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quarta-feira, 7 de abril de 2021

4 curiosidades sobre a Oitava da Páscoa

Luca Giordano | Public Domain
por Philip Kosloski

A semana seguinte ao Domingo de Páscoa continua a gloriosa celebração da ressurreição de Jesus.

Como acontece no Natal, a Páscoa é celebrada pelo mundo nos dias que antecedem a festa, mas não depois. Isso contrasta com a celebração litúrgica dessas festas, que só começa no próprio dia e se estende por muitos dias e até semanas depois. Em particular, a “Semana da Páscoa” – conhecida como Oitava da Páscoa – é a forma  pela qual a Igreja continua a celebração da ressurreição de Jesus. Assim, agimos como se cada dia fosse a própria Páscoa!

Aqui estão algumas curiosidades sobre a Oitava de Páscoa e como podemos participar da alegria de Cristo Ressuscitado.

1. Oitava de Páscoa: a “Semana Brilhante”

A semana seguinte ao Domingo de Páscoa é chamada de “Semana Brilhante” pelos cristãos orientais e se refere à luz que Jesus trouxe ao mundo.

Em termos bíblicos, Jesus ressuscitou no “oitavo dia”, que simbolicamente representa a nova criação e a promessa do céu. Os cristãos orientais refletem sobre esta promessa de alegria futura referindo-se à “Semana Brilhante” como “um dia contínuo”.

2. Os recém-batizados e as vestes batismais

A Oitava da Páscoa, durante a qual nenhum trabalho servil era feito, era uma festa contínua. A cada dia, os neófitos assistiam à missa em uma igreja diferente em Roma. À noite, iam a São João de Latrão para o Ofício das Vésperas.

Além disso, os recém-batizados usavam suas vestes batismais durante toda a Oitava de Páscoa. De acordo com a Enciclopédia Católica, o Segundo Domingo da Páscoa “era consequentemente conhecido como dominica in albis – o domingo da (retirada das) vestes brancas”.

3. Comer carne na sexta-feira da Páscoa

A Lei Canônica estipula que esta regra penitencial não se aplica a dias do calendário da Igreja que se destinam a ser dias de festa.

A abstinência de carne, ou de qualquer outro alimento determinado pelas conferências episcopais, deve ser observada todas as sextas-feiras, a menos que uma solenidade caia em uma sexta-feira (Can. 1251). Uma solenidade na Igreja Católica é um dia do calendário litúrgico marcado pela maior importância e celebração. É um dia de regozijo! A Sexta-feira de Páscoa é uma solenidade!

4. Saudações

A Páscoa deve ser um momento de grande alegria. Esta alegria é naturalmente compartilhada com os outros e, ao longo dos séculos, os cristãos a expressaram de diferentes maneiras.

Por exemplo: os cristãos em muitas partes do mundo se cumprimentam com uma “saudação pascal”. É muito mais do que uma “Feliz Páscoa” e relata a alegria que se tem pela ressurreição de Jesus.

O costume foi originalmente desenvolvido no contexto da liturgia e ainda é mantido pelos cristãos orientais. Ocorre durante as Matinas da Ressurreição, vigília noturna que inicia na celebração da Páscoa, no Sábado Santo. Segundo o Metropolitan Cantor Institute, durante o canto dos salmos “os fiéis se aproximam para beijar a cruz na mão do sacerdote, que saúda a cada um: “Cristo ressuscitou!”. Então, cada um dos fiéis responde: “Sim, ele ressuscitou!”.

Aleteia

Indonésia e Timor-Leste: a oração do Papa pelas vítimas das inundações

Estragos das inundações em Timor-Leste e Indonésia | Vatican News

Ao menos 120 pessoas morreram e dezenas permanecem desaparecidas após as inundações e deslizamentos de terra provocados pelo ciclone tropical Seroja na Indonésia e em Timor-Leste. Ao final da Audiência Geral, o Papa recordou também o Dia Internacional do Esporte para o Desenvolvimento e a Paz.

Vatican News

Ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco garantiu suas orações pelas vítimas das inundações na Indonésia e em Timor-Leste.

“O Senhor acolha os mortos, conforte os familiares e ampare os que perderam sua habitação.”

Ao menos 120 pessoas morreram e dezenas permanecem desaparecidas após as inundações e deslizamentos de terra provocados pelo ciclone tropical Seroja na Indonésia e em Timor-Leste. Mais de 10.000 pessoas seguiram para abrigos. Milhares de casas, estradas, pontes e hospitais foram danificados ou destruídos. A tempestade avança agora em direção à costa oeste da Austrália.

Inundações devastadoras entre a Indonésia e Timor Leste 
(AFP or licensors)

Dia Internacional do Esporte 

Francisco recordou ainda o Dia Internacional do Esporte para o Desenvolvimento e a Paz, convocado pelas Nações Unidas.

“Faço votos de que esta ocasião possa relançar a experiência do esporte como evento de equipe, para favorecer o diálogo solidário entre culturas e povos diferentes.”

De modo especial, o Pontífice encorajou a “Athletica Vaticana a prosseguir no empenho em difundir a cultura da fraternidade no âmbito desportivo, com uma atenção particular às pessoas mais frágeis, tornando-se assim testemunhas de paz.

A “Athletica Vaticana” é a única associação esportiva da Cidade do Vaticano. Trata-se de uma equipe de atletismo, que agrega homens e mulheres, cidadãos ou funcionários vaticanos. Entre eles, estão guardas suíços, uma freira, dois bispos e alguns sacerdotes.

Vatican News

O papel da família no combate à COVID-19?

Foto referencial de família. Crédito: Gabriel Tovar / Unsplash
por Walter Sánchez Silva

PIURA, 07 abr. 21 / 08:00 am (ACI).- Gloria Huarcaya, diretora do Mestrado em Matrimônio e Família da Universidade de Piura (Peru), explicou como a instituição familiar ajuda a combater a pandemia de Covid-19.

Huarcaya disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que as famílias durante a pandemia intervieram no “cuidado da vida, cuidando na linha de frente dos doentes e idosos, educando e socializando as crianças por causa do fechamento das escolas, e na solidariedade intergeracional, ajudando a suprir as necessidades econômicas de nossos familiares”.

“Além disso, as famílias, principalmente as mães, contribuíram para a estabilidade emocional de seus membros diante da incerteza da Covid; que constitui uma ajuda tremendamente eficaz - embora muitas vezes oculta - a toda a sociedade”, acrescentou.

Sobre a ajuda concreta para combater a pandemia, Huarcaya sublinhou que a família “definitivamente já o faz através dos cuidados preventivos, dos cuidados aos doentes em casa, bem como do apoio financeiro que fornece às pessoas que perderam seus trabalhos e negócios”.

A especialista explicou à ACI Prensa que existe também "outro tipo de atenção muito importante que se reflete no fortalecimento das virtudes neste contexto", como "o otimismo para enfrentar as adversidades, criatividade para gerar espaços para compartilhar, serenidade e tranquilidade diante do que não se pode controlar, capacidade de trabalho apesar das limitações, respeito e cuidado do âmbito pessoal e o acompanhamento espiritual a quem sofre diretamente com a pandemia”.

“As famílias têm enfrentado a crise sanitária e econômica, inclusive com mais fortaleza que os próprios governos”, destacou.

Gloria Huarcaya destacou ainda que “a pandemia acabou se tornando um assunto familiar e expôs a qualidade de relações entre seus membros. A Covid-19 funcionou como uma tormenta perfeita que fortaleceu as famílias funcionais, e debilitou as que já eram vulneráveis”.

“A pandemia nos levou a repensar as prioridades e perceber que, acima do sucesso social ou profissional, nos preocupamos com a vida e com a saúde de nossos familiares, pois é nisso que está o sentido de nossas vidas, em amar e ser amados de modo incondicional”, disse a especialista a ACI Prensa.

Na família, continuou Huarcaya, a defesa da vida é ensinada "em todas as suas etapas, da concepção até a morte natural", o que fomenta "o germe da coesão social, um elemento indispensável para o desenvolvimento sustentável. É por isso que se diz que quando existem famílias bem fundadas, as sociedades prosperam sobre uns valores sólidos”.

Da mesma forma, a especialista destacou que “a interação entre família e sociedade requer um reconhecimento político, cultural, empresarial e jurídico, que não se limite a propostas demagógicas, mas que ofereça um verdadeiro reconhecimento e uma ajuda efetiva para que as famílias possam cumprir suas funções específicas, que não são substituíveis”.

Por isso, “torna-se cada vez mais urgente a implementação de uma ‘perspectiva familiar’ nas políticas públicas e empresariais. Isso significa que todos os programas e ajudas sociais - inclusive as privadas - considerem as estruturas familiares em seus diagnósticos e os efeitos de suas intervenções no bem-estar familiar”.

Ou seja, “deixar de considerar os cidadãos como indivíduos isolados, e começar a entendê-los como pessoas integradas em uma rede familiar, com dinâmicas e necessidades particulares”.

Gloria Huarcaya também disse que “o estresse emocional que sofremos com o confinamento, a perda do emprego, a redução da renda, exige novos serviços de apoio às famílias, como aconselhamento ou acompanhamento familiar”.

ACI Digital

S. JOÃO BATISTA DE LA SALLE, PRESBÍTERO, FUNDADOR DOS IRMÃOS DAS ESCOLAS CRISTÃS

S. João Batista de la Salle, Pierre Leger 

Os professores de todos os tempos e lugares não poderiam ter um Padroeiro melhor que São João Batista de la Salle. O Papa Pio XII concedeu-lhe este título após 50 anos da sua Canonização. Pode ser que este Santo tenha obtido esta inspiração na própria família: o primogênito de 10 filhos, órfão de ambos os pais aos 21 anos, teve que cuidar dos irmãos, não obstante seus estudos no seminário. Isto, porém, não o impediu de emitir os votos religiosos e conseguir, brilhantemente, o doutorado em Teologia.

Vocação de ensinar

João Batista foi encarregado, pelo Arcebispo de Reims, de cuidar da educação dos jovens. Assim, conheceu Adriano Nyel, um leigo que dedicou a sua vida à escola popular. No entanto, percebeu, logo, que algo não estava certo: os professores eram mal preparados e pouco estimulados. Então, entendeu que devia agir: o ensino devia ser uma missão e os alunos mereciam professores instruídos.
Daí, olhou em torno de si, estudou o ambiente e descobriu os melhores métodos adotados nas escolas: alugou uma casa e foi morar com seus professores, que instruiu pessoalmente; ensinou-lhes que as lições não deviam ser mais individuais, mas coletivas. Assim, dividiu as lições em classes, dando prioridade à língua materna - o francês – ao invés do latim, para a leitura; prestou também atenção especial às necessidades morais, e não apenas culturais, dos professores.

Missão dos "irmãos" mais velhos

Os professores, que se aglomeravam em volta de João Batista, não eram apenas sacerdotes, embora a sua ideia fosse a de dedicar suas vidas totalmente aos alunos. Assim, ao renunciar ao matrimônio e à família, revestiu-os com uma batina preta, com uma espécie de babete branco, manto camponês e tamancos, oferecendo-lhes uma primeira Regra de Vida, que começou a escrever em 1685.
Após quase dez anos, foi eleito superior dos Irmãos das Escolas Cristãs, a Congregação que, mais tarde, fundou depois do primeiro experimento. O Instituto era completamente composto por professores masculinos, que permaneceram leigos, para que fossem capazes de instruir, não apenas na fé, mas no conhecimento e na profissão.
Com estes professores, João conseguir atingir algumas metas pedagógicas importantes: deu prioridade ao método simultâneo no ensino fundamental, gratuito nas suas escolas; organizou cursos noturnos e dominicais, para jovens trabalhadores, e inventou o ensino ancestral do moderno curso técnico, comercial e profissional.

Derrota da ignorância... e dos ignorantes

À medida que a Congregação crescia, se deparava também com muitas críticas: o fundador foi atacado pelo alto Clero de Paris, por alguns párocos, por autoridades civis, a ponto de ser obrigado a transferir tudo para a cidadezinha de Saint-Yon, perto de Rouen. João Batista reagiu aos ataques retirando-se em oração, isolamento penitencial, meditação e estudo. Ele foi acusado, pelos chamados "professores de rua", de receber dinheiro dos seus alunos, gozar de privilégios, reservados às associações profissionais, e manter um grupo de professores, sem a devida autorização. Infâmias livres e gratuitas.
Em 1702, após uma visita canônica, João Batista foi deposto do cargo de superior. A tudo isso, ele reagiu, dizendo: “Se o nosso Instituto for obra humana, vai desaparecer; mas, se for obra de Deus, todo esforço para destruí-lo será inútil”.
Quando João Batista de la Salle faleceu, em 1719, sua Congregação contava 23 Casas e 10 mil alunos. Cerca de trinta mil pessoas participaram do seu enterro naquela cidadezinha, que lhe deu refúgio. Seus restos mortais foram transladados, em 1937, para a Casa geral do Instituto, em Roma.

Vatican News

terça-feira, 6 de abril de 2021

A importância da Oitava de Páscoa

Editora Cléofas
por Prof. Felipe Aquino

Após o domingo de Páscoa a Igreja vive o Tempo Pascal; são sete semanas em que celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos, dando-lhes as suas últimas instruções (At 1,2). Quarenta dias depois da Ressurreição Jesus teve a sua Ascensão ao Céu, e ao final dos 49 dias enviou o Espírito Santo sobre a Igreja reunida no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa. O Espírito Santo dado à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso.

O Tempo Pascal compreende esses cinquenta dias (em grego = “pentecostes”), vividos e celebrados “como um só dia”. Dizem as Normas Universais do Ano Litúrgico que: “os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, “como se fosse um único dia festivo”, como um grande domingo” (n. 22).

É importante não perder o caráter unitário dessas sete semanas. A primeira semana é a “oitava da Páscoa”. Ela termina com o domingo da oitava, chamado “in albis”, porque nesse dia os recém batizados tiravam as vestes brancas recebidas no dia do Batismo.

Esse é o Tempo litúrgico mais forte de todo o ano. É a Páscoa (passagem) de Cristo da morte à vida, a sua existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, seu Corpo. No dia de Pentecostes a Igreja é introduzida na “vida nova” do Reino de Deus. Daí para frente o Espírito Santo guiará e assistirá a Igreja em sua missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a Parusia. Com a vinda do Espírito Santo à Igreja, entramos “nos últimos tempos” e a salvação está definitivamente decretada; é irreversível; as forças o inferno vencidas pelo Cristo na cruz, não são mais capazes de barrar o avanço do Reino de Deus, até que o Senhor volte na Parusia.

A Igreja logo nos primórdios começou a celebrar as sete semanas do Tempo Pascal, para “prolongar a alegria da Ressurreição” até a grande festa de Pentecostes. É um tempo de prolongada alegria espiritual. Esse tempo deve ser vivido na expectativa da vinda do Espírito Santo; deve ser o tempo de um longo Cenáculo de oração confiante.

Nestes cinquenta dias de Tempo Pascal, e, de modo especial na Oitava da Páscoa, o Círio Pascal é aceso em todas as celebrações, até o domingo de Pentecostes. Ele simboliza o Cristo ressuscitado no meio da Igreja. Ele deve nos lembrar que todo medo deve ser banido porque o Senhor ressuscitado caminha conosco, mesmo no vale da morte (Sl 22). É tempo de renovar a confiança no Senhor, colocar em suas mãos a nossa vida e o nosso destino, como diz o salmista: “Confia os teus cuidados ao Senhor e Ele certamente agirá” (Salmo 35,6).

Os vários domingos do Tempo Pascal não se chamam, por exemplo, “terceiro domingo depois da Páscoa”, mas “III domingo de Páscoa”. As leituras da Palavra de Deus dos oito domingos deste Tempo na Santa Missa estão voltados para a Ressurreição. A primeira leitura é sempre dos Atos dos Apóstolos, as ações da Igreja primitiva, que no meio de perseguições anunciou o Senhor ressuscitado e o seu Reino, com destemor e alegria.

Portanto, este é um tempo de grande alegria espiritual, onde devemos viver intensamente na presença do Cristo ressuscitado que transborda sobre nós os méritos da Redenção. É um tempo especial de graças, onde a alma mais facilmente bebe nas fontes divinas. É o tempo de vencer os pecados, superar os vícios, renovar a fé e assumir com Cristo a missão de todo batizado: levar o mundo para Deus, através de Cristo. É tempo de anunciar o Cristo ressuscitado e dizer ao mundo que somente nele há salvação.

Então, a Igreja deseja que nos oito dias de Páscoa (Oitava de Páscoa) vivamos o mesmo espírito do domingo da Ressurreição, colhendo as mesmas graças. Assim, a Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de que “o tempo especial de graças” que significa a Páscoa, se estenda por oito dias, e o povo de Deus possa beber mais copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável, onde o céu beija a terra e derrama sobre elas suas Bênçãos copiosas.

Mas, só pode se beneficiar dessas graças abundantes e especiais, aqueles que têm sede, que conhecem, que acreditam, e que pedem. É uma lei de Deus, quem não pede não recebe. E só recebe quem pede com fé, esperança, confiança e humildade.

As mesmas graças e bênçãos da Páscoa se estendem até o final da Oitava. Não deixe passar esse tempo de graças em vão! Viva oito dias de Páscoa e colha todas as suas bênçãos. Não tenha pressa! Reclamamos tanto de nossas misérias, mas desprezamos tanto os salutares remédios que Deus coloca à nossa disposição tão frequentemente.

Muitas vezes somos miseráveis sentados em cima de grandes tesouros, pois perdemos a chave que podia abri-lo. É a chave da fé, que tão maternalmente a Igreja coloca todos os anos em nossas mãos. Aproveitemos esse tempo de graça para renovar nossa vida espiritual e crescer em santidade.

O Círio Pascal

O Círio Pascal estará acesso por quarenta dias nos lembrando isso. A grande vela acesa simboliza o Senhor Ressuscitado. É o símbolo mais destacado do Tempo Pascal. A palavra “círio” vem do latim “cereus”, de cera. O produto das abelhas. O círio mais importante é o que é aceso na vigília Pascal como símbolo de Cristo – Luz, e que fica sobre uma elegante coluna ou candelabro enfeitado. O Círio Pascal é já desde os primeiros séculos um dos símbolos mais expressivos da vigília, por isso ele traz uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, para indicar que a Páscoa do Senhor Jesus, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos alcança com força sempre nova no ano concreto em que vivemos. O Círio Pascal tem em sua cera incrustado cinco cravos de incenso simbolizando as cinco chagas santas e gloriosas do Senhor da Cruz.

O Círio Pascal ficará aceso em todas as celebrações durante as sete semanas do Tempo Pascal, ao lado do ambão da Palavra, até a tarde do domingo de Pentecostes. Uma vez concluído o tempo Pascal, convém que o Círio seja dignamente conservado no batistério. O Círio Pascal também é usado durante os batismos e as exéquias, quer dizer no princípio e o término da vida temporal, para simbolizar que um cristão participa da luz de Cristo ao longo de todo seu caminho terreno, como garantia de sua incorporação definitiva à Luz da vida eterna.

No Vaticano, a cera do Círio Pascal do ano anterior é usada para a confecção do “Agnus Dei” (Cordeiro de Deus), que muitos católicos usam no pescoço; é um sacramental valioso para nos proteger dos perigos desta vida, pois é feito do Círio que representa o próprio Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele é confeccionado de cera branca onde se imprime a figura de um cordeiro, símbolo do Cordeiro Imolado para reparar os pecados do mundo.

Esses “Agnus Dei” são mergulhados pelo Papa em água misturada com bálsamo e o óleo Sagrado Crisma. O Sumo Pontífice eleva profundas orações a Deus implorando para os fiéis que os usarem com fé, as seguintes graças: expulsar as tentações, aumentar a piedade, afastar a tibieza, os perigos de veneno e de morte súbita, livrar das insidias, preservar dos raios, tempestades, dos perigos das ondas e do fogo – impedir que qualquer força inimiga nos prejudique – ajudar as mães no nascimento das crianças.

Prof. Felipe Aquino

https://cleofas.com.br/

Páscoa de esperança e dificuldades no Líbano

Nossa Senhora de Harissa, Rainha do Líbano 

O Dia da Páscoa foi precedido, na Terra dos Cedros, por manifestações de protesto em Beirute e Sidon. O vigário geral do Patriarca, padre Hanna, sublinha como os jovens, que sentem a proximidade do Papa Francisco, representam a esperança do Líbano. E o reitor do Santuário de Harissa conta sobre o milhões de pessoas que do exterior, seguem todos os dias o terço da noite on-line.

Fausta Speranza – Vatican News

Foram retomados os protestos populares contra a corrupção e o mau governo no Líbano. A mídia em Beirute noticiou nos últimos dias sobre uma concentração em frente à sede do Ministério da Economia no centro da capital e outra organizada em Sidon, ao sul de Beirute, em frente ao hospital público para protestar contra a falta de serviços médicos básicos no contexto da pandemia.

É crise há mais de um ano

No Líbano, dominado há mais de um ano e meio pela pior crise econômica e política dos últimos 30 anos, a lira local perdeu 90 por cento de seu valor. Parece não haver perspectiva de formação de um novo governo em breve.

Segundo monsenhor Hanna Alwan, vigário do Patriarca dos Maronitas, cardeal Bechara Boutros Raï, os jovens mantêm o incentivo do Papa Francisco.

A oração se renova

"Em meio a tantas dificuldades, as pessoas estão rezando mais", disse-nos o padre Khalil Alwan, reitor do santuário de Nossa Senhora do Líbano em Harissa:

Padre Alwan lembra que os libaneses estão sofrendo uma crise econômica e social que não tem dado trégua à maioria da população há algum tempo e que se agravou com a pandemia. Em seguida, ele enfatiza que muitas pessoas e muitos jovens continuam a aderir ao Terço on-line que é rezado todas as noites às 19h15, horário local, e transmitido nas redes sociais. A experiência é dura e o momento é verdadeiramente dramático, mas por causa disso, a oração se intensificou e muitos estão se unindo, diz o reitor. Sente-se que se vive há algum tempo um período intenso de paixão e, portanto, se espera realmente a Ressurreição do Senhor, para que - acrescenta - a esperança humana possa ser reacendida para o renascimento do país. Padre Alwan explica que o compromisso de oração noturna que tem sido compartilhado nas mídias sociais desde outubro de 2019 é muito sentido. Mais e mais pessoas estão se unindo a este momento de oração e pelo menos um milhão de fiéis se conectam todos os dias do exterior. Muitos outros se uniram para as celebrações do Tríduo Pascal. A oração no Líbano está mais viva do que nunca.

 Vatican News

Dos Sermões de Santo Anastácio de Antioquia

S. Anastácio de Antioquia | Diocese de Blumenau

Dos Sermões de Santo Anastácio de Antioquia
(Oratio 4, 1-2: PG 89, 1347-1349)        (Séc.VI)

Era necessário que Cristo sofrese
para assim entrar em sua glória

        Cristo, por suas palavras e ações, revelou que era verdadeiro Deus e Senhor do universo. Ao subir para Jerusalém com seus discípulos, dizia-lhes: Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos gentios, aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei, para ser escarnecido, flagelado e crucificado (Mt 20,18.19). Fazia, na verdade, estas afirmações em perfeita consonância com as predições dos profetas, que haviam anunciado sua morte em Jerusalém.
        Desde o princípio, a Sagrada Escritura havia predito a morte de Cristo com os sofrimentos que a precederiam, e também tudo quanto aconteceu com seu corpo depois da morte; predisse igualmente que aquele a quem tudo isto sucedeu é Deus impassível e imortal. De outro modo, nunca poderíamos afirmar que era Deus se, ao contemplarmos a verdade da encarnação, não encontrássemos nela razões para proclamar, com clareza e justiça, uma e outra coisa, ou seja, seu sofrimento e sua impassibilidade. O motivo pelo qual o Verbo de Deus, e portanto impassível, se submeteu à morte é que, de outra maneira, o homem não podia salvar-se. Este motivo somente ele o conhece e aqueles aos quais revelou. De fato, o Verbo conhece tudo o que é do Pai, como o Espírito que esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus (1Cor 2,10).
        Realmente, era preciso que Cristo sofresse. De modo algum a paixão podia deixar de acontecer. Foi o próprio Senhor quem declarou, quando chamou de insensatos e lentos de coração os que ignoravam ser necessário que Cristo sofresse, para assim entrar em sua glória. Por isso, veio ao encontro do seu povo para salvá-lo, deixando aquela glória que tinha junto do Pai, antes da criação do mundo. Mas a salvação devia consumar-se por meio da morte do autor da nossa vida, como ensina São Paulo: Consumado pelos sofrimentos, ele se tornou o princípio da vida (cf. Hb 2,10).
        Deste modo se vê como a glória do Filho unigênito, glória esta que por nossa causa ele havia deixado por breve tempo, foi-lhe restituída por meio da cruz, na carne que tinha assumido. É o que afirma São João, no seu evangelho, ao indicar qual era aquela água de que falava o Salvador: Aquele que crê em mim, rios de água viva jorrarão do seu interior. Falava do Espírito, que deviam receber os que tivessem fé nele; pois ainda não tinha sido dado o Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado (Jo 7,38-39); e chama glória a morte na cruz. Por isso, quando o Senhor orava, antes de ser crucificado, pedia ao Pai que o glorificasse com aquela glória que tinha junto dele, antes da criação do mundo.

https://liturgiadashoras.online/

O SILÊNCIO DE DEUS

dioceseuinvitoria
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Salvador (BA)

Na pandemia, a experiência da fragilidade humana, da dor e da morte, tem sido intensa, levando-nos a pensar sobre o sentido da vida e da morte, sobre o viver e o morrer. A pandemia faz refletir sobre o caminho que temos percorrido e os passos a serem dados. Muitos levantam questões acerca da presença de Deus neste contexto de sofrimento. O “silêncio de Deus” é um tema teológico crucial e uma experiência espiritual, que têm recebido especial atenção.

 O grito de Jesus na cruz “meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15,34) continua a expressar o clamor de tantos que se sentem abandonados, não por Deus, mas pelo homem; de tantos que não são amados, não por Deus, mas por nós. Esta Páscoa, celebrada numa fase de agravamento da pandemia, é uma ocasião especial para o silêncio e a escuta. É preciso silenciar para escutar. A pandemia obrigou a parar o ritmo agitado de vida e a busca insaciável de consumir; a recolher-se, apesar das resistências ao distanciamento social. A pretensão de onipotência tem sido golpeada abalando as torres de Babel. Os muros têm sido abatidos pelo vírus que não conhece fronteiras, obrigando a sentir-se habitante de uma mesma casa e participante de uma mesma família, embora os mais pobres e vulneráveis sejam os mais atingidos. A experiência da fragilidade e da finitude tem sido compartilhada até por quem não costuma admitir.

Não é Deus quem deixou de falar; foi o homem que se tornou incapaz de escutar. Não é Deus quem deixou de amar e de ensinar a amar. É o homem que deixou de amar e de aprender a amar. Para desvendar o silêncio de Deus é preciso fazer silêncio e mergulhar no mistério do amor divino. “Mistério” não por ser complicado ou inacessível. Na visão bíblica e na experiência de quem crê, o “mistério” compreende a grandeza do amor de Deus que se revela e se oculta, porque não pode ser encerrado nos limites estreitos de nosso pensar e de nosso sentir. É preciso fazer silêncio para contemplar, para discernir os sinais de Deus, para escutar o que ele está querendo nos dizer. Diante do mistério, por mais explicações que se queira dar, a atitude de fé e o silêncio são indispensáveis.

É necessário, ao mesmo tempo, fazer silêncio para escutar o clamor de quem sofre, à espera de atenção e de solidariedade. Este tempo doloroso da pandemia tem sido uma oportunidade para contemplar o rosto de Cristo sofredor nos rostos de tantas pessoas que sofrem. O silêncio, enquanto atitude espiritual, não implica em acomodação ou omissão, assim como o aparente “silêncio” de Deus não significa que ele deixou de amar. No calvário tem muita gente disposta a descer o monte para abraçar, consolar e cuidar, para assumir o papel de Verônica que enxuga as lágrimas e de Cirineu que ajuda a carregar a cruz.

No alto do calvário tem muita gente unida a Jesus sofredor à espera da vitória pascal, tem muita gente que vive da esperança ancorada na fé, trazendo no coração a certeza de que a noite longa da dor e da provação cederá lugar à manhã da ressurreição.

A superação do cenário doloroso que vivemos pressupõe a esperança, pois somente quem conserva a esperança pode pensar o amanhã. Somos chamados a sermos portadores da esperança neste tempo tão difícil. A fé, que se expressa pelo amor ao próximo, fundamenta e alimenta a nossa esperança e nos impulsiona a caminhar.

Na Páscoa, a vida venceu a morte, o amor triunfou sobre a violência. Jesus ressuscitou! Por isso, ela nos traz a esperança de vida nova e de superação das situações de morte. Na páscoa do êxodo, Deus ouviu o clamor do seu povo sofredor libertando-o da opressão. Na nova e definitiva páscoa, ele respondeu ao clamor de Jesus, o justo que sofre e doa sua vida. Na páscoa de Jesus que acontece, hoje, ele continua a escutar o nosso clamor e a nos ensinar a ouvir o clamor de quem sofre. Diante dos desafios, renovamos a certeza na vitória da vida, do amor e da luz, alcançada por Cristo, de modo a transformar a vida cotidiana numa Páscoa permanente.

CNBB

O mundo precisa de uma Igreja que mostre a alegria pascal, afirma o Patriarca da Terra Santa

Dom Pierbattista Pizzaballa.
Crédito: Patriarcado Latino de Jerusalém

JERUSALÉM, 06 abr. 21 / 08:00 am (ACI).- O Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa, destacou que a Páscoa é "apostar mais pelo impossível de Deus do que pelo possível dos homens" e encorajou a ser uma Igreja que leve a alegria pascal a um mundo cheio de dor, especialmente devido às dificuldades deixadas pela pandemia da Covid-19.

No dia 4 de abril, Domingo de Páscoa, Dom Pizzaballa presidiu a missa na Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, como parte das celebrações da Semana Santa de 2021.

“Viemos aqui, mais uma vez ao Sepulcro para anunciar com força e alegria que Cristo ressuscitou, que a morte já não tem poder sobre Ele e sobre cada um de nós”, indicou.

Em sua homilia, o Patriarca destacou que o último ano deixou para muitos apenas doença e morte e os levou a ser “um pouco como Maria Madalena: tentados a correr para trás, a procurar os corpos que perdemos, as oportunidades perdidas, as férias adiadas, a vida que parecia nos escapar”.

Dom Pizzaballa disse que, diante deste panorama, a Páscoa surge como uma forma de ver nos sinais da paixão “os sinais e a promessa de uma vida nova e extraordinária, não porque somos sonhadores, mas porque acreditamos em Deus, o Senhor do impossível”.

“A Páscoa é apostar mais pelo impossível de Deus do que pelo possível dos homens”, acrescentou.

O Patriarca indicou que os fiéis devem acreditar “que a ausência do corpo de Jesus não fala de um roubo, mas do surgimento de uma nova vida” e que Cristo derrotou a morte, o inimigo do homem.

“Creio que este mundo, cansado, ferido, esgotado pela pandemia e por tantas situações de medo, morte e dor; esgotado por demasiadas buscas vãs e que encontra cada vez menos o que procura, precisa cada vez mais de uma Igreja de olhos abertos, de um olhar pascal que saiba ver os traços da Vida mesmo entre os sinais da morte”, enfatizou.

Dom Pizzaballa destacou que, na Páscoa, “a Igreja, humilde e orgulhosa da vitória de seu Senhor”, deve ousar propor a alegria do Evangelho, “redesenhando um mundo e uma história de novas relações de justiça e fraternidade”.

“Devemos ter a coragem de ser discípulos do impossível, capazes de ver o mundo com um olhar redimido pelo encontro com o Ressuscitado, e de acreditar com a fé sólida daqueles que viveram o encontro com a Vida. Nada é impossível para quem tem fé”, indicou.

O Patriarca assinalou que a felicidade da Páscoa não pode ficar apenas em uma saudação, mas deve ser um testemunho “com convicção e certeza de que toda morte, toda dor, todo esforço, toda lágrima podem ser transformados em vida. E que há esperança. Há sempre esperança".

“Por isso, desejo que cada um de nós e a nossa Igreja e a nossa cidade vivamos sempre à luz do Ressuscitado, que dá alegria e vida a quem quiser o receber”, concluiu.

ACI Digital

Parolin: Igreja unida para dar testemunho do Evangelho

Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin sendo entrevistado
pela rádio espanhola COPE

Em entrevista à rádio espanhola COPE, o Secretário de Estado abordou numerosos temas, desde sua vocação sacerdotal até sua relação com o Papa Francisco, dos contrastes atuais na comunidade eclesial à realidade da Igreja na China.

Anna Poce - Vatican News

"Estamos ao serviço da comunhão" e também da defesa e "da promoção da liberdade da Igreja, da liberdade religiosa". Assim como a tarefa em prol da paz no mundo. Esta é a minha maneira de ver a diplomacia". Assim, o Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin se expressou em uma entrevista concedida a José Luis Restán, diretor editorial da rádio espanhola COPE, por ocasião da Páscoa. Foram tratados vários temas entre os quais: a figura do Secretário de Estado e seu serviço ao lado do Papa, a reforma da Cúria, os conflitos dentro da Igreja, a realidade da Igreja na China, a viagem ao Iraque e a missão da Igreja na Europa.

Reforço dos laços entre a Santa Sé e as Igrejas locais

Grande conhecedor da realidade da Igreja nos cinco continentes, o cardeal falou de sua vocação e de como há 40 anos foi-lhe oferecida a possibilidade de se colocar ao serviço do Papa, sem querer. "Acredito que minha vocação fundamental é a sacerdotal". Eu me sinto chamado, ainda me sinto chamado a ser um sacerdote, um ministro do Senhor que trabalha na Igreja pelas almas", afirmou, lembrando que "existem várias maneiras de exercer o sacerdócio" e que a diplomacia eclesiástica é uma delas. "Nunca encontrei uma contradição entre ser sacerdote e ser diplomata, até porque, especialmente depois do Concílio Vaticano II, "a tarefa dos núncios é uma tarefa pastoral", destinada a "fortalecer os laços entre a Santa Sé e as igrejas locais", explicou.

A reforma da Cúria

A tarefa do Secretário de Estado - acrescentou - continuará inalterada mesmo quando a reforma da Cúria Romana, que o Papa está preparando, estiver concluída. Uma nova Constituição Apostólica substituirá a ordem da Cúria atualmente em vigor, provavelmente mantendo o título das primeiras palavras "Praedicate Evangelium". O Secretário de Estado - portanto - continuará a coordenar a Secretaria de Estado, órgão que auxilia de perto o Santo Padre no governo da Igreja, em suas três seções: para assuntos gerais, para as relações com os Estados e para o pessoal diplomático. “Continuará a coordenar estas três seções", especificou Parolin, "e a trabalhar acima de tudo, imagino, para a diplomacia eclesiástica".

Colaboração com o Papa Francisco

Testemunha excepcional do Pontificado do Papa Francisco, o cardeal recordou sua surpresa quando foi chamado oito anos atrás pelo Santo Padre para ser seu Secretário de Estado, na época era núncio na Venezuela. Falou também sobre suas diferenças de temperamento e que isso têm sido uma vantagem no serviço à Igreja. "É uma questão de transformar nossas diferenças em riqueza para o mundo", como o Papa sempre diz. "Que não se torne", disse, "um conflito, mas uma colaboração e que cada um com seu ponto de vista, com seu estilo, com sua sensibilidade, com sua preparação, com sua cultura, com sua espiritualidade" colabore com o outro.

Tornar a Igreja acreditável na proclamação do Evangelho

Continuando a falar sobre o Papa, o cardeal acrescentou que o que mais o impressiona é sua grande simplicidade. "Quando você se aproxima dele, percebe que ele é um homem simples, sem protocolo", observou, um homem que "se preocupa muito com os relacionamentos e a proximidade com os outros", que "procura encontrar pessoas" - uma característica também de sua maneira de trabalhar -, e cujo desejo é "tornar a Igreja mais acreditável na proclamação do Evangelho".

A preocupação pelos contrastes na Igreja

Sobre a questão do contraste na comunidade eclesial da chamada ala conservadora e da chamada ala progressista, o cardeal destacou como esta situação só causa danos à Igreja, tendo Cristo rezado por sua unidade. "Há motivos para preocupação", disse, refletindo como o problema "provavelmente deriva do fato de que o Papa dá muito destaque à reforma da Igreja e há muita confusão a respeito disso".

A estrutura da Igreja, o depósito da fé, os sacramentos e o ministério apostólico não podem ser mudados, mas há "toda uma vida da Igreja que pode ser renovada", uma vida na qual operam homens pecadores e que, portanto, "precisa ser continuamente renovada". Às vezes - explicou - essas divisões e oposições surgem da confusão, da incapacidade de distinguir "entre o que é essencial e não pode mudar e o que não é essencial e deve ser reformado, deve mudar de acordo com o espírito do Evangelho".

Esperança para o futuro da Igreja na China

Dirigindo-se então à realidade da Igreja na China, o Cardeal Parolin destacou que a Santa Sé a olha com grande respeito, à sua história de enorme sofrimento, mas também com grande esperança. Os passos dados até agora, "mesmo que não tenham resolvido todos os problemas que ainda existem e que provavelmente levarão muito tempo - explicou - estão na direção certa para uma conciliação dentro da Igreja". "O que foi e está sendo tentado - especificou - é proteger esta comunidade que ainda é pequena, mas que tem grande força e vitalidade. Tudo o que está sendo feito é garantir uma vida normal na Igreja na China", para garantir "espaços de liberdade religiosa, de comunhão porque não se pode viver na Igreja Católica sem comunhão com o sucessor de Pedro, com o Papa".

O grande testemunho dos cristãos iraquianos

Recordando a viagem ao Iraque e o encontro com uma Igreja perseguida, que continua sofrendo e vivendo em um "clima de desconfiança e incerteza que não permite aos cristãos ver um futuro no país", o cardeal falou da grande lição aprendida neste encontro com os fiéis iraquianos. "O que eles nos ensinaram é o testemunho de fé que vai até o martírio". Esta é a grande lição que aprendemos com os cristãos iraquianos".  Apesar dos ataques e das mortes, os cristãos continuam a professar sua fé católica com grande coragem. "Este é um grande ensinamento", acrescentou - e também um apelo à solidariedade. "Eles nos ensinam esta capacidade de sermos fiéis apesar de todas as dificuldades", observou, "mas ao mesmo tempo nos pedem mais solidariedade".

A perda da fé na Europa

Falando da Europa e da emergência de uma nova legislação sobre questões éticas cada vez mais distantes das raízes cristãs, o cardeal admitiu sentir muito "a perda de fé" nestas "mudanças antropológicas que estão ocorrendo", destacando que "perder a identidade da pessoa humana, mais do que uma perda de fé" representa "uma perda da razão". Como o Papa Francisco também já disse muitas vezes, por exemplo, "a questão do aborto não é uma questão religiosa", mas uma questão da razão. E "provavelmente hoje, como disse Bento XVI, o problema fundamental é a razão, não a fé". E afirmou que a missão da Igreja na Europa é a do testemunho. "Devemos testemunhar a nossa fé, testemunhar a nossa esperança, testemunhar a nossa caridade", sem imposições, mas somente oferecendo "um testemunho coerente e convicto de vida cristã", como aconteceu nos primeiros séculos da Igreja, quando apóstolos e discípulos chegaram a uma sociedade carente de valores cristãos e através de seu testemunho "conseguiram mudar a mentalidade e introduzir os valores do Evangelho na sociedade daquele tempo".

Necessidade de oração

Hoje mais do que nunca, concluiu o Cardeal Parolin, precisamos rezar, para nos unir a todos em oração, para que o Senhor nos ajude a sermos fiéis "à missão de testemunhar o Evangelho e também à nossa pertença à Igreja no mundo de hoje".

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF