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sexta-feira, 14 de maio de 2021

4 maneiras de aumentar a presença do Espírito Santo em você

Kichigin | Shutterstock

São quatro atitudes simples que nos ajudam a entender o verdadeiro objetivo da vida cristã.

Um dia, os apóstolos pediram a Jesus: “Senhor, aumenta a nossa fé”. E Jesus respondeu-lhes usando a imagem do grão de mostarda. Nós também podemos ser tentados a pedir uma medida maior do Espírito Santo para poder realizar grandes coisas, mas lembremo-nos primeiro, que o Espírito Santo é uma das três pessoas da Trindade, embora se expresse sem rosto pessoal. Quando o Espírito Santo é dado, é dado pessoalmente, sem medida e completamente. É um dom radical e plenário, reflexo eficaz do amor absoluto do Pai e do Filho.

A questão está mais do lado da área em que o Espírito Santo quer atuar, neste caso nossas vidas. Para falar de sua vinda em nós, mais do que presença, a tradição fala da sala. Embora, como São Paulo, sejamos capazes de dizer: “Já não vivo, mas Cristo vive em mim” (Gl 2,20), não devemos nunca deixar de nos maravilhar com esta grande realidade. Fomos capazes de suportar a presença sobrenatural de Deus nas profundezas do nosso ser, o que autoriza Santo Agostinho a dizer: “Pergunta ao teu coração, se tu sabes que tens caridade, tens o Espírito Santo”.

1. Termos a certeza que nossa alma está disponível para receber o Espírito Santo

Em primeiro lugar, devemos cuidar da morada do Espírito Santo, pois Ele quer fazer-se “doce hóspede das nossas almas”, retomando as palavras da sequência do Pentecostes. A hotelaria que constitui a nossa alma está disposta a acolher este Hóspede que bate à sua porta? Porque se nos tornarmos bons anfitriões de nossas almas, prontos para receber este Convidado que é o Espírito Santo, então esta vinda transformará nossas vidas e nos tornaremos santos.

2. Reconhecer a desordem do pecado em nossa vida, pedir o perdão de Deus

Arrumar a hotelaria, torná-la agradável com um cheiro bom, confortável, tanto que dá vontade de ficar aí, tudo isso requer a nossa colaboração. Colocar a hotelaria em ordem significa reconhecer a desordem do pecado em nossa vida, pedir o perdão de Deus.

3. Viver atos de caridade e de benevolência

É isso que torna nossa alma mais agradável. Ficar pronto para abrir a porta não é possível se nos dispersarmos sem parar.

4. Não esquecer de rezar todos os dias

O treino diário da oração ajuda a estar pronto, a oração na qual clamamos a Deus: “Vem, vem a nós, consolador soberano!”. O que temos que aumentar é nosso desejo de recebê-lo e nossa capacidade de reconhecer seus passos e ouvi-lo bater à porta de nossa alma. São Serafim de Sarov, aquele grande místico russo, fala desse desejo do Espírito como de uma conquista: “O verdadeiro objetivo de nossa vida cristã é adquirir este Espírito de Deus; enquanto a oração, as vigílias, o jejum, a esmola e outras ações virtuosas, feitas em Nome de Jesus Cristo, são apenas meios para adquiri-lo. O Espírito Santo deseja atuar em cada pessoa de boa vontade que deseja fazer de sua alma uma agradável morada para a vida sobrenatural de Deus. Dê um espaço ao Espírito, sua alegria será imensa. 

Aleteia

O Papa: "Sem natalidade não há futuro. Uma sociedade que não acolhe a vida deixa de viver"

O Papa Francisco durante a abertura dos Estados Gerais da Natalidade
Vatican News

O Pontífice abriu os trabalhos dos Estados Gerais da Natalidade, promovido pelo Fórum das Associações Familiares, junto com o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi. É triste ver mulheres no trabalho que escondem a barriga para não serem demitidas.

Salvatore Cernuzio/Mariangela Jaguraba – Vatican News

Por um lado, a "perplexidade devido à incerteza do trabalho", por outro, o "medo causado pelos custos cada vez menos sustentáveis para a criação dos filhos" e a "tristeza" para as mulheres "que no trabalho são desencorajadas a terem filhos ou têm que esconder a barriga". Tudo isso são "areias movediças que podem afundar uma sociedade" e contribuem para tornar ainda "mais frio e escuro" aquele inverno demográfico que agora é constante na Itália. O Papa Francisco abriu os trabalhos dos Estados Gerais da Natalidade, encontro promovido pelo Fórum das Associações Familiares no Auditório da Conciliação e dedicado ao destino demográfico da Itália e do mundo.

Presente o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi

O Pontífice chegou pontualmente por volta das 9h ao Auditório de Santa Cecília situado a poucos passos da Praça São Pedro, seguido pelo primeiro-ministro, Mario Draghi. No palco estavam oito crianças que o acompanharam durante todo o encontro. Na primeira fila, a prefeita de Roma, Virginia Raggi, o presidente da Região do Lazio, Nicola Zingaretti, e o embaixador italiano junto à Santa Sé, Pietro Sebastiani. O presidente do Fórum das Associações Familiares, Gigi De Paolo, abriu o encontro e Draghi interveio imediatamente, iniciando a série de discursos dos convidados a três mesas temáticas: representantes de bancos, empresas, seguradoras, mídia e esporte, todos reunidos para um debate sobre o tema da natalidade num país que, em 2020, houve uma redução de 30% dos nascimentos.

O Papa acaricia e abençoa as crianças que o acompanharam no palco dos Estados Gerais

Metade dos jovens acredita que terá apenas dois filhos

É precisamente esta tendência que precisa ser "revertida" para "colocar a Itália novamente em movimento a partir da vida, a partir do ser humano", disse o Papa Francisco no início de seu discurso, no qual ele dirige seu pensamento sobretudo aos jovens cujos sonhos foram desfeitos no gelo deste inverno rigoroso, desanimados a tal ponto que "a metade acredita que conseguirá ter apenas dois filhos em sua vida".

"A Itália está assim há anos com o menor número de nascimentos na Europa", observou o Pontífice, "no que está se tornando o Velho Continente não mais por causa de sua história gloriosa, mas por causa de sua idade avançada".

Todos os anos é como se uma cidade de mais de duzentos mil habitantes desaparecesse. Em 2020, houve o menor número de nascimentos desde a unidade nacional: não apenas por causa da Covid, mas por uma tendência contínua e progressiva de queda, um inverno cada vez mais rigoroso.

https://youtu.be/q3Vq8UIiKfQ

Pais divididos entre casa e trabalho, avós salva-vidas

O Papa citou o presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, quando reiterou que "as famílias não são o tecido conjuntivo da Itália, as famílias são a Itália". Ele então voltou seu olhar para a realidade das muitas famílias que nestes meses de pandemia "tiveram que trabalhar horas extras, dividindo a casa entre trabalho e escola, com pais agiram como professores, técnicos de informática, operários e psicólogos". Sem esquecer os "sacrifícios" exigidos aos avós, "verdadeiros botes salva-vidas para as famílias", bem como "memória que nos abre para o futuro".

“Para que o futuro seja bom, é necessário cuidar das famílias, particularmente das famílias jovens, atormentadas por preocupações que correm o risco de paralisar seus projetos de vida.”

Triste ver mulheres obrigadas a esconderem a barriga no trabalho

Falando de paralisia, o Papa criticou a situação em que tantas mulheres se encontram no local de trabalho, com medo de que uma gravidez possa resultar em demissão, a ponto de chegar a esconder a barriga.

Como é possível que uma mulher se sinta envergonhada pelo presente mais bonito que a vida pode oferecer? Não a mulher, mas a sociedade deveria se envergonhar, porque uma sociedade que não acolhe a vida deixa de viver. Os filhos são a esperança que faz um povo renascer"!

O Papa Francisco saúda os relatores dos Estados Gerais

Agradecimento pelo subsídio único

O Bispo de Roma agradeceu a aprovação do subsídio único para cada filho. A esperança é que "este subsídio vá ao encontro das necessidades concretas das famílias, que tantos sacrifícios fizeram e estão fazendo, e marque o início das reformas sociais que colocam os filhos e as famílias no centro".

Se as famílias não estiverem no centro do presente, não haverá futuro; mas se as famílias recomeçam, tudo recomeça.

A primazia do dom

O cenário é difícil e o futuro incerto, mas o Papa Francisco vê uma "primavera" no horizonte. Para alcançá-la, ele oferece três "pensamentos". Primeiramente, o "dom":

“Cada dom é recebido, e a vida é o primeiro presente que cada um recebeu... Somos chamados a transmiti-lo". Um filho é o maior presente para todos e vem em primeiro lugar.”

"A falta de filhos, que causa o envelhecimento da população, afirma implicitamente que tudo termina conosco, que somente os nossos interesses individuais contam". A "primazia do dom" tem sido esquecida, especialmente nas sociedades mais abastadas e consumistas. "Na verdade, vemos que onde há mais coisas, muitas vezes há mais indiferença e menos solidariedade, mais fechamento e menos generosidade".

Sustentabilidade geracional

O segundo pensamento é a sustentabilidade. A sustentabilidade econômica, tecnológica e ambiental, é claro, mas também a "sustentabilidade geracional". "Não poderemos alimentar a produção e proteger o meio ambiente se não estivermos atentos às famílias e aos filhos. O crescimento sustentável vem daqui", disse o Papa Francisco, mas é sobretudo a história que nos ensina isto com a reconstrução do pós-guerra. "Não houve reinício sem uma explosão de nascimentos". E ainda hoje, na "situação de reinício" em que nos encontramos por causa da pandemia, "não podemos seguir modelos de crescimento míopes, como se para nos prepararmos para o amanhã fossem necessários apenas alguns ajustes apressados". Não, os números dramáticos dos nascimentos e os números assustadores da pandemia exigem mudança e responsabilidade".

Na escola amadurecem "rostos", não "notas"

O Papa questionou a escola que "não pode ser uma fábrica de noções a serem derramadas sobre indivíduos", mas sim "um momento privilegiado de encontro e crescimento humano". Na escola, não são apenas "notas", mas "rostos" que amadurecem, porque "para os jovens é essencial entrar em contato com modelos elevados, que formam tanto corações quanto mentes".

É triste ver modelos que só se preocupam em aparecer, sempre bonitos, jovens e em forma. Os jovens não crescem graças aos fogos de artifício da aparência, eles amadurecem se atraídos por aqueles que têm a coragem de perseguir grandes sonhos, de sacrificar-se pelos outros, de fazer o bem ao mundo em que vivemos. E manter-se jovem não vem de fazer selfie e retoques, mas de ser capaz de refletir-se um dia nos olhos dos filhos.

De fato, às vezes, "se passa a mensagem de que realizar-se significa ganhar dinheiro e ter sucesso, enquanto os filhos parecem quase uma distração, que não deve dificultar as aspirações pessoais". Esta mentalidade é, segundo Francisco, "uma gangrena para a sociedade e torna o futuro insustentável".

Solidariedade estrutural

A terceira palavra é "solidariedade". Uma solidariedade "estrutural", ou seja, não ligada à emergência, mas estável para as estruturas de apoio às famílias e de ajuda aos nascimentos.

Em primeiro lugar, são necessárias políticas familiares abrangentes e clarividentes: não baseadas na busca de consenso imediato, mas no crescimento do bem comum a longo prazo. Aqui está a diferença entre administrar os assuntos públicos e ser bons políticos. É urgente oferecer aos jovens garantia de emprego suficientemente estável, segurança para a casa e incentivo para não deixar o país.

Economia, empresas que promovem vidas e não apenas lucros

Esta tarefa também diz respeito à economia: "Como seria bonito ver um aumento no número de empresários e empresas que, além de produzir lucros, promovem vidas, que estão atentos a nunca explorar as pessoas com condições e horários insustentáveis, que chegam ao ponto de distribuir parte dos lucros aos trabalhadores, na ótica de contribuir para um desenvolvimento impagável, o das famílias", exclamou o Papa. "É um desafio não só para a Itália, mas para tantos países, muitas vezes ricos em recursos, mas pobres em esperança".

Formar informando: uma informação "formato família”

A solidariedade também é declinada no campo da informação, especialmente hoje, quando "as últimas tendências e palavras fortes estão na moda". Por outro lado, o critério "para formar informando não é a audiência, não a polêmica, mas o crescimento humano". Em outras palavras, o que é necessário é "uma informação em formato família", onde se fala dos outros "com respeito e delicadeza, como se fossem seus próprios parentes", mas que, ao mesmo tempo, "traz à tona os interesses e tramas que prejudicam o bem comum, as manobras que giram em torno do dinheiro, sacrificando famílias e as pessoas".

"Sem natalidade não há futuro"

Em conclusão, uma palavra simples e sincera: "Obrigado". "Obrigado a cada um de vocês e a todos aqueles que acreditam na vida humana e no futuro." Às vezes vocês terão a sensação de gritar no deserto, de lutar contra moinhos de vento. Mas vão em frente, não desistam, porque é bonito sonhar o bem e construir o futuro. E sem natalidade não há futuro".

O Papa Francisco durante o encontro dos Estados Gerais

Vatican News

Papa Francisco: Ascensão nos convoca a ‘olhar além das coisas terrenas’

Papa Francisco no Vaticano. Foto: Vatican Media

VATICANO, 13 mai. 21 / 02:48 pm (ACI).- A Ascensão do Senhor nos convida a olhar "além das coisas terrenas" e nos lembra da missão que Cristo nos confiou na terra disse o papa Francisco, no dia 12 de maio, durante a Audiência Geral realizada no pátio de São Dâmaso, dentro do Vaticano, com a participação de cerca de 400 pessoas.

A solenidade da Ascensão é celebrada na Santa Sé na quinta-feira quarenta dias depois da Páscoa, o que, neste ano, caiu no dia 13 de maio. Em muitos lugares do mundo, porém, os bispos mudam a data ara o domingo seguinte.

A ascensão, disse Francisco “dirige nosso olhar para o alto, para além das coisas terrenas. Ao mesmo tempo, lembra-nos da missão que o Senhor nos confiou aqui na terra. Que o Espírito Santo nos guie no bom combate que devemos combater”, disse o papa na saudação aos fiéis de língua alemã.

O papa acrescentou que o mistério da Ascensão “juntamente com a efusão do Espírito no Pentecostes, imprime e transmite para sempre à missão da Igreja o seu delineamento mais íntimo: o de ser obra do Espírito Santo, e não consequência das nossas reflexões e intenções.” Portanto, concluiu, “esse é o traço que pode tornar fecunda a missão e preservá-la de qualquer suposta autossuficiência”.

Em 2020, o Santo Padre escreveu em uma mensagem que a Ascensão do Senhor “comemora a despedida de Jesus dos seus discípulos e deste mundo” e acrescentou que “antes de partir, Jesus disse aos seus discípulos que havia de lhes mandar o Espírito, o Consolador. E de igual modo deixou entregue ao Espírito também a obra apostólica da Igreja ao longo da história até ao seu retorno”.

ACI Digital

S. MIGUEL GARICOTS, PRESBÍTERO, FUNDADOR DOS SACERDOTES MISSIONÁRIOS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

S. Miguel Garicots | Vatican News
14 de maio

«Nada mais posso fazer a não ser admirar, adorar e amar a iniciativa da Providência divina. Oh, quanto é importante esta condição: ser pobres instrumentos!».

Miguel nasceu em Ibarre, entre as montanhas dos Pireneus, não muito distante da fronteira com a Espanha. Estudou pouco, porque, em sua família, havia outros quatro filhos, e faltava dinheiro. Por isso, foi obrigado a ser pastor de rebanho.
Enquanto pastoreava seu rebanho, detinha-se a conversar com outros pastores, sobre assuntos difíceis de se entender, inadequados para um jovem como ele. Tanto é verdade que ele foi, logo, denominado "doutorzinho". Mas, foi precisamente a partir das suas origens humildes e da sua família, rica apenas de coragem, que Miguel obteve a força de empreender o caminho para a santidade.

Quando o exemplo é tudo

A educação e o testemunho, que recebemos de nossos pais, quando ainda éramos crianças, não são tudo, mas muito. Seus pais, por exemplo, viviam uma fé tão autêntica, a ponto de os levar a "fugir" para os países Bascos, na Espanha – pouco distante da fronteira francesa - para se casar na igreja e batizar seus cinco filhos.
Além do mais, durante os anos de Terror da Revolução Francesa, a avó, correndo risco de vida, esconde e ajuda, em sua casa, um sacerdote, que, por reconhecimento, dava as primeiras lições a Miguel, que demonstrava uma inteligência excepcional.
Porém, ele não conseguiu fazer a Primeira Comunhão, antes dos 14 anos, que lhe foi motivo de grande tristeza.
Em 1819, finalmente, conseguiu entrar para o seminário em Dax. Recebeu o sacerdócio, em 1823, e, dois anos depois, foi enviado ao seminário de Bétharram, onde foi professor de filosofia e, por fim, realmente doutor.

A França após a Revolução

A época, em que Miguel viveu, era particularmente difícil para a Igreja na França. A Revolução havia destruído tudo: igrejas, obras religiosas, muitas Congregações desapareceram e não foram substituídas. Até no seio da própria Igreja havia sacerdotes chamados "constitucionalistas", - que juravam lealdade à nova Constituição imposta pelo Estado, - contrários aos ditos "refratários", que permaneceram fiéis ao Papa.
Naquele contexto dilacerado, o jovem Padre Miguel, que era confessor das Filhas da Cruz, entrou em contato com a vida religiosa, sendo confidente de muitos Bispos que se queixam da queixa de insubordinação de tantos padres; ele então decidiu adotar total obediência a seu próprio bispo como o princípio básico de sua missão. A semente é lançada.

O santo de "Aqui estou eu!"

Deixamos Michele em Betharram, no belo seminário às margens do Gave. Aqui ele leva uma existência atormentada e vê ao seu redor: sacerdotes despreparados e desorientados, tateando no escuro, em vez de trazer aos outros a luz da fé. Algo está amadurecendo dentro dele: ele entende isso em 1833, quando reúne o primeiro grupo de padres que voluntariamente assumem a missão de re-cristianizar o campo abandonado e educar os jovens. Essas são as duas atividades mais urgentes. Muitas são as adesões que ele recebe e, dois anos depois, nasce a nova família religiosa dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus - então conhecidos como sacerdotes de Bétharram - uma comunidade concebida para servir a Igreja e o clero, com voluntários para enviar para apoiar. do clero em seminários, paróquias e faculdades com o objetivo de revitalizar a fé. Logo, um grupo de padres partiu para uma missão na Argentina, onde a Igreja tem as mesmas necessidades. Mas também existem conflitos com o bispo, que gostaria de manter o trabalho dentro da diocese, enquanto Michele aspira ao reconhecimento pontifício, que ocorrerá somente em 1875, após sua morte.

Os últimos anos e morte

Mas há também bispos que consideram Michael muito atencioso, como o de Tarbes, que em 1858 o envia duas vezes para encontrar Bernadette Soubirous, que tem aparições regulares da Virgem Maria nas proximidades de Lourdes. Michele se torna um dos maiores apoiadores da pequena vidente e agora também sente o conforto da proximidade de Madonna. Enquanto isso, ele já está doente: em 1853, ele foi vítima de uma paralisia e depois venceu, mas a doença não o descansa e quase sempre o obriga a dormir por 9 anos, até que ele retorne à casa do pai em 1863. Seus padres, a essa altura, eles estão espalhados por toda a América do Sul. Pio XII proclamou-o santo em 1947.

Vatican News

São Matias, apóstolo

S. Matias | Editora Paulus
14 de maio

Matias é nome frequente entre os judeus e quer dizer “dom de Deus”. É o apóstolo que recebeu o dom do grande privilégio de ser agregado aos Doze, tomando o lugar vago deixado pela deserção de Judas Iscariotes. Sua eleição foi mediante sorteio, após a ascensão do Senhor, pela proposta de Simão Pedro, que em poucas palavras fixou os três requisitos para o ministério apostólico: pertencer aos que seguiam Jesus desde o começo, ser chamado e enviado: “É necessário, pois, que, destes homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, a começar pelo batismo de João até ao dia em que nos foi arrebatado, haja um que se torne conosco testemunha de sua ressurreição”.

Matias esteve, portanto, constantemente próximo de Jesus desde o início até o fim de sua vida pública. Testemunha de Cristo e mais precisamente da sua ressurreição, pois a ressurreição do Salvador é a própria razão de ser do cristianismo. Matias, portanto, viveu com os onze o milagre da Páscoa e poderá com todo o direito anunciar Cristo ao mundo, como espectador da vida e da obra de Cristo “desde o batismo de João”. Também a segunda e a terceira condições, ser divinamente chamado e enviado, estão claramente expressas pela oração do colégio apostólico: “Senhor, tu que conheces o coração de todos, mostra qual destes dois escolheste”.

A eleição de Matias por sorteio pode causar-nos espanto. Tirar a sorte para conhecer a vontade divina é método muito conhecido na Sagrada Escritura. A própria divisão da Terra prometida foi mediante sorteio; e os apóstolos julgaram oportuna a conformidade com esse costume. Entre os dois candidatos propostos pela comunidade cristã, José filho de Sabá, cognominado o Justo, e Matias, a escolha caiu sobre o último. O novo apóstolo, cujo nome brilha na Escritura somente no instante da eleição, viveu com os onze a fulgurante experiência de Pentecostes antes de encaminhar-se, como os outros, pelo mundo afora a anunciar “a glória do Senhor”.

Nada se sabe de suas atividades apostólicas, nem se morreu mártir ou de morte natural, pois as narrações a seu respeito pertencem aos escritos apócrifos. À tradição da morte por decapitação com machado se liga o seu patrocínio especial aos açougueiros e carpinteiros. Sua festa celebrada por muito tempo a 24 de fevereiro, para evitar o período quaresmal, foi fixada pelo novo calendário a 14 de maio, data certamente mais próxima do dia da sua eleição.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

https://www.paulus.com.br/

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Confissão: Sacramento da Alegria!

Presbíteros

Por Mons. José Maria Pereira

No Evangelho de São João (20,19 – 23), encontramos o relato da aparição de Jesus Ressuscitado aos Apóstolos: “Ao entardecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos…. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: “A paz esteja convosco”. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por ver o Senhor. Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, eu também vos envio”. Dito isso, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos”.

As palavras de Jesus, no Evangelho Jo 20, 19ss, significam que: 1) Os Apóstolos, por um dom de Deus (“Recebei o Espírito Santo”), são habilitados a perdoar os pecados. 2) Trata-se de perdoar pecados propriamente ditos, faculdade essa que os israelitas atribuíam somente a Deus. Jesus disse ao paralítico: “Homem, teus pecados estão perdoados” ( Lc 5, 20 ). “Quem é esse que até perdoa pecados? (Lc 7, 49). Aquilo que Jesus fazia por si, quando peregrino na terra de Israel, Ele continua a fazê-lo depois de Ressuscitado e Glorificado, mediante o serviço dos seus ministros ordenados.

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “ O Senhor Jesus Cristo, médico de nossas almas e de nossos corpos, ele, que remiu os pecados do paralítico e restituiu-lhe a saúde do corpo ( Mc 2, 1-12 ), quis que sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, sua obra de cura e de salvação, também junto de seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o Sacramento da Penitência (Confissão) e o Sacramento da Unção dos Enfermos” ( n. 1421).

Ainda o Catecismo: “Cristo instituiu o Sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e, com isso, perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o Sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça” (n. 1446).

O Concílio Vaticano ll, na Lumen Gentium, diz: “Aqueles que se aproximam do Sacramento da Penitência obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são reconciliados com a Igreja que feriram pecando, e a qual colabora para sua conversão com caridade, exemplo e orações” ( LG 11 ).

O Espírito Santo é o primeiro Dom de Cristo Ressuscitado à sua Igreja, no momento em que Esta é por Ele instituída e enviada a perpetuar a Sua Missão no mundo. Com a efusão do Espírito Santo, a instituição do Sacramento da Penitência (Confissão ) que, juntamente com o Batismo e a Eucaristia, é um Sacramento eminentemente pascal, sinal eficaz da remissão dos pecados e da reconciliação dos homens com Deus, realizadas pelo Sacrifício de Cristo na Cruz. É interessante notar que Jesus confere a missão de perdoar aos mesmos que ordena consagrar o pão e o vinho em memória dEle: “Fazei isto em memória de Mim” (Lc 22, 19). Trata-se, pois, de pessoas especialmente chamadas por Jesus e, mais ainda, enriquecidas por um dom especial (“Recebei o Espírito Santo…”), a fim de realizar um ministério singular dentro da Igreja.

O Sacramento da Confissão é um presente de Páscoa que Jesus nos deixou. Não tem sentido dizer: “eu me confesso diretamente a Deus!” Jesus foi claro quando disse: “Àqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20, 22-23). A Igreja ordena que confessemos pelo menos uma vez por ano, pela Páscoa. Não são somente os fiéis leigos que confessam, também padres, bispos, o Papa. É um sacramento para todos os cristãos que querem receber a Paz do perdão de Deus.

Onde encontrar remédio para tantos corações angustiados? Muitos procuram alívio para seus males no consultório de um psicólogo ou de um analista. Este pode realmente ajudar o paciente a descobrir a causa de seus problemas existenciais e a superá-los. Porém, o cerne de muitas angústias é o pecado, é a resistência à Voz de Deus que fala pela consciência. Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro. O pecado tira a paz da alma, pois é um Não dito ao Amor Infinito, explicita ou implicitamente reconhecido.  Há sentimentos de culpa que não se dissipam mediante conversa com um psicólogo, nem se extinguem com calmantes ou com mudança de clima, mas exigem que a pessoa se volte explicitamente para Deus no plano moral e receba do Senhor a certeza de que os pecados lhe estão absolvidos. É precisamente o que ocorre no Sacramento da Penitência (Confissão).

Como já nos profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa, em primeiro lugar, às obras exteriores, “ao saco e à cinza”, aos jejuns e às mortificações, mas à conversão do coração, à penitência interior. Sem ela, as obras de penitência continuam estéreis e enganadoras: a conversão interior, ao contrário, impele a expressar essa atitude por sinais visíveis, gestos e obras de penitência (cf. Catecismo da Igreja, n.1430). É forte esse apelo para a conversão, pois o pecado é, antes de tudo, uma ofensa a Deus, uma ruptura da comunhão com Ele. Ao mesmo tempo é um atentado à comunhão com a Igreja. Por isso, a conversão traz simultaneamente o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente pelo Sacramento da Penitência e da Reconciliação (cf. LG 11).

Conforme o mandamento da Igreja, “Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano. Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental, a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor. As crianças devem confessar-se antes de receber a Primeira Eucaristia” (n. 1457 do Catecismo da Igreja).

São Josemaria Escrivá aconselhava com critério simples e prático que as nossas confissões fossem concisas, concretas, claras e completas.

. Confissão concisa, sem muitas palavras: apenas as necessárias para dizermos com humildade o que fizemos ou omitimos, sem nos estendermos desnecessariamente, sem adornos. Muitas palavras denotam, às vezes, o desejo, inconsciente ou não, de fugir da sinceridade direta e plena, para evitá-lo, temos que fazer bem o exame de consciência;

. Confissão concreta, sem divagações, sem generalidades;

. Confissão clara, para sermos bem entendidos, declarando a natureza precisa das faltas e manifestando a nossa própria miséria com a necessária modéstia e delicadeza;

. Confissão completa, íntegra. Sem deixar de dizer nada por falsa vergonha, para “não ficar mal” diante do confessor.

A confissão sincera das nossas culpas deixa sempre na alma uma grande paz e uma grande alegria. A tristeza do pecado ou da falta de correspondência à Graça converte-se em júbilo. “Talvez os momentos de uma confissão sincera estejam entre os mais doces, os mais reconfortantes e os mais decisivos da vida” (Papa São Paulo Vl). Quando nos aproximamos deste Sacramento, devemos pensar, sobretudo, em Cristo. Ele deve ser o centro do ato sacramental. E a glória e o amor a Deus devem contar mais do que os pecados que tenhamos cometido. Trata-se de olhar muito mais para Jesus do que para nós mesmos; para a sua bondade mais do que para a nossa miséria, pois a vida interior é um diálogo de amor em que Deus é sempre o ponto de referência. Este esforço por colocar Cristo no centro das nossas confissões é muito importante para não cairmos na rotina, para tirarmos do fundo da alma tudo aquilo que mais nos pesa e que somente virá à tona à luz do amor de Deus. Este sacramento da misericórdia é refúgio seguro: aqui se curam as feridas, revitaliza-se o que estava gasto e envelhecido, e remedeiam-se todos os extravios, grandes ou pequenos; porque a confissão não é somente um juízo em que as ofensas são perdoadas, mas também remédio para a alma. Agradeçamos ao Espírito Santo que tenha incutido nos Pastores da Igreja a preocupação de fomentar a prática da Confissão frequente: com ela, progredimos na humildade, combatemos com eficácia os maus costumes – até desarraigá-los –, enfrentamos os focos de tibieza, robustecemos a vontade e a graça santificante aumenta em nós em virtude do próprio sacramento. Quantos benefícios o Senhor nos concede através deste sacramento!

Ensina São João Paulo ll: “Jesus Cristo traz-nos a chamada à santidade e dá-nos continuamente a ajuda necessária para a nossa santificação…” (Homilia, 18-03-1981). O caminho da santidade percorre-se mediante uma contínua purificação do fundo da alma, que é condição essencial para amarmos cada dia mais a Deus. Por isso, o amor à confissão frequente é um sintoma claro de delicadeza interior, de amor a Deus; se bem praticada, torna totalmente impossível um estado de tibieza na alma. Esta é a convicção que leva a Igreja a recomendar a confissão frequente.

O Catecismo da Igreja ensina-nos: “A confissão individual e integral seguida da absolvição continua sendo o único modo ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, salvo se uma impossibilidade física ou moral dispensar desta confissão” (cf. OP 31). Há razões profundas para isso. Cristo age em cada um dos sacramentos. Dirige-se pessoalmente a cada um dos pecadores…” (n. 1484).

“Cristo instituiu o Sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o Sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça” (Catecismo, n. 1446).

Todos os dias, em todos os recantos do mundo, através dos sacerdotes, seus ministros, Jesus continua a dizer: “Eu te absolvo dos teus pecados…”, vai e não tornes a pecar. É o próprio Cristo que perdoa. “A fórmula sacramental: “Eu te absolvo…”, a imposição das mãos e o sinal da cruz traçado sobre o penitente, manifestam que naquele momento o pecador contrito e convertido entra em contato com o poder e a misericórdia de Deus. É o momento em que, em resposta ao penitente, a Santíssima Trindade se torna presente para apagar-lhe o pecado e restituir-lhe a inocência, o momento em que a força salvífica da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo é comunicada ao penitente […]. Deus é sempre o principal ofendido pelo pecado – só contra Vós pequei! – e só Deus pode perdoar” (São João Paulo ll, Exort. Apost. Reconciliação e Penitência, 02-12-1984, n. 31). Na Confissão é o próprio Cristo quem nos absolve através do sacerdote, porque todo o sacramento é uma ação de Cristo. Na Confissão, encontramos Jesus ( cf. Conc. Vat. Ll, Const. Sacrosanctum Concilium, 7 ), como o encontrou o bom ladrão, ou a mulher pecadora, ou a samaritana, e tantos outros…; como o encontrou o próprio Pedro, depois das suas negações.

As palavras que o sacerdote pronuncia não são somente uma oração de súplica para pedir a Deus que perdoe os nossos pecados, nem um mero certificado de que Deus se dignou conceder-nos o seu perdão, antes, nesse mesmo instante causam e comunicam verdadeiramente o perdão: “Nesse momento, todos e cada um dos pecados são perdoados e apagados pela misteriosa intervenção do Salvador” (São João Paulo ll, RP, n. 31).

Grande é o presente que Jesus nos deu na Páscoa: O Sacramento da Penitência!  Vários são os efeitos espirituais desse Sacramento:

. A reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a Graça;

. A reconciliação com a Igreja;

. A remissão da pena eterna devido aos pecados mortais;

. A remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, sequelas do pecado;

. A paz e a serenidade da consciência, e a consolação espiritual;

. O acréscimo de forças espirituais para o combate cristão.

Santifiquemos as nossas almas, fazendo uso do Sacramento da Confissão que é expressão mais sublime do amor e da misericórdia de Deus para com os homens (cf. Lc 15, 11-32). O Senhor espera sempre com os braços abertos que voltemos arrependidos, para nos perdoar e nos devolver a nossa dignidade de filhos seus. “A confissão é um libertar-se no mais profundo de si mesmo e, por isso, um reconquistar a alegria de ser salvo, que a maioria dos homens do nosso tempo deixou de saborear” (São João Paulo ll). “Repara que entranhas de misericórdia tem a justiça de Deus! – Porque, nos julgamentos humanos, castiga-se a quem confessa a sua culpa; e no divino, perdoa-se. – Bendito seja o Sacramento da Penitência!” ( São Josemaria Escrivá, Caminho, 309 ).

Sejamos apóstolos do Sacramento da Confissão! A nossa grande alegria será termos aproximado de Jesus, como fez João Batista, muitos que estavam longe ou se mostravam indiferentes, sem perdermos de vista que é a graça de Deus, não as nossas forças humanas, que consegue levar as almas ao Senhor. Deste modo, a Confissão robustece-nos a confiança na luta, e quem a pratica nota que se trata, sem dúvida, do “sacramento da alegria”  (Papa São Paulo Vl, Audiência Geral, 23-lll-1977).

Concluo com a oração de São João Paulo ll: “Santa Maria, Esperança nossa, olhai-nos com compaixão, ensinai-nos a ir continuamente a Jesus e, se caímos, ajudai-nos a levantar-nos, a voltar para Ele, mediante a confissão das nossas culpas e pecados no Sacramento da Penitência, que traz sossego à alma” (Oração à Virgem de Guadalupe, Janeiro de 1979).


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Videira, figura altamente simbólica

Guadium Press
Estes ensinamentos de Jesus nos mostram o quanto é pleno de vitalidade seu Corpo Místico. O Pai arranca os “ramos” improdutivos; e os que prometem frutos futuros, Ele os desponta e os acondiciona para se beneficiarem da seiva de modo mais excelente.

Redação (03/05/2021 08:40Gaudium Press)

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor” (Jo 15, 1).

Para Israel, a parreira de uva era uma realidade comum e corrente a ponto de, sob o reinado de Salomão, a Escritura referir-se com esta figura à paz por ele conquistada com todos os povos vizinhos: “Judá e Israel, desde Dã até Bersabeia, viviam sem temor algum, cada qual debaixo de sua vinha e de sua figueira” (I Rs 4, 25)

E qual o significado do vocábulo “verdadeira”, empregado pelo Mestre neste versículo? Antes já dissera: “Moisés não vos deu o pão do Céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do Céu” (Jo 6, 32), e João afirmara ser Ele “a verdadeira luz” (Jo 1, 9). Como explicar o uso destes adjetivos?

Em face das heresias de outrora, alguns Padres da Igreja procuravam esclarecer este particular pelos efeitos produzidos pela “videira”, pela “luz” ou pelo “pão” verdadeiros, pois alimentam a fé dos que deles se servem, enquanto os seres materiais correspondentes só servem para a sustentação ou desenvolvimento físico. Nós, todavia, somos levados a achar que Deus, na sua infinita e eterna sabedoria, criou estes seres todos ― luz, pão, vinha, pastor, caminho, etc. ― sobretudo para melhor Se fazer entender pelo homem. Neste sentido, não contêm eles a verdade inteira e apenas a simbolizam. A arquetipia destes seres se encontra no próprio Jesus. E por que Jesus, nessa ocasião, passa a falar em videira e agricultor? “Jesus disse a seus discípulos que vai separar-Se deles, mas esta separação será apenas segundo o corpo. Espiritualmente, deverão permanecer intimamente unidos a Ele para viver a vida divina; morrerão se d’Ele se separarem. Propõe esta doutrina envolta na alegoria da videira. ‘Eu sou a videira verdadeira’, a videira ideal e perfeitíssima, na qual, melhor que nas videiras do campo, verificam-se as condições próprias desta planta. O cultivador desta vide espiritual e incorruptível é o Pai: ‘E meu Pai é o agricultor’. Jesus não seria nossa videira se não fosse Homem; e não nos daria a vida de Deus se não fosse Deus. Logo, Jesus é o Messias, Filho de Deus”.[1]

“Meu Pai é o agricultor”

“Todo ramo que em Mim não dá fruto Ele o corta; e todo ramo que dá fruto, Ele o limpa, para que dê mais fruto ainda” (Jo 15, 2).

Jesus afirmou que o Pai é o agricultor e, em consequência, é Ele quem assume a tarefa da poda, da limpeza, dos cuidados. Como já dissemos anteriormente, Deus criou a videira, entre outras razões, para servir de exemplo a esses procedimentos próprios ao Pai, bem como para melhor compreendermos o relacionamento que existe entre os batizados e Cristo. A videira, entre os vegetais, é o mais adequado para se entender a necessidade do corte ou a da poda. São Paulo é bem explícito em sua apreciação sobre o Agricultor: “Assim, nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas só Deus, que faz crescer. O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho. Nós somos operários com Deus. Vós, o campo de Deus, o edifício de Deus” (I Cor 3, 7-9). Estes ensinamentos de Jesus nos mostram o quanto é pleno de vitalidade seu Corpo Místico. Os “ramos” improdutivos, o Pai os arranca; e os que prometem frutos futuros, Ele os desponta e os acondiciona para se beneficiarem da seiva de modo mais excelente.

Não seria diminuto o elenco dos “ramos” infrutíferos, pois muitos são os vícios, más inclinações e pecados que bloqueiam o fluxo normal da “seiva” da graça. Em síntese, todos eles têm sua origem no egoísmo humano. O estar voltado sobre si mesmo, submerso em suas próprias conveniências, traz como consequência inevitável um corte com as graças de Deus, pois estas nos são dadas com vistas à caminhada rumo ao Reino.

Por outro lado, como afirma São João Crisóstomo,[2] ninguém pode ser verdadeiro cristão sem as boas obras. Ora, o egoísmo não as produz jamais. Quanto à “poda” dos ramos frutuosos, além das tentações e provações permitidas por Deus, há dons, consolações e estímulos sobrenaturais, ações divinas que visam multiplicar a fertilidade deles. Por este dito de Jesus, vê-se quanto as tentações são úteis para conferir mais virtude e mérito aos bons “ramos”.


Extraído de: CLÁ DIAS. João Scognamiglio. O Inédito sobre os Evangelhos. Città del Vaticano: L.E.V./São Paulo: Lumen Sapientiae, 2014, v.III., p. 331-334.

[1] GOMÁ Y TOMÁS, Isidro. El Evangelio explicado. Pasión y Muerte. Resurrección y vida gloriosa de Jesús. Barcelona: Rafael Casulleras, 1930, v.IV, p.225.

[2] Cf. SÃO JOÃO CRISÓSTOMO. Homilía LXXVI, n.1. In: Homilías sobre el Evangelio de San Juan (61-88). Madrid: Ciudad Nueva, 2001, v.III, p.167.

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O que aconteceu entre a ressurreição e a ascensão de Jesus?

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Por Philip Kosloski

São Leão, o Grande, explica o propósito do tempo decorrido entre a ressurreição e a ascensão.

Um período de tempo fascinante no Evangelho são os dias que transcorrem entre a ressurreição e a ascensão de Jesus.

Jesus apareceu para muitas pessoas e caminhou com seus discípulos em várias ocasiões.

São Leão, o Grande, fornece uma rica meditação sobre este período de tempo na Bíblia em um sermão apresentado no Ofício de Leituras da Igreja.

Em particular, ele assinala vários temas espirituais que Jesus pode estar tentando destacar.

Fim do medo da morte

Amados, aqueles dias que transcorrem entre a Ressurreição do Senhor e sua Ascensão não passaram em um lazer monótono, mas grandes mistérios foram confirmados neles e profundas verdades foram reveladas. Naqueles dias, o medo da morte foi removido com todos os seus terrores, e a imortalidade não apenas da alma, mas também da carne, foi estabelecida. Naqueles dias, o Espírito Santo é derramado sobre todos os apóstolos por meio do sopro do Senhor sobre eles, e ao bendito apóstolo Pedro, colocado acima dos demais, são confiadas as chaves do reino e o cuidado do rebanho do Senhor.

A ressurreição de Jesus é afirmada

Amados, durante todo este tempo que decorreu entre a Ressurreição do Senhor e sua Ascensão, a Providência de Deus tinha isso em vista, para ensinar seu próprio povo e imprimir em seus olhos e em seus corações que o Senhor Jesus Cristo havia ressuscitado, ressuscitado tão verdadeiramente quanto ele nasceu, sofreu e morreu. Daí os mais abençoados apóstolos e todos os discípulos, que haviam ficado aturdidos com sua morte na cruz e relutantes em crer em sua ressurreição, foram fortalecidos pela clareza da verdade de que o Senhor entrou nas alturas dos Céus, e assim abandonaram a tristeza e se se encheram de grande alegria.

Promessa de esperança e alegria

Foi nessa época que o Senhor juntou-se aos dois discípulos como companheiro de viagem e, para varrer todas as nuvens de nossa incerteza, repreendeu-os pela lentidão de seus corações tímidos e trêmulos. Seus corações iluminados tomam a chama da fé e, por mais mornos que tenham sido, são incendiados enquanto o Senhor revela as Escrituras.

Foi verdadeiramente grande e indizível a causa de sua alegria, quando aos olhos da multidão sagrada a Natureza da humanidade se elevou: acima da dignidade de todas as criaturas celestiais, para passar acima das fileiras dos anjos e para se elevar além das alturas dos arcanjos, e ter sua elevação limitada por absolutamente nada até que, recebido para sentar-se com o Pai Eterno, e associado ao trono de Sua glória, a cuja Natureza foi unido o Filho.

Este período de tempo no Evangelho, embora muito curto, teve importância grandiosa.

Aleteia

OS SEGREDOS DE FÁTIMA

ACI Digital
Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

No dia 13 de maio, celebramos o 104o aniversário da primeira de uma série de aparições de Nossa Senhora a três simples crianças, pastores de ovelhas, em Fátima, pequena cidade de Portugal, de onde a devoção se espalhou e chegou ao Brasil. São sempre atuais e dignas de recordação as suas palavras e seu ensinamento.

O segredo da importância e da difusão de sua mensagem está exatamente na sua abrangência de praticamente todos os problemas da atualidade. Aquelas três simples crianças foram os portadores do “recado” da Mãe de Deus para o Papa, governantes, cristãos e não cristãos do mundo inteiro.

Aos pastorinhos, em Fátima, Nossa Senhora revelou três segredos, mais tarde divulgados. O primeiro segredo diz respeito a cada um de nós, individualmente, e é sobre a nossa salvação eterna. Foi a visão do inferno, que assustou saudavelmente as crianças: “Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores…”. E recomendou-lhes a oração e o sacrifício pelos que estão longe de Deus: “muitas almas se perdem porque ninguém oferece sacrifícios por elas”. “Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.

O segundo segredo diz respeito ao mundo, à sociedade em geral: a difusão do comunismo: “A Rússia espalhará os seus erros pelo mundo”. A Rússia tinha acabado de adotar o comunismo, aplicação prática da doutrina marxista, ateia e materialista.  Nossa Senhora nos alerta contra esse perigo, o esquecimento dos bens espirituais e eternos, erro que, conforme sua predição, vai cada vez mais se espalhando na sociedade moderna, vivendo os homens como se Deus não existisse: o ateísmo prático, o secularismo.  Se o comunismo, como sistema econômico, fracassou, suas ideias continuam vivas e penetrando na sociedade atual. Aliás, os outros sistemas econômicos, se também adotam o materialismo e colocam o lucro acima da moral e da pessoa humana, adotam os erros do comunismo e acabam se encontrando na exclusão de Deus. Sobre isso, no discurso inaugural do CELAM, em 13 de maio de 2007, em Aparecida, o Papa Bento XVI alertou: “Aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século… Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas”. Fátima é, sobretudo, a lembrança de Deus e das coisas sobrenaturais aos homens de hoje.

O terceiro segredo diz respeito à Igreja: a visão de um homem de branco, na praça de São Pedro, andando sobre os cadáveres de bispos e padres, sendo depois abatido, simbolizando a perseguição à Igreja, a cristofobia (ou cristianofobia), a decadência religiosa, a perda da fé, a perda da influência do cristianismo na civilização atual.

Enfim, Fátima é a recapitulação e a recordação do Evangelho para os tempos modernos. O Rosário, tão recomendado por Nossa Senhora, é a “Bíblia dos pobres” (São João XXIII). Assim, sua mensagem é sempre atual. É a mãe que vem lembrar aos filhos o caminho do Céu.

CNBB

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF