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sexta-feira, 19 de março de 2021

Francisco: São José, Santo da porta ao lado e guardião das vocações

O Papa Francisco e a Sagrada Família, México 2016
Vatican News

Intitulada «São José: o sonho da vocação», a mensagem do Papa Francisco para 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações recorda que o Pai putativo de Jesus é uma "figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós», escreve o Papa, citando um trecho da introdução da Carta Apostólica Patris corde.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Foi divulgada, nesta sexta-feira (19/03), a mensagem do Papa Francisco para o 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações que será celebrado em 25 de abril próximo, IV Domingo de Páscoa.

Intitulada «São José: o sonho da vocação», a mensagem recorda que o Pai putativo de Jesus é uma "figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós», escreve o Papa, citando um trecho da introdução da Carta Apostólica Patris corde.

"São José não sobressaía, não estava dotado de particulares carismas, não se apresentava especial aos olhos de quem se cruzava com ele. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus. Deus vê o coração e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia. É isto que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias", ressalta o Papa no texto.

“O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães: corações abertos, capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças. Disto têm necessidade o sacerdócio e a vida consagrada, particularmente nos dias de hoje, nestes tempos marcados por fragilidades e tribulações devidas também à pandemia que tem suscitado incertezas e medos sobre o futuro e o próprio sentido da vida.”

"São José vem em nossa ajuda com a sua mansidão, como Santo da porta ao lado; simultaneamente pode, com o seu forte testemunho, guiar-nos no caminho", sublinha Francisco.

O amor dá sentido à vida

"A vida de São José sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um", sublinha o Papa. "A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efêmeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer. Realmente, se perguntássemos às pessoas para traduzirem numa só palavra o sonho da sua vida, não seria difícil imaginar a resposta: «amor». É o amor que dá sentido à vida, porque revela o seu mistério. Pois só se tem a vida que se doa, só se possui de verdade a vida que se doa plenamente. A este propósito, São José tem muito a nos dizer, pois, através dos sonhos que Deus lhe inspirou, fez da sua existência um dom."

De acordo com Francisco "assim acontece na vocação: o chamado divino impele sempre a sair, a doar-se, a ir mais além. Não há fé sem risco. Neste sentido, São José constitui um ícone exemplar do acolhimento dos projetos de Deus. Que ele ajude a todos, sobretudo os jovens em discernimento, a realizar os sonhos que Deus tem para cada um; inspire a corajosa intrepidez de dizer «sim» ao Senhor, que sempre surpreende e nunca desilude!"

Viver para servir

A segunda palavra, serviço, marca o itinerário de São José e da vocação. Segundo os Evangelhos, "ele viveu em tudo para os outros e nunca para si mesmo. O serviço, expressão concreta do dom de si mesmo, não foi para São José apenas um alto ideal, mas tornou-se regra da vida diária. Em resumo, adaptou-se às várias circunstâncias com a atitude de quem não desanima se a vida não lhe corre como queria: com a disponibilidade de quem vive para servir".

"Por isso gosto de pensar em São José, guardião de Jesus e da Igreja, como guardião das vocações. Com efeito, da própria disponibilidade em servir, deriva o seu cuidado em guardar. «Levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe»: refere o Evangelho, indicando a sua disponibilidade e dedicação à família. Este cuidado atento e solícito é o sinal duma vocação realizada. É o testemunho duma vida tocada pelo amor de Deus", ressalta o Papa.

A fidelidade é o segredo da alegria

O terceiro aspecto que atravessa a vida de São José e a vocação cristã, cadenciando o seu dia a dia é a fidelidade. "Como se alimenta esta fidelidade? À luz da fidelidade de Deus", frisa o Pontífice. "Esta fidelidade é o segredo da alegria. Como diz um hino litúrgico, na casa de Nazaré reinava «uma alegria cristalina». Era a alegria diária e transparente da simplicidade, a alegria que sente quem guarda o que conta: a proximidade fiel a Deus e ao próximo."

"Como seria belo se a mesma atmosfera simples e radiante, sóbria e esperançosa, permeasse os nossos seminários, os nossos institutos religiosos, as nossas residências paroquiais!", sublinha Francisco, desejando esta alegria a todos os que fizeram "de Deus o sonho da vida, para O servir nos irmãos e irmãs que lhes foram confiados, através duma fidelidade que em si mesma já é testemunho, numa época marcada por escolhas passageiras e emoções que desaparecem sem gerar a alegria". "Que São José, guardião das vocações, os acompanhe com coração de pai", conclui o Papa.

Vatican News

Ano da Família Amoris Laetitia: O testemunho de vida de uma família católica numerosa

Família de Ana Braga / Foto: Cortesia Ana Braga
por Natália Zimbrão

REDAÇÃO CENTRAL, 19 mar. 21 / 09:00 am (ACI).- Tem início neste dia 19 de março e segue até 26 de junho de 2022 o Ano da Família Amoris Laetitia, convocado pelo Vaticano por ocasião quinto aniversário da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia. Para marcar o começo deste ano especial, ACI Digital traz o testemunho de vida de uma família católica numerosa.

Em sua Exortação, o Papa Francisco assinala que “as famílias numerosas são uma alegria para a Igreja. Nelas, o amor manifesta a sua fecundidade generosa”.

Essa grande alegria é vivida por Ana Braga-Henebry, nascida em uma família católica numerosa no Brasil e que, seguindo o exemplo e conselho de seus pais, tem agora, nos Estados Unidos, os seus sete filhos, dos quais uma é religiosa.

A sétima dos dez filhos de Lucia e Cláudio Braga, Ana recorda com gratidão os ensinamentos que recebeu de seus pais, ainda no Rio de Janeiro. O casal, que fazia parte de um grupo de jovens católicos nos anos 1950, “estudava e seguia a sua fé católica”.

Em seu matrimônio, Lucia e Cláudio “tinham insistido em missa nupcial e comunhão, o que era raro naquela época”. Para Ana, a celebração do casamento de seus pais “marcou o tom para o resto de sua vida de casados: o que foi importante para eles naquela manhã feliz—o sacramento e a simplicidade—continuou sendo importante para eles a vida inteira”.

Como lembra, ela e os irmãos cresceram em um “ambiente de fé, de oração, de amor e dedicação”. Da infância, guarda na memória os jantares ou “noites na sala”, quando a família compartilhava momentos culturais, conhecimentos. “Nos domingos, a Missa era sagrada, assim como a oração antes do jantar, toda noite, ao redor da grande mesa com bancos corridos nos dois lados. Também orávamos na hora de dormir, não somente pela nossa família, mas pelo mundo”.

Ana conta ainda que sua família teve a graça de ver nascer uma filha temporã. “Como me lembro de mamãe esperando minha irmãzinha Marta aos 46 anos de idade”, expressa. Segundo ela, “numa época em que se acreditava que a Igreja ia mudar seus ensinamentos milenares quanto aos contraceptivos artificiais, nossos pais foram testemunha eloquente e corajosa de fidelidade a Deus”.

“Mamãe me contou, quando eu já era casada, como ela e papai se ajoelharam, chorando, numa oração de gratidão a Deus, quando a encíclica Humanae Vitae foi promulgada. A linda encíclica, cujo texto é uma verdadeira carta de amor, reiterou a defesa da vida e profetizou os males que a contracepção artificial traria ao mundo”, relata.

Essa filha caçula foi uma “grande bênção” de seus pais “na idade avançada” e, depois que eles morreram, “ela ingressou numa abadia Beneditina da Baviera”, Alemanha, e hoje é conhecida como Irmã Martina.

Com o passar dos anos, após concluir a faculdade no Brasil, Ana foi fazer mestrado nos Estados Unidos, onde conheceu seu marido, Geoff. Ele logo se encantou pelos pais dela, por causa de “sua fé autêntica”.

“No início do nosso casamento, pedimos a eles bons conselhos, conselhos que usamos durante nossa vida de casados e de família. Esses nos foram preciosíssimos: seguir e confiar nos ensinamentos da Igreja, pois eles trazem paz, alegria e segurança; permanecer abertos à vida, com generosidade e confiança; viver o casamento sabendo que, na cerimônia do casamento, quando prometemos aceitar os filhos que Deus na sua generosidade nos manda, já esperamos e amamos com antecedência cada um de nossos filhos”, conta.

Ana teve sete filhos e garante que a vida da família “nunca foi fácil” e sempre viveram “com economia”. “Nunca tivemos orçamento para férias na Disney, e o fim do mês foi sempre apertado... mas meus dias com eles eram tão felizes, e o carrinho de compras no supermercado tinha sempre vários ajudantezinhos e pelo menos um bebê”, afirma.

“Andando pela vida com nossa filharada, comecei a vislumbrar quantos têm coração pesado e triste devido às opções que fizeram quanto à família, acreditando nas promessas vazias de viver no egoísmo, de falsa liberdade, sem nunca ter vivido a vida que para outros parece ‘acorrentada à casa e aos filhos’”, lamenta Ana Braga, ressaltando que, esta vida familiar, na verdade, “traz a paz e liberdade de se estar vivendo uma vocação natural, e tão realizadora espiritualmente”. 

Assim, diz ser muito grata por viver seu casamento “na paz e alegria, seguindo conselhos e exemplo” de seus pais. “Até hoje, é o que temos e damos de mais valioso aos nossos filhos”, garante e conta que vê os frutos, com os filhos “achando suas vocações, alguns começando suas famílias” e uma na vida religiosa.

Para Ana, “a vida católica na família pode reinar em todas as atividades em casa”. “Desde o começo levávamos uma vida de oração com os filhos, e toda noite nos reuníamos na sala antes da hora de dormir”, cita.

Nessas ocasiões, cada filho, “até o menorzinho, dizia para quem ou pelo quê gostaria de rezar”. “Isso trouxe muita comunicação entre a família sobre o que estava na mente e coração de cada um”, sublinha.

“As orações variavam desde uma simples dezena do terço até uma novena especifica de um tempo litúrgico. Um aspecto que os filhos sempre gostaram era o de chamar seus santos padroeiros numa ladainha dos santos ‘personalizada’ para a nossa família”, recorda.

Outras atividades que se somavam a vida de fé da família eram a participação na comunidade paroquial, a Missa diária quando possível, os sacramentos, a educação religiosa, o voluntariado nas paróquias, além de abrir “as portas para visitas de padres e freiras”.

Dessa forma, relembra que, “durante muitos anos, com as crianças crescendo em casa, assim foi nossa vida: viver cada dia o melhor que podemos, confiando e pedindo toda noite com a família que Deus nos guie, o dia a dia, os nossos planos, as nossas decisões. Isso nos deixava dormir cada noite na paz que realmente descansa”.

“Hoje em dia, com nossa caçula já longe, na vida universitária, e os outros encaminhados na vida, olhamos para trás e nos admiramos ao ver como Deus nos guiou e ajudou a cada esquina da vida”, observa.

Cultivando uma vida religiosa em casa

Entre os frutos da formação católica em família, Ana Braga-Henebry viu crescer a vocação à vida religiosa em uma de seus sete filhos, a Irmã Maria Perpetua O. Praem. Porém, ressalta que não se trata de um mérito familiar, pois, “uma vocação religiosa é um chamado de Deus” e, “em casa, a família pode ser um ambiente onde esse chamado é cultivado”.

“Com a graça de Deus, uma de nossas filhas entrou para a vida religiosa. Temos muita saudade dela em casa, mas também o coração cheio de alegria e orgulho pela sua opção corajosa e madura pelo claustro”, afirma.

Questionada sobre como cultivar nos filhos esse chamado de Deus, Ana indica: “Vivendo a fé em casa, através das orações, do exercício da virtude, do estudo da história da Igreja e vida dos santos, assim podemos cultivar um ambiente propício para essa resposta pessoal”.

Para ela, “os pais podem sempre incluir o sacerdócio ou a vida religiosa nas conversas sobre as possibilidades de futuras ocupações dos filhos. Abrir as portas para as visitas de padres ou freiras também é muito bom, para que os filhos tenham oportunidade de conhecê-los melhor”.

Além disso, aponta a importância do “voluntariado na paróquia”, bem como “procurar outras oportunidades em família como a adoração do Santíssimo ou a Via-Sacra”.

Por fim, deixa como mensagem às famílias as palavras de sua própria filha antes de entrar para a vida monástica: “Se eu fosse aconselhar alguém sobre como encontrar sua vocação, diria o seguinte: o chamado já está aí dentro de você, porque Deus te conheceu antes de te formar, e te criou por uma razão. Portanto, dê uma olhada sincera em si mesmo, nos seus interesses e desejos, e peça a Ele para mostrar a você o que fazer com tudo isso. Ore com Santo Afonso de Ligório: ‘Senhor, faze que eu te ame sempre, e depois faze de mim o que quiseres’”.

ACI Digital

S. JOSÉ, ESPOSO DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA, PADROEIRO DA IGREJA UNIVERSAL

S. José, Mariotto di Nardo  (© Musei Vaticani)

Homem justo

A primeira definição de José, que encontramos no Evangelho de Mateus, é “homem justo”. O noivo de Maria, diante da inexplicável gravidez da sua noiva, não pensa no próprio orgulho ou na sua dignidade ferida: pelo contrário, pensa salvar Maria da malvadez das pessoas, da lapidação à qual podia ser condenada. Ele não quis repudiá-la, publicamente, mas deixá-la em segredo. Porém, naquela sua angústia compreensível e naquele sofrimento, o amor de Deus vem ao seu encontro através de um Anjo que veio aliviá-lo e a sugerir-lhe a escolha mais justa de não ter medo: “Não temas receber a Maria, tua esposa, porque o que nela está gerado é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus”.

Homem obediente

Um Anjo acompanha José nos momentos mais difíceis da sua vida; a sua atitude, diante das palavras do Mensageiro celeste, foi de confiante obediência: recebe Maria como sua esposa! E, depois do nascimento de Jesus, o Anjo volta a advertir-lhe sobre o perigo da perseguição de Herodes; então, de noite, ele fugiu com a sua família para o Egito, um país estrangeiro, onde deveria começar tudo de novo e procurar um trabalho. Mateus, no capítulo 13, fala da sua profissão de carpinteiro, quando os habitantes céticos de Nazaré se perguntam: “Não será este o filho do carpinteiro”? Assim, ele ganha a confiança dos vizinhos. E, quando o Anjo volta, mais uma vez, para avisar-lhe da morte de Herodes, convidando-o a regressar para Israel, ele tomou consigo sua mulher e seu filho e se refugiou em Nazaré, na Galileia, sob a orientação do Anjo.

Pai putativo

Sem dúvida alguma, José amou Jesus com toda a ternura que um pai tem por seu filho: tudo o que José fez foi proteger e educar o misterioso Menino, obediente e sábio, que lhe fora confiado. Educar Jesus: a imensa desconformidade de uma tarefa de dizer ao Filho de Deus o que é justo e o que é injusto. Deve ter sido difícil para ele, humanamente falando, ter que procurá-lo, com aflição, por três dias, no Templo, onde ele tinha ficado, sem avisar seus pais, para discutir com os doutores, e ter que ouvir daquele menino de doze anos: “Não sabias que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?”. Este é um tipo de perplexidade que todo pai sente quando percebe que seus filhos não lhes pertencem e que o destino deles está nas mãos de Deus.

Protetor dos moribundos

José não aparece, em nenhum dos quatro Evangelhos, durante a vida pública de Jesus, nem no Calvário ou no momento da Ressurreição. Por isso, deduz-se que tenha morrido antes que Jesus iniciasse a sua pregação. Segundo a tradição, José teria morrido circundado por Jesus e Maria. Por este motivo é invocado também como protetor dos moribundos, uma vez que todos nós gostaríamos de deixar esta terra tendo ao nosso lado Jesus e sua Mãe.

Vatican News

quinta-feira, 18 de março de 2021

Por que Deus escolheu São José para ser o pai adotivo de Jesus?

Shutterstock
por Mário Scandiuzzi

Realmente não poderia ser outro o escolhido!

São José foi escolhido por Deus para ser o pai adotivo de Jesus. E podemos entender o porquê dessa escolha se olharmos atentamente a Bíblia.

O evangelho de São Mateus narra que, ainda sem entender os acontecimentos e a gravidez de Maria, José pensou em abandoná-la. Porém um anjo apareceu-lhe em sonho e disse:

“José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mateus 1, 20-21).

A partir deste momento, São José assumiu a responsabilidade de cuidar de Jesus e também de Maria. E Deus não o abandonou nesta missão.

São José e o anjo

O anjo novamente apareceu em sonho dizendo que ele deveria fugir para o Egito, levando o menino e sua mãe. Só retornaram de lá quando foi avisado pelo anjo (Mateus 2, 13-23).

Quando Jesus tinha 12 anos, seus pais foram à Jerusalém para a festa da Páscoa, como era o costume. No caminho de volta, não encontraram o menino e juntos retornaram a Jerusalém. Aí, o encontraram no templo (Lucas 2, 41-52).

A partir desta passagem, não temos mais citações sobre São José nos evangelhos.

Homem justo e temente a Deus

Mas o que temos nos mostra uma pessoa justa, temente a Deus e que abraçou sua missão.
Não há registro de uma palavra sequer que tenha sido dita por ele nos evangelhos. Entretanto, seu exemplo de fé é de entrega à vontade de Deus nos ensina muito.

Por exemplo: ele exerceu a função de carpinteiro e mostrou a dignidade do trabalho. Entregou-se totalmente ao plano de Deus e é o protetor das famílias e patrono da Igreja.

Portanto, que a exemplo de São José possamos ser dóceis à Palavra e à vontade de Deus.

São José, rogai por nós!

Aleteia

O Catecismo não deve ser instrumentalizado, diz perito alemão

A mão da estátua de São Pedro na Praça de São Pedro,
retratada em 28 de fevereiro de 2013. /
Crédito: Mazur/catholicnews.org.uk

REDAÇÃO CENTRAL, 18 mar. 21 / 12:30 pm (ACI).- "O Catecismo não deve ser instrumentalizado para encurtar a discussão teológica e evitar a ação decisiva do magistério". Essa é a convicção de Stephan Kampowski, professor de antropologia filosófica no Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para o Casamento e Ciências familiares em Roma. O acadêmico de origem alemã também é professor convidado na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade de São Tomás (Angelicum), em Roma e em entrevista publicada pela CNA Deutsch, a agência de notícias em língua alemã da CNA, ele reflete sobre os recentes pedidos de mudanças no Catecismo da Igreja Católica.

Abaixo disponibilizamos a íntegra do colóquio entre o Professor Kanpowski e o grupo ACI:

Professor Kampowski, o Catecismo da Igreja Católica foi aprovado em 1992 pelo Papa João Paulo II, quem afirmou: "este Catecismo trará um contributo muito importante àquela obra de renovação da vida eclesial inteira, querida e iniciada pelo Concílio Vaticano II? De acordo com o sr. em que aspectos o Catecismo foi exitoso e em que aspectos não?

O Catecismo da Igreja Católica é um marco para a proclamação da fé. Com sua aprovação, São João Paulo II fez um incrível serviço à Igreja. Quem quiser saber o que pensa a Igreja, agora pode fazê-lo facilmente. Os membros da comissão de redação não tentaram apresentar suas próprias opiniões e, em seguida, torná-las normativas para toda a Igreja. Pelo contrário, eles fizeram um excelente trabalho de compilação de fontes, a partir das riquezas das Escrituras, dos Padres orientais e ocidentais, dos Conselhos e dos Doutores da Igreja. O Catecismo é também uma expressão da opção preferencial da Igreja pelos pobres e os fracos, na qual leva aos fiéis mais simples acesso aos fundamentos da fé cristã e permite que eles diferenciem entre a especulação teológica e os fundamentos da fé na pregação que recebem de seus ministros.

Em muitos países, o Catecismo renovou a catequese. Anteriormente, o ensino catequético frequentemente privilegiava a forma sobre o conteúdo. Focava-se em como ensinar sem dar muita importância ao que deveria ser ensinado. Às vezes era como se, nas aulas de Primeira Comunhão, por exemplo, fosse mais importante que as crianças colorissem uma imagem do que entendessem qual imagem estavam colorindo. Mas ensinar sem conteúdo não é atraente. Crianças e jovens às vezes tinham que se esforçar por perceber que as lições não eram mera terapia ocupacional e sim a preparação adequada para um encontro especial com Cristo no sacramento. O Catecismo ajudou catequistas em muitos lugares a redescobrirem o conteúdo da catequese.

Assim, o Catecismo melhorou a posição dos fiéis em relação aos seus ministros, e renovou o ministério da catequese. Além disso, também ofereceu um novo impulso ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso, bem como ao diálogo com os não-crentes. Tanto protestantes como ortodoxos, assim como adeptos de outras religiões ou até não-crentes, agora podem mais facilmente distinguir entre aquilo que é a opinião de um teólogo ou um tipo muito particular de piedade, daquilo que é parte do núcleo da fé católica.

O Catecismo é um serviço à proclamação do Evangelho. Teologia e proclamação não são o mesmo. Teologia é a fé buscando compreensão. É o esforço sistemático de penetrar na fé. Portanto, por sua própria natureza e dentro de limites determinados, deixa espaço para especulações legítimas e hipóteses. Mas ela precisa de um ponto de partida, e este ponto é precisamente a fé. O depositum fidei, o depósito da fé estabelecido na proclamação, é o fundamento certeiro da atividade teológica. Especialmente para o diálogo, é imensamente útil dar ao interlocutor acesso a essas fundações e distingui-las claramente das especulações e hipóteses, por mais legítimas que estas sejam.

Em alguns países, como a Alemanha, o Catecismo foi recebido de forma bastante desfavorável. Foi criticado por não estar à altura dos estudos exegéticos na sua aproximação às Sagradas Escrituras, por não ser suficientemente ecumênico e por não suficiente importância a diferentes realidades culturais. Assim, nem todos os lugares souberam aproveitar as riquezas do texto. Em alguns países preferiram dar um lugar de destaque à abordagem de estudos religiosos em vez da proclamação. Tal abordagem se abstém de tomar uma decisão e tenta olhar para diferentes religiões, incluindo o cristianismo, partindo do ponto de vista cientificamente neutro. Ela compara as religiões entre si e sempre fala da fé de outros sem confessar a sua própria; trata de argumentos a favor e contra certas questões sem nunca se comprometer. Seu ponto de partida é a pessoa humana e suas imagens de Deus. No entanto, horas de estudos religiosos, não são uma preparação adequada para o batismo, primeira comunhão ou confirmação no sentido genuíno dos termos. Cristo, quem se encontra nesses sacramentos, não é uma hipótese, mas uma pessoa. Como hipótese, ele é bastante desinteressante, de modo que não é de admirar que em alguns lugares o desejo de receber os sacramentos esteja diminuindo e as igrejas estejam vazias. Mas parece que se aceita deliberadamente esses resultados para que se obtenha um cristianismo "iluminado", que não parte de Deus, e, portanto, não parte nem da fé nem da proclamação da fé, mas parte dos seres humanos. Entretanto, ao fazê-lo, rouba-se o cristianismo de seu conteúdo específico.

A abordagem adotada pelo Catecismo é de fato muito diferente. Parte da fé e a proclama, por exemplo, em uma afirmação como esta: "O mistério da ressurreição de Cristo é um acontecimento real, com manifestações historicamente verificadas, como atesta o Novo Testamento." Isso, é claro, mas como o texto não se expressa em termos acadêmicos, é considerado não-científico e até ingênuo em alguns lugares. No entanto, trata-se do próprio núcleo da fé cristã: a fé trata de Deus, do evento de Cristo - a Encarnação, os atos, o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus - e também de como Deus vê os seres humanos e não tanto como os seres humanos veem Deus, sendo este último, sim, a perspectiva dos estudos religiosos.

Nós sabemos que o Catecismo é uma "exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja", como escreveu o Papa João Paulo II na (Constituição Apostólica) FIDEI DEPOSITUM. Qual é o papel dessa exposição na vida de um cristão católico hoje, ou mais precisamente, qual o papel que ela deveria desempenhar?

O Catecismo da Igreja Católica tem quatro pilares: o Credo, a Liturgia com seus sacramentos, a vida moral e a oração. Aliás, o Catecismo adotou esta divisão do "Catecismo Romano" (Catechismo Romanus) escrito após o Conselho de Trento. A divisão parece ser coerente em si mesma e justificada pelo assunto. O Credo trata do que Deus nos revelou sobre si mesmo. A plenitude da revelação é dada no evento de Cristo. Este evento é comunicado a nós hoje através dos sacramentos e da liturgia. Tem implicações concretas para nossas vidas. As ações dos cristãos são agora respostas ao abundante dom de graça que receberam do Senhor, e os Dez Mandamentos são uma luz no caminho. A oração, louvando o Pai e humildemente pedindo nosso pão diário, é uma confissão de nossa constante dependência de Deus e uma expressão de nossa confiança filial. A lembrança e a confissão do depósito de fé, que é essencialmente sobre os atos históricos salvíficos de Deus, a liturgia em geral e com seus sacramentos em particular, os Dez Mandamentos e a vida na graça, bem como a oração: todas essas estruturas a vida cristã como um todo. Uma exposição sistemática desses quatro pilares é um verdadeiro dom, e nós devemos acolher este dom com gratidão.

O papel e a tarefa do Catecismo mudam, por exemplo, diante das decisões de um sínodo ou de uma "Igreja mais sinodal"?

Uma crescente consciência da colegialidade dos bispos em todo o mundo e do fato de que todos eles estão "no caminho juntos" (sínodo = "caminhar juntos") fala inteiramente a favor do valor duradouro e crescente do Catecismo. Ele mesmo é resultado do Sínodo Extraordinário dos Bispos, realizado em 1985, por ocasião dos 20 anos que passaram desde a conclusão do Concílio Vaticano II. Os bispos reunidos desejavam um catecismo para continuar o trabalho do Concílio. Durante sua elaboração, que levou cerca de seis anos, os bispos de todo o mundo estiveram envolvidos. Como Joseph Ratzinger explica em seu livreto "Introdução ao Catecismo da Igreja Católica", escrito em conjunto com Christoph Schönborn, o primeiro rascunho foi enviado aos bispos em 1989 com um pedido de comentário. Mais de mil deles responderam, e suas sugestões de melhoria, totalizando mais de 24.000, foram então incorporadas. O Catecismo é, portanto, uma expressão extraordinária de colegialidade episcopal. Também foi concebido desde o início como base para catecismos locais e um compêndio, que poderia então responder melhor às condições culturais.

Além da questão do papel do Catecismo na vida da Igreja hoje, há também a questão de quanto ele está ou tem que estar de acordo com os tempos -- e como ele pode possivelmente ser mudado. Como isso é feito? O Papa Francisco, afinal, estabeleceu um precedente (com a modificação do artigo sobre a pena de morte).

De acordo com o testemunho de Joseph Ratzinger, que, como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, estava intensamente envolvido na edição do Catecismo na época, os membros da comissão de redação haviam tomado duas decisões fundamentais desde o início, a fim de evitar o perigo de que o Catecismo se tornasse ultrapassado logo após sua publicação. Primeiro, eles deliberadamente evitaram incorporar as últimas hipóteses teológicas e exegéticas, incluindo as suas próprias. Estas ficariam antiquadas e ultrapassados em um curto espaço de tempo. Em vez disso, eles citaram e se basearam em fontes permanentes: Sagradas Escrituras, os Padres e Doutores da Igreja, os Concílios. Em segundo lugar, eles se perguntaram se deveriam começar "indutivamente" com uma análise do presente, ao qual a fé deveria estar então relacionada, ou se, por outro lado, deveriam começar "dedutivamente" a partir da fé, apresentá-la e, em seguida, deixar que as pessoas em vários momentos e lugares chegassem às suas próprias conclusões. Eles escolheram a segunda abordagem. O que é apresentado no Catecismo é, portanto, o depositum fidei, que, em todos os tempos e lugares, é considerado o depósito certo da fé. O conteúdo do Catecismo não inclui hipóteses teológicas de curta duração ou análises sociológicas que estão em constante necessidade de adaptação aos mais recentes desenvolvimentos sociais e históricos.

No entanto, ainda pode acontecer que a autoridade eclesiástica considere apropriado reformular passagens no Catecismo. A fim de abordar adequadamente esta questão, pode ser útil brevemente para rever a história do processo de elaboração do Catecismo. Na verdade, a versão atual, como temos agora, já é uma edição revisada. O Catecismo foi originalmente elaborado em francês e depois traduzido dessa língua para outros. Em 1997, a chamada editio typica foi publicada em latim, e a partir daí tornou-se a versão referencial para todas as traduções da obra para outros idiomas. Desde o início, o plano era usar a elaboração da editio typica como uma ocasião para fazer refinamentos, verificar e, se necessário, corrigir referências de origem, e melhorar quaisquer formulações possivelmente imprecisas.

A maioria das mudanças feitas com a publicação da edição típica foram de natureza formal ou estilística. Uma modificação, no entanto, merece atenção especial. É o parágrafo 2267 sobre a pena de morte. Na edição original de 1992, esta foi uma breve passagem, exortando a autoridade estatal a recorrer aos meios que não implicassem o derramamento de sangue sempre que eles forem suficientes para garantir a ordem pública e a segurança. Então, em 1995, foi publicada a encíclica Evangelium vitae, na qual o Papa João Paulo II tomou uma posição muito mais crítica sobre a pena de morte do que havia sido expressa anteriormente no Catecismo, levantando a questão de se o Catecismo devia ou não ser revisto neste ponto. Uma vez que naquela época o editio typica ainda não havia sido publicada, uma revisão era possível sem qualquer comoção formal. A publicação do editio typica foi, portanto, tomada como uma oportunidade não só para polir formulações, mas até mesmo para inserir uma mudança bastante relevante em termos de conteúdo. A seção originalmente tinha 54 palavras em inglês e depois cresceu para 149 palavras nesta língua. Ele não só esclareceu a declaração original, mas acabou por fazer uma forte qualificação: "Como consequência das possibilidades que o Estado tem para efetivamente prevenir o crime, ao tornar aquele que cometeu um delito incapaz de fazer mal -- sem tirar definitivamente dele a possibilidade de se redimir -- os casos em que a execução do infrator é uma necessidade absoluta 'são muito raros, se não praticamente inexistente.'" A citação é da Evangelium Vitae n. 56. Como essa mudança entrou no Catecismo? Em primeiro lugar, uma discussão teológica sobre o assunto já vinha acontecendo há muito tempo. Em segundo lugar, houve uma decisão do magistério dada pela encíclica. Só então, finalmente, o resultado foi inserido no Catecismo.

Em seu discurso no 25º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica em 11 de outubro de 2017, o Papa Francisco deu mais um passo na direção já tomada por João Paulo II. Referindo-se à "doutrina como ela desenvolveu no ensino dos papas recentes", e à "mudança na consciência do povo cristão", ele falou sobre a necessidade de abordar a questão da pena de morte ainda mais adequadamente. Foi necessário "reafirmar que, não importa a gravidade do crime que tenha sido cometido, a pena de morte é inadmissível porque é um ataque à inviolabilidade e à dignidade da pessoa". Nº 2267 do Catecismo foi então reescrito para este efeito em 2018, recebendo sua segunda grande revisão. Segundo o Papa Francisco, a nova redação não é uma contradição das declarações doutrinárias anteriores, mas um desenvolvimento harmonioso do ensino da Igreja devido a uma crescente consciência da dignidade da pessoa humana. Pode-se ver na nova formulação de n. 2267, solicitada pelo Papa Francisco, a consequência lógica da preocupação já expressa anteriormente por João Paulo II.

Em princípio, ao considerar possíveis mudanças no Catecismo, deve-se lembrar que a autoridade de suas declarações é tão grande quanto a autoridade das fontes de onde são retiradas. O Catecismo não é um documento magistral preocupado em tomar decisões sobre questões relativas à fé ou à moral. Em vez disso, estabelece aquelas coisas sobre as quais, na opinião de seus editores, a Igreja já tomou uma decisão. O que o Catecismo estabelece não tem autoridade pelo fato de constar no seu texto. Na verdade, é o contrário. Uma doutrina consta no Catecismo precisamente porque é ensinada com autoridade. O desenvolvimento, no entanto, não está excluído. Em vez disso, é de se esperar. Como o Papa Francisco escreve no discurso acima mencionado: "Aqueles que amam, desejam conhecer melhor a pessoa amada, para então descobrirem a riqueza oculta que aparece a cada dia como algo completamente novo." Como o mistério da pessoa de Jesus é inesgotável, há um desenvolvimento constante, entendido como um desdobramento e aprofundamento, da compreensão de quem ele é e do que nos diz.

O Presidente do episcopado Alemão, Dom Georg Bätzing sugeriu recentemente mudar o Catecismo sobre o tema da homossexualidade. Entretanto, foram necessários seis anos de trabalho intensivo por uma comissão competente antes do atual Catecismo ser apresentado e adotado no início da década de 1990. Uma nova comissão poderia formular uma mudança tão fundamental em diferentes termos, ou precisamos de um novo Concílio para fazê-lo?

Devemos lembrar que a tarefa do Catecismo é propor a fé. Seu propósito é proclamar a fé e não tomar decisões doutrinárias ou avançar hipóteses teológicas. É verdade que mesmo uma verdade que é considerada fundamental o suficiente para entrar na proclamação da Igreja pode, por vezes, beneficiar-se de uma formulação mais precisa. Quando se trata de verdades historicamente contingentes, pode de fato ser necessário reformular um assunto à luz de novas circunstâncias, como aconteceu com a questão da pena de morte. O desenvolvimento doutrinário significa chegar a uma compreensão mais profunda, pensar mais as coisas e, se for o caso, reformula-las mais precisamente diante de novas circunstâncias históricas, como uma mudança no significado comumente aceito de uma determinada palavra, a aquisição geral de uma nova ou mais profunda consciência ou a perda generalizada de uma velha consciência, que não pode mais ser dada como certa. Isso é uma coisa. É uma coisa completamente diferente de repente dizer o oposto do que a Igreja sempre ensinou desde os tempos apostólicos. Afinal, a pergunta a que se refere aqui não é simplesmente por substituir uma expressão que, talvez por causa dos recentes desenvolvimentos linguísticos, possa ser percebida como insensível e para a qual se quer encontrar um equivalente mais polido sem tocar no conteúdo da declaração. Não, o que está sendo colocado em questão aqui é o cerne da questão. Agora, para mim, o cerne da questão já foi suficientemente esclarecido pela autoridade do magistério da Igreja à luz das Escrituras Sagradas e da Tradição Apostólica, de modo que nem mesmo um novo concílio ecumênico poderia ter autoridade para afirmar o oposto do que a Igreja sempre ensinou.

Mas mesmo que alguém pensasse que a questão ainda não tenha sido decidida, afinal, ainda está claro que o Catecismo não pode ser o lugar a partir do qual se começaria a revisá-la. O Catecismo serve para proclamar as bases que já são consideradas teologicamente e doutrinariamente seguras. Agora, se alguém quisesse questionar a certeza de uma verdade que o Catecismo proclama como certo, teria que começar com o debate teológico, dentro do porto seguro do seminário acadêmico. Supondo que uma discussão científico-teológica tenha de fato estabelecido resultados notáveis, deve-se então apelar para o Magistério, chamando sua atenção para o fato de que o que tem sido amplamente considerado como fundamental provavelmente não seja assim, ou que deve, em todo caso, ser expresso de melhor maneira. Aquilo poderia ter dependido em maior grau em circunstâncias contingentes, históricas do que se presumiu inicialmente, ou as palavras sofreram uma mudança de significado ao longo do tempo, de modo que novas formulações devem ser buscadas. Então teria que haver uma decisão da autoridade eclesiástica da doutrina. Após uma declaração clara e firme emitida por esta autoridade, então sim, esta decisão deve ser introduzida no Catecismo, como foi feito no caso do ensino sobre a pena de morte.

Dado o significado inerente de "teologia", "magistério" e "proclamação", o caminho para uma possível modificação do Catecismo - sempre compreendido em termos de um desenvolvimento orgânico da doutrina --- deve ser este: discussão teológica, decisão do magistério, expressão catequética.

Querer mudar o Catecismo primeiro é colocar a carroça na frente dos cavalos. O Catecismo não deve ser instrumentalizado para encurtar a discussão teológica e evitar a ação decisiva do magistério.

Estamos a falar em termos gerais. Sobre o assunto (da doutrina sobre a homossexualidade), penso que há uma decisão magistral clara, de modo que iniciar uma discussão teológica sobre isso está fora de lugar. E, claro, é ainda mais descabido usar o Catecismo para abordar a questão. O Catecismo serve para proclamar a fé; fala das coisas relativas à fé e à vida cristã que são consideradas certas, certas o suficiente, por exemplo, para que uma pessoa que não crê aceite o risco de ser batizada, de romper com sua família de origem, expor-se à perseguição, a ponto de talvez até mesmo arriscar a vida. A proclamação da fé nos confronta com uma escolha radical que às vezes exige que coloquemos nossas vidas em risco. Disputas teológicas devem ser resolvidas em outro lugar.

Texto e entrevista por AC Wimmer, publicado orginalmente em CNA Deutsch, traduzido e adaptado por Rafael Tavares. 

ACI Digital

5 canções tradicionais irlandesas do St. Patrick’s Day

Amru Salahuddien | ANADOLU AGENCY | AFP
por Octávio Messias

Conheça um pouco sobre o Dia de São Patrício, que volta a ser comemorado na Irlanda depois do primeiro ano com pubs fechados na história.

Um dos feriados nacionais mais conhecidos – e certamente o mais celebrado fora de seu país de origem–, o Dia de São Patrício, celebrado dia 17 de março, ou o St. Patrick’s Day, como é conhecido no mundo todo, homenageia o padroeiro nacional da Irlanda. Mas, como o povo irlandês é culturalmente festivo, a data – tornada dia sagrado no século XVII e feriado oficial em 1903, porém celebrada desde o século IX–, atinge proporções épicas, de verdadeira comoção nacional, como o nosso Carnaval.

Ao longo de uma semana inteira os pubs e as ruas de cidades irlandesas como Dublin e da Irlanda do Norte, como Belfast, ficam abarrotadas de pessoas assistindo desfiles e dançando ao som de canções folk tradicionais, derivadas da música celta, com direito a harpa, violino e gaita de fole. O feriado também é tradicionalmente comemorado, inclusive com apoio do poder público, em diversas capitais do mundo, como Londres, Glasgow, Nova York, Boston, Chicago, Montreal, Ontario, Sydney e Melbourne. 

E no ano passado, pela primeira vez em séculos, nenhum pub irlandês abriu durante o dia de São Patrício, assim como as comemorações em outras partes do mundo foram seriamente prejudicadas. Neste ano a celebração volta a ocorrer na Irlanda do Norte e na Irlanda, com respectivamente 40% e 10% da população vacinada, porém em meio a diversas restrições e medidas de segurança. No Brasil, onde desde o começo dos anos 2000 a data comemorativa a movimentar um circuito de pubs em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, o lugar mais propício para dançar as canções folclóricas irlandesas foi em casa. 

Preparamos uma lista com cinco das canções tradicionais da ilha ao norte da Europa para o Dia de São Patrício não passar em branco. 

DIRTY OLD TOWN

Provavelmente a mais conhecida canção tradicional irlandesa, em versão dos Chieftains, a principal banda na ativa dedicada ao gênero. 

https://youtu.be/hx3ZSqDE9Jg

THE ROVER

Versão do Chieftains em parceria com os Pogues, banda de rock irlandesa que misturava música folclórica com punk e jazz.

https://youtu.be/cZXnJ4UYh40

WHISKEY IN THE JARR

A centenária canção popular ficou famosa entre os roqueiros graças à versão da banda irlandesa Thin Lizzy, de 1973, e depois a uma do Metallica, em 1998; aqui, na voz do grupo tradicional The Irish Rovers.

https://youtu.be/cYGyERe2Vbw

THE FOGGY DEW

As versões do cantor  Derek Warfield são conhecidas por preservarem a pronúncia dos dialetos medievais irlandeses.

https://youtu.be/IKU1UxRlE0Q

A NATION ONCE AGAIN

O grupo Young WolfeTones 

1840s by Thomas Osborne Davis, the founder of the Young Irelander movement that led changes in Irish nationalism.

https://youtu.be/N7IAS4ZfCpw

Aleteia

Bispo alemão saúda a recusa da Congregação da Fé de abençoar casais homossexuais

Dom Rudolf Voderholzer | Guadium Press
Bispo de Regensburg expressa satisfação com a resposta da Congregação para a Doutrina da Fé a propósito de “bênçãos” para casais homossexuais.

Regensburg – Baviera (17/03/2021, 15:22, Gaudium Press) O Bispo de Regensburg, Dom Rudolf Voderholzer, publicou, no último dia 15, uma declaração na qual expressa sua satisfação com a resposta da Congregação para a Doutrina da Fé sobre as “cerimônias de bênção” para casais homossexuais.

Dom Rudolf Voderholzer expressa seu contentamento e seu agradecimento saudando em uma declaração o “responsum” da Congregação para a Doutrina da Fé que esclarece que a que a Igreja não tem autoridade para abençoar casais do mesmo sexo.

“A bênção das uniões entre pessoas homossexuais é excluída” evitando assim analogias entre essas uniões e o plano de Deus para o matrimônio

Dom Rudolf recorda que o Papa aprovou a publicação do documento e os esclarecimentos que o acompanham.

Ele recorda também que, com este “responsum”, a Congregação para a Doutrina da Fé reafirma o ensino da exortação pós-sinodal “Amoris laetitia”, na qual o Papa, como pastor universal da Igreja, afirmava:
uniões homossexuais com matrimônio, não há nenhuma base para fazer analogias entre as uniões homossexuais e o plano de Deus para o casamento e a família, mesmo em um sentido mais amplo ”(AL 251).

Com a instrução de evitar analogias e semelhanças com o pacto do casamento, mesmo em um sentido mais amplo, “a bênção das uniões entre pessoas homossexuais é excluída”.

O Sacramento do Matrimônio, Sagradas Escrituras e Tradição

Sobre a aliança matrimonial entre um homem e uma mulher, o Concílio Vaticano II ensina, segundo a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja:

“Por sua natureza natural, a instituição do matrimônio e do amor conjugal são ordenados por si próprios à procriação e educação da prole, com a qual se cingem como se fossem sua própria coroa. Deste modo, o marido e a mulher, que pelo pacto conjugal já não são dois, mas uma só carne (Mt 19,6), com a união íntima das suas pessoas e atividades se ajudam e se sustentam, adquirem consciência da sua unidade”.

“Esta união íntima, como dádiva recíproca de duas pessoas, bem como o bem dos filhos, exige a fidelidade conjugal plena e exige a sua unidade indissolúvel. (Gaudium et spes 48).

Dom Voderholfer é um dos bispos alemães que alertou para a tendência heterodoxa que a Igreja na Alemanha está tomando em seu país graças ao desenvolvimento da “Assembleia Sinodal”. (JSG)

(Informações e foto-InfoCatólica)

https://gaudiumpress.org/

Estudo revela o importante papel das instituições cristãs na sociedade palestina

Religiosa com máscara caminha ao lado da Igreja da Naticidade,
em Belém  (AFP or licensors)

O estudo, que durou cinco meses para ser realizado, teve como objetivo descobrir de que modo é mantida a presença cristã na Terra Santa, analisando o papel e a contribuição de diversas organizações cristãs atuantes na região.

Vatican News

Existem 296 instituições cristãs em Jerusalém, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, que desempenham um importante papel nos Territórios Ocupados, oferecendo trabalho a 9.098 pessoas, das quais 5.017 são cristãs e 4.081 são muçulmanas.

É o que revela um estudo financiado pela Dar Al-Kalima University College of Arts and Culture (“Faculdade de Artes e Cultura da Universidade Dar Al-Kalima”) e pela Missão Pontifícia em Jerusalém, apresentado na terça-feira, 16, em uma coletiva de imprensa.

Os dados, relata o site abouna.org, também revelam que US$ 416 milhões são gastos a cada ano por instituições cristãs em setores vitais, como a assistência médica, serviços sociais, a formação profissional e ajudas ao desenvolvimento.

Dos seis hospitais em Jerusalém, por exemplo, quatro são ligados a Igrejas, atendendo anualmente 330.000 pessoas, fornecendo serviços de alta qualidade que incluem hemodiálise pediátrica, serviços oncológicos pediátricos, operações cardíacas complexas, serviços para a saúde materna, banco de sangue, oftalmologia e assistência específica para pessoas com deficiência.

O estudo, que durou cinco meses para ser realizado, teve como objetivo descobrir de que modo é mantida a presença cristã na Terra Santa, analisando o papel e a contribuição de diversas organizações cristãs atuantes na região.

Constatou-se com o estudo que, apesar da diminuição do número de cristãos devido à emigração, cresceram o desenvolvimento e o trabalho promovido pelas instituições cristãs, proporcionando um apoio necessário e vital ao povo palestino, independentemente das orientações políticas e religiosas.

Palestino idoso durante lockdown nos Territórios Ocupados

Durante a coletiva de imprensa, o reverendo Mitri Al-Raheb, pastor luterano, fundador e presidente da Dar Al-Kalima University College of Arts and Culture, afirmou que o papel das Igrejas e das instituições eclesiásticas é bem visível e que, mesmo que os cristãos palestinos não sejam numerosos, elss desempenham, por meio de instituições cristãs, um papel importante e fazem parte do tecido palestino.

Já o diretor regional da Missão Pontifícia, Joseph Hazboun, disse que as instituições eclesiásticas cristãs estão ao lado do povo palestino há décadas, sem discriminações, especialmente nos campos da saúde, educação e na esfera social e que por tal motivo a Missão Pontifícia se organizou para apoiá-los e ajudá-los.

Para Hazboun, o estudo é “um importante incentivo que impulsiona a Missão Pontifícia a continuar seu trabalho neste campo, com foco particular nos jovens, que necessitam de maior atenção.

“Apreciamos muito o que as instituições eclesiásticas cristãs na Palestina fizeram - disse Samer Salameh, subsecretário do Ministério do Trabalho da Palestina -. Este papel é fruto do enraizamento e da encarnação dessas Igrejas na sociedade palestina e de sua efetiva contribuição para a construção da pátria”.

A intenção é a de consolidar a relação, a cooperação e a parceria entre o governo e as instituições cristãs na qualidade de instituições da sociedade civil palestina que se esforçam para prestar serviços, acrescentou o subsecretário, que expressou a disposição do governo em facilitar e apoiar seu trabalho.

Vatican News Service - TC

CNBB sugere Semana Santa sem procissões e lava-pés

Procissão de Domingo de Ramos /
Foto: Wikimedia (domínio público)

BRASILIA, 17 mar. 21 / 02:05 pm (ACI).- A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou algumas orientações para a Semana Santa 2021, no contexto da pandemia de Covid-19, que incluem, entre outras coisas, a não realização de procissões e do rito de lava-pés.

“Novamente esta Semana Maior, a Semana Santa, será celebrada no contexto da pandemia  da Covid-19, que desde o ano passado nos obrigou a elaborar e adotar normas e  práticas de segurança sanitárias que buscassem garantir a defesa e a conservação da vida de nossos fiéis, pelo cuidado com a não disseminação do vírus em nossas celebrações litúrgicas. Essas exigências sanitárias interferem de maneira extraordinária no modo de bem celebrarmos esses sagrados dias”, afirma o documento assinado por Dom Edmar Peron, presidente da Comissão para a Liturgia.

As orientações foram estabelecidas levando em consideração o documento que foi publicado por esta comissão em maio de 2020 e a nota da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicada no dia 17 de fevereiro deste ano.

Entre as orientações, o documento afirma que as procissões, “previstas sempre em nossas programações da Semana Santa, devem, contudo, ser evitadas, visando a não aglomeração de fiéis e, consequentemente, não possibilitando possíveis riscos à saúde pública”.

Assim, para o Domingo de Ramos, recomenda que “seja utilizada a segunda forma prevista pelo Missal Romano, dentro das igrejas, respeitando-se as orientações sanitárias e o percentual de capacidade do número de participantes”. Além disso, pedem que os fiéis levem seus próprios ramos de casa.

Para a Missa do Crisma, a orientação é para que “seja celebrada, a juízo do bispo diocesano, na medida do possível, com uma representação de ‘pastores, ministros e fiéis’, na quinta-feira santa pela manhã ou em outro dia, preferencialmente ainda dentro do Tempo Pascal”.

Quanto à Missa da Ceia do Senhor, na noite da Quinta-feira Santa, solicita que “seja omitido o Rio do Lava-pés” e reforça que este “não deve ser substituído por nenhuma outra iniciativa, ideia ou representação que possa ferir o valor simbólico-sacramental deste gesto ritual”.

Além disso, indica que ao final da Missa da Ceia do Senhor seja omitida também a transladação do Santíssimo Sacramento, “que deve ser conservado no tabernáculo como de costume”.

Na celebração da Sexta-feira Santa, recomenda que “seja utilizada a genuflexão simples ou outro gesto apropriado” para a Adoração da Santa Cruz, a fim de evitar “a utilização do beijo ou qualquer contato físico”.

Neste dia, também sugere uma oração para “intenção particular” a ser inserida “na Oração Universal, como número X, antes de se rezar ‘Por todos os que sofrem provações’”.

Em relação à Vigília Pascal, indica que na celebração da Luz “pode-se, no local da celebração, acender o Círio Pascal e, imediatamente, as velas das pessoas que puderem participar presencialmente”. Já na Liturgia da Palavra, sugere “a proclamação do número reduzido dos textos bíblicos para se evitar o prolongamento da celebração”.

Por fim, recorda a Nota da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, ao afirmar que “concebidas para tempos normais, as normas e diretrizes contidas nos livros litúrgicos não são inteiramente aplicáveis em tempos excepcionais de crise como estes. Portanto, o Bispo, como moderador da vida litúrgica na sua Igreja, é chamado a tomar decisões prudentes para que as celebrações litúrgicas se desenvolvam frutuosamente para o Povo de Deus e para o bem das almas que lhe são confiadas”.

Para conferir a íntegra das orientações da Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB, acesse AQUI.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF