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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

São Cesário de Nazianzo

S. Cesário de Nazianzo | Convento da Penha
25 de fevereiro

Origens

Cesário nasceu no ano 330. Era irmão do famoso São Gregório Nazianzeno. Grande parte de vida foi vivida na cidade egípcia de Alexandria. Lá, onde estudou astronomia, geometria e medicina. Ele conheceu o cristianismo provavelmente através de seu irmão Gregório. Porém, demorou muito a optar decisivamente pelo batismo.

Catecúmeno

Cesário foi catecúmeno, ou seja, aspirante ao batismo, durante vários anos de sua vida. Alguns detalhes marcantes de sua vida nos foram transmitidos apenas através de uma oração de exéquias (oração para os mortos) composta por seu irmão Gregório. 

Médico na corte imperial

O ofício de médico, exercido com competência, levou-o até à corte imperial romana sediada na cidade de Constantinopla. Como médico imperial, foi tentado várias vezes a abandonar a fé cristã e assumir a vida pagã. O próprio imperador Juliano tentou convertê-lo várias vezes ao paganismo. Cesário, porém, mesmo sendo somente catecúmeno, nunca cedeu. Ao contrário, justificou seu nome latino que significa “grande e honrado”, e permaneceu firme.

Salvo de um terremoto

Cesário só optou por receber a graça do batismo depois de, milagrosamente, sobreviver a um violento terremoto ocorrido em Nicéia. Este fato marcou profundamente sua vida. E sua opção pelo batismo foi decisiva. Depois desse episódio e de seu batismo, ele abandonou a medicina e sentiu no coração o chamado para se dedicar à cura dos corações e das almas feridas, levando a elas a salvação que somente Jesus Cristo pode oferecer.

Pobreza e penitência

Depois de seu batismo, São Cesário passou a viver uma vida simples e penitente. Pregou a Palavra de Deus e ajudou a muitos no conhecimento de Cristo. Tornou-se um nome importante na comunidade cristã no que diz respeito à fé, às virtudes cristãs e à caridade para com todos. Sabe-se que pouco tempo depois desta feliz experiência de vida cristã, São Cesário veio a falecer ainda muito jovem. Antes de morrer, teve condições de fazer seu testamento: deixou tudo o que possuía para os pobres.

Oração a São Cesário de Nazianzo

“Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de São Cesário de Nazianzo, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. São Cesário de Nazianzo, rogai por nós.”

Cruz Terra Santa

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Fidelidade à vocação e a paixão aos estudos de São Tomás de Aquino

EduQC

Grande figura da teologia católica, padroeiro das escolas católicas, Doutor da Igreja e presbítero dominicano. Nesse dia 28 de janeiro, celebramos a vida e os ensinamentos deste grande santo católico: São Tomás de Aquino.

por Teresa Breda - em 26/01/2021

Grande figura da teologia católica, padroeiro das escolas católicas, Doutor da Igreja e presbítero dominicano. Estas são algumas das nomeações que São Tomás de Aquino conquistou por sua sedenta e incessante busca de explicar ao mundo a filosofia e a teologia dos Mistérios de Deus. “Dá-me, Senhor, agudeza para entender, capacidade para reter, método e faculdade para aprender, sutileza para interpretar, graça e abundância para falar. Dê-me, Senhor, acerto ao começar, direção ao progredir e perfeição ao concluir”, dizia. Nesse dia 28 de janeiro, celebramos a vida e os ensinamentos deste grande santo católico.

DA PRISÃO À LIBERDADE

Sua primeira batalha foi contra a própria família que não aceitava sua inclinação à vida dominicana. Nascido em 1225 no Castelo de Roccasecca, sul do Lácio, da família dos Condes Aquino, com certo parentesco com o imperador Federico II, Tomás tinha uma natureza tímida e gentil. Por isso, o desejo de seu pai, Landolfo, era que se tornasse abade do Mosteiro de Montecassino. Entretanto, rejeitou as ordens ambiciosas do pai e identificou que sua real vocação estava junto aos frades Dominicanos.  

Nada satisfeitos com sua escolha, seus dois irmãos o prenderam em uma cela proverbial, como uma tentativa de fazê-lo desistir da ideia. Em um dado momento, enviaram uma prostituta para sua cela, o irritando profundamente, a ponto de abandonar  sua disposição pacífica por instantes para afugentá-la com uma brasa ardente. A história conta que apenas conseguiu escapar  com a ajuda de suas duas irmãs, pela janela da prisão. 

A PAIXÃO PELOS ESTUDOS E A SENSIBILIDADE À VOZ DE DEUS

Livre, dedicou-se aos estudos sobre aristotelismo sendo discípulo do Santo Alberto Magno em Colônia e lecionou em uma universidade de Paris. Após intensificar seus estudos, escreveu o hino “Pange Lingua”, cantado na solenidade de Corpus Christi, e deu início a sua grande obra para explicar a existência de Deus: “Summa theologiae”. Esta é dividida em cinco partes e apresenta a filosofia como serva da teologia, assim como a necessidade de se confiar na razão e nos sentidos. 

A paixão pelos estudos se estendeu por toda sua vida. Em 06 de dezembro de 1273 proclamou ao coirmão Reginaldo que não podia mais escrever pois “tudo o que escrevi é como palha para mim, em comparação ao que me foi revelado", e parou. Biógrafos afirmam que o fato se deu após um diálogo místico com Jesus. 

Também chamado de “Doutor Angélico”, deixou para a igreja uma síntese do pensamento católico e faleceu em 1274, com apenas 49 anos. 

EXEMPLOS DE SANTIDADE

A história e os textos deixados por São Tomás de Aquino nos convidam a compreender os Mistérios de Deus e a seguir nossa vocação, mediante aos desafios. Por isso, convidamos você a conhecer obras de santos publicadas pela Cidade Nova como fonte de inspiração para uma vida cristã cada vez mais santa.

https://www.cidadenova.org.br/

Quaresma, a grande limpeza da nossa vida interior

Fred de Noyelle / Godong

Nos despojamos de tudo aquilo que parece inútil e daquilo que encobrimos dentro de nós mesmos. Por que não aproveitar a Quaresma para fazer uma grande limpeza na sua vida?

Para Yves Boulvin, psicoterapeuta cristão, a Quaresma é uma oportunidade maravilhosa para voltar o olhar para si mesmo, para a própria vida interior, para os outros e redescobrir a Deus. A seguir, ele nos dá alguns conselhos sobre o assunto.

Como você vê a Quaresma?

Este tempo é uma grande oportunidade para trabalhar sobre si mesmo e discernir do que é preciso se libertar. “Eu vim para libertar os cativos”, garante Jesus. No entanto, vivemos apenas em semi-liberdade, presos a muitos condicionamentos. Durante a Quaresma, Cristo nos diz: “Eu vim para te libertar, você me aceita?”. A boa nova é muito grande!

Se a Quaresma não existisse, teria que ser inventada?

Sim, é um momento de fazer um inventário e uma limpeza. Livramo-nos do desnecessário, daquilo que pesa. Fazemos isso em nossas casas, nossos carros, nossos escritórios, por que não em nossas vidas?

Qual é a primeira dica para uma Quaresma frutífera?

Saia da culpa e entre em verdadeira contrição. Sentir-se culpado e apenas culpado é se julgar em um perfeccionismo moral onde você quer ser perfeito. Há até quem se alivie da culpa sentindo-se culpado: “Sou uma boa pessoa porque me sinto culpado!”. A culpa que não leva à fertilidade nos faz andar em círculos; ao contrário da contrição, esta lágrima do coração que nos atravessa ao perceber o que está errado com a nossa vida e que levará à decisão por uma mudança, sabendo que vai demorar, que é preciso paciência e verdadeira perseverança e, portanto, verdadeira humildade para ter sucesso.

O que é preciso mudar primeiro em si mesmo?

Nosso “perfeccionismo”, justamente. Somos prisioneiros de uma interpretação “moralizante” do convite de Cristo: “Sede perfeitos como o vosso Pai é perfeito”. Acreditamos que podemos ser perfeitos como Deus, e no agora. Fizemos de um objetivo a ser alcançado uma obrigação imediata. E como não somos capazes de ser perfeitos no hoje, nos sentimos culpados, não nos amamos, nos criticamos, e nos desesperamos. Admito que não sou perfeita e nunca serei. Mas decido ir de imperfeição em imperfeição, aceitando-as cada vez mais no amor de Deus. Não há perfeição, exceto na imperfeição perfeitamente aceita. Jesus nunca acusou um pecador, mas condenou os orgulhosos fariseus que se colocavam acima dos outros.

Por que temos tanto medo da Quaresma?

Trazemos em torno da Igreja um legado de medos, muitos dos quais ainda não emergiram: medo de um Deus juiz, do inferno, do castigo… E então, temos medo de mudar hábitos. As velhas rotinas nos tranquilizam; elas até geram em nós um efeito de consolação. A Quaresma oferece a oportunidade de nos questionar sobre esses hábitos.

Por exemplo?

Quais são os comportamentos prejudiciais que tenho tido há muito tempo no meu estilo de vida: vou para a cama tarde demais, como irregularmente enquanto mordisco a toda hora, não faço exercícios, entre outros. Como posso imaginar uma mudança que seja gradual, que não seja muito frustrante e que seja adequada com o meu dia a dia? O que eu gostaria de mudar em minhas relações com os outros? O hábito de evitar confrontos; o caráter muito submisso, muito gentil ou muito rebelde; a tendência de caluniar, criticar, de desconfiança perpétua… Aceitemos sem nos justificar, sem nos sentir culpados, enfrentar as inclinações das quais gostaríamos de nos livrar. Me deixo aprisionar por esse hábito e sofro com isso? Então preciso buscar não me deixar dominar pela culpa, não adianta. Decidir mudar algo e manter minha decisão dia após dia. Não esquecendo que uma resolução deve ser assumida diariamente, aceitando erros, valorizando o progresso, incentivando-se a cada dia.

Podemos assim buscar o axioma observação-ação-reação para uma conversão autêntica?

Sim. Um dos principais obstáculos para melhorar nossa vida é justamente admitir que temos dificuldades, conflitos internos, mas paramos comumente na observação. Isso não leva a nenhuma mudança, nenhuma “conversão”. Dizemos a nós mesmos: “Não é na minha idade que vou mudar!”; “Eu sou assim”; “Jamais farei isso”. Porém, como há um necessário abandono dos acontecimentos para os quais nada posso mudar, há também uma reação necessária para ter que expulsar a passividade, a inércia, a recusa em questionar a si mesmo, que nos paralisa.

Os conflitos internos que nos enchem de pensamentos dependem especialmente de mim mesmo: eles só existem porque eu os alimento. Mesmo que eu acredite que sou infeliz pelo que aconteceu com determinada pessoa, na verdade, sou eu quem cultiva o sofrimento. Em primeiro lugar, tenho de ver com humildade como contribuo para a minha infelicidade: entendo que sou o autor do que sinto. Não sou responsável pela parte dos outros, mas apenas pelo que faço.

Como discernir nossas verdadeiras falhas? Existem muitas defesas dentro de nós.

Um teólogo ortodoxo disse: “Você não desce ao porão sem acender a luz, senão quebra a cara”. Entrar no exame das camadas psicológicas de alguém sem a Luz de Deus é perigoso, porque muitas vezes pode gerar grande desespero. Se eu permanecer no julgamento, acusarei a mim mesmo ou a outros. E vou jogar o jogo do Acusador. Se procuro esse discernimento no amor de Deus, ele me enriquece, entendo melhor os outros, fico mais humilde e mais tolerante.

Você acredita em uma Quaresma decididamente positiva?

Estou aprendendo a ver as coisas de forma diferente! Por exemplo, eu olho para esse colega de trabalho, meu chefe, meu cônjuge, essa criança, de forma diferente. Não o vejo mais como um perseguidor, mas como um ser ferido, igual a mim. Sem dúvida, levará meses, até anos, mas não posso mais me contentar em ver a existência de meus tormentos e os danos físicos que eles causam sem modificar nada em minha vida. Agora eu realmente quero mudar e treino dia após dia para não ser mais oprimido por pensamentos negativos.

“Eu quero”… Posso realmente querer, já que nunca consigo?

Aqui está uma frase bem simples que sugiro que você escreva em um pedaço de papel que verá todos os dias: “Vou chegar lá!”. Essa frase é importante, pois serve de contrapeso às reflexões que o terapeuta ouve diariamente: “É impossível”; “Eu nunca vou conseguir” ; “Sou incapaz”. Existem em nós, portanto, frases venenosas, palavras com que nos entregamos ao sofrimento, que nós alimentamos em vez de as combater com determinação. Pare de complacência, pare com essas injunções negativas que impedem a ação de Deus. Diga a si mesmo: eu vou chegar lá!

Porém, nem tudo é possível.

Não, mas o possível, ao invés de me desvalorizar e reclamar, pode ser optar por implementar uma estratégia real de mudança. Vai demorar, vai passar por etapas, mas é possível, e vou chegar lá com a ajuda de Deus! Isso diz respeito tanto às mudanças de comportamento quanto à redução de certas compensações: alimentação, álcool, tabaco, trabalho; como mudanças profissionais, mudanças na minha vida privada, ou ao reequilíbrio da minha vida profissional, minha vida familiar e minha vida pessoal , porque um desses três planos está sobrerrepresentado.

Você acredita que é possível mudar de vida?

Com a condição de passar pela realização concreta e progressiva de uma meta que terei estabelecido para mim. Se não tenho um objetivo, não posso mudar; se eu tiver muitos objetivos, eu não tenho foco. Terei que discernir o objetivo que o Senhor me dá, considerando quem eu sou. O reequilíbrio que ele nos propõe é bastante pessoal. Quando Deus fala, sua palavra é breve: fique, aceite a mudança, aprenda a amar, vá em frente, confie, eu estou com você, persevere, ouse… Porém, na maioria das vezes, nos afogamos em uma quantidade grande de palavras e não nos limitamos a nenhuma. Outras pessoas ancoraram nelas um versículo bíblico: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” ; “Eu vim para libertar os cativos” ; “Levante-se e ande” ; “Eles colocam tudo em comum” ; “Não tenha medo, estou com você em tudo que você fizer e onde quer que você vá”.

Você costuma dizer: “Meu treinador é o Senhor”. Isso é apenas uma bricadeira?

É sério (risos)! O Senhor não está ao meu lado para me punir, mas para me ajudar, junto com os anjos e os santos, a realizar muito mais plenamente para que fui feito. Para atualizar profundamente o que sou, para mim e para os outros. Gosto da imagem do xadrez: todas as peças são igualmente importantes. O importante é que me sinto bem no meu lugar: não é melhor nem pior do que o vizinho, é meu. A comparação é um veneno mortal: ou eu me desvalorizo ​​ou me supervalorizo. Dói quando ouço estes pensamentos: “Como sou estúpido” ; “Eu sou terrível!” O problema não é saber se sou mais ou menos inteligente, mas qual é o meu tipo de inteligência – sabemos hoje que são pelo menos oito delas -, de sensibilidade e de memória, que será utilizada para frutificar os dons que Deus colocou em mim.

No final de uma conferência uma pessoa me fez a seguinte pergunta: “As coisas ainda estão muito piores do que melhores no mundo, não é? Eu disse: “Você provavelmente pode dizer isso!”. Mas também podemos dizer: em vez de resmungar contra as nuvens, podemos maravilhar-nos de ter olhos que as vêem; em vez de protestar contra o que está errado com nosso corpo, podemos agradecer por essa maravilha que é o corpo e por tudo que ele nos permite realizar, etc. A atitude do pequeno filho de Deus que está em nós é olhar para o que temos e não para o que não temos, e maravilhar-se com isso.

Essa visão da vida e do mundo não depende de cada um? Podemos mudá-la?

Acredito que ela também depende da cultura familiar; da atmosfera mais ou menos positiva em que somos inseridos enquanto crianças; se fomos amados, esperados, desejados ou não; como éramos amados… Mas se depende do nascimento, depende muito também do renascimento. Como posso mudar minha visão, posso converter minha visão negativa da vida e, aos poucos, mudar minha visão sobre o que vivi para me libertar e ajudar outros? Porque exatamente onde me machuquei, posso ajudar outras pessoas. Somente alcoólatras sóbrios podem realmente ajudar os alcoólatras a abandonar o álcool.

A conversão da Quaresma seria principalmente a do olhar?

De minha parte, vou olhar com lucidez. Pode doer, posso me sentir uma bagunça, mas longe de me culpar, vou chorar pelo que perdi, nos braços de Deus. Posso descobrir então que a melhor maneira parar de sofrer pelo meu filho problemático ou meu marido que se foi é entrar em uma atitude de consciência, de arrependimento positivo. E, em vez de querer mudá-lo, primeiro vou mudar a mim mesmo, descobrindo o que em minha vida está na origem de meus próprios ferimentos.

Encontrarei a verdadeira alegria interior sempre que me aprofundar nessa noção de bagunça interna, onde não se trata de acusação, mas de entender o que realmente aconteceu. Felizes os que choram quando realmente compreendem a fonte de sua dor, pois vão descobrir a alegria!

A Quaresma é também um momento de combate?

Pode ser a luta contra a sabotagem interna que continua me trazendo de volta ao negativo. A luta contra a culpa esterilizante. Tenho muitas pessoas com TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) causado pela culpa não resolvida da infância. Não é nada fácil desalojar essas obsessões, é uma verdadeira luta! É a luta de uma criança que aprende a andar – pois o Senhor me convida a ser uma criança novamente. Em passos pequenos, às vezes cambaleantes, às vezes caindo. Dizia Santa Teresinha: “Os pequeninos dão pequenos passos”. Apenas devo começar, dando meu pequeno passo! Saber que os pais divinos estão ao meu lado, prontos para me segurar. Theresa acrescentou: “Uma criança nunca cai de uma grande altura”. Somos vulneráveis, mas quão vulnerável Deus também se fez em relação a nós! Quanto mais amamos, mais vulneráveis ​​somos. Mas ele nos ama infinitamente!

Estamos vulneráveis ​​e feridos?

Todos nós fomos feridos, machucados. Todos nós já experimentamos, em algum momento de nossa vida, uma sensação de abandono, rejeição, injustiça, traição ou humilhação quando palavras depreciativas nos fazem sentir vergonha. Essas são as nossas cinco grandes feridas: Traição, Rejeição, Abandono, Humilhação, Injustiça.

Se você tem dificuldade em estabelecer laços emocionais duradouros, em manter relações de confiança com amigos ou colegas, se passa mal com o que as pessoas te falam, se tem medo de julgamentos, se demonstra excesso de prudência nos seus compromissos, é porque você acumulou “experiências ruins” que se referem a uma dessas feridas. Portanto, temos que encontrar um lugar para conversar sobre o que doeu. Mas a próxima pergunta é: o que eu faço com minhas feridas, como posso torná-las fecundas?

Elas podem se tornar uma fonte de graça?

Sim, se eu conseguir enxertar o amor de Deus de volta em minhas feridas, em vez de fazer duas pilhas: Deus perfeito de um lado, e eu imperfeito do outro, escondendo cuidadosamente meus erros, meus pecados, meu “lado ruim”. A santidade é enxertada em uma pequena brecha. São Paulo fala de “lascas na carne”. Uma falha feliz, um espinho feliz que nos permite ser mais humildes e que nos leva à compreensão do outro, porque já não podemos julgar da mesma maneira. Em vez de sermos santos por nós mesmos, sabemos que só podemos receber a santidade de Deus. Ser cristão é permitir que Deus passe por tudo o que vivemos: luto, separação, dependências, para nos tornarmos um transeunte da luz de quem sofre ou sofreu do mesmo mal.

Transmissores de luz?

Gosto desta anedota: Existe uma mãe que vai à missa com o filho. Este detalha a arquitetura da igreja durante a liturgia e questiona sua mãe enquanto aponta o dedo para um vitral: Quem é aquele? A mãe, imersa na oração, responde: “Ele é cristão”. Cinco minutos depois, o menino aponta para outra janela: “Quem é esse?”, e recebe a mesma resposta. Depois, uma terceira vez, a mesma pergunta, a mesma resposta. Na semana seguinte, no catecismo, o líder pergunta: “O que é um cristão?” E o menino responde: “É alguém através de quem vemos a luz”. O santo não é alguém que é leve por si mesmo – alguém tão limpo que brilha, porque um vitral muitas vezes fica um pouco sujo – ele é alguém que deixa ser ultrapassado pela luz de Deus. Um pobre homem que aceitou que em toda a sua vida, todas as suas faltas fossem cruzadas por essa luz.

Essa é a sua definição de santidade?

Acredito que sim. Não é uma plenitude que damos a nós mesmos, mas um vazio, às vezes doloroso, que Deus vem preencher. Não posso me tornar um santo sozinho, levando meu ego em direção a um ideal, ficando tenso no perfeccionismo. Mas se eu consentir no vazio ao dizer sim a todos os acontecimentos da minha vida, mesmo os mais infelizes, os mais intoleráveis, então haverá uma abertura em mim, uma lacuna. Se eu tentar preencher esse buraco com minhas compensações habituais, minhas pequenas “manchas” da alma, não vou deixar tempo nem espaço para o Espírito vir ao meu encontro. Porque só o ouro da santidade de Deus pode transfigurar todas as falhas da minha vida.

Ele é um Deus que acolhe infinitamente?

Fiquei chocado ao redescobrir o mundo cristão há 35 anos, ao ver como algumas pessoas projetavam na face de Deus seus próprios problemas, o que não haviam resolvido por si mesmas, a forma como viveram a educação dada pelos pais: por que permitiu isso, por quetanto sofrimento, por que me privou de tanto? Se eu deixasse meu filho aprender a dirigir e ele se matasse no carro alguns anos depois, não “permiti” que ele se matasse, apenas “deixei” que ele fosse livre!

O Deus que conheci não é um Deus que acusa e pune. Ele é um Deus como Mons. Bienvenu, o bispo de Os miseráveis, de quem Jean Valjean acaba de roubar os talheres e que, longe de censurá-lo, oferece-lhe dois castiçais: um Deus que sempre dá mais, renovando sua confiança constantemente.

Aleteia

Cardeal Piacenza relacionou a penitência do período quaresmal à pandemia

Cardeal Piacenza | Guadium Press
No último dia 18, o Penitenciário-Mor do Tribunal da Penitenciária Apostólica, no L’Osservatore Romano, tratou do tema: a penitência em tempos de pandemia. 

Redação (23/02/2021 10:54Gaudium Press) O purpurado destacou que a epidemia aparece quando palavras como “renúncia, sacrifício e penitência parecem expulsas do Léxico do Ocidente, que se tornou surdo a todas as formas de mortificação”.

Mas justamente agora, a propagação do coronavírus forçou os homens a inúmeras renúncias.

A mídia, em tempo de pandemia, veicula três mensagens: denuncia um perigo iminente, enfatiza responsabilidades pessoais e indica um horizonte futuro em que tudo será resolvido da melhor maneira. “Em parte, essas sempre foram as coordenadas da penitência cristã”, enfatiza o purpurado, uma penitência que na Quaresma é proposta a todos.

No mundo há sempre um perigo iminente: o espírito do mal, diante do qual os cristãos são chamados a “armarem-se” com penitência.

E o horizonte positivo, o ponto final em que tudo termina bem, é “a vitória conquistada pela Cruz de Cristo”, e da qual todos são chamados a compartilhar. E há um fim nessa batalha que é “representado pelo ‘número sagrado’ dos 40 dias [da Quaresma], um tempo de verdadeira conversão e salvação”.

A Igreja sempre considerou a penitência como uma “verdadeira e própria virtude, dada e animada pelo Espírito Santo”, e mediante a qual “o homem se abre para a grande vitória de Cristo”, escreveu o purpurado.

E através da penitência, a pessoa aprende a abandonar-se em Cristo, e aceita sofrer com Ele, assumindo as consequências de seu próprio pecado e “oferecendo uma justa reparação”.

Com informações CNA

https://gaudiumpress.org/

Gallagher: desarmamento não é objetivo opcional, mas imperativo ético

Conferência sobre o desarmamento  (©oneinchpunch -
stock.adobe.com)

“Não acreditar na falsa lógica da ligação: armas-segurança”. Na mensagem em vídeo o Secretário para as Relações com os Estados dirigiu-se à reunião de alto nível da Conferência sobre Desarmamento de 2021 em Genebra, Dom Gallagher conclui afirmando: "Ninguém está seguro, até que todos estejam seguros".

Debora Donnini – Vatican News

A importância do desarmamento é evidente no que se refere a armas nucleares, biológicas e químicas, mas "aplica-se igualmente à crescente competição militar no espaço e nos campos do cyberespaço e da inteligência artificial, assim como sistemas de armas autônomas letais". Esta observação é central no discurso do Arcebispo Paul Richard Gallagher, Secretário de Relações com os Estados, na reunião de alto nível da Conferência sobre Desarmamento de 2021, em Genebra. O olhar da Santa Sé abraça, portanto, toda a questão do armamento e aponta para o objetivo que responde ao que está entre os desejos mais profundos do coração humano, que é viver em paz, segurança, estabilidade, enquanto - observa o prelado - "o atual clima de desconfiança mútua e a erosão do multilateralismo dificulta os esforços" nessa direção. O representante do Vaticano também se preocupa com "o tráfico ilícito de armas pequenas e leves, bem como de armas explosivas, especialmente em áreas povoadas, que se tornaram cada vez menos "convencionais" e cada vez mais "armas de destruição em massa", causando o caos nas cidades, escolas, hospitais, locais de culto e infra-estrutura básica.

Na mensagem em vídeo, Dom Gallagher transmite primeiramente as saudações cordiais do Papa Francisco e sua esperança "de que esta Conferência possa superar rapidamente os impasses através de um renovado sentido de urgência e co-responsabilidade".

Transcendendo os interesses individuais em favor do bem comum

Diante, portanto, do panoramado por de enormes desafios que a comunidade internacional deve enfrentar hoje, "o desarmamento - sublinha o prelado - não pode mais ser considerado um objetivo opcional". É um imperativo ético". Portanto, "a Santa Sé encoraja esta Conferência a adotar uma renovada convicção de urgência e compromisso para alcançar acordos concretos e duradouros em prol da paz e da fraternidade". Algumas questões, afirma, deveriam "superar o consenso, transcendendo interesses e agendas individuais". E, observa, poderia ser também amanhã. "É essencial", ele ainda destaca, que esta Conferência reconheça que algumas questões devem transcender "interesses individuais" em virtude de sua contribuição para o bem comum.

A falsa lógica da ligação: armas-segurança

Um dos pontos centrais do discurso do Secretário de Relações com os Estados é precisamente o de observar que "desarmamento, desenvolvimento e paz" são "três questões interdependentes". "Os enormes gastos militares, muito além do que é necessário para assegurar a legítima defesa", observou ele, "fomentam o círculo vicioso de uma corrida armamentista aparentemente interminável", que impede que questões como pobreza, injustiça, saúde e educação sejam abordadas. Ligar a segurança nacional à acumulação de armas é, portanto, "uma falsa 'lógica' e continua sendo um escândalo que facilita a desproporção "entre os recursos em dinheiro e inteligência dedicados ao serviço da morte e os recursos dedicados ao serviço da vida".

Sinais e perspectivas encorajadoras

Alguns sinais encorajadores podem ser vistos, como a entrada em vigor do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPNW) e a recente extensão de cinco anos do Novo Tratado Estratégico de Redução de Armas (New START) entre os Estados Unidos e a Rússia. Um mundo livre de armas nucleares é "possível e necessário", reitera Dom Gallagher. Uma convicção reforçada pela entrada em vigor do TNP e que também está incorporada no espírito do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), e em particular no Artigo VI, que é uma obrigação legal que vincula todos os Estados. Neste sentido, destaca o prelado, a Santa Sé aguarda com expectativa a próxima Conferência de Revisão dos Estados do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, esperando que "resulte em ações concretas" para alcançar o mais rápido possível medidas eficazes na direção do desarmamento nuclear.

Confiar e verificar

Concretamente, a Santa Sé oferece duas propostas. Primeiramente incentiva, indica Dom Gallagher, a Conferência sobre Desarmamento "a se engajar em um estudo especializado sobre a questão da verificação, que poderia informar possíveis negociações futuras sobre desarmamento e controle de armas". Neste sentido, as oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias poderiam ser usadas para melhorar uma atuação confiável. Um trabalho que, além de ser uma medida de confiança muito valiosa, é um componente chave para garantir a eficácia dos tratados sob o conhecido adágio "confiar e verificar". Por outro lado, observa-se que "a retomada de uma discussão formal sobre limitações de armas e desarmamento geral e completo, sob sistemas eficazes de monitoramento e verificação, seria extremamente benéfica para o trabalho desta Conferência". Isto é ainda mais verdadeiro se levarmos em consideração as principais ameaças à paz e à segurança como, por exemplo, "terrorismo, conflitos assimétricos, segurança informática, problemas ambientais, pobreza". O que é necessário, aponta o prelado, é "uma colaboração mais coesa e responsável" como demonstrou dramaticamente a pandemia de Covid-19. E, como o Papa Francisco já observou várias vezes, Dom Gallagher afirma: só poderemos superar a crise atual se trabalharmos juntos, como uma família humana unida. Ninguém está seguro até que todos estejam seguros.

Vatican News

São Sérgio

S. Sérgio | ArqSP
Sérgio, mártir da Cesarea, na Capadócia, por muito pouco não se manteve totalmente ignorado na história do cristianismo. Nada foi escrito sobre ele nos registros gregos e bizantinos da Igreja dos primeiros tempos. Entretanto, ele passou a ter popularidade no Ocidente, graças a uma página latina, datada da época do imperador romano Diocleciano, onde se descreve todo seu martírio e o lugar onde foi sepultado.

O texto diz que no ano 304, vigorava a mais violenta perseguição já decretada contra os cristãos, ordenada pelo imperador Diocleciano. Todos os governadores dos domínios romanos, sob pena do confisco dos bens da família e de morte, tinham de executá-la. Entretanto alguns, já simpatizantes dos cristãos, tentavam em algum momento amenizar as investidas. Não era assim que agia Sapricio, um homem bajulador, oportunista e cruel que administrava a Armênia e a Capadócia, atual Turquia.

A narrativa seguiu dizendo que durante as celebrações anuais em honra do deus Júpiter, Sapricio, estava na cidade de Cesarea da Capadócia, junto com um importante senador romano. Num gesto de extrema lealdade, ordenou que todos os cristãos da cidade fossem levados para diante do templo pagão, onde seriam prestadas as homenagens àquele deus, considerado o mais poderoso de todos, pelos pagãos. Caso não comparecessem e fossem denunciados seriam presos e condenados à morte.

Poucos conseguiram fugir, a maioria foi ao local indicado, que ficou tomado pela multidão de cristãos, à qual se juntou Sérgio. Ele era um velho magistrado, que há muito tempo havia abandonado a lucrativa profissão para se retirar à vida monástica, no deserto. Foi para Cesarea, seguindo um forte impulso interior, pois ninguém o havia denunciado, o povo da cidade não se lembrava mais dele, podia continuar na sua vida de reclusão consagrada, rezando pelos irmãos expostos aos martírios. A sua chegada causou grande surpresa e euforia, os cristãos desviaram toda a atenção para o respeitado monge, gerando confusão. O sacerdote pagão que preparava o culto ficou irado. Precisava fazer com que todos participassem do culto à Júpiter, o qual, segundo ele, estava insatisfeito e não atendia as necessidades do povo. Desta forma, o imperador seria informado pelo seu senador e o cargo de governador continuaria com Sapricio. Mas, a presença do monge produziu o efeito surpreendente de apagar os fogos preparados para os sacrifícios. Os pagãos atribuíram imediatamente a causa do estranho fenômeno aos cristãos, que com suas recusas haviam irritado ainda mais o seu deus.

Sérgio, então se colocou à frente e explicou que a razão da impotência dos deuses pagãos era que estavam ocupando um lugar indevido e que só existia um único e verdadeiro Deus onipotente, o venerado pelos cristãos. Imediatamente foi preso, conduzido diante do governador, que o obrigou a prestar o culto à Júpiter. Sérgio não renegou a Fé, por isto morreu decapitado naquele mesmo instante. Era o dia 24 de fevereiro. O corpo do mártir, recolhido pelos cristãos, foi sepultado na casa de uma senhora muito religiosa. De lá as relíquias foram transportadas para a cidade andaluza de Ubeda, na Espanha.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br
Aruidiocese de São Paulo

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

A transitoriedade das coisas

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por Prof. Felipe Aquino

Uma das reflexões mais profundas que podemos fazer é sobre a efemeridade de todas as coisas que envolvem nossa existência. Deus dispôs tudo de modo que nada fosse sem fim aqui nesta vida. Qual seria o desígnio de Deus nisso?

Cada dia de nossa vida temos de renovar uma série de procedimentos: dormir, tomar banho, alimentar-nos, etc. Tudo é precário, nada é duradouro, tudo deve ser repetido todos os dias. A própria manutenção da vida depende do bater interminável do coração e do respirar contínuo dos pulmões. Todo o organismo repete sem cessar suas operações para a vida se manter. Tudo é transitório (…) nada eterno. Toda criança se tornará um dia adulta e, depois, idosa. Toda flor que se abre logo estará murcha. Todo dia que nasce logo se esvai (…) e assim tudo passa, tudo é transitório, Por que será? Qual a razão de nada ser duradouro? Compra-se uma camisa nova, e logo já está surrada; compra-se um carro novo, e logo ele estará bastante rodado e vencido por novos modelos (…), e assim por diante.

A razão inexorável dessa precariedade das coisas também está nos planos de Deus. Por mais durável que seja um objeto, depois de algum tempo estará velho ou obsoleto, a marca da vida é a renovação. Tudo nasce, cresce, vive, amadurece e morre.

A razão profunda dessa realidade tão transitória é a lição cotidiana que Deus nos quer dar de que esta vida é apenas uma passagem, um aperfeiçoamento, em busca de uma vida duradoura, eterna, perene.

Em cada flor que murcha e em cada homem que falece, sinto Deus nos dizer: “Não se prendam a esta vida transitória. Preparem-se para aquela que é eterna, quando tudo será duradouro, e nada precisará ser renovado dia a dia”.

E isto mostra-nos também que a vida está em nós, mas não é nossa. Quando vemos uma bela rosa murchar, é como se ela estivesse nos dizendo que a beleza está nela, mas não lhe pertence.

Certa vez, um sacerdote cansado me dizia que desejava ir logo para Deus, viver uma vida mais estável; então não precisaria tomar banho todos os dias nem usar desodorante para não ficar com o corpo malcheiroso. Aquele sacerdote já estava cansado da transitoriedade da vida e já ansiava pela vida permanente.

Com a precariedade da vida e de tudo o que nos cerca, Deus nos ensina, diária e constantemente, que tudo passa e que não adianta querermos construir o céu aqui nesta terra.

Ainda assim, mesmo com essa lição permanente que Deus nos dá, muitos de nós somos levados a viver como aquele homem rico da parábola narrada por Jesus. Ele abarrotou seus celeiros de víveres e disse à sua alma: “Descansa, come, bebe e regala-te” (Lc 12,19b); ao que Deus lhe disse: “Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma” (Lc 12,20a).

A efemeridade das coisas é a maneira mais prática e constante que Deus encontrou para nos dizer a cada momento que aquilo que não passa, que não se esvai, que não morre, é aquilo de bom que fazemos para nós mesmos e, principalmente, para os outros. Os talentos multiplicados no dia a dia, a perfeição da alma buscada na longa caminhada de uma vida de meditação, de oração, de piedade, essas são as coisas que não passam, que o vento do tempo não leva e que, finalmente, nos abrirão as portas da vida eterna e definitiva, quando “Deus será tudo em todos” (cf. 1Cor 15,28b).

A transitoriedade de tudo o que está sob os nossos olhos deve nos convencer de que só viveremos bem esta vida, se a vivermos para os outros e para Deus.

São João Bosco dizia que “Deus nos fez para os outros”.

Só o amor; a caridade, o oposto do egoísmo, pode nos levar a compreender a verdadeira dimensão da vida e a necessidade da efemeridade terrena.

Se a vida na terra fosse incorruptível, muitos de nós jamais pensaríamos em Deus e no céu. Acontece que Ele tem para nós algo mais excelente, aquela vida que levou São Paulo a exclamar:

“Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Cor 2,9).

A corruptibilidade das coisas da vida deve nos convencer de que Deus quer para nós uma vida muito melhor do que esta – uma vida junto d’Ele. E, para tal, Ele não quer que nos acostumemos com esta, mas que busquemos a outra, onde não haverá mais sol porque o próprio Deus será a luz, e não haverá mais choro nem lágrimas.

Aqueles que não creem na eternidade jamais se conformarão com a precariedade desta vida terrena, pois sempre sonharão com a construção do céu nesta terra.

Para os que creem, a efemeridade tem sentido: a vida não será tirada, mas transformada; o “corpo corruptível se revestirá da incorruptibilidade” em Jesus Cristo (cf 1Cor 15,54).

Prof. Felipe Aquino

Editora Cléofas

Por que praticamos o ascetismo na Quaresma?

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por Michael Rennier

O ascetismo é uma prática antiga, que nos torna pessoas melhores e mais apaixonadas por Deus.

Estamos agora no período da Quaresma, fazendo nossos pequenos sacrifícios e nos preparando para a Páscoa. Trata-se de prática antiga, conhecida como ascetismo.

Alguns dos santos que conhecemos e amamos eram altamente ascetas. Eles levavam a prática a extremos quase inimagináveis. São Simeão, por exemplo, passou 37 anos sentado no topo de um pilar. Já São Jerônimo golpeava seu peito com pedras. São Tomás Becket usava uma vestimenta áspera que irritava constantemente sua pele. E eu? Bom eu estou apenas tentando rezar um pouco mais e comer um pouco menos durante a Quaresma. De fato, não sou um grande asceta.

São Francisco e o ascetismo

O maior dos ascetas, com certeza, foi São Francisco de Assis. Ele se recusava a comprar para si mesmo uma única peça de roupa. Vestia um velho manto marrom que estava tão remendado com retalhos de tecido doados que não sobrou nenhum material original nele. Ele nunca usou sapatos. Além disso, ficava sem comer por longos períodos de tempo. Quando comia, era apenas sobras que implorava aos transeuntes.

Todos os anos, os católicos são encorajados durante a Quaresma a seguir a deixa de Francisco e fazer mais com menos. Não é apenas um hábito católico. Livros populares e programas de televisão sobre minimalismo pregam maior simplicidade. Quando se trata de luxos, há, é claro, também o fator limitante de nossa pontuação de crédito e receita. Somos limitados pela economia básica e aprendemos a deixar certos sonhos de lado como luxos inatingíveis. Você e eu provavelmente não teremos nossas próprias equipes esportivas profissionais ou ilhas particulares. Nós nos adaptamos ao que temos, contamos nossas bênçãos e aprendemos a ser felizes.

Ser feliz com pouco

Muitas vezes me pergunto sobre o por quê das pessoas que têm menos parecerem ser tão satisfeitas com suas vidas quanto as que têm mais. De fato, aqueles que têm mais parecem ser os mais infelizes entre nós. Talvez porque nunca tenham aprendido o valor do ascetismo. É contra-intuitivo, mas as pessoas que fazem as pazes com não possuir um certo luxo sempre acabam se beneficiando emocionalmente e espiritualmente da privação.

Vou compartilhar com você um exemplo pessoal, um (muito) pequeno ato de ascetismo que me fez mais feliz. Durante toda a minha vida, eu fui uma coruja noturna. Gosto de ficar acordado até tarde lendo, pintando ou assistindo a um dos programas noturnos da televisão. Com o passar dos anos, fui percebendo que essas horas tardias eram menos voltadas para criatividade e leitura e mais voltadas para assistir televisão. Eu estava perdendo horas do meu dia. Por isso decidi acordar mais cedo e comecei a acordar às 6 da manhã. Agora, durmo mais cedo e, quando me levanto, faço uma xícara de café e leio por uma hora antes que a agitação do dia me leve.

Aprendi a amar esta hora de quietude, estou lendo mais do que nunca e estou animado para acordar todas as manhãs. Certamente, o pequeno sacrifício de acordar mais cedo do que eu queria inicialmente melhorou muito meu dia. Não me parece mais um sacrifício.

O ascetismo é restaurador

O ascetismo não tem o objetivo de nos prejudicar. Muito pelo contrário: é restaurador. O jejum não tem o objetivo de prejudicar nossos corpos e abrir mão de outros luxos não tem o objetivo de nos tornar miseráveis.

Deus não quer que fiquemos tristes e não é um sinal de nossa devoção destruir nossa saúde. Quando pensamos em São Francisco – o maior de todos os ascetas – não imaginamos um homem triste e deprimido. Pelo contrário: Francisco é famoso por sua alegria. Cada sacrifício que ele deu a Deus o tornou mais feliz.

Quando converso com meus amigos sobre os sacrifícios quaresmais que eles fazem, eles são sempre honestos sobre o quão difícil isso pode ser. Além disso, eles também expressam o quanto são gratos por terem tentado viver com menos e o quanto cresceram com o esforço. Isso ocorre porque o próprio esforço ajuda a nos libertar. Somos mais do que nossas posses físicas, do que nossos confortos materiais e nossos desejos. Entretanto, não enxergamos isso até que vivamos sem eles por um período de tempo e percebamos que não precisamos deles tanto quanto pensávamos.

Sacrifícios, alegria e amor

Acima de tudo, o ascetismo abre espaço em nossos corações para a alegria e o amor. Por que São Francisco era tão feliz? G.K. Chesterton diz que Francisco era um homem apaixonado: “Ele era um amante de Deus e era real e verdadeiramente um amante dos homens … Em tal romance não haveria contradição entre o poeta colhendo flores ao sol e suportando uma vigília gelada na neve, entre o seu louvor a todo terreno e beleza corporal e então se recusando a comer …”

Considere, então as pessoas que você ama – cônjuge, filhos, pais, amigos. Praticamos, de fato, ascetismo com cada um deles. Um casal divide espaço, reprime os desejos individuais e pensa primeiro no outro. Um pai sofre pelos filhos, vai cuidar deles a vida inteira. Vai acompanhá-los em eventos esportivos e recitais de dança, adia férias e luxos materiais. Passamos tempo cuidando de pais idosos, levando-os ao médico e examinando-os.

Damos muito de nós mesmos – tempo, energia, autonomia pessoal. Tudo isso é alegria! Ninguém contabiliza esses custos, porque os pequenos sacrifícios são mais do que compensados pela presença de quem amamos. Renunciamos a um bem menor por um bem maior. É o mesmo com os sacrifícios da Quaresma, só que o fazemos por amor a Deus. É tudo alegria!

Aleteia

Expedição da NASA leva o nome de Nossa Senhora a Marte

Nossa Senhora das Flores | Guadium Press
“O fato da invocação de Nossa Senhora das Flores ter chegado a Marte é algo muito singular, não é nada que tenhamos pensado ou imaginado”, afirmou o Irmão maior da Irmandade de Nossa Senhora das Flores.

Redação (22/02/2021 13:30, Gaudium Press) Na última quinta-feira, 18 de fevereiro, a invocação de Nossa Senhora das Flores, padroeira da cidade de Álora, em Málaga (Espanha), chegou ao planeta Marte.

Sete meses após o drone Ingenuity ter partido da Terra, o dispositivo da Nasa pousou em Marte acoplado ao robô (rover) Perseverance, que levou o nome da Mãe de Deus ao “planeta vermelho”, durante a expedição intitulada ‘Mars 2020’.

Guadium Press

Missão ‘Mars 2020’

No final de 2019, a NASA abriu uma seleção de nomes para 150 mil placas de identificação que viajariam no robô enviado a Marte. O católico Francisco José Fernández, em uma clara manifestação de sua devoção, resolveu inscrever o nome da sua invocação mariana preferida.

As placas com os nomes que foram inscritos para a Missão ‘Mars 2020’ estão inseridas em um chip elaborado em metal durável, já que se prevê que dure milhares de anos, o qual ficará no interior de Rover.

“O objetivo é que quando o robô deixe de funcionar para toda a eternidade, em seu interior estejam esses nomes caso alguém encontre a máquina ou se os humanos acabarem se instalando em Marte”, explicou Francisco José Fernández.

Algo até então inimaginável

Quando Fernández foi informado que o nome de Nossa Senhora das Flores havia sido selecionado para a missão em Marte, fez questão de avisar ao Irmão maior da Irmandade de Nossa Senhora das Flores, Álvaro Fernández García-Gordillo, que recebeu com surpresa a notícia.

“Fico surpreso com esta iniciativa. Sempre é um motivo de orgulho que Nossa Senhora das Flores saia da cidade, mas o fato de ir a Marte é muito singular, não é nada que tenhamos pensado ou imaginado”, afirmou o religioso. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

Bispo de Jundiaí e Scalabrinianos tomam medidas em caso de pastor que “concelebrou” Missa

Imagem: Diocese de Jundiaí

JUNDIAÍ, 23 fev. 21 / 08:39 am (ACI).- O Bispo de Jundiaí, Dom Vicente Costa, e o Superior Regional da Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos) adotaram medidas no caso do padre que permitiu que um pastor “concelebrasse” a Missa, entre as quais está o afastamento do sacerdote do ofício de pároco.

O caso ocorreu durante a Missa de Quarta-feira de Cinzas, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, a qual é confiada à Congregação dos Missionários de São Carlos. A celebração foi presidida por Padre José Carlos Perroni e contou com a presença do Pastor Francisco Leite, da igreja presbiteriana Unida do Brasil.

Um vídeo que ganhou grande alcance nas redes sociais mostra partes da Santa Missa em que o pastor aparece lendo um trecho da Oração Eucarística e elevando a Sagrada Eucaristia durante a oração do Cordeiro. Além disso, após o sacerdote comungar, também o pastor consome a hóstia consagrada.

À ACI Digital, Dom Vicente Costa contou que teve conhecimento do ocorrido na quinta-feira e, já na sexta-feira, se reuniu com o provincial dos Scalabrinianos que foi de São Paulo a Jundiaí. Assim, como assinalou nota de esclarecimento publicada pela Diocese de Jundiaí, acharam “oportuno, em comum acordo”, o afastamento de Pe. José Carlos “do ofício de Pároco”.

Além disso, em nota, o Bispo informou que, “conforme a vigente legislação da Igreja em situações como esta, enviamos o ocorrido à Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, a fim de que nos seja indicado qual o caminho a seguir”.

“Como Bispo - afirma Dom Vicente - não podia deixar de levar à Congregação para Doutrina da Fé (em Roma)”; e ressaltou que a remoção do sacerdote do cargo de pároco se deu “em comum acordo” com o provincial, que considerou que seria “bom que o padre se afastasse de Jundiaí” tanto para o próprio presbítero quanto para a comunidade.

Na mesma nota, foi informado que o sacerdote Scalabriniano Giuseppe Bortolato foi nomeado administrador paroquial. Nesse sentido, o porta-voz da Diocese de Jundiaí, Pe. Milton Rogério Vicente, disse à ACI Digital que a nota de esclarecimento foi lida em todas as Missas na Paróquia Sagrado Coração de Jesus e que a comunidade acolheu bem o novo sacerdote.

“Entenderam que foi uma decisão da Igreja Mãe e Mestra e que, assim, estão em boas mãos”, disse o porta-voz, acrescentando que “os fiéis têm acompanhado o caso em oração”.

A seguir, a íntegra da nota da Diocese de Jundiaí:

“Irmãos, no caso de alguém ser surpreendido numa falta (…), corrigi-o, em espírito de mansidão” (Gl 6,1).

Diante do fato ocorrido na Quarta-feira de Cinzas, 17 de fevereiro pp., na Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus, Bairro Colônia, cidade de Jundiaí – SP, quando o Pároco, Revmo. Padre José Carlos Pedrini, CS, celebrou a Santa Eucaristia com a participação ativa de um ministro não pertencente à Igreja Católica – fato este não permitido pelas normas de nossa Igreja –, queremos esclarecer aos fiéis quanto segue:

  1. Lamentamos sinceramente o acontecimento que gerou, com razão, grande desorientação e divisão entre os fiéis. Além disso, como se não bastasse a perturbação da comunidade local, a ampla divulgação do evento pelas mídias digitais tem causado reações muito diversas e completamente opostas, acentuando ainda mais a ferida infligida à unidade eclesial, que encontra justamente na Santa Eucaristia a sua fonte e o fundamento último de sua unidade na mesma fé, esperança e caridade. 
  2. Acreditamos que o referido Presbítero, conhecido por sua dedicação e generosidade, particularmente aos pobres e aos migrantes, não tenha agido de má-fé. Uma inadequada compreensão das iniciativas relacionadas ao sempre louvável diálogo ecumênico talvez esteja na base de seu impulso. Importa salientar, portanto, que sua ação parece não derivar da consciência expressa de querer desobedecer às normas da Igreja Católica ou ferir a sacralidade da Santíssima Eucaristia. 
  3. Continuamos a acreditar firmemente no diálogo ecumênico sadio e autêntico com outras comunidades cristãs, tão defendido pelo Concílio Vaticano II e pelos pronunciamentos dos últimos Papas, a fim de podermos atender à prece de nosso Senhor Jesus Cristo: “Que todos sejam um” (Jo 17,21). E renovamos nossos sentimentos de fraterna estima pela Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, que, na pessoa de um de seus pastores, malgrado seu, se viu envolvida numa situação que nos é tão sensível. 
  4. Conforme a vigente legislação da Igreja em situações como esta, enviamos o ocorrido à Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, a fim de que nos seja indicado qual o caminho a seguir. Neste tempo, achamos oportuno, em comum acordo com o Superior Regional da Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos), que o Revmo. Padre José Carlos Pedrini, SC, seja afastado do ofício de Pároco. E no seu lugar, foi nomeado o Revmo. Padre Giuseppe Bortolato, CS, como o Administrador Paroquial da Paróquia Sagrado Coração de Jesus. 
  5. Por fim, asseguramos a todos que essas medidas foram tomadas num ambiente de diálogo fraterno entre todas as partes envolvidas, pois cremos na “fraternidade e diálogo: compromisso de amor”.

Que Cristo, nossa Paz, fortaleça nossa união, “para que do que era dividido, Ela faça uma unidade” (cf. Ef 2,14a), tornando-nos cada vez mais “um só Corpo e um só Espírito”.

Jundiaí – SP, 20 de fevereiro de 2021. 

Dom Vicente Costa
Bispo Diocesano de Jundiaí

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF