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quarta-feira, 21 de abril de 2021

O celibato é a resposta, não o problema

Presbíteros

Por Carter Griffin

Diz-se que Einstein afirmou sobre o sério e o frívolo: “Se existisse uma hora para salvar o planeta, analisaria o problema por 59 minutos e em 1 minuto o resolveria”

Tornou-se terrivelmente claro que temos um problema interno no clero da Igreja Católica. Os relatos dos abusos sexuais do clero e da negligência episcopal parecem ser infinitos. Queremos que o problema seja resolvido e somos todos tentados a colocar a nosso olhar sobre o suspeito mais próximo. Para muitos o suspeito imediato é o celibato sacerdotal. Não é difícil compreender o por quê. Vivemos as consequências da revolução sexual, e a própria ideia do celibato é recebida por tantos, também por muitos fiéis católicos, com um sorriso cético. A crise na Igreja, afinal é causada por sacerdotes que cometem pecados sexuais. Tais Sacerdotes são celibatários. O problema deve ser, portanto, o celibato.

Como para Einstein, todavia, é de vital importância analisar corretamente o problema. No cenário hipotético de Einstein, errar o diagnóstico seria catastrófico para o planeta. Através do ministério da Igreja recebemos a vida eterna, então a questão em jogo é ainda mais elevada.

Aqueles que afirmam com segurança que o celibato é o problema, geralmente consideram que uma vida empenhativa sem relações sexuais é uma contradição, na realidade não é saudável e conduz aos abusos. Muitos, imagino, nos veem celibatários, como um feixe de energia sexual pronto a explodir a qualquer momento. Não obstante, quando Nosso Senhor indicou o celibato para aqueles entre os seus discípulos que podem aceitar tal ensinamento (cfr. Mt 19,12), não fazia uma imposição impossível, ou que colocaria obstáculo no crescimento emotivo e psicológico. Com efeito, a esmagadora maioria dos sacerdotes celibatários vivem a própria vocação com alegria e fidelidade. Todo estudo científico com que me deparei tendo como objeto sacerdotes, indica que os seus níveis de felicidade pessoal e satisfação “profissional” são muito mais elevados que a média. Além disso, mesmo entre os católicos que são exasperados, em geral,  com a Igreja, com os sacerdotes, com o celibato, admitem quase invariavelmente que seus respectivos padres (célibes) são diferentes.

O Verdadeiro problema: O celibato é mal vivido.

O problema não é o celibato; o problema é o celibato mal vivido. Os abusos sexuais cometidos pelos padres não são causados pelo celibato, como o adultério não é causado pelo matrimônio. Em ambos são as violações das sagradas promessas, através das quais o Senhor garante a sua ajuda para vivê-las fielmente. Em outras palavras, permitir aos padres que se casem não impediria as transgressões sexuais. O matrimônio, infelizmente, não é estranho ao escândalo. Com efeito, a ideia de que “casar” os padres resolverá a crise dos abusos sexuais sugere uma visão ainda mais obscura do matrimônio, bem como uma certa ingenuidade sobre a questão dos abusos sexuais cometidos por indivíduos casados. A sagrada vocação ao matrimônio não é uma cura para as pulsões sexuais imaginadas, erroneamente, pela mente popular como irrefreáveis. A resposta adequada não é eliminar o celibato, mas exigir dos sacerdotes, como das pessoas casadas, que correspondam as expectativas da própria vocação.

O próprio celibato, de fato, é um dom precioso e insubstituível para a Igreja, como afirmou São Paulo VI, na Sacerdotalis caelibatus, há cinquenta anos, “o celibato sacerdotal, que a Igreja conserva há séculos como uma joia preciosa, conserva todo seu valor também em nosso tempo, caracterizado por uma profunda transformação de mentalidade e de estruturas”.

O celibato costuma ser definido negativamente como “não casar”, mas na realidade é uma escolha positiva, uma forma potente de amar, com uma singularidade de intenções e uma abertura de coração única. Permite ao sacerdote viver sua paternidade espiritual com particular força e eficácia. Nas palavras do Concílio Vaticano II, o celibato “é uma fonte de fecundidade espiritual no mundo” que torna os padres “mais adequados para uma aceitação da paternidade em Cristo”.

Os benefícios espirituais do celibato sacerdotal enriqueceram a Igreja por séculos e também a cultura em sentido mais amplo. Se o celibato fosse abolido neste nosso momento de exasperação, embora de boa fé, não somente não seria capaz de resolver o problema dos abusos sexuais, como também privaríamos as futuras gerações de inumeráveis graças de paternidade espiritual que nos alcançam por meio do celibato sacerdotal.

Tornar o celibato opcional poderia ajudar?

            Alguns, mesmo admitindo o valor do celibato, gostariam que o celibato fosse facultativo para aqueles que discernem a vocação sacerdotal. Também nesse caso, no entanto, não resolveria o problema. Depois de tudo, se o celibato é a causa do abuso, então a resposta não é o celibato opcional, mas o matrimônio obrigatório! Além disso, no nosso panorama cultural, se o matrimônio é uma opção, então a verdade, dita francamente, é que os sacerdotes celibatários seriam vistos por muitos como pessoas de ambíguas atrações sexuais.

Ademais, porque a ordenação episcopal seria presumidamente ainda limitada aos sacerdotes celibatários, como na Igreja oriental, a escolha de renunciar ao matrimônio (portanto permanecer elegível para o episcopado)  convidaria a conjecturas cínicas. O celibato opcional levaria a um sacerdócio de dois níveis, nos quais a mediocridade e a ambição prosperariam facilmente.

Também se tais insídias pudessem ser de alguma forma evitadas, o celibato opcional lançaria inúteis confusões no percurso daqueles que discernem o chamado ao sacerdócio. O celibato é um belíssimo dom para a Igreja e para o próprio sacerdote, mas sem dúvida as vezes é um dom difícil de compreender, difícil de receber e difícil de viver. Desperta uma nobre generosidade no coração de um jovem homem, mas como todos os profundos amores humanos, a capacidade de ser celibatário requer tempo para amadurecer.

É verdade que alguns seminaristas escolheriam o celibato, ainda que fosse facultativo. No entanto, quem poderia duvidar que muitos – que de outro modo poderiam receber a bela graça do celibato – considerariam simplesmente não servir para tal? Quantas graças de celibato seriam perdidas tornando inutilmente difícil para quem está em discernimento sacerdotal receber tamanho dom?

Existe ainda uma maior dificuldade na proposta de celibato opcional. O sacerdócio não é uma posição sobre a qual a Igreja Católica possui um controle completo, porque fundamentalmente o sacerdócio não é seu, mas de Jesus. Certamente, porque na Igreja oriental existem sacerdotes casados validamente ordenados, e excepcionalmente também no rito latino, está claro que o celibato não é necessário para exercitar o ministério sacerdotal. Não menos claro, é também verdade que o próprio sacerdócio, isto é, o sacerdócio de Cristo – aquele que todos os sacerdotes ministeriais participam – é um sacerdócio celibatário. Jesus exercitou o seu ministério sobre a Terra como um padre celibatário e continua a fazê-lo do céu. O celibato é, portanto, de alguma forma essencial para o sacerdócio, também quando não exercitado por cada sacerdote ordenado.

A questão do celibato sacerdotal, então, é somente uma parte sujeita ao juízo prudente da Igreja. Por isso o celibato sacerdotal (ou continência perpétua) foi sempre parte da sua vida desde os tempos apostólicos. Houve sim um desenvolvimento histórico, naturalmente, não obstante às diversas solicitações de abandonar o celibato ao longo dos séculos, a Igreja sempre refutou firmemente. De fato, repetidamente reteve que o celibato sacerdotal é uma benção e está empenhada a promovê-la mais fielmente no seu clero.

O abuso sexual é um falimento da castidade e da formação sacerdotal

            Essa afirmação nos leva a identificar os verdadeiros problemas que hoje a Igreja está afrontando em sua luta contra os abusos sexuais do clero. O abuso sexual não é causado pelo celibato, mas do fato de não vivê-lo, isto é, do vivê-lo mal. Em outras palavras, é causado pelos sacerdotes que não conseguem viver a castidade. Porque não há motivo para crer que os padres casados seriam de alguma forma imunes a tais pecados, a solução não pode ser encontrada na eliminação do celibato, e sim requerer não outra coisa senão uma castidade exemplar por parte de todo o nosso clero.

Essa é, portanto, a fonte do nosso problema: por decênios, demasiados sacerdotes não foram adequadamente selecionados ou formados para viver uma santa castidade celibatária ou foram autorizados a persistir nas transgressões sexuais com pouca supervisão ou responsabilidade. O testemunho coerente dos sacerdotes formados após a revolução sexual – principalmente aqueles que frequentaram o seminário nos anos 70 e 80 – confirma esta tese. É uma história triste, mas com um final positivo.

Por anos, houve uma surpreendente ausência de escrutínios para os homens que ingressavam na formação sacerdotal. Geralmente era necessário apenas demonstrar uma certa aptidão acadêmica e ter a recomendação de algum pastor. Não eram exigidos nenhuma abordagem mais aprofundada sobre o caráter moral e sobre a maturidade espiritual,  nenhum exame psicológico. Foram admitidos muitos que eram psicológica e emocionalmente imaturos.

Além disso, a Igreja repetiu insistentemente sobre o fato que os homens com inclinação homossexual persistente não deveriam ser admitidos no seminário (último documento oficial que endossou essa posição, por inciso, foi aprovado pelo Papa Francisco em 2016). No entanto, tais homens são admitidos ao seminário em grande número. A maior parte dos sacerdotes com atração por pessoas do mesmo sexo obviamente não são culpáveis de abusos sexuais e vivem o seu celibato fielmente. É incontestável, também, que a grande maioria dos casos de abusos dos padres envolvem o abuso homossexual de meninos e de rapazes jovens. Ainda que controverso, a sabedoria da decisão da Igreja tornou-se claríssima se olhada retrospectivamente. Ignorá-la teve consequências interruptivas sobre a vida de milhares de jovens nos últimos decênios.

Uma vez ingressados no seminário, a situação não melhorava muito. A formação para um celibato casto era inadequada para não dizer outra coisa! A vida interior e as práticas ascéticas necessárias para sustentar uma castidade saudável não eram, de fato, propostas. Muitos homens foram ordenados com a falsa impressão, reforçada pelos formadores do seminário, que a exigência do celibato seria revogada em pouco tempo. Em alguns seminários, o hábito depravado de licença sexual entre os seminaristas e, mesmo entre os membros da formação, corromperam jovens vulneráveis ou distanciaram decepcionados aqueles que buscavam a virtude.

Para piorar as coisas, em muitos seminários a dissidência teológica e a experimentação litúrgica se propagaram, levando a um duplo modelo hipócrita que os homens traziam posteriormente consigo para o sacerdócio. A infidelidade intelectual invariavelmente culmina na infidelidade moral. Se posso flexibilizar arrogantemente o ensinamento da Igreja às minhas próprias opiniões, preferências e caprichos, por que isso não pode ser estendido também aos preceitos morais? A dissidência difundida por decênios nas faculdades teológicas tiveram um efeito devastante sobre a Igreja, não somente na confusão doutrinal e litúrgica, como também, eu diria, nos abusos sexuais.

O falimento dos bispos na consideração dos sacerdotes responsáveis

Por fim, uma vez ordenados, alguns sacerdotes crescidos nesse clima de laxismo e inveja eram, obviamente, infiéis às próprias promessas. E raramente eram censurados pelos seus superiores, ao menos, de uma forma significativa. Alguns foram repetidamente transferidos para novos encargos; quase nenhum foi demitido do sacerdócio. A vastidão da corrupção do clero era um doloroso embaraço para os bispos e, por consequência, surgiu uma cultura de profundo acobertamento que agora está vindo à luz.

Existem indubitavelmente muitas razões pata tal confusão. Era um período de desarranjos sociais que contribuíam para incerteza e agitação na Igreja. Muitos sacerdotes não eram seguros de qual caminho andar. Suas respectivas autoridade e sacerdócio – em certo modo, a própria virilidade – foram gradualmente enfraquecidos e colocadas em dúvida. Alguns sacerdotes se renderam ao espírito desinibido de tal época, e muitos bispos perderam a coragem e o próprio sentido de auto-estima. O demônio intensificou sua guerra contra a pessoa humana em sua identidade sexual, uma brilhante e bem sucedida campanha de enganos, que ainda continua sustentada até os nossos dias.

Talvez tudo isso tenha sobrecarregado de alguma forma muitos bispos bons; não sei! No entanto, o que sabemos hoje, sem dúvidas, é que os padres não respondiam adequadamente por seus atos e frequentemente eram autorizados abusar do próprio rebanho no plano doutrinal, litúrgico e também sexual. A oportunidade, diversas vezes, prevaleceu sobre a integridade.

Sementes de renovamento: castidade

Tais são, portanto, algumas das fontes da falta de castidade do clero atualmente, mas não é ainda o fim da história. Também nesses anos de profunda confusão, o Espírito Santo espalhou sementes de renovamento que ainda trazem grandíssimos frutos atualmente. Muitos seminaristas, sacerdotes e bispos, contra toda perversão, permaneceram fiéis naquelas décadas desoláveis e hoje agradecem a Deus pela heroico testemunho.

Depois chegou o amplo pontificado de São João Paulo II. Entre as suas numerosas reformas, talvez a mais importante, ainda que raramente notada como tal, está o seu documento de referencia de 1992, Pastoris dabo vobis, no qual propôs um corajoso e positivo retrato do sacerdócio e da formação no seminário.

Nos anos sucessivos foi implementado de modo não uniforme em todo o mundo, mas a tendência de elevação na qualidade da formação era inconfundível. Os modelos de admissão na maior parte das dioceses foram fortemente elevadas e a qualidade da formação na maior parte dos seminários melhorou notavelmente. É verdade que muitos dos nossos cidadãos não se deram conta plenamente, a reforma do clero começou bem antes de duas décadas atrás.

Afrontar o problema dos abusos sexuais do clero significa, antes de tudo, retomar firmemente a fidelidade casta em nossas respectivas vocações. Seja para os sacerdotes, seja para os fiéis, a melhor resposta às desastrosas revelações de abusos sexuais clericais é uma firme determinação de crescer na própria fidelidade e na própria santidade. Um novo florescer da castidade, especialmente entre os jovens católicos, fará muito mais para reforçar o futuro celibato sacerdotal de qualquer programa ou iniciativa oficial.

A vocação à paternidade sacerdotal

Para aqueles que promovem as vocações e formam seminaristas, cultivar a fidelidade casta significa ajudar a compreender suas respectivas vocações celibatárias à luz da paternidade espiritual. Os candidatos deveriam, então, possuir uma identidade masculina plena de confiança e um desejo saudável e normal para o matrimônio e para a paternidade, a capacidade madura de renunciar a esses grandes bens para concentrar-se sobre a paternidade sobrenatural e ser capazes de demonstrar atitudes para as qualidades e virtudes humanas dos melhores pais naturais. No curso da formação deveria ser incutida a paternidade espiritual madura e viril, o apreço pelo dom do celibato e a capacidade de viver essa vocação pacífica e autenticamente.

Uma vez ordenados, os sacerdotes deveriam ser os mais altos modelos de castidade. As vocações deveriam ser afrontadas de modo coerente, com a  seriedade que se espera de uma grave violação da confiança que convém a uma grave violação da confiança no confronto da própria família espiritual. A castidade, em outras palavras – serena, profunda e alegre – a serviço da paternidade sacerdotal é sem dúvidas o caminho para uma autêntica reforma sacerdotal.

Aqueles que creem que o celibato seja a causa dos abusos sexuais do clero estão simplesmente buscando, como todos nós, impedir que esses terríveis abusos se repitam. Einstein, porém tinha razão. Devemos concentrar muito tempo para identificar o problema, o verdadeiro problema não está no fato de os padres rebeldes não eram casados; o problema é que eram infiéis. O estilo de vida sacerdotal decadente que os levou a infidelidade é a exata oposição da amável e generosa paternidade espiritual a qual o celibato é ordenado.

Os médicos antigos, com as melhores intenções, muitas vezes curavam as doenças drenando o sangue dos pacientes, inconscientemente privando-os das substâncias nutritivas que realmente necessitavam para ser curados. Assim, também aqueles que buscam sanar a doenças dos abusos sexuais na Igreja privando-a da graça do celibato fariam bem pouco para curar a doença, e mais do que isso, privariam o Corpo de Cristo de nutrientes espirituais necessários para recobrar a saúde.

Se desejamos afrontar o problema dos abusos sexuais do clero, deveríamos começar esperando dos nossos sacerdotes a mesma fidelidade que esperamos de todas as outras pessoas, e convocando-os a abraçar, através do dom do celibato, as bênçãos da paternidade sacerdotal que hoje necessitamos mais do que nunca.

Copyright © Carter Griffin.  Texto originale m inglês, 22 de fevereiro de 2019. https://www.thecatholicthing.org/2019/02/24/celibacy-is-the-answer-not-the-problem/  tradução italiana de Giovanni Zaccaria.

Padre Griffin é sacerdote da arquidiocese de Washington, DC,. Cresceu como presbiteriano e se converteu ao Catolicismo enquanto frequentava a Universidade de Princeton. Depois de se formar em 1994, serviu por quatro anos como oficial da Marinha dos Estados Unidos, antes de entrar para o seminário. Sua tese doutoral Paternidade sobrenatural através do celibato sacerdotal, realizada na masculinidade.” Foi publicada e 2010. Atualmente é vice-reitor do Seminário São João Paulo II, na arquidiocese de Washington. Seu próximo livro, “Por que o celibato? Recuperando a paternidade do padre” será publicado na próxima primavera pela Emmaus Road. Este artigo apareceu a primeira vez na First Things e é aqui republicado com a permissão do autor.

https://www.presbiteros.org.br/

PAIS DA IGREJA: Santo Ambrósio de Milão

Santo Ambrósio de Milão | Paulinos

Santo Ambrósio de Milão (cerca de 340-397)

Sobre Abraão

«Abraão viu o meu dia»


Deus disse a Abraão: Toma o teu filho bem-amado, esse Isaac que acarinhaste; parte para a montanha e lá mo oferecerás em holocausto» (Gn 22,2). Isaac prefigura Cristo que vai sofrer: vem sobre uma burra...

Quando o Senhor veio sofrer por nós na sua Paixão, soltou o jumento de junto da burra e sentou-se nela... Abraão disse aos servos: «Já voltaremos para junto de vós»; sem que ele o soubesse, isto era uma profecia... Isaac carregou a lenha e Cristo levou a própria cruz. Abraão acompanhava o seu filho; o Pai acompanhava Cristo. Na verdade, ele diz: «Deixar-me-eis só, mas eu não estou só; o Pai está comigo» (Jo 16,32). Isaac diz a seu pai...: «Está aqui a lenha, onde está o cordeiro para o holocausto?» São palavras proféticas, mas ele não o sabe; com efeito, o Senhor preparava um Cordeiro para o sacrifício. Também Abraão profetizou ao responder: «Deus proverá o cordeiro para o holocausto, meu filho»...

«O anjo diz: 'Abraão, Abraão!... Não ergas a mão sobre o menino, não lhe faças mal; porque agora sei que temes a Deus, tu que não poupaste o teu filho bem-amado por minha causa' (cf. Rm 8,32)... Abraão levantou os olhos e viu: estava ali um carneiro suspenso pelos cornos num arbusto». Porquê um carneiro? É o que tem mais valor em todo o rebanho. Porquê suspenso? Para te mostrar que não era uma vítima terrestre... O nosso corno, a nossa força, é Cristo (Lc 1,69), que é superior a todos os homens, tal como lemos: «És o mais belo dos filhos dos homens» (Sl 44,3). Só ele foi erguido da terra e exaltado, como no-lo ensina com estas palavras: «Eu não sou deste mundo; sou do alto» (Jo 8,23) Abraão viu-o neste sacrifício, apercebeu-se da sua Paixão. É por isso que o Senhor diz dele: «Abraão viu o meu dia e rejubilou». Ele apareceu a Abraão, revelando-lhe que o seu corpo sofreria a paixão pela qual resgatou o mundo. Indica mesmo o tipo de Paixão ao mostrar o carneiro suspenso; aquele arbusto é o braço da sua cruz. Erguido sobre esse madeiro, o guia incomparável do rebanho tudo atraiu a si, para por todos ser conhecido.

Mais de Santo Ambrósio de Milão...

FONTE:

Evangelho Cotidiano


 ECCLESIA do Brasil

O cansaço da pandemia pode afetar a alegria cristã?

Shutterstock | dissx
Por Benito Rodríguez

Encontre e valorize as “alegrias simples” que o Senhor nos oferece a cada dia.

De acordo com um estudo da Universidade de Comillas, uma em cada três pessoas nos países atingidos pela pandemia sofre de um tipo de cansaço extremo chamado “fadiga pandêmica”.

Mas a Igreja Católica ensina que existe um tipo de alegria que não depende das dificuldades e circunstâncias do nosso dia-a-dia. É a alegria cristã, que pode ser cultivada especialmente através da fé.

À luz do magistério dos três últimos papas, podem-se enumerar as seguintes chaves para alcançar a alegria cristã.

Peça ao Espírito Santo

Segundo o Papa Bento XVI, a alegria cristã é uma aspiração gravada no íntimo do ser humano. É, portanto, dom do Espírito, que é o que nos permite nos reconhecermos como filhos de Deus. Por isso, peça ao Espírito Santo que fortaleça sua alegria interior.

Trate a tristeza como a grande inimiga

Bento XVI, em sua mensagem para a JMJ de 2012, disse que “em um mundo muitas vezes marcado pela tristeza e inquietação, a alegria é um importante testemunho da beleza e da confiabilidade da fé cristã”.

Santo Tomás dizia que a tristeza “tem sua origem no amor desordenado de si mesmo”.

Entusiasmo para fazer o bem

Bento XVI nos pede para “sermos úteis aos outros”.

Francisco nos exorta a sairmos do egoísmo:

Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem.

Madre Teresa de Calcutá disse: “A alegria é uma rede de amor para capturar as almas. Deus ama a quem oferece felicidade. E quem oferece com alegria dá mais».

Encontre e valorize as “alegrias simples” que o Senhor nos oferece a cada dia.

Bento XVI lista algumas:

A alegria de viver, a alegria face à beleza da natureza, a alegria de um trabalho bem feito, a alegria do serviço, a alegria do amor sincero e puro. E se olharmos com atenção, existem muitos outros motivos de alegria: os bons momentos da vida familiar, a amizade partilhada, a descoberta das próprias capacidades pessoais e a consecução de bons resultados, o apreço da parte dos outros, a possibilidade de se expressar e de se sentir compreendidos, a sensação de ser úteis ao próximo.

A regra de ouro: o encontro pessoal com Cristo.

Deus é a fonte da alegria. Deus é amor eterno, alegria infinita.

Bento XVI conta como o Pai quer nos dar essa alegria:

Na hora da paixão de Jesus, este amor manifesta-se em toda a sua força. Nos últimos momentos da sua vida terrena, na ceia com os seus amigos, Ele diz: «Como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor… Digo-vos isto para que a Minha alegria esteja em vós e o vosso gozo seja completo» (Jo 15, 9.11). Jesus quer introduzir os seus discípulos e cada um de nós na alegria plena, a mesma que Ele partilha com o Pai, para que o amor com que o Pai o ama esteja em nós (cf. Jo 17, 26). A alegria cristã é abrir-se a este amor de Deus e pertencer-Lhe.

Buscar o encontro pessoal com Cristo na oração, na família, no próximo, na Palavra de Deus será sempre fonte de alegria cristã.

Aleteia

Chile: outra Igreja Católica incendiada por Terroristas Mapuches

Guadium Press
A polícia confirma que o incêndio foi provocado intencionalmente e que os terroristas atacaram a Capela com “coquetéis molotov” atirados de um veículo em movimento.

Redação (20/04/2021, 10:50, Gaudium Press) Mais um ato de violência contra instituições da Igreja Católica. Desta vez, o terrorismo antirreligioso foi realizado contra uma Capela na diocese de Villarrica:
Um incêndio destruiu completamente a Capela Roble Huacho que pertence à Paróquia de Santo Antônio, na cidade de Padre de Las Casas, na região chilena de Araucania.

O atentado criminoso ocorreu na noite da última sexta-feira, 16/04, no quilômetro 8 da estrada que conduz a Huichahue. Os bombeiros que chegaram para debelar as chamas fizeram o que puderam, mas não conseguiram evitar a destruição do edifício religioso.

A Brigada Especial de Investigações Policiais (BIPE) confirmou que houve intenção de provocar o incêndio: a Capela foi atacada com “coquetéis molotov” atirados de um veículo em movimento, confirma a perícia da polícia.

A Associação para a Paz e Reconciliação La Araucanía (APRA), por meio das redes sociais, reiterou que o incêndio foi um atentado terrorista.

Bispo de Villarrica manifesta apoio ao Pároco, proximidade solidariedade à comunidade

A propósito deste atentado terrorista, Dom Francisco Javier Stegmeier, Bispo de Villarrica, manifestou seu apoio ao pároco e expressando ainda sua proximidade e solidariedade à comunidade afetada:

“É com grande dor que vemos, mais uma vez, que foi queimada uma das nossas capelas, o templo da Comunidade de San Andrés. O meu carinho e o meu apoio vão para a comunidade que sofreu esta afronta ”, afirmou.

Segundo expressa Dom Stegmeier em uma mensagem, “Este fato que, além de nos motivar a rezar intensamente pela paz na região, deve nos fazer refletir sobre o motivo dessa violência irracional e quais caminhos todos devemos percorrer como sociedade para resolver a situação crítica que vivemos “.

Rezem com mais intensidade pelos que sofrem esta violência terrorista inútil e crescente…

O Bispo de Villarrica, ainda em sua mensagem, pediu à sua comunidade diocesana para “ser capaz de levar a paz à região”.

Para o Prelado, isso será possível se cada um assumir seu papel ativo e decisivo junto “àqueles que pensam que na violência está a solução para suas demandas –talvez– sem saber que é a violência que deslegitima suas aspirações e dificulta as soluções”.

Concluindo suas palavras, Dom Francisco Javier Stegmeier exortou os fiéis “a continuar rezando, com mais intensidade, por todos aqueles que sofrem esta violência inútil e crescente, bem como por aqueles que erroneamente buscam soluções através da destruição e do terror, e também pelas autoridades responsáveis pelo bem comum”. (JSG)

(Informações AICA, foto InfoCatólica)

https://gaudiumpress.org/

Busto de São João Paulo II vandalizado perto de paróquia polonesa em Paris

Entrada da paróquia polonesa de Paris.
Aloveswiki via Wikimedia (CC BY-SA 3.0)

PARIS, 20 abr. 21 / 08:27 pm (ACI).- Um busto de São João Paulo II foi vandalizado nesta segunda-feira fora de uma igreja católica em Paris, onde se reúnem fiéis de origem polonesa. Um criminoso não identificado derramou tinta vermelha sobre a escultura fora da Igreja Notre-Dame-de-l'Assomption no coração da capital francesa na manhã deste 19 de abril.

O busto está localizado na entrada da igreja, que é a mais antiga e a maior paróquia católica polonesa da cidade e está situada perto da Place de la Concorde, um conhecido ponto da capital francesa.

O padre Paweł Witkowski, pároco do lugar, disse ao portal PolskiFR que ele e seus paroquianos ficaram profundamente tristes com o incidente.

Ele disse que João Paulo II, que foi Papa de 1978 a 2005 e ajudou a libertar a Polônia do comunismo, "certamente não merecia tal tratamento".

O padre agradeceu à polícia francesa por sua rápida resposta e profissionalismo.

Embora os motivos do crime não sejam conhecidos, atos semelhantes de vandalismo ocorreram na Polônia durante protestos após uma decisão do Tribunal Constitucional sobre aborto em outubro.

Uma estátua de São João Paulo II em Poznań, oeste da Polônia, foi coberta por slogans pró-aborto. As mãos de uma estátua do Papa polonês em Konstancin-Jeziorna, ao sul de Varsóvia, foram cobertas com tinta vermelha.

Refletindo sobre como os católicos poloneses em Paris deveriam responder ao último incidente, o Padre Witkowski lembrou que João Paulo II perdoou publicamente seu agressor Mehmet Ali Ağca durante um encontro em 1983.

"O Santo Padre perdoou aquele homem que atirou nele; essa é a atitude que podemos ter em relação a quem cometeu essa profanação", disse o padre.

ACI Digital

S. ANSELMO, ARCEBISPO DE CANTUÁRIA E DOUTOR DA IGREJA

S. Anselmo, 1160 | Vatican News

A força de um sonho

Quanta força tem um sonho? Folheando as páginas da vida de Santo Anselmo, poder-se-ia dizer: muita força.
Uma noite, quando Anselmo ainda era criança, sonhou que Deus que o convidava para ir sobre os cumes dos altos Alpes, onde lhe daria "um pão puríssimo" para comer. Desde então, a vida do futuro Santo foi toda voltada a "elevar a mente à contemplação de Deus". Este objetivo foi levado adiante com absoluta abnegação, apesar das adversidades.
Nascido em Aosta, em 1033, no seio de uma família nobre, Anselmo sofreu fortes contrastes com o pai, um homem rude e envolvido com os prazeres da vida, que o impediu, com todos os meios, de entrar para a Ordem Beneditina, para evitar a dispersão do patrimônio familiar. Diante da oposição paterna, Anselmo, com apenas 15 anos, adoeceu por tamanha decepção. Ao recuperar a saúde, decidiu partir para a França, onde se deixou levar pela dissipação moral, tornando-se surdo ao chamado de Deus.

Um grande educador

Após três anos, teve um encontro providencial com Lanfranco de Pavia, prior da Abadia Beneditina de Bec, na Normandia, que reanimou a sua vocação. Finalmente, aos 27 anos, Anselmo pôde entrar para a Ordem monacal e ser ordenado sacerdote.
Em 1063, tornou-se prior do mesmo mosteiro de Bec, onde demonstrou ser um educador dócil, mas também determinado. Não gostava de métodos autoritários. Por isso, preferiu o princípio de persuasão, que fazia os estudantes crescer com sabedoria, ensinando-lhes o valor inviolável da retidão e a adesão livre e responsável da verdade e da bondade.
Seu gênio educacional expressou-se com a "via discretionis", que abrangia compreensão, misericórdia e firmeza. Os jovens, dizia Anselmo, são como pequenas plantas que florescem, não fechadas em uma estufa, mas graças a uma "liberdade saudável".

Em defesa da liberdade da Igreja

No entanto, tornando-se arcebispo de Cantuária, Lanfranco de Pavia pediu ajuda ao seu discípulo para reformar a comunidade eclesial local, devastada pela passagem dos invasores Normandos.
Assim, Anselmo transferiu-se para a Inglaterra, onde se dedicou, com paixão, à nova missão, tanto que - com a morte de Lanfranco – foi seu sucessor na sede de Cantuária, recebendo a ordenação episcopal em 1093.
Precisamente naquele período, o futuro Santo trabalha, sem cessar, pela “libertas Ecclesiae”: apoiou, com inesgotável energia e intrépida coragem, a independência do poder espiritual do poder temporal, defendendo a Igreja das ingerências das autoridades políticas. Todavia, esta sua atitude custou-lhe dois exílios da sede de Cantuária, para a qual retorna, definitivamente, apenas em 1106, para dedicar os últimos anos da sua vida à formação moral dos sacerdotes e à pesquisa teológica.
Anselmo faleceu em 21 de abril de 1109 e seus restos mortais foram sepultados na famosa Catedral de Cantuária.

"Doutor Magnífico"

Como fundador da teologia escolástica, a tradição cristã atribuiu-lhe o título de "Doutor Magnífico" porque foi magnífico seu desejo de aprofundar os mistérios divinos, através de três etapas: a fé, como dom gratuito de Deus; a experiência ou encarnação da Palavra na vida diária; e o conhecimento ou intuição contemplativa. De fato, Anselmo afirma: "Senhor, eu não tento penetrar na vossa profundeza, porque nem posso comparar meu intelecto com ela. Porém, queria entender, pelo menos até certo ponto, a vossa verdade, que meu coração acredita e ama. Eu não procuro entender para acreditar, mas acredito para entender".

Amor pela verdade e honestidade episcopal

As principais obras de Anselmo - o Monologion (Monólogo) e o Proslogion (Colóquio), que demonstram a existência de Deus, respectivamente, a “posteriori” e a “priori” – pretendem reafirmar que Deus é "o Ser do qual não se pode imaginar um maior".
Por outro lado, a grande coleção de epístolas de Anselmo revela a sua atuação e o seu pensamento político, sempre inspirados no seu "amor pela verdade", pela retidão e a honestidade episcopal, longe dos condicionamentos temporais e dos oportunismos.
De fato, o Arcebispo de Cantuária escreve: "Prefiro discordar com homens que, de acordo com eles, discordam com Deus", colocando em evidência os traços do governante justo, que visa o bem comum e não seu interesse pessoal.
Em 1163, o Papa Alexandre III concedeu ao falecido Anselmo "a elevação do corpo", um ato que, naquela época, correspondia à Canonização. Enfim, em 1720, o Papa Clemente XI o proclamou "Doutor da Igreja".

Vatican News

terça-feira, 20 de abril de 2021

SINODALIDADE E MISSÃO

Pontifícias Obras Missionárias
Dom Pedro Luiz Stringhini
Bispo de Mogi das Cruzes (SP)

A 58ª Assembleia Nacional dos Bispos do Brasil aconteceu de 12 a 16 de abril de 2021, com a participação de quase 400 bispos, por videoconferência, o que demonstra importante aprendizado no manejo das redes sociais. Há que se reconhecer o empenho e a eficiência da presidência e assessoria. Desta forma, a Igreja no Brasil se esforça, por todos os meios, para responder aos desafios de sua missão evangelizadora.

O episcopado brasileiro conta com 475 bispos (166 eméritos e 309 ativos). Com tristeza, registrou-se o número de 36 bispos falecidos desde a assembleia de 2019; diversos deles vítimas da Covid-19. Pela primeira vez, esteve na assembleia o novo Núncio Apostólico, Dom Giambattista Diquattro.

A assembleia é sempre um forte momento de amizade e fraternidade, comunhão e unidade, oração e espiritualidade, aspectos esses que, nessa assembleia, encontraram eco na palavra sinodalidade. Separados pelas grandes distâncias, no imenso território nacional, os bispos esperam com ansiedade por esse encontro anual e o apreciam.

A pauta de assuntos a tratar é extensa, afinal, a Conferência se organiza em doze comissões episcopais de pastoral e cada uma delas apresenta seu relatório.

O tema central trouxe a reflexão sobre a Palavra de Deus na vida da Igreja, com o tema “Casa da Palavra: animação bíblica da vida e da pastoral nas comunidades eclesiais missionárias”, inspirado no prólogo joanino: “E a palavra habitou entre nós” (Jo 1,14).

No início, foram apresentadas as análises de conjuntura social e eclesial. Fez-se a avaliação da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021, considerando a repercussão e os ataques que recebeu. Houve também a apresentação da próxima campanha, com o tema: Fraternidade e Educação e o lema “Fala com sabedoria, ensina com autoridade (cf. Pr 31,26).

O CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano) realizará, neste ano, a Assembleia eclesial latino-americana, por inspiração e sugestão do Papa Francisco. O próprio presidente do CELAM, Cardeal Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte, Arcebispo de Trujillo-Peru, conduziu a apresentação, com a colaboração do Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer (primeiro vice-presidente) e outros assessores.

O Congresso Eucarístico Nacional, com o tema “Pão em todas as mesas” e o lema “Repartiam o pão com alegria e não havia necessitados entre eles” (At 2, 45.47), acontecerá em Recife, de 11 a 15 de novembro de 2022. Para 2023, foi aprovado o ano vocacional.

Em 7 de abril de 2020, a CNBB criou o Pacto pela Vida e pelo Brasil, firmado pelas seguintes entidades: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns (Comissão Arns), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Academia Brasileira de Ciências (ABC). O Pacto conclama os cidadãos brasileiros, mulheres e homens de boa-vontade, visto que “o Brasil vive uma grave crise sanitária, econômica, social e política, exigindo de todos, especialmente de governantes e representantes do povo, o exercício de uma cidadania guiada pelos princípios da solidariedade e da dignidade humana”.

A sexta Semana Social Brasileira, sob a condução da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sócio-transformadora, com o tema Mutirão pela Vida: por Terra, Teto e Trabalho, ecoa as palavras do Papa Francisco: “nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”.

Através da Mensagem ao Povo brasileiro, os bispos sintetizam, com afeto, solidariedade e empatia, os sinceros sentimentos que brotam do coração dos pastores: “expressamos a nossa oração e a nossa solidariedade aos enfermos, às famílias que perderam seus entes queridos e a todos os que mais sofrem as consequências da Covid-19. Na certeza da Ressurreição, trazemos em nossas preces, particularmente, os falecidos. Ao mesmo tempo, manifestamos a nossa profunda gratidão aos profissionais de saúde e a todas as pessoas que têm doado a sua vida em favor dos doentes”.

Sob a intercessão de São José, patrono da Igreja, neste ano a ele dedicado, e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, a Igreja de Cristo possa ser, na sociedade brasileira, por meio de seus bispos, padres, diáconos, consagradas/os, leigas/os, sinal do Reino de Deus.

CNBB

Você conhece os santos casados?

S. Luís Martin e Sta. Zélia Guérin | Canção Nova

Conheça alguns dos santos casados

A própria história atesta que houve Santos e Santas, de grande vulto, também entre as pessoas casadas. Um exame atento do catálogo dos Santos dissipa a impressão contrária. Eis alguns nomes dentre os vários que poderiam ser citados:

>Maridos Santos: Gregório de Nissa (+394); Paulino de Nola (+431); Estêvão, rei da Hungria (+1038); Omobono de Cremona (+1197); Luís IX, rei da França (+1272); Nicolau de Flüe, patrono da Suíça (+1487); Tomás Moro, ministro do rei Henrique VIII da Inglaterra (+1535); isto sem contar os Apóstolos, dos quais alguns devem ter sido casados, como foi São Pedro, cuja sogra é mencionada no Evangelho (cf. Mc 1,29s).

>Viúvos Santos: Raimundo Zanfogni (+1200); Henrique de Bolzano (+1315); o Bem-aventurado Bartolo Longo (+1926).

> Esposas Santas: Perpétua de Cartago (+202); Margarida da Escócia (+1093); Gentil Giusti (+1530); Anna Maria Taigi (+1837).

> Viúvas Santas: Mônica, mãe de S. Agostinho (+387); Elisabete, rainha da Hungria (+1231); Edviges da Silésia (+1234); Ângela de Foligno (+1309); Elisabete, rainha de Portugal (+1336); Brígida da Suécia (+1373); Francisca Romana (+1440); Rita de Cascia (+1456); Catarina Fieschi Adorno (+1510); Joana Francisca Frémyot de Chantal (+1641); Luísa de Marillac (+1660); Elisabete Bayley Seton (+1821).

> Casais Santos: Henrique Imperador da Alemanha (+1024) e Cunegundes; Isidoro (+1130) e Maria Toribia; Lucchese (século XIII) e Buonadonna; os genitores de Teresa de Lisieux.

Vocação primeira: a santidade

O Concílio do Vaticano II, ainda uma vez, há poucos decênios (1965), lembrava da vocação de todos os cristãos à santidade, removendo a impressão de que somente em alguns estados de vida se pode chegar à perfeição cristã:

“É evidente que todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” (Lumen Gentium nº 40).

 ‘Todos os fiéis cristãos, nas condições, tarefas ou circunstâncias de sua vida e, por meio disso tudo, dia a dia mais se santificarão, se com fé tudo aceitarem da mão do Pai celeste e cooperarem com a vontade divina, manifestando a todos, no próprio serviço temporal, a caridade com que Deus amou o mundo’ (ib. nº 41).

‘Todos os fiéis cristãos são convidados e obrigados a procurarem a santidade e a perfeição do próprio estado’ (ib. nº 42).

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Como pensar como Dante Alighieri

Manuel Cohen | AFP
Por Michael Rennier

Se todos nós pensarmos mais como Dante, estaremos muito mais bem preparados para os desafios modernos.

Eu regularmente cito Dante Alighieri nas minhas homilias. Tenho certeza que meus paroquianos já estão cansados ​​disso, mas eles são um grupo paciente, disposto a aturar um padre excêntrico como eu.

Eu sei que quando um nome como Dante Alighieri surge, muitos param de ouvir porque foram convencidos, em algum momento de suas vidas, de que não conseguem entender sua poesia. Apenas professores fumantes de cachimbo que usam paletós com remendos de couro nos cotovelos podem falar sobre “A Divina Comédia”. Quando eu falo sobre Dante, no entanto, é para apresentar a eles a beleza de sua poesia, que é para todos.

Quando Dante escreveu sua “A Divina Comédia”, ele o fez com a intenção de que cada pessoa pudesse entendê-la. É por isso que ele escreveu em italiano, ao invés da língua mais acadêmica, o latim. Até hoje, seu trabalho tem um apelo abrangente porque não se preocupa com questões intelectuais obscuras, mas sim com as experiências que você e eu temos em nosso dia a dia.

Dante Alighieri e os desafios modernos

Recentemente, a Igreja Católica celebrou o aniversário de 700 anos da morte de Dante Alighieri com o lançamento de uma Carta Apostólica. Nela, o Papa Francisco escreve que a vida e a obra de Dante são atemporais. Eu concordo. Se todos nós pensarmos mais como Dante, estaremos muito mais bem preparados para enfrentar os desafios modernos.

Por causa da guerra em sua cidade natal, Florença, Dante passou grande parte de sua vida no exílio, sem poder voltar para casa. Ele descreve como isso foi difícil para ele:

“Tu provarás como tem gosto de sal
o pão alheio, e descer e subir
a alheia escada é caminho crucial.”

Qual de nós não sentiu essa sensação de exílio? Qual de nós não sentiu saudades de casa ou não estava no lugar certo em nossas vidas?

Sentimento de exílio

Há uma razão pela qual tantas pessoas estão insatisfeitas e procuram incessantemente algum tipo de significado para sua existência. Não existem apenas lugares que amamos que devem ser deixados para trás, como uma casa de infância vendida , uma mudança difícil para uma nova cidade, uma cidade universitária que nunca mais se sente igual , mas também há pessoas que continuam na jornada apesar de tudo. É o caso de ter um pai que morreu, uma amizade que vacilou, filhos que cresceram antes de estarmos prontos para isso.

Há uma razão pela qual essas experiências nos deixam profundamente afetados, a ponto de ficarmos inquietos e inseguros de como exatamente nos encaixamos neste mundo. Este mundo não é nosso verdadeiro lar, então somos constantemente atormentados por um sentimento de saudade.

Como lidar?

Como podemos lidar com esses sentimentos? O Papa Francisco ressalta que Dante admite sua melancolia e não finge que a vida é perfeita. Por exemplo, no oitavo canto do Purgatório, ele escreve:

Era já a hora em que a saudade se volta/ aos navegantes e enternece seu coração/ no dia em que deram adeus aos amigos queridos;e em que o novato viajante punge/ de amor, se ouve sino ao longe,/ que parece prantear o dia agonizante

Dante, ponderando seu exílio, os amigos que perdeu e a fragilidade da vida, não ignora a dor. Ele faz algo muito melhor. Reconhece seu sofrimento e o transforma. Entende que a vida é uma jornada e, por definição, uma jornada envolve deixar pedaços de nós mesmos no caminho.

Crescimentos pessoal e espiritual

Essa luta pelo crescimento pessoal e espiritual é como pegar um peso pesado e escalar uma montanha, mas é a chave para a felicidade. Em vez de chafurdar na autopiedade ou aceitar a mediocridade, Dante nos ensina a pensar na vida como uma peregrinação heroica, na qual transformamos nosso sofrimento, nosso passado e nossos desejos para lutar pelo objetivo final, atingir o amor a si mesmo, que é Deus.

Esta é a visão de um lar perfeito que nos mantém avançando e dá sentido às nossas vidas.

Em minha vida, lidei com depressão, tristeza e sentimentos de rejeição. Eu tive uma crise completa de meia-idade. Estive tão frustrado que estava com vontade de largar meu emprego. Eu senti a dor de desejos que são impossíveis de cumprir. E Dante me ajudou em tudo isso. Ele me ajudou a colocar esses contratempos e desejos não realizados aos pés de Deus. No final, é apenas Deus quem os leva e traz a cura.

Dante e a fé em Deus

Para Dante Alighieri, aprender a confiar em Deus foi um caminho longo e difícil. É o mesmo para todos nós. Isso não significa que devemos desistir, porque se há uma coisa que Dante me ensinou é que sempre há algo mais.

Portanto, procure o próximo nível. Dê o próximo passo. Por fim, todos nós chegamos à fonte do desejo, o próprio Deus, e então conheceremos o amor verdadeiro e encontraremos um lar eterno.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF