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sábado, 10 de abril de 2021

S. MADALENA DE CANOSSA, VIRGEM, FUNDADORA DAS FILHAS E DOS FILHOS DA CARIDADE

S. Madalena de Canossa, 1835 
10 de abril

Infância difícil

Madalena Gabriela de Canossa, descendente da famosa Matilde de Canossa – que havia favorecido a anulação da excomunhão do imperador Henrique IV, por parte do Papa Gregório VII – nasceu em 1° de março de 1774, no nobre palácio em Verona, que pertencia à sua família, pouco distante do Arco dos Gavi, de onde se podia admirar o rio Ádige.
Com apenas cinco anos, ficou órfã de pai; dois anos depois, foi abandonada pela mãe, que recasou com o marquês Zenetti de Mântua. A educação de Madalena e de seus quatro irmãos foi confiada, nos anos seguintes, a uma governanta francesa, bastante severa, que não compreendendo o caráter da menina, a tratava com excessiva dureza.
Aos quinze anos, Madalena foi acometida por uma febre misteriosa, como também por uma dor isquiática violentíssima e uma grave forma de varíola. Estas doenças causaram-lhe asma crônica e uma dolorosa contração nos braços, que pioraram com o passar dos anos.
Durante a convalescença, desabrochou nela a vocação religiosa e o desejo de entrar para o convento; porém, era atormentada pelo pensamento de ter que deixar os muitos pobres e necessitados, que afluíam ao átrio do palácio paterno, que sustentava em muitas maneiras.

Primeiras experiências no Carmelo

Seu confessor, o carmelita Estêvão do Sagrado Coração, a aconselhou a fazer um período de experiência no mosteiro de Santa Teresa, em Verona e, depois, naquele das Carmelitas Descalças, em Conegliano.
Após alguns meses, ambas as experiências concluíram-se com sua volta a casa, por não ser idônea à vida claustral. Porém, a Priora do Convento de Verona escreveu-lhe: “Deus manifestou, com clareza, a sua não idoneidade para a vida de religiosa Descalça; porém, isso não queria dizer que a recusava como Esposa”. Então, a Priora propôs-lhe outro diretor espiritual, Padre Luís Ribera, que a exortou a prestar um serviço de caridade na sua família e no mundo.
Em 1799, Madalena recolheu da rua duas jovens abandonadas e as colocou, provisoriamente, em um apartamento no bairro mal afamado de São Zeno.
Em 1804, hospedou, em seu palácio, Napoleão Bonaparte, de passagem por Verona. Napoleão teve a oportunidade de conhecer e admirar Madalena e seu zelo apostólico; por isso, ofereceu-lhe um ex Mosteiro das Agostinianas.
Assim, nasceu o primeiro Instituto das Filhas da Caridade, aprovado, em 1816, pelo Papa Pio VII. Ali, Madalena deu catecismo e assistência aos enfermos, mas, sobretudo, instituiu escolas para a educação e formação de moças.

Filhas da Caridade

Muitas jovens foram atraídas pelo carisma de Madalena e das suas coirmãs. Com o passar do tempo, surgiram novos Institutos em Veneza, Milão, Bergamo e Trento.
Na Congregação era rejeitada toda forma de tristeza ou melancolia. A fundadora aconselhava, mais que um rigor excessivo, um sereno abandono à vontade de Deus.
No Instituto de Bergamo, Madalena fundou o primeiro Centro para professoras camponesas e, a seguir, a Ordem Terceira das Filhas da Caridade, aberto também às mulheres casadas ou viúvas, que se dedicavam, sobretudo, à formação das enfermeiras e professoras.

Três Ave-Marias

Nos últimos anos da sua existência, Madalena começou a ter frequentes crises de asma e fortes dores nas pernas e nos braços. Na rude cela do seu convento não havia nem um genuflexório: para rezar, - dizia -, eram suficientes os degraus diante da janela.
Em 10 de abril de 1835, pediu às suas coirmãs para segurá-la em pé, a fim de rezar as três Ave-Marias a Nossa Senhora das Dores, à qual tinha uma devoção toda especial. Na terceira Ave-Maria, - narram – elevou os braços ao céu e, com um grito de alegria e de mãos postas, reclinou a cabeça no ombro de uma coirmã.
Madalena Gabriela de Canossa foi beatificada, em 1941, por Pio XII e, em 1988, canonizada por João Paulo II.

Vatican News

sexta-feira, 9 de abril de 2021

58ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB TEM INÍCIO NA SEGUNDA-FEIRA, DIA 12 DE ABRIL; SAIBA COMO ACOMPANHAR

Crédito: CNBB

58ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB

De 12 a 16 de abril, o episcopado brasileiro participa da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (AGCNBB). Este encontro é sinal e instrumento de colegialidade, do afeto episcopal e da busca de comunhão entre as Igrejas particulares do país, especialmente no âmbito da ação evangelizadora.

Pela primeira vez, o encontro será realizado de forma on-line em razão da pandemia. O tema geral deste encontro é “Casas da Palavra – Animação bíblica da vida e da pastoral nas comunidades eclesiais missionárias”.

Os bispos vão aprofundar ainda cerca de outros 30 assuntos, entre os quais a análise de conjuntura; o Ano Vocacional previsto para 2023; os anos temáticos de São José e Família Amoris Laetitia, convocados pelo Papa Francisco; o Colégio Pio Brasileiro, as Comissões, organismos e Regionais; a criação do Regional Leste 3, as Edições CNBB, o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) e a pandemia do novo coronavírus.

Acompanhe a reunião do episcopado brasileiro

Toda a programação (abaixo) poderá ser acompanhada pelas redes sociais da CNBB, no Facebook (https://www.facebook.com/cnbbnacional/) e no Youtube: (https://www.youtube.com/user/CNBBNacionalBrasilia).

Missa diária

Às 7h ocorrerá uma missa diária que será transmitida, direto da capela Nossa Senhora Aparecida na sede da CNBB, pelos canais católicos de TV:  REDE VIDA – diário; TV APARECIDA – diário; TV PAI ETERNO – diário; TV HORIZONTE – diário; TV IMACULADA (RÁDIO E TV) – diário; TV CANÇÃO NOVA – diário; TV EVANGELIZAR – dias 12 e 16/04.

Temas do dia

Diariamente, às 13h, três bispos indicados pela presidência da entidade vão apresentar os temas centrais abordados na pauta da Assembleia.

Boletim diário

A Assessoria de Comunicação da CNBB produzirá diariamente um boletim informativo com a principais notícias e debates do dia, sempre com a presença de um bispo convidado. Poderá ser acompanhado às 20h.

Reze pela 58ª AG CNBB

Compartilhe uma mensagem e oração pelos bispos do Brasil e pela 58ª AGCNBB com a hashtag #58ªAGCNBB.

Sintonize-se pelas redes socais da CNBB – Facebook e Youtube – e pelo portal (www.cnbb.org.br).

CNBB

Como enfrentar o luto pela morte de um familiar por coronavírus? Especialista explica

Imagem referencial. Crédito: Pixabay

MADRI, 09 abr. 21 / 12:30 pm (ACI).- No mundo, mais de 2,9 milhões de pessoas morreram devido à Covid-19; e as medidas de segurança impediram que muitos dos familiares pudessem se despedir de seus seres queridos, o que torna o luto pela perda muito difícil.

O religioso camiliano José Carlos Bermejo, diretor do Centro de Humanização da Saúde São Camilo, especialista em humanização da saúde, aconselhamento e luto, em Madri (Espanha), deu uma entrevista à Revista Ecclesia, em abril de 2020, onde explicou como é possível enfrentar a morte.

"É muito difícil. Muitas pessoas se prometeram fidelidade ‘na saúde e na doença, nas alegrias e tristezas, todos os dias de suas vidas’. E agora, nesta crise, os motivos da saúde comunitária nos obrigam a estar separados na maior dor: a separação final, a morte. Expressamos no cuidado recíproco a natureza do nosso amor, do nosso vínculo. E, agora, somos privados dessa chave de ouro do amor: a presença na morte”, expressa.

Por isso, nesta entrevista, incentivou “a reagir com criatividade e reforçar o sentimento comunitário. No coração, passar confiança aos cuidadores profissionais, transmitir-lhes mensagens que possam levar aos doentes isolados, fazê-las chegar com as tecnologias de comunicação que sejam possíveis, substituir o carinho físico pelo carinho emocional e espiritual”.  

“A palavra também tem o poder de acariciar. A ausência de ritos e solidariedade nos primeiros momentos do luto é outra variável de sofrimento que pode dificultar o trabalho de elaboração da dor pela perda de um ser querido. Há pessoas que estão reagindo com criatividade e criando assembleias virtuais e orações, e ritos que são seguidos na comunidade virtual. São oportunidades de expressão da solidariedade em tempos de distância física", afirmou o religioso camiliano.

Ele também enfatizou que para superar o luto é necessário “o dinamismo da esperança. É próprio da esperança se lamentar, em um primeiro momento. Quem lamenta é porque deseja que as coisas não sejam do jeito que são, mas de uma maneira diferente. Agora, aquele que se instala na lamentação não dá início ao dinamismo de trabalhar para que o seu desejo se torne realidade. Por isso, é doloroso recriar-se no drama”.

“É saudável desabafar e expressar os sentimentos, também os de desânimo; mas, ao mesmo tempo, precisamos nos comprometer responsavelmente com o que é desejado, confiando em nossos recursos, nos demais, nos recursos do coração, no próprio Deus", assegurou.

Nesse sentido, explicou à revista Ecclesia que "não poder estar no final e naquilo que rodeia a morte, antes e depois da ocorrência, é um fator que pode aumentar a vulnerabilidade a um luto complicado".

"A ausência não impede apenas o contato físico, mas, às vezes, impede a expressão direta de chaves de fechamento, como são os agradecimentos, pedir perdão, verificar visivelmente a dor da separação, contemplar a natureza da morte como processo, presenciar a verdade imposta pela natureza, que é a transformação de um ser vivo em um cadáver...”, indicou.

E, frente à possibilidade de passar por "lutos complicados", Bermejo incentivou "ter a coragem de pedir ajuda com naturalidade aos principais especialistas no acompanhamento de luto complicado, como os Centros de Escuta de São Camilo, que existem na Espanha desde o primeiro, fundado em 1997”.

Em toda essa dor, o religioso camiliano lembrou que “Deus está mais visível do que nunca, se possível. Estamos vendo-o em sua bondade e misericórdia no batalhão de profissionais de saúde e de assistência em centros maiores, que, em circunstâncias extremas e sem recursos de proteção suficientes, demonstram a ternura de Deus e sua presença saudável: que dá saúde e cuidado. Deus está mais visível do que nunca, como sempre esteve, na pessoa que sofre e está crucificada em sua cama, em sua casa, na residência ou no hospital, esperando que outro ser humano tenha o suficiente e necessário para cuidar dele dignamente. Deus sofre naquele sofre, cura através do cuidador”.

Também explicou que “a dimensão espiritual é um fator que protege a resiliência, a possibilidade de crescer na situação traumática. O dinamismo da esperança, próprio do ser humano e muito particular do fiel, reforça o compromisso pelo bem e a paciência na adversidade”.

“O dinamismo de cura da esperança constrói comunidade e esforço para ajudar-nos uns aos outros, fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. A fé em Deus nos permite cultivar a interioridade e o relacionamento pessoal com a parte mais íntima de nós mesmos, e nos direcionar, do mais profundo, para Aquele que sempre esteve e estará do nosso lado e conosco”, destacou.

“Se em outro momento o silêncio era o melhor companheiro do carinho físico e da presença, agora pode ser o contrário. A palavra pode ser o melhor veículo para dizer o que a pele diria. Dizer obrigado, eu te amo, adeus, pedir perdão, resumir o que significou um para o outro ou pedir um legado espiritual, se o outro puder fazer isso, são as chaves para estar nos momentos de despedida, quando isso seja possível", reforçou.

Nesse sentido, José Carlos Bermejo também garantiu que “um dos aprendizados da crise do coronavírus é a conscientização do valor do contato físico. O próprio Jesus valorizou isso, como o descobrimos nas narrações dos milagres da cura”.

“O olhar, nesses momentos, reforça seu valor, pois a possibilidade de contato físico é restrita. O olhar também pode acariciar”, afirmou.

ACI Digital

Amoris laetitia é uma carta de amor do Papa às famílias

O Papa faz uma série de recomendações práticas de como
cultivar o amor em família 

A declaração é do Pe. Alexandre Awi Mello, secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, em entrevista ao Vatican News sobre o aniversário de 5 anos da exortação do Papa Francisco: uma carta de amor que traz ações práticas para toda a família, encoraja os casais à santidade e os jovens à vocação matrimonial.

Silvonei José e Andressa Collet - Vatican News

Um texto com “muita riqueza prática” aquele da Exortação Apostólica do Papa Francisco, Amoris laetitia, como descreve o Pe. Alexandre Awi Mello, secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. Em entrevista ao Vatican News, o brasileiro fala da importância de se abrir a esse documento do Pontífice, que acaba de completar 5 anos de publicação, que ajuda a preencher a lacuna de muitas pessoas que têm “necessidade de orientação em relação à vida familiar”. O Padre Alexandre explica o porquê de o Papa inclusive convocar um período especial chamado Ano “Família Amoris laetitia”: “sem dúvida é revitalizar; resgatar; até diria assim, para alguns, tirar da gaveta; outros que nem sabiam que existia a exortação; entrar em contato com essa carta de amor do Papa às famílias”.

A carta de amor traz ações práticas

A exortação, como o próprio Ano especial, tem esse objetivo de colocar a família no centro da atenção pastoral da Igreja, fazendo dela protagonista. Por isso, Amoris laetitia procura ir direto ao ponto, propondo ações práticas para serem vividas dentro do lar:

“O nosso Papa, como sabemos, é muito concreto: a típica expressão dele, aquela de que as famílias têm que aprender a cultivar sempre as três palavrinhas mágicas - Obrigado. Desculpa. Dá licença. Porque são palavras muito práticas que se no dia a dia a gente usa, a gente consegue viver melhor. E assim também ele faz uma série de outras recomendações muito práticas de como cultivar o amor, se manter sempre enamorados, de como enfrentar o sofrimento, as dificuldades.”

“O Papa diz claramente no início da exortação: não é um texto para ser lido, assim, corrido; é para ser lido pausadamente, com calma, meditando. Então, é aquele livro de cabeceira que cada dia a gente pode se perguntar: mas hoje será que eu vivi algo disso?”

Junto à reflexão da exortação, o próprio Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida têm oferecido subsídios de aprofundamento da Amoris laetitia para ajudar diretamente as famílias a enfrentar as alegrias e as dificuldades do dia a dia:

"Não ficar esperando que o pároco, que o bispo, que o dicastério, façam as coisas. Mas é justamente que as famílias se sintam protagonistas, sintam que está nas mãos delas. A gente está colocando à disposição justamente tantas coisas para que vocês mesmos possam chegar e falar assim: vamos reunir o pessoal aqui do bairro, vamos reunir as famílias que recebem a imagem da Mãe peregrina ou que de alguma maneira participam do grupo bíblico, daqui da comunidade... Vamos voltar a reunir e agora justamente colocar o tema da família no centro da nossa reflexão, já que é um ano que o Papa quis que fosse dedicado a isso. Acho que é tempo de arregaçar as mangas e não ficar aí parado, meio perdido com essa pandemia, que ninguém sabe como é que vai terminar e quando vai terminar tudo isso, mas, respeitando todas as regras de distanciamento, se não se pode reunir ainda não se reúne, obviamente, mas se pode reunir pelos meios de comunicação ou fazer algum vídeo e assim enviar no WhatsApp para os outros, se pode ser criativo! Todos nós estamos nos reinventando nesse tempo e que seja um tempo justamente de reinventar a beleza e alegria do amor familiar."

Encontro Mundial das Famílias de 2022 em Roma

Todas as iniciativas do Ano Especial vão culminar no Encontro Mundial das Famílias marcado para o próximo ano, em Roma. Segundo o Pe. Alexandre, ocasião perfeita para celebrar essa “beleza da vocação e da santidade da vida familiar”.

“Não sei se você já parou para pensar que existem Santos, esposos: marido e mulher que foram canonizados. Já existem muitos Beatos, muitos casais de esposos Beatos. Esse também é um tema que a gente gostaria de propor, ver que é possível ser Santo como casal.”

Além da santidade da vida familiar, os jovens também são tema de reflexão para que busquem o diálogo intergeracional com os idosos e se motivem para a vocação matrimonial:

“Talvez falte esse momento para os jovens: ‘você já pensou que bonito que é casar-se?’. Mas a gente brinca entre nós no Brasil: ‘Ah, não, Deus me livre’. O próprio Papa brinca: ‘vocês são corajosos’.  Eu que trabalhei sempre com a juventude se brincava: ‘olha, vão te colocar a coleira’. Então, como se o casamento não fosse algo lindo, mas é uma vocação, é um chamado. A gente não casa porque todo mundo se casa, porque a maioria casa. A gente casa, no caso de vocês terem a vocação matrimonial, porque Deus os chamou a essa vocação. É uma missão dada por Deus e por isso Ele se faz presente através dos sacramentos de uma maneira que cela esse amor. Então, é um Ano para resgatar tudo isso. Esperamos realmente que no próximo ano, em junho, nós possamos celebrar esse X Encontro Mundial das Famílias junto com o Papa, aqui em Roma, como uma combinação de toda essa reflexão sobre a vocação e a santidade matrimonial.”

Vatican News

Como rezar aos santos e com os santos? O Papa ensina

Antoine Mekary | ALETEIA | I.MEDIA
por Kathleen Hattrup

"Não há dor na Igreja que se carrega na solidão", disse Francisco.

O Papa Francisco ensinou os fiéis a rezar aos santos. Foi durante a sua catequese do dia 7 de abril de 2021.

Em sua reflexão, Francisco concentrou-se na forma como os santos nos acompanham, e explicou que “estamos imersos num majestoso rio de invocações que nos precede e segue depois de nós. Um rio majestoso.”

O Santo Padre explicou:

“Não há dor na Igreja que se carrega na solidão, não há lágrimas derramadas no esquecimento, porque todos respiram e participam de uma graça comum.”

O Pontífice também observou o fato de ainda estarmos ligados aos santos do céu, aos reconhecidos pela Igreja e aos que conhecemos pessoalmente.

Ele refletiu como a antiga igreja tinha cemitérios ao redor de edifícios sagrados, “como se quisesse dizer que, de alguma forma, as hóstias daqueles que nos precederam participam de todas as Eucaristias”:

“Nossos pais e avós estão lá, nossos padrinhos e madrinhas estão lá, nossos catequistas e outros professores estão lá […] Há uma solidariedade misteriosa em Cristo entre aqueles que já passaram para a outra vida e nós peregrinos nesta: do céu , nosso querido falecido continua a cuidar de nós. Eles oram por nós, e nós oramos por eles e com eles. ”

O Papa disse também que devemos invocar esses irmãos e irmãs mais velhos no céu, e que esta deve ser a “primeira maneira de enfrentar um tempo de angústia”. Para Francisco, a oração também deve ser a nossa resposta em tempos de dificuldade:

“Mesmo em momentos de conflito, uma forma de dissolvê-lo, de amenizá-lo, é rezar pela pessoa com quem estou em conflito.”

Aleteia 

Francisco: construir um mundo solidário é uma forma de fazer história

 

Fundo Monetário Internacional - FMI  (Johannes P. Christo)

O Papa confia ao Cardeal Peter Turkson, Prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, uma mensagem dirigida aos participantes nas reuniões de primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. O mundo pós-pandêmico, recomenda, deve ser solidário e inclusivo e o acesso aos bens garantido a todos os países e povos.

Adriana Masotti - Vatican News

"Um futuro em que as finanças estejam ao serviço do bem comum, onde os vulneráveis e marginalizados sejam colocados no centro e onde a terra, nossa casa comum, seja bem cuidada": esta é a perspectiva que o Papa Francisco espera para toda a família humana e descreve na mensagem enviada ao Grupo do Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional por ocasião das Reuniões de Primavera de 2021. Para atingir este objetivo, escreve, é preciso pensar em formas novas, criativas e inclusivas "de participação social, política e econômica". Começando pela realização, neste tempo de pandemia, de "uma vacina solidária com financiamento justo, para que a lei do mercado não prevaleça "sobre a lei do amor e da saúde de todos".

A retomada não é uma volta à normalidade

O Papa Francisco diz ser grato por poder participar com uma sua mensagem no trabalho em andamento que não pode deixar de levar em conta a série de "crises socioeconômicas, ecológicas e políticas e interligadas" causadas pela Covid-19, e expressa a esperança de que tal trabalho seja direcionado para "um modelo de retomada" capaz de colocar em prática soluções mais sustentáveis para o bem de todos. O Papa escreve:

“A noção de retomada não pode se contentar com a volta a um modelo desigual e insustentável de vida econômica e social, onde uma pequena minoria da população mundial possui metade de sua riqueza”.

Que a "cultura do encontro" prevaleça mesmo nas finanças

Francisco recorda aos participantes como hoje muitos homens e mulheres vivem à margem da sociedade e são de fato "excluídos do mundo financeiro" e, portanto, aponta que para que o mundo pós-pandêmico seja melhor, "novas e criativas formas de participação social, política e econômica devem ser concebidas, sensíveis à voz dos pobres e comprometidas em incluí-los na construção de nosso futuro comum". (cf. Fratelli tutti, 169). Trata-se de desenvolver, mesmo na esfera econômico-financeira, argumenta o Papa, uma "cultura de encontro" onde todos podem ser ouvidos e onde o crescimento da confiança e das relações permite a prosperidade de todos.

Neste sentido, para o Papa Francisco hoje é necessário e urgente superar uma visão individual de recuperação de cada país, a fim de dar vida a "um plano que preveja novas instituições ou a regeneração das existentes, em particular as de governança global", um plano que ajude a construir uma nova rede de relações internacionais para o desenvolvimento de todos os povos. Mesmo as nações mais pobres devem, portanto, ter a participação garantida nos processos de tomada de decisão e acesso ao mercado, reduzindo significativamente a dívida internacional que a pandemia tornou ainda mais pesada.

“Aliviar o peso da dívida de tantos países e comunidades hoje é um gesto profundamente humano que pode ajudar as pessoas a se desenvolverem, a terem acesso a vacinas, saúde, educação e trabalho”.

A dívida ecológica para com o sul do mundo

O Papa convida também a não esquecer "outro tipo de dívida: a 'dívida ecológica' que existe especialmente entre o norte e o sul do mundo" e devido à "degradação ecológica induzida pelo homem e perda de biodiversidade". O Papa expressa confiança em possíveis soluções para pagar tal dívida e escreve:

Acredito que a indústria financeira, que se distingue por sua grande criatividade, será capaz de desenvolver mecanismos ágeis para calcular esta dívida ecológica, de modo que os países desenvolvidos possam pagá-la, não apenas limitando significativamente seu consumo de energia não renovável ou ajudando os países mais pobres a implementar políticas e programas de desenvolvimento sustentável, mas também cobrindo os custos da inovação necessária para fazê-lo. (cf. Laudato si', 51-52).

A prioridade é o bem comum universal

Em sua Mensagem, o Papa Francisco chama a atenção para o que deve ser o objetivo de toda vida econômica e que é "o bem comum universal". Se este princípio for compartilhado, a consequência para a comunidade internacional é, escreve, uma solidariedade que vai muito além de "atos esporádicos de generosidade".

Significa pensar e agir em termos de comunidade. Isso significa que as vidas de todos são priorizadas sobre a apropriação de bens por parte de poucos. Significa também combater as causas estruturais da pobreza, desigualdade, falta de trabalho, terra e habitação, negação dos direitos sociais e de trabalho.... A solidariedade, entendida em seu sentido mais profundo, é uma forma de fazer história. (Fratelli tutti, 116).

Apelo para garantir a vacina anti-Covid para todos

Os mercados, especialmente os financeiros, observa novamente o Papa Francisco, não se governam sozinhos, são necessários regulamentos e leis para garantir que as finanças "trabalhem pelos objetivos sociais tão necessários durante a atual emergência sanitária global", porque, "não podemos permitir que a lei do mercado prevaleça sobre a lei do amor e da saúde de todos". O apelo de Francisco aos chefes de governo, empresas e organizações internacionais é, portanto, "trabalhar em conjunto para fornecer vacinas para todos, especialmente para os mais vulneráveis e necessitados". (cf. Mensagem Urbi et Orbi, Natal 2020).

Os mais vulneráveis e nossa Casa Comum estão no centro

O Papa conclui sua Mensagem desejando que as Reuniões de Primavera de 2021 do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional trabalhem frutuosamente para um futuro "onde as finanças estejam a serviço do bem comum, onde os vulneráveis e os marginalizados sejam colocados no centro, e onde a terra, nossa casa comum, seja bem cuidada". E invoca os dons de Deus sobre todos os participantes: "sabedoria, compreensão, bom conselho, força e paz".

Vatican News

Cardeal nos Estados Unidos pede que fiéis voltem a frequentar as missas

Cardeal Timothy Dolan. Crédito: Daniel Ibañez - ACI Prensa

NOVA IORQUE, 09 abr. 21 / 08:05 am (ACI).- Em uma coluna publicada no jornal da Arquidiocese de Nova York (Estados Unidos), o cardeal Timothy Dolan convocou os católicos a retornarem à missa dominical durante a temporada de Páscoa.

"Sim, no último ano, fomos capazes de decidir sabiamente que a emergência da crise de saúde pode nos permitir a dispensa dessa obrigação dada por Deus", escreveu o cardeal Dolan em uma coluna publicada em 7 de abril no jornal da Arquidiocese de Nova York.

"Aqueles vulneráveis à pandemia COVID-19, como os idosos, ainda podem ser os mais responsáveis, como sempre foi o caso", lembrou.

No entanto, o Purpurado disse que "muitos outros católicos já estão retornando às atividades públicas, mas deixando de participar da missa e devem retornar à igreja".

Em março de 2020, todas as dioceses católicas dos Estados Unidos suspenderam missas com fiéis devido à pandemia de COVID-19. Embora todas as dioceses tenham reaberto as igrejas desde então, apenas algumas voltaram a afirmar a obrigação da missa dominical para os católicos que não têm sintomas e não estão em alto risco de COVID-19. Estas pessoas não se encontram sujeitas a nenhum tipo dispensa e devem retornar à missa dominical.

No caso da Arquidiocese de Nova York, comandada pelo Cardeal Dolan, as missas públicas foram suspensas na primavera do ano passado, mas as igrejas começaram a reabrir durante o verão. O Cardeal Dolan se referiu aos fechamentos ocasionados em 2020 em seu texto.

"Não tivemos escolha, pois as sábias diretrizes de saúde exigiam que fechássemos nossos edifícios da igreja", escreveu ele.

Entretanto, exclamou: "Chega de gradualidade! É hora de voltar para a missa de domingo!”

"Reconhecemos Jesus na Missa e na Santa Comunhão. Entramos novamente no eterno e infinito mistério de sua morte na cruz e ressurreição dos mortos. Cada missa de domingo é uma renovação da Última Ceia, sexta-feira santa e Páscoa", escreveu o Cardeal norte-americano.

Um porta-voz da Arquidiocese esclareceu à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que a obrigação de frequentar a missa dominical e nos dias de preceito, exceto em casos graves, nunca foi suspensa em sua jurisdição.

Embora a Arquidiocese tenha suspendido as missas públicas por vários meses devido à disseminação do COVID-19, a obrigação de domingo ficou reafirmada uma vez que as igrejas começaram a ser abertas para a missa, disse o porta-voz.

No entanto, as razões "sérias" pelas quais os católicos não comparecem à missa dominical, como a doença ou o perigo de contrair a COVID-19, ainda são levadas em conta, e os católicos nesta situação são livres para se recusar a comparecer.

"Porém, agora que mais e mais pessoas estão sendo vacinadas e as pessoas estão cada vez mais engajadas em atividades públicas, o cardeal as recorda que participar da missa dominical é uma obrigação sagrada", disse o porta-voz.

ACI Digital

Santa Maria de Cléofas

Crédito: Editora Cléofas
09 de abril

Nos grandiosos eventos da Redenção, durante o dramático epílogo sobre o Calvário, um coro silencioso e doloroso de piedosas mulheres aguarda, não muito distante, que tudo seja consumado: “Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena”, diz o evangelista São João. Era o grupo daquelas “que o seguiam desde quando estava na Galiléia para servi-lo, e muitas outras que tinham vindo de Jerusalém juntamente com ele”. Entre as espectadoras estava, portanto, a santa de hoje, cuja presença contínua e vigilante ao lado do Salvador mereceu-lhe um lugar especial na devoção dos cristãos, mais do que pelo seu parentesco com Nossa Senhora e São José. Maria de Cléofas (ou Cléopas) é considerada a mãe dos “irmãos de Jesus”, termo semítico para indicar também os primos, Tiago Menor, Apóstolo e bispo de Jerusalém e José. O historiador palestino Hegésipo, diz que Cléopas era irmão de São José e pai de Judas Tadeu e Simão.

Este último sucedeu a seu irmão Tiago Menor na sede episcopal de Jerusalém. A identificação de Alfeu com Cléopas sustentada prevalentemente pelos antigos, traz como consequência a identificação de Maria de Cléofas como cunhada de Nossa Senhora e mãe de três apóstolos. Cléopas Alfeu é, além disso, um dos discípulos que no dia da ressurreição de Jesus, indo à cidade natal Emaús, foram alcançados e acompanhados pelo próprio Jesus, havendo-o reconhecido “na fração do pão”. Enquanto o marido se afastava de Jerusalém, com o coração pesado de melancolia e desilusão, a esposa Maria Cléofas, segundo o impulso do seu coração, apressava-se a ir ao túmulo do Redentor para prestar-lhe a extrema homenagem da unção ritual com várias unguentos. Na sexta-feira à tarde tinha se demorado em companhia de Madalena para ver “onde o haviam colocado”.

Passado o sábado, de manhã bem cedo, enquanto o marido voltava a casa, Maria de Cléofas e as outras companheiras “compraram perfumes e foram até o seu sepulcro para fazer-lhe unções”. Mas: “não está aqui, ressuscitou!”, anunciou-lhes o mensageiro divino. Coube às piedosas mulheres, que tinham ido ao sepulcro com seus unguentos e sua dor, o privilégio do testemunho mais empenhativo: “Por que procuram o vivo entre os mortos?” Se Cristo não ressuscitou a nossa fé não vale nada e nós seremos mentirosos, dirá São Paulo. Mas Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram e ressurgirão. Essa é a grande alegria que foi dada “aos onze e a todos os outros” pelas mulheres que tinham ido ao sepulcro, e entre elas Maria de Cléofas.

https://cleofas.com.br/

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Biden acha que o papa considera vacina “obrigação moral”

O presidente americano Joe Biden
Crédito: Gage Skidmore (CC BY-SA 2.0)
por Matt Hadro/CNA

WASHINGTON DC, 08 abr. 21 / 04:30 pm (ACI).- O presidente americano Joe Biden convocou os americanos todas a se vacinar contra o coronavírus dizendo que o papa Francisco chamou a vacinação de “obrigação moral.”

Comentando o estado da vacinação contra Covid-19 na terça-feira 6 de abril, Biden elogiou a parceria entre grupos religiosos e centros de saúde comunitários para vacinar as pessoas.

Esse esforço é “um exemplo do melhor da América”, disse Biden, “estão todos indo ao encontro do que o papa Francisco chama de obrigação moral, ser vacinado, algo que ele complemntou dizendo que pode salvar a vida de quem toma e a vida dos outros”.

Em resposta à pergunta da CAN sobre a fonte do comentário do papa Francisco, a Casa Branca indicou uma entrevista à TV de janeiro em que o papa disse: “Acredito que, eticamente, todo mundo tem que ser vacinado.”

Nessa entrevista, o papa Francisco chamou a vacinação de “uma opção ética porque concerne à sua vida, mas também à de outros”.

A Congregação para a Doutrina da Fé, no entanto, declarou em dezembro que vacinar-se contra Covid-10 não é uma obrigação moral, declaração que foi aprovada pelo papa Francisco.

“Ao mesmo tempo, para a razão prática parece evidente que, em geral, a vacinação não é uma obrigação moral e, por conseguinte, deve ser voluntária”, disse a CDF em sua “Nota sobre a moralidade do uso de algumas vacinas anticovid-19”.

O dicastério vaticano ressaltou que, “do ponto de vista ético, a moralidade da vacinação depende não só do dever de tutela da própria saúde, mas também do dever da busca do bem comum. Um bem que, na ausência de outros meios para impedir ou apenas para prevenir a epidemia, pode recomendar a vacinação, especialmente para a salvaguarda dos mais frágeis e expostos”.

Para a CDF, “quantos por motivos de consciência rejeitam as vacinas produzidas com linhas celulares derivadas de fetos abortados, devem esforçar-se para evitar, com outros meios profiláticos e comportamentos idóneos, de se tornar veículos de transmissão do agente contagioso. Em particular, devem evitar qualquer risco para a saúde daqueles que não podem ser vacinados por motivos clínicos, ou de outra natureza, e que são as pessoas mais vulneráveis”.

A Conferência dos Bispos Católicos dos EUA também citou a nota da CDF ao dizer em seu documento “Resposta a questões-chaves éticas sobre as vacinas de Covid-19” de janeiro de 2021, que não há obrigação moral de tomar a vacina.

A Casa Branca alegou em março que o papa Francisco “falou a favor da segurança e eficácia de todas as vacinas”. Não está claro que vacina o papa tomou e ele tabém não falou da eficácia de nenhuma vacina específica.

A CDF  disse em sua nota de dezembro que “não se tenciona julgar a segurança nem a eficácia destas vacinas,embora sejam eticamente relevantes e necessárias, cuja avaliação é de competência dos investigadoresbiomédicos e das agências de medicamentos.”

ACI Digital

ESPIRITUALIDADE PASCAL: A FORÇA DO KERIGMA

CNBB Norte 2

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo Auxiliar de Belém do Pará (PA)

Desejo continuar o processo de reflexão sobre as características da espiritualidade da Páscoa que começamos ano passado. Recordemos os temas já tratados: a Páscoa é geradora e promotora da vida nova; a Páscoa é fonte de alegria e otimismo; a Páscoa é a fonte da Esperança; a Páscoa é a fonte do dinamismo missionário; o conteúdo do anúncio missionário é o Kerigma, portanto, a espiritualidade da Páscoa é kerigmática. Esse é o tema com o qual damos prosseguimento a esta série de reflexões.

A palavra grega “kerigma” significa “proclamação” e “anúncio”. Vem do termo “Kerix” que significa mensageiro, aquele que “leva e traz notícias”. Aplicado ao cristianismo é aquele que leva e traz a mensagem de “Jesus Cristo” (que o anuncia). À diferença do mensageiro comum, aquele que anuncia a “Boa Notícia” cristã, se compromete com ela. Por isso, não somente a leva, mas a carrega consigo, é movido e animado por ela.

A ressurreição de Jesus é provocadora de uma verdadeira maratona missionária e os primeiros protagonistas desse anúncio são as mulheres, Pedro e João.

O Kerigma é uma síntese

Recordemos o que diz o Evangelho de João. “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus bem de madrugada, quando ainda estava escuro. Ela viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo que Jesus amava. E disse para eles: «Tiraram do túmulo o Senhor, e não sabemos onde o colocaram.» Então Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos. Mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao túmulo” (Jo 20,1-4). Após o encontro de Maria Madalena com o Ressuscitado, ele lhe confere a missão do anúncio e testemunho da sua Ressurreição aos discípulos (cf. Mt 28,10; Jo 20,18).

Com a reconstituição da comunidade dos apóstolos após a ressurreição de Jesus e consolidada no dia de Pentecostes, os discípulos começaram o anúncio da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ainda não havia escritos, o que se anunciava e era o básico sobre a pessoa de Jesus Cristo. A comunidade primitiva compôs uma síntese, o Kerigma, para ser anunciada por todos os lados. Muito mais do que dados fragmentados, tratava-se de um plano de formação para os novos discípulos que aos poucos era aprofundado, assimilado e dava firmeza para a comunidade primitiva porque era uma síntese que continha os elementos essenciais para quem aceitava se tornar discípulos de Jesus.

O Kerigma é uma profissão de fé da comunidade primitiva, que está alicerçada no testemunho de quem conheceu, conviveu e foi testemunha ocular do drama padecido por Jesus Cristo pela salvação da humanidade. Portanto, não é um anúncio frio de um fato ultrapassado. Somos hoje desafiados a dar vida para esse anúncio a partir da nossa experiência de fé em Jesus de Nazaré, já que não somos suas testemunhas oculares.

Kerigma e conversão

O Kerigma não é um resumo da biografia de Jesus, nem mesmo é uma mensagem genérica sobre Ele. Trata-se de uma formulação que integra alguns aspectos essenciais da vida de Jesus e, ao mesmo tempo, uma vez assimilados, tornava-se uma mensagem.

O conteúdo do Kerigma coloca em evidência a divindade de Jesus Cristo (Deus encarnado), sua santidade baseada a promoção do bem, a rejeição por ele sofrida, sua morte violenta (foi crucificado), seu sepultamento, sua ressurreição. E os apóstolos confirmavam tudo dizendo: “e disso somos testemunhas” (At 3, 15).

O anúncio em geral era proferido com grande entusiasmo que tocava profundamente o coração dos ouvintes e gerava questionamento pessoal, conversão, pediam o batismo e os convertidos passavam a fazer parte da comunidade dos discípulos de Jesus.

Merece destaque o discurso de Pedro no dia de Pentecostes. A apresentação da história de Jesus de Nazaré, de forma meditada e forte, estimulou os ouvintes a uma tomada de decisão. Muitos do povo após ouvirem a pregação ficaram de coração aflito e perguntaram a Pedro e aos outros discípulos o que deviam fazer. Pedro lhes respondeu dizendo que deviam se arrepender e serem batizados em nome de Jesus Cristo para obterem o perdão dos pecados (cf. At 2,37-41). Essa narração confirma o que diz São Paulo que a fé depende, da pregação, e a pregação é o anúncio da palavra de Cristo (cf. Rm 10,17; 1Cor 15,14).

Alguns textos Kerigmáticos

1Cor 15,3-8: “Por primeiro, eu lhes transmiti aquilo que eu mesmo recebi, isto é: Cristo morreu por nossos pecados, conforme as Escrituras; ele foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez; a maioria deles ainda vive, e alguns já morreram. Depois apareceu a Tiago e, em seguida, a todos os apóstolos”.

At 2,22-25: “Homens de Israel, escutem estas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem que Deus confirmou entre vocês, realizando por meio dele os milagres, prodígios e sinais que vocês bem conhecem. E Deus, com sua vontade e presciência, permitiu que Jesus lhes fosse entregue, e vocês, através de ímpios, o mataram, pregando-o numa cruz. Deus, porém, ressuscitou Jesus, libertando-o das cadeias da morte, porque não era possível que ela o dominasse”.

At 3,15: “O Deus de nossos antepassados glorificou o seu servo Jesus. Vocês o entregaram e o rejeitaram diante de Pilatos, que estava decidido a soltá-lo. Vocês, porém, renegaram o Santo e o Justo, e pediram clemência para um assassino. Vocês mataram o Autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E disso nós somos testemunhas”.

At 4,10-12: “É pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, aquele que vocês crucificaram e que Deus ressuscitou dos mortos, é pelo seu nome, e por nenhum outro, que este homem está curado diante de vocês. Jesus é a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, que se tornou a pedra angular. Não existe salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não existe outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos.»

At 5,30-32: “O Deus de nossos antepassados ressuscitou a Jesus, que vocês mataram, suspendendo-o numa cruz. Mas Deus com a sua direita o exaltou, tornando-o Chefe supremo e Salvador, para dar ao povo a oportunidade de se arrepender e receber o perdão dos pecados. E nós somos testemunhas dessas coisas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem.»

O Kerigma nos apresenta a interdependência e inseparabilidade dos principais mistérios da nossa fé: o mistério da encarnação, vida, sofrimento, morte e Ressurreição de Jesus Cristo. O Kerigma nos fala da importância de nos exercitarmos na capacidade de síntese em relação aos mistérios da nossa fé, sem fragmentá-los para que o seu anúncio seja consistente e não caiamos em nenhuma forma de reducionismo e nem de seletividade no anúncio.

CNBB

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF