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segunda-feira, 22 de março de 2021

Igreja de Madri é reaberta após explosão que causou 4 mortes

Igreja Virgen de la Paloma durante a reabertura.
Foto: Unicolor Fotógrafos

MADRI, 22 mar. 21 / 10:12 am (ACI).- A paróquia da Virgen de la Paloma, em Madri, reabriu as suas portas na sexta-feira, 19 de março, depois da trágica explosão de gás, ocorrida no dia 20 de janeiro, na qual morreram 4 pessoas: o Pe. Rubén Pérez Ayala, o paroquiano David Santos e duas outras pessoas, Javier Gandía e Stefko Ivanov.

O pároco, Gabriel Benedicto, celebrou a Missa de reabertura do templo e nela recordou e rezou pelos mortos, cujos familiares e amigos estiveram presente na celebração.

A explosão aconteceu do lado de fora do edifício paroquial, localizado na rua Toledo, devido ao vazamento de gás que entrou no prédio por causa do rompimento da tubulação subterrânea.

O cheiro de gás começou a ser sentido com força dentro do edifício poucos minutos antes da explosão, embora alguns pedestres tenham sentido o cheiro na rua em diferentes momentos do dia, como se soube mais tarde.

No momento do acidente, as quatro pessoas que morreram estavam do lado de fora, em frente ao edifício. Pe. Rubén foi resgatado ainda com vida e levado ao hospital, onde morreu logo depois.

Segundo informou a Arquidiocese de Madri por meio de uma notícia da agência arquidiocesana Infomadrid, em sua homilia, o pároco Gabriel Benedicto expressou a incapacidade de "compreender o significado completo dos acontecimentos vividos".

No entanto, recordou que “hoje o Senhor quer consolar a todos nós”. "Em quem podemos confiar senão em Deus?"

Por isso pediu a Deus “que nos faça sentir que nos reuniu aqui para nos abraçar e consolar depois deste golpe. Ele é um Pai, nós somos seus filhos e Ele nos aproxima e nos chama ao amor mútuo”.

Além disso, destacou que “a cura começa por acolher a própria história” e destacou que, perante a tragédia, “reconhecemo-nos mais como irmãos e como família”.

Também confiou a Deus a comunidade paroquial para que “possamos olhar para o futuro com esperança” e destacou que São José –a Missa foi celebrada na solenidade de São José–, “que teve que abraçar uma realidade que não havia escolhido, ajuda-nos a escolher e abraçar esta história que já faz parte da história da paróquia, de La Paloma, de cada um de nós”.

Da mesma forma, revelou que, depois da explosão, entregaram-lhe a Bíblia que pertencia ao Pe. Rubén e dentro dela encontrou este fragmento: “Mestre, olha este templo tão belo. Mas tenho que dizer-te que não ficará pedra sobre pedra”.

Isso o levou a refletir que “é verdade que nada restará de todo este templo, mas sim do nosso templo, de nós, da nossa vida, das nossas ações, de tudo o que fizemos”.

O pároco citou algumas lembranças que tem dos mortos. Do Pe. Rubén recordou o entusiasmo que sentia com a paróquia e os seus esforços por levar esperança ao bairro durante o confinamento pela pandemia de coronavírus, mostrando que “estamos juntos, não estamos sozinhos, somos seus vizinhos”.

De David Santos destacou que era “um esposo e pai excelente”, destacou o seu “carisma com os jovens”, a sua simplicidade e a sua “capacidade de aceitar as coisas boas das circunstâncias”.

De Javier Gandía ressaltou que era um grande pai e que tinha um matrimônio muito unido, e lamentou que seus familiares não puderam participar da Eucaristia devido aos confinamentos regionais pela pandemia de coronavírus na Espanha.

Por último, recordou Stefko Ivanov, "um irmão búlgaro que vivia na cidade de Madri e que sua mãe havia conquistado o seu coração”.

ACI Digital

Fragmentos bíblicos encontrados em Israel. É a mais importante descoberta dos últimos 60 anos

Fragmentos recém-descoberto em Israel | Vatican News

Fragmentos bíblicos encontrados em Israel.

É a mais fantástica descoberta desde Qumram. Trata-se de escritos principalmente em grego e contêm porções dos doze profetas menores, em particular Zacarias e Naum.

Paolo Ondarza – Vatican News

É a mais impressionante descoberta arqueológica de manuscritos bíblicos dos últimos 60 anos. No Deserto de Judá, território que se estende entre o Estado de Israel e a Cisjordânia, graças a uma complexa operação de escavação conduzida pela Israel Antiquities Authority, ("Autoridade de Antiguidades de Israel"), foram descobertos novos fragmentos de manuscritos bíblicos que datam de 2 mil anos. Trata-se de escritos principalmente em grego e contêm fragmentos dos doze profetas menores, em particular Zacarias e Naum.

A operação também revelou um esconderijo de moedas raras da época de Bar-Kokhba, o líder judeu que entre 132 e 135 d.C. liderou a revolta contra os romanos; um esqueleto de criança de 6.000 anos, provavelmente do sexo feminino, envolto em um pano e mumificado; e uma grande cesta intacta que remonta há 10.500 anos, provavelmente a mais antiga do mundo.

Trata-se de uma parte deste rico patrimônio depositado nas cavernas do deserto de Judá durante as grandes revoltas anti-romanas do povo judeu. O Vatican News ouviu a opinião de Marcello Fidanzio, professor de Ambiente Bíblico da Faculdade de Teologia de Lugano e Diretor do Instituto de Arqueologia e Cultura das Terras Bíblicas, sobre a extensão desta sensacional descoberta.

Durante as duas revoltas - explica Fidanzio - "alguns refugiados encontraram abrigo nas cavernas, porque eram perseguidos pelos romanos. No caso específico, estamos nos referindo a uma caverna com um nome dramático, chamada Caverna dos Horrores”.

Por que esse nome? “Ali morreram de fome e sede cerca de 40 pessoas, entre homens, mulheres e crianças. Para este local, durante a fuga, levaram alguns de seus objetos mais preciosos: pertences, utensílios da vida cotidiana e textos escritos: documentos e textos bíblicos”. A recente missão arqueológica da Autoridade de Antiguidades de Israel, iniciada em 2017, revelou 20 pequenos fragmentos de pergaminhos bíblicos.

É uma descoberta importante porque - explica o Diretor do Instituto de Arqueologia e Cultura das Terras Bíblicas de Lugano - "depois das grandes descobertas dos anos 40 e 50, especialmente em Qumran e no Deserto da Judéia, nada semelhante havia sido registrado novamente em relação a textos bíblicos. Achados de tamanha importância reacendem a emoção dos pesquisadores”.

É um patrimônio que ninguém imaginava que pudesse existir, “uma nova página na história das escavações arqueológicas”. Agora os envolvidos nos trabalhos se perguntam se esta é a última etapa de uma série de descobertas ou é um indicador de novas possibilidades a serem investigadas.

“Por isso, naturalmente, interessa muito a nós, apaixonados pela Bíblia - confessa Fidanzio - mas também interessa muito aos israelenses, que destacam como essas pesquisas estão ligadas à sua identidade, à história de sua presença na terra de Israel. Não sem razão, portanto, a Autoridade de Antiguidades de Israel deu ênfase especial à campanha de escavações.

“Até agora - acrescenta o estudioso de Lugano - as grandes descobertas foram feitas por escavações clandestinas”. Neste caso, pelo contrário, chegou-se a este resultado com uma minuciosa pesquisa “conduzida pela Autoridade de Antiguidades que trabalhou com um método e permitiu colocar a salvo antiguidades como textos bíblicos, um cesto com cobertura que remonta há 10.500 anos, talvez o mais antigo encontrado até hoje, ou o comovente esqueleto de uma menina ali colocado, envolto em um pano de linho há mais de seis mil anos”.

Mas o que essa descoberta acrescenta ao conhecimento da Bíblia? “Estamos diante de pequenos fragmentos, portanto de um número limitado de linhas de texto escrito em grego a respeito do Antigo Testamento. Eles são o testemunho do que os estudiosos chamam de fluidez textual, a época em que o texto da Bíblia ainda não era estável e único. Somente mais tarde, de fato, as Escrituras foram canonizadas, determinadas e transmitidas com grande fidelidade aos nossos dias”.

Os fragmentos da Gruta dos Horrores, ao contrário, representam um momento ainda constitutivo e, graças a eles, podemos apreender sobre uma etapa que conduziu ao texto definitivo.

“Essas descobertas nos introduzem em um momento histórico extremamente fascinante: aquele em que a Bíblia encontra sua forma, se constitui”. Entre as tantas características advindas do estudo dos fragmentos, emerge um detalhe: no texto grego as quatro letras impronunciáveis ​​do nome de Deus são escritas na língua paleo-hebraica, a antiga escrita que era usada na época do Primeiro Templo (até 586 a.C).

“Já havia naquela época, como nos pergaminhos usados ​​na época de Jesus, um grande respeito pelo Nome de Deus, que não era pronunciado. Escrevê-lo fazendo recurso a outro alfabeto - conclui Fidanzio - é uma estratégia do escriba que visa induzir o leitor a concentrar a atenção nessas letras. Ou seja, é um ponto do texto que exige grande respeito e sacralidade”.

Vatican News Service - PO

O amor ao próximo e a Deus em tempos de pandemia

Shutterstock | Hananeko_Studio
por Mário Scandiuzzi

Adotar medidas de prevenção ao coronavírus é sinal de amor ao próximo. E isso está acima de qualquer decreto governamental.

Tomar medidas de prevenção ao coronavírus é sinal de amor ao próximo. Em muitas cidades a circulação de pessoas, por exemplo, está restrita às atividades consideradas essenciais. São ações que visam diminuir a contaminação pelo vírus que causa a Covid-19.

Hospitais lotados, fila de espera por leitos de UTI, novas cepas do vírus. Tudo isso é uma ameaça à saúde e à vida.

E nesse tempo todos devemos assumir nossas responsabilidades. A ciência mostra que o uso da máscara, a limpeza frequente das mãos e o distanciamento ajudam a prevenir a proliferação do vírus.

Adotar essas medidas é um sinal de amor ao próximo. E isso está acima de qualquer decreto governamental. São essas ações de respeito pela vida que vão nos ajudar a superar estes dias tão difíceis.

E se a vacina já está disponível, não perca a oportunidade de se proteger!

No livro do Eclesiástico temos:

“Honra o médico por causa da necessidade, pois foi o Altíssimo que o criou. (Toda a medicina provém de Deus). O Senhor fez a terra produzir os medicamentos: o homem sensato não os despreza” (Eclo 38, 1-2, 4).

Devemos, portanto, reforçar nossa fé em Deus, que nos criou e quer o melhor para cada um, mas sem esquecer o conhecimento científico, que pode trazer a cura e a prevenção das doenças.

Aleteia

TEOLOGIA: A Quaresma, viagem para a Páscoa

Pe. Alexander Schmemann | ECCLESIA

«A Quaresma, viagem para a Páscoa»

Quando um homem parte em viagem, deve saber para onde vai. Da mesma forma com a Quaresma. Antes de tudo, a Quaresma é uma viagem espiritual e seu destino é a Páscoa, a «Festa das Festas». É a preparação à «realização da Páscoa figurativa, a verdadeira Revelação». Devemos então começar por tentar compreender esta relação entre Quaresma e Páscoa, pois ela revela algo de muito essencial, crucial, no tocante a nossa fé e a nossa vida cristã.

É necessário explicar que a Páscoa é muito mais do que uma Festa entre as festas, muito mais do que uma comemoração anual de um acontecimento passado? Quem quer que tenha participado, ainda que uma única vez, desta noite «mais luminosa de que o dia», quem quer que tenha provado esta alegria única sabe-o bem. Mas de onde vem esta alegria? E porque podemos cantar, como fazemos na liturgia pascal: «Hoje, todas as coisas estão repletas de luz, o Céu, a Terra e os infernos»? Em que sentido celebramos, como pretendemos celebrar, «a morte da morte, a destruição do inferno, o início de uma vida nova e eterna»? A todas estas perguntas, a resposta é a seguinte: A vida nova que, há quase 2.000 anos, jorrou do túmulo, foi dada a nós, a todos nós que cremos em Cristo. E ela nos foi dada no dia do nosso batismo onde, como diz São Paulo, «fomos sepultados com Cristo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, assim andemos nós também em novidade de vida »(Rm 6,4)

Assim, celebramos na Páscoa a Ressurreição de Cristo como algo que aconteceu e que ainda nos acontece. Pois cada um de nós recebeu o dom desta vida nova e faculdade de acolhê-la e vivê-la. E um dom que muda radicalmente nossa atitude em relação a todas as coisas deste mundo, inclusive a morte, e que nos dá o poder de afirmar alegremente: «A morte não existe mais!» Certamente a morte ainda está ai, nós ainda a enfrentamos e um dia ela virá nos buscar. Porém aí reside toda nossa fé; por sua própria morte, Cristo mudou a natureza da morte, fez dela uma passagem, uma páscoa, uma «pascha» para o Reino de Deus, transformando a tragédia das tragédias em vitória suprema. «Esmagando a morte pela morte», ele nos tornou participantes de sua ressurreição. É por isso que no fim das Matinas de Páscoa, dizemos: «Cristo ressuscitou, e eis a vida que governa! Cristo ressuscitou, e nenhum morto permaneceu no túmulo».

Esta é a fé da Igreja, afirmada e formada evidente por seus inumeráveis santos. E entretanto será que não provamos diariamente que esta fé é raramente a nossa, que sempre perdemos e traímos a vida nova que recebemos como dom e que, na verdade, vivemos como se Cristo não houvesse ressuscitado dos mortos, como se este acontecimento único não tivesse o menor significado para nós? Tudo isso por causa de nossa fraqueza, por causa da nossa impossibilidade de viver constantemente de fé, de esperança e caridade, no nível a que Cristo nos elevou quando disse: «Buscai antes de tudo o Reino de Deus e sua justiça». Nós simplesmente esquecemos, de tanto que estamos ocupados, imersos em nossas ocupações cotidianas, e, porque esquecemos, sucumbimos. E por esse esquecimento, esta queda e este pecado, nossa vida volta a ser «velha", mesquinha, escurecida e finalmente desprovida de sentido; uma viagem desprovida de sentido em direção a um fim sem significado. Fazemos tudo para esquecer a própria morte, e eis que de repente, no meio de nossa vida tão agradável, ela está lá diante de nós, horrível, inevitável, absurda. Até podemos, de vez em quando, reconhecer e confessar nossos diversos pecados, mas sem por isso relacionar nossa vida àquela vida nova que Cristo nos revela e nos deu. Na verdade, vivemos como se Ele jamais tivesse vindo. Este é o único verdadeiro pecado, o pecado de todos os pecados, a tristeza insondável e a tragédia de nosso Cristianismo, que só o é de nome.

Se tomamos cosciência disto, então podemos compreender o que a realidade da Páscoa recobre e porque ela necessita e pressupõe a Quaresma. Pois então podemos compreender que as tradições litúrgicas da Igreja, todos seus ciclos e ofícios, são feitos antes de tudo para nos ajudar a recobrar a visão e o gosto desta vida nova, que perdemos e traímos tão facilmente, e assim poderemos nos arrepender e voltar a esta vida. Como poderíamos amar e desejar algo que não conhecêssemos? Como colocar acima de tudo, em nossa vida, algo que não vimos e não provamos? Em suma, como poderíamos procurar um Reino de que não tivéssemos a menor idéia?

É a liturgia da Igreja que, desde o começo e ainda hoje, nos introduz, nos faz comungar a vida nova do Reino. É através de sua vida litúrgica que a Igreja nos revela algo daquilo que «o ouvido não ouviu, o olho não viu e que não subiu ao coração do homem, mas que Deus preparou para aqueles que 0 amam». E no centro desta vida litúrgica, como seu coração e seu ápice, como o sol cujos raios penetram por toda a parte, encontra-se a Páscoa. E a porta aberta a cada ano ao esplendor do Reino de Cristo, a antecipação do Júbilo eterno que nos espera, a glória da vitória que — desde já — ainda que invisivelmente, preenche toda a oração: «A morte não mais existe! Toda a liturgia da Igreja é ordenada ao redor da Páscoa, e, assim, o ano litúrgico, isto é, a sucessão de estacões e festas, torna-se uma viagem, uma peregrinação para a Páscoa, para o «Fim» que é ao mesmo tempo o «Começo»: fim do que é velho, começo da vida nova, uma «passagem» constante «deste mundo» para o Reino já revelado em Cristo.

E, entretanto, a vida «velha», a vida de pecado e mesquinharia, não é facilmente vencida e transformada. O Evangelho espera e exige do homem um esforço de que ele é, em seu estado atual, virtualmente incapaz. Somos colocados perante um objetivo, um modo de vida que estão tão além de nossas possibilidades! Os próprios apóstolos, quando ouviram o ensinamento de seu Senhor, perguntaram-lhe, desesperados: «Como isso é possível?» Não é fácil, realmente, rejeitar um ideal mesquinho de vida, perto de preocupações cotidianas, de busca de bens materiais, de segurança e prazer, por um ideal de vida cujo objetivo exclui tudo o que está aquém da perfeição: «Sê perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito».

Este mundo diz por todos seus meios de comunicação: «Sejam felizes, não se preocupem, tomem a via larga». Ora, Cristo diz o Evangelho. «Escolhei a via estreita, combatei e sofrei, pois é o caminho da única felicidade verdadeira». Sem o socorro da Igreja, como podemos fazer esta escolha terrível, como podemos nos arrepender e retornar à gloriosa Promessa que nos é dada a cada ano na Páscoa? É aqui que intervêm a Quaresma. É o socorro que nos oferece a Igreja, escola de arrependimento que, somente ela, nos tornará possível acolher a Páscoa não como uma simples permissão de comer, beber e se divertir, mas verdadeiramente como o fim daquilo que é «velho» em nós, como nossa entrada no «novo».

Na Igreja primitiva, o principal objetivo da Quaresma era preparar ao batismo os catecúmenos, isto é, os Cristãos recém-convertidos, em um tempo em que o batismo era ministrado durante a liturgia pascal. Entretanto, mesmo quando a Igreja não batizava mais adultos e a instituição do catecumenato tinha desaparecido, o sentido da Quaresma permaneceu o mesmo. Pois, apesar de sermos batizados, o que perdemos e traímos constantemente é precisamente o que recebemos no batismo. É por isso que a Páscoa é nosso retorno anual a nosso próprio batismo, enquanto que a Quaresma é a preparação a este retorno, o esforço lento e resistente para, finalmente, realizar nossa própria «passagem» ou «Páscoa» na nova Vida em Cristo. E se, como veremos, a liturgia de Quaresma conserva ainda hoje seu caráter catequético e batismal, não é como um resto arqueológico do passado, mas como algo de valioso e essencial para nós. Pois, a cada ano, a Quaresma e a Páscoa nos fazem redescobrir uma vez mais e recobrar aquilo que a passagem batismal através da morte e da ressurreição havia operado em nós.

Uma viagem. Uma peregrinação. E, ao empreendê-la, já desde o primeiro passo na «radiosa tristeza» da Quaresma, percebemos ao longe, bem longe, o destino a alegria da Páscoa, a entrada na glória do Reino. E é esta visão, o gosto antecipado da Páscoa, que torna radiosa a tristeza da Quaresma e que faz de nosso esforço na Quaresma «primavera espiritual». A noite pode ser longa e sombria; mas, ao longo do caminho, uma aurora misteriosa e luminosa desponta no horizonte. «Não desaponte nossa espera, ó Amigo do Homem!»

ECCLESIA Brasil

Padre morre afogado após salvar duas vidas

Reprodução / Facebook Prefeitura Taquaritinga do Norte

O sacerdote tinha como lema presbiterial: "O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas".

O padre Fernando de Lima Silva morreu afogado em um açude na zona rural de Bezerros, no Agreste de Pernambuco. O incidente aconteceu no sábado, 13 de março.

De acordo com a Diocese de Caruaru, PE, onde o sacerdote estava sediado, o padre se afogou depois de salvar uma mulher e uma criança que estavam no mesmo barco que ele. Segundo a Polícia Militar, eles iam tirar uma foto, mas, com a movimentação, a embarcação afundou.

A polícia informou ainda que o padre conseguiu retirar a criança da água e deixá-la em uma pedra. Outras pessoas que estavam no local auxiliaram o sacerdote a salvar a mulher. O padre, entretanto, acabou se afogando. Ele recebeu os primeiros socorros no local, mas não resistiu.

Padre Fernando, que tinha 38 anos, morreu cumprindo o seu lema presbiterial: “O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas”. O sacerdote foi ordenado em 2014 e era administrador da Área Pastoral Nossa Senhora de Lourdes, em Gravatá, PE.

Nota da Diocese

A Diocese de Caruaru divulgou nota de pesar. Diz o documento:

“‘Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá'(Jo 11, 25). Com pesar, mas firmes na esperança da ressurreição, comunicamos o falecimento do padre Fernando de Lima Silva, que era Administrador da Área Pastoral Nossa Senhora de Lourdes, em Gravatá. Pe. Fernando se afogou, ao salvar a vida de duas pessoas.

‘O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas’ (Jo 10,11) era seu lema presbiteral. Ele deu sua vida, para salvar vidas. Que o Senhor conforte o coração de seus familiares, amigos, nosso Clero e toda a Diocese de Caruaru. Repouso eterno, dai-lhe, Senhor! E brilhe para ele a vossa luz.”

Aleteia

Projeto Wash, a importância da água nas estruturas de saúde

Água é vida | Vatican News

Projeto Wash

O Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral fornece uma atualização sobre o "Projeto WASH" relativo ao acesso à água potável, saneamento e higiene nas estruturas de saúde de propriedade da Igreja, concebido pelo Dicastério com congregações, bispos, Caritas Internationalis e Global Water 2020.

Silvonei José - Vatican News

Sem água e saneamento adequado, bilhões de pessoas estão em risco, e a importância da higiene é ainda mais evidente neste momento de pandemia. A lembrar-nos disso, na véspera do Dia Mundial da Água, é o Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, que no ano passado anunciou o "Progetto Wash”, junto com a publicação "Aqua fons vitae".

O Projeto

Em uma carta enviada a todos os bispos em agosto de 2020, o Dicastério exortou os prelados a ajudar a garantir condições adequadas WASH "em todos os centros de saúde da Igreja Católica, para tratar os pacientes com segurança, prevenir a transmissão da COVID-19 e outras doenças, bem como proteger o pessoal médico e capelães", e a orientar seu pessoal, "na resposta a uma situação de extrema precariedade experimentada por alguns centros de saúde que operam em áreas pobres ou isoladas".

A Igreja na vanguarda no cuidado com a saúde

A Igreja tem sido pioneira no atendimento à saúde em todo o mundo, sem distinção de qualquer tipo. Na vanguarda deste compromisso, de fato, basta lembrar os Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus, conhecidos como Fatebenefratelli, presentes em 52 Estados com 400 centros sociais e de saúde. A "água", explica o Irmão Angel López, diretor do Escritório para Missões e Cooperação Internacional da Cúria Geral, "além de ser um recurso insubstituível de primeira necessidade, para nós é um dos meios mais importantes e econômicos para a prevenção e melhoria da saúde de pessoas de todas as idades".

Contribuições para o projeto

Numerosas Conferências Episcopais, dioceses, congregações e Cáritas responderam ao apelo em 22 países. Atualmente 150 estruturas, desde pequenos dispensários até hospitais, estão passando por uma avaliação detalhada para entender como melhorar de forma sustentável as condições WASH e atender padrões adequados com infraestruturas, equipamentos, manutenção e treinamento. Aloysius John, Secretário Geral da Caritas Internationalis, acredita que isso ajudará a "prevenir a propagação de novas doenças e garantir um atendimento digno aos pacientes nos centros de saúde". Em todo o mundo, muitas organizações locais da Cáritas realizam programas similares garantindo que as paróquias, comunidades, centros de saúde e escolas tenham os meios para proteger a saúde daqueles a quem servem".

Conclusões preliminares

Há uma necessidade urgente de intervenções em algumas áreas e o Dicastério já está trabalhando com parceiros e doadores interessados. Isto é o que emerge de uma avaliação inicial, enquanto se aguarda a publicação do relatório final, prevista para o final deste ano. "Novas iniciativas, como a que está sendo liderada agora pelo Dicastério, estão permitindo que os espinhosos problemas de WASH não só sejam identificados como resolvidos", diz David Douglas, diretor da Global Water 2020 e da Waterlines, e acrescenta, "O apelo à ação da Santa Sé está ajudando a ampliar a possibilidade de um WASH seguro e sustentável, assim como está inspirando outras organizações e governos que administram estruturas de saúde".

A importância da água potável para a União Mundial das Organizações Femininas Católicas

Há áreas do mundo onde a falta de água potável era um problema mesmo antes da epidemia se expandir. A presidente da União Mundial das Organizações Católicas de Mulheres, María Lía Zervino, lembra: "As mulheres membros da UMOFC, que trabalham incansavelmente na base nos diferentes continentes, cuidando de famílias desfavorecidas, dos sem-teto e dos idosos vulneráveis à COVID-19, são testemunhas da extrema necessidade de água potável. Sem investimento para garantir que o direito humano à água potável esteja disponível aos mais necessitados, todos os esforços para educar sobre a saúde serão em vão".

Vatican News

20 dicas para terminar a Quaresma e estar pronto para a Semana Santa

Imagem referencial. Crédito: Pixabay

REDAÇÃO CENTRAL, 22 mar. 21 / 05:00 am (ACI).- A oração, o jejum e a esmola são os três pilares da Quaresma, através dos quais crescemos em amor e caridade, buscando uma vida nova em Cristo.

Cada dia deste tempo merece um sacrifício constante para atingir o objetivo. No entanto, o descuido ou o esquecimento de nossas vivências pode gerar e deixar sentimentos de arrependimento ou culpa.

De acordo com Patti Maguire Armstrong, autora do livro "Holy Hacks: Everyday Ways to Live Your Faith & Get to Heaven" (Truques Santos: formas cotidianas de viver a sua fé e chegar ao Céu), devemos fazer uma avaliação para ver se estamos cumprindo bem os 3 pilares da Quaresma.

Por isso, apresentamos as 20 dicas que a autora compartilhou como ajuda para concluir estes últimos dias da Quaresma e poder assim estar preparados para celebrar a Semana Santa.

Oração

1. Rezar pelos outros. Uma das obras espirituais de misericórdia é rezar pelos vivos e pelos mortos.

2. Dar graças a Deus por todos os inconvenientes durante a Quaresma. "Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Colossenses 3, 17).

3. Assumir o sofrimento e, com ele, unir-se à Paixão e Crucificação de Jesus Cristo. No livro "A Misericórdia Divina na minha alma: Diário de Santa Faustina", a religiosa diz: "Faço espontaneamente o oferecimento de mim mesma pela conversão dos pecadores, especialmente por aquelas almas que perderam a esperança na misericórdia de Deus" (309) "Meu sacrifício nada é por si só, mas, quando o uno ao de Jesus Cristo, torna-se onipotente" (482).

4. Planejar um tempo de oração para que a Quaresma seja diferente dos outros tempos.

5. Fazer uma publicação no Facebook oferecendo levar as intenções de oração das pessoas à adoração. Tenha cuidado, pois os pedidos de oração continuarão chegando depois que você tenha voltado da adoração. Nesse caso, você pode programar outra hora de adoração, trazer as intenções adicionais na próxima vez ou revisar o correio antes de sair de casa. Há muitas pessoas que precisam de orações.

6. Rezar pelas almas do purgatório. "Era esse um bom e religioso pensamento. Eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas" (2 Macabeus 12, 46).

7. Rezar as estações da Via-Sacra. De acordo com Irmão Estanislau (1903-1927), Jesus fez promessas aos que rezem com devoção a "Via-Sacra", incluindo uma forte proteção espiritual, enchendo-os de graças e estando perto deles na vida, especialmente na hora da morte. Há também uma indulgência plenária ligada às estações na igreja ou em um lugar onde a pessoa se movimente de uma estação para a outra.

8. Rezar por qualquer pessoa que te irrite ou incomode durante o dia.

Jejum

9. Renunciar uma refeição. Não se aplica para aqueles que não têm a opção de comer.

10. Ter apenas uma refeição por dia.

11. Abster-se de algo em cada refeição. Pode ser mostarda em seu sanduíche, o prato principal, batatas fritas, temperos para a salada... algo que seja um sacrifício. São Francisco de Sales aconselhou as pessoas a nunca deixarem a mesa sem negar alguma coisa para si mesmas.

12. Escolher um dia ou uma refeição para jejuar com pão e água. Andrew LaVallee, fundador de Live the Fast, explica: "Um jejum a pão e água nos ensina a distinguir entre o que precisamos e o que nós queremos, e entramos em um espírito pobre já que a nossa comida é simples, mas satisfatória".

13. Comer apenas por saúde e sobrevivência. Manter alimentos simples como um ovo cozido, uma torrada seca e uma banana. Esse costumava ser o café da manhã diário de Santa Teresa de Calcutá.

14. Não comer entre as refeições.

15. Jejum de vaidade. Não usar joias ou maquiagem. Vestir de propósito uma roupa que não goste. Então, continue com o seu dia esquecendo sua aparência e se concentrando mais nos outros que refletirão sua verdadeira beleza.

Esmolas

16. Pedir a Deus para revelar o "Lázaro" de sua vida que precisa de sua oferta. "Lázaro estava morrendo do lado de fora da casa do homem rico, ignorado, exceto pelos cães que lambiam as suas chagas". Quando os dois homens morreram, Lázaro foi para o céu, mas o rico não (Lucas 16, 19-31).

17. Se fizer abstenção de algo que custe dinheiro, como café ou cigarros, dar esse dinheiro aos pobres.

18. Arrecadar fundos on-line através de petições para causas dignas.

19. Fazer o sacrifício doer, sem excesso.

20. Escolher algo do guarda-roupa que goste muito e dar para os pobres. Encontre um objeto por dia ou um objeto por semana. "Não ajunteis para vós tesou­ros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração" (Mt 6, 19-21).

ACI Digital

Dia Mundial da Água, o Papa: um dom, não uma mercadoria

Menina com garrafas de água | Vatican News

Dia Mundial da Água

Mais de 2 bilhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável, mais de 4 bilhões não têm saneamento. Hoje, como o Papa recordou depois do Angelus deste domingo, "é o Dia Mundial da Água, que nos convida a refletir sobre o valor deste maravilhoso e insubstituível dom de Deus".

Cecilia Seppia – Vatican News

"Para nós crentes, a 'irmã água' não é uma mercadoria: é um símbolo universal e uma fonte de vida e saúde. Demasiados irmãos e irmãs têm acesso a pouca água e talvez água poluída! A água potável e o saneamento devem ser garantidos para todos. Agradeço e encorajo todos aqueles que, com diferentes habilidades profissionais e responsabilidades, trabalham em prol deste objetivo muito importante. Penso, por exemplo, na Universidade da Água, na minha pátria, naqueles que trabalham para levá-la adiante e para fazer as pessoas entenderem a importância da água. Muito obrigado a vocês, argentinos que trabalham nesta Universidade da Água": foi o que disse o Papa Francisco, depois do Angelus, recordando que hoje, segunda-feira, é o Dia Mundial da Água.

Mais de 2 bilhões de pessoas sem acesso à água potável

O grito por água é um grito que se propaga através da imprensa, da mídia, corre na web, invade redes sociais, ilumina de azuis monumentos, na ausência de iniciativas e eventos públicos, proibidos por causa da pandemia da Covid-19. E é um grito que todos, governos em primeiro lugar, têm o dever de ouvir, como nunca se cansa de repetir o Santo Padre. A água, no centro do Dia Mundial, estabelecido pelas Nações Unidas em 1992, este ano intitulado "Valuing Water", ainda está faltando em muitas, demasiadas áreas do mundo penalizando os mais pobres. Na verdade, há mais de 2,2 bilhões de pessoas que não têm acesso à água potável e 4,2 bilhões que não têm saneamento seguro. Além disso, enquanto o uso da água aumentou seis vezes no século passado e agora cresce a uma taxa de cerca de 1% ao ano, estima-se que a mudança climática e a crescente frequência de eventos extremos, tais como tempestades, enchentes e secas, piorem a situação em países que já sofrem de "estresse hídrico".

A iniciativa do Dicastério do Vaticano

Para marcar este aniversário, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral organizou uma série de diálogos públicos de 22 a 26 de março: cinco webinars com um propósito informativo e animados pelo desejo de promover a colaboração interdisciplinar. Palestrantes de congregações religiosas, várias estruturas da Igreja e organizações internacionais ou regionais compartilharão suas reflexões e testemunhos sobre os temas de "Aqua fons vitae", documento publicado no ano passado pelo próprio Dicastério, que tem suas raízes nos ensinamentos sociais dos Papas e se baseia no trabalho de missionários e membros da Igreja em contextos difíceis, bem como em relatórios técnicos das Nações Unidas, da Ocse e da sociedade civil.

Diálogo e ação

Em particular, "Acqua fons vitae" descreve três aspectos da água que servirão como ponto de partida para os webinars desta semana: primeiro, a água como um recurso para uso pessoal, um direito que inclui o saneamento básico; depois a água como um recurso utilizado em muitas atividades humanas, especialmente na agricultura e na indústria; e finalmente a água como superfície, ou seja, rios, águas subterrâneas, lagos, e especialmente mares e oceanos. A parte introdutória do documento também apela ao reconhecimento dos múltiplos valores da água: o religioso, sociocultural e estético, o valor institucional e de paz e, finalmente, um valor econômico. "O que é necessário é uma determinação, uma vontade por parte dos Estados para alcançar este objetivo o mais rápido possível, para garantir que o acesso à água e ao saneamento, em seguida, permita o acesso a outros direitos", diz Tebaldo Vinciguerra, responsável pelas questões de água no Dicastério, ao Vaticano News, reiterando como o caminho do diálogo e da colaboração entre a Igreja e as instituições é fundamental não apenas para aumentar a conscientização sobre o assunto, mas para realizar projetos e obras em benefício da população.

R. - A água, um bem primário, não pertence a todos, é verdade! Portanto, é importante aproveitar este dia que as Nações Unidas decidiram celebrar este ano usando o slogan "O valor da água". E eu lhes asseguro que aqueles que não têm água para cozinhar, para a higiene pessoal, mas também para serem tratados adequadamente no hospital, entendem muito bem o valor da água. Mais de 2 bilhões de pessoas hoje têm algum tipo de problema com o acesso regular, a quantidade e qualidade adequadas de água potável, e mais ou menos 4 bilhões de pessoas têm um problema com saneamento, de acordo com os números das Nações Unidas; mais de 600 milhões de pessoas defecam ao ar livre. Temos uma visão talvez muito agradável, excessivamente idílica do trabalho realizado por religiosas, missionários, centros de saúde, escolas católicas em áreas particularmente pobres e desfavorecidas. Essas pessoas fazem um trabalho excepcional, devem ser admiradas e ajudadas, mas não subestimemos o fato de que mesmo ali, onde a Igreja está na linha de frente, há sérios problemas relacionados com água, higiene, serviços, dos quais ninguém fala. Aproveitemos, portanto, este dia para destacar um elemento que é muito ignorado, pelo menos por parte da humanidade, porque o acesso à água, este bem comum que é tão precioso, não deve ser dado como certo, não deve ser dado como garantido.

Vatican News

domingo, 21 de março de 2021

Dia da Síndrome de Down, o Papa: cada criança é um dom

Papa Francisco com uma menina Down  (Vatican Media)

Por ocasião deste dia, o Papa Francisco escreveu em um tuite: "Toda criança que se anuncia no ventre de uma mulher é um dom, que muda a história de uma família: de um pai e de uma mãe, de avós e dos irmãozinhos. E esta criança precisa ser acolhida, amada e cuidada. Sempre"!

Marina Tomarro, Silvonei José – Vatican News

No Dia Mundial das pessoas com Síndrome de Down, estabelecido pela Assembleia Geral da ONU, o Papa Francisco lembra em um tuite que "toda criança que se anuncia no ventre de uma mulher precisa ser amada e cuidada". Esta data internacional, também sancionada por uma Resolução da ONU, tem como objetivo difundir uma maior consciência e conhecimento da Síndrome de Down. A escolha do dia 21 não é casual: de fato, o número 21 lembra a presença de um cromossomo a mais, típico desta síndrome também chamada trissomia 21.  O tema escolhido para este ano é "Conectar". O objetivo é conectar a comunidade mundial das pessoas com Síndrome de Down de formas inovadoras para continuar a apoiar a igualdade de direitos e oportunidades.

O direito a trabalhar como os outros

Na Itália, por exemplo, existem hoje 48 mil pessoas com Síndrome de Down. Algumas delas estão bem integradas, trabalham e participam ativamente da vida social, também graças às muitas associações que se ocupam delas. Mas ainda há muitas que vivem, muitas vezes, em uma situação de isolamento. CoorDown, a Coordenação Nacional das Associações de Pessoas com Síndrome de Down, por ocasião do Dia Mundial, lançou a campanha de conscientização internacional “The hiring chain” (A Cadeia de Contratação). A finalidade é afirmar que a inclusão no emprego não é apenas um direito a ser garantido agora mais do que nunca para cada pessoa, mas que traz benefícios no contexto do trabalho e à sociedade como um todo. Na verdade, muitas vezes as pessoas com Síndrome de Down têm grandes dificuldades no trabalho, enfrentando barreiras e preconceitos. O objetivo é garantir que essas pessoas possam ter oportunidades iguais de trabalho, conseguindo assim crescer tanto profissionalmente quanto pessoalmente.

Uma cultura de descarte cada vez mais forte

A grave situação sanitária da pandemia também levou, nos últimos meses, a um agravamento da mentalidade em relação àqueles que nascem com um cromossomo a mais. Na verdade, em muitos países, uma tendência chamada Down Syndrome Free está se desenvolvendo cada vez mais. Em países como a Dinamarca e a Islândia, 98% das mulheres grávidas diagnosticadas com síndrome de Down optam por abortar seus bebês. E estes nem sempre são diagnósticos corretos. O Papa Francisco condenou repetidamente esta cultura do descarte que rejeita os seres humanos mais fracos e frágeis "Por isso - explicou o Pontífice em sua Mensagem no Dia Internacional das Pessoas com Deficiência em dezembro passado - certas partes da humanidade parecem sacrificáveis em benefício de uma seleção que favorece um setor humano digno de viver sem limites. Afinal, as pessoas não são mais sentidas como um valor primordial a ser respeitado e protegido, especialmente se são pobres ou deficientes".

A proximidade da Igreja

"O Papa - explica Vittorio Scelzo do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida - sempre demonstrou grande atenção aos mais frágeis. Se olharmos as fotos das audiências gerais, das visitas às paróquias, viagens, estão cheias de encontros do Papa Francisco com pessoas com Síndrome de Down. E olhando para eles, percebe-se que são muitos para serem acidentais. Evidentemente, há uma grande atenção por trás desses encontros. E muitas vezes são imagens em que se capta a felicidade de ambos, do Papa e dessas pessoas que ele encontra. É como se fosse um magistério muito particular, feito, porém, acima de tudo, de gestos, de sorrisos e de abraços, é uma atenção que o Papa sempre tem. Também durante a visita ao Iraque, por exemplo, ele conheceu algumas pessoas com Síndrome de Down. E certamente não se limita ao dia de hoje, o que também é muito importante, mas esta atenção do Papa nos convida a um compromisso pastoral renovado, em direção a uma inclusão cada vez maior das pessoas com deficiência. Portanto, no Dicastério para os leigos, a família e a vida, percebemos a necessidade de encorajar, como escreveu o Papa Francisco na "Fratelli tutti" sua participação ativa na comunidade civil e eclesial; por esta razão, iniciamos uma reflexão sobre como acompanhar a pastoral das pessoas com deficiência e, em particular, aquelas com Síndrome de Down, começando neste sentido a fazer contatos com as Conferências Episcopais com as associações e com todos aqueles que estão engajados nesta área".

Vatican News

NÃO PLANTAR TRIGO, MAS EDUCAR!

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Dom Jaime Spengle
Arcebispo de Porto Alegre (RS)

Um antigo provérbio chinês diz o seguinte: os que estão preocupados com o próximo ano semeiam trigo; já os que estão preocupados com os próximos 100 anos se empenham em educar as pessoas.

Para quem vive tempos apressados, sob a tirania do momento, num mundo onde se privilegia o individualismo, o citado provérbio pode parecer um absurdo ou nada mais que um bom conselho. Contudo, como diz Daniel Pennac “o tempo para ler, como o tempo para amar”, e acrescentamos, o tempo para dialogar, “dilata o tempo para viver”.

Ler, amar, dialogar são exigências do processo de busca da verdade. Tais atitudes contribuem para o desenvolvimento humano. Elas patrocinam o convívio harmônico, a fraternidade humana. Dispor-se a ouvir, observar, silenciar e elaborar o que é oferecido ao longo deste processo, implica coragem para se deixar interpelar, disposição para deixar-se questionar em seus pressupostos e abertura de mente e coração para acolher o que verdadeiramente é importante e que promove vida em plenitude. Não se trata certamente de acumular informações, mas de uma disposição performativa.

O processo de busca da verdade pressupõe autenticidade. Ela é algo que envolve mente, disposição física, capacidade dialógica e também coração, ou se quisermos, sensibilidade humana. É esta tríade que promove a construção de confiança e condições para possíveis e talvez necessárias revisões e mudanças no modo de pensar e agir.

“É hora de saber como projetar, numa cultura que privilegie o diálogo como forma de encontro, a busca de consenso e de acordos, mas sem a separar da preocupação por uma sociedade justa, capaz de memória e sem exclusões. O autor principal, o sujeito histórico deste processo, é a gente e a sua cultura, não uma classe, uma fracção, um grupo, uma elite. Não precisamos de um projeto de poucos para poucos, ou de uma minoria esclarecida ou testemunhal que se aproprie de um sentimento coletivo. Trata-se de um acordo para viver juntos, de um pacto social e cultural” (Papa Francisco).

Portanto, quando durante o tempo quaresmal somos convidados a refletir sobre o tema “Fraternidade e diálogo”, estamos sendo exortados a superar ideologias e preconceitos, e nos dispor a trabalhar com homens e mulheres de boa vontade na construção de uma sociedade caracterizada por autêntica fraternidade e paz.

CNBB

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF