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quarta-feira, 14 de abril de 2021

Jovem morre por aborto legal na Argentina

ACI Digital
Por Walter Sánchez Silva

Buenos Aires, 13 abr. 21 / 09:41 am (ACI).- María del Valle González López tinha 23 anos estudava serviço social na Universidade Nacional de Cuyo, e era presidente da Juventude Radical de La Paz, na província de Mendoza (Argentina). No domingo, 11 de abril, ela morreu após se submeter a um aborto legal em um hospital local. Foi a primeira morte registrada no país depois da aprovação da lei do aborto em 30 de dezembro passado.

Segundo o jornal argentino Clarín, a jovem dirigiu-se nesta quarta-feira, 7 de abril, ao hospital Arturo Illia, na cidade de La Paz, "para solicitar um procedimento de interrupção legal" da gravidez, termo usado para se referir ao aborto.

“Lá, prescreveram um medicamento - presume-se que seja misoprostol - e na sexta-feira ela começou a se sentir mal. Ela foi encaminhada ao principal centro de saúde da zona leste de Mendoza, o hospital Perrupato, onde diagnosticaram uma infecção geral que causou a sua morte”, relata o Clarín.

O misoprostol é uma prostaglandina que faz com que o útero expulse o que há em seu interior. No caso de gravidez, faz com que a mãe perca o feto, o que pode causar sangramento na mulher.

Em alguns casos, o sangramento pode fazer com que a mãe entre em choque hipovolêmico e morra.

Geralmente, a mulher que toma misoprostol vai a um centro de saúde para fazer uma curetagem para remover qualquer resto do bebê do útero.

Se essa curetagem ou raspagem for feita com material não esterilizado adequadamente ou que esteja contaminado, pode provocar uma infecção que poderia levar à septicemia ou infecção generalizada, o que pode causar a morte.

O Dr. Luis Durand, médico cirurgião argentino, explicou à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que embora alguns afirmem que a morte da jovem poderia ter ocorrido por “negligência”, na realidade “o aborto não é uma prática médica. Até poucos meses atrás, para a lei argentina, era um ato criminoso”.

"Agora é um ‘instrumento legalizado’ para supostamente beneficiar uns e punir outros, e isso não é um ato médico, independentemente de ser legal ou não."

“O ato médico deve sempre buscar melhorar a situação de todos sobre quem intervém, embora circunstancialmente possa falhar e não o conseguir, mas nunca pode ser considerado um ato médico, 'interromper a vida' de qualquer ser humano de forma intencional ou premeditada", destacou.

“No aborto, a morte para o bebê é sempre violenta. Ou injetam substâncias que o queimam no útero, ou o extraem por desmembramento, ou é arrancado por contrações uterinas extremas morrendo por asfixia”, indicou o Dr. Durand.

O médico afirmou que “a infecção geral ou septicemia em uma mulher que toma misoprostol para abortar pode ocorrer quando a expulsão é incompleta e os restos do bebê permanecem no útero. Por isso, é uma falácia dizer que qualquer instrumentação em um organismo possa ser 'segura'”.

A líder pró-vida Guadalupe Batallán escreveu em seu Twitter nesta segunda-feira que “María del Valle tinha 23 anos e tinha uma vida inteira pela frente. Era estudante e se tornou presidente da juventude radical de Mendoza. Ela abortou legalmente na quarta-feira e morreu no fim de semana. Eu vou contar para vocês porque as feministas ficam quietas. #MorreuPorAbortoLegal”.

“Se María tivesse morrido na clandestinidade, as feministas estariam destruindo a cidade inteira, mas como María #MorreuPorAbortoLegal e isso não lhes convém, ignoraram”, escreveu Belén Lombardi, uma jovem mãe e ativista pró-vida.

Assim que se soube de sua morte, vários ativistas e grupos pró-vida na Argentina inundaram as redes com as hashtags #MurióPorAbortoLegal (#MorreuPorAbortoLegal,  em português) e #AbortoLegalMataIgual.

O Clarín afirma que a investigação sobre a morte de María del Valle começou na Promotoria de Santa Rosa, mas por sua complexidade seguiu para a Promotoria de San Martín na segunda-feira.

Ainda não há data para a divulgação dos resultados da autópsia.

Martín Zeballos Ayerza, da organização Advogados pela Vida na Argentina, disse à ACI Prensa que a jovem "era uma garota muito conhecida porque era membro da União Cívica Radical, partido histórico na Argentina".

O partido, "embora tenha em sua carta de princípios o direito à vida, foi capturado pelo progressismo, especialmente na Universidade de Buenos Aires", onde há muitos "radicais verdes abortistas”.

“De Rosário ao sul”, disse Zeballos, “a maioria dos radicais é abortista. De Córdoba ao Norte, os radicais são pró-vida. Pode-se dizer, em geral, que os radicais nas grandes cidades são progressistas e os radicais nas cidades do interior são pró-vida”.

A senadora Silvia Elías de Pérez, de Tucumán, da União Cìvica Radical, votou em agosto de 2018 “a favor das duas vidas” e contra a lei do aborto.

“O comitê radical tem em Buenos Aires um lugar onde estão os quadros de grandes dirigentes mulheres do partido. Após a votação de Pérez, retiraram o quadro de Silvia por ter votado a favor da vida. Deixou de ser dirigente notável por defender a vida a partir da concepção”.

“Isso mostra a luta e as contradições internas. O radicalismo faz parte de Juntos pela Mudança que fazia parte do governo do ex-presidente Mauricio Macri. Hoje dizem que são oposição, mas na realidade são a primeira minoria progressista”, concluiu Zeballos.

ACI Digital

A ESPERANÇA NÃO DECEPCIONA

Canção Nova
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André (SP)

Nossa situação é dramática. Estamos todos os dias submetidos a um “teste de esperança”. Perguntamos diante da situação que vivemos, com a pandemia, a crise de governo, desagregação social, aumento dos famintos, entre tantos males que afligem nosso querido país: se podemos ter esperança?

Alguém diz que há tempo o Brasil não é mais alegre como antes, mesmo em meio às injustiças estruturais que o assola. É certo que neste tempo de pandemia a depressão atinge todo mundo. Chama atenção, porém, ser o Brasil, o segundo da lista de países atingidos por esta tristeza que pode ser mortal, segundo pesquisa da OMS feita no ano passado. Por isso, talvez pese tanto, o distanciamento social que devemos manter neste momento, para evitar o agravamento da pandemia.

Para muitos, o mundo não tem conserto, é caso perdido. Como os antigos gregos acreditam na lei do eterno retorno: o que foi, será, e o que será é o que foi. A humanidade está num atoleiro ou pântano, aprisionada pelo vazio de todas as coisas que, ao fim e ao cabo darão em nada. A conclusão é óbvia: vamos nos divertir e aproveitar a vida antes que acabe. O homem é um “ser para a morte” filosofa o existencialismo ateu.

Para responder à pergunta podemos recorrer à sabedoria humana que nos aconselha a renovar nossas forças através da análise da história (já passamos por coisas piores), da atenção à conjuntura (a semente morre mas nasce algo novo) e das técnicas psicológicas para esconjurar o desânimo (meditação e solidariedade). E então poderemos dizer que sim! Há esperança, pois a esperança é a última que morre, diz o ditado popular.

No entanto para quem crê em Jesus Cristo a esperança não morre nunca e mais ainda; “a esperança não decepciona”(Rm 5,5). Ela é âncora segura em todas as circunstâncias da vida. Devemos esperar contra toda esperança (cf Hb 6,18). Por que? Porque “Jesus Cristo é nossa esperança” (1Tm 1,1). Ele morreu e ressuscitou. A morte o tragou, mas lá de dentro da morte ele “matou” a morte e ela não tem mais poder, não tem a última palavra. A última palavra é do Deus da vida. É isto que comemoramos na Páscoa.

A cruz e o sofrimento são realidades provisórias em nossa vida e na história humana. O calvário é lugar de passagem. O definitivo é a ressurreição, a vida que vence a morte. O pecado e a maldade no mundo fazem muito estrago, muito barulho, mas como um tambor, está vazio. Não tem força para ir até o fim. Será sempre derrotado pelo dinamismo divino da vida, infundida por Deus na Criação redimida por Cristo.

Morrendo na Cruz por amor, Jesus Cristo, o homem Deus, desencadeou no mundo um processo de libertação pessoal e social que ninguém poderá conter. Ele é a pedra fundamental de um novo mundo, o mundo da graça e da alegria dos redimidos. Quem cair sobre esta pedra se espatifa e quem sobre o qual ela cair será esmagado. Somente os que souberem fazer dela seu abrigo será parte desta construção de Amor e libertação que Deus está fazendo no mundo a partir dos que creem em Cristo e dos que mesmo não crendo praticam sem saber o que ele ensinou.

Vão se as esperanças, uma após outra, mas o coração continua a esperar, quebram-se as ondas, uma após outra, mas o mar não se acaba, assim como a esperança não acaba jamais neste mundo.

A todos os leitores desta coluna que perderam parentes e amigos nesta pandemia, apresento minhas condolências fraternas. Expresso minha proximidade de cristão que ora e intercede para que Deus, pois somente Ele pode, confortar o coração de cada um, e manter acesa a chama da esperança.

CNBB

SS. TIBÚRCIO, VALERIANO E MÁXIMO, MÁRTIRES, NA VIA ÁPIA

Santoral
14 de abril

Transcorria o ano 229. As perseguições anticristãs se enfureciam. O edito de Constantino sobre a liberdade de culto ainda estava longe. Neste contexto, os três mártires, que celebramos hoje, viviam em Roma. Sua veneração era muito viva no século V e sua história foi transmitida por diversas fontes: as mais completas são a Passio de Santa Cecília e o Martirológio Jeronimiano, que depois passou para o Romano, muito usado ainda hoje.

Valeriano e Cecília, uma união virginal

A história começa com Valeriano, um nobre romano, nascido em 177, com quem Cecília, também filha de patrícios de alto escalão, se casou. Apesar de pertencer a uma família pagã, Cecília, desde sua tenra idade, tornou-se discípula de Jesus; às ocultas, vivia em comunhão com Ele, em contínua oração e na prática das virtudes; consagrou-se a Jesus no segredo do seu quarto.
No dia do casamento, Cecília confiou a Valeriano o voto que havia feito: "Nenhuma mão profana pode me tocar, porque um anjo me protege. Se você me respeitar, ele também vai lhe amar como me ama". Valeriano era um ótimo rapaz e a graça começou a entrar nele: aceitou sua esposa e sua união virginal. Naquele momento, um anjo sorridente lhe apareceu, com duas coroas nas mãos: uma, com lírios para ele, e, outra, com rosas para a sua esposa.

Martírio e conversão de Máximo

Valeriano foi batizado pelo Papa Urbano I e tornou-se um cristão zeloso. Com a sua fé e suas palavras inspiradas, conseguiu também converter seu irmão Tibúrcio. Ambos, juntos com Cecília, saíam, todas as noites, para enterrar os cristãos martirizados, contornando as proibições, e levar comida e conforto aos fiéis escondidos.
Certa noite, porém, os dois irmãos foram descobertos, presos e condenados à morte pelo prefeito Almáquio, muito feroz contra os cristãos. Antes da execução, Cecília foi visitá-los na prisão para encorajá-los a enfrentar as provações, que Deus lhes enviava, com fé e tenacidade, até mesmo as mais extremas como o martírio.
No dia seguinte, Máximo, o carcereiro que os vigiava, levou-os a um templo pagão, obrigando-os a oferecer sacrifícios aos deuses, conforme as leis. Mas, ao se recusarem, foram executados. Naquele momento, Máximo viu o céu se abrir e os anjos desceram para levar as almas daqueles dois cristãos. O oficial sentiu, no seu interior, a chamada do Senhor e se converteu. Alguns dias depois, teve o mesmo destino: o martírio.

Enterrar mártires era um crime

Na Roma pagã e fortemente anticristã, o enterro dos condenados à morte, sobretudo por motivos religiosos, era muito perigoso: quem o fazia corria o risco de ser considerado cúmplice e, portanto, era condenado à pena de morte.
Porém, todas as noites, Cecília continuava a desafiar seu destino, mesmo após a execução do marido e do cunhado, que os levou e enterrou em Pagos, quatro milhas fora de Roma. Fez a mesma coisa também com o corpo de Máximo, que enterrou, separadamente, no cemitério de Pretestato, na Via Ápia. Por sua vez, o Papa Pasqual I transferiu as relíquias dos três mártires para a Basílica dedicada a Santa Cecília, no bairro de Trastevere.

Vatican News

terça-feira, 13 de abril de 2021

Você usa sua liberdade com responsabilidade?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

“Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (João 8,31-32). Estamos de passagem neste mundo, e o nosso caminho é semelhante ao de Jesus: caminho de cruz, porque o discípulo não é maior do que o Mestre. Precisamos, no entanto, estar atentos para uma realidade: muitos dos nossos sofrimentos são frutos do mau uso da nossa liberdade. Levados pela emoção e agitados pela correria da vida, temos agido de acordo com a ideia que nos vem à cabeça, na maioria das vezes, sem pararmos, nem que seja por um instante, para pensar nas consequências das atitudes tomadas.

Somos senhores da nossa liberdade

Deus nos dá a liberdade de escolha, porque nos ama, e por isso nos deixa livres. Somos senhores da nossa liberdade, mas nem sempre sabemos fazer as escolhas certas, porque somos limitados. É aí que precisamos tomar consciência de que sozinhos não somos capazes de conduzir a nossa própria vida e clamarmos o auxílio do Alto.

Coloquemos, portanto, nossa vida nas mãos de Deus, para que Ele nos aponte qual caminho devemos seguir neste dia. Dessa forma, não corremos o risco de nos perdermos em meio às decepções e adversidades, nem de nos tornarmos pessoas incrédulas e distantes de Deus, que tanto nos ama e nos quer felizes.

Oração

Senhor, eu tomo posse desse grande dom que me deste, que é a liberdade, mas reconheço que não sei fazer as escolhas certas. Vejo os acontecimentos de forma muito superficial e acabo escolhendo a partir da minha visão limitada. Por isso, neste dia, eu Lhe peço, vem em meu auxílio e toma minha vida em Tuas mãos, conduz os meus passos e ajuda-me a fazer a melhor escolha.

Texto extraído do livro ‘Tenha um ótimo dia‘, de Dijanira Silva.

MAQUINAÇÃO DO MAL

Personare
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

Ao falar da paz social no mundo, o Papa Francisco refere-se a uma realidade preocupante e extrema, munida de falsidades, com requinte de destruição do tecido da sociedade nacional e do mundo. Essa dura situação é a guerra. Algumas práticas nefastas nutrem a guerra: perversão das relações ambiciosas; abuso de poder por medo do outro e por ver as diferenças como obstáculos.

Quando falamos sobre a guerra, a nossa mente olha para os tempos do passado, ou para os países mais distantes de nós. Mas acontece que ela é uma ameaça constante para todos os povos e em todos os tempos. A guerra é negação de todos os direitos, agressão ao meio ambiente e contrária ao desenvolvimento integral dos países. Significa que deve ser evitada através de negociações responsáveis.

Em 1945 a ONU publicou a “Carta das Nações Unidas”, com o compromisso de defender os fundamentais direitos humanos dos cidadãos. Nessa Carta estão as principais motivações que ajudam nas negociações entre os diversos países, principalmente para que não sejam desencadeadas ações de forças totalmente incontroláveis e prática de intenções ilícitas com possibilidades eminentes de guerra.

Sempre justificam as guerras utilizando desculpas despidas de fundamento dizendo que é ação humanitária. Pode ser que haja certa legitimidade moral, mas com condições muito rigorosas, porque não podemos querer o bem passando por caminho nefasto. Com as novas tecnologias e armas modernas as guerras se tornaram muito destrutivas e incontroláveis, eliminando muitas pessoas inocentes.

Diante de tantos riscos, jamais podemos dizer que a guerra seja uma solução, porque nunca será uma realidade justa. Não deixa de ser causadora de fatores violentos e prática da pena de morte para os envolvidos. Por outro lado, não podemos perder de vista que as razões para a paz são muito maiores do que o poder destruidor das armas. A guerra não deixa de ser um fantasma enganador.

Falar de guerra é falar de abismo do mal, de catástrofes humanitárias e ambientais, de medo causado pelo uso irresponsável de armas nucleares, químicas e biológicas. A paz, o equilíbrio e a estabilidade internacionais não podem estar fundados numa falsa e ameaçadora segurança para os povos. Em vez de gasto com armas, porque não criar um fundo para combater a fome no mundo?

CNBB

Como evitar a construção de muros entre os membros da família?

fizkes | Shutterstock
por Dolors Massot

Aproximem-se uns dos outros seguindo essas dicas inspiradoras.

Na vida familiar, é comum se dar melhor com uns e ter mais dificuldade com outros. É uma questão de “química”, de temperamento, de compartilhar opiniões e a forma como abordamos os assuntos.

Também é verdade que nem sempre nos damos bem uns com os outros da mesma maneira ao longo do tempo. Uma família é como um ser vivo: muda continuamente, cresce e se relaciona com outros seres vivos. Há momentos de paz e momentos em que tudo fica abalado.

É bom estar alerta para pequenas situações que parecem sem importância, mas que, quando somadas, criam um problema familiar.

Lembro-me de um chefe meu, casado e com filhos, que usou todas as suas economias e as de sua esposa para comprar uma casa nova. Era o sonho de ambos e eles colocaram todas as suas expectativas naquele projeto. Mas, de um dia para o outro, eles perceberam que haviam sido vítimas de um golpe imobiliário. Foi um choque.

Um dia, quando perguntei como eles estavam, ele respondeu: “Minha esposa e eu nem sequer nos falamos quando nos cruzamos no corredor.” O fato é que, quando há problemas, eles afetam a maneira como agimos e podem até afetar adversamente aqueles que mais amamos.

No entanto, isso ilustra como é importante estar alerta para situações que podem parecer sem irrelevantes, mas que na verdade são. Em uma família, pode haver obstáculos que parecem questões menores, mas acabam construindo muros que nos separam uns dos outros.

Por exemplo:

  • reações típicas de temperamento, das quais não falamos e que nos incomodam cada vez mais;
  • erros pelos quais não pedimos perdão a outro (ou erros de outros pelos quais não nos foi pedido perdão);
  • erros da outra pessoa sobre os quais preferimos manter em silêncio, mas que guardamos em nossa memória.

O momento em que a lista cresce e explode

Talvez aconteça conosco em nossa família como acontece com o caixa do supermercado. Ela está contabilizando as coisas na caixa registradora e, quando chega a hora de pagar, acabamos com uma lista muito longa e um preço alto que nos deixa perplexos. O fato é que muitas vezes, talvez sem estarmos muito conscientes disso, mantemos uma lista de ofensas que as pessoas cometeram contra nós.

No final, essas listas são como uma bomba que eventualmente explode.

São um muro que construímos e que nos separa de nossos entes queridos. Cada item “sem importância” da lista torna-se uma pedra com a qual, no final, construímos um muro que nos divide, separa e pode até acabar rompendo a relação.

Principalmente na vida familiar, é importante estar atento para evitar levantar, mesmo que seja um pouco, as paredes às vezes imperceptíveis que nos distanciam uns dos outros.

“Se, em vez de deixarmos de lado as coisas que nos incomodam, alimentarmos ressentimentos, o que em si é normal e inofensivo pode gradualmente obscurecer nosso coração”, alerta Carlos Ayxelà, sacerdote que trabalha na pastoral juvenil e familiar na Suíça.

O que podemos fazer para evitar a construção de muros em nossa família?

Há uma receita para evitar a construção dessas paredes que separam: é misericórdia.

“A misericórdia”, diz Ayxelà, “tira-nos do círculo vicioso do ressentimento, que nos leva a acumular uma lista de queixas em que o eu é sempre exaltado às custas das deficiências dos outros, reais ou imaginárias.”

Essa misericórdia, para um cristão, significa ter os mesmos sentimentos que Cristo ao olhar para os outros. Como Jesus olharia para minha sogra? Como Jesus olharia para aquela irmã ou cunhado, e aquele filho que te dá dor de cabeça? Para aprender a olhar para os outros como Jesus, devemos primeiro falar com Jesus.

Devemos falar sobre nossos conflitos? Sim, claro, mas com Deus antes de tudo. Ele fornecerá o filtro para sabermos como julgar esses fatos e ter as palavras adequadas para descrevê-los ao falarmos com outras pessoas.

Aleteia

Santa Sé promove Simpósio Teológico Internacional sobre o sacerdócio

Guadium Press
O evento será aberto aos que desejarem aprofundar sua compreensão das vocações e a importância da comunhão entre as diferentes vocações na Igreja.

Cidade do Vaticano (12/04/2021 11:27, Gaudium Press) A Congregação para os Bispos fará, entre os dias 17 a 19 de fevereiro de 2022, um Simpósio Teológico Internacional intitulado ‘Por uma Teologia Fundamental do sacerdócio’.

Segundo o Cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, o evento será destinado especialmente aos Bispos, mas também estará aberto “a todos aqueles, homens e mulheres, interessados na teologia, com o fim de aprofundar nossa compreensão das vocações e a importância da comunhão entre as diferentes vocações na Igreja”.

Guadium Press

Celibato sacerdotal

O purpurado ressalta que o tema sobre o celibato sacerdotal é importante e será tratado, entretanto, esta não será a questão central do simpósio. “Não é um simpósio sobre o celibato sacerdotal (…) É uma perspectiva mais ampla, que começa com o Batismo”, explicou.

Ele comentou ainda que o Concílio Vaticano II “voltou a colocar em primeiro plano o sacerdócio dos batizados, mas esta perspectiva não penetrou profundamente na vida e na pastoral da Igreja. É necessário seguir trabalhando, e o simpósio servirá para aprofundar esta questão, partindo não da organização e distribuição de funções, mas do mistério da Igreja: o ‘povo santo de Deus’ de que fala o Papa, habitado pela comunhão da Santíssima Trindade”, acrescentou.

Guadium Press

Sacerdócio como tema central

Apesar de reconhecer que o sacerdócio não é um tema novo, o purpurado afirmou que este é “um tema central, cuja originalidade é colocar em uma relação fundamental o sacerdócio dos batizados que o Concílio Vaticano II reavaliou, e o sacerdócio ministerial, Bispos e sacerdotes, dos quais a Igreja Católica sempre afirmou a especificidade”.

Concluindo, o Cardeal Ouellet ressaltou que “um simpósio teológico não pretende oferecer soluções práticas a todos os problemas pastorais e missionários da Igreja, mas pode ajudar-nos a aprofundar no fundamento da missão da Igreja”. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

A origem da concepção da Igreja na Lumen Gentium

Santa Missa presidida pelo Papa Francisco em Erbil,
no Curdistão iraquiano 

"Embora o Concílio eminentemente queira ser um Concílio pastoral e de um agir pastoral, a Lumen Gentium é Constituição que vai dar o Norte, a doutrina, construindo a concepção da Igreja como um corpo, um corpo com diversos membros, não qualquer corpo, mas um Corpo Místico; mais: um Corpo Místico de Cristo, cabeça, onde todos os batizados são membros, enxertados, ligados a Cristo-cabeça.”

Jackson Erpen – Vatican News

O Concílio Vaticano II teve quatro Constituições, sendo duas dogmáticas: a Dei Verbum, sobre a revelação divina e a Lumen Gentium, sobre a Igreja, aprovada em 21 de novembro de 1964 por 2151 votos favoráveis e 5 contrários. Seu capítulo II é dedicado ao “Povo de Deus”, o III à “Constituição hierárquica da Igreja e em especial o Episcopado”, o IV aos “Leigos”, o V à “Vocação de todos à santidade na Igreja”, o VI aos “Religiosos”, o VII à “Índole escatológica da Igreja peregrina e a sua união com a Igreja celeste”, e por fim, o VIII, à “Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, no Mistério de Cristo e da Igreja.

Desta Constituição, emergem algumas imagens da Igreja, como Sacramento de Salvação; a Igreja, sociedade visível e espiritual; a Igreja, Corpo místico de Cristo. Padre Gerson Schmidt*, que em nosso último programa abriu um novo capítulo sobre os documentos conciliares, nos explica hoje como surgiram estas imagens da Igreja:

"As diversas imagens da Igreja descritas no Concílio Vaticano II foram sendo construídas, antes do Concílio, nos movimentos teológico, litúrgico, ecumênico e pastoral que aconteceram antes da convocação do Concílio. A Lumen Gentium denota a consciência de que a Igreja existe a partir de Cristo e em Cristo. Essa perspectiva cristocêntrica é a culminância do movimento eclesiológico iniciado na Escola teológica de Tubinga, que se expande por meio dos teólogos da Escola Romana, no Concílio Vaticano I, e encontra expressão, por meio do magistério, na Carta Encíclica Mystici Corporis, do Papa Pio XII, em 1943¹. Portanto, quase 20 anos antes do Concilio Vaticano II. Essa visão eclesiológica cristocêntrica é, além disso, frisada por Paulo VI, no seu discurso de abertura da Segunda Sessão do Concílio Vaticano II, após a morte de João XXIII². A concepção da Igreja como Corpo de Cristo teve uma participação da Escola Romana, com autores como J. Perrone, C. Passaglia, J. B. Franzelin, C. Schrader, que experimentam a influência de Móhler, teólogos renomados na época pré-conciliar.

Na visão da Escola Romana, a Igreja não é simplesmente uma sociedade religiosa dotada de uma autoridade recebida de Deus, mas um organismo não só humano-social, mas espiritual, com missão especial, fundamentalmente recebida da autoridade de Cristo e seu prolongamento no tempo, na história, e por ele indissoluvelmente visível e invisível, humana e divina. Nessa Escola Romana faz-se germinar grande influência dessa concepção da Igreja como Corpo de Cristo³.

Passaglia afirma, por exemplo, que “a Igreja é Corpo místico de Cristo em que Cristo se manifesta, expande sua vida, mediante a qual se tem visível entre os homens e por meio da qual continua oferecendo o fruto de sua economia salvífica”. Entenda o ouvinte essa palavra técnica “economia”. Na teologia é entendida como a pedagogia salvífica, a salvação gradativa de Deus na história, por diversas etapas no tempo e espaço, onde Deus se revela, atua e salva. Então, traduzindo em miúdos:

“A Igreja, como corpo visível de Cristo, manifesta e continua perpetuando a salvação contínua de Cristo, na história concreta dos homens, a cada tempo, para cada pessoa em sua época, chão e lugar. Deus opera e quer salvar o homem concreto, situado no tempo e no espaço onde vive e habita.”

A Escola Romana oferece uma visão da Igreja impregnada de um maior sentido histórico, personalista e concreto, situando a Igreja na história, como Povo de um Deus que intervêm na história da salvação. Todos os batizados se encontram unidos em um só corpo, do qual todos os batizados são responsáveis e protagonistas, inclusive os leigos. Deste modo o visível e invisível, o exterior e o interior podem encontrar harmonia e reconciliação.

O Concílio Vaticano I não assumiu essas novas perspectivas. Negligenciou esse pensamento da Igreja como Corpo de Cristo, segundo o que haviam pretendido exponentes da Escola Romana [4]. A maioria dos Padres não viam em tal expressão mais que uma metáfora, não uma definição da Igreja, uma nova perspectiva teológica e, consequentemente, pastoral.

No Concílio Vaticano I seguirá dominando o carácter corporativo, sobretudo hierárquico da Igreja. Será o Concílio Vaticano II que vai recuperar fortemente essa concepção da Igreja como Corpo Místico de Cristo, já expressada e construída pelos teólogos da época. Embora o Concílio eminentemente queira ser um Concílio pastoral e de um agir pastoral, a Lumen Gentium é Constituição que vai dar o norte, a doutrina, construindo a concepção da Igreja como um corpo, um corpo com diversos membros, não qualquer corpo, mas um Corpo Místico; mais: um Corpo Místico de Cristo, cabeça, onde todos os batizados são membros, enxertados, ligados a Cristo-cabeça.”

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

______________________________

¹ O. GONZÁLEZ HERNÁNDEZ, A nova consciência da Igreja e seus pressupostos histórico-teológicos. In G. BARAÚNA, A Igreja do Vaticano II. Petrópolis: Vozes, 1965, p. 281s. 

² O. GONZÁLEZ HERNÁNDEZ, A nova consciência da Igreja e seus pressupostos histórico-teológicos. In G. BARAÚNA, A Igreja do Vaticano II. Petrópolis: Vozes, 1965, p. 281s.

³ C. PASSAGLIA, De Ecclesia Christi (Ratisbona 1853) 1,38.

4 A. CHAVASSE, «L'ecclésiologie au Concile du Vatican, L'infaillibilité de l'Église», en M. NEDONCELLE, O.C, 233-234.

Vatican News

Andrea Bocelli e sua fé: Se a vida eterna não existisse, tudo perderia o significado

andreabocelli.com
por David Ramos

Roma, 13 abr. 21 / 05:00 am (ACI).- Refletindo sobre a sua profunda fé católica, o famoso tenor italiano Andrea Bocelli assegurou que "se a vida não existisse, uma vida eterna, a vida depois da vida, então, tudo perderia todo o significado”.

Em uma entrevista exclusiva ao jornalista da EWTN Colm Flynn, Bocelli, que cantou para São João Paulo II, para o hoje Papa Emérito Bento XVI e para o Papa Francisco, disse que para ele a religião "é uma razão de vida".

“A vida, mesmo que dure 100 anos, é tão insignificante comparada com a eternidade”, ressaltou.

“A minha fé vem de um raciocínio bem simples. Não acredito no relógio sem o relojoeiro. Não creio que nada possa ser conquistado sem que alguém tenha projetado e construído”, acrescentou.

O tenor italiano, nascido em 22 de setembro de 1958 com glaucoma congênito, doença que afetou a sua visão e o deixou completamente cego aos 12 anos, disse que "eu tenho muita fé" no "Único, no que fez o mundo”.

“Qualquer um que coloque a sua vida em quem o criou, que o deseja e que o ama, coloca a sua vida em boas mãos”, ressaltou.

Bocelli, acompanhado por sua esposa Verónica na entrevista, disse depois que “é absolutamente verdade que a quem muito foi dado, muito será pedido. Eu não posso imaginar o que será pedido de mim quando eu ficar cara a cara com Aquele que fez o mundo".

Porque Deus, acrescentou, "me deu muito".

“Ele me deu uma família unida que me apoiou e amou”, além disso, “sou amado pelos meus amigos próximos, amado pela minha mulher, pelos meus filhos e amado pelos admiradores”.

“Tive uma vida de ricas possibilidades, de experiências. Recebi muito e, portanto, há muito que deveria tentar dar”, disse.

Andrea Bocelli afirmou que “de forma alguma” teria imaginado quando jovem o reconhecimento que receberia.

"Ninguém poderia imaginar que algo assim poderia ter acontecido, mas aconteceu", disse ele, enfatizando que "o sucesso é um acidente no caminho".

“As coisas acontecem porque há um grande projeto”, acrescentou.

Bocelli lembrou que “sempre amei cantar, cantar sempre foi minha verdadeira paixão”.

Sobre o caminho da arte, indicou que “a vida de um artista é um risco desde o início. Ninguém pode ter certeza de ter sucesso na carreira”.

“Meu pai me disse 'quando as pessoas falam bom trabalhado para você, isso não significa nada'. No dia em que estiverem dispostos a pagar um ingresso para escutá-lo, então pode dizer que é um bom cantor”, lembrou.

O tenor italiano também recordou o caminho que a Fundação Andrea Bocelli tem percorrido desde o seu surgimento, em 2011.

“Se eu tiver que assinalar um momento no qual tive o maior desejo de fazer algo pelo mundo, seria o momento em que Verónica me acordou com lágrimas por causa do que aconteceu no Haiti”, disse.

Um terremoto de magnitude 7 atingiu o Haiti em 2010. Os danos materiais foram estimados em cerca de 8 bilhões de dólares.

O número de mortos varia de cerca de 100 mil a 316 mil.

"Naquele momento eu entendi que o tempo de ser ativo e de fazer algo havia chegado para mim”, assegurou.

Sua mulher, Verónica, vice-presidente da Fundação, disse: "Quero acreditar que tudo o que conseguimos alcançar nos últimos anos é apenas o começo do que podemos fazer no futuro."

O fato de "estarmos juntos fazendo algo bom para outra pessoa", disse, significa que "Deus está aqui".

Andrea Bocelli, por sua vez, está confiante de que sua fundação "crescerá em tamanho, em projetos, em quantidade e qualidade de projetos".

Atualmente a Fundação Andrea Bocelli possui dois programas: “Challenges” (Desafios) que visa ajudar a que as pessoas “com dificuldades econômicas ou sociais tenham sucesso em se expressar”; e “Break the Barriers” (Romper as barreiras), que visa “apoiar e promover projetos que ajudem as classes mais desfavorecidas da população na Itália e nos países em desenvolvimento nos quais as condições de pobreza, doença, desnutrição e situações sociais complexas anulam ou reduzem as expectativas de vida”.

Sobre a pandemia de coronavírus Covid-19 que o mundo está sofrendo nestes tempos, Bocelli destacou que “certamente, a humanidade conheceu tempos mais difíceis do que este. Portanto, é preciso olhar para a frente com muito otimismo, porque esse tempo também vai passar”.

ACI Digital

São Martinho I

S. Martinho I | Franciscanos
13 de abril

Originário de Todi e diácono da Igreja romana, Martinho foi eleito ao sumo pontificado após a morte do papa Teodoro (13 de maio de 649) e logo mostrou mão firme no governo do leme da barca de Pedro. Para deixar isso bem claro ao chefe do poder secular de então, assumiu mesmo antes de ter sua eleição referendada pelo imperador.

O papa Martinho I sabia que as consequências das atitudes que tomou contra o imperador Constante II, no século VII, não seriam nada boas. Nessa época, os detentores do poder achavam que podiam interferir na Igreja, como se sua doutrina devesse submissão ao Estado. Martinho defendeu os dogmas cristãos, por isso foi submetido a grandes humilhações e também a degradantes torturas.

Um ano antes, Constante II tinha publicado o documento “Tipo”, que apoiava as teses hereges do cisma dos monotelistas, os quais negavam a condição humana de Cristo, o que se opõe às principais raízes do cristianismo. Para reafirmar essa posição, o papa convocou, ainda, um grande Concílio, um dos maiores da história da Igreja, na basílica de São João de Latrão, para o qual foram convidados todos os bispos do Ocidente. Ali foram condenadas, definitivamente, todas as teses monotelistas, o que provocou a ira mortal do imperador Constante II.

Ele ordenou a seu representante em Ravena, Olímpio, que prendesse o papa Marinho I. Querendo agradar ao poderoso imperador, Olímpio resolveu ir além das ordens: planejou matar Martinho. Armou um plano com seu escudeiro, que entrou no local de uma missa em que o próprio papa daria a santa comunhão aos fiéis. Na hora de receber a hóstia, o assassino sacou de seu punhal, mas ficou cego no mesmo instante e fugiu apavorado. Impressionado, Olímpio aliou-se a Martinho e projetou uma luta armada contra Constantinopla. Mas o papa perdeu sua defesa militar porque Olímpio morreu em seguida, vitimado pela peste que se alastrava naquela época.

Com o caminho livre, o imperador Constante II ordenou a prisão do papa Martinho I pedindo a sua transferência para que o julgamento se desse em Bósforo, estreito que separa a Europa da Ásia, próximo a Istambul, na Turquia. A viagem tornou-se um verdadeiro suplício, que durou quinze meses e acabou com a saúde do papa. Mesmo assim, ao chegar à cidade, ficou exposto, desnudo, sobre um leito no meio da rua, para ser execrado pela população. Depois, foi mantido incomunicável num fétido e podre calabouço, sem as mínimas condições de higiene e alimentação.

Ao fim do julgamento, o papa Martinho I foi condenado ao exílio na Criméia, sul da Rússia, e levado para lá em março de 655, em outra angustiante e sofrida viagem que durou dois meses. Ele acabou morrendo de fome quatro meses depois, em 16 de setembro daquele ano. Foi o último papa a ser martirizado e sua comemoração foi determinada pelo novo calendário litúrgico da Igreja para o dia 13 de abril.

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF