante. “Uma comunidade cristã que crê em Cristo e deseja com o ardor do Evangelho a salvação da humanidade não pode de forma alguma fechar-se ao apelo do Espírito que orienta todos os cristãos para a unidade plena e visível … O ecumenismo não é apenas uma questão interna das comunidades cristãs, mas diz respeito ao amor que Deus, em Cristo Jesus, destina ao conjunto da humanidade; e criar obstáculos a este amor é uma ofensa a Ele e ao Seu desígnio de reunir todos em Cristo” (S. João Paulo II, Encíclica Ut Unum Sint, 99)
15. Concluímos lembrando a importância da Campanha da Fraternidade na história da evangelização do Brasil. É nossa marca. Cabe-nos cuidar dela, melhorá-la sempre mais por meio do diálogo, assim como nos cabe cuidar da causa ecumênica, um ideal que se nos impõe. Se nem sempre é fácil cuidar de ambos e de muitos outros aspectos de nossa ação evangelizadora, nem por isso devemos desanimar e romper a comunhão, uma de nossas maiores marcas, um tesouro que o Senhor Jesus nos deixou e do qual não podemos abrir mão. Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos.

Brasília-DF, 09 de fevereiro de 2021

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB

Fonte: CNBB

Vatican News

Qual é a diferença entre proselitismo e evangelização?

Omar Montenegro/Panama 2019/Flickr

A palavra "proselitismo" refere-se ao zelo que alguém despende para converter os outros às suas ideias e especialmente à sua crença religiosa. Os cristãos que se engajam na evangelização se esforçam para desenvolver uma estratégia real para "alcançar" o maior número possível de pessoas. Proselitismo e evangelização, então, são a mesma coisa?

Foi em 1599 que foi fundada em Roma a Congregação pro Propaganda Fide, com o objetivo de “propagar” a fé cristã no mundo, especialmente na América que acabava de ser descoberta. Essa palavra está na origem da palavra “propaganda”, que passou a designar todos os meios implementados para divulgar desde as ideias de um partido político aos benefícios de um tratamento de spa.

Anteriormente, a palavra “prosélito” designava na Grécia um estrangeiro que viera se estabelecer no país e, entre os judeus, um pagão que, após se interessar pela religião de Israel, acabou adotando todas as suas observâncias – incluindo a circuncisão. Posteriormente, a palavra “proselitismo” designou o zelo que alguém desdobra para converter os outros às suas ideias e, em particular, à sua crença religiosa. Hoje, a palavra é frequentemente usada em um sentido depreciativo para estigmatizar a atitude daqueles que traçam estratégias para converter tantas pessoas quanto possível – voluntariamente ou pela força – às suas crenças.

Mas não é isso que os cristãos estão fazendo hoje ao se engajarem na nova evangelização? Eles também se empenham em desenvolver uma estratégia real para “alcançar” o maior número possível de pessoas: eles não hesitam em ir de porta em porta, pregar o Evangelho na rua, distribuir folhetos na saída das entradas do metrô para convidar os transeuntes para um evento religioso. Eles usam todas as técnicas de comunicação modernas para alcançar os que estão próximos e os que estão longe. Qual é a diferença então entre proselitismo e evangelização?

O objetivo da evangelização não é persuadir alguém sobre a excelência de uma doutrina

A diferença essencial vem do fato de que a evangelização não visa antes de tudo persuadir alguém sobre a excelência de uma doutrina, mas fazê-lo encontrar o Cristo vivo, presente no seio de sua Igreja. Também gostamos de fazê-lo descobrir alguns aspectos da Boa Nova que Deus veio nos revelar e porque acreditamos que ele é verdadeiramente nosso Salvador e Senhor!

A segunda diferença é que os cristãos estão convencidos de que somente Deus pode converter corações e que sua conduta não deve contradizer o evangelho que proclamam. A atitude prosélita, em sua aceitação negativa, acredita apenas em seus esforços, busca apenas convencer, sem ceder a Deus, até mesmo o servindo de contraponto. Como alguém pode acreditar na palavra de um cristão, por exemplo, se ele mostra uma irritação ao ver o pequeno número de pessoas que conseguiu alcançar?

Numa noite de inverno, São Francisco de Sales foi pregar em uma paróquia de Chablais (Suíça). Na plateia havia apenas uma pessoa de certa idade. São Francisco faz seu sermão como se uma multidão estivesse ali: gostava de dizer que uma alma era um campo grande o suficiente para semear a palavra de Deus! E foi assim que um pastor protestante foi convertido ao ouvir o sermão dado com entusiasmo na frente de uma única pessoa em uma igreja vazia e fria! A fecundidade de um apóstolo não se mede pelo número de evangelizados!

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF