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segunda-feira, 10 de maio de 2021

Formar um sacerdote, fibra de força e de misericórdia

Cardeal Stella e a Praça São Pedro | Vatican News

Os dicastérios da Santa Sé contados de dentro: história, objetivos e "balanço de missão", como funcionam as estruturas que apoiam o ministério do Papa. A Congregação para o Clero na entrevista com o Prefeito, Cardeal Beniamino Stella.

Alessandro De Carolis – Vatican News    

A "oficina" é o seminário, onde não apenas se constrói um intelecto, mas especialmente o coração, a própria fibra, humana mais do que cristã, do homem chamado a se tornar pastor de almas. O percurso para a formação sacerdotal é tarefa da Congregação para o Clero que dá especial atenção ao contexto de uma atividade que abraça e administra todos os aspectos da vida de um ministro de Deus em suas diversas articulações, com um balanço de missão anual de cerca de 2 milhões de euros (valores de 2021). O cardeal Beniamino Stella, prefeito do dicastério, explica o trabalho de seus colaboradores ao longo do caminho indicado pelo Papa Francisco, o de uma Igreja servida e animada por inteligências e braços que reavivam, em todo o mundo, a figura do Bom Samaritano.

Balanço de missão dos Dicastérios

A carta escrita em 4 de agosto de 2019, por ocasião do 160º aniversário da morte do Cura d'Ars, representa uma pequena "suma" pastoral e espiritual do magistério do Papa Francisco sobre o sacerdócio; qual é a "identidade típica" do sacerdote contida nela?

R. - O Papa Francisco está sempre muito atento aos sacerdotes e ao seu ministério. Já falou a eles em várias ocasiões, destacando certos aspectos da vida sacerdotal. A Carta para o 160º aniversário da morte de São João Maria Vianney representa um presente especial do Santo Padre, que se dirige aos sacerdotes a partir, antes de tudo, de sua própria experiência de vida. Lendo o texto do Papa, parece que ele "vê" seus "irmãos sacerdotes", que "sem fazer barulho" deixam tudo para se comprometerem ao serviço da comunidade e trabalhar "nas trincheiras", expostos às mais variadas situações, colocando "seu rosto", mas sem se dar "demasiada importância, para que o povo de Deus possa ser cuidado e acompanhado".

Assim, o Papa Francisco oferece uma típica identidade “existencial” do sacerdote. Ele não fala de um sacerdote ideal, que não existe, mas na realidade ele se dirige à multidão de sacerdotes que "em muitas ocasiões, de forma silenciosa e sacrificada", empenhando-se no "serviço a Deus e a seu povo", no anúncio do Evangelho, na celebração dos Sacramentos e no testemunho da caridade, escrevem "as mais belas páginas da vida sacerdotal". Apesar dos pecados e até mesmo às vezes dos crimes de alguns membros do clero, sobre os quais o Santo Padre não se cala, ele assinala que existem "muitos sacerdotes que, de maneira constante e íntegra (...), fazem de suas vidas uma obra de misericórdia".

É precisamente a misericórdia, diz o Santo Padre, depois do dom da própria vida, que é outra "qualidade primorosa" do padre, que o configura a Cristo Bom Pastor. Trata-se de uma atitude alegre, que tira sua força da oração e dos sacramentos, que toma forma na comunhão com o Bispo e seus coirmãos, que se realiza no entusiasmo pela evangelização e que, na perseverança e "paciência", torna-se proximidade "à carne do irmão sofredor".

Uma outra característica indicada pelo Santo Padre é a "coragem sacerdotal", que a Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis coloca dentro da necessária maturidade humana exigida dos candidatos às ordens sagradas. O Papa Francisco explica que o ministério sacerdotal não está imune "ao sofrimento, à dor e até mesmo à incompreensão", que são meios de configuração a Cristo, quando são assumidos e integrados no caminho da fé e da oração, através dos quais o sacerdote, fugindo da acídia - que o Papa chama de "tristeza adocicada" - permanece "diante do Senhor", que cura seu coração ferido e lava seus pés que ficaram sujos pela "mundanização".

Por fim, o conjunto de identidade oferecido pela Carta, descreve, sem citá-lo, a experiência de santidade do Cura d'Ars, explicita "dois laços constitutivos" da identidade sacerdotal: a ligação pessoal, íntima e profunda com Jesus, e a ligação com o Povo de Deus. A atitude que o Santo Padre propõe, seguindo o exemplo da Mãe de Deus, é o louvor. Poderíamos dizer, resumindo os traços de vida sacerdotal apresentados na Carta, que o Papa Francisco pede aos sacerdotes de hoje que sejam sacerdotes do Magnificat.

Cardeal Beniamino Stella ao lado da foto de São João Maria Vianney

Para o Pontífice, "a renovação da fé e o futuro das vocações só é possível se tivermos padres bem formados". Que espaço ocupam os temas da pastoral vocacional e da formação permanente do clero no trabalho da Congregação?

R. - A Congregação para o Clero dedicou tempo e energia para a elaboração da Nova Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, publicada em 8 de dezembro de 2016, que, portanto, no final de 2021, completará 5 anos em vigor. É precisamente o próprio "dom da vocação ao presbitério, colocado por Deus no coração de alguns homens, que compromete a Igreja a oferecer-lhes um sério caminho de formação".  O Papa Francisco, reunido com a Congregação por ocasião da Assembleia Plenária de 2014, definia a formação como "guardar e fazer crescer as vocações para que deem frutos maduros". De fato, os sacerdotes são um diamante bruto, a ser trabalhado com cuidado, com respeito pela consciência das pessoas, e com plenitude, para que possam brilhar no meio do povo de Deus". Na perspectiva da Ratioa formação sacerdotal é única, começa no seminário (Formação Inicial), e continua durante toda a vida do sacerdote (Formação Permanente).

A Congregação acompanha, portanto, as Conferências Episcopais, e às vezes as dioceses individuais, na promoção da formação inicial e permanente do clero. Uma oportunidade favorável para o diálogo a este respeito com os Bispos dos diversos países do mundo é proporcionada pelas Visitas ad limina, ocasião em que, além de tratar de vários outros temas relativos às competências do Dicastério, é dado amplo espaço ao tema dos seminários e caminhos de formação permanente do clero. A Congregação insiste na implementação de projetos de formação e acompanha os caminhos iniciados, oferecendo indicações tanto de método como de conteúdo.

Por fim, a Congregação presta particular atenção às vocações sacerdotais, exortando ao estabelecimento e promoção em dioceses individuais, ou em nível regional ou nacional, de Centros apropriados, encorajando iniciativas de oração e também apoiando os Bispos como os principais responsáveis pelas vocações ao sacerdócio. É uma convicção comum, de fato, que a presença em comunidades do clero treinadas humana, espiritual, intelectual e pastoralmente, de acordo com as bem conhecidas quatro dimensões apresentadas pela Pastores dabo vobis, contribuirá significativamente para criar um clima espiritual adequado para o crescimento de novas vocações.

Como está estruturada a atividade do Dicastério e quais são os custos de gestão que permitem apoiar os objetivos da "missão" que lhe foi confiada?

R. - Como a palavra Congregação sugere, o Dicastério é composto de uma pluralidade de pessoas que colaboram para o serviço ao clero. Fazem parte da Congregação como membros, alguns Cardeais, Arcebispos e Bispos, designados pelo Santo Padre tanto de dentro da Cúria Romana como de diferentes partes do mundo garantindo assim seu alcance universal. A Congregação é presidida por um Cardeal Prefeito, assistido por dois Arcebispos Secretários, um dos quais responsável pelos Seminários, e por um Subsecretário. Dentro do Dicastério há 27 sacerdotes e 4 leigos. Além disso, quando necessário, vários consultores (teólogos, canonistas, psicólogos, juristas) colaboram com o Dicastério, tanto clérigos como leigos.

A atividade da Congregação para o Clero está dividida em quatro Seções. A Seção Clero, além dos numerosos casos "disciplinares" e de apoio às Igrejas particulares, examina as reclamações e responde aos pedidos dos Bispos e do clero. Uma área significativa é a dos "Recursos hierárquicos", por exemplo contra a supressão das paróquias, como expressão da liberdade dos fiéis de "dialogar" com a autoridade quando se sentem sobrecarregados por algum ato de governo e não é possível, apesar das tentativas, chegar a uma solução pacífica de outra forma. Através das "Faculdades Especiais" concedidas ao Dicastério, a Congregação pode demitir, por razões muito graves, os presbíteros e diáconos do estado clerical. Do trabalho e da experiência da Seção Clero surgiu a recente Instrução A Conversão Pastoral da Comunidade Paroquial a Serviço da Missão Evangelizadora da Igreja (20 de julho de 2020).

Seção Seminários se ocupa da promoção das vocações e apoia os Bispos diocesanos e as Conferências Episcopais no campo da formação sacerdotal, tanto inicial quanto permanente, especialmente nos seminários. Promove o conhecimento e a aplicação da Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis e acompanha os episcopados locais na elaboração da Ratio Nationalis, que deve depois ser aprovada pela Congregação para o Clero. Também é responsável pelos Colégios e Internatos em Roma. A Seção Administrativa, é competente em matéria de ordenamento e administração dos bens eclesiásticos que se encontram "sob a Suprema Autoridade do Romano Pontífice" e é um dos instrumentos que o Santo Padre utiliza para supervisionar a correta administração do patrimônio da Igreja. O Dicastério também exerce esta função quando se trata de conceder a Licença necessária ad valitatem para alguns atos de alienação de bens. A Seção Dispensas trata com os clérigos que abandonaram o exercício do ministério e pretendem se reconciliar com Deus, com a comunidade eclesial e também com sua própria "história". A concessão da dispensa - reservada ao Santo Padre - não é um direito, mas uma graça, concedida caso a caso, como sinal de misericórdia, quando a situação de abandono do ministério e de perda de identidade por parte do clérigo é considerada irreversível.

No que diz respeito aos custos de gestão, estes são atribuíveis aos salários dos funcionários e às despesas operacionais, e são cobertos pelas entradas das Atividades Institucionais (concessão de Rescrições em referência ao ordenamento de bens eclesiásticos, das dispensas das obrigações sacerdotais e diaconais, e da aplicação das Faculdades Especiais). Por fim, os Cursos de formação oferecidos pelo Dicastério são parcialmente financiados por uma contribuição simbólica dos estudantes, e o restante através da generosidade de outras entidades, entre as quais, em sua maioria, a Pia Fundação Pontifícia "Ajuda à Igreja que Sofre". 

A questão do celibato sacerdotal volta ciclicamente ao centro dos debates da Igreja. O Papa Francisco tem reiterado repetidamente seu valor como uma "doação" e – concordando com a clara posição de São Paulo VI - sempre excluiu uma mudança na atual disciplina eclesiástica. Como a Congregação relança o Magistério do Papa e promove a reflexão entre os sacerdotes sobre o valor da escolha do celibato?

R. - O tema da vida no celibato do sacerdote reaparece várias vezes à atenção, até porque é um "sinal de contradição" com respeito à mentalidade mundana, como é o casamento fiel, indissolúvel e aberto à vida. Além disso, as inconsistências e às vezes até mesmo os crimes dos sacerdotes poderiam levar a pensar que o problema reside precisamente no fato de que o padre viva no celibato. No entanto, os Pontífices do século passado reafirmaram e motivaram, mesmo em tempos difíceis, o valor do celibato como doação total a Deus e, consequentemente, como um espaço de liberdade para o ministério.

A Congregação para o Clero contribui para a reafirmação deste valor antes de tudo com um constante trabalho de estudo, por assim dizer, interno: os oficiais - teólogos, canonistas, psicólogos, formadores - se aplicam a um exame contínuo do tema, com a contribuição dos Membros e dos Consultores, para que a escolha celibatária possa ser compreendida em sua autenticidade, mas também em sua atualidade. O fruto deste trabalho é apresentado nos Cursos promovidos pelo Dicastério e compartilhado com as Conferências Episcopais, com os Formadores dos Seminários e com as Universidades. Um aspecto fundamental é a formação para o celibato sacerdotal. A formação ao celibato sacerdotal, de fato, não pode ser limitada ao tempo do seminário (formação inicial), mas deve continuar durante toda a vida do sacerdote (formação permanente), para que os sacerdotes possam constantemente assumir e renovar sua consciência de estar "enraizados em Cristo Esposo e totalmente consagrados ao serviço do Povo de Deus", entendendo o "celibato como um dom especial de Deus", segundo o ensinamento da Ratio, n. 110.

Não se trata, porém, de observar externamente uma pura disciplina, mas de acolher e assimilar sempre e de novo, como exortava São João Paulo II na Pastores dabo vobis, n. 29, "a motivação teológica da lei eclesiástica do celibato". Trata-se, por assim dizer, de viver um mistério, que talvez "não seja dado a todos para entender" (Mt 19 11-12), mas que justamente por isso exige uma profunda maturidade humana e espiritual, que a Congregação se compromete em promover através dos diversos canais de formação e apoio às Igrejas locais. Há uma bela imagem usada pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazonia, no n. 101: "Jesus Cristo apresenta-Se como Esposo da comunidade que celebra a Eucaristia, através da figura de um varão que a ela preside como sinal do único Sacerdote”. Por esta razão o presbítero celibatário não só representa, mas vive, poderíamos dizer, a representação viva deste "diálogo entre o Esposo e a esposa".

O tema do abuso de menores por parte de sacerdotes continua sendo uma ferida aberta no coração da Igreja. Qual é a contribuição específica que seu Dicastério pode oferecer para o trabalho de prevenção e erradicação deste doloroso fenômeno?

R. - A prevenção desses crimes por parte dos clérigos encontra-se em uma cuidadosa formação sacerdotal. Deve ser especificado, entretanto, que por formação não se entende simplesmente a comunicação de conceitos, com vistas à informação ou atualização, mas sim - tanto no seminário como após a ordenação – de uma formação integral, ou seja, relativa a todos os aspectos da pessoa, incluindo também a dimensão humana nos aspectos de afetividade, sexualidade e vontade. O seminarista primeiro, e depois o sacerdote, são chamados a crescer harmoniosamente como homens dotados de um saudável equilíbrio psicológico, maturidade afetiva e capacidade relacional.

A Congregação para o Clero propõe este tipo de educação da personalidade nos Seminários e nos cursos de formação permanente do Clero. Com efeito, a Ratio, pede neste campo "a máxima atenção", exclui das ordens sagradas os que "estiveram de alguma forma envolvidos em crimes ou situações problemáticas nesta área", e fornece "no programa de formação inicial e permanente" lições, seminários ou cursos específicos sobre a proteção de menores", interessando-se também "por áreas de possível exploração ou violência" como "por exemplo, o tráfico de menores" ou "trabalho infantil" (Ratio, 202). A figura do sacerdote proposta pela Ratio Fundamentalis, neste sentido, é a de um Pai e de um Pastor que cuida dos fiéis, um defensor dos mais pobres e fracos.

Em 2013, a Congregação foi encarregada da responsabilidade dos Seminários. Em quais setores e de que forma este trabalho é realizado?

R. - O Papa Bento XVI, com o motu proprio Ministrorum Institutio, de 16 de janeiro de 2013, quis que a Congregação para o Clero fosse responsável por tudo o que diz respeito à formação, vida e ministério dos sacerdotes e diáconos, a partir da perspectiva da unidade da matéria. Desde 1992, de fato, a exortação apostólica Pastores dabo vobis tinha permitido superar a concepção de formação identificada quase exclusivamente com o aspecto intelectual, e destinada a passar nos exames e obter títulos. A novidade do documento, por outro lado, consistia em apresentar em primeiro lugar uma formação integral, ou seja, incluindo, em harmonia, quatro dimensões: intelectual, espiritual, pastoral e humana. Em segundo lugar, depois, uma formação única e contínua, dividida em duas fases. A primeira no Seminário, como formação inicial que depois continua durante toda a vida do sacerdote na segunda fase, ou seja, a formação permanente.

Com essa perspectiva, foi realizada a transferência de competência em 2013, seguida, em 2016, pela nova Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis. Como resultado, as quatro Seções da Congregação, distinguidas pelas exigências de trabalho, atuam em conjunto em favor do clero. De maneira particular, os pedidos que emergem da vida concreta dos sacerdotes contribuem para estruturar caminhos de formação mais condizentes com a realidade e respondem às experiências do tempo presente. Na prática, o Dicastério acompanha as Conferências Episcopais na elaboração de uma Ratio Nationalis, ou seja, diretrizes para a formação sacerdotal que, com base nas indicações para a Igreja Universal contidas na Ratio Fundamentalis, refletem mais adequadamente a história, a cultura e os desafios de cada país individualmente. Além disso, a Congregação é competente para seminários interdiocesanos, no que se refere à sua criação, supressão e unificação, assim como para a aprovação de seus estatutos e a nomeação de seu reitor, sob proposta do episcopado local.

Um âmbito de particular importância a este respeito é o das Visitas Apostólicas ordinárias aos Seminários, que são necessárias para manter constante um diálogo e intercâmbio entre as Igrejas particulares e a Igreja universal. A fim de garantir este espírito, a Seção Seminários promove o diálogo com as Comissões Episcopais apropriadas, bem como com as Associações Nacionais de Seminários. Além deste estreito contato com as Igrejas locais, o Dicastério promove regularmente cursos de formação para formadores nos Seminários, geralmente por áreas linguísticas, organiza um Curso de Práxis Administrativa Canônica para os sacerdotes que são estudantes em Roma e que serão chamados para serem agentes legais em suas dioceses de origem, assim como um Curso de Práxis Formativa para os que se dedicarão a atividades educacionais, especialmente nos Seminários. A ideia básica é 'pensar' e criar seminários que preparem Sacerdotes segundo o Coração de Cristo, adequados às necessidades do mundo contemporâneo.

Cardeal Stella ao lado de uma foto antiga de seminaristas jogando futebol

O âmbito de atividade da Congregação também inclui o diaconato permanente. Qual é a realidade deste ministério na Igreja de hoje? E que espaço específico deve ser dado aos diáconos para evitar o risco de que seu papel permaneça suspenso em algum lugar entre o do padre e o do leigo?

R. - O Papa Francisco o disse abertamente: "Devemos ter cuidado para não ver os diáconos como meio-sacerdotes e meio-leigos". E ele identificou sua principal característica: eles são "os guardiães do serviço na Igreja". A ordenação diaconal é para alguns, os chamados diáconos transitórios, uma etapa no caminho para o sacerdócio ministerial, na qual a atitude de Cristo Servo é assumida para toda a vida, imitando o Senhor Jesus também no celibato. Depois, o Concílio Vaticano II, na esteira da Tradição da Igreja, restabeleceu a possibilidade do diaconato permanente, ou seja, dos homens, mesmo casados, ordenados não para o sacerdócio, mas precisamente para o serviço na Igreja. De fato, eles exercem seu ministério em celebrações e pregações, em obras de caridade, no cuidado com os pobres e na colaboração competente na administração dos bens da Igreja.

A Congregação para o Clero, em sua recente Instrução sobre a Renovação da Comunidade Paroquial (nn. 79-82), apresentando uma visão ministerial da Igreja, e na esteira do ensinamento conciliar e dos Pontífices, destacou a tarefa dos diáconos permanentes como profetas de serviço. Seu ministério, além disso, deve ir além dos limites da comunidade eclesial; de fato, eles são enviados às "periferias" e são marcados por um carisma missionário, especialmente para o "primeiro anúncio" do Evangelho nos lugares de fronteira e nos ambientes da vida ordinária das pessoas. Refiro-me aos diáconos permanentes envolvidos em hospitais, prisões, no acolhimento de migrantes, no mundo da educação e nos centros de escuta das Cáritas: hoje eles continuam, em nome de toda a Igreja, a obra do Bom Samaritano.

O aplicativo Clerus-App

Para realizar esta vocação específica, existe a necessidade de uma formação que não diz respeito apenas à dimensão intelectual, mas também à maturidade humana e espiritual, em vista da evangelização. Por esta razão, o Dicastério acompanha as Conferências Episcopais na elaboração de uma Ratio para a formação dos diáconos permanentes, a fim de realizar plenamente o potencial inerente à sua vocação. Além disso, a Congregação está em diálogo com os episcopados locais para que em todo o mundo possa ser instituída a ordem dos diáconos permanentes, que em algumas Igrejas locais ainda não foi providenciada. De fato, é responsabilidade das Conferências Episcopais providenciar a promoção do diaconato permanente em cada país.

Além disso, um aspecto único do diaconato permanente é o fato de que os homens casados também podem ser admitidos neste ministério. Esta opção os distingue claramente dos padres, que são sempre celibatários na Igreja latina. Também, o diácono permanente que tem uma família e exerce uma profissão é uma testemunha privilegiada do chamado universal à santidade na vida ordinária. No entanto, existem, embora em menor número, diáconos permanentes celibatários que testemunham o valor da virgindade para o Reino dos Céus, assumindo o compromisso do celibato no momento da ordenação, a fim de se dedicarem com maior liberdade às exigências do ministério.

A Congregação para o Clero está empenhada em promover o diaconato permanente em toda sua riqueza e atualidade: estes homens, de fato, não são "acólitos com a estola", mas são cristãos que se comprometem em manifestar - em comunhão com o Bispo e o presbitério diocesano - o rosto de Jesus, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida, seguindo o exemplo de São Francisco de Assis, que foi diácono permanente e que, motivando o serviço com a fraternidade, nos ensina a dirigir-nos aos outros chamando-os de "Fratelli tutti".

Vatican News

A empatia e o luto que revelam nossa humanidade

Shutterstock
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Diante da morte, temos um grande inimigo e um grande amigo.

Entre mais de 400 mil mortes por Covid-19, nenhuma provocou uma comoção nacional como a do ator Paulo Gustavo. Representa a face mais trágica da segunda onda da pandemia no Brasil: a morte de pessoas relativamente jovens, no auge da capacidade realizadora, que deixam filhos pequenos. Gente que ainda teria muito para viver, para dar e receber do mundo. Além disso, pelo temperamento e pelo ofício, representava a alegria da vida, o lado simpático do humor, o amigo que todos querem ver próximo.

Não assisto muito a televisão ou cinema, nem acompanho a vida das celebridades. Soube quem era Paulo Gustavo pelas notícias divulgadas durante sua doença. Pouco posso dizer sobre ele além disso, que está sendo amplamente divulgado na mídia. Acrescento apenas um detalhe, que me chamou a atenção. Na comunidade cristã, enquanto alguns insistiram em criticá-lo por sua união homoafetiva, outros fizeram questão de exaltá-lo por seu apoio a obras sociais católicas. A realidade é sempre mais complexa do que nossos esquemas – e esse, sem dúvida, é o desejo de Deus.

A empatia precede os valores

O luto que se espalhou pelo Brasil, com a morte de Paulo Gustavo, fala muito de nossa necessidade de dar nome, ver o rosto, identificar os amados daquele que morreu. Repetimos incessantemente que não somos números, mas precisamos dessa personalização das vítimas para recuperar o sentido da tragédia pessoal. Com o avanço da pandemia em 2021, é cada vez mais difícil encontrar alguém que não tenha um amigo ou um parente com perfil semelhante ao dele. Contudo, cada um de nós vive a sua dor num momento diferente, com um grupo específico. A força do drama da pessoa emblemática está justamente em sincronizar o sentimento coletivo, criando essa empatia que conecta as pessoas.

Essa percepção da dor do outro é uma das grandes forças construtoras da vida em sociedade e da descoberta que, ao longo da vida, fazemos de nossa própria humanidade. Psicopatas e sociopatas se caracterizam, entre outros aspectos, por sua incapacidade de ter empatia, de perceber o que acontece com as demais pessoas. Estão fechados em seu mundo e, nessa condição, não conseguem desenvolver nem mesmo sua própria humanidade.

A historiadora Lynn Hunt, no clássico A invenção dos direitos humanos: uma história (São Paulo: Companhia das Letras, 2009) considera que o desenvolvimento da empatia, enquanto sentimento social, nos séculos XVII e XVIII, e da percepção da própria dignidade estão na base da construção de sociedades democráticas, que procuram reconhecer e respeitar os direitos humanos. A empatia precede o reconhecimento dos valores morais e políticos, não no sentido de ser mais importante, mas no sentido de que ela é um dos fatores que concorrem para uma justa compreensão desses valores. Sem empatia, os valores se tornam formais e moralistas, podendo ser facilmente manipuláveis por quem tem o poder. Sem valores sólidos, a empatia se torna sentimentalista e instintiva, também se prestando facilmente à manipulação.

Nesse sentido, o luto compartilhado, experimentado com a morte de Paulo Gustavo, independentemente da opinião que cada um possa ter dele ou da política nacional, é um bem para a sociedade brasileira no enfrentamento à pandemia.

O luto e o mistério da vida

A morte sempre traz dor aos vivos. A falta e a saudade, o não dito e o não feito, podem – quando muito – ser mitigados pelo tempo, mas nunca evitados. Quem quisesse eliminar a dor da morte precisaria amputar a própria humanidade, se deixar transformar em criatura embrutecida ou máquina insensível.

Contudo, a dor da morte desvela a nós o mistério do mundo. Por algum tempo, é como se o véu do templo se rasgasse e pudéssemos adentrar o recinto sagrado onde o humano pode encontrar o divino e apreender o sentido último da realidade. É uma experiência sofrida, mas representa um bem possível. Como enfrentamos a morte, nossa e das pessoas que amamos, depende de como vivemos a vida. Por outro lado, o aprendizado propiciado pela morte nos torna mais sábios e, paradoxalmente, nos permite ser mais felizes no resto da vida – mesmo que a falta e a dor não desapareçam.

Diante da morte, temos um grande inimigo e um grande amigo. O inimigo é o absurdo, a falta de sentido, que se abate sobre nós particularmente diante do falecimento dos jovens, das mortes súbitas ou que poderiam ser evitadas. O absurdo da morte nos dá a impressão de que tudo é vão, relativiza nossas realizações e nos enche de medo da própria vida. O amigo é, justamente, a negação do absurdo: o sentido das coisas, que só o amor pode nos dar. A vida ganha sentido quando se torna um gesto de amor, a morte ganha sentido quando nos descobrimos amados por toda a eternidade. Quem não descobriu esses dois aspectos da existência, dificilmente viverá a morte e o luto de forma serena.

Em tempos de pandemia, quando o absurdo da morte parece ser ainda maior, se torna ainda mais urgente descobrir o sentido e a grandeza do amor.

Aleteia

8 mentiras sobre Deus que os católicos devem conhecer e rebater

Santíssima Trindade / Lawrence OP (CC-BY-NC-ND-2.0)

Lima, 10 mai. 21 / 07:00 am (ACI).- Tendo em conta a complexidade da teologia católica a respeito da natureza de Deus, a seguinte lista, baseada nas Sagradas Escrituras e no Magistério da Igreja, responde a 8 mentiras recorrentes que estão à espreita dos católicos no mundo atual.

1. Cristo é insuficiente

Não existem novas revelações e o cânon bíblico está fechado. Há muitas pessoas que querem “aumentar” os ensinamentos de Cristo sustentando que, como as Sagradas Escrituras foram “escritas há muito tempo”, estas deveriam ser “atualizadas”.

Videntes e impostores de todo tipo difundem suas supostas “habilidades proféticas” que, ao parecer, estão contra o que sabemos de Deus. Nada mais longe da verdade.

Se estas pessoas estão certas, por que o Espírito Santo dá a cada uma diferentes mensagens? Cristo e sua Igreja não precisam de nada dos seres humanos. A mensagem de Cristo é válida e autêntica ontem, hoje e sempre como afirma no livro dos Hebreus 13,8.

2. Pode haver novas revelações do plano da salvação

Não há e nunca poderão existir novas revelações para ser acrescentadas na economia da salvação. Algumas revelações privadas foram aprovadas pela piedade popular (por exemplo, Sagrado Coração, Nossa Senhora de Lourdes, a Divina Misericórdia) e outras não.

A chave é se estão de acordo com as revelações originais de Cristo nas Sagradas Escrituras. As pessoas se colocam em uma situação precária quando se atrevem a julgar não somente a Bíblia, como também a Deus e Sua Igreja, negando assim a Tradição e o magistério.

3. Jesus nunca assegura ser Deus na Bíblia

Cristo se refere a si mesmo como Deus cerca de 50 vezes nas Sagradas Escrituras.

Do mesmo modo, os Evangelhos mostram as reações de quem se opunha a Jesus depois de afirmar que Ele era Deus ou igual a Deus (por exemplo em Marcos 14,61-62).

Se Jesus nunca afirmou ser Deus, por que algumas pessoas se incomodaram tanto com Ele há 2000 anos ao ponto de crucificá-lo? Cristo foi condenado à morte porque o consideravam blasfemo ao referir-se a si mesmo como Deus.

4. Todos somos filhos de Deus e, portanto, Ele deve amar tudo o que somos

Sim. Deus criou todos nós. Deus ama todos. Todos somos seus filhos. Entretanto, Ele nos chama para Si mesmo em um espírito de amor e arrependimento, mas nem todo mundo está preparado e disposto a fazer esse tipo de compromisso.

Não podemos dizer que somos seus filhos e ao mesmo tempo nos negar em reconhecer nossa relação com nosso Pai Celestial. (1 João 3,10, Romanos 8,15, Efésios 2,1-16).

Deus é misericordioso, mas nem todos nós queremos ser perdoados, ou inclusive, pensamos que não fizemos nada que deve ser perdoado (1 João 1, 8).

5. Todos adoramos o mesmo Deus

Só existe um Deus único e verdadeiro porque Ele mesmo o afirmou (Deuteronômio 4,39, Isaías 43,11, 45,5), entretanto, nem todo mundo o reconhece. Cabe também destacar que nenhuma deidade pagã afirmou algo assim.

Apesar de parecer ser politicamente correto que todas as pessoas adoram o mesmo Deus, é teológica, histórica e antropologicamente incorreto. Fora da tradição judaico-cristã, as deidades são impotentes, caprichosas, comedidas, hedonistas, egoístas, tremendamente emocionais e tem pouca preocupação pelos assuntos humanos.

O Deus judaico-cristão é o prórpio amor. Nenhuma outra religião descreve sua deidade desta maneira.

6. Todas as religiões são iguais

Esta crença está ligada ao ponto anterior e, portanto, é incorreta. Algumas religiões são violentamente a antítese de todas as demais expressões religiosas. Alguns requerem o sacrifício humano, condutas imorais, as quais são consideradas virtudes ou propõem “textos sagrados” que são ilógicos e contraditórios. É impossível sugerir que todas as religiões sejam iguais.

Cristo nos diz que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14,6). O Deus judaico-cristão se apresentou ao seu povo e lhes ensina porque os ama (Atos 4,12). Nenhuma outra religião faz tais afirmações. A salvação só vem de Cristo e não de Maomé, Buda ou Joseph Smith. O culto lhe pertence por direito somente a Yahvé, que é o grande ‘EU SOU’ (Apocalipse 4,11).

Existem diferenças irredutíveis entre o cristianismo e o judaísmo como a encarnação, a paixão e a ressurreição. Podemos estender esta lista de incompatibilidades ao considerar as religiões pagãs. Entretanto, muitas exigências éticas através das religiões podem ser iguais ou pelo menos compatíveis. Esta não é uma coincidência estranha, pelo contrário, se o único Deus está chamando toda a humanidade, então sua marca será deixada sobre várias respostas ao chamado.

7. Deus usa os homens como “ratos de laboratório”

Deus é onisciente e sabe o que vamos fazer. Ama nossa existência e não nos trata como se fôssemos “ratos de laboratório”.

Deus é amor (1 João 4, 8-16) e, portanto, nunca poderia nos torturar para ver “o que faríamos”. A tentação está dentro de nós mesmos e é nossa decisão seguir a lei de Deus ou rechaçá-la (Deuteronômio 30,19).

8. A Eucaristia é um mero símbolo

Esta é uma perniciosa heresia e é bastante frequente. Por que o pão e o vinho são oferecidos no altar por um sacerdote como Corpo e Sangue de Cristo? Porque Jesus o diz (Lucas 16).

De fato, revelou às pessoas que o acompanhavam na sinagoga de Cafarnaum e vários fizeram birra. Jesus perguntou aos seus discípulos se também queriam deixá-lo por fazer tal afirmação e Pedro respondeu: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (João 6,68).

Além do que Jesus disse, deve se considerar como os primeiros cristãos viam a Eucaristia. Para São Paulo, é uma celebração com a qual se anuncia e atualiza a morte do Senhor até a sua volta (1 Coríntios 11,26).

“Portanto, quem come o pão ou bebe o sangue do Senhor indignamente, será réu do corpo e sangue do Senhor. Por isso, cada um deve examinar-se, e comer deste modo o pão e beber do cálice. Porque quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe sua própria condenação” (1 Coríntios 11, 27-29).

A Didaquê ou instrução dos doze apóstolos reflete este sentimento: “Não permitam que comam ou bebam de sua Eucaristia, a exceção dos batizados em nome do Senhor, porque o Senhor falou: ‘Não deem o que é santo aos cães’” (Didaquê 9,5).

Publicado originalmente em National Catholic Register (https://www.ncregister.com/).

ACI Digital

S. JOÃO DE ÁVILA, SACERDOTE

S. João de Ávila | Dom Total

São João de Ávila, o Apóstolo da Andaluzia

11 de maio de 2012 – No fim do século XV nascia em Almodóvar del Campo, nas cercanias de Toledo, mais um varão que seria um dos luminares no firmamento da Santa Igreja: São João de Ávila.

Nascido a 6 de janeiro de 1500, e tendo ancestralidade judia, o pequeno João aos 14 anos foi enviado a Salamanca para estudar Direito mas, não sentindo no estudo das leis humanas o estímulo para a sua vida, abandonou os estudos e regressou à cidade natal, ali passando três anos em reflexão e penitência, sendo-lhe proveitosas as muitas horas que passava recolhido em frente ao sacrário onde era mantido o Santíssimo Sacramento.

Discernindo um chamado de Deus, decidiu-se por trilhar a via clerical, o que foi precedido de estudos apropriados feitos em Alcalá de Henares, onde foi aluno de Frei Domingo de Soto, célebre teólogo dominicano.

Sua ordenação presbiteral deu-se em 1526, sendo a primeira missa celebrada por alma de seus pais, que haviam falecido pouco antes, quando ele estudava. Nesse dia vestiu e serviu a refeição a vários mendigos, tendo-se desfeito da fortuna que herdou dos ricos pais (era herdeiro único) destinando-a aos pobres. E passou a viver da caridade dos outros, de quem recebia esmolas para o sustento.

Um ano após ser ordenado dispôs-se a ser missionário na América, e assim ofereceu-se a um bispo que viajaria ao novo continente, rumo ao México. Porém foi dissuadido dessa ideia, aceitando então o encargo de evangelizar a região correspondente ao sul da península ibérica, o que o levou a ser considerado O Apóstolo da Andaluzia, região em que concentrou a maior parte de sua ação.

As atividades evangelizadoras de São João de Ávila revelaram um profundo saber teológico associado a uma alma acentuadamente contemplativa, havendo nele um inegável desprendimento dos bens terrenos. Dotado de especial memória para com as Sagradas Escrituras, dizia-se dele que se, por algum motivo, a Bíblia desaparecesse do mundo, ele a restituiria à humanidade, pois a tinha decorado… Mais importante que a lembrança das palavras era, entretanto, o conhecimento de seu conteúdo, tantas vezes utilizado para fundamentar as palavras faladas e escritas com que desenvolvia seu trabalho evangelizador.

Como exemplo de frutos de seu ardoroso apostolado cita-se a conversão de São Francisco de Bórgia (que futuramente sucederia Santo Inácio de Loyola à frente da Companhia de Jesus) e São João de Deus (que tanto beneficiaria os doentes com suas obras). Vários santos do século XVI com ele trocaram cartas, dentre os quais Santo Inácio de Loyola, São Pedro de Alcântara, São Francisco de Bórgia, Santa Teresa de Jesus.

Infelizmente muitas de suas obras perderam-se com o passar dos anos, principalmente os sermões, não sem antes darem muitos frutos. Vários de seus escritos, porém, foram cuidadosamente conservados. Autor prolífico, escreveu diversas obras ascéticas dirigidas às várias classes de pessoas. Dentre elas citam-se o Epistolário Espiritual Para Todos os Estados, O Conhecimento de Si Mesmo, Tratado Sobre o Sacerdócio, e outras.

Sua ostensiva atuação como pregador incomodou alguns clérigos nos quais o sentimento de inveja brotou, os quais denunciaram São João de Ávila aos inquisidores de Sevilha. Isso fez com que ficasse encarcerado de 1531 a 1533 quando passou por um processo, no qual havia cinco denunciantes que o acusavam e 55 defensores.
Tendo partido para a Eternidade em 1569, São João de Ávila foi beatificado por Leão XIII em 1894 e canonizado por Paulo VI em 10 de maio de 1970. Pio XII, em 1946, proclamou-o patrono do clero secular espanhol. Sua inserção na lista dos Doutores da Igreja foi anunciada por Bento XVI na Jornada Mundial da Juventude em 2011.

Fonte:Gaudium Press

https://cleofas.com.br/

domingo, 9 de maio de 2021

Dia das Mães: 10 mamães católicas que alcançaram a santidade

ACI Digital
Por Maria Ximena Rondón

REDAÇÃO CENTRAL, 09 mai. 21 / 07:00 am (ACI).- Por ocasião da celebração do Dia da Mãe, apresentamos uma lista de 10 mães que chegaram à santidade. Mulheres que são exemplo para as mães católicas de hoje, que mostram que na vida cotidiana do matrimônio e da família é possível alcançar a glória do céu.

Antes de todas as santas, porém, destacamos a Mãe de Deus, a Virgem Maria, aquela que com o seu “sim” concebeu e deu à luz o Salvador. Ela que acompanhou o Senhor em todos os momentos, guardava e meditava tudo em seu coração.

Maria, a mais humilde entre as mulheres, se tornou modelo para toda mulher e mãe, exemplo de amor, fidelidade, confiança em Deus. Além disso, foi à Maria que, na cruz, Jesus entregou toda a humanidade através de São João. Por isso, também nós a chamamos nossa Mãe.

A seguir, a lista das 10 santas mães:

1. Santa Gianna Beretta Molla (1922-1962)

Esta Santa italiana adoeceu de câncer e decidiu continuar com a gravidez de seu quarto filho, em vez submeter-se a um aborto, como lhe sugeriam os médicos para salvar sua vida.

Gianna estudou medicina e se especializou em pediatria. Seu trabalho com os doentes se resumia na seguinte frase: “Como o sacerdote toca Jesus, assim nós, os médicos, tocamos Jesus nos corpos de nossos pacientes”.

Casou-se com o Pietro Molla, com quem teve quatro filhos. Durante toda sua vida, conseguiu equilibrar seu trabalho com sua missão de mãe de família.

Gianna morreu em 28 de abril de 1962, aos 39 anos, uma semana depois de ter dado à luz. Foi canonizada em 16 de maio de 2004 pelo Papa João Paulo II, que a tornou padroeira da defesa da vida.

2. Santa Mônica (332-387), mãe de Santo Agostinho

A mãe de Santo Agostinho nasceu no Tagaste (África) no ano 332. Seus pais a casaram com um homem chamado Patrício. Embora fosse trabalhador, seu marido era violento, mulherengo, jogador e desprezava a religião.

Durante 30 anos, Mônica sofreu os ataques de ira de seu marido. Santa Mônica orava e oferecia sacrifícios constantemente pela conversão de seu esposo. No ano 371, Deus lhe concedeu este desejo e Patrício se batizou. Ficou viúva um ano depois, quando Agostinho tinha 17 anos.

Durante 15 anos rezou e ofereceu sacrifícios pela conversão de seu filho, que levava uma vida libertina. No ano 386, Santo Agostinho lhe anunciou sua conversão ao catolicismo e seu desejo de permanecer celibatário até a morte.

Morreu santamente no ano 387, aos 55 anos. Muitas mães e esposas se pedem a intercessão de Santa Mônica pela conversão de seus filhos e maridos.

3. Santa Rita de Cássia (1381-1457)

Embora desde menina quisesse ser religiosa, seus pais a casaram com o Paolo Ferdinando.

Seu marido pertencia a uma família de mercenários e, apesar de beber muito, ser mulherengo e violento, Rita foi fiel durante todo seu matrimônio. O casal teve filhos gêmeos do mesmo temperamento do pai. A Santa encontrou fortaleza em Jesus, a quem oferecia sua dor.

Depois de 20 anos de oração, Paolo se converteu e começou um caminho de santidade junto a Rita. Entretanto, foi assassinado por seus inimigos. Seus filhos juraram vingar a morte de seu pai e Rita pediu ao Senhor que lhes concedesse a morte antes de vê-los cometer um pecado mortal. Antes de morrer, os gêmeos perdoaram os assassinos de seu pai.

No ano 1417, ingressou como religiosa no convento das religiosas Agostinianas. Ali meditou e aprofundou a Paixão de Cristo. Em 1443, recebeu os estigmas. Depois de uma grave enfermidade, faleceu em 1457. Seu corpo está incorrupto até hoje. É conhecida como a “Santa das Causas Impossíveis”.

4. Santa Maria da Cabeça (?- 1175)

Maria Toribia nasceu na Espanha, próximo de Madri. Foi a esposa de São Isidro Lavrador. Realizava seus trabalhos com humildade, paciência, devoção e austeridade. Além disso, sempre foi atenta e serviçal com seu marido. O casal só teve um filho.

Como tanto Isidro como Maria queriam ter uma vida totalmente entregue a Deus, decidiram se separar. Seu marido ficou em Madri e Maria partiu para uma ermida. Ali, entregou-se a profundas meditações e fazia obras de caridade.

Quando Maria da Cabeça morreu, foi enterrada na ermida que com tanto amor visitava. Seus restos foram transladados para Madri e são atribuídos a ela milagres de cura dos males da cabeça.

5. Santa Ana, Mãe da Virgem Maria

Joaquim e Ana eram um rico e piedoso casal que residia no Nazaré. Como não tinham filhos, ele sofria humilhações no Templo. Um dia, o santo não voltou para sua casa, mas foi às montanhas para entregar a Deus sua dor. Quando Ana se inteirou do motivo da ausência de seu marido, pediu ao Senhor que lhe tirasse a esterilidade e lhe prometeu oferecer seus filhos para seu serviço.

Deus escutou suas orações e enviou-lhe um anjo que lhe disse: “Ana, o Senhor olhou suas lágrimas; conceberá e dará à luz e o fruto de seu ventre será bendito por todo mundo”.  Este anjo fez a mesma promessa a Joaquim. Ana deu à luz uma filha a quem chamou Miriam (Maria) e que foi a Mãe de Jesus Cristo.

6. Beata Ângela de Foligno (1249-1309)

Ângela viveu apegada às riquezas desde sua juventude até sua vida de casada. Além disso, teve uma vida libertina.

Em 1285, sofreu uma crise existencial. Como vivia perto de Assis, sentiu-se tocada e desafiada pelo exemplo de São Francisco. Um dia, estava tão atormentada pelo remorso que pediu ao Santo que a livrasse. Então foi à Igreja de São Feliciano, onde fez uma confissão de vida.

Ali fez uma promessa de castidade perpétua e começou a levar uma vida de penitência, dando de presente seus melhores vestidos e fazendo estritos jejuns. Depois de sua conversão, perdeu sucessivamente sua mãe, seu marido e seus oito filhos. Morreu em 1309.

7. Santa Isabel de Portugal (1274-1336)

Aos 12 anos tornou-se esposa do Diniz, rei de Portugal. Desde que chegou ao país, ganhou a simpatia do povo por seu caráter piedoso e devoto. Embora seu marido fosse mulherengo e tivesse filhos com várias mulheres, Isabel os acolheu na corte e lhes deu uma atenção cristã. Mas, quando o príncipe Afonso advertiu que seu direito ao trono estava em perigo, decidiu rebelar-se e o rei respondeu violentamente.

Esta briga entre Diniz e Afonso causou muita dor a Isabel que interveio muitas vezes nas batalhas entre eles. Um dia, a rainha se interpôs entre ambos exércitos para evitar o derramamento de sangue.

Logo depois da morte do rei em 1324, Isabel se retirou para Coimbra e recebeu o hábito como franciscana clarissa. Em 1336, eclodiu um novo conflito entre o Afonso IV e o rei de Castilla, Afonso XI, que era neto da Isabel.

A rainha foi até o acampamento dos exércitos, onde foi recebida e caiu doente. Antes de morrer, seu filho lhe prometeu que não invadiria Castilla.

8. Santa Clotilde (474-545)

Graças a ela, o fundador da nação francesa se converteu ao catolicismo e a França foi um país católico. A rainha convencei seu marido a converter-se ao cristianismo se ele ganhasse a batalha de Tolbiac, contra os alemães.

O rei Clodoveu obteve a vitória e foi batizado no Natal de 496 pelo Bispo São Remígio. Naquela mesma noite, receberam o sacramento a irmã do rei e três mil de seus homens. Desde esse momento, Clotilde foi chamada na França: “Filha primogênita da Igreja”.

Clotilde era amada por todos por causa de sua grande generosidade com os pobres, sua pureza e devoção. Seus súditos estavam acostumados a dizer que parecia mais uma religiosa do que uma rainha.

Depois da morte de Clodoveu, houve guerra porque seus dois filhos queriam o trono. Durante 36 anos, Clotilde rezou pela reconciliação de ambos. Um dia, quando os dois exércitos estavam preparados para o combate, surgiu uma forte tormenta que impediu a batalha. Graças à oração da rainha, os irmãos fizeram as pazes.

9. Santa Helena (270-329)

Em meio à pobreza, conheceu o general romano Constâncio Cloro. Apaixonaram-se e se casaram. O filho do casal foi o imperador Constantino. Foi repudiada por seu marido, por ambição ao poder. Santa Helena passou 14 anos de sofrimento e se converteu ao cristianismo.

Em 306, Constantino foi proclamado imperador romano, embora continuasse sendo pagão. Entretanto, converteu-se quando viu uma Cruz, antes da batalha da Saxa Rubra, com uma legenda que dizia: “Com este sinal vencerás”.

Depois da vitória, Constantino decretou a livre profissão da religião católica e expandiu o cristianismo por todo o império. O imperador autorizou sua mãe para que utilizasse o dinheiro do governo para realizar boas obras. A Igreja atribui à Santa Helena o descobrimento da Cruz de Cristo. Morreu santamente no ano 329.

10. Santa Zélia Martin, Mãe de Santa Teresinha de Lisieux (1831-1877)

Embora durante sua juventude também quisesse ser religiosa, a abadessa lhe negou a entrada ao convento. Por isso, decidiu abrir uma fábrica de rendas caseiras. A boa qualidade de seu trabalho fez sua oficina famosa. Sempre teve uma boa relação para com seus trabalhadores.

Em 1858, Zélia passou pelo jovem relojoeiro Luís Martin na rua. Em pouco tempo ambos se apaixonaram e se casaram três meses depois.

Zélia sempre quis ter muitos filhos e que todos fossem educados para o céu. Isso foi exatamente o que fez porque suas cinco filhas Paulina, Leonia, Maria, Celina e Teresa foram religiosas. A última foi Santa e Doutora da Igreja.

O amor que Zélia sentia por Luís era profundo e elevado. Para ela, sua maior alegria era estar junto a seu marido e compartilhar com ele uma vida santa.

Em 1865, o câncer no seio provocaria muito sofrimento a Zélia. Entretanto, soube assumir sua enfermidade e estava disposta a aceitar a vontade de Deus. Morreu em 1877. Foi beatificada junto com seu marido pelo Papa Bento XVI no ano 2008. Em 2015, o casal foi canonizado pelo Papa Francisco.

ACI Digital

VI -DOM DA PÁSCOA- Ano "B"

Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília

A santidade na vivência do mandamento do amor

Este sexto domingo da Páscoa nos apresenta Jesus que dá o mandamento do amor: “Amai uns aos outros assim como eu vos amei” (Jo 15, 12). Quero lhe apresentar a história de uma jovem que se santificou vivendo o mandamento do amor: Chiara Badano nasceu em 29 de outubro de 1971, em Sassello, Itália, única filha de Ruggero Badano e Maria Teresa Caviglia. Estavam casados havia 10 anos e não conseguiam ter filhos, até que Ruggero foi visitar o Santuário de Nossa Senhora das Rocas pela enésima vez  e sua oração pedindo a graça de um filho foi atendida, pois, um mês depois, Maria Teresa estava grávida. Quando a menina nasceu, entenderam logo que “aquela menina era, antes de tudo, filha de Deus, e não nossa”. A sua infância se desenvolveu com tranquilidade. A menina cresceu e é educada num ambiente de diálogo e afeto, onde havia também os “nãos”.

Não tinha completado ainda 9 anos, quando conheceu a experiência do movimento dos Focolares. Foi um encontro com um grupo de colegas da sua idade. Ali percebeu, com força, o amor de Deus. No seu diário,  encontram-se fatos como este: “Uma amiga está com catapora e todos têm medo de visitá-la. Com o consentimento dos pais, eu levo todo dia os deveres de casa para que ela não se sinta sozinha”. Chiara cresce, é uma jovem que está sempre rodeada pelas amigas e que ama os esportes: tênis, natação, escaladas nas montanhas etc. Surgem alguns desentendimentos com os pais, pois ela gosta de sair à noite nos fins de semana, mas o diálogo e o afeto familiar vencem e se colocam  em acordo. Ela gostava de vestir-se bem, de pentear-se com cuidado,  às vezes, de se maquiar, mas sempre de forma discreta. Os rapazes, como é normal, se interessam por ela, mas ela é uma jovem sonhadora. Revela, às vezes, as amigas: “aquele me agrada”, como jovem normal que era, mas nada além disso.

Verão de 1988. Depois de saber que tinha sido reprovada em matemática, sente o coração apertado, mas não dá sinais de tristeza. Escreve assim aos pais:”Chegou um momento importante: o encontro com Jesus Abandonado. Abraça-lo não foi fácil”. Mas, naquela manhã, Chiara Lubic (fundadora do movimento dos Focolares) explicou às Gen 4 que Ele deve ser o esposo delas.  Quando pede a Chiara Lubic um novo nome, ela lhe dá Chiara Luce, dizendo que a sua vida deveria ser a manifestação da luz de Deus.

Um fato inesperado acontece: jogando tênis, ela sente uma forte dor no ombro. As dores continuam e os exames revelam um tipo grave e doloroso de tumor. Ela acolhe a notícia com coragem e diz: “sou jovem, vou suportar”. Inicia-se uma grande transformação, vive a doença numa atitude de fé, enfrentando duas dolorosas operações. A quimioterapia causa a queda dos cabelos e, a cada cacho que perde, repete: “Por ti, Jesus”. Os pais, sempre presentes, relembram que sob aquele sofrimento existe um misterioso desígnio de Deus. No hospital de Pietra Ligure, apesar das dores e febres, não conseguia ficar parada: começou a cuidar de uma jovem com depressão que ocupava o quarto ao lado, indo com ela para todos os lugares, em longas caminhadas pelos corredores. Diante dos pedidos para que tivesse prudência, retrucava: “mais tarde vou ter tempo para dormir”. A mãe conta que quando entendeu a gravidade da sua doença, ela sentiu que ia morrer. Ela se jogou de bruços na cama, com os olhos fechados, ficou assim uns vinte e cinco minutos, depois falou: “Disse novamente o meu sim”. E não voltou mais atrás. Apenas uma vez pergunta para Jesus: Por que, Jesus? Poucos minutos depois responde sozinha: “Se Tu queres, Jesus, eu também quero”. Ela escreve às amigas: “Um outro mundo me esperava e eu não podia fazer outra coisa senão abandonar-me. Agora me sinto envolvida por um esplendido desígnio que pouco a pouco me é revelado”. Num dos seus últimos dias, ela diz: “Não peço mais a Jesus que Ele venha me buscar para me levar ao paraíso; não quero Lhe dar a impressão de que não quero mais sofrer”. O momento do seu encontro com o Supremo Esposo foi um domingo, dia 7 de outubro de 1990. Na homilia da sua missa de corpo presente, o bispo diz: “ Eis o fruto da família cristã, de uma comunidade cristã, o resultado de um movimento que vive o amor recíproco e tem Jesus em meio”. Que o exemplo de Chiara Luce desperte todos nós, e principalmente a nossa juventude, para a medida alta da vida, a santidade.

Arquidiocese de Brasília

Por que é tão difícil pedir ajuda?

Bilanol | Shutterstock

Às vezes é mais fácil ajudar alguém do que aceitar ajuda. Reconhecer que precisamos dos outros requer uma boa dose de humildade e simplicidade.

Amar é dar, todo o mundo sabe disso. Mas às vezes esquecemos que também é receber, porque parece muito barato para ser uma prova de amor. Talvez você está lendo este artigo num canto de sua cozinha em frente de uma montanha de pratos sujos: “Bem, eu gostaria exatamente que você me ajudasse. E garanto que não custaria nada aceitar a ajuda!” Sem esforço? Eu não tenho tanta certeza! Nem sempre sabemos pedir ajuda ou aceitar o que nos é oferecido espontaneamente: “Você é muito pequeno, não saberá fazer isso”, dizemos ao nosso caçula de casa, que sai desanimado. E para uma amiga visitante: “Fica sentada! Você está aqui para descansar”.

Quando eles não nos ajudam, ou não o suficiente, geralmente somos bons em resmungar, ficar com raiva ou sofrer em silêncio com ares de vítima resignada (dependendo do caráter de cada um). Mas é mais difícil para nós expressar nossos desejos de forma clara e simples. Gostaríamos que os outros adivinhassem o que esperamos deles. Um dos erros mais frequentes no casal, na família ou num grupo de amigos é acreditar que o afeto nos permite ler o pensamento dos outros.

Por que às vezes é difícil que ajudem nós?

“Acabei detestando as grandes refeições festivas, por tudo o que envolvem para fazer: fazer compras, cozinhar, lavar…”. Sim, mas como você diz isso para a família ou aos convidados? Não nos atrevemos a reconhecer os limites do nosso sacrifício e da nossa paciência, tornamos num dever garantir que cada um tenha uns dias despreocupados, mesmo custando assumir todas as cargas sobre nossas costas.

No entanto, o Senhor nos mostra o caminho. Ele, que é o Todo-Poderoso, o criador e o mestre de tudo, queria precisar de ajuda. Ele se tornou uma criança, totalmente dependente de seus pais. Ele pediu à samaritana algo para beber e para o jovem algo para comer quando foi feita a multiplicação dos pães, inclusive no auge da Paixão, ele aceitou a ajuda de Simão de Cirene para carregar sua cruz. Ele se tornou pobre para que pudéssemos ajudá-lo. Tornou-se homem para que, ajudando os nossos irmãos, o ajudássemos, à Ele, que “tinha fome, tinha sede, estava de passagem, nu, doente, na prisão…” (Mt 25,35-36). Ele poderia ter dispensado de nós, mas escolheu precisar de nós: Ele sabia que não tinha maneira melhor de nos mostrar o quanto somos importantes para Ele e o quanto Ele confia em nós.

Por que às vezes é difícil que ajudem nós? Existem todos os tipos de razões, mais ou menos interligadas, que podem entrar em jogo. Primeiro, as dificuldades de comunicação mencionadas anteriormente. Depois, a falta de autoconfiança: “Quem me ajuda vai ver com certeza que não faço tudo perfeito, pode me julgar e criticar”. É particularmente verdadeiro se a opinião das pessoas em questão for importante para nós (pais ou sogros).

Pedir ajuda também é desistir de controlar tudo

Pedir ajuda é reconhecer que não somos todos poderosos e que precisamos dos outros. E aceitar os outros como são, não como gostaríamos que fossem. Eles não vão nos ajudar colocando-se às nossas ordens como se fossem escravos, mas contribuindo com sua própria personalidade, com riquezas que podem nos desconcertar e limites que podem nos irritar. Trabalhar com outra pessoa requer mais paciência do que trabalhar sozinho. Estender a mão ao outro para pedir ajuda – seja para dar uma mão para aparar a grama ou para um favor mais importante – é uma forma muito bonita de valorizá-lo, de elevá-lo aos próprios olhos, mostrando-lhe nossa estima.

Quem não gosta de se sentir útil e agradável para os outros? Desde o garotinho de 6 anos que se orgulha de apenas esvaziar a máquina de lavar louça (mesmo que quebre um prato de vez em quando), ao avô colado na poltrona que passa horas consertando um brinquedo quebrado, todos ficam felizes em ter seu lugar. E quando temos a visita de um ente querido em casa, uma das melhores maneiras de quebrar o gelo e criar laços é preparar um almoço ou pintar as janelas juntos. Não vamos nos privar disso!

Aleteia

“Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele.”

A Frase - Deus é Amor

“Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele.” (1Jo 4,16) | Palavra de Vida de Maio 2021.

Não podemos mais separar a cruz e a glória, não podemos separar o Crucificado do Ressuscitado. São dois aspectos do mesmo mistério de Deus que é Amor.

por Letizia Magri   publicado em 06/05/2021.

“DEUS É AMOR”:  essa é a definição mais luminosa de Deus na Escritura. Ela aparece apenas duas vezes, justamente neste texto, que é uma carta ou talvez uma exortação, inspirada no quarto Evangelho. Com efeito, o autor é um discípulo que testemunha a tradição espiritual do apóstolo João. Ele escrevia a uma comunidade cristã do primeiro século que, infelizmente, já estava enfrentando uma das provações mais dolorosas: a discórdia, a divisão, tanto no âmbito da fé como do testemunho. 

Deus é amor: Ele vive em si mesmo a plenitude da comunhão como Trindade e transborda esse amor sobre suas criaturas. Àqueles que o recebem, Ele dá o poder de se tornarem seus filhos1, com o seu próprio DNA, capazes de amar. E o seu amor é um amor gratuito, que liberta de todo medo e timidez2.

No entanto, para que se realize a promessa de comunhão mútua – nós em Deus e Deus em nós –, é necessário “permanecer” nesse mesmo amor ativo, dinâmico, criativo. É por isso que os discípulos de Jesus são chamados a se amarem uns aos outros, a darem a vida, a compartilharem seus bens com qualquer pessoa necessitada. Com esse amor a comunidade permanece unida, profética, fiel.

“Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus,  e Deus permanece nele.”

É um anúncio forte e claro também para nós, hoje, que às vezes nos sentimos esmagados por eventos imprevisíveis e difíceis de controlar, como a pandemia ou outras tragédias pessoais ou coletivas. Sentimo-nos perdidos e assustados. Por isso é forte a tentação de nos fecharmos em nós mesmos, de levantarmos muros para nos protegermos daqueles que parecem ameaçar nossa segurança, em vez de construirmos pontes para nos encontrarmos.

Como é possível continuar acreditando no amor de Deus nessas circunstâncias? É possível continuar amando? 

Josiane, libanesa, estava longe de seu país quando soube da terrível explosão no porto de Beirute, em agosto de 2020. Ela, que vive a Palavra de Vida, confidenciou aos amigos que também a vivem: 

Em meu coração senti dor, raiva, angústia, tristeza, perplexidade. Era muito forte a pergunta: já não chega, tudo o que o Líbano sofreu até agora? Eu pensava naquele bairro arrasado, onde nasci e vivi; onde parentes e amigos estão agora mortos, feridos ou desalojados; onde edifícios, escolas, hospitais, que conheço muito bem, estão agora destruídos.

Procurei ficar ao lado de minha mãe e de meus irmãos, responder à infinidade de mensagens de muitas outras pessoas que demonstravam proximidade, carinho, oração, ouvindo a todos em meio a essa ferida profunda que se tinha aberto. 

Eu queria acreditar e ACREDITO que esses encontros com os que sofrem são um apelo para responder com aquele amor que Deus colocou em nossos corações. Apesar das lágrimas, descobri uma luz no grande número de libaneses, frequentemente jovens, que se levantaram, olharam ao redor e socorreram outros necessitados. Nasceu em mim a esperança de que existem jovens dispostos a se comprometerem seriamente inclusive na política, porque estão convencidos de que a solução vem pelo caminho do verdadeiro diálogo, da concórdia, da descoberta de que somos – como de fato somos – irmãos.

“Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus,  e Deus permanece nele.”

Chiara Lubich nos oferece uma sugestão preciosa para vivermos esta frase do Evangelho: 

Não podemos mais separar a cruz e a glória, não podemos separar o Crucificado do Ressuscitado. São dois aspectos do mesmo mistério de Deus que é Amor3. [...] Uma vez feita esta oferta, não nos preocupemos mais com ela, e sim procuremos realizar o que Deus quer de nós, lá onde estamos: [...] Procuremos amar os outros, os próximos que estão ao nosso redor. Se fizermos isso, poderemos experimentar um efeito incomum e inesperado: a nossa alma será invadida de paz, de amor, de alegria pura, de luz. […] Então, espiritualmente enriquecidos por essa experiência, poderemos ajudar mais eficazmente todos os nossos irmãos a encontrar a felicidade entre as lágrimas, a transformar em serenidade aquilo que os atormenta. Assim, nos tornaremos instrumentos de alegria e felicidade para muitos: daquela felicidade que constitui o anseio de todo coração humano.4

Por Letizia Magri

https://www.cidadenova.org.br/

Parolin: sem ecossistema equilibrado corremos risco de colapso

Secretário de estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin/
Foto: Bohumil Petrik/CNA

“Hoje, a humanidade é chamada a olhar para si mesma sem presunção de superioridade absoluta. De fato, com outros seres vivos não apenas compartilhamos o mesmo planeta, e com alguns, até mesmo o mesmo espaço de vida”. Foi o que disse o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, em sua mensagem em vídeo por ocasião da 5ª Conferência Internacional intitulada: “Exploring the Mind, Body & Soul – How Innovation and Novel Delivery Systems Improve Human Health”. 

O cardeal também salientou que “nossa vida depende de muitos outros organismos e que, sem um ecossistema equilibrado, corremos o risco de um colapso”. O secretário de Estado também lembrou algumas afinidades do homem “com o mundo animal, mesmo se o ser humano ‘esconde’ dentro de si características que o tornam radicalmente diverso dos animais”.

Humanitas

Uma primeira dimensão é a racionalidade. “Somos capazes de um alto grau de auto-entendimento. Refletimos não apenas sobre nós mesmos, mas também sobre os outros e sobre o universo ao nosso redor”. Outra característica única, disse o cardeal Parolin, é “a consciência moral, que nos permite agir distinguindo entre o que é bem e o que é mal”. “Esta referência fundamental nos leva a fazermos questões éticas sobre nossas ações, sobre a sociedade, sobre o uso das ferramentas que desenvolvemos e tornamos socialmente utilizáveis”.  Finalmente, “descobrimos em nós a existência de uma dimensão mais inefável: a abertura ao horizonte transcendente que na vida de muitos de nós flui para a experiência religiosa, mas que também nos impele a nos questionarmos sobre as últimas questões e o horizonte que vai além da mera dimensão terrestre”. Os antigos pensadores “encerraram esta especificidade e singularidade do ser humano em um único termo, humanitas”.

Uma conferência multidisciplinar

Entre os temas abordados durante a Conferência estão ecologia, economia, tecnologias utilizadas no cuidado da saúde, filantropia e altruísmo. O que os une é a referência à pessoa humana. A reunião, que abre on-line hoje, contará com a presença de médicos, cientistas, éticos, líderes religiosos, defensores dos direitos dos pacientes e formuladores de políticas para discutir as últimas descobertas na medicina, cuidados de saúde e prevenção, bem como o significado antropológico e o impacto cultural dos avanços tecnológicos. Na conclusão da Conferência, patrocinada pelo Pontifício Conselho para a Cultura e pela Fundação Cura, o Papa Francisco dirigirá uma mensagem em vídeo aos participantes.

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Padre Pio era devoto de Nossa Senhora de Fátima e recebeu dela a graça de uma cura

Nossa Senhora de Fátima - São Pio de Pietrelcina /
Foto: Flickr Our Lady of Fatima International Pilgrim Statue
(CC BY-SA 2.0) - Domínio público

REDAÇÃO CENTRAL, 09 mai. 21 / 08:00 am (ACI).- São Pio de Pietrelcina era muito devoto de Nossa Senhora e foi à Virgem de Fátima que o santo atribuiu a sua cura quando, em 1959, uma imagem peregrina esteve na Itália.

Padre Pio enfrentou uma dura doença quando tinha 72 anos. Tudo começou em abril de 1959, quando ficou gravemente abatido por uma pleurisia.

O santo foi de tal forma acometido da enfermidade que precisou parar de atender confissões, de dar a benção do Santíssimo Sacramento aos fiéis e de celebrar a Missa, ficando de cama. Em maio, sofreu uma forte recaída.

Entretanto, tudo começou a mudar a partir de agosto, dia em que a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima chegou de helicóptero a San Giovanni Rotondo.

A imagem chegou à Itália para percorrer algumas localidades, entre elas Foggia, e Pe. Pio não poderia participar deste momento devido à sua enfermidade.  Mas, a programação da peregrinação mudou e a imagem da Virgem foi para San Giovanni Rotondo, pertencente à diocese de Foggia.

Conforme relatos, na manhã de 6 de agosto, Padre Pio conseguiu ir até a Igreja e ficou diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, mesmo abatido pelo cansaço. Sentado em frente à Virgem, ofertou-lhe um rosário e beijou-lhe os pés.

À tarde, quando a imagem da Virgem de Fátima seguiria para outro destino de sua peregrinação, o helicóptero que a levava deu três voltas sobre o convento, algo que, mais tarde, nem mesmo o piloto soube explicar porque aconteceu.

Naquele momento, Padre Pio lamentou: “Ó minha Mãe, quando vieste à Itália, encontraste-me com esta doença. Vieste para me visitar aqui em San Giovanni e encontraste-me ainda sofrendo com ela. Agora estais de partida e eu não fiquei livre da minha doença!”.

Foi quando se deu a cura do santo. Padre Pio sentiu subitamente um arrepio, seguindo da sensação de calor e bem-estar, ao que o capuchinho exclamou: “Estou curado! Nossa Senhora me curou!”.

A devoção de Padre Pio à Virgem Maria se expressou durante toda a sua vida, por gestos e palavras. Diz-se que o santo costumava rezar o Rosário de 15 mistérios até 35 vezes por dia.  Se tinha um conselho a dar aos católicos era para “amar a Senhora e a rezar o Rosário, porque o Rosário é a arma contra os males do mundo”.

São Pio de Pietrelcina dizia ainda que “o Santo Rosário é a arma daqueles que querem vencer todas as batalhas” e exortava: “Invoquemos sempre o auxílio de Nossa Senhora”.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF