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segunda-feira, 12 de abril de 2021

HAGIOGRAFIA: São João, o «Discípulo do Amor»

S. João | Ecclesia

São João, o «Discípulo do Amor»

«Eu, João, irmão vosso e companheiro convosco
na aflição, no reino, e na perseverança em Jesus,
estava na ilha chamada Patmos
por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor,
e ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, que dizia:
O que vês, escreve-o num livro,
e envia-o às sete igrejas:
a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira,
a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia.» (Ap 1:9-11).

Mais de meio século havia passado desde a organização da igreja cristã. Durante esse tempo a mensagem do evangelho tinha sofrido constante oposição. Seus inimigos jamais afrouxaram os esforços, e afinal alcançaram êxito em arregimentar o poder do imperador romano contra os cristãos.

Na terrível perseguição que se seguiu, o apóstolo João muito fez para confirmar e fortalecer a fé dos crentes. Ele deu um testemunho que seus adversários não puderam controverter, e que ajudou seus irmãos a enfrentar com lealdade e coragem as provas que lhes sobrevieram.

Quando a fé dos cristãos lhes parecia vacilar sob a feroz oposição que eram forçados a enfrentar, o velho e provado servo de Jesus lhes repetia com poder e eloqüência a história do Salvador crucificado e ressurgido. Mantinha firmemente a fé, e de seus lábios brotava sempre a mesma alegre mensagem: «O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida... o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos.» 1Jo 1,1-3.

João alcançou avançada idade. Testemunhou a destruição de Jerusalém e a ruína do majestoso templo. Último sobrevivente dos discípulos que haviam privado intimamente com o Salvador, sua mensagem teve grande influência em estabelecer o fato de que Jesus é o Messias, o Redentor do mundo. Ninguém poderia duvidar de sua sinceridade, e através de seus ensinos muitos foram levados a deixar a incredulidade.

Os príncipes dos judeus encheram-se de ódio atroz contra JOÃO por sua inamovível fidelidade à causa de Cristo. Declararam que de nada valeriam seus esforços contra os cristãos enquanto o testemunho de João soasse aos ouvidos do povo. Para que os milagres e ensinos de Cristo fossem esquecidos, a voz da ousada testemunha teria de ser silenciada.

João foi por conseguinte convocado a Roma para ser julgado por sua fé. Aqui perante as autoridades, as doutrinas do apóstolo foram deturpadas. Falsas testemunhas acusaram-no de ensinar sediciosas heresias. Por essas acusações esperavam seus inimigos levar em breve o discípulo à morte.

João respondeu por si de maneira clara e convincente, e com tal simplicidade e candura que suas palavras tiveram efeito poderoso. Seus ouvintes ficaram atônitos com sua sabedoria e eloqüência. Porém, quanto mais convincente seu testemunho, mais profundo era o ódio de seus opositores. O imperador Domiciano estava cheio de ira. Não podia contrafazer as razões do fiel advogado de Cristo, nem disputar o poder que lhe acompanhava a exposição da verdade; determinou, contudo, fazer silenciar sua voz.

João foi lançado dentro de um caldeirão de óleo fervente; mas o Senhor preservou a vida de Seu fiel servo, da mesma maneira como preservara a dos três hebreus na fornalha ardente. Ao serem pronunciadas as palavras: «Assim pereçam todos os que crêem nesse enganador, Jesus Cristo de Nazaré», João declarou: «Meu Mestre Se submeteu pacientemente a tudo quanto Satanás e seus anjos puderam inventar para humilhá-Lo e torturá-Lo. Ele deu a vida para salvar o mundo. Considero uma honra o ser-me permitido sofrer por Seu amor. Sou um homem pecador e fraco. Cristo era santo, inocente, incontaminado. Não pecou nem se achou engano em Sua boca.»

Estas palavras exerceram sua influência, e João foi retirado do caldeirão pelos mesmos homens que ali o haviam lançado.

De novo a mão da perseguição caiu pesadamente sobre o apóstolo. Por decreto do imperador foi João banido para a ilha de Patmos, condenado «por causa da Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo.» Ap 1,9. Aqui, pensavam seus inimigos, sua influência não mais seria sentida, e ele morreria, afinal, pelas privações e sofrimentos.

Patmos, uma ilha árida e rochosa no mar Egeu, havia sido escolhida pelo governo romano para banimento de criminosos; mas para o servo de Deus sua solitária habitação tornou-se a porta do Céu. Aqui, afastado das cansativas cenas da vida, e dos ativos labores dos primeiros anos, ele teve a companhia de Deus, de Cristo e dos anjos celestiais, e deles recebeu instrução para a igreja por todo o tempo futuro. Os eventos que teriam lugar nas cenas finais da história deste mundo foram esboçados perante ele; e ali escreveu as visões recebidas de Deus. Quando sua voz não mais podia testificar d'Aquele a quem amara e servira, as mensagens que foram dadas nessa costa desolada deviam avançar como uma lâmpada que arde, declarando o seguro propósito do Senhor concernente a cada nação da Terra.

Entre as rochas e recifes de Patmos João manteve comunhão com seu Criador. Recapitulou sua vida passada, e ao pensamento das bênçãos que havia recebido, a paz encheu-lhe o coração. Ele vivera a vida de um cristão, e pudera dizer com fé: «Sabemos que passamos da morte para a vida.» 1Jo 3,14. Não assim o imperador que o banira. Este olharia para trás e encontraria apenas campos de batalha e carnificina, lares desolados, lágrimas de órfãos e viúvas, o fruto de seu ambicioso desejo de proeminência.

Em seu isolado lar, João estava habilitado a estudar mais intimamente do que nunca as manifestações do poder divino como reveladas no livro da natureza e nas Páginas da Inspiração. Era para ele um deleite meditar sobre a obra da criação, e adorar o divino Arquiteto. Em anos anteriores seus olhos tinham-se deleitado na contemplação dos morros cobertos de florestas, dos verdes vales e frutíferas planícies; e nas belezas da natureza sempre se deleitara em considerar a sabedoria e habilidade do Criador. Agora estava circundado por cenas que poderiam parecer a muitos melancólicas e desinteressantes; mas para João representavam outra coisa. Embora o cenário que o rodeava fosse desolado e árido, o céu azul que o cobria era tão luminoso e belo como o céu de sua amada Jerusalém. Nas rochas rudes, e ermos, nos mistérios dos abismos, nas glórias do firmamento lia ele importantes lições. Tudo trazia mensagem do poder e glória de Deus.

Em tudo ao seu redor via o apóstolo testemunhas do dilúvio que inundara a Terra porque seus habitantes se aventuraram a transgredir a lei de Deus. As rochas que irromperam da Terra e do grande abismo pelo irromper das águas, traziam-lhe vividamente ao espírito os terrores daquele terrível derramamento da ira de Deus. Na voz de muitas águas - abismo chamando abismo - o profeta ouvia a voz do Criador. O mar, açoitado pela fúria de impiedosos ventos, representava para ele a ira de um Deus ofendido. As poderosas ondas, em sua terrível comoção, mantidas em seus limites por mão invisível, falavam do controle de um poder infinito. E em contraste considerava a fraqueza e futilidade dos mortais que, embora vermes do pó, gloriam-se em sua suposta sabedoria e força, e colocam o coração contra o Governador do Universo, como se Deus fosse igual a eles. As rochas lhe lembravam Cristo, a Rocha de sua fortaleza, em cujo abrigo podia ele refugiar-se sem temor. Do exilado apóstolo sobre o rochedo de Patmos subiam para Deus os mais ardentes anseios de alma, as mais ferventes orações.

A história de João fornece uma vívida ilustração de como Deus pode usar obreiros idosos. Quando João foi exilado para a ilha de Patmos, havia muitos que o consideravam como tendo passado do tempo de serviço, um caniço velho e quebrado, pronto para cair a qualquer momento. Mas o Senhor achou próprio usá-lo ainda. Embora banido das cenas de seus primeiros labores, ele não cessou de dar testemunho da verdade. Mesmo em Patmos fez amigos e conversos. Sua mensagem era de alegria, proclamava um Salvador ressurrecto, que no Céu intercedia por Seu povo até que pudesse retornar e tomá-lo para Si mesmo. E foi depois de haver João encanecido na obra de seu Senhor que ele recebeu do Céu mais comunicações que durante todos os anos anteriores de sua vida.

A mais terna consideração deve ser dispensada a todos aqueles cujos interesses da vida estiveram ligados com a obra de Deus. Esses obreiros idosos têm permanecido fiéis em meio a tempestades e provas. Podem ter enfermidades, mas possuem ainda talentos que os qualificam para permanecer em seu lugar na causa de Deus. Embora gastos, incapazes de levar os encargos mais pesados que os mais jovens podem e devem levar, seus conselhos são do mais alto valor.

Podem eles ter cometido erros, mas de suas falhas aprenderam a evitar erros e perigos; e não são ainda assim competentes para dar sábios conselhos? Suportaram provas e aflições, e embora tenham perdido parte de seu vigor, o Senhor não os põe de lado. Ele lhes dá especial graça e sabedoria.

Os que serviram seu Mestre quando a obra era difícil, que suportaram a pobreza e permaneceram fiéis quando poucos havia ao lado da verdade, devem ser honrados e respeitados. O Senhor deseja que os obreiros mais jovens ganhem sabedoria, fortaleza e maturidade pela associação com esses homens fiéis. Que os homens mais jovens sintam que ter entre eles tais obreiros lhes representa um alto favor. Dêem-lhes um lugar de honra em seus concílios.

Quando os que despenderam sua vida no serviço de Cristo se aproximam do fim de seu ministério terrestre, são impressionados pelo Espírito Santo a referir as experiências que tiveram em relação com a obra de Deus. O relato de Seu maravilhoso trato com Seu povo, de Sua grande bondade em livrá-lo das provas, deveria ser repetido aos recém-vindos à fé. Deus deseja que os velhos e provados obreiros permaneçam em seus lugares, fazendo sua parte para livrar a homens e mulheres de serem varridos pela poderosa corrente do mal, e deseja que conservem a armadura até que lhes ordene depô-la.

Na experiência do apóstolo João sob a perseguição, há para o cristão uma lição de maravilhosa fortaleza e conforto. Deus não impede a trama dos ímpios, mas faz que suas armadilhas contribuam para o bem daqueles que em prova e conflito mantêm sua fé e lealdade. Não raro o obreiro do evangelho efetua sua obra em meio a tempestades de perseguições, oposição atroz e acusações injustas. Em tais ocasiões lembre-se ele de que a experiência por alcançar na fornalha da prova e da aflição paga todas as penas de seu preço. Assim traz Deus Seus filhos próximo de Si, para que lhes possa mostrar Sua fortaleza e a fraqueza deles. Ele os ensina a arrimarem-se n'Ele. Dessa forma prepara-os para enfrentar as emergências, ocupar posições de responsabilidades e realizar o grande propósito para o que lhes foram dadas as faculdades.

Em todas as épocas as testemunhas designadas por Deus se têm exposto às perseguições e ao desprezo por amor à verdade. José foi caluniado e perseguido por haver preservado sua virtude e integridade. Davi, o mensageiro escolhido de Deus, foi caçado como um animal feroz por seus inimigos. Daniel foi lançado na cova dos leões por ser leal a sua aliança com o Céu. Jó foi privado de suas posses terrestres e ferido no corpo de tal maneira que o desprezaram os próprios parentes e amigos; contudo manteve sua integridade. Jeremias não pôde ser impedido de falar as palavras que Deus lhe ordenara; e seu testemunho de tal maneira enfureceu o rei e os príncipes que o atiraram num poço asqueroso. Estevão foi apedrejado por haver pregado a Cristo, e Este crucificado. Paulo foi encarcerado, açoitado, apedrejado e finalmente entregue à morte por ter sido fiel mensageiro de Deus aos gentios. E João foi banido para a ilha de Patmos «por causa da Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo.»

Esses exemplos de humana firmeza dão testemunho da fidelidade das promessas de Deus - de Sua permanente presença e mantenedora graça. Testificam do poder da fé para enfrentar os poderes do mundo. É obra de fé repousar em Deus na hora mais escura, sentir, embora dolorosamente provado e sacudido pela tempestade, que nosso Pai está ao leme. Somente os olhos da fé podem ver para além das coisas temporais e apreciar com acerto o valor das riquezas eternas.

Jesus não oferece a Seus seguidores a esperança de alcançar glórias e riquezas terrestres, de viver uma vida livre de provações. Ao contrário, chama-os para segui-Lo no caminho da abnegação e ignomínia. Aquele que veio para redimir o mundo sofreu a oposição das arregimentadas forças do mal. Numa impiedosa confederação, homens e anjos maus se aliaram contra o Príncipe da paz. Cada um de Seus atos e palavras revelava divina compaixão, e Sua inconformidade com o mundo provocou a mais acérrima hostilidade.

Assim será com todos os que se dispuserem a viver piamente em Cristo Jesus. A perseguição e o descrédito esperam todos os que se imbuírem do Espírito de Cristo. O caráter da perseguição muda com o tempo, mas o princípio - o espírito que a anima - é o mesmo que tem dado a morte aos escolhidos do Senhor desde os dias de Abel.

Em todos os séculos Satanás tem perseguido o povo de Deus. Tem-no torturado e lhe dado a morte, porém tornaram-se eles conquistadores ao morrer. Deram testemunho do poder de Alguém que é mais forte que Satanás. Podem os ímpios torturar e matar o corpo, mas não podem tocar na vida que está escondida com Cristo em Deus. Podem encerrar homens e mulheres nas prisões, mas não lhes podem encerrar o espírito.

Mediante provas e perseguições, a glória - o caráter - de Deus se revela em Seus escolhidos. Os crentes em Cristo, odiados e perseguidos pelo mundo, são educados e disciplinados na escola de Cristo. Na Terra andam em veredas estreitas; são purificados na fornalha da aflição.

Seguem a Cristo através de penosos conflitos; suportam a abnegação e passam por amargos desapontamentos; mas deste modo aprendem o que significam a culpa e os ais do pecado, e olham para ele com repulsa. Tendo sido participantes das aflições de Cristo, podem contemplar a glória além da obscuridade, dizendo: «Tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada» (Rm 8, 18).


FONTE:

Advir\sermões

Ecclesia Brasil

Haiti: sequestrados cinco sacerdotes e duas religiosas

Manifestações de violência no Haiti  (ANSA)

Sete religiosos foram sequestrados por um grupo criminoso no Haiti. Os sequestradores pediram resgate de um milhão de dólares. Os bispos apelam para que o país se recupere do clima de violência em que está vivendo.

Giancarlo La Vella – Vatican News

Cinco padres católicos, entre eles dois franceses, e duas freiras são vítimas de mais um episódio de violência no Haiti. A notícia foi anunciada pela Conferência Episcopal local, destacando que os sequestradores exigiram a soma de um milhão de dólares para a libertação dos sete religiosos. O grupo estava viajando na região nordeste da capital Porto Au Prince, quando ocorreu o ataque.

A longa crise no Haiti

O país caribenho, que ocupa cerca de um terço da ilha de Hispaniola nas Antilhas, está passando por uma grave crise econômica, política e social, que pode explodir em revoltas e reviravoltas autoritárias. Há algum tempo tem sido cada vez mais dilacerado por sequestros e crimes violentos que ocorrem em um clima de profunda ruptura causado nos últimos 15 anos por furacões, terremotos e epidemias. Seguiu-se uma emergência humanitária sem precedentes, que continua até hoje, apesar da mobilização da comunidade internacional.

A exortação dos bispos a reagir

Os sete religiosos, de acordo com uma agência de notícias local, foram sequestrados por um conhecido grupo criminoso. "A nação deve se levantar para combater estes episódios", afirmou o padre Gilbert Peltrop, secretário geral da Conferência Haitiana. O sequestro ocorre menos de duas semanas depois que homens armados raptaram um pastor e três outras pessoas.

Vatican News

Corpos incorruptos com mais de 400 anos em convento de Clarissas

Guadium Press
Os corpos incorruptos de 17 freiras: uma história que remonta há 4 séculos.

Redação (11/04/2021 16:45Gaudium Press) Em Fara Sabina, no Lazio, há um convento de Clarisse Eremite no qual há 17 corpos incorruptos de freiras de clausura que têm 400 anos.

Este mistério sobre as “freiras mumificadas” iniciou no ano de 1806, com a promulgação do edito napoleônico de Saint Cloud no Reino da Itália.

Este edito estabeleceu que os sepultamentos deveriam ser realizados fora dos muros da cidade, em locais ensolarados e ventilados.

Segundo estudos científicos daqueles anos, dizia-se que túmulos dentro das cidades causavam epidemias e diversas doenças.

Para evitar a discriminação entre os cadáveres, todos os túmulos tinham que ser iguais, mas para os defuntos ilustres havia uma comissão de magistrados que decidia o que inserir no epitáfio da lápide.

Assim, além de uma razão higiênico-sanitária, o edito também tinha uma razão ideológica-política.

Para cumprir com as regras do Edito de Saint Cloud, as Clarissas se viram forçadas a desenterrar os corpos das irmãs de seu cemitério privado e transferi-los para fora da cidade.

Naquela ocasião, as irmãs ficaram surpresas porque encontraram 17 corpos daquelas Clarissas intactos e ainda com a musculatura íntegra.

Então as freiras em frente a essa cena preferiram conservá-las, colocando-as dentro de uma parede do mosteiro.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os Aliados bombardearam grande parte do mosteiro, e em 1963, a abadessa, Madre Beatrice Mistretta, decidiu mudar as regras das Clarissas que viviam completamente em silêncio, e junto com as irmãs reconstruiriam o mosteiro danificado pelo bombardeio.

Fazendo o trabalho de reconstrução houve outra grande surpresa: os corpos das 17 freiras incorruptas reapareceram, e nem mesmo foram danificadas pelas bombas.

O Teste de Carbono 14

As religiosas decidiram fazer a análise dos corpos com a técnica de carbono 14 que confirmou que os corpos datavam de meados do século XVII, coincidindo com o nascimento do mosteiro.

Essas 17 freiras parecem ter sido as primeiras irmãs a entrar naquele convento além das fundadoras.

Então, em 1994, as Clarissas decidiram colocar esses corpos misteriosamente intactos, em urnas de vidro e vesti-los com o hábito da ordem, ficando mais uma vez estupefatas porque nenhum corpo mesmo durante a vestição se deteriorou.

Assim, Deus preserva os corpos daquelas que inteiramente se entregaram a Ele durante a vida.

Com informações aleteia.it

https://gaudiumpress.org/

A cultura da misericórdia e o Papa Francisco

Piotr Tumidajski / KAI
por Francisco Borba Ribeiro Neto

A mentalidade inspirada na misericórdia fica muito evidente quando observamos os gestos e declarações do Papa Francisco.

São João Paulo II, em 2000, instituiu a Festa da Divina Misericórdia, a ser celebrada no primeiro domingo depois da Páscoa. Na época, alguns torceram o nariz, alegando que era uma devoção particular do Papa, pois a festa havia sido pedida por Santa Faustina Kowalska (1905-1938), de origem polonesa. Contudo, em 2015, o Papa Francisco anunciou o Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Celebrar a misericórdia não é, portanto, uma devoção desse ou daquele papa, mas um chamado que a Igreja faz a todos, em nossos dias. Devo a um amigo, Marcelo Cypriano Motta, a percepção de que a misericórdia não podia ser celebrada apenas como devoção íntima, mas deveria ser uma cultura, uma mentalidade, com a qual os cristãos contemplam e se posicionam diante de toda a realidade.

Mas o que seria essa “cultura da misericórdia”? Não estaria errado dizer que é uma cultura onde as pessoas se dedicam às obras de misericórdia e se confiam à misericórdia de Deus. Mas, ela vai além disso. É um modo de conceber a si próprio e de julgar todos os eventos que acontecem no mundo. Essa mentalidade inspirada na misericórdia fica muito evidente quando observamos os gestos e declarações do Papa Francisco.

O bispo que roubou a cruz do padre confessor

Francisco fez questão de contar um episódio que, sem dúvida, não pode ser considerado elogioso. Quando era bispo em Buenos Aires, nos funerais de um velho padre argentino, homem de grande piedade, com o qual muitos iam se confessar, aproveitou uma oportunidade e pegou a cruz do rosário que estava entre os dedos do defunto.  O Papa conta que, naquele momento, pediu ao velho padre morto: “Concede-me metade da tua misericórdia”. E acrescenta “até hoje, aquela cruz está comigo, e quando me vem um pensamento mau contra uma pessoa qualquer, a minha mão vem sempre para o peito, sempre”.

Francisco, com certeza, conta essa história para mostrar a força do testemunho que um homem misericordioso dá aos demais. Mas, ao mesmo tempo, mostra que ele também é um pecador, um ser tão falível quanto todos os outros. Enquanto fazemos o possível para ocultar nossos erros, ele faz questão de revelar esse seu para todos. Não por masoquismo, mas porque deseja testemunhar a todos nós a importância da misericórdia para ele mesmo. E aí vamos para nosso próximo exemplo…

Quem é Bergoglio?

O padre jesuíta Antonio Spadaro começa sua entrevista a Francisco perguntando: quem é Jorge Mario Bergoglio? O Papa responde: “Não sei qual possa ser a definição mais correta… Eu sou um pecador. Esta é a melhor definição. E não é um modo de dizer, um gênero literário. Sou um pecador. Sim, posso talvez dizer que sou um pouco astuto, sei mover-me, mas é verdade que sou também um pouco ingênuo. Sim, mas a síntese melhor, aquela que me vem mais de dentro e que sinto mais verdadeira, é exatamente esta: ‘Sou um pecador para quem o Senhor olhou’. Sou alguém que é olhado pelo Senhor. A minha divisa, Miserando atque eligendo [do latim: Tendo misericórdia, o escolheu], senti-a sempre como muito verdadeira para mim”.

A consciência do próprio pecado investe toda a sua personalidade. Mas não gera, como as pessoas supõem em nosso mundo autocentrado, uma sensação ruim, não o deixa deprimido ou inferiorizado. Pelo contrário, fazem com que ele se descubra amado. Santo Agostinho não escreveu suas célebres “Confissões” motivado por algum complexo de culpa ou porque pretende expiar seus pecados desse modo. O santo e o Papa atual falam de seus pecados para cantar a beleza do amor de Deus. Quanto mais mergulham no próprio pecado, mais descobrem o quanto Deus os ama – e como o amor de Deus lhes permite ver tanto os dramas quanto as belezas do mundo com um outro olhar.

O amor de Deus e os julgamentos humanos

Francisco irá por essa visão de mundo em prática quando responde a uma pergunta, na entrevista do retorno de sua viagem ao Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude, dizendo a famosa frase “Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para a julgar?”. Ele deixa claro, na resposta, que não concorda com qualquer lobby que eventualmente tentasse impor a ideologia de gênero. Mas, ao olhar a pessoa concreta, o primeiro passo, o gesto natural, é o de acolhida, um convite àquilo que existe de bom em todos, não uma condenação de coisas más. Na mesma resposta, ele dirá, um pouco antes: “Muitas vezes eu penso em São Pedro: fez um dos piores pecados, que é renegar a Cristo, e com este pecado Cristo o fez Papa”. Um olhar sincero para a bondade de Deus nos desarma e nos faz mais capazes de amar com ternura os nossos irmãos. E isso faz muita diferença, faz com que nos tornemos apoio a nossos irmãos, assim como eles são para nós. Sem a experiência da misericórdia, o juízo que condena se torna um obstáculo no caminho de cada um de nós rumo ao Pai, em vez de ser um instrumento de conversão.

Toda a realidade é acolhida no amor

Na Laudato si’ (LS 77), Francisco escreve: “Então cada criatura é objeto da ternura do Pai que lhe atribui um lugar no mundo. Até a vida efêmera do ser mais insignificante é objeto do seu amor e, naqueles poucos segundos de existência, Ele envolve-o com o seu carinho”. Quanto amor e quanta ternura! Mas, diante da vastidão do universo e da eternidade de Deus, não somos nós também seres efêmeros e insignificantes, envolvidos por seu carinho nessa centelha de tempo e espaço na qual transcorre nossa vida? O fascínio diante do amor de Deus se torna como a lente que desvenda o mistério do mundo e a beleza que se esconde em todos os seres e em todas as realidades.

E a misericórdia se torna amor social

“O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os Profetas (Mt 7, 12). Este apelo é universal, tende a abraçar a todos, apenas pela sua condição humana, porque o Altíssimo, o Pai do Céu, ‘faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus’ (Mt 5, 45). Em consequência, exige-se: Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso (Lc 6, 36)” (Fratelli tutti, FT 60). A recente encíclica social do Papa Francisco pode ser considerada, toda ela, uma explicitação de como esse olhar misericordioso gera novos comportamentos sociais e políticos, influenciando a vida moral, social e política de todos nós.

Mas talvez, nesse aspecto, o grande diferencial do homem movido pela misericórdia tenha sido explicitado por um líder político, Barack Obama: “Raro é o líder que nos faz querer ser pessoas melhores. Papa Francisco é um desses líderes. Sua Santidade nos motiva com a sua mensagem de inclusão, especialmente dos pobres, marginalizados e excluídos. Mas são seus feitos, sua postura, seus gestos simples e profundos ao mesmo tempo – abraçando o doente, acolhendo os sem-teto, lavando os pés dos jovens prisioneiros – que têm inspirado a todos nós”. Muitos podem nos falar de amor, justiça, bem comum, mas poucos nos convencerão de que esses ideais são possíveis com a mesma força daquele que testemunha a misericórdia de Deus.

Aleteia

7 coisas que Jesus revelou a Santa Faustina sobre a Divina Misericórdia

Pintura da Divina Misericórdia / Crédito: Alexey Gotovskiy
(ACI Prensa)

REDAÇÃO CENTRAL, 11 abr. 21 / 06:00 am (ACI).- Desde 1931, Santa Faustina Kowalska recebeu mensagens de Jesus que depois foram escritas por ela em um diário de 600 páginas dirigido a um mundo que precisava e continua precisando da Misericórdia de Deus.

É possível não escutar o que Jesus disse através de Santa Faustina sobre sua misericórdia e qual deveria ser a resposta do homem? Bento XVI disse uma vez: "É uma mensagem realmente central para o nosso tempo: a misericórdia como a força de Deus, como o limite divino contra o mal do mundo".

Nesse sentido, ‘National Catholic Register’ apresenta 17 coisas que Jesus revelou a Santa Faustina Kowalska sobre a Divina Misericórdia em diferentes partes dos seis cadernos de suas revelações privadas. Todos os cadernos foram compilados em um único Diário que contem 1828 numerais.

1. A Festa da Misericórdia será um refúgio para todas as almas

"Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas Divinas, pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate". (Diário, 699)

2. Não haverá paz senão pela misericórdia de Deus

"A humanidade não encontrará a paz enquanto não se voltar, com confiança, para a minha misericórdia". (Diário, 300)

3. Quando o mundo reconhecer a misericórdia de Deus será um sinal do fim dos tempos

"Que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça". (Diário, 848)

4. A justiça de Deus é iminente quando sua misericórdia é rejeitada

"Quem não quiser passar pela porta da Misericórdia, terá que passar pela porta da minha justiça...". (Diário, 1146)

5. A Festa da Misericórdia poderá ser a última chance para que muitos se salvem

"As almas se perdem, apesar da Minha amarga Paixão. Estou lhes dando a última tábua de salvação, isto é, a Festa da Minha Misericórdia. Se não venerarem a Minha misericórdia, perecerão por toda a eternidade". (Diário, 965)

6. Que Deus é o melhor de todos os Pais

"Meu Coração está repleto de grande misericórdia para com as almas, e especialmente para com os pobres pecadores. Oh! se pudessem compreender que Eu sou para eles o melhor Pai, que por eles jorrou do Meu Coração o Sangue e a Água como de uma fonte transbordante de misericórdia”. (Diário, 367)

7. No primeiro domingo depois da Páscoa será celebrada a Festa da Misericórdia

"Estes raios defendem as almas da ira do Meu Pai. Feliz aquele que viver à sua sombra, porque não será atingido pelo braço da justiça de Deus. Desejo que o primeiro domingo depois da Páscoa seja a Festa da Misericórdia". (Diário, 299)

8. Deus quer que todos sejam salvos

"Minha filha, escreve que quanto maior a miséria da alma, tanto mais direito tem à Minha misericórdia, e [exorta] todas as almas à confiança no inconcebível abismo da Minha misericórdia, porque desejo salvá-las todas". (Diário, 1182)

9. Os maiores pecadores têm mais direito à misericórdia de Deus

“Quanto maior o pecador, tanto maiores direitos a minha misericórdia. Em cada obra das Minhas mãos se confirma essa misericórdia. Quem confia na minha Misericórdia não perecerá, porque todas as suas causas são Minhas, e os seus inimigos destroçados aos pés do Meu escabelo". (Diário, 723)

10. A confiança na misericórdia de Deus dos maiores pecadores deve ser total

“[Coloquem] a esperança na minha misericórdia os maiores pecadores. Eles têm mais direito do que outros à confiança no abismo da Minha misericórdia. Minha filha, escreve sobre a Minha misericórdia para as almas atribuladas. Causam-Me prazer as almas que recorrem à Minha misericórdia. A estas almas concedo grandes graças que excedem os seus pedidos. Não posso castigar, mesmo o maior dos pecadores, se ele recorre a Minha compaixão, mas justifico-o na Minha insondável e inescrutável misericórdia". (Diário, 1146)

11. Deus oferece perdão completo àqueles que confessam e comungam na festa da misericórdia

"Desejo conceder indulgência plenária às almas que se confessarem e receberem a Santa Comunhão na Festa da Minha misericórdia". (Diário, 1109)

12. Não deve haver medo de se aproximar da misericórdia de Deus

"Que a alma fraca, pecadora, não tenha medo de se aproximar de mim, pois, mesmo que os seus pecados fossem mais numerosos que os grãos de areia da terra, ainda assim seriam submersos no abismo da minha misericórdia". (Diário, 1059)

13. A misericórdia de Deus deve ser adorada e a imagem venerada

"Estou exigindo o culto à Minha misericórdia pela solene celebração desta Festa e pela veneração da Imagem que foi pintada. Por meio desta Imagem concederei muitas graças às almas. Ela deve lembrar as exigências da Minha misericórdia, porque mesmo a fé mais forte de nada serve sem as obras". (Diário, 742)

14. As almas receberão graças que não serão capazes de conter e irradiarão para os outros

"Diz, Minha filha, que sou puro Amor e a própria Misericórdia. Quando uma alma se aproxima de mim com confiança, encho-a com tantas graças, que ela não pode encerrá-las todas em si mesmas e as irradia para as outras almas". (Diário, 1074)

15. A imagem da Divina Misericórdia é fonte de numerosas graças

"Ofereço aos homens um vaso, com o qual devem vir buscar graças na fonte da misericórdia. O vaso é a Imagem com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós". (Diário, 327)

16. Ao venerar a imagem, recebe-se a proteção de Deus na vida e, acima de tudo, na morte

"Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte. Eu mesmo a defenderei como Minha própria glória". (Diário, 48)

17. Aqueles que divulguem esta devoção serão protegidos por Deus durante toda a vida

"As almas que divulgam o culto da minha misericórdia, Eu as defendo por toda a vida como uma terna mãe defende seu filhinho e, na hora da morte, não serei Juiz para elas, mas sim o Salvador Misericordioso. Nessa última hora a alma nada tem para a sua defesa, além da minha misericórdia. Feliz a alma que, durante a vida, mergulhou na fonte da misericórdia, porque não será atingida pela justiça". (Diário, 1075).

ACI Digital

São José Moscati

S. José Moscati | ArqSP
12 de abril

José Moscati era de uma família ilustre e muito rica. Seu pai, Francisco, era presidente do Tribunal de Justiça e sua mãe, Rosa de Luca, pertencia à nobreza. Ele nasceu na cidade de Benevento, Itália, no dia 25 de julho de 1880, e foi batizado em casa num dia de festa, a de santo Inácio de Loyola.

Em 1884, seu pai foi promovido e mudou-se para Nápoles com a família. Lá, o pequeno José fez seu primeiro encontro com Jesus eucarístico, aos oito anos. Naquele dia, foram lançadas as bases de sua vida eucarística, um dos segredos da sua santidade. Devoto de Maria e da Eucaristia, com apenas dezessete anos obrigou-se ao voto de castidade perpétua. Ativo participante da vida paroquial, participava da missa e comungava diariamente. Sua generosidade e caridade eram dedicadas aos pobres e doentes, especialmente aos incuráveis.

Quando seu irmão Alberto passou a sofrer de epilepsia, José passava várias horas cuidando dele. Foi então que decidiu seguir os estudos de medicina. No ambiente universitário, Moscati destacou-se pelo cuidado e empenho e, em 1903, recebeu doutorado de medicina com uma tese brilhante. Desde então, a universidade, o hospital e a Igreja se tornaram um único campo para suas atividades. Tornou-se médico do Hospital dos Incuráveis, onde logo ganhou admiração e o prestígio no domínio científico. Mas o luto atingiu Moscati, quando, em 1904, seu irmão Alberto morreu.

A reputação de Moscati como mestre e médico era indiscutível. Por isso foi nomeado, oficialmente, médico responsável da terceira ala masculina do Hospital dos Incuráveis, justamente a ala daqueles doentes pelos quais ele se empenhava e trabalhava com afinco.

No dia 12 de abril de 1927, como de hábito, depois de ter participado da missa e recebido Cristo eucarístico, foi para o hospital. Voltou para casa à tarde e, enquanto atendia os pacientes, sentiu-se mal e pouco depois morreu serenamente. A notícia de sua morte espalhou-se imediatamente e a dor se espalhou pela cidade.

No dia 16 de novembro de 1975, o papa Paulo VI proclama José Moscati bem-aventurado. A devoção a Moscati vai aumentando cada dia mais. As graças obtidas por sua intercessão são muitas.

De 1o. a 30 de outubro de 1987, em Roma, houve a VII Assembléia do Sínodo dos Bispos, cujo tema era: "Vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo, vinte anos após o Concílio Vaticano II". José Moscati foi um leigo que cumpriu sua missão na Igreja e no mundo. No Sínodo, após longos exames, a Igreja comunicou que ele seria canonizado, como um homem de fé e caridade, que assistia e aliviava os sofrimentos dos incuráveis.

No dia 25 de outubro de 1987, na praça São Pedro, em Roma, o papa João Paulo II colocou, oficialmente, José Moscati entre os santos da Igreja.
Sua festa litúrgica foi indicada para o dia 12 de abril. Seu corpo repousa na igreja do Menino Jesus, em Nápoles, Itália.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

São Júlio I

S. Júlio I | ArqSP
12 de abril

O Martirológio Romano enumera nove santos e oito santas com esse nome e quase todos são mártires do primeiro século do cristianismo. Mas, hoje, celebramos Júlio, o primeiro papa a tomar este nome, e que dirigiu a Igreja de 337 a 352.

Júlio era de origem romana, filho de um certo cidadão chamado Rústico. Viveu no período em que a Igreja respirava a liberdade religiosa concedida pelo imperador Constantino, o Magno, em 313. Essa liberdade oferecia ao cristianismo melhores condições de vida e expansão da religião. Por outro lado, surgiram as primeiras heresias: donatismo, puritanismo na moral,e o arianismo, negando a divindade de Cristo.

Com a morte de Constantino, os sucessores, infelizmente, favoreceram os partidários do arianismo. O papa Júlio I tomou a defesa e hospedou o patriarca de Alexandria, Atanásio, o grande doutor da Igreja, batalhador da fé no concílio de Nicéia e principal alvo do ódio dos arianos, que o tinham expulsado da sede patriarcal. O papa Júlio I convocou dois sínodos de bispos em que, com a condenação do semi-arianismo, Atanásio foi reabilitado, recebendo cartas do papa que se felicitava com a Igreja de Alexandria, baluarte da ortodoxia cristã.

O papa Júlio I construiu várias igrejas em Roma: a dos Santos Apóstolos, a da Santíssima Maria de Trastévere, e três mandou construir nos cemitérios das vias Flavínia, Aurélia e Portuense, respectivamente as igrejas de São Valentim, de São Calisto e de São Félix. Cuidou da organização eclesiástica e da catequese catecumenal, ou seja, dos adultos e mais velhos.

Morreu em 352, após quinze anos de pontificado. Foi sepultado no cemitério de Calepódio, na via Aurélia, numa igreja que ele também havia mandado edificar. Sua veneração começou entre os fiéis a partir do século VII. Suas relíquias, segundo a tradição, foram transladadas para a basílica de São Praxedes a pedido do papa Pascoal I. O seu culto, que já fora autorizado, refloresceu em 1505, quando do seu translado para a basílica da Santíssima Maria de Trastévere, em Roma.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

domingo, 11 de abril de 2021

O sentido da Festa da Divina Misericórdia

Imagem: Canção Nova

Compreenda como surgiu a Festa da Divina Misericórdia seu significado e sentido na vida cristã.

No segundo Domingo da Páscoa, a Igreja celebra a Festa da Divina Misericórdia. São João Paulo II soube valorizar a experiência mística de Santa Faustina Kowalska. Aliás, a Igreja tem sempre a graça de contar com pessoas que se deixam raptar pela grandeza do amor de Deus, para anunciá-lo aos outros. Continua muito válido recorrer aos místicos, cuja percepção dos mistérios vai além dos pobres raciocínios humanos.

Escreve Santa Faustina: “Ó meu Jesus, vós sabeis que desde os meus mais tenros anos eu desejava tornar-me uma grande santa, isto é, desejava amar-vos com um amor tão grande com que até então nenhuma alma vos tinha amado” (Diário1372). Sabemos que o Senhor a escolheu para uma missão especial. Depois de passar pela “noite escura” das provações físicas, morais e espirituais, a partir de fevereiro de 1931, em Plock, o próprio Senhor Jesus Cristo começa a se manifestar à Irmã Faustina de um modo particular, revelando de um modo extraordinário a centralidade do mistério da misericórdia divina para o mundo e a história, presente em todo o agir divino, particularmente na Cruz Redentora de Cristo, e novas formas de culto e apostolado em prol desta sua divina misericórdia. Descreve esta primeira visão: “Da túnica entreaberta sobre o peito saíam dois grandes raios, um vermelho e outro pálido. Logo depois, Jesus me disse: Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em vós” (Diário 47). Ao longo do Diário descobrimos que Jesus a escolhe como secretária, apóstola, testemunha e dispensadora da divina misericórdia.

O crescimento da devoção

São inúmeros os lugares do mundo que celebram nestes dias a Novena da Divina Misericórdia e se multiplicam, por toda parte, Movimentos e Grupos que contribuem na divulgação da Espiritualidade da Divina Misericórdia, todos crescentes em participação e profundidade, com frutos de intenso apostolado e serviços de caridade que expressam os frutos de uma espiritualidade autêntica. E se espalha por toda parte a oração do Terço da Divina Misericórdia: Ele foi ensinado durante uma visão que Irmã Faustina teve em 13 de setembro de 1935: “Eu vi um anjo, o executor da cólera de Deus, a ponto de atingir a terra. Eu comecei a implorar intensamente a Deus pelo mundo, com palavras que ouvia interiormente. À medida que assim rezava, vi que o anjo ficava desamparado, e não mais podia executar a justa punição”. No dia seguinte, uma voz interior lhe ensinou essa oração nas contas do rosário. Nas contas do Pai-Nosso, reza-se: Eterno Pai, eu vos ofereço o Corpo e Sangue, a Alma e Divindade de vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro. Nas contas das Ave-Marias, reza-se: Pela sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro (10 vezes). Ao fim do terço, reza-se: Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro. Oração de uma simplicidade impressionante, e cujos frutos mais ainda tornam estupefatas as pessoas!

Os efeitos da oração

Outra revelação assim indicava: “Pela recitação desse terço, agrada-me dar tudo que me pedem. Quando o recitarem os pecadores empedernidos, encherei suas almas de paz, e a hora da morte deles será feliz. Escreve isso para as almas atribuladas: Quando a alma vê e reconhece a gravidade dos seus pecados, quando se desvenda diante dos seus olhos todo o abismo da miséria em que mergulhou, que não se desespere, mas se lance com confiança nos braços da minha misericórdia, como uma criança nos braços da mãe querida. Essas almas têm sobre meu coração misericordioso um direito de precedência. Dize que nenhuma alma que tenha recorrido à minha misericórdia se decepcionou nem experimentou vexame. Quando rezarem esse terço junto aos agonizantes, eu me colocarei entre o Pai e a alma agonizante, não como justo Juiz, mas como Salvador misericordioso”.

O significado e sentido da misericórdia

De fato, a misericórdia é uma magnífica manifestação do amor do Senhor; é “filha predileta do amor e irmã da sabedoria, nasce e vive entre o perdão e a ternura” (Ignacio Larañaga). Só o amor poderia criá-la, e nasce de bondade que liga Deus aos seres humanos, prescindindo da situação moral e social da humanidade, pois ela é gratuita na iniciativa do amor. A palavra “misericórdia” tem origem em dois termos latinos: “Miserere” e “cor”. O primeiro lembra piedade, compaixão implorada por quem se encontra numa grande tribulação. É difícil permanecer duros e insensíveis diante de quem grita com lágrimas e suspiros! “Cor” remete a “coração”, que na compreensão cristã diz respeito ao centro da vida espiritual, sede dos sentimentos de alegria, dor, amor, serenidade. É aqui, no sentido amplo de coração, que fazemos a avaliação das escolhas decisivas da vida. E o coração aponta também para o núcleo último do ser humano e sua personalidade inteira, sua vida interior e seu temperamento. Coração dado, apaixonado pela miséria, eis a Misericórdia.

Na língua hebraica, a raiz verbal raham indica em primeiro lugar o ventre materno, a parte mais tenra e delicada, na qual cada mãe celebra e vive o mistério da vida. A mãe convive e sente com o ser que traz no ventre. É neste ambiente cheio de ternura que a criança vive antes de vir à luz. De raham chegamos a rahamim, o sentimento de misericórdia com que o amor se manifesta concretamente. Quem ama de verdade deseja tornar este amor visível sobretudo quando a pessoa amada se encontra em grande dificuldade. Assim entendemos como o salmista, doente e oprimido pelo pecado, recorre com confiança à misericórdia de Deus: “Senhor, não me recuses tua misericórdia; tua fidelidade e tua graça me protejam sempre, pois me rodeiam males sem número, minhas culpas me oprimem e não posso mais ver. São mais que os cabelos da minha cabeça; meu coração desfalece” (Sl 39, 12-13; Cf. Sl 76, 10; Sl 78, 8; Sl 118, 77; SL 144,9).

Onde se manifesta a misericórdia de Deus

É justamente esta profunda e visceral misericórdia que Deus quer oferecer a todos, sem excluir ninguém. E sua misericórdia se manifesta justamente naquele que mostra as chagas da crucifixão, abre os braços, sopra o dom do Espírito Santo e dá a missão do perdão e da reconciliação à sua Igreja: “A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20, 23). Por isso damos graças na Festa da Divina Misericórdia: “Quero lembrar os benefícios do Senhor, celebrar os louvores do Senhor, por tudo o que fez em nosso favor, pela grande bondade com a casa de Israel, quando a beneficiou em sua ternura, em sua imensa misericórdia” (Is 63, 7).

Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo de Belém (PA)

Reflexão para o 2º Domingo de Páscoa

Vatican News

Havia a grandiosidade de “não considerar como próprias as coisas que possuía”, que maturidade! O bem-estar do outro está acima de meu providencial acúmulo de bens. Confio em Deus, Ele será meu Provedor!

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Entramos no Domingo da Oitava de Páscoa ou Domingo da Misericórdia, como o chamava São João Paulo II.

A primeira leitura, Atos 4, 32-35, nos mostra uma comunidade de ressuscitados que, apesar de viverem a vida comum, principalmente porque ainda não tinham morrido, mas permitem que o batismo lhes proporcione uma vida de ressuscitados, ou seja, uma vida pautada pelos valores evangélicos, assim, vivia como se nada possuíssem, apesar de possuírem bens, mas sabiam fazer a partilha e, outro sinal de ressurreição: não havia necessitados entre eles! Logo, apesar de estarem no mundo, viviam de modo tal que a partilha de bens funcionava e proporcionava uma sociedade igualitária. Havia a grandiosidade de “não considerar como próprias as coisas que possuía”, que maturidade! O bem-estar do outro está acima de meu providencial acúmulo de bens. Confio em Deus, Ele será meu Provedor!

De fato, viver assim, não é para qualquer um! É preciso ser maduro e ter vivido a experiência de ressurreição. Uso as coisas que passam, como se não precisasse delas. Deus e a própria Comunidade me socorrerão caso haja uma emergência! Até onde em minha vida concreta vivo esse “já aí e ainda não?” Já ressuscitados pela fé, pela crença num Deus Providente, mas ainda não, enquanto, concretamente, não sei nada sobre o dia de amanhã, apesar de viver na esperança e na confiança na Palavra de Deus!

Havia um experimento dentro da formação da vida religiosa, em que o candidato deveria sair da casa religiosa, sem dinheiro algum e passar um mês apenas confiando na Providência, que saciaria suas necessidades, através da generosidade das pessoas. Comer, beber, dormir, banhar-se, tudo no literal “ao Deus dará”! Muitos nãos foram dados, muitos momentos constrangedores e muitas vezes tidos por vagabundos, mas esse exercício, inclusive de receber nãos e até corridas, fazia parte da formação de crer na Providência. Quantas pessoas generosas, bem-intencionadas, quantas partilhas de bens e de vida, quanta riqueza nessa experiência de pobreza! Deus seja louvado!

Para que tenhamos a consciência de que é preciso ter fé para crer na Palavra de Deus, o Evangelho, extraído de João 20, 19-31 nos relata a aparição de Jesus aos discípulos, menos a Tiago que estava fora, mais tarde ele diz não acreditar na comunidade, até que Jesus, oito dias depois, aparece novamente e, aí, Tiago presente! A conversão se realiza e ouvimos do Senhor a maravilhosa bem-aventurança dirigida a nós, hoje:” Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Do mesmo modo, bem-aventurados os que partilham, os que confiam na Providência sem acumularem nada para si! Evidentemente, nossa situação socioeconômica, nos leva a programar alguma reserva para nós e para nossos dependentes. Assim é hoje a sociedade que fala em aposentadoria, em pensão, recebimento de encargos, tudo para a manutenção da pessoa e a preservação de sua dignidade; contudo, a Lei da Caridade deverá falar mais alto dentro de meus interesses particulares.

Na perícope do Evangelho de hoje temos a efusão do Espírito Santo para o perdão dos pecados. Essa efusão é feita sobre toda a Comunidade presente e não apenas sobre os líderes. Aqui, mais uma vez, repousa nossa responsabilidade em relação ao mais frágil, desta vez, frágil em relação aos deveres morais e espirituais. Devo perdoar, sempre! Dentro da aparição de Cristo ressuscitado, ele me confia a missão de perdoar os pecados de todos os meus irmãos. É algo exigente, é verdade, mas o Senhor assim mandou, e mandou logo após nos desejar e dar a paz. Portanto, recebemos o Espírito Santo para sermos os mensageiros do perdão e da paz! Por isso São João Paulo II, denominou este domingo como o “Domingo da Misericórdia”! Ser possuidor de paz e perdoar é também sinal de ser ressuscitado.

Concluindo, vamos transcrever algumas frases da segunda leitura, tirada da 1ª Carta de João 5, 1-6. “Pois isto é amar a Deus: observar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, pois todo o que nasceu de Deus vence o mundo”.

Vencer o mundo, já aí viver como ressuscitado, apesar de ainda não o estar.

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF