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sábado, 13 de fevereiro de 2021

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A DOUTRINA CRISTÃ

Luxartclub

PARA A DOUTRINA CRISTÃ A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA (a questão da alma imortal).


“Aquilo que o corpo principal da filosofia apenas supôs, os discípulos de Cristo aprenderam e proclamaram “(Clem. Prot. 11.112.2).

A importância da filosofia para a doutrina de Clemente não deve ser procurada principalmente em suas declarações complementares sobre as pessoas ou até mesmo acerca das ideias dos filósofos, em especial Sócrates e Platão, mas, antes, na influência do médio platonismo em seu pensamento acerca de doutrinas cristãs cruciais, como a natureza do homem e da pessoa de Cristo (Clem. Str. 4.22, 144.2). Ele retratou o homem como um ser dual, como o centauro da mitologia clássica, composto de corpo e alma (Clem. Str. 4.3.9.4). Esta era a tarefa da vida inteira do “filósofo” cristão “gnóstico”: cultivar a libertação da alma das cadeias do corpo, em preparação para a libertação da alma das cadeias do corpo, em preparação para a libertação suprema, a morte (Clem. Str. 4.3.12.5). Esta concepção apareceu até mesmo nas declarações mais profundas de Clemente da doutrina cristã do homem como criatura e pecador e se refletiram em suas acomodações à doutrina platônica da pré-existência da alma. Uma ambivalência semelhante estava evidente em sua cristologia. Ele afirmou reiteradamente a historicidade da encarnação e a realidade da carne de Jesus (Clem. Prot.2.3.2); mas, por sua definição do que se constituída a verdadeira humanidade ter sido desenvolvida sob os obstáculos que foi descrito, suas declarações cristológicas, soam como docéticas. Parece evidente que Clemente não era de fato um docetista, mas ele obscureceu a distinção entre o Logos e a alma de uma maneira que podia levar nessa direção. Não a história da vida, morte e da ressurreição de Jesus Cristo, mas o Logos divino que apareceu nessa história era o tema da cristologia de Clemente. Ele parece falar com mais facilidade sobre o modo de existência peculiar ao senhor ressurreto que acerca do modo manifesto em seus sofrimentos. Um motivo para isso está no conceito de Clemente da própria ressurreição, quer de Cristo quer dos cristãos. A percepção médio platônica da alma imortal, às vezes, parecia a Clemente se igualar à mesa, a despeito de outras indicações de que ele não considerava que a alma fosse naturalmente imortal. Isso não era uma simples helenização do evangelho, conforme deixam claro suas polêmicas contra o gnosticismo por essa helenização; mas foi menos uma vitória da doutrina cristã sobre o pensamento grego do que pareceu ser.


O QUE ATENAS TEM QUE VER COM JERUSALÉM? (Tertuliano. Presc.7.9).


O fechamento da academia ateniense foi mais o ato de um médico legista que de um algoz. O estabelecimento da universidade imperial de Constantinopla, por Teodósio II ou talvez pelo próprio Constantino, já tinha transferido o centro de aprendizado grego de Atenas para a nova capital do mundo helênico e, assim, a escola pagã de Atenas “já tinha sobrevivido aos seus propósitos” e “não era mais de grande importância no império cristão” (Vasiliev 1958, 1:187). Os professores pagãos emigraram de Atenas para a pérsia, mas, no fim, voltaram para o império tendo conseguido a promessa de Justiniano de salvo conduto. A seguir os professores de filosofia passaram a ser considerados tanto indesejáveis quanto inofensivos. A partir daí concluíram que a teologia tinha eliminado a filosofia da atenção dos homens ponderados: A filosofia é uma área de estudo que brotou da teologia. Ela se torna sua subordinada e sua rival. Ela postulava doutrinas, em vez de investigá-las. Tinha de encontrar a racionalidade ou encontrar motivos para essas doutrinas. E durante eras mais tarde a filosofia esteve morta”.


É verdade que o estudo formal da filosofia grega diminuiu com o surgimento da autoridade da teologia cristã ortodoxa(católica). Dos escritos de Aristóteles poucos foram traduzidos para o Latin. Boécio, o tradutor dessas obras, pretendia traduzir todas as obras de Aristóteles e Platão para o Latin, sua intenção era “demonstrar que eles não discordam em tudo conforme muitos sustentam, mas estão na maior harmonia possível em muitas coisas que pertencem à filosofia” (Boec. Herm. Sec. Pr). Mas os dois tratados lógicos foi tudo o que ele completou, ou preservado, aparentemente, foi tudo que os cristãos ocidentais conheciam sobre Aristóteles. Foi como teólogos que eles estudaram Aristóteles.


Boécio, cuja tradução de Aristóteles limita o fim do pensamento clássico tanto quanto o fechamento quase contemporâneo da escola de Atenas, também foi o autor de um livro que qualifica seriamente qualquer interpretação do triunfo da teologia. Seu livro consolation of philosophy [consolo da filosofia], “a mais nobre obra literária do final do período da antiguidade” (Norden, 1898, 2:585) desempenhou um papel único na história da literatura e devoção medievais. Os manuscritos da obra estão amplamente distribuídos nas bibliotecas da Europa; ele foi traduzido pelo rei Alfred, por Chaucer e talvez a rainha Elizabeth I; e forneceu conforto para Dante Alighieri em seu luto pela morte de Beatrice. Boécio, vegetando na prisão por traição e presumivelmente por sua fidelidade ao trinitarismo ortodoxo(católico), desacatando um imperador Ariano, voltou-se para um antigo gênero de literatura clássica, o discurso consolador ou consolatio (compaixão), adaptado por Ciro a partir do modelo grego. Boécio parece ter sido o primeiro teólogo cristão a usar o consolatio, mas o resultado foi uma forma de consolação que retrata a operação do divino nos assuntos dos homens sem qualquer referência inequívoca à doutrina cristã de Deus, quer ariana quer nicena. O tema básico do livro era uma defesa do livre arbítrio e da bondade da providência divina, sob cuja soberania o destino tem permissão de funcionar. Boécio, em um diálogo com a filosofia personificada, expõe sua doutrina de Deus como “o constante supervisor com conhecimento prévio, cuja percepção se move em harmonia com a futura natureza de nossos atos enquanto distribui recompensa para o bom e punição para o mau” (Boec.cons.5.6.45)

Apologistas da Fé Católica

Diversão no carnaval

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Pe. Françoá Costa

Divertir-se é muito bom. Quem não gosta? A diversão revigora as nossas forças e quando é realizada em companhia dos demais nos torna mais generosos e mais sociáveis. Aproximam-se dias maravilhosos para a diversão, os do carnaval. O ócio também é educativo quando bem vivido. Já Santo Tomás de Aquino, e antes dele Aristóteles, falava da virtude que põe o justo meio entre a relaxação no lúdico e a seriedade excessiva, trata-se da virtude da eutrapelia. A “pessoa eutrapélica” é a pessoa bem orientada nas diversões, com boa agilidade e que conserva a elegância do espírito também nos momentos lúdicos. Os santos são exemplos de pessoas eutrapélicas. S. Felipe Neri e S. João Bosco são conhecidos, entre outras coisas, pelo bom humor; S. Josemaría Escrivá costumava dizer que em 1928, quando fundou o Opus Dei, tinha “somente vinte e seis anos, graça de Deus e bom humor”; de S. Tomás Moro parece que se populariza cada vez mais a sua oração para pedir o bom humor; também São João Paulo II é muito conhecido pela sua alegria, bom humor e jovialidade. A santidade sempre é alegre e divertida, tem rosto amável e por isso atrai.

A eutrapelia é uma virtude que se enquadra dentro da virtude da modéstia, que por sua vez é parte da virtude da temperança. Diz Santo Tomás que a virtude, essa força habitual para realizar um bem determinado, tem a ver com duas realidades: em primeiro lugar diz relação aos vícios contrários que exclui e as concupiscências que refreia; em segundo lugar, diz relação ao fim que pretende alcançar. E, no que diz respeito aos vícios e as concupiscências, a virtude – continua S. Tomás – é mais necessária aos jovens dado que nesse período encontra-se neles a concupiscência deleitável devido ao fervor da idade, ao fogo da paixão (cfr. S. Th. II-II, q. 149, a.4c).

A pessoa humana não aguenta trabalhar o tempo todo e nunca descansar. É necessário que de tempos em tempos descansemos. Se esticarmos uma corda e a deixarmos tensa durante muito tempo, não aguentará, se partirá. Não podemos viver numa tensão permanente; se assim fosse, nos quebraríamos. É muito importante que nos entreguemos às diversões, aos jogos e às festas, nas quais se busca o prazer que nos faz descansar. Logicamente, essas diversões, jogos e festas, deverão ser conforme a reta razão, pois devemos ser virtuosos aos divertir-nos, com autêntica eutrapelia.

Atuar com excesso nas diversões mostra que o apetite do que se diverte é desordenado, fora da ordem da razão. São Paulo adverte: “nada de obscenidades, de conversas tolas ou levianas, porque tais coisas não convêm; em vez disto, ações de graças. Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento – verdadeiros idólatras! – terá herança no reino de Cristo e de Deus” (Ef 5,4-5) . “Scurrilitas”, em latim, e “eutrapelia”, em grego, são as palavras originais que em português são traduzidas por “conversas levianas”. Não obstante, essa eutrapelia da qual fala S. Paulo não é a eutrapelia da qual falávamos acima, mas das “conversas levianas”, isto é, na linha do excesso do espírito lúdico. Se não há excesso, se o jocoso é usado para relaxar um pouco das tensões do cotidiano, se a diversão não é tomada como um fim em si mesmo e se são diversões que não ofendem a Deus, não só é lícito entregar-nos aos prazeres das diversões, mas é também muito aconselhável.

No entanto, brincar o carnaval com sentido cristão e, por tanto, também humano, não é fácil. É possível se há organização: em família e com amigos responsáveis. Nesse sentido, alguns movimentos da Igreja Católica, máxime a Renovação Carismática, tem o costume de organizar eventos de oração e de encontro durante esses dias. Trata-se de uma iniciativa assaz louvável. Cada família, cada grupo ou associação poderia, com criatividade, encontrar maneiras de divertir-se à beça, fraternalmente e aproveitando o tempo para viver essa dimensão tão humana e tão cristã, a alegria. Logicamente, não é necessário que seja um encontro de oração. Poderia ser também. O importante é aproveitar para que tenhamos momentos alegres com os outros através de encontros amigáveis, educados e respeitosos dos bons costumes. Também é importante que haja um bom almoço e – por que não? – um futebolzinho ou algo semelhante.

Há poucos dias, estive conversando com um amigo sobre um tema típico de ciência-ficção: o que aconteceria se, por pouquíssimo tempo, a gravidade dos corpos deixasse de existir em toda a terra? Parece-me que acabamos por concluir, não de uma maneira científica, mas intuitivamente, de que seria o caos.

Se os objetos deixassem de atrair-se teríamos um espetáculo assombroso e não desejável de ver-se: carros, a 120 km/h, que de repente se elevam no ar e, sem direção, vão a qualquer parte; pontes que poderiam soltar algumas junturas e sair do seu lugar habitual; pessoas que, em seu passeio vespertino, se veem sem um ponto de referência; restaurantes com todos os produtos alimentícios nos ares, as cadeiras com os seus clientes suspendidos a 1m e o caldo das panelas saindo das mesmas e caindo na cabeça do primeiro que encontrar, ou melhor, sem gravidade o caldo também poderia “cair para cima”. Seria uma loucura! O que aconteceria com as águas dos oceanos, com os incêndios que estão acontecendo agora mesmo, com os icebergs, com os aviões que estão em plena pista já no ponto de decolagem, com cantores e artistas em geral em suas apresentações, com … ? Agora, imagine só, tudo isso por um minuto. Depois desses 60 segundos… tudo voltaria ao normal? Certamente que não. O carro que estava a 120 km/h, quando a gravidade voltasse, onde estaria? Não na ponte, provavelmente, mas no rio; os que estavam para atravessar uma ponte, onde estariam? E os aviões? E?

Não adianta fazer um montão de barbaridades, pensando que quando chegar a Quaresma tudo vai se arrumar. Isso é ilusão! “No coração dos homens, Deus tem sido colocado aos pés de Satanás”, dizia G. K. Chesterton. “Depois me converterei”, poder-se-ia pensar. No entanto, ninguém poderia garantir a alguém que pensasse assim que na quarta-feira de cinzas tal fulano ainda estaria vivo. Deus sempre nos perdoa, nos restaura, mas, sem dúvida, os vícios contraídos em momentos de farra, deixam a sua gosma nojenta.

“Em toda parte os malvados andam soltos, porque se exalta entre os homens a baixeza” (Sl 11,8). Esse versículo do salmo bem poderia aplicar-se a algumas manifestações carnavalescas. Já que entre os homens se exalta a baixeza, e não preciso pensar muito para concluir que é assim mesmo, os malvados andam soltos e continuam disseminando as suas tresloucadas ideias. Aos retirar os valores tidos como tais e trocá-los pelos falsos valores, vê-se o assombroso resultado: crianças que perdem a inocência, adolescentes e jovens semelhantes a bestas que não conseguem submeter as paixões à razão e à vontade, famílias que se desintegram. A lei da gravidade dos costumes está desaparecendo! E o que acontecerá?

Não percamos a gravidade de filhos de Deus. Vamos divertir-nos, e até dar gargalhadas, mas o faremos sempre dentro da virtude e do sentido que temos da nossa filiação divina. Tenhamos sempre em alta estima, em meio às nossas diversões, virtudes como a sobriedade no uso dos alimentos e das bebidas, amor à santa pureza e ao pudor, a honra à palavra dada, a generosidade na escuta e no serviço aos outros. Tudo isso é eutrapelia. Não se trata de ser chatos nem relaxados, mas de ser santos fazendo com que seja amável e alegre o caminho da santidade. Na presença de Deus, todos nós teremos um bom carnaval, divertido e normal, com eutrapelia e amor de Deus. Bom carnaval, então!

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Pandemia altera celebrações da Quarta-Feira de Cinzas no Santuário Nacional de Aparecida

Dom Orlando Brandes em Missa de Quarta-feira de Cinzas no
Santuário de Aparecida. Foto: Thiago Leon /
Santuário de Aparecida

APARECIDA, 12 fev. 21 / 09:12 am (ACI).- Devido à pandemia de Covid-19, as celebrações de Quarta-feira de Cinzas no Santuário Nacional de Aparecida (SP) se adaptarão às exigências sanitárias e seguirão as orientações do Vaticano.

 Neste ano, a fim de evitar a infecção por coronavírus, o Vaticano determinou mudanças no rito de imposição das cinzas. Para a colocação das cinzas na cabeça dos fiéis, os sacerdotes devem higienizar as mãos antes do rito e utilizar máscara de proteção. Ao contrário de anos anteriores, nada será dito durante a distribuição do sinal.

Habitualmente, o rito dispõe que o padre, ao impor as cinzas sobre a cabeça dos fiéis diga: “Convertei-vos e crede no Evangelho”, ou “Lembra-te que és pó e ao pó retornarás”. Desta vez, uma das frases será dita apenas uma única vez, de modo geral, no altar, longe dos fiéis.

No Santuário de Aparecida, tais orientações serão seguidas em todas as celebrações, isto é, às 6h45, 9h, 12h e 16h. Em todas, haverá o rito de imposição das cinzas.

A principal Missa do dia acontecerá às 9h e será presidida pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes.

A participação dos fiéis nas missas está condicionada à capacidade máxima da Basílica neste período, limitada a até mil pessoas. O acesso acontece próximo à Capela da Ressurreição, na Esplanada João Paulo II. No local, será realizada a aferição de temperatura corporal e higienização das mãos. O uso de máscaras é obrigatório em todo o território do Santuário.

As confissões, costumeiramente procuradas pelos católicos durante o período quaresmal, estão acontecendo no Santuário de forma comunitária. Na Quarta-Feira de Cinzas, os ritos acontecem nas capelas do subsolo da Basílica às 10h30, 11h, 14h30 e 15h. O acesso também é controlado e condicionado à capacidade do espaço.

ACI Digital

O carnaval foi cancelado, a Quaresma não!

Coompia77 | Shutterstock

A definição da data da Quaresma nunca dependeu da realização do carnaval.

Por causa da pandemia do coronavírus, o carnaval no Brasil em 2021 está cancelado. Desfile de blocos, escolas de samba e trios-elétricos estão proibidos, assim como bailes e outros eventos relacionados à data.

Mesmo sendo apenas uma alteração para evitar aglomeração de pessoas, não houve uma mudança específica no calendário religioso. Apesar disso, muita gente chegou a pensar que o cancelamento do carnaval interferiria nas datas da Quaresma deste ano. Isso porque a Quarta-feira de Cinzas ocorre imediatamente após o carnaval.

De fato, a Quaresma é uma festa móvel da Igreja Católica, que é definida anualmente de acordo com a data da Páscoa, e não do carnaval.

Como se definem as datas da Quaresma e Páscoa

O filósofo Vanderlei de Lima, em artigo para a Aleteia, explicou como se chega à data de celebração da Páscoa. De sua explanação, destacamos o seguinte:

“A data da Páscoa não é calculada pelo calendário solar comum, mas, sim, pelo antigo calendário lunar, conforme prescrito no livro bíblico do Êxodo 12,1-14.”

Lima também explica como, na prática, se chega à data:

“É preciso observar, antes de tudo, o equinócio da Primavera (momento no qual o sol corta a Linha do Equador tornando os dias iguais às noites). Isso se dá duas vezes no ano: 21 e 22 de março, no hemisfério norte, e 22 e 23 de setembro no hemisfério sul. A nós interessa, é óbvio, só a primeira data, uma vez que as regras para a data da Páscoa foram elaboradas no hemisfério norte. Pois bem, basta tomar uma folhinha comum e nela observar a última lua nova anterior ao equinócio da Primavera. Feito isso, é só contar o tempo entre duas luas novas consecutivas o que dará 29 dias, 12 horas, 40 minutos e dois segundos. O primeiro Domingo após o 14º dia da primeira lua nova posterior ao equinócio da Primavera será a data da Páscoa cristã.”

Depois de definir a data da Páscoa, é preciso pensar na Quaresma:

“Uma vez encontrada a data da Páscoa, contem-se seis semanas anteriores ou 42 dias. Desse total de dias, retirem-se os seis Domingos, dado que neles não se faz jejum ou penitência. Temos, assim, 42-6 = 36. Contudo, como a Quaresma, segundo o próprio nome sugere (cf. Mt 4,1-11; Mc 1,12-13; Lc 4,1-13), compõe-se de 40 dias, acrescentam-se aos 36 dias mais quatro anteriores; ou seja, da quarta-feira, dita de Cinzas, ao sábado. Ora, o Carnaval ocorre, então, nos 4 dias anteriores à quarta-feira de Cinzas.”

A Quaresma de 2021

Como vimos, o cancelamento do carnaval é apenas uma mudança convencional e não impacta em nada nos dias da Quaresma, cujas principais celebrações ocorrerão nas seguintes datas:

  • Quarta-feira de cinzas: 17 de fevereiro
  • Domingo de Ramos: 28 de março
  • Quinta-feira Santa: 1 de abril
  • Sexta-feira Santa: 2 de abril
  • Sábado de Aleluia: 3 de abril
  • Domingo de Páscoa: 4 de abril

Mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia, celebraremos, com segurança e responsabilidade a segunda Quaresma em tempos de coronavírus.

Aleteia

Cuba precisa “superar o autoritarismo”, advertem católicos em carta aberta

Imagem referencial. Crédito: Unsplash / Jon Buttle Smith

HAVANA, 13 fev. 21 / 06:00 am (ACI).- Centenas de católicos lançaram uma carta aberta na qual criticam o regime cubano e advertem que o país precisa “de mudanças políticas” a fim de “superar o autoritarismo”.

A missiva foi assinada por católicos cubanos, entre os quais muitos sacerdotes, e também opositores do regime. O documento foi conhecido a 24 de janeiro, mas recolhido apoios na sociedade cubana e no início de fevereiro já havia sido assinado por mais de 700 pessoas.

No texto, enviado à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), denunciam que o país vive “o colapso de um modelo econômico, político e social”. Por isso, defendem a necessidade de “mudanças políticas” para “superar o autoritarismo” e alcançar o sonho de uma “República onde a plena dignidade de cada homem e mulher seja respeitada”.

Os signatários afirmam que o sistema política em vigor desde a revolução comunista no final dos anos 1950 já não é passível de reforma por se basear “numa filosofia que ignora a verdade sobre o que dá sentido pleno ao ser humano”. Segundo assinalam, este sistema “tem sido incapaz de evoluir”.

A carta apresenta um panorama sobre a vida cotidiana em Cuba, reflexo de uma difícil situação econômica, na qual os cubanos vivem “sob a constante ameaça de escassez, de preços praticamente proibitivos”.

Esta realidade, segundo denunciam na carta, promove a corrupção. “A quase impossibilidade de se viver sem haver o envolvimento em algo ilegal torna o mercado negro um aliado indispensável para a sobrevivência e cria um ambiente dominado por roubos, subornos e até chantagens”, lamentam, acrescentando que “a atmosfera do ‘cada um por si’, onde vale tudo, mostra uma corrupção que atravessa quase todas as camadas sociais”.

A esta situação, indicam, se soma um “controle excessivo” do Estado, que gera “a sensação de estarmos constantemente a ser espiados”. Às vezes, ressaltam, “mesmo sem qualquer culpa, uma pessoa pode sentir medo devido ao controle excessivo dos órgãos da Segurança do Estado” que entram “até mesmo na vida estritamente pessoal dos indivíduos”.

Em seguida, a carta adverte para os danos que tal situação gera no país, como a emigração, que é vista como “único meio de melhorar a qualidade de vida das pessoas”, mas provoca “a separação dos membros da família”.

Além disso, há danos inclusive morais, denuncia a carta aberta, não raro, “o anúncio de um bebê, que deveria ser motivo de esperança e de alegria, torna-se causa de incerteza e preocupação, e termina em aborto”.

Diante dessa realidade, os signatários pedem mais diálogo, o “reconhecimento da plena cidadania dos cubanos que residem no exterior”, e “a escolha da verdade”.

“Viver na verdade às vezes tem um preço elevado, mas torna-nos interiormente livres, além de qualquer coerção externa. Viver na mentira é viver acorrentado…”, afirma a carta e reconhece que “é tempo, como povo, de regressar a Deus”.

ACI Digital

B. JORDÃO DA SAXÔNIA, PRESBÍTERO DOMINICANO

B. Jordão da Saxônia, Fra Angelico 

«Recomendei-lhe a pobreza, a caridade e a humildade para que, por meio destas três virtudes, pudesse obter as verdadeiras riquezas, delícias e honras, com a ajuda daquele que é um forte suporte, Nosso Senhor Jesus Cristo» (Carta à Beata Diana de Andaluzia).
"Viva honestamente, ame, ensine": assim Jordão resumia a sua regra de vida, que, depois, se tornou Regra dos Dominicanos, na esteira do seu Fundador, que queria que seus frades "se dedicassem à oração, ao ensino e à pregação".

Vocação da pregação

Natural de Vestefália, sabe-se pouco sobre a vida de Jordão ou Jordano até quando, em 1219, conheceu São Domingos em Paris: ele o escolheu como seu confessor e começou a estudar para o Diaconato.
No ano seguinte, recebeu o hábito dominicano e, logo, se destacou pelas suas habilidades de oratória; iluminadas pelo amor da salvação das almas e pela mensagem do Evangelho, elas o colocam à vontade, tanto entre os pobres como entre os estudantes universitários.
Frei Jordão viajou muito, mesmo depois de ser nomeado provincial da Lombardia: participou de Capítulos, mas, sobretudo, levou a todos a Palavra, durante 20 anos, até perder suas forças.

A Ordem tão amada!

A firme fé e a santa vida de Frei Jordão levaram muitas almas para a sua Ordem: o número dos frades passou de trezentos para quatro mil; as casas, de trinta para trezentas.
Jordão trabalhou para publicar as primeiras Constituições Dominicanas, dando impulso às missões, à administração dos Sacramentos e tutelando o direito de sepultar os frades nas igrejas dominicanas. Esforçou-se para defender o caráter universal da Ordem e sua independência contra as interferências do clero local; graças a ele, as monjas Dominicanas também foram juridicamente inseridas na Ordem, segundo o expresso desejo do Fundador.

Na esteira de São Domingos

Frei Jacinto, o aluno favorito de São Domingos, foi escolhido como seu sucessor. De fato, ainda hoje, o Beato é o intérprete mais autêntico da espiritualidade do Fundador, especialmente dedicado à oração e à devoção a Maria. Com ele tinha também em comum a mansidão: corrigia seus irmãos com bondade, mais do que com o rigor e a disciplina; ele os ouvia, consolava, encorajava até mesmo por meio de cartas, quando não podia estar presente fisicamente. Trata-se de uma espiritualidade muito simples, composta da união com Deus e a imitação de Cristo e da aceitação das tribulações, como instrumento de purificação e meditação da Paixão de Jesus; ele nunca se descuidava da prática das virtudes cristãs e da sua doação a todos, especialmente aos amados pobres. De fato, dizia: "É melhor perder o saio religioso que a piedade".
Ao se aproximar do fim da sua vida, conseguiu até ver a trasladação dos restos mortais de São Domingos para um sepulcro digno e, no ano seguinte, também a sua Canonização pelo Papa Gregório IX.

O naufrágio em Acra

O navio em que viajava, ao voltar de uma peregrinação à Terra Santa, naufragou em Acra, atual Akron. Ao saber da notícia, os frades da comunidade local foram imediatamente socorrê-lo, mas encontraram seu corpo inundado por uma cruz de luz e o sepultaram em sua igreja. No entanto, seus restos mortais foram dispersos após a invasão dos turcos.
No dia da sua morte, a futura Santa Lugarda teve uma visão de Jordão no céu, entre os Apóstolos e os Profetas.

Vatican News

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 19/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 46

O fato de que o investigador do vôo das aves, que mencionamos, praticava a magia é atestada pelo relato quando diz que tinha o poder de fazer vaticínios na mão e de consultar através das aves e, antes disso, que havia conhecido pelo zurro da jumenta o concernente à rivalidade que tinha diante. A Escritura apresentou o zurro da jumenta como uma palavra articulada, porque ele habitualmente consultava com uma força diabólica as vozes dos animais. Mostra-nos com isto que quem está enredado com este engano dos demônios chega inclusive a tomar como uma palavra racional o ensinamento que encontra na observação dos sons dos irracionais. Ao escutá-la, compreendeu por aquelas mesmas coisas em que havia errado, que era invencível a força contra a qual o haviam alugado. Também na narração evangélica a turba de demônios chamada legião (Mc 5, 9 e Lc 8, 30), se prepara para se opor ao poder do Senhor. Porem quando se aproxima Aquele que tem o poder sobre todas as coisas, a horda proclama seu poder excelso e não oculta a verdade: que este é a força divina, e que em tempo vindouro infligirá o castigo aos pecadores. Pois diz a voz dos demônios: Sabemos quem és: o Santo de Deus, e que vieste antes do tempo a atormentar-nos (Mc 1, 24; 5, 7 e Lc 4, 34-35). Isto é o que sucedeu também então: o poder demoníaco que acompanhava o mago ensinou a Balaan que o povo era invencível e invulnerável. Harmonizando este relato com as coisas que já explicamos, dizemos que quem quer maldizer os que vivem na virtude não pode pronunciar nenhuma palavra hostil nem discordante, mas converte sua maldição em benção. Isto significa que a afronta da difamação não alcança os que vivem na virtude. Com efeito, como pode ser caluniado de avareza aquele que não possui nada? Como será reprochado de libertino aquele que vive só levando uma vida de anacoreta? De cólera aquele que é manso? De orgulho aquele que é humilde? Ou como se dirigirá qualquer outra critica àqueles que são conhecidos pelo contrário, que têm por finalidade apresentar uma vida inacessível à critica a fim de que, como diz o Apóstolo, nosso adversário se envergonhe não tendo nada que dizer (Tt 2, 8)? Por esta razão disse a voz de quem havia sido feito vir para maldizer: como maldiria àquele que não maldiz o Senhor? (Nm 23, 8), isto é, como acusarei quem não oferece matéria de acusação, já que, por olhar sempre para Deus, leva uma vida inacessível ao pecado? Apesar de haver falado isto, o inventor da maldade não cessa em absoluto seu projeto contra os que tentava, mas muda a insídia para sua forma mais antiga de tentar, tentando atrair a natureza para o mal outra vez por meio do prazer. Com efeito, o prazer é apresentado por todo vício como isca que arrasta facilmente as almas sensuais a cair no anzol da perdição. É sobre tudo por meio do prazer impuro que a natureza é arrastada para o mal sem que se controle. É o mesmo que sucede agora. Com efeito, aqueles que haviam prevalecido sobre as armas, que haviam demonstrado que todo ataque de ferro era mais débil que sua própria força, e que com seu poder haviam feito fugir o exército dos inimigos, estes foram feridos pelos dardos femininos através do prazer. E os que haviam sido mais fortes que os varões se converteram em vencidos pelas mulheres. Com efeito, logo que vieram às mulheres que punham ante eles suas próprias formas em vez de armas, imediatamente esqueceram o ímpeto de seu valor, apagando seu ardor no prazer. Eles estavam em uma situação na qual era natural deixar-se levar à união proibida com estrangeiros. Com efeito, a vizinhança com o mal já era um afastamento da ajuda do bem. Imediatamente a Divindade se levantou em cólera contra eles. Porem o zeloso Finéias não esperou que o pecado fosse purificado por uma decisão do alto, mas ele mesmo se converteu em juiz e verdugo (Nm 25, 1-9). Enchendo-se de ira contra quem se havia deixado levar pela paixão, fez as vezes de sacerdote purificando o pecado com sangue: não com o sangue de algum animal inocente, que não tivera parte na imundície da intemperança, mas com o dos que se haviam unido entre si no pecado. Sua lança deteve o movimento da justiça divina ao atravessar de um só golpe os corpos dos dois, mesclando com a morte o prazer dos pecadores. Parece-me que o relato propõe aos homens um ensinamento útil à alma. Através dele aprendemos que, sendo muitas as paixões que se opõem à razão do homem, nenhuma outra paixão tem tanto poder contra nós que possa igualar a enfermidade do prazer. Pois o fato de que aqueles israelitas, que unidos se haviam mostrado mais fortes que a cavalaria egípcia, haviam superado os amalecitas, haviam parecido temíveis ante o povo que lhes era vizinho e depois destas coisas haviam vencido a falange dos madianitas, hajam caído na escravidão da paixão quando viram as mulheres estrangeiras, mostra bem - como dissemos - que a voluptuosidade é para nós um inimigo difícil de combater e de vencer. Tendo vencido imediatamente, só com seu comparecimento, a homens impetuosos com as armas, a voluptuosidade levantou contra eles a bandeira da desonra, publicando sua infâmia à luz do sol. Pois mostrou que os homens, por sua causa, converteram em animais os que o impulso bestial e irracional à impureza convenceu a que esquecessem de sua natureza humana, a ponto de não encobrir sua impiedade, mas gloriar-se com a infâmia de sua paixão e adornar-se com a imundície da vergonha, chafurdando como porcos na lama da impureza, abertamente, à vista dos demais. Que lição tiraremos deste relato? Que sabedores de quanta força para o mal tem a enfermidade da voluptuosidade, mantenhamos nossa vida o mais afastada possível desta vizinhança, de forma que esta enfermidade, que é como um fogo que com sua proximidade acende a chama perversa, não tenha nenhum acesso a nós. Isto é o que ensina Salomão na Sabedoria ao dizer que não se deve pisar a brasa com o pé descalço e que não se deve introduzir fogo no seio (Pr 6, 27-28), pois está em nosso poder permanecer livres de paixão contanto que nos mantenhamos longe de avivar o fogo. Porem se, ao contrário, chegarmos a tocar este fogo ardente, penetrará em nosso seio o fogo da concupiscência, e então se seguirá a queimadura para o pé e a ruína para o seio.

Capítulo 47

O Senhor no Evangelho, com sua própria voz, para que nos mantivéssemos afastados deste mal, cortou o caminho, como raiz da paixão, da concupiscência que nasce do olhar, quando ensina que quem admite a paixão com a vista, abre, contra si mesmo, a porta da enfermidade (Mt 5, 28). As paixões perversas, como a peste, uma vez que tiverem dominado os pontos chaves, só cessam com a morte. Penso que não é necessário alargar o discurso apresentando ao leitor toda a vida de Moisés como exemplo de virtude. Com efeito, para quem se esforça por uma vida mais elevada, as coisas que já foram ditas servirão de não pequeno alimento para a verdadeira filo, enquanto que quem se encontra sem forças para os trabalhos da virtude não obteriam maior proveito com um escrito mais prolixo. Sem dúvida, para que não se esqueça a definição dada no começo na qual se baseava nosso discurso - que a vida perfeita é aquela à qual nenhum limite impede avançar, e que o constante progresso da vida ao melhor é para a alma o caminho para a perfeição - talvez seja bom que, levando o discurso até o final da vida de Moisés, se demonstre que a definição de perfeição que foi dada está certa. Com efeito, Moisés havendo se elevado durante toda a vida com estas ascensões, não duvidou em elevar-se sempre sobre si mesmo, de forma - penso - que sua vida perece em todas as coisas com a da águia, mais celestial e elevada que as nuvens, voando em círculos na abóbada celeste da ascensão espiritual. Nasceu quando entre os egípcios se tinha como um delito que nascesse um hebreu. Como o tirano castigasse então com a lei, ele foi superior à lei que dava morte, pois foi salvo primeiro por seus progenitores e, depois, pelos que haviam estabelecido a lei. E aqueles que haviam procurado sua morte com a lei, esses não só tomaram sobre si o cuidado de sua vida mas também o de uma educação bem planejada, conduzindo o menino através de toda a sabedoria. Depois disto, faz-se superior à honra humana e mais elevado que a dignidade régia, julgando que era mais forte e mais régio ter, em vez de servidores e da pompa real, a guarda da virtude e adornar-se com sua beleza. Depois disto, salva seu compatriota e fere com um golpe o egípcio, os quais, considerando-os à luz da interpretação espiritual, entendemos como o inimigo e o amigo da alma. Imediatamente faz do silêncio mestre de elevados ensinamentos, e desta forma ilumina seu espírito com a luz que resplandece da sarça. E então se apressa por fazer seus compatriotas partícipes dos bens que lhe foram dados por Deus. Com isto deu uma mostra dupla de sua virtude: com golpes variados e sucessivos mostrou, frente aos inimigos, sua força defensiva e, a seus compatriotas, sua força benfazeja. Conduz a pé através do mar este povo, sem haver preparado para si uma frota de navios, mas aprovisionando-os para a navegação com a fé como se fosse um navio; faz do abismo terra firme para os hebreus, e da terra firme, mar para os egípcios. Então os cantos de vitória. É guiado pela coluna de nuvem. É iluminado pelo fogo do céu. Prepara uma mesa com alimentos do alto. Sacia a sede com água da rocha. Eleva as mãos para a destruição dos amalecitas. Sobe à montanha. Entra nas trevas. Ouve a trombeta. Aproxima-se da natureza divina. Entra dentro do tabernáculo divino. Organiza o sacerdócio. Constrói a tenda. Regula a vida com leis. Leva a bom termo as últimas lutas da forma que explicamos. Para culminar suas obras retas, castigou a impureza por meio do sacerdócio: isto é o que significa a cólera que, através de Finéias, se levantou contra a paixão. Depois destas coisas, se aproxima da montanha do descanso. Não caminha da terra daqui de baixo até a que, em razão da promessa, olha todo o povo. Ele, que se esforçou por viver do alimento que mana do céu, não experimenta mais um alimento terreno, mas elevado ao alto, acima mesmo da montanha, como um hábil escultor que trabalha a estátua inteira de sua vida, ao término de seu trabalho, pôs fim, sem coroa, à obra. Que diz o relato sobre isto? Que Moisés morreu, servo do Senhor segundo a palavra de Deus, e que ninguém conheceu seu sepulcro; que seus olhos não se apagaram, nem seu rosto se corrompeu (Dt 34, 5-7). Aprendemos que, depois de haver passado por tantos trabalhos, é considerado digno deste nome sublime, a ponto de ser chamado servidor de Deus, que é o mesmo que dizer que foi superior a tudo. Com efeito, nada serviria a Deus se não houvesse chegado a ser superior a tudo o que está no mundo. Para ele, este é o final da vida virtuosa dirigida pela palavra de Deus. A história a chama morte, morte vivente, que o sepulcro não é capaz de conter, sobre a qual não se levanta um túmulo, que não leva a cegueira aos olhos, nem a corrupção ao rosto.

ECCLESIA Brasil

Quaresma 2021: Papa Francisco pede jejuar do que atravanca para abrir o coração a Deus

Imagem referencial. Procissão de quarta-feira de cinzas em 2017.
Foto: Vatican Media

Vaticano, 12 fev. 21 / 09:00 am (ACI).- O Papa Francisco pede para jejuar nesta Quaresma, libertando “a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações – verdadeiras ou falsas – e produtos de consumo” para abrir o coração a Deus.

Assim escreveu o Santo Padre na sua mensagem para a Quaresma de 2021, intitulada: “Vamos subir a Jerusalém...” (Mt 20, 18). Quaresma: tempo para renovar fé, esperança e caridade”, publicada pelo Vaticano, em 12 de fevereiro.

“A Quaresma é um tempo para acreditar, ou seja, para receber a Deus na nossa vida permitindo-Lhe ‘fazer morada’ em nós”, disse o Papa.

Nesse sentido, “jejuar significa libertar a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações – verdadeiras ou falsas – e produtos de consumo, a fim de abrirmos as portas do nosso coração Àquele que vem a nós pobre de tudo, mas ‘cheio de graça e de verdade’ (Jo 1, 14): o Filho de Deus Salvador”, advertiu.

Além disso, o Santo Padre sublinhou que “o jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n'Ele encontram plena realização”.

“O jejum, a oração e a esmola – tal como são apresentados por Jesus na sua pregação (cf. Mt 6, 1-18) – são as condições para a nossa conversão e sua expressão. O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa”, destacou o Papa.

Da mesma forma, o Santo Padre convidou a “viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid-19” e acrescentou que “neste contexto de grande incerteza quanto ao futuro, lembrando-nos da palavra que Deus dera ao seu Servo – ‘não temas, porque Eu te resgatei’ (Is 43, 1) –, ofereçamos, juntamente com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir ao outro que Deus o ama como um filho”.

Desta forma, o Papa destacou que “a caridade é dom, que dá sentido à nossa vida e graças ao qual consideramos quem se encontra na privação como membro da nossa própria família, um amigo, um irmão”.

“O pouco, se partilhado com amor, nunca acaba, mas transforma-se em reserva de vida e felicidade... O mesmo sucede com a nossa esmola, seja ela pequena ou grande, oferecida com alegria e simplicidade”, explicou.

O Santo Padre exortou também a que esta Quaresma seja “um tempo de conversão” para renovar a fé e disse que “acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo significa, antes de mais, deixar-nos alcançar pela Palavra de Deus, que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja".

Neste sentido, o Papa destacou que “esta Verdade não é uma construção do intelecto, reservada a poucas mentes seletas, superiores ou ilustres, mas é uma mensagem que recebemos e podemos compreender graças à inteligência do coração, aberto à grandeza de Deus, que nos ama ainda antes de nós próprios tomarmos consciência disso”.

“Queridos irmãos e irmãs, cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai”, indicou o Papa.

Para ler a mensagem completa do Papa Francisco, clique AQUI.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Bispo de diocese invadida por jihadistas é transferido para o Brasil

Leandro Martins, Aid to the Church in Need

Dom Luiz Fernando Lisboa também recebeu do Papa o título honorífico de arcebispo.

Bispo de diocese invadida por jihadistas em Moçambique, o brasileiro dom Luiz Fernando Lisboa será transferido de volta para o Brasil. Nesta quinta-feira, 11 de fevereiro, o Papa Francisco o nomeou arcebispo de Cachoeiro de Itapemirim, ES, diocese que estava vacante desde novembro de 2018, quando da nomeação de dom Dário Campos como arcebispo da capital estadual, Vitória.

Dom Luiz Fernando era bispo de Pemba, diocese do norte moçambicano que, desde 2017, vem sendo alvo de brutais ataques de grupos extremistas vinculados ao Estado Islâmico. Mais de 2 mil pessoas já foram mortas e cerca de 500 mil foram forçadas a se deslocar da região, particularmente na área de Cabo Delgado.

Carioca de Valença, dom Luiz Fernando havia sido nomeado bispo de Pemba em 12 de junho de 2013, vindo a receber a ordenação episcopal em 24 de agosto daquele ano. Recentemente, durante audiência no Parlamento Europeu, ele denunciou a gravíssima situação de emergência vivida em Moçambique descrevendo-a como uma tragédia humanitária.

Em agosto de 2020, o Papa Francisco telefonou pessoalmente para dom Luiz Fernando a fim de lhe expressar solidariedade e oferecer ajuda à população.

Agora, ao nomeá-lo bispo da cidade capixaba, o Papa fez questão de lhe atribuir, “ad personam“, o título de arcebispo, um gesto de distinção honorífica pessoal, muito embora Cachoeiro de Itapemirim não seja uma arquidiocese.

Bispo de diocese invadida por jihadistas é transferido para o Brasil

Dom Luiz Fernando Lisboa tinha sido enviado a Moçambique ainda em 2001, como missionário. Em Pemba, foi vigário paroquial, pároco e formador de seminaristas antes de regressar em 2010 ao Brasil. Três anos depois, já retornava ao país africano de idioma português como bispo da mesma diocese em que havia atuado como sacerdote missionário.

O bispo brasileiro nasceu em 23 de dezembro de 1955. Formado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1977-1980) e em Teologia pelo Instituto Teológico São Paulo-ITESP (1980-1984), ele também tem especialização em Missiologia e Liturgia pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo.

Religioso professo da congregação dos passionistas desde 1977, ele foi ordenado sacerdote em 10 de dezembro de 1983.

Aleteia

China cria “Big Brother” para controlar religião e religiosos

Guadium Press
Um banco de dados será criado com todas as informações sobre o pessoal religioso, incluindo recompensas, punições recebidas e outras informações.

Redação (11/02/2021, 12:30, Gaudium Press) Na China, os direitos à confidencialidade, à proteção dos dados pessoais, são praticamente desconhecidos.

E agora, esses direitos serão ainda mais desrespeitados, sobretudo no que se refere à religião, à fé e às crenças.

Lançada pela Administração Estatal de Assuntos Religiosos (SARA), o governo comunista chinês criou um banco de dados que conterá todas as informações sobre as religiões e o pessoal religioso no território da China.

Será algo como se fosse um “Big Brother das religiões”: ele vai registrar, entre outros temas, as “recompensas”, as “punições” recebidas (certamente do poder público), incluindo “a revogação” de seu ministério, bem como “outras informações”.

Além disso, tudo deverá ser atualizado “em tempo hábil”.

“Medidas administrativas para os religiosos”: eufemismo que esconde um total controle da religiosidade dos chineses  

Este banco de dados é um dos elementos do documento “Medidas administrativas para os religiosos”, divulgado na terça-feira, e que mostra como o Estado assume o controle total sobre as manifestações religiosas e sobre as crenças no gigante país asiático.

O documento estipula o registo do pessoal religioso, as suas características e tipo de trabalho, os “direitos”, mas sobretudo enumera os “deveres” aos quais está vinculado todo o pessoal religioso.
Essas disposições entram em vigor em 1º de maio.

Primeiro a China e seu partido comunista, depois o resto…

Antes de tudo, acima de todos está a pátria chinesa. E a pátria tal como foi concebida pelos líderes e ideólogos ateus da China comunista:

O pessoal religioso deve comprometer-se a “amar a pátria, apoiar a liderança do Partido Comunista Chinês, apoiar o sistema socialista, respeitar a Constituição, as leis, regulamentos e normas, praticar os valores fundamentais do socialismo, aderir ao princípio da independência e de autogestão da religião e aderir à política religiosa da China, mantendo a unidade nacional, a unidade étnica, a harmonía religiosa e a estabilidad social” (art.3).

Entre as obrigações do pessoal religioso estão: “resistir [neutralizar] atividades religiosas ilegais e extremismo religioso e resistir à infiltração de forças estrangeiras que usam a religião”. Este último ponto corroeria a comunhão do clero chinês com o chefe da Igreja.

Os bispos católicos, embora “aprovados e ordenados” pelo Conselho dos Bispos Chineses, só podem exercer o seu ministério quando registados na SARA.

Religiões são tratadas como instituições do Estado e os religiosos como se fossem funcionários públicos

Em declarações à Asia News, um sacerdote observou:

“As religiões continuam a ser tratadas como instituições do Estado e os compromissos dos trabalhadores religiosos como funcionários públicos. Tanto que seu trabalho deve ser regulamentado, controlado e registrado como obra civil. O registro é feito por meio de organizações religiosas, mas nas repartições civis responsáveis. E isso é especialmente doloroso para os bispos ”.

(Com informações Asia News)

https://gaudiumpress.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF