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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Missões Jesuíticas, a realização de uma grande utopia

Igreja São Miguel Arcanjo (Foto: José Carlos de Oliveira)

"Eu sou um defensor absoluto da ação jesuítica. Acho que eles foram fundamentais para a América, que nós conhecemos hoje. Eles foram defensores dos guaranis, das suas liberdades, das suas ações (...). Quando Montesquieu chama de “primeiro Estado industrial da América”, é porque de fato eles conseguiram (...) a primeira fundição de aço da América", disse ao Vatican News, o pesquisador gaúcho José Roberto de Oliveira.

Jackson Erpen – Vatican News

O Rio Grande do Sul abriga o único Patrimônio Mundial da UNESCO do sul do país, a Igreja de São Miguel Arcanjo, localizada no município de São Miguel das Missões.

Até o Tratado de Madri, assinado em 13 de janeiro de 1750, a região onde hoje se encontra o Rio Grande do Sul - e na época os Sete Povos das Missões - pertencia à Coroa espanhola, que com a permuta da Colônia do Sacramento, no Uruguai, passou à Coroa portuguesa.

A Redução jesuítica de São Miguel fazia parte de um amplo projeto iniciado ainda em 1609, com a primeira redução, San Ignácio Guazú, onde hoje é o Paraguai.

Um grande grupo de pesquisadores vem trabalhando já há alguns anos para reconstruir em detalhes essa rica história, também marcada por dicotomias. E à medida que as pesquisas avançam, descobrem o quanto ainda tem a ser descoberto em todo esse processo.

Esse grande “projeto de fraternidade” protagonizado pelos jesuítas com os guaranis, foi considerado como a realização de uma grande utopia, inspirando escritores como Voltaire, Charles Montesquieu, Ludovico Antonio Muratori, Charlevau, entre outros. Segundo o pesquisador e escritor José Roberto Oliveira*, “os próprios Jesuítas chegaram a dizer que foi a verdadeira realização do cristianismo”.

Para o pesquisador de Santo Ângeloé importante conhecer a história, também para compreender "a formação dos povos posteriores e que hoje correspondem aos pobres dessa macrorregião, não só da parte brasileira, mas também da argentina, paraguaia". 

E neste caminho de juntar as pedras para recompor o mosaico do passado, José Roberto realizou nesses dias um antigo sonho, ao percorrer locais que guardam verdadeiros tesouros ainda desconhecidos para muitos, como inscrições rupestres de milhares de anos, capelas e uma magnífica imagem de São Martinho. “São achados que nós estamos fazendo, exatamente recompondo essa história reconhecida mundialmente”, declarou ele na entrevista ao Vatican News:

“Inicialmente eu saí de Santo Ângelo, aqui onde eu vivo, aqui ao lado da Catedral, aqui em Santo Ângelo, saí até São Miguel, e em São Miguel, onde é o Patrimônio Cultural da Humanidade - o único Patrimônio Cultural da Humanidade do sul do Brasil – então já encaminhando, digamos, pelo velho caminho das Estâncias Missioneiras. Ali tem inicialmente um primeiro rio, que é o Rio Piratini, do outro lado já visitei algumas pequenas estâncias, inclusive propriedades hoje, que são pessoas amigas. Então eu dormi no primeiro dia no lugar que se chama São João, antiga Vila Seca, e depois no outro dia de manhã, já segui paralelo ao Rio Inhacapetum, que é um rio que divide São Miguel com a região de Santiago, Bossoroca - e é exatamente buscando esses locais aonde existiam essas grandes Estâncias Missioneiras, e que foram muito importantes. O conjunto das Estâncias, só a de São Miguel, tinha mais um milhão de cabeças de gado, na sua plenitude, digamos no seu momento maior.

Daí me encontrei com outros pesquisadores, que vieram do Sul, e que conheciam muito aqueles caminhos, o Chico Sosa e o Jânio Rosalino, aonde daí fomos descendo já em municípios como Tupanciretã, e aos pouquinhos, então, buscando essas localizações, toda essa hidrografia, que a gente conseguiu mapas em Madrid, com os jesuítas, e que também tinham me levado a escrever este último livro, que foi lançado agora há 30 dias, que é o relatório da Guerra Jesuítica-Guarani, escrito pelos jesuítas, que é o padre Heinz, então com informações muito precisas, dos lugares, de cada estância, de cada Capela, então a gente está buscando exatamente esse conjunto, vamos dizer, de edículas, nesse macro território ao sul.

Inscrições nupestres na Estância Ganabeira,
região de Itacoatiá, São Pedro do Sul

Então desde o início, digamos, de São Miguel, descendo, nós temos cerca de 500 quilômetros onde já é o início da República Oriental do Uruguai de hoje. Então veja, toda essa territorialidade, era Estância jesuítica de São Miguel, e ao lado, Estância de São Luis, de São Lourenço, de São Nicolau, de Santo Ângelo. Então, o conjunto do Rio Grande daquele período, estava praticamente tomado pelo projeto Jesuítico-Guarani. As Missões já tinham 113 anos quando funda a cidade de Rio Grande, que é a primeira entrada dos portugueses no amplo território. E a partir disso, depois, daí vem toda a degladiação, as guerras, os tratados. E é exatamente em cima desse conjunto todo, é que nós estamos procurando hoje, cartografar, marcar essas divisões, e comparando, obviamente, com os mapas - hoje nós temos satélite, que facilita muito - mas obviamente sempre comparando com as centenas de mapas daquele período histórico-cultural.

Dentro desse roteiro, tinham estâncias muito interessantes. Por exemplo, existe um lugar ali que se chama Itacoatiá, em São Pedro do Sul, que tem inscrições rupestres milenares da presença humana na região. Coisas de 5000, 6000, 7000 anos anteriores e que estão lá no lugar chamado Pedra Grande. Paralelamente a isso, por exemplo, no município de Mata - que também pertencia ao mesmo conjunto dessas estâncias, e que hoje é um município - ali tem, por exemplo, aquelas árvores petrificadas, e todo um levantamento paleontológico, da presença de vida naquela região há 250 milhões de anos. Então é muito interessante, é um dos lugares raros do mundo, aonde desde dinossauros e outros animais pré-históricos, bem paleontologia mesmo, e além dessas árvores que são bastante interessantes e que estavam exatamente no meio dessas estâncias.

Então, outros lugares como Jari, um conjunto importante de capelas daquele tempo, que nós estamos - algumas a gente não encontra, outras sinais muito relativos - então estamos cartografando todo esse processo.

E depois lá embaixo, toda a base importante do Rio Ibicuí, todo o conjunto de suas nascentes ali, o Jaguari, o Toropi, e que nascem todos dentro dessas circunstâncias que a gente tá falando.

Uma rara imegem de São Martinho,
que remonta à presença jesuíta

Há capelas muito importantes, como San Javier - a principal San Javier daquele período era uma capela que inclusive nos mapas consta como uma edícula maior, essa nós ainda não encontramos, mas ontem eu estive na região de São Vicente do Sul, que é um município que está muito próximo do rio Jacuí – então é um conjunto muito importante, digamos, de elementos – naquela base Jacuí, Ibicuí – que nós estamos hoje trabalhando, pesquisando e encontrando e cartografando.

Então há muitas coisas dentro dessa região toda. Encontramos uma imagem de São Martinho, uma das mais belas...! Quando os jesuítas foram expulsos em 1768, eram cerca de 1535 peças, grandes, que estão no inventário dos jesuítas, que eles entregaram esse inventário quando eles foram expulsos para Europa. E uma das peças que nós não conhecíamos, foi uma peça maravilhosa e magnífica encontrada numa ermida que está lá naquela região de São Pedro. Então são achados que nós estamos fazendo, exatamente recompondo essa história reconhecida mundialmente, por exemplo, Voltaire, chamou de “Triunfo da humanidade”, Montesquieu chamou de “primeiro Estado industrial da América”. Então esse processo todo que a gente está encontrando - e com grupo muito grande de pesquisadores - hoje somos mais de 200 pesquisadores que estão trabalhando num grande projeto, são elementos fundantes, digamos, para o futuro. Tenho perguntado para nossa gente, como será isso daqui a 500 anos - porque nós estamos passando por um tempo - e como será num tempo futuro? Hoje nós estamos a 265 anos da morte, por exemplo, do Sepé Tiarajú, no final da Guerra Guaranítica, em 7 de fevereiro de 1756, é a data da matização do Sepé, que agora já é Servo de Deus da Igreja. Então é importante todo esse processo para compreendermos a magnitude, a grandeza, do que foi o início da cristianização aqui na América através dos jesuítas, junto aos guaranis.

Sepé Tiaraju, símbolo dos nativos da América

Sepé Tiaraju foi o líder da Guerra Guaranítica, que é na verdade o primeiro ato libertário da América, antes de Bolívar, antes de San Martín, antes de Tiradentes que, digamos, foi um grito de liberdade na parte portuguesa, e os outros na parte espanhola. Sepé Tiaraju, então, entre 1753 é o “Essa terra tem dono” dele, o grito dele de liberdade quando já demarcavam o Tratado de Madri, que trocava a Colônia de Sacramento - que fica lá na foz do Rio Uruguai, numa construção Portuguesa - e trocava ela, entregando os Sete Povos das Missões - que é essa grande parte do Rio Grande do Sul, que é no sul do Brasil - então entregava os portugueses e em troca a Colônia de Sacramento iria para o mundo espanhol. Então o Sepé Tiaraju se coloca contra isso, diz que aquela nação missioneira, que ele põe essa ideia, que ela era livre, que ela poderia se independer, e os índios lutam contra os dois maiores exércitos do mundo daquele momento. Então foi uma coisa gigante, uma guerra muito importante e que durou, na verdade então, inicia essa contraposição em 1753, mas em 54 aqueles dois grandes exércitos se unem e demandam contra os guaranis. Em 55, então, continua com as grandes lutas e em 56, 1756, no dia 7 de fevereiro Sepé Taraju é martirizado, eles já estavam do lado de cá, vamos assim do Vacacaí, ali onde é São Gabriel hoje e ali então ele é martirizado. Matam ele com uma lança, um tiro de Espanha, a lança portuguesa, tiro de Espanha, e daí vem o processo de martírio do Sepé - que é o que tá rodando aí no Vaticano o pedido de canonização do Sepé - põe fogo nele com pólvora, e ainda, o último documento agora que mostra que cortam a cabeça, a decapitação do Sepé, e enterram ele, os seus à noite desenterram, e levam ele.

Então Sepé é o grande líder desse processo todo, junto, integrando as várias Reduções, exatamente nessa demanda contra esses dois maiores exércitos daquele período. Então, ele é um herói Rio-grandense. Ele também é herói da Pátria brasileira, é o primeiro indígena herói da Pátria do Brasil, junto com Dom Pedro I, com Tiradentes, com os grandes heróis pátrios nossos do país. Sepé Tiaraju desde 2009, ele é da pátria brasileira, e ele é uma espécie de símbolo desse mundo nativo, nosso, que nós temos no Rio Grande do Sul, nesse mundo gaúcho, como alguém que pode, que tem forças, que tem vontade, que é líder o suficiente, um cristão líder, contra essas forças exógenas, então é um verdadeiro símbolo, e um símbolo também de todos os indígenas da América. Ontem [7 de fevereiro] foi um dia de orações, encontros em vários lugares, Missas, os próprios jesuítas que retornaram às Missões. Agora em São Miguel remos jesuítas de novo lá na Paróquia, e que também estão trabalhando em toda a região, rezando Missa em homenagem ao Sepé Tiaraju, agora o Servo de Deus Sepé Tiaraju, então é, digamos, uma imagem, é um cheiro muito importante dentro dessa luta social em toda a América, mais do que Rio Grande do Sul, Brasil. O Sepé Taraju, hoje, é uma espécie de símbolo dos nativos da América com relação a essas forças exógenas, que sempre fizeram de tudo para ficar com a terra, para ficar com as riquezas, e levarem ela embora. Então o Sepé é um símbolo de contraposição.

https://youtu.be/GWQOYcvcp10

Redução de São Miguel Arcanjo em 3D (Montagem sobre vídeo produzido pela Unisinos para material didático sobre as  Missões Jesuísticas, com trilha sonora cantada pelo Coral Unisinos)

Os pobres dessa macrorregião, descendentes daquela história

Mas veja que é muito importante compreender que a Guerra Guaranítica, apesar da grandiosidade dela, ela matou uns 13 mil indígenas somente. Tem um dia, que é o dia 10, que é o dia que morrem 1500 dos principais na Batalha de Caiboaté. Mas anteriormente, entre refregas diversas, digamo somando tudo dá uns 3.000. Aí vem uma pergunta fundamental, que é um dos livros que escrevi, que é um pedido de perdão ao Triunfo da humanidade: “aonde estão os índios então?”, se não morreram tantos assim na Guerra Guaranítica.

Os índios, aqueles que eram reduzidos, os que já estavam cristianizados, todos eles eram profissionais, da marcenaria, fundidores, músicos, outros peões de estância - aqueles que cuidavam daqueles milhões de cabeças de gado - então esta gente toda não voltou mais a ser indígena. Eles passaram a fazer parte daquele mundo intermediário entre os europeus que foram chegando, e foram ganhando do Império as terras aqui na macrorregião, e aqueles indígenas que, já cristianizados há cerca de 159 anos, toda a experiência missional jesuítica-guarani, aquela gente toda foi fazer parte, digamos, nós temos documentos por exemplo mostrando, que muitos foram trabalhar em Buenos Aires como marceneiro, pedreiro, escultor, e obviamente se espalharam também pelas instâncias do Rio Grande, pelas Charqueadas depois, e tudo mais. Então as grandes lutas, por exemplo as grandes refregas posteriores, como a Revolução Farroupilha, tinham muitos descendentes desses indígenas, que ficaram espalhados pelo amplo território.

Então, isso é muito importante, para compreender também a formação dos povos posteriores e que hoje corresponde aos pobres dessa macrorregião, não só da parte brasileira, mas também da parte argentina, paraguaia. Os pobres dessa macrorregião, são descendentes daquela história, e por isso que é tão importante a gente contar essa história do ponto de vista da realidade. Por quê? Para que as pessoas também tenham uma auto estima de que elas são importantes, que o cristianismo é um construto de muitas centenas, de muitos séculos nessas famílias, e que obviamente os direitos – que é um outro debate importantíssimo – elas têm todo direito sobre o meio, sobre as riquezas dessa ampla região, sobre a empregabilidade dessa ampla região, e isso é fazer um cristianismo redivivo, como o Cristo tinha dito. Então, que as pessoas tinham que ter direitos iguais, deveria ter fraternidade, amor uns aos outros, perdão uns aos outros, que é o centro do cristianismo."

Jesuítas foram anticoloniais, num projeto colonial

Em 1986 foi lançado o filme The Mission, do diretor Roland Joffé, com trilha do compositor italiano Ennio Morricone, falecido recentemente. O filme, de certa maneira, retrata a questão das potências coloniais envolvidas, um pouco da realidade do trabalho dos jesuítas. Há várias leituras em relação à presença dos jesuítas, que chegaram ao continente americano metade do século XVI. Algumas dessas leituras reconhecem o esplêndido trabalho realizado junto aos indígenas, mas também há leituras que veem os jesuítas como a serviço dos colonizadores. Como pesquisador, com teu conhecimento, qual a tua leitura em relação ao trabalho dos jesuítas, já que falavas de amor fraterno, respeito, evangelização, a fraternidade?

"Veja que é muito interessante, que quando a gente debate qualquer tema histórico, que nós nos reportemos àquela data. Se você tá dizendo, por exemplo, a partir da metade dos 1.500, a chegada deles na América, no início no mundo luso, depois no mundo espanhol, é preciso compreender o conjunto das pressões e da diferença dos jesuítas com relação às outras Ordens. Os jesuítas são todos formados por Loyola, a partir da ideia do trabalho, de suar, de ir e ajudar aquela sociedade a se desenvolver, a gerar riqueza, e tudo mais. Então, aí está centralmente a diferença do que eles fazem. Já a partir da primeira Redução, da Paraquaria [conjunto do projeto jesuítico do Paraguai, que vai desde a Bolívia e desce até  o Uruguai, que era o centro de toda essa macrorregião] que é essa ampla região, é a primeira Redução, de 1609, toda a ideia era desenvolver a produção, a economia daquele lugar, auto sustentação, tirar obviamente os índios dessa vida de caça e de pesca, e trazer eles para um setor urbano, que é a reducción, é trazê-los para um ponto central aonde começasse a fazer urbanismo, onde começasse a aprender a ler, a escrever, a fazer as contas, que é, centralmente a educação na plenitude. Mas não só aquela das Letras, mas também a educação dos fazeres, que é tornar - de acordo com a sua índole - marceneiro, o outro pedreiro, o outro escultor, o outro músico, e o outro estancieiro, conforme a índole de cada um.

Vista lateral da Redução de São Miguel Arcanjo

Então veja, que a ação jesuítica nesse mundo colonial, aonde - todos sabem disso – os europeus que vieram para cá vieram para levar riquezas, o sonho era juntar ouro, prata e o que pudesse fazer, e levar isso para suas famílias na Europa. Foi levado muita coisa, mas muitos, muitos daqueles ficaram aqui, por essa macrorregião. Então desde o início, os jesuítas foram anticoloniais, num projeto colonial. E aí vem essa dicotomia importante, porque desde o início aqueles que queriam os índios como escravos no mundo português - e no mundo espanhol não era diferente – com as encomiendas (as encomendas), então os jesuítas sempre se colocaram contra esse processo.

Assim foi contra o bandeirantismo, que matou cerca de 600 mil guaranis naquele período. Não foi diferente no mundo espanhol, com todas as encomendas e as grandes dificuldades, então é preciso compreender isso. Era um cristianismo dos fazeres, que era isso que os jesuítas sempre colocaram. Claro, que digamos um antropólogo, em 2021, vai dizer: “Mas mexeram na cultura dos guaranis, eles eram do pajeísmo, eles eram da Opy, que é a casa de reza guaranis”. Claro que sim, não tem dúvida nenhuma. Então essa é a dicotomia. Mas veja, que por 1.600, final dos 1.500, início dos 1.600, 1.700, a realidade dos fatos daquele período, era preciso ser um pouco duro, senão você não galgaria aquilo que você queria, digamos, como um cristianismo de ação. Então,  é preciso compreender isso.

Eu sou um defensor absoluto da ação jesuítica. Acho que eles foram fundamentais para a América, que nós conhecemos hoje. Eles foram defensores dos guaranis, das suas liberdades, das suas ações, então eu faço sempre a defesa e sempre volto pro passado, porque é bom lembrar em que época da humanidade nós estamos falando, o que estava acontecendo na Europa, mesmo dentro da Igreja. Então é muito importante que a gente sempre pense sobre o passado quando a gente quer, e pensar dos fatos, as coisas que estavam acontecendo naquele momento no mundo, e as decisões necessárias de quem tá na liderança desses processos de mudança. Então, eu acho que os jesuítas fizeram o melhor possível para aqueles tempos. Por exemplo, os guaranis, quando os primeiros contatos, foram no neolítico, na Idade da Pedra Polida. Então, como lidar com esse povo, como ser amoroso, como ensinar as profissões.... Digamos nós dois, por exemplo, sendo jesuítas e chegar em um 3 de maio de 1626 aqui, passando o Rio Uruguai, como você lida com aquela gente do neolítico ali, muitos antroprófagos. Então, como que você trabalha tudo isso? E eles foram, eu acho, que muito sábios em lidar com tudo isso e foram extraordinários na ação que fizeram, e tanto que arrumaram tantos inimigos, porque eles cresceram tanto, se desenvolveram tanto...

Quando Montesquieu chama de “primeiro Estado industrial da América”, é porque de fato eles conseguiram - por exemplo aqui em São João Batista, e que é muito próximo aqui onde eu estou falando - a primeira fundição de aço da América! E quem eram os jesuítas que vieram? O Antônio Sepp von RecheggEra um príncipe, o pai dele era o rei de Kaltern – naquele tempo era o sul da Áustria. Então, João Batista Prímoli, um dos principais arquitetos do Barroco daquele período aí em Milão. Quer dizer, era esse tipo de gente que veio para cá, altissimamente preparadas, estudantes das melhores universidades da Europa e que deram sua vida exatamente para o desenvolvimento de um cristianismo muito redivivo aqui na América."

*José Roberto de Oliveira é de Santo Ângelo (RS), engenheiro de formação, na área da Topografia e Cartografia; foi por longo tempo docente na URI (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões); diretor de desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Sul; um dos fundadores do Ministério do Turismo; criador em 2012, junto com os jesuítas, mais argentinos e paraguaios, da “Nação Missioneira”; foi criador do Circuito Internacional Missões Jesuíticas e representante brasileiro no Mercosul, também em função de seu envolvimento no tema das Missões.

Vatican News

São Cláudio Colombiere

S. Cláudio Colombiere | ArqSP
Cláudio Colombiere nasceu próximo de Lion, na França, no dia 02 de fevereiro de 1641. Seus pais faziam parte da nobreza reinante, com a família muito bem posicionada financeiramente e planejavam dedicá-lo ao serviço de Deus, mas ele era totalmente avesso a essa idéia.

Com o passar do tempo acaba por se render ao modo de vida e filosofia dos jesuítas de Lion, onde segue com seus estudos. De lá passa a Avinhon e depois a Paris e, três anos depois, é ordenado sacerdote. Em 1675, emite os votos solenes da Companhia de Jesus e vai dirigir a pequena comunidade da Ordem, em Parai-le-Monial.

Padre Cláudio foi nomeado confessor do mosteiro da Visitação onde encontra uma irmã de vinte e oito anos, presa ao leito devido às fortes dores reumáticas. A doente era Margarida Maria Alacoque, uma figura de enorme poder espiritual, que influenciava a todos que se aproximavam. Margarida Alacoque revelava o incrível poder e a veneração ao Sagrado Coração de Jesus, símbolo da Humanidade e do amor infinito do Cristo. Os devotos do Sagrado Coração são tomados como adoradores de ídolos e atacados, de vários lados, com duras palavras e ameaças.

Nesta cidade, padre Cláudio é um precioso guia para tantos cristãos desorientados. Mas, em 1674 é enviado a Londres como capelão de Maria Beatriz D'Este, mulher de Carlos II, duque de York e futuro rei da Inglaterra. Naquela época, a Igreja Católica era perseguida e considerada fora da lei na Inglaterra. Entretanto, como padre Cláudio celebrava a Eucaristia numa pequena capela, acaba sendo procurado por muitos cristãos, irmãs clandestinas e padres exilados, todos desejosos de escutar seus conselhos.

Outro acontecimento muda completamente a sua vida. Ele é enviado como missionário às colônias inglesas da América. Depois de dezoito meses de sua chegada, foi acusado de querer restaurar a Igreja de Roma no reino e vai preso. Porém, como é um protegido do rei da França, não permanece no cárcere e é expulso.

Mais uma vez padre Cláudio Colombiere retorna à França, em 1681. Entretanto, já se encontrava muito doente. Seu irmão ainda tentaria levá-lo a regiões onde o ar seria mais saudável. Mas ele não desejava partir, pois havia recebido um bilhete de Margarida Alacoque que dizia: "O Senhor me disse que sua vida findará aqui". Três dias depois ele morre em Parai-le-Monial e seu corpo fica sepultado na Companhia de Jesus, sob a guarda dos padres jesuítas. Era o dia 15 de fevereiro de 1683.

O Papa Pio IX o beatifica em 1929, e é proclamado Santo Cláudio Colombiere em 1992, pelo Papa João Paulo II, em Roma.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

Santo Jovita e São Faustino

SS. Jovita e Faustino
Faustino nasceu em 90, Jovita em 96, na cidade e Bréscia, na Lombardia, Itália. Eram cristãos e foram martirizados no século II, durante os tempos sangrentos das perseguições. Os outros dados sobre eles nos foram transmitidos pela tradição, pois quase todos os registros eram queimados ou confiscados durante as inúmeras perseguições contra a Igreja dos primeiros séculos.


Segundo os devotos eles eram irmãos e pregavam livremente a religião apesar das perseguições decretadas pelos imperadores: Trajano e Adriano. As prisões estavam repletas de cristãos que se não renegassem a fé publicamente eram martirizados. E na Lombardia a situação não era diferente. Isto preocupava o bispo Apolônio da Bréscia, que precisava de confessores e sacerdotes que exortassem o animo e a fé dos cristãos, para se manterem firmes nas orações.

Secretamente, o bispo ordenou Faustino sacerdote e Jovita diácono, que continuaram no meio da comunidade operando milagres, convertendo pagão e destruindo os ídolos. Acusados pelo prefeito, foram espancados, submetidos a atrozes torturas, mas sobreviveram a tudo. Foram então levados para Roma, julgados e condenados a morrer na cidade natal. Em 15 de fevereiro de 146 foram decapitados.

Mas, existia uma tradição que dizia que Jovita, era a irmã virgem de Faustino, por isto não era sacerdote como ele. A Igreja comprovou entretanto que eram dois mártires homens, porque pela origem da palavra, que significa jovem, se tratava de um termo na época usado somente para o gênero masculino.

O primeiro testemunho sobre o culto destes dois santos mártires foi encontrado no livro dos "Diálogos" de São Gregório Magno. Entre 720 e 730 houve a translação dos corpos dos Santos Faustino e Jovita do cemitério de São Latino, para a igreja de Santa Maria, depois chamada de São Faustino e Jovita. Outra particularidade histórica e religiosa foi a troca de relíquias feita entre os monges beneditinos de Monte Cassino e o bispo de Bréscia. Eles ficaram com uma de Faustino e a Catedral de Bréscia recebeu uma de São Bento.

Enquanto isso a tradição continuava a se enriquecer, tanto que nas pinturas tradicionais São Faustino e Jovita são representados vestidos de guerreiros. Em 1438, a cidade de Bréscia foi salva, da invasão das tropas do comandante milanês Nicolau Picinino, pelos dois santos que apareceram vestidos de guerreiros para lutar ao lado da população bresciana. No dia 10 de janeiro de 1439, o bispo de Bréscia escrevia ao amigo, bispo de Vicenza a narração desta tremenda invasão. Esta carta se encontra na Biblioteca de São Marco, no Vaticano.

Uma das maiores festas que acontece na Lombardia é a de São Faustino e Jovita, na Bréscia, quando a população reverencia seus Patronos no dia 15 de fevereiro, começando pela celebração litúrgica.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

domingo, 14 de fevereiro de 2021

A grande fortuna da Igreja

Canção Nova

Muitas pessoas, inclusive católicos, não conhecem a verdadeira riqueza da Igreja…

Concordo com os adversários da Igreja; ela é riquíssima; e acumulou nos seus vinte séculos uma fortuna incalculável! E já é hora de toda esta riqueza ser dividida com todos os homens, especialmente os pobres, mas também os ricos, porque são eles exatamente os que mais precisam dela.

Na verdade a Igreja é rica desde a sua origem, porque o seu Criador e mentor é o próprio Deus; é Dele que vem toda a sua riqueza. Ela é o próprio Corpo de Cristo (1Cor 12,27). Ela é rica também, porque é a “Igreja dos Santos”, como disse George Bernanos. Os Santos são a sua grande riqueza, como que reprodução do próprio Cristo.

Ela é a Igreja de Pedro de Cafarnaum, que deixou as redes para seguir o Senhor; é a Igreja de Paulo de Tarso, que rodou o mundo até Roma, para ali ser martirizado por ela. Ela é a Igreja dos Padres: Agostinho de Hipona, que enfrentou o pelagianismo e o maniqueísmo; Atanásio, que enfrentou o arianismo; Irineu, que enfrentou o gnosticismo; Inácio de Antioquia, que enfrentou os leões; Policarpo, que enfrentou a fogueira,… Tomás de Aquino, que escreveu a Suma-Teológica e transformou a Filosofia; Teresa D’Ávila e João da Cruz, que reformaram os Carmelos masculino e feminino; Jerônimo, que traduziu a Bíblia para o latim; Basílio, Gregório de Nissa, Gregório de Nazianzo, Afonso de Ligório, e tantos outros…

Sim, é uma Igreja riquíssima! Ela é a Igreja daqueles que, de tanto amor por ela, derramaram o seu sangue nas arenas romanas, nas espadas dos imperadores, nos cárceres comunistas… Pedro, Paulo, Tiago,… Inácio de Antioquia, Policarpo, Sebastião, Perpétua, Felicidade, Cecília,… Maximiliano Kolbe…

Ela é a Igreja das belas ordens religiosas de Bento, Domingos, Agostinho, Benedito, Francisco, Inácio de Loyola, João Bosco e tantos outros…

É a Igreja dos Santos Apóstolos, revestidos do próprio Cristo, um a um martirizados pela sua fidelidade ao Senhor…

É a Igreja dos Santos Inocentes que, ainda na tenra idade, derramaram o seu sangue inocente pelo menino Deus…

É a Igreja das Santas Virgens: Maria, Ana, Inez, Cecília, Luzia, Teresinha, Mazzarello, Clara de Assis,… que formam um verdadeiro exército de Esposas do Senhor.

Sim, é uma Igreja riquíssima!

Além de ser a rica Igreja dos Santos, dos Profetas, dos Mártires, dos Apóstolos, das Virgens, dos Confessores… é também a Igreja dos Papas. É a Igreja de João Paulo I com o seu sorriso inesquecível; de João XXIII, do Concílio Vaticano II, de Paulo VI com o seu apaixonado amor à Igreja; de Gregório, que a posteridade chamou de Magno, e que criou o canto que recebeu o seu nome.

Ela é a grande e rica Igreja de Leão Magno, detendo as grandes heresias às portas da Igreja, enfrentando os bárbaros Átila e Genserico às portas de Roma. É a Casa de Pedro, que é o princípio de tudo e a Pedra sobre a qual os outros se sucederam. É a Igreja dessa cadeia viva e ininterrupta de 266 Pontífices, o “doce Cristo na Terra”, como dizia S. Catarina de Sena.

Todos os Santos se inclinaram diante do Papa, e nenhum foi nada sem este. Paulo, o apóstolo dos gentios, foi ao encontro de Pedro; Francisco, o enamorado da Pobreza, ajoelhou-se diante de Inocêncio III; Teresinha suplicou a Leão XIII que a deixasse entrar no Carmelo aos quinze anos…

Que outra Igreja teve um Pio IX que proclamou Maria Imaculada; e José, Padroeiro Universal da Igreja?

Que outra Igreja tem um João Paulo II, operário, ator de teatro, esquiador, sacerdote, poliglota, bispo, diplomata, cardeal – Cardeal da Igreja do Silêncio e da Polônia Mártir?

A Igreja é riquíssima, de fato, pois é a Igreja dos Santos e dos Papas.

É a Igreja dos Sacramentos que o Senhor derramou do seu Coração ferido pela lança no alto da Cruz. É a Igreja da salvação universal de todos os homens… É a barca de Pedro que salva do dilúvio do pecado!

Esta é a verdadeira fortuna da Igreja, acumulada sobre o sangue dos Mártires, na fidelidade dos Confessores, na riqueza dos Padres, no discernimento dos Doutores, na pureza das Virgens, no sangue dos Inocentes, na palavra dos Apóstolos, no rumo dos Patriarcas, na lei dos Profetas e na infalibilidade dos Papas.

Sim, é riquíssima!… Quanto ao resto, é dispensável falar; pois, basta lembrar que o seu território hoje, não passa de um pequeno pedaço de terra com menos de 30 ha, o Vaticano.

Retirado do livro: “Entrai pela Porta Estreita”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

https://cleofas.com.br/

BIOGRAFIA DE CARMEN HERNÁNDEZ

Carmen Hernández
Caminho Neocatecumenal

24 DE NOVEMBRO DE 1930, † MADRID, 19 DE JULHO DE 2016

Carmen foi, com o Kiko, iniciadora do Caminho. Nasceu em Ólvega (Sória, Espanha) em 24 de novembro de 1930. Era a mais jovem de oito irmãos – quatro homens e quatro mulheres – e viveu sua infância em Tudela (Navarra, Espanha).

Em Tudela estudou na Companhia de Maria e teve contato com a Companhia de Jesus (Jesuítas). Por influência do espírito missionário de São Francisco Xavier, desde muito jovem sentiu a vocação de partir em missão para a Índia. Por vontade de seu pai, em 1954 começa a estudar Química em Madri, onde se licencia com as qualificações máximas no ano de 1958.

Durante um tempo, trabalha com seu pai na indústria alimentícia, em uma fábrica que a família tinha em Andújar (Jaén), mas decide deixá-lo para se mudar a Javier, onde entra para participar de um novo instituto missionário: as Missionárias de Cristo Jesus. Depois do noviciado, estudou Teologia na casa de formação teológica para religiosos em Valência. Em 1960 foi destinada à Índia. Para esta missão teve que se preparar em Londres (o país asiático pertencia, naquele tempo, à Commonwealth), onde permaneceu durante um ano. Nesse tempo, houve uma mudança de direção nas Missionárias de Cristo Jesus, que limitava sua abertura a missão, levando Carmen a regressar de Londres para Barcelona. Ali, conhece P. Pedro Farnés Sherer, professor no Instituto Litúrgico de Paris, que trabalhava pela renovação litúrgica que preparava o Concílio Vaticano II.

Em suas aulas, P. Farnés apresentava as fontes pascais da Eucaristia e uma eclesiologia renovada que mostrava a Igreja como luz das nações. O vivo contato de Carmen com os autores desta renovação conciliar teve uma grande influência, mais tarde, na formação das catequeses do Caminho Neocatecumenal.

Em 1963, Carmen se estabelece na Terra Santa durante dois anos. Ao seu regresso a Madri, começa a trabalhar nos barracos da periferia, pensando em ir como missionária para a Bolívia com outros leigos celibatários. No entanto, ali conhece Kiko Argüello, que vivia nos barracos de Palomeras Altas, e decide ficar na mesma região. Entre os pobres, ambos descobriram a força do Mistério Pascal e da pregação do Kerigma (a Boa Notícia de Cristo morto e ressuscitado), e veio a nascer a primeira comunidade. Graças à confirmação desta nova realidade pelo então arcebispo de Madri, Mons. Casimiro Morcillo, Carmen colabora com Kiko levando às paróquias – primeiro a Madri, depois a Roma, e a partir de então a outras cidades e nações – esta obra de renovação da Igreja.

Carmen Hernández faleceu em 19 de julho de 2016 em Madri. Em seu funeral, presidido pelo Cardeal Arcebispo de Madri Carlos Osoro Sierra, e ao qual assistiram milhares de pessoas, o P. Mario Pezzi destacou que, com o Caminho, é “a primeira vez na história que uma realidade eclesial é fundada por um homem e uma mulher que estiveram colaborando constantemente juntos durante mais de 50 anos”. Além disso, o Papa enviou uma mensagem na qual assegurou receber “com emoção” a notícia da morte de Carmen e destacou sobre ela “uma longa existência marcada por seu amor a Jesus e por um grande entusiamo missionário”. “Dou graças ao Senhor pelo testemunho desta mulher, animada por um sincero amor à Igreja, que gastou sua vida no anúncio da Boa Notícia em cada lugar, também àqueles mais afastados, não se esquecendo das pessoas mais marginalizadas”, escreveu o Papa Francisco.

https://neocatechumenaleiter.org/

6º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Presbíteros

Ano B
6º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Tema do 6º Domingo do Tempo Comum

A liturgia do 6º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos um Deus cheio de amor, de bondade e de ternura, que convida todos os homens e todas as mulheres a integrar a comunidade dos filhos amados de Deus. Ele não exclui ninguém nem aceita que, em seu nome, se inventem sistemas de discriminação ou de marginalização dos irmãos.
A primeira leitura apresenta-nos a legislação que definia a forma de tratar com os leprosos. Impressiona como, a partir de uma imagem deturpada de Deus, os homens são capazes de inventar mecanismos de discriminação e de rejeição em nome de Deus.
O Evangelho diz-nos que, em Jesus, Deus desce ao encontro dos seus filhos vítimas da rejeição e da exclusão, compadece-Se da sua miséria, estende-lhes a mão com amor, liberta-os dos seus sofrimentos, convida-os a integrar a comunidade do “Reino”. Deus não pactua com a discriminação e denuncia como contrários aos seus projectos todos os mecanismos de opressão dos irmãos.
A segunda leitura convida os cristãos a terem como prioridade a glória de Deus e o serviço dos irmãos. O exemplo supremo deve ser o de Cristo, que viveu na obediência incondicional aos projectos do Pai e fez da sua vida um dom de amor, ao serviço da libertação dos homens.

LEITURA I – Lev 13, 1-2.44-46

ATUALIZAÇÃO

• A primeira leitura do 6º Domingo do Tempo Comum não contém propriamente um ensinamento claro e direto acerca de Deus ou acerca do comportamento do homem face a Deus. No entanto, ela tem o seu valor e a sua importância: prepara-nos para entender a novidade de Jesus, essa novidade que o Evangelho de hoje nos apresenta. Jesus virá demonstrar que Deus não marginaliza nem exclui ninguém e que todos os homens são chamados a integrar a família dos filhos de Deus.

• Indiretamente, o nosso texto denuncia a atitude daqueles que, instalados nas suas certezas e seguranças, constroem um Deus à medida do homem e que atua segundo uma lógica humana, injusta, prepotente, criadora de exclusão e de marginalização. Não temos que criar um Deus que atue de acordo com os nossos esquemas mentais, com as nossas lógicas e preconceitos; o que temos é de tentar perceber e acolher a lógica de Deus.

• Indiretamente, o nosso texto convida-nos a repensar as nossas atitudes e comportamentos face aos nossos irmãos. Não será possível que os nossos preconceitos, a nossa preocupação com o legalismo, a nossa obsessão pelo politicamente correcto estejam a criar marginalização e exclusão para os nossos irmãos? Não pode acontecer que, em nome de Deus, dos “são princípios”, da “verdadeira doutrina”, das exigências de radicalidade, estejamos a afastar as pessoas, a condená-las, a catalogá-las, a impedi-las de fazer uma verdadeira experiência de Deus e de comunidade?

LEITURA II – 1 Cor 10, 31-11,1

ATUALIZAÇÃO

• A liberdade é um valor absoluto? Devemos defender e afirmar intransigentemente os nossos direitos em todas as circunstâncias? A realização dos nossos projetos pessoais deve ser a nossa principal prioridade? Paulo deixa claro que, para o cristão, o valor absoluto e ao qual tudo o resto se deve subordinar é o amor. O cristão sabe que, em certas circunstâncias, pode ser convidado a renunciar aos próprios direitos, à própria liberdade, aos próprios projetos porque a caridade ou o bem dos irmãos assim o exigem. Mesmo que um determinado comportamento seja legítimo, o cristão deve evitá-lo se esse comportamento faz mal a alguém.

• A propósito, Paulo refere o exemplo de Cristo, a quem todo o cristão – a começar pelo próprio Paulo – deve imitar. Na verdade, Cristo colocou sempre como prioridade absoluta os planos de Deus (“Abbá, Pai, tudo Te é possível; afasta de Mim este cálice! Mas não se faça o que Eu quero, e sim o que Tu queres” – Mc 14,36); e, apesar de ser “mestre” e “Senhor”, multiplicou os gestos de serviço e fez da sua vida uma entrega total aos homens, até à morte. É este mesmo caminho que nos é proposto… Cada cristão deve ser capaz de prescindir dos seus interesses e esquemas pessoais, a fim de dar prioridade aos projetos de Deus; cada cristão deve ser capaz de ultrapassar o egoísmo e o comodismo, a fim de fazer da sua própria vida um serviço e um dom de amor aos irmãos.

EVANGELHO – Mc 1 ,40-45

ATUALIZAÇÃO

• O nosso texto fala-nos de um Deus cheio de amor, de bondade e de ternura, que Se faz pessoa e que desce ao encontro dos seus filhos, que lhes apresenta propostas de vida nova e que os convida a viver em comunhão com Ele e a integrar a sua família. É um Deus que não exclui ninguém e que não aceita que, em seu nome, se inventem sistemas de discriminação ou de marginalização dos irmãos. Às vezes há pessoas (quase sempre bem intencionadas) que inventam mecanismos de exclusão, de segregação, de sofrimento, em nome de um Deus severo, intolerante, distante, incapaz de compreender os limites e as fragilidades do homem. Trata-se de um atentado contra Deus. O Deus que somos convidados a descobrir, a amar, a testemunhar no mundo, é o Deus de Jesus Cristo – isto é, esse Deus que vem ao encontro de cada homem, que Se compadece do seu sofrimento, que lhe estende a mão com ternura, que o purifica, que lhe oferece uma nova vida e que o integra na comunidade do “Reino” (nessa família onde todos têm lugar e onde todos são filhos amados de Deus).

• A atitude de Jesus em relação ao leproso (bem como aos outros excluídos da sociedade do seu tempo) é uma atitude de proximidade, de solidariedade, de aceitação. Jesus não está preocupado com o que é política ou religiosamente correto, ou com a indignidade da pessoa, ou com o perigo que ela representa para uma certa ordem social… Ele apenas vê em cada pessoa um irmão que Deus ama e a quem é preciso estender a mão e amar, também. Como é que lidamos com os excluídos da sociedade ou da Igreja? Procuramos integrar e acolher (os estrangeiros, os marginais, os pecadores, os “diferentes”) ou ajudamos a perpetuar os mecanismos de exclusão e de discriminação?

• O gesto de Jesus de estender a mão e tocar o leproso é um gesto provocador, que denuncia uma Lei iníqua, geradora de discriminação, de exclusão e de sofrimento. Com a autoridade de Deus, Ele retira qualquer valor a essa Lei e sugere que, do ponto de vista de Deus, essa Lei não tem qualquer significado. Hoje temos leis (umas escritas nos nossos códigos legais civis ou religiosos, outras que não estão escritas mas que são consagradas pela moda e pelo politicamente correcto) que são geradoras de marginalização e de sofrimento. Como Jesus, não podemos conformarmo-nos com essas leis e muito menos pautar por elas os nossos comportamentos para com os nossos irmãos.

• Mais uma vez, o Evangelho deste domingo propõe à nossa consideração a atitude dos líderes judaicos. Comodamente instalados no alto das suas certezas e preconceitos, eles perpetuam, em nome de Deus, um sistema religioso que gera sofrimento e miséria e não se deixam questionar nem desafiar pela novidade de Deus. Estão tão seguros e convictos das suas verdades particulares que fecham totalmente o coração a Jesus e não se revêem nas suas propostas. O sem sentido desta atitude deve alertar-nos para a necessidade de nos desinstalarmos e de abrirmos o coração aos desafios de Deus.

• O leproso, apesar da proibição de Jesus, “começou a apregoar e a divulgar o que acontecera”. Marcos sugere, desta forma, que o encontro com Jesus transforma de tal forma a vida do homem que ele não pode calar a alegria pela novidade que Cristo introduziu na sua vida e tem de dar testemunho. Somos capazes de testemunhar, no meio dos nossos irmãos, a libertação que Cristo nos trouxe?

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Novo Bispo de Cachoeiro do Itapemirim quer continuar ligado à Diocese de Pemba

Dom Luiz Lisboa | Guadium Press
O Papa achou melhor que eu saísse de Moçambique e fosse trabalhar em outro lugar, afirma Dom Luiz Lisboa.

Lisboa – Portugal (12-02-2021, 19:00, Gaudium Press) Em declarações à Agencia Ecclesia, o recém nomeado Bispo de Cachoeiro do Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, Dom Luiz Fernando Lisboa, que até agora era Bispo de Pemba, em Moçambique, disse ser “normal” uma mudança de diocese por vontade do Papa, manifestando vontade de “continuar ligado” à região moçambicana onde esteve por 20 anos.

Dom Luiz Lisboa, nomeado na última quinta-feira pelo Papa Francisco, recebeu do Papa o título honorífico pessoal de arcebispo.

O missionário brasileiro destacou a importância de o Papa se ter comprometido com a causa da paz em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, dado que a sua posição “ajudou muito”.

A Igreja “quando fala, incomoda” e isso aconteceu em “muitos momentos” da história de Moçambique e no conflito em Cabo Delgado

Dom Luiz Lisboa considera que a Igreja “quando fala, incomoda”, o que aconteceu em “muitos momentos” da história de Moçambique, na divulgação de documentos e comunicados da Conferência Episcopal do país, e agora nos pronunciamentos sobre os conflitos armados em Cabo Delgado.

“Essa guerra incomodou, porque nós nunca deixamos de falar dela, de expor a Moçambique e ao mundo o que se passava em Cabo Delgado”, disse. afirma.

Dom Luiz recordou que recebeu “recados” a propósito dos seus pronunciamentos públicos e a indicação de “pessoas descontentes”.

“Aconteceu e acontece em todos os lugares, quando a Igreja fala, assim como Jesus Cristo incomodava muito”, lembrou.

Dom Luiz Fernando Lisboa quer continuar à Diocese de Pemba, ao povo de Cabo Delgado e ajudar no que for possível

Dom Luiz Fernando Lisboa afirmou que quer “continuar muito ligado à Diocese de Pemba, ao povo de Cabo Delgado e ajudar” no que for possível:

“Se o futuro bispo permitir e quiser, vou ser um embaixador da Diocese de Pemba. Vou ajudar naquilo que eu puder, porque é uma diocese do coração, o lugar onde pedi para ir e onde fiquei quase 20 anos”, sublinha.

Para a defesa da paz em Cabo Delgado “é um desejo de todo o Moçambique” e “toda a população quer que aquela guerra acabe”, garantindo que “os bispos vão continuar a pedir que cesse a guerra, que se faça algo mais para que acabe o sofrimento do povo”.

O missionário brasileiro Dom Luiz Fernando Lisboa

Dom Luiz Lisboa brasileiro, 65 anos, missionário da Congregação dos Passionistas, foi para Moçambique em 2001, é natural do Rio de Janeiro, tem 65 anos e pertence à Congregação dos Passionistas, foi enviado para Moçambique em 2001.

O Papa Francisco nomeou-o bispo de Pemba a 12 de junho de 2013, destacando-se, nos últimos anos, na defesa das populações da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, alvo da violência de grupos que se declaram ligados ao Estado Islâmico.

Sobre a nova diocese, D. Luiz Lisboa disse que “tem muito boas referências” de Cachoeiro de Itapemirim, que abrange 27 municípios do Sul do Estado do Espírito Santo, e considera o fato do Papa lhe ter concedido o título honorífico pessoal de arcebispo é sinal do “carinho ao povo de Cabo Delgado e à Igreja de Moçambique”. (JSG)

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Fecham segunda maior clínica de abortos tardios no Reino Unido

Imagem referencial/ crédito: Unsplash

LONDRES, 13 fev. 21 / 07:00 am (ACI).- Um dos principais grupos pró-vida do Reino Unido, Right to Life UK, informou que a segunda maior clínica de abortos tardios do país, conhecida como “The Lodge”, fechou suas portas e não atenderá mais ao público.

Segundo o grupo, este centro localizado em Streatham, no sul de Londres, "já realizou mais de 1.200 abortos de bebês com 20 semanas de gestação ou mais nos últimos três anos".

Os números oficiais detalham ainda que The Lodge "realizou 13.114 abortos entre 2017 e 2019, incluindo 2.235 abortos de bebês entre 13 e 19 semanas de gestação, bem como 1.297 abortos com 20 semanas de gestação ou mais".

Na investigação da Right to Life UK, constatou-se, por meio de imagens aéreas, que as instalações estavam sendo vendidas por uma imobiliária. O edifício é uma "mansão vitoriana" na qual dezenas de milhares de abortos foram realizados.

Catherine Robinson, porta-voz da Right To Life UK, assegurou que "o fechamento de uma clínica de abortos" só pode "ser uma coisa boa".

“Como vimos de maneira tão consistente com a indústria do aborto, expandir o acesso ao aborto parece ser sua única preocupação. Isso fica claro com o fornecimento e promoção de abortos voluntários, apesar de seu perigo comprovado para as mulheres, assim como pelos péssimos padrões mantidos na clínica de Streatham”, afirmou.

Right To Life UK indicou que o fechamento se deve a uma série de controvérsias e escândalos que ocorreram neste centro de abortos de Streatham.

"Em 2019, uma inspeção surpresa realizada pela Quality of Care Commission (CQC) encontrou profissionais incompetentes que não haviam concluído o treinamento de suporte de vida e que 'nem todos os equipamentos estavam em boas condições de funcionamento'", indicou Right to Life UK.

Em seu relatório, a CQC assinalou que dois incidentes graves e 76 incidentes clínicos foram relatados no The Lodge entre abril de 2018 e abril de 2019. Também foi revelado que "os profissionais nem sempre informavam sobre os incidentes”.

Também foi detalhado que apenas 9 dos 24 funcionários da clínica receberam treinamento para detectar e tratar sepse, a principal causa de morte materna no Reino Unido.

Em sua declaração, Robinson também agradeceu a todas as pessoas “que durante os últimos 25 anos ofereceram alternativas positivas ao aborto para aqueles que entram neste estabelecimento”.

“Obrigado por seu corajoso trabalho e esperamos que o fim deste lugar dê um pouco de tempo livre para ajudar mais mulheres e crianças em gestação em muitos outros centros de aborto que infelizmente ainda continuam funcionando em outras partes de Londres”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

“É tempo de regressar a Deus”, afirmam cubanos católicos

Guadium Press
Viver na verdade, nos torna livres; viver na mentira é viver acorrentado: “é tempo, como povo, de regressar a Deus”: diz carta dos cubanos.

Redação (13/02/2021, 13:40, Gaudium Press) De acordo com informações da Fundação Ajuda à Igreja que sofre, citada pela Agencia ACI, ”Centenas de católicos lançaram uma carta aberta na qual criticam o regime cubano e advertem que o país precisa “de mudanças políticas” a fim de “superar o autoritarismo”.

A carta aberta foi inicialmente lançada por católicos cubanos, entre os quais muitos sacerdotes, e também opositores do regime em 24 de janeiro.

Posteriormente foram recolhidas mais assinaturas de cubanos e, no início de fevereiro, o número de aderentes à carta já chegava a mais de 700 pessoas.

Na carta está a denúncia de o país vive “o colapso de um modelo econômico, político e social”. Por isso, defendem a necessidade de “mudanças políticas” para “superar o autoritarismo” e alcançar o sonho de uma “República onde a plena dignidade de cada homem e mulher seja respeitada”.

Para signatários da carta aberta, o sistema político em vigor desde a tomada de poder pelos comunistas em 1959 não tem possibilidade de ser reformado pois é oriundo de “uma filosofia que ignora a verdade sobre o que dá sentido pleno ao ser humano”. E, segundo assinalam os autores da missiva, este sistema, em mais de 60 anos mostra que “tem sido incapaz de evoluir”.

A vida cotidiana em Cuba favorece e promove a corrupção

A carta apresenta também um panorama sobre a vida cotidiana em Cuba, onde a população vive “sob a constante ameaça de escassez, de preços praticamente proibitivos”.

Esta realidade, lamenta os autores da carta, promove a corrupção:
“A quase impossibilidade de se viver sem haver o envolvimento em algo ilegal torna o mercado negro um aliado indispensável para a sobrevivência e cria um ambiente dominado por roubos, subornos e até chantagens”.

Além disso, há que lamentar ainda que “a atmosfera do ‘cada um por si’, onde vale tudo, mostra uma corrupção que atravessa quase todas as camadas sociais”.

Porém, a denúncia não fica só nisso, a essa situação os missivistas indicam que se soma um “controle excessivo” do Estado, que gera “a sensação de estarmos constantemente sendo espionados”. E, ressaltam, “mesmo sem qualquer culpa, uma pessoa pode sentir medo devido ao controle excessivo dos órgãos da Segurança do Estado” que entram “até mesmo na vida estritamente pessoal dos indivíduos”.

Viver na verdade, nos torna livres; viver na mentira é viver acorrentado: “é tempo, como povo, de regressar a Deus”: diz carta dos cubanos.
Guadium Press

“Viver na mentira é viver acorrentado…”, “é tempo, como povo, de regressar a Deus”

A carta dos cubanos lança uma advertência para os danos que tal situação gera no país, como a emigração, que é vista como “único meio de melhorar a qualidade de vida das pessoas”, mas provoca “a separação dos membros da família”.

E, denuncia a carta, não se pode esquecer que há também danos morais. Não raro, “o anúncio de um bebê, que deveria ser motivo de esperança e de alegria, torna-se causa de incerteza e preocupação, e termina em aborto”.

A carta aberta dos cubanos, por fim, afirma que “Viver na verdade às vezes tem um preço elevado, mas torna-nos interiormente livres, além de qualquer coerção externa. Viver na mentira é viver acorrentado…”, afirma a carta e reconhece que “é tempo, como povo, de regressar a Deus”. (JSG)

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF