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domingo, 14 de fevereiro de 2021

Sacerdote oferece 8 chaves para ser obediente como São José na vida cotidiana

Imagem de São José localizada na Igreja de São Pancrácio em
Griesheim-sur-Souffel (França). Crédito: Wikimedia Commons /
Ralph Hamman (CC BY-SA 4.0)

, 14 fev. 21 / 07:00 am (ACI).- Por ocasião do Ano de São José convocado pelo Papa Francisco, Pe. Ronal Pulido Martínez, professor e formador do Seminário Inter-Missionário de São Luís Beltrão (Colômbia) e evangelizador em dois canais do YouTube, explicou como foi a obediência de São José e ofereceu conselhos sobre como imitar essa virtude na vida cotidiana.

Pe. Pulido baseou a sua reflexão no terceiro ponto da Carta Apostólica Patris corde (Coração do Pai), intitulada “Pai na obediência”.

O Papa Francisco escreveu a Patris corde pelos 150 anos da declaração de São José como o padroeiro da Igreja universal, e também convocou o Ano de São José de 8 de dezembro de 2020 a 8 de dezembro de 2021.

As oito chaves para ser obediente como São José são:

1. Exercitar a escuta da nossa consciência

Pe. Pulido disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que assim como “fez com a Santíssima Virgem Maria e com São José”, a todos “em seu momento Deus revela qual é a sua vontade”, e explicou que a forma como a comunica é através da consciência que nos deu. Porém, às vezes, as pessoas “fecham os olhos” e “acham difícil aceitar e acolher a vontade de Deus”.

“Deus nos fala por meio da nossa consciência todos os dias, mas se não fizermos esse exercício de escutá-la, nossa consciência passa despercebida e perdemos a oportunidade de escutar a vontade de Deus e poder obedecê-la”, afirmou e explicou como exercitar a consciência.

A primeira coisa a fazer é se interessar em saber o que é a consciência: “É o Sacrário onde Deus fala ao homem”, disse.

Depois, devemos receber catequese e fazer oração, porque “quando fazemos silêncio e meditamos, começamos a escutar a consciência. Quando começamos a rezar, fechamos a porta do barulho do mundo e nos abrimos a este lugar íntimo onde” Deus fala ao coração. Finalmente, é preciso seguir a “sugestão do Espírito Santo dentro de nós”, acrescentou.

2. Reconhecer que Deus nos revela a sua vontade na simplicidade

Pe. Pulido disse que é importante ter uma maior “atitude de fé” para aprender a ouvir e ver Deus nas coisas simples da vida como São José o fez. Explicou que embora o santo "pudesse ter exigido algo mais contundente para acreditar", como a aparição de um anjo como ocorreu com a Virgem Maria ou a aparição majestosa de Deus no Monte Sinai, ele acreditou em algo "simples e comum" como são os sonhos.

Explicou que "uma maneira muito natural de Deus se revelar aos israelitas" era por meio dos sonhos, embora hoje isso "não seja mais comum". O livro do Eclesiástico diz: “Tenham cuidado com os sonhos, porque muitos se perderam, mas sejam atentos porque alguns sonhos podem vir de Deus”, disse.

“Deus nos fala nas coisas simples ou comuns, não temos que esperar que aconteça algo grande”. Por exemplo, Deus nos fala em “um conselho que um amigo nos faz, um plano que eu tinha e que não deu certo; ou seja, coisas simples que parecem acidentes, mas não são”, disse.

“Parecia um acidente que quando Jesus ia nascer [José e Maria] tiveram que fazer esta viagem tão simples por causa de um censo", mas isso era parte fundamental do plano de Deus, disse. Animou a "ter mais fé" para poder reconhecer a sua vontade nos acontecimentos diários e saber “discernir” o que vem de Deus; ou seja, eleger o que não vai contra os meus valores ou de Deus.

3. Ser prontos e disponíveis para obedecer

“O Papa Francisco nos ensina como São José em quatro momentos concretos escuta a vontade de Deus por meio dos sonhos. No primeiro sonho Deus revela-lhe que não deve ter medo de tomar Maria por esposa, porque o Menino que carrega no ventre é obra do Espírito Santo”, disse.

“Depois, em outro sonho, Deus também o orienta a fugir para o Egito para que possam se livrar do perigo de morte para o Menino”, disse. Em seguida, diz a José que é hora de voltar a Nazaré e orienta-o para que volte "porque lá estarão mais seguros".

Nesse sentido, assegurou que “São José nos convida à prontidão. Nos quatro momentos, São José foi disponível para obedecer à vontade de Deus. Devemos ser como São José, prontos para a vontade de Deus e saber escutar essa vontade de Deus nas coisas simples da vida”.

4. Recordar que, obedecendo, deixamos Jesus crescer

Pe. Pulido recordou também que São José é um “grande exemplo de obediência para todos nós, cristãos, pela sua disponibilidade para obedecer à sua missão de pai adoptivo de Jesus”. Como propõe o Papa Francisco, São José é um pai exemplar "sendo pronto na obediência”, acrescentou.

“Todos nós somos chamados a imitar essas virtudes de São José, porque também fomos chamados a ser pais de Jesus. Cada vez que celebramos o Natal, Jesus se dá a nós, nasce em nossas casas, em nossos corações, mas não nasce grande” e “esse é o mistério do Deus Menino que entra em nossas vidas”, disse.

Nesse sentido, “a missão de todo cristão é cuidar e fazer crescer esse Menino. Como diz São João Batista: ‘Convém que Ele cresça e eu diminua’. Com essa virtude da obediência garantimos que Jesus, esse tesouro que carregamos em vasos de barro, estará seguro”.

5. Ser íntegros: obedecer a Deus e às leis civis

Pe. Pulido assinalou que “a obediência de São José é uma obediência íntegra, porque abrange a totalidade da existência: não só busca ser obediente a Deus, mas também obedece às autoridades civis”.

Explicou que “São José acolhe o censo que foi decretado para toda a região” e que “ao obedecer às autoridades civis, São José também faz a vontade de Deus, inclusive faz com que as profecias se cumpram”, como o nascimento de Jesus em Belém ou o retorno a Nazaré.

“São José nos oferece um exemplo de que a obediência deve ser integral em todos os aspectos da minha vida, não apenas nos aspectos da fé, mas em todos os aspectos civis, inclusive na amizade da vida cotidiana, pois a obediência deve estar tão profundamente enraizada no nosso coração que nos seja fácil obedecer a tudo o que nos é proposto na nossa vida cotidiana”.

“O plano de salvação está focado na obediência”, disse. "Uma definição simples de santidade é obedecer à vontade de Deus". Obediência é a rainha dentro das virtudes "que Deus quer dos cristãos", disse, e recomendou a leitura da vida dos santos que cultivam a obediência.

6. Recordar que ao obedecer somos precursores da fé

Pe. Pulido disse à ACI Prensa que “São José é proposto pelo Papa Francisco como aquele que educou Jesus na obediência”.

Por exemplo, disse que “podemos chegar a ouvir dos lábios de Jesus no Horto do Getsêmani: 'Pai, não se faça a minha vontade, mas a tua', porque Jesus aprendeu com seu Pai São José a obedecer. Ouvimos dos lábios de Jesus palavras como: ‘Meu alimento é fazer a vontade do Pai’; ou seja, obedecer. Aprendeu tudo isso em casa, também o aprendeu da Virgem”.

“Portanto, quando somos obedientes, não estamos apenas agradando a Deus, mas estamos educando aqueles que virão depois de nós. Somos precursores da fé para os nossos filhos e para os nossos amigos quando somos pessoas obedientes”, destacou.

7. Recordar sempre que ao obedecer voltamos ao Paraíso

Pe. Pulido disse que é importante e pode nos ajudar muito a desenvolver a virtude da obediência “recordar constantemente que quando obedecemos voltamos ao paraíso”.

Fomos expulsos do Paraíso "porque nossos primeiros pais desobedeceram", "mas quando um filho de Deus obedece, então voltamos ao Paraíso, estamos retornando a esse estado original em que Deus nos criou", disse.

Explicou que “os santos usaram frases curtas que deram força à sua vida. Às vezes uma jaculatória, às vezes um pensamento simples” que repetimos constantemente. Por exemplo, lembrou que quando São Paulo Miki e os mártires do Japão estavam morrendo, repetiam a jaculatória: "Jesus, Maria".

Para o Pe. Pulido, recordar que ao obedecer vamos ao paraíso “seria um pensamento simples para alimentar todos os dias e que nos ajudaria muito a obedecer”. Do mesmo modo, afirmou que qualquer pessoa também pode criar uma oração e sugeriu o seguinte: "Pai, faz-me obediente como o teu Filho."

8. Como desenvolver a virtude da obediência na família?

Por fim, Pe. Pulido recomendou duas chaves concretas às famílias para que possam desenvolver a virtude da obediência a partir dos papéis de esposos e filhos.

Quando Deus, através do anjo, diz a José: "Toma-a por esposa, porque [o Filho que carrega no ventre] é obra do Espírito Santo", São José "movido pelo amor que tem por sua esposa obedece a Deus imediatamente”, disse. O amor o move a não a denunciar ou repudiar, "apesar de tudo indicar que Maria o enganou", acrescentou.

Da mesma forma, “o amor forte do casal leva a obedecer facilmente a Deus e ao outro”, disse. “A relação de casal implica obedecer ao outro. Em muitos casos, trata-se do conselho ou sugestão que a esposa faz ao marido. Então, o que vai fazer os maridos obedecerem a Deus e viverem a obediência em casa? Que o amor seja forte”.

“Gostaria de convidar os casais a fortalecerem o amor para que obedecer seja muito fácil. Obedecemos facilmente a quem amamos muito, mas é difícil para nós obedecer a uma pessoa por quem não temos muito afeto. Portanto, cultivar o amor conjugal tornaria muito mais fácil obedecer”, disse ele.

No caso dos filhos, Pe. Pulido disse que é comum que lhes custe muito obedecer, por isso, disse que “o convite que São José nos faz é ser prontos. Às vezes, pensamos muito para obedecer e pensar e esperar muito dificulta a obediência. Como quem tem que se lançar na piscina para aprender a nadar, se você pensar muito nisso vai acabar se enchendo de medo e não conseguir”.

“Então, eu acho que para os filhos a prontidão ao obedecer é a chave. Os pais sabem bem o que estão pedindo e quando somos mais prontos e decididos a obedecer, vai ser mais fácil para nós (desenvolver esta virtude) que quando damos muitos rodeios e voltas para obedecer”, concluiu.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

SS. CIRILO, MONGE E METÓDIO, BISPO - PADROEIROS DA EUROPA

SS. Cirilo e Metódio, Dimitar Kondovski  (© Vatican News)

Uma vida constantemente em viagem, muito cansativa, entre as aventuras e os perigos de dois homens unidos pelo vínculo de sangue, da fé cristã, do destino de dever traçar um caminho novo onde a tradição já havia pavimentado uma estrada larga e movimentada. Tem disto e muito mais por trás da auréola e a pose hierática com os quais são retratados talvez os mais célebres irmãos Santos da catolicidade, Cirilo e Metódio.

O administrador e o erudito

Apenas dois anos separam os nascimentos. O maior é Metódio (que na realidade se chamava Miguel) e nasce em 825 em Tessalonica, onde em 827 vem à Luz Cirilo (no século, Constantino). A história os vê inicialmente divididos. O primeiro se distingue logo como um hábil administrador e recebe o cargo de arconte de uma província do Império bizantino.

O segundo recebe uma educação refinada em Constantinopla - gramática, retórica, astronomia e música – o que deveria fazer dele um alto dignatário imperial. Mas quando chega o tempo, Cirilo tem uma ideia diferente e recusa.

O novo alfabeto da Bíblia

Por volta dos 35 anos, o Imperador Miguel III pensa em Cirilo quando os Czares do Mar de Azov pedem o envio de um letrado que saiba discutir com Judeus e sarracenos. É aqui que os dois irmãos se reúnem, iniciando a primeira de inúmeras missões juntos.

Dois anos mais tarde, em 863, é a vez da Grande Morávia. O objetivo da missão é a de opor-se à influência germânica com dois missionários que soubessem o eslavo.

Mas Cirilo e Metódio vão além. Provavelmente percebendo as dificuldades de comunicar as Escrituras nas línguas oficiais, o latim e o grego, os dois irmãos criam um novo alfabeto, o “glagolítico”, universalmente conhecido como “cirílico”: 40 caracteres derivados na maior parte de grafemas de cursiva medieval do alfabeto grego.

Evangelho do leste

A obra deles é tão extraordinária que o Papa, chamando-os a Roma, recebe Cirilo e Metódio indo ao encontro deles em procissão.

Os grandes esforços aos quais se submeteram, debilitam a saúde do mais jovem. Em 14 de fevereiro de 869 Cirilo, que se tornou monge, morre após uma doença.

Metódio é consagrado bispo e continua a missão de sempre, superando hostilidades e incompreensões, e instruindo discípulos na tradução dos textos sagrados.

Vatican News

S. VALENTIM, MÁRTIR, NA VIA FLAMINIA

S. Valentim, Basílica de Santa Prassede em Roma  (© Vatican News)

Qual São Valentim?

No Martirológio Romano, no dia 14 de fevereiro, encontramos, não apenas um, mas dois Valentim. Sobre o primeiro, lê-se: “No dia 14 de fevereiro, na Via Flaminia, em Roma, nasceu São Valentim, presbítero e mártir; após ter realizado várias curas, o insigne da cultura foi assassinado e degolado sob o império de Cláudio Cesar”. Sobre o segundo, afirma-se: “No dia 14 de fevereiro, em Terni, o ditoso São Valentim, após ter sido longamente flagelado, foi preso; não podendo vencer a sua resistência, no meio da noite, foi secretamente arrastado para fora da prisão e degolado pelo Prefeito de Roma, Plácido”.

Presbítero romano

Os acontecimentos do presbítero romano desenvolveram-se por volta do ano 270 depois de Cristo, enquanto se tornava violenta a perseguição do imperador Cláudio o Gótico; este, sabendo da fama de santidade que acompanhava Valentim, mandou trazê-lo ao Palácio e lhe perguntou se era seu simpatizante e se adorava os deuses. Mas, com coragem e firmeza, Valentim afirmou que o culto aos deuses era inútil e somente Cristo havia trazido a esperança de um mundo melhor. O imperador, impressionado pelo ardor do prisioneiro, confiou-o a um nobre romano, chamado Astério, pedindo-lhe para dissuadi-lo com “lisonjeiros discursos”.

Astério tinha uma filha cega, desde a idade de dois anos. Valentim concentrou-se em oração e a jovem recobrou a visão. Diante do milagre, Astério converteu-se ao cristianismo com toda a sua família. Ao saber da sua conversão, Cláudio condenou Valentim à decapitação, que teve lugar na segunda milha da Via Flaminia, onde foi sepultado e onde surgiu uma igreja a ele dedicada.

Bispo de Terni

O episódio do Bispo de Terni, ao invés, aconteceu cerca de setenta anos mais tarde: Valentim foi convidado a ir a Roma pelo reitor e filósofo Cratão, mestre de língua grega e latina. Ele tinha um filho, chamado Queremão, que sofria de uma deformação física, que o obrigava a manter a cabeça entre os joelhos, que nenhum médico conseguia curá-lo. Cratão prometeu a Valentim a metade de seus bens se curasse seu filho. Mas, em uma longa conversa noturna, Valentim explicou-lhe que não seriam as suas inúteis riquezas que curariam o rapaz, mas a fé no único e verdadeiro Deus. Então, concentrou-se em oração e o rapaz recobrou a saúde. Diante do milagre, Cratão e toda a sua família se deixaram batizar pelo Bispo, junto com outros três estudantes gregos: Próculo, Éfebo e Apolônio. Com eles, abraçou o cristianismo também Abôndio, outro estudante, filho do Prefeito de Roma, Furioso Plácido, que teve esta incumbência nos anos 346-347: teria sido esta a data histórica atribuída ao martírio de Valentim. O Prefeito, abalado pela conversão do filho, mandou prender Valentim e decapitá-lo na segunda milha da Via Flaminia. Ele o fez às ocultas, durante a noite, para evitar a reação do já numeroso grupo cristão da cidade. Após uma primeira e breve sepultura no lugar do martírio, Próculo, Éfebo e Apolônio transportaram o corpo do mártir a Terni e o sepultaram um pouco fora da cidade. No entanto, em Terni, ao saber do ocorrido, o cônsul Lucêncio mandou prender os três estudantes e, durante a noite, por medo que a população os soltasse, mandou decapitá-los. Entretanto, a população, a pedido de Abôndio, enterrou os novos mártires na mesma sepultura de Valentim.

Padroeiro dos namorados

Muitas analogias, inclusive o lugar do suplício e do sepultamento, acomunam os acontecimentos do Valentim de Roma com o Valentim de Terni, para evitar a suspeita de ser um único mártir: em ambos os casos, fala-se de um corajoso testemunho de fé e cura milagrosa, que provocaram conversões, e de um martírio por decapitação na segunda milha da Via Flaminia.

Certamente, deve-se aos Beneditinos, que na Idade Média eram custódios da basílica de Terni, a difusão do culto de São Valentim em seus mosteiros, na França e Inglaterra, onde começou a ser chamado Padroeiro dos Namorados. Esta origem funda-se em um antigo escrito do inglês Geoffrey Chaucer, que narra: “No Dia de São Valentim, os passarinhos começaram a dançar em ritmo de amor”.

Em meados do mês de fevereiro, na Europa, a natureza começa a despertar-se do letargo invernal. Por isso, São Valentim tornou-se o santo que anunciava a primavera iminente. Não é por mera casualidade, que, às vezes, ele é representado com o sol na mão.

Vatican News

sábado, 13 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 20/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 48

Que aprendemos com estas palavras? A ter um só fim durante a vida: ser chamados servidores de Deus por nossas ações. Assim pois, quando tiveres vencido todos os inimigos, - o egípcio, o amalecita, o idumeu, o madianita -, quando tiveres atravessado o mar, quando tiveres sido iluminado pela nuvem, quando estiveres adoçado pelo lenho, quando tiveres bebido da rocha, quando tiveres provado o alimento do manjar celestial, e pela pureza e inocência tiveres aberto um caminho para a subida da montanha; quando, uma vez chegado ali, tiveres sido instruído no mistério divino pelo som das trombetas, e nas trevas que impedem ver te tiveres aproximado de Deus por meio da fé e ali se te hajam dado a conhecer os mistérios da tenda e da dignidade do sacerdócio; Quando te tenhas convertido em escultor de teu próprio coração a ponto de fazer gravar nele pelo mesmo Deus os oráculos divinos; quando tiveres destruído o ídolo de ouro, isto é, quando tiveres feito desaparecer de tua vida a paixão da ambição; quando te hajas elevado de forma que apareças invencível à feitiçaria de Balaam, - ao ouvir falar de feitiçaria entendas o variado engano desta vida, através da qual os homens, como se houvessem bebido de alguma taça de Circe, extraviando-se da própria natureza, tomam as formas de animais irracionais-, quando tiveres passado por tudo isto, e tiveres floreado em ti o ramo do sacerdócio sem que hajas tomado nenhuma umidade da terra para germinar, mas por ter dentro de si o poder de dar fruto, o fruto da amêndoa, cujo primeiro contato é áspero e desagradável, porem cujo interior é doce e comestível; quando tiveres elevado até a aniquilação, - sepultado sob a terra como Datan ou consumido pelo fogo como Coré-, tudo aquilo que se opõe a tua dignidade, então te haverás aproximado do fim. Entendo por fim aquilo por cuja causa se faz tudo, como o fim da agricultura é o gozo dos frutos, o fim da construção de uma casa é habitá-la, o fim do comércio é enriquecer-se e o de todos os esforços desportivos é a coroa de vencedor. O fim da vida superior é ser chamado servidor de Deus, e, junto com isto, o não estar sepultado sob um sepulcro, isto é, o levar uma vida despida e livre de cargas malvadas. O relato oferece outro traço deste serviço: seus olhos não se apagaram e não se corrompeu seu rosto (Dt 34, 7). O olho que sempre havia permanecido aberto à luz, como poderia ser obscurecido pelas trevas às quais era estranho? Quem houver conservado durante toda sua vida a incorrupção não experimenta em si mesmo nenhuma corrupção. De fato, aquele que chegou a ser verdadeiramente imagem de Deus e não se afastou o mínimo do projeto divino, chega a si os traços e concorda totalmente na semelhança com o arquétipo, pois tem embelezada a própria alma com a incorrupção, a imutabilidade e a ausência de qualquer mistura com o mal.

Conclusão

Nosso breve discurso te ofereceu, homem de Deus, estas coisas sobre a perfeição da vida virtuosa, apresentando-te a vida do grande Moisés como modelo evidente de bondade, para que cada um de nós, imitando suas ações, copie em si mesmo os traços da beleza que nos foi mostrada. E de que Moisés tenha conseguido realizar a perfeição que é possível, que testemunho mais digno de fé poderíamos encontrar senão a palavra divina, quando diz: Eu te conheço pelo teu nome e tu achaste graça diante de mim (Ex 33, 12 e 17)? Também o fato de que seja chamado amigo de Deus pelo próprio Deus (Ex 33, 11), e o fato de que tendo escolhido perecer junto com os demais se Deus não se aplacasse com benevolência daquilo que o havia ofendido, Deus deteve sua ira contra os israelitas ao modificar seu próprio juizo para não entristecer o amigo (Ex 32, 7-14). Todos estes testemunhos são uma clara demonstração de que a vida de Moisés alcançou o limite mais elevado da perfeição. Posto que investigávamos qual é a perfeição da vida virtuosa e, pelo que já dissemos, descobrimos esta perfeição, é hora, nobre homem, de que olhes para o modelo e, aplicando a tua vida quanto temos contemplado nos acontecimentos históricos com interpretação espiritual te faças ser conhecido de Deus (Ex 33, 12 e 17) e assim te convertas em seu amigo. A perfeição consiste verdadeiramente nisto: em afastar-se da vida de pecado não por temor servil do castigo, e em fazer o bem não pela esperança do prêmio, negociando com a vida virtuosa com disposição e ânimo interessado e mercantilista, mas consiste em que, olhando mais alem de todos os bens que nos estão preparados em esperança segundo a promessa, não tenhamos como temível mais que ser repudiados da amizade de Deus, e não julguemos respeitável e amável para nós senão o chegar a ser amigos de Deus. Isto é, em minha opinião, a perfeição da vida. Encontrarás isto quando tua mente se elevar às coisas mais altas e divinas, sei bem que encontrarás muitas. Isto servirá claramente de proveito para todos.

ECCLESIA Brasil

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A DOUTRINA CRISTÃ

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PARA A DOUTRINA CRISTÃ A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA (a questão da alma imortal).


“Aquilo que o corpo principal da filosofia apenas supôs, os discípulos de Cristo aprenderam e proclamaram “(Clem. Prot. 11.112.2).

A importância da filosofia para a doutrina de Clemente não deve ser procurada principalmente em suas declarações complementares sobre as pessoas ou até mesmo acerca das ideias dos filósofos, em especial Sócrates e Platão, mas, antes, na influência do médio platonismo em seu pensamento acerca de doutrinas cristãs cruciais, como a natureza do homem e da pessoa de Cristo (Clem. Str. 4.22, 144.2). Ele retratou o homem como um ser dual, como o centauro da mitologia clássica, composto de corpo e alma (Clem. Str. 4.3.9.4). Esta era a tarefa da vida inteira do “filósofo” cristão “gnóstico”: cultivar a libertação da alma das cadeias do corpo, em preparação para a libertação da alma das cadeias do corpo, em preparação para a libertação suprema, a morte (Clem. Str. 4.3.12.5). Esta concepção apareceu até mesmo nas declarações mais profundas de Clemente da doutrina cristã do homem como criatura e pecador e se refletiram em suas acomodações à doutrina platônica da pré-existência da alma. Uma ambivalência semelhante estava evidente em sua cristologia. Ele afirmou reiteradamente a historicidade da encarnação e a realidade da carne de Jesus (Clem. Prot.2.3.2); mas, por sua definição do que se constituída a verdadeira humanidade ter sido desenvolvida sob os obstáculos que foi descrito, suas declarações cristológicas, soam como docéticas. Parece evidente que Clemente não era de fato um docetista, mas ele obscureceu a distinção entre o Logos e a alma de uma maneira que podia levar nessa direção. Não a história da vida, morte e da ressurreição de Jesus Cristo, mas o Logos divino que apareceu nessa história era o tema da cristologia de Clemente. Ele parece falar com mais facilidade sobre o modo de existência peculiar ao senhor ressurreto que acerca do modo manifesto em seus sofrimentos. Um motivo para isso está no conceito de Clemente da própria ressurreição, quer de Cristo quer dos cristãos. A percepção médio platônica da alma imortal, às vezes, parecia a Clemente se igualar à mesa, a despeito de outras indicações de que ele não considerava que a alma fosse naturalmente imortal. Isso não era uma simples helenização do evangelho, conforme deixam claro suas polêmicas contra o gnosticismo por essa helenização; mas foi menos uma vitória da doutrina cristã sobre o pensamento grego do que pareceu ser.


O QUE ATENAS TEM QUE VER COM JERUSALÉM? (Tertuliano. Presc.7.9).


O fechamento da academia ateniense foi mais o ato de um médico legista que de um algoz. O estabelecimento da universidade imperial de Constantinopla, por Teodósio II ou talvez pelo próprio Constantino, já tinha transferido o centro de aprendizado grego de Atenas para a nova capital do mundo helênico e, assim, a escola pagã de Atenas “já tinha sobrevivido aos seus propósitos” e “não era mais de grande importância no império cristão” (Vasiliev 1958, 1:187). Os professores pagãos emigraram de Atenas para a pérsia, mas, no fim, voltaram para o império tendo conseguido a promessa de Justiniano de salvo conduto. A seguir os professores de filosofia passaram a ser considerados tanto indesejáveis quanto inofensivos. A partir daí concluíram que a teologia tinha eliminado a filosofia da atenção dos homens ponderados: A filosofia é uma área de estudo que brotou da teologia. Ela se torna sua subordinada e sua rival. Ela postulava doutrinas, em vez de investigá-las. Tinha de encontrar a racionalidade ou encontrar motivos para essas doutrinas. E durante eras mais tarde a filosofia esteve morta”.


É verdade que o estudo formal da filosofia grega diminuiu com o surgimento da autoridade da teologia cristã ortodoxa(católica). Dos escritos de Aristóteles poucos foram traduzidos para o Latin. Boécio, o tradutor dessas obras, pretendia traduzir todas as obras de Aristóteles e Platão para o Latin, sua intenção era “demonstrar que eles não discordam em tudo conforme muitos sustentam, mas estão na maior harmonia possível em muitas coisas que pertencem à filosofia” (Boec. Herm. Sec. Pr). Mas os dois tratados lógicos foi tudo o que ele completou, ou preservado, aparentemente, foi tudo que os cristãos ocidentais conheciam sobre Aristóteles. Foi como teólogos que eles estudaram Aristóteles.


Boécio, cuja tradução de Aristóteles limita o fim do pensamento clássico tanto quanto o fechamento quase contemporâneo da escola de Atenas, também foi o autor de um livro que qualifica seriamente qualquer interpretação do triunfo da teologia. Seu livro consolation of philosophy [consolo da filosofia], “a mais nobre obra literária do final do período da antiguidade” (Norden, 1898, 2:585) desempenhou um papel único na história da literatura e devoção medievais. Os manuscritos da obra estão amplamente distribuídos nas bibliotecas da Europa; ele foi traduzido pelo rei Alfred, por Chaucer e talvez a rainha Elizabeth I; e forneceu conforto para Dante Alighieri em seu luto pela morte de Beatrice. Boécio, vegetando na prisão por traição e presumivelmente por sua fidelidade ao trinitarismo ortodoxo(católico), desacatando um imperador Ariano, voltou-se para um antigo gênero de literatura clássica, o discurso consolador ou consolatio (compaixão), adaptado por Ciro a partir do modelo grego. Boécio parece ter sido o primeiro teólogo cristão a usar o consolatio, mas o resultado foi uma forma de consolação que retrata a operação do divino nos assuntos dos homens sem qualquer referência inequívoca à doutrina cristã de Deus, quer ariana quer nicena. O tema básico do livro era uma defesa do livre arbítrio e da bondade da providência divina, sob cuja soberania o destino tem permissão de funcionar. Boécio, em um diálogo com a filosofia personificada, expõe sua doutrina de Deus como “o constante supervisor com conhecimento prévio, cuja percepção se move em harmonia com a futura natureza de nossos atos enquanto distribui recompensa para o bom e punição para o mau” (Boec.cons.5.6.45)

Apologistas da Fé Católica

Diversão no carnaval

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Pe. Françoá Costa

Divertir-se é muito bom. Quem não gosta? A diversão revigora as nossas forças e quando é realizada em companhia dos demais nos torna mais generosos e mais sociáveis. Aproximam-se dias maravilhosos para a diversão, os do carnaval. O ócio também é educativo quando bem vivido. Já Santo Tomás de Aquino, e antes dele Aristóteles, falava da virtude que põe o justo meio entre a relaxação no lúdico e a seriedade excessiva, trata-se da virtude da eutrapelia. A “pessoa eutrapélica” é a pessoa bem orientada nas diversões, com boa agilidade e que conserva a elegância do espírito também nos momentos lúdicos. Os santos são exemplos de pessoas eutrapélicas. S. Felipe Neri e S. João Bosco são conhecidos, entre outras coisas, pelo bom humor; S. Josemaría Escrivá costumava dizer que em 1928, quando fundou o Opus Dei, tinha “somente vinte e seis anos, graça de Deus e bom humor”; de S. Tomás Moro parece que se populariza cada vez mais a sua oração para pedir o bom humor; também São João Paulo II é muito conhecido pela sua alegria, bom humor e jovialidade. A santidade sempre é alegre e divertida, tem rosto amável e por isso atrai.

A eutrapelia é uma virtude que se enquadra dentro da virtude da modéstia, que por sua vez é parte da virtude da temperança. Diz Santo Tomás que a virtude, essa força habitual para realizar um bem determinado, tem a ver com duas realidades: em primeiro lugar diz relação aos vícios contrários que exclui e as concupiscências que refreia; em segundo lugar, diz relação ao fim que pretende alcançar. E, no que diz respeito aos vícios e as concupiscências, a virtude – continua S. Tomás – é mais necessária aos jovens dado que nesse período encontra-se neles a concupiscência deleitável devido ao fervor da idade, ao fogo da paixão (cfr. S. Th. II-II, q. 149, a.4c).

A pessoa humana não aguenta trabalhar o tempo todo e nunca descansar. É necessário que de tempos em tempos descansemos. Se esticarmos uma corda e a deixarmos tensa durante muito tempo, não aguentará, se partirá. Não podemos viver numa tensão permanente; se assim fosse, nos quebraríamos. É muito importante que nos entreguemos às diversões, aos jogos e às festas, nas quais se busca o prazer que nos faz descansar. Logicamente, essas diversões, jogos e festas, deverão ser conforme a reta razão, pois devemos ser virtuosos aos divertir-nos, com autêntica eutrapelia.

Atuar com excesso nas diversões mostra que o apetite do que se diverte é desordenado, fora da ordem da razão. São Paulo adverte: “nada de obscenidades, de conversas tolas ou levianas, porque tais coisas não convêm; em vez disto, ações de graças. Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento – verdadeiros idólatras! – terá herança no reino de Cristo e de Deus” (Ef 5,4-5) . “Scurrilitas”, em latim, e “eutrapelia”, em grego, são as palavras originais que em português são traduzidas por “conversas levianas”. Não obstante, essa eutrapelia da qual fala S. Paulo não é a eutrapelia da qual falávamos acima, mas das “conversas levianas”, isto é, na linha do excesso do espírito lúdico. Se não há excesso, se o jocoso é usado para relaxar um pouco das tensões do cotidiano, se a diversão não é tomada como um fim em si mesmo e se são diversões que não ofendem a Deus, não só é lícito entregar-nos aos prazeres das diversões, mas é também muito aconselhável.

No entanto, brincar o carnaval com sentido cristão e, por tanto, também humano, não é fácil. É possível se há organização: em família e com amigos responsáveis. Nesse sentido, alguns movimentos da Igreja Católica, máxime a Renovação Carismática, tem o costume de organizar eventos de oração e de encontro durante esses dias. Trata-se de uma iniciativa assaz louvável. Cada família, cada grupo ou associação poderia, com criatividade, encontrar maneiras de divertir-se à beça, fraternalmente e aproveitando o tempo para viver essa dimensão tão humana e tão cristã, a alegria. Logicamente, não é necessário que seja um encontro de oração. Poderia ser também. O importante é aproveitar para que tenhamos momentos alegres com os outros através de encontros amigáveis, educados e respeitosos dos bons costumes. Também é importante que haja um bom almoço e – por que não? – um futebolzinho ou algo semelhante.

Há poucos dias, estive conversando com um amigo sobre um tema típico de ciência-ficção: o que aconteceria se, por pouquíssimo tempo, a gravidade dos corpos deixasse de existir em toda a terra? Parece-me que acabamos por concluir, não de uma maneira científica, mas intuitivamente, de que seria o caos.

Se os objetos deixassem de atrair-se teríamos um espetáculo assombroso e não desejável de ver-se: carros, a 120 km/h, que de repente se elevam no ar e, sem direção, vão a qualquer parte; pontes que poderiam soltar algumas junturas e sair do seu lugar habitual; pessoas que, em seu passeio vespertino, se veem sem um ponto de referência; restaurantes com todos os produtos alimentícios nos ares, as cadeiras com os seus clientes suspendidos a 1m e o caldo das panelas saindo das mesmas e caindo na cabeça do primeiro que encontrar, ou melhor, sem gravidade o caldo também poderia “cair para cima”. Seria uma loucura! O que aconteceria com as águas dos oceanos, com os incêndios que estão acontecendo agora mesmo, com os icebergs, com os aviões que estão em plena pista já no ponto de decolagem, com cantores e artistas em geral em suas apresentações, com … ? Agora, imagine só, tudo isso por um minuto. Depois desses 60 segundos… tudo voltaria ao normal? Certamente que não. O carro que estava a 120 km/h, quando a gravidade voltasse, onde estaria? Não na ponte, provavelmente, mas no rio; os que estavam para atravessar uma ponte, onde estariam? E os aviões? E?

Não adianta fazer um montão de barbaridades, pensando que quando chegar a Quaresma tudo vai se arrumar. Isso é ilusão! “No coração dos homens, Deus tem sido colocado aos pés de Satanás”, dizia G. K. Chesterton. “Depois me converterei”, poder-se-ia pensar. No entanto, ninguém poderia garantir a alguém que pensasse assim que na quarta-feira de cinzas tal fulano ainda estaria vivo. Deus sempre nos perdoa, nos restaura, mas, sem dúvida, os vícios contraídos em momentos de farra, deixam a sua gosma nojenta.

“Em toda parte os malvados andam soltos, porque se exalta entre os homens a baixeza” (Sl 11,8). Esse versículo do salmo bem poderia aplicar-se a algumas manifestações carnavalescas. Já que entre os homens se exalta a baixeza, e não preciso pensar muito para concluir que é assim mesmo, os malvados andam soltos e continuam disseminando as suas tresloucadas ideias. Aos retirar os valores tidos como tais e trocá-los pelos falsos valores, vê-se o assombroso resultado: crianças que perdem a inocência, adolescentes e jovens semelhantes a bestas que não conseguem submeter as paixões à razão e à vontade, famílias que se desintegram. A lei da gravidade dos costumes está desaparecendo! E o que acontecerá?

Não percamos a gravidade de filhos de Deus. Vamos divertir-nos, e até dar gargalhadas, mas o faremos sempre dentro da virtude e do sentido que temos da nossa filiação divina. Tenhamos sempre em alta estima, em meio às nossas diversões, virtudes como a sobriedade no uso dos alimentos e das bebidas, amor à santa pureza e ao pudor, a honra à palavra dada, a generosidade na escuta e no serviço aos outros. Tudo isso é eutrapelia. Não se trata de ser chatos nem relaxados, mas de ser santos fazendo com que seja amável e alegre o caminho da santidade. Na presença de Deus, todos nós teremos um bom carnaval, divertido e normal, com eutrapelia e amor de Deus. Bom carnaval, então!

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Pandemia altera celebrações da Quarta-Feira de Cinzas no Santuário Nacional de Aparecida

Dom Orlando Brandes em Missa de Quarta-feira de Cinzas no
Santuário de Aparecida. Foto: Thiago Leon /
Santuário de Aparecida

APARECIDA, 12 fev. 21 / 09:12 am (ACI).- Devido à pandemia de Covid-19, as celebrações de Quarta-feira de Cinzas no Santuário Nacional de Aparecida (SP) se adaptarão às exigências sanitárias e seguirão as orientações do Vaticano.

 Neste ano, a fim de evitar a infecção por coronavírus, o Vaticano determinou mudanças no rito de imposição das cinzas. Para a colocação das cinzas na cabeça dos fiéis, os sacerdotes devem higienizar as mãos antes do rito e utilizar máscara de proteção. Ao contrário de anos anteriores, nada será dito durante a distribuição do sinal.

Habitualmente, o rito dispõe que o padre, ao impor as cinzas sobre a cabeça dos fiéis diga: “Convertei-vos e crede no Evangelho”, ou “Lembra-te que és pó e ao pó retornarás”. Desta vez, uma das frases será dita apenas uma única vez, de modo geral, no altar, longe dos fiéis.

No Santuário de Aparecida, tais orientações serão seguidas em todas as celebrações, isto é, às 6h45, 9h, 12h e 16h. Em todas, haverá o rito de imposição das cinzas.

A principal Missa do dia acontecerá às 9h e será presidida pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes.

A participação dos fiéis nas missas está condicionada à capacidade máxima da Basílica neste período, limitada a até mil pessoas. O acesso acontece próximo à Capela da Ressurreição, na Esplanada João Paulo II. No local, será realizada a aferição de temperatura corporal e higienização das mãos. O uso de máscaras é obrigatório em todo o território do Santuário.

As confissões, costumeiramente procuradas pelos católicos durante o período quaresmal, estão acontecendo no Santuário de forma comunitária. Na Quarta-Feira de Cinzas, os ritos acontecem nas capelas do subsolo da Basílica às 10h30, 11h, 14h30 e 15h. O acesso também é controlado e condicionado à capacidade do espaço.

ACI Digital

O carnaval foi cancelado, a Quaresma não!

Coompia77 | Shutterstock

A definição da data da Quaresma nunca dependeu da realização do carnaval.

Por causa da pandemia do coronavírus, o carnaval no Brasil em 2021 está cancelado. Desfile de blocos, escolas de samba e trios-elétricos estão proibidos, assim como bailes e outros eventos relacionados à data.

Mesmo sendo apenas uma alteração para evitar aglomeração de pessoas, não houve uma mudança específica no calendário religioso. Apesar disso, muita gente chegou a pensar que o cancelamento do carnaval interferiria nas datas da Quaresma deste ano. Isso porque a Quarta-feira de Cinzas ocorre imediatamente após o carnaval.

De fato, a Quaresma é uma festa móvel da Igreja Católica, que é definida anualmente de acordo com a data da Páscoa, e não do carnaval.

Como se definem as datas da Quaresma e Páscoa

O filósofo Vanderlei de Lima, em artigo para a Aleteia, explicou como se chega à data de celebração da Páscoa. De sua explanação, destacamos o seguinte:

“A data da Páscoa não é calculada pelo calendário solar comum, mas, sim, pelo antigo calendário lunar, conforme prescrito no livro bíblico do Êxodo 12,1-14.”

Lima também explica como, na prática, se chega à data:

“É preciso observar, antes de tudo, o equinócio da Primavera (momento no qual o sol corta a Linha do Equador tornando os dias iguais às noites). Isso se dá duas vezes no ano: 21 e 22 de março, no hemisfério norte, e 22 e 23 de setembro no hemisfério sul. A nós interessa, é óbvio, só a primeira data, uma vez que as regras para a data da Páscoa foram elaboradas no hemisfério norte. Pois bem, basta tomar uma folhinha comum e nela observar a última lua nova anterior ao equinócio da Primavera. Feito isso, é só contar o tempo entre duas luas novas consecutivas o que dará 29 dias, 12 horas, 40 minutos e dois segundos. O primeiro Domingo após o 14º dia da primeira lua nova posterior ao equinócio da Primavera será a data da Páscoa cristã.”

Depois de definir a data da Páscoa, é preciso pensar na Quaresma:

“Uma vez encontrada a data da Páscoa, contem-se seis semanas anteriores ou 42 dias. Desse total de dias, retirem-se os seis Domingos, dado que neles não se faz jejum ou penitência. Temos, assim, 42-6 = 36. Contudo, como a Quaresma, segundo o próprio nome sugere (cf. Mt 4,1-11; Mc 1,12-13; Lc 4,1-13), compõe-se de 40 dias, acrescentam-se aos 36 dias mais quatro anteriores; ou seja, da quarta-feira, dita de Cinzas, ao sábado. Ora, o Carnaval ocorre, então, nos 4 dias anteriores à quarta-feira de Cinzas.”

A Quaresma de 2021

Como vimos, o cancelamento do carnaval é apenas uma mudança convencional e não impacta em nada nos dias da Quaresma, cujas principais celebrações ocorrerão nas seguintes datas:

  • Quarta-feira de cinzas: 17 de fevereiro
  • Domingo de Ramos: 28 de março
  • Quinta-feira Santa: 1 de abril
  • Sexta-feira Santa: 2 de abril
  • Sábado de Aleluia: 3 de abril
  • Domingo de Páscoa: 4 de abril

Mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia, celebraremos, com segurança e responsabilidade a segunda Quaresma em tempos de coronavírus.

Aleteia

Cuba precisa “superar o autoritarismo”, advertem católicos em carta aberta

Imagem referencial. Crédito: Unsplash / Jon Buttle Smith

HAVANA, 13 fev. 21 / 06:00 am (ACI).- Centenas de católicos lançaram uma carta aberta na qual criticam o regime cubano e advertem que o país precisa “de mudanças políticas” a fim de “superar o autoritarismo”.

A missiva foi assinada por católicos cubanos, entre os quais muitos sacerdotes, e também opositores do regime. O documento foi conhecido a 24 de janeiro, mas recolhido apoios na sociedade cubana e no início de fevereiro já havia sido assinado por mais de 700 pessoas.

No texto, enviado à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), denunciam que o país vive “o colapso de um modelo econômico, político e social”. Por isso, defendem a necessidade de “mudanças políticas” para “superar o autoritarismo” e alcançar o sonho de uma “República onde a plena dignidade de cada homem e mulher seja respeitada”.

Os signatários afirmam que o sistema política em vigor desde a revolução comunista no final dos anos 1950 já não é passível de reforma por se basear “numa filosofia que ignora a verdade sobre o que dá sentido pleno ao ser humano”. Segundo assinalam, este sistema “tem sido incapaz de evoluir”.

A carta apresenta um panorama sobre a vida cotidiana em Cuba, reflexo de uma difícil situação econômica, na qual os cubanos vivem “sob a constante ameaça de escassez, de preços praticamente proibitivos”.

Esta realidade, segundo denunciam na carta, promove a corrupção. “A quase impossibilidade de se viver sem haver o envolvimento em algo ilegal torna o mercado negro um aliado indispensável para a sobrevivência e cria um ambiente dominado por roubos, subornos e até chantagens”, lamentam, acrescentando que “a atmosfera do ‘cada um por si’, onde vale tudo, mostra uma corrupção que atravessa quase todas as camadas sociais”.

A esta situação, indicam, se soma um “controle excessivo” do Estado, que gera “a sensação de estarmos constantemente a ser espiados”. Às vezes, ressaltam, “mesmo sem qualquer culpa, uma pessoa pode sentir medo devido ao controle excessivo dos órgãos da Segurança do Estado” que entram “até mesmo na vida estritamente pessoal dos indivíduos”.

Em seguida, a carta adverte para os danos que tal situação gera no país, como a emigração, que é vista como “único meio de melhorar a qualidade de vida das pessoas”, mas provoca “a separação dos membros da família”.

Além disso, há danos inclusive morais, denuncia a carta aberta, não raro, “o anúncio de um bebê, que deveria ser motivo de esperança e de alegria, torna-se causa de incerteza e preocupação, e termina em aborto”.

Diante dessa realidade, os signatários pedem mais diálogo, o “reconhecimento da plena cidadania dos cubanos que residem no exterior”, e “a escolha da verdade”.

“Viver na verdade às vezes tem um preço elevado, mas torna-nos interiormente livres, além de qualquer coerção externa. Viver na mentira é viver acorrentado…”, afirma a carta e reconhece que “é tempo, como povo, de regressar a Deus”.

ACI Digital

B. JORDÃO DA SAXÔNIA, PRESBÍTERO DOMINICANO

B. Jordão da Saxônia, Fra Angelico 

«Recomendei-lhe a pobreza, a caridade e a humildade para que, por meio destas três virtudes, pudesse obter as verdadeiras riquezas, delícias e honras, com a ajuda daquele que é um forte suporte, Nosso Senhor Jesus Cristo» (Carta à Beata Diana de Andaluzia).
"Viva honestamente, ame, ensine": assim Jordão resumia a sua regra de vida, que, depois, se tornou Regra dos Dominicanos, na esteira do seu Fundador, que queria que seus frades "se dedicassem à oração, ao ensino e à pregação".

Vocação da pregação

Natural de Vestefália, sabe-se pouco sobre a vida de Jordão ou Jordano até quando, em 1219, conheceu São Domingos em Paris: ele o escolheu como seu confessor e começou a estudar para o Diaconato.
No ano seguinte, recebeu o hábito dominicano e, logo, se destacou pelas suas habilidades de oratória; iluminadas pelo amor da salvação das almas e pela mensagem do Evangelho, elas o colocam à vontade, tanto entre os pobres como entre os estudantes universitários.
Frei Jordão viajou muito, mesmo depois de ser nomeado provincial da Lombardia: participou de Capítulos, mas, sobretudo, levou a todos a Palavra, durante 20 anos, até perder suas forças.

A Ordem tão amada!

A firme fé e a santa vida de Frei Jordão levaram muitas almas para a sua Ordem: o número dos frades passou de trezentos para quatro mil; as casas, de trinta para trezentas.
Jordão trabalhou para publicar as primeiras Constituições Dominicanas, dando impulso às missões, à administração dos Sacramentos e tutelando o direito de sepultar os frades nas igrejas dominicanas. Esforçou-se para defender o caráter universal da Ordem e sua independência contra as interferências do clero local; graças a ele, as monjas Dominicanas também foram juridicamente inseridas na Ordem, segundo o expresso desejo do Fundador.

Na esteira de São Domingos

Frei Jacinto, o aluno favorito de São Domingos, foi escolhido como seu sucessor. De fato, ainda hoje, o Beato é o intérprete mais autêntico da espiritualidade do Fundador, especialmente dedicado à oração e à devoção a Maria. Com ele tinha também em comum a mansidão: corrigia seus irmãos com bondade, mais do que com o rigor e a disciplina; ele os ouvia, consolava, encorajava até mesmo por meio de cartas, quando não podia estar presente fisicamente. Trata-se de uma espiritualidade muito simples, composta da união com Deus e a imitação de Cristo e da aceitação das tribulações, como instrumento de purificação e meditação da Paixão de Jesus; ele nunca se descuidava da prática das virtudes cristãs e da sua doação a todos, especialmente aos amados pobres. De fato, dizia: "É melhor perder o saio religioso que a piedade".
Ao se aproximar do fim da sua vida, conseguiu até ver a trasladação dos restos mortais de São Domingos para um sepulcro digno e, no ano seguinte, também a sua Canonização pelo Papa Gregório IX.

O naufrágio em Acra

O navio em que viajava, ao voltar de uma peregrinação à Terra Santa, naufragou em Acra, atual Akron. Ao saber da notícia, os frades da comunidade local foram imediatamente socorrê-lo, mas encontraram seu corpo inundado por uma cruz de luz e o sepultaram em sua igreja. No entanto, seus restos mortais foram dispersos após a invasão dos turcos.
No dia da sua morte, a futura Santa Lugarda teve uma visão de Jordão no céu, entre os Apóstolos e os Profetas.

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF