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quinta-feira, 20 de maio de 2021

7 formas de aplicar a Regra de São Bento no cotidiano

Public Domain
Por Thomas Salermo

Embora as restrições da Regra possam, às vezes, parecer ásperas ou mesmo irracionais para os leitores contemporâneos, elas, na verdade, iluminam princípios espirituais atemporais que podem ser de imenso valor hoje em dia.

Regra de São Bento foi composta há mais de 1.500 anos por São Bento de Núrsia, considerado o pai do monaquismo ocidental. 

Embora as restrições da Regra possam, às vezes, parecer ásperas ou mesmo irracionais para os leitores contemporâneos, elas, na verdade, iluminam princípios espirituais atemporais que podem ser de imenso valor hoje em dia.

1ESPÍRITO DE SERVIÇO

Regra enfatiza repetidamente a importância da obediência e do serviço. “A obediência é uma bênção a ser demonstrada por todos, não só ao abade, mas também uns aos outros como irmãos, pois sabemos que é por esta forma de obediência que nos dirigimos a Deus.” 

Este princípio visa claramente levar a uma imitação de Cristo, que disse de si mesmo que “o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir.”

De fato, muitos de nós somos obstinados e invejosos do nosso próprio tempo. A Regra reconhece este fato da psicologia humana e comenta que “a obediência, no entanto, será aceitável a Deus e agradável aos homens apenas se o cumprimento do que é ordenado não for medroso, indolente ou indiferente, mas livre de qualquer resmungo ou qualquer reação de falta de vontade.”

2MODERAÇÃO NA FALA

Regra de São Bento é inequívoca em suas proibições em relação à fala. “Proteja seus lábios de palavras prejudiciais ou enganosas. Prefira moderação no discurso e não fale tagarelice tola, nada que provoque risos; não ame o riso exagerado ou turbulento.” 

Isso pode parecer estrito, mas o objetivo é condenar a vulgaridade e a fofoca. Quanto de nossa fala hoje é desse tipo? Tudo o que você precisa fazer é ligar a televisão ou percorrer as redes sociais para ver a resposta por si mesmo.

3DISCIPLINA COM A ORAÇÃO

Inspirada na passagem bíblica “Sete vezes por dia, eu te louvo por suas justas ordenanças” a Regra detalha como os monges devem se reunir para a oração comunitária sete vezes por dia. Trata-se da Liturgia das Horas ou Ofício Divino. 

Embora os fiéis leigos não precisam manter o Ofício Divino, todo cristão deve manter uma disciplina de oração diária. As orações da manhã e da noite ou um terço diário são devoções comuns. Não importa qual seja sua rotina de oração pessoal, a consistência é importante.

4LEVAR UMA VIDA SIMPLES

Regra de São Bento estipula que os monges, tendo feito votos de pobreza, devem evitar os bens pessoais. “Sem uma ordem do abade, ninguém pode presumir dar, receber ou reter algo como seu, absolutamente nada – nem um livro, tábuas de escrever ou caneta – em suma, nem um único item.” 

Todos os bens deveriam ser mantidos em comum pela comunidade monástica. Para os leigos que vivem no mundo, essa pobreza radical não é prática nem prudente. No entanto, todos os cristãos podem se esforçar para cultivar um santo desapego dos bens materiais, vivendo simplesmente com menos posses estranhas. 

5TEMPERANÇA EM RELAÇÃO À ALIMENTAÇÃO

Regra exige que os monges jejuem em certas épocas do ano e se abstenham regularmente de comer carne. Mesmo quando não estão em jejum, as refeições dos monges devem ser frugais, exceto em momentos de trabalho particularmente árduo. 

Além disso, a Regra especifica que “ninguém deve presumir comer ou beber antes ou depois da hora marcada.” A temperança na comida e na bebida é importante não apenas por motivos de saúde, mas também como prática espiritual. 

Além disso, para os cristãos, o jejum é uma oportunidade de imitar a Cristo, que jejuou por 40 dias no deserto antes de iniciar seu ministério público. Nosso corpo é um templo do Espírito Santo e devemos tratá-lo como tal. 

6ZELO POR CRISTO

Um dos últimos capítulos da Regra exorta os monges a praticarem o “bom zelo”, dizendo: “Que nada prefiram a Cristo, e que Ele nos reúna todos para a vida eterna”. 

Quando centramos nossas vidas em Jesus Cristo, tudo o mais é fica em Sua perspectiva.  

7FORMAÇÃO CONTÍNUA

Acontece que São Bento realmente pretendia sua Regra para iniciantes! O capítulo final enfatiza que guardar essas ordenanças são apenas os primeiros passos no caminho para a perfeição espiritual. Felizmente, a Regra de São Bento estabelece um programa de aprendizagem ao longo da vida. 

Primeiro, estude a Bíblia: “Que página, que passagem dos livros inspirados do Antigo e do Novo Testamento não é o guia mais verdadeiro para a vida humana?” Em segundo lugar, leia os Padres da Igreja e os Doutores da Igreja: “Que livro dos santos Padres católicos não nos convoca retumbantemente ao longo do verdadeiro caminho para alcançar o Criador?” 

Essa educação continuada tem o objetivo de nos ajudar em nosso empenho para crescer em virtude, santidade e amizade com Jesus Cristo.

Aleteia

“África se tornou o epicentro do extremismo”, diz bispo nigeriano

CBCN

Abuja, 20 mai. 21 / 01:33 pm (ACI).- Dom Oliver Dashe Doeme, bispo de Maiduguri, na Nigéria, fez um alerta de que a “África se tornou o novo epicentro do extremismo”, após a derrota do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, e pediu que os cristãos em todo o mundo rezem “pelo fim da violência” no continente.

O bispo fez a afirmação em mensagem enviada à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). O Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, da ACN, mostrou a crescente perseguição religiosa na África. De acordo com o documento, em 42,5% dos 54 países do continente africano há perseguição religiosa. Em 12 desses, existem formas extremas de perseguição, com assassinatos em massa e violência brutal.

Segundo o relatório, a Nigéria é um dos países mais atingidos pelo terror islâmico. O bispo de Maiduguri afirmou que, desde junho de 2015, 12 mil cristãos foram mortos no país pelo terrorismo muçulmano. “A componente religiosa neste conflito é clara”, disse Doeme, pois a ideologia jihadista está na gênese dos diferentes grupos que atacam também a comunidade muçulmana moderada.

“Será necessário a colaboração internacional trabalhar em conjunto com os países da África para derrotar o inimigo comum”, disse Doeme. Essa ação conjunta inclui também as orações de toda a comunidade cristã. “Para aqueles que desejam ajudar juntamente coma as organizações de apoio como a ACN, peço-vos que rezem pelo fim da violência, e rezem particularmente o rosário”, disse o bispo. Doeme afirmou que há anos seus diocesanos pedem à Mãe de Deus nessa intenção. “Através da fervorosa oração e devoção a Nossa Senhora, o inimigo será certamente derrotado”, disse.

A diocese de Maiduguri, liderada por dom Doeme, fica no centro da violência jihadista na Nigéria, país onde atua um dos mais violentos grupos extremistas da atualidade, o Boko Haram. Há ainda ataques contra cristãos por pastores muçulmanos da tribo dos fulani e de organizações terroristas originadas do Estado Islâmico, como o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês).

As Nações Unidas estimam que cerca de 36 mil pessoas morreram por causa da violência do Boko Haram, e cerca de 2 milhões tiveram que deixar suas casas. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha registra cerca de 40 mil pessoas desaparecidas na África devido à violência terrorista, das quais a metade é da região norte-nordeste da Nigéria.

Esta, porém, não é uma realidade apenas da Nigéria, mas de todo o continente africano, como na região do Sahel, que, segundo dom Doeme, “tornou-se um refúgio seguro para grupos, incluindo o Boko Haram, que prometeram fidelidade ao ‘Estado Islâmico’”.

Outros países atingidos pelo extremismo jihadista são Chade, Mali e Níger, onde é possível observar a existência de redes terroristas que procuram criar no continente africano diversas “províncias do califado”, como é já perceptível em Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

ACI Digital

Bispo coreano reitera sacralidade da vida humana em todas as suas fases

“A vida humana tem início a partir do momento da fecundação,
portanto o grau de proteção não pode variar de acordo com
a fase da gravidez”  (ANSA)

Dom John Baptist Moon Hee-jong reitera a posição da Igreja Católica quanto à "sacralidade da vida humana" e reafirna que " o direito da mulher à autodeterminação não pode se sobrepor ao direito à vida do feto”.

Vatican News

O presidente do Comitê de Bioética da Conferência Episcopal coreana (CBCK) e bispo auxiliar da diocese de Suwon, Dom John Baptist Moon Hee-jong, exortou o Parlamento do país a formular uma legislação que respeite e proteja vida, agora que a nação do Leste asiático está se movendo para legalizar o aborto. A informação é da UCA News.

De fato, em outubro do ano passado, o Parlamento anunciou um projeto de lei para descriminalizar o aborto até a 14ª semana de gravidez e permiti-lo entre a 14ª e a 24ª semana em caso de estupro. Por fim, em janeiro de 2021, o governo aprovou as medidas legislativas necessárias para declarar inconstitucional a criminalização do aborto e revogar o Mother and Child Health Act de 1953.

Dom Moon, em um comunicado divulgado neste mês de maio, quando as paróquias celebram a família e realizam Missas dominicais especiais chamadas "Domingo da vida", quis reafirmar a posição da Igreja quanto à "sacralidade da vida humana" e que " o direito da mulher à autodeterminação não pode se sobrepor ao direito à vida do feto”.

“A vida humana tem início a partir do momento da fecundação - explica Dom Moon -, portanto o grau de proteção não pode variar de acordo com a fase da gravidez”.

O bispo auxiliar de Suwon instou o governo e o Parlamento a garantir um ambiente seguro onde as mulheres possam conceber e dar à luz com confiança e a fornecer consultas sobre o risco de aborto e efeitos colaterais. Ele também destacou a necessidade de reconhecer “o direito à objeção de consciência ao aborto” e de “melhorar a sociedade e o sistema social na direção do respeito pela vida”.

Apelando aos fiéis para se oporem às leis que vão contra sua consciência, o prelado declarou que os cristãos "não devem cooperar em atos contrários à lei de Deus, mesmo que a lei nacional o permita" e devem "proclamar o Evangelho da vida a todas as pessoas no mundo, por meio da oração em comunhão, da educação à vida e uma campanha e uma participação ativa”.

Vatican News Service - AP

Morre menino que criou imagem de Nossa Senhora dos Rins: “Deixará o céu mais colorido”

Daniel Neves com a imagem de Nossa Senhora dos Rins.
Foto: Instagram / Reprodução

REDAÇÃO CENTRAL, 20 mai. 21 / 11:00 am (ACI).- Daniel Neves, o menino de 13 anos que pintava quadros para custear seu tratamento de saúde e criou a imagem de Nossa Senhora dos Rins, morreu no dia 18 de maio, após ficar 13 dias internado por Covid-19. “Agora, você deixará o céu mais colorido”, diz mensagem publicada em seu perfil no Instagram.

Daniel foi diagnosticado, aos 8 meses, com rins policísticos, fibrose hepática e problemas no baço, doenças que o fizeram passar praticamente toda a sua vida no hospital. Quando completou 5 anos, seus rins pararam de funcionar e teve que fazer hemodiálise todas as semanas. Foi nessa ocasião que aprendeu a pintar e os quadros passaram a ajudar a custear seu tratamento.

Em suas telas, retratava principalmente santos católicos. Além disso, o menino, que aguardava na fila para um transplante renal, também criou a imagem de Nossa Senhora dos Rins, para que a Virgem o protegesse durante a operação e indicasse aos médicos como realizar o procedimento com sucesso.

https://www.instagram.com/p/Bj76pLZlsLN/?utm_source=ig_embed&ig_rid=a8e466b0-2775-46ea-8341-d3450d50647f

Daniel era natural de Guanambi (BA) e morava com a mãe, Cleide Neves, em um apartamento emprestado em Salvador (BA). A cada três meses, viajava para São Paulo (SP), para fazer os tratamentos necessários.

O menino morreu no último dia 18 de maio, por volta das 15h30. “Ele estava há 13 dias internado com Covid. Sua saúde já estava muito frágil por conta dos problemas de saúde”, informou uma nota publicada nos stories de seu Instagram.

“Ele lutou bravamente até o fim. Obrigada a todos pelo carinho e apoio durante odos esses anos. Vocês foram parte da vida dele, do amor pelos desenhos... Que Deus abençoe a todos”, disse ainda a nota.

Outra mensagem publicada na rede social do menino declarou: “Dan, abrigada por ter deixado nossa vida mais especial, doce, divertida e sapeca! Você cativou tanta gente com seu talento, fez tanto sucesso com seus quadrinhos... Agora você deixará o céu mais colorido! Sentiremos sua falta todos os dias! Siga em paz”.

Também afirmou que o “processo de partida” de Daniel “foi especial”. “Deus foi tão misericordioso, que proporcionou a despedida, mesmo tão dolorosa! Você é luz! Sempre será lembrado e amado!”.

https://www.instagram.com/p/CPD8HgkFQfh/?utm_source=ig_embed&ig_rid=ec46ee16-3452-4477-a0a1-b8b9c1df2ae5

Além dos recursos da venda dos quadros, a rede voaa_vaquinhadorazoes realizou uma campanha de doações para ajudar a custear as despesas do menino. Ao comunicar em suas redes sociais sobre a morte de Daniel, voaa afirmou que “nem temos como colocar em palavras o quanto estamos tristes e abalados”. “Menino lindo, querido por todos, dócil, cheio de sonhos...Que falta fará!”

A campanha arrecadou mais de R$ 216 mil. “Esse valor estava ajudando muito no tratamento dele e continuará ajudando a família nesse momento tão difícil. Vá em paz, querido Dani”, afirmou a rede voaa.

ACI Digital

Bispos da Amazônia publicam carta aberta ao povo brasileiro

Carta dos bispos da Amazônia ao povo brasileiro

A Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) divulgam nesta quarta-feira, 19 de maio, a carta aprovada pelos bispos da Amazônia que reunidos, de modo on-line, entre os dias 18 e 19 de maio, se dirigirem ao povo brasileiro diante às ameaças a toda casa comum e, especialmente, ao bioma amazônico.

Vatican News

No texto da carta aprovada pelos bispos da Amazônia os prelados a firmam que se sentem “sensibilizados pela situação de vulnerabilidade e ameaças que sofre toda casa comum, agravada pela pandemia da Covid-19, e pelo acirramento das disputas territoriais com expansão das atividades minerais e do agronegócio em terras de populações tradicionais”. Na mensagem, os bispos ressaltam que o cenário político indigenista vivido no Brasil é de “retrocesso” e que a “crise socioambiental, denunciada em 2019 durante o Sínodo, acentuou-se durante a pandemia”.

Os bispos fazem, ainda, um apelo às mais variadas lideranças de cristãos leigos e leigas que “não desaminem da luta” e pedem que a “sensibilidade para com os mais pobres seja permanente”.

Confira a versão na íntegra da carta no arquivo em formato PDF aqui e abaixo:

CARTA ABERTA DO ENCONTRO DOS BISPOS DA AMAZÔNIA LEGAL

Ao povo brasileiro,

“Vi, então, um novo céu e uma nova terra, morada de Deus com sua gente (…).
Nunca mais haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor.
Sim! As coisas antigas passaram! Eis que faço novas todas as coisas” (cf Ap 21, 1- 5).

“Cristo aponta para Amazônia”

A convocação de São Paulo VI, que repetidas vezes nos inspirou como interpelação, se configura agora como profecia: os olhares se voltam para Amazônia, pela riqueza da sua biodiversidade e de seus povos, e isto nos alegra; mas também olhares ambiciosos, que lançam sobre a região um avanço de depredação e ameaça à vida, e isto nos causa indignação. Como Igreja Católica, também nós, lançamos nosso olhar vigilante, nossa escuta contemplativa e esperançosa, nosso comprometimento inequívoco; levantamos nossa voz, renovamos os apelos à ecologia integral, ao cuidado com a casa comum, à proteção e preservação da região e renovamos nosso empenho como aliados dos povos desta Querida Amazônia.

Nós, bispos da Amazônia, presbíteros e diáconos, religiosos e religiosas, cristãos leigos e leigas em profunda sintonia com o Sínodo Pan-Amazônico, reunidos nos dias 18 e 19 de maio de 2021, desta vez nos servindo das tecnologias de comunicação, de distantes nos fizemos próximos, como nos fazemos próximos do nosso povo como uma Igreja que se põe à escuta e acolhe as culturas e tradições amazônicas, expressão do Espírito de Deus. No exercício de nossa missão evangelizadora dirigimos esta mensagem a toda sociedade, aos povos da Amazônia, aos homens e mulheres comprometidos com a defesa da vida. E o fazemos profundamente sensibilizados pela situação de vulnerabilidade e ameaças que sofre toda casa comum, agravada pela pandemia da Covid-19, e pelo acirramento das disputas territoriais com expansão das atividades minerais e do agronegócio em terras de populações tradicionais. A consequência desse cenário de morte tem sido as inúmeras e incontáveis vítimas da pandemia. Chegamos aos quase 440.000 mortos, além dos que sucumbiram diante de processos de violência no campo e na cidade. Nos solidarizamos com todos os que tombaram vítimas do descaso e dos projetos de morte. Como o salmista, reconhecemos a preciosidade da vida de cada homem e de cada mulher que partiu: “É de alto preço, aos olhos do Senhor, a morte dos seus fiéis” (Sl 116,15).

Nosso olhar vigilante

Acompanhamos estarrecidos, mas não inertes, o desenrolar de um arquitetado projeto genocida que, por sua vez, revela o devastador agravamento de uma crise que escancara a pobreza diante da escandalosa concentração de riquezas. Este é o sinal evidente da perversidade de uma economia de mercado, embasada no capital especulativo, que se alimenta das necessidades dos estados nacionais, fazendo destes seus novos consumidores. Assim, o capital sequestra a autonomia dos Estados, exige e dita os novos rumos da política, rompe com as históricas conquistas sociais, desmonta as instituições e políticas de seguridade, alimenta-se das posturas extremistas, que por sua vez buscam na religião sua legitimidade de expressão. Essa perversidade busca revestir-se de um maquiado desejo de liberdade e de autonomia diante da lei, derruba os marcos legais que garantem o equilíbrio das relações e a salvaguarda do bem comum. As lutas das populações da Amazônia têm diante de si o escandaloso desafio da pretensiosa legalidade do ilícito. Ou apelamos para a garantia legal da vida e dos territórios, ou nos defendemos quando o extermínio se torna lei!

Este dinamismo é escancaradamente presente diante da questão das lutas dos povos indígenas. O cenário político indigenista vivido no Brasil é de retrocesso, com o agravamento das violações dos direitos destes povos, principalmente no que se refere à regularização dos seus territórios. Eles enfrentam invasões de suas terras, incentivadas por estratégias políticas que favorecem a exploração, por garimpeiros, mineradoras, madeireiros, desmatadores, agentes do agronegócio, entre tantos outros, gerando toda espécie de violências e violações de direitos humanos e da natureza. Somam-se os incêndios, poluição das águas dos rios, contaminação de peixes, contaminação das pessoas e dos animais; assassinatos, violência sexual, pandemia, desassistência.

Percebemos, também, que a crise socioambiental, denunciada em 2019 durante o Sínodo, acentuou-se durante a pandemia e revela os limites de um sistema que está sendo rapidamente destruído e que tende a perecer se a crise não for detida. Preocupa-nos a cadeia de iniciativas em vista do desmonte e fragilização da legislação socioambiental e fundiária: O PL 3729/2004 que desmonta o sistema de licenciamento ambiental; o PL 2633/2020 e PL 510/2021 que abrem as “porteiras” para a grilagem de terras; o PL 191/2020 permitindo a mineração e atividades econômicas em terras indígenas; o PL 6299/2002 que flexibiliza fabricação e uso de agrotóxicos. A profecia não silencia diante destas práticas: “Ai dos que inventam leis injustas, dos escribas que referendam a injustiça para oprimirem os pobres no julgamento” (Is 10,1-2).

Enquanto escrevemos estas linhas, populações que há mais de 30 anos estavam presentes em seu chão, são despejadas no Assentamento Jacutinga em Porto Nacional – Tocantins, contrariando a recomendação do Conselho Nacional de Justiça de não executar decisões desse tipo em tempo de pandemia.

Outra série de agressões vão se acumulando neste cenário que não escapa aos nossos olhos: as ameaças às unidades de conservação, o acirramento da violência no campo e na cidade, a crise migratória, o feminicídio, a exploração sexual, o trabalho escravo, o tráfico de pessoas, entre tantos. Como se não bastassem essas crises provocadas pela intervenção humana, o fenômeno das enchentes, que pode ser agravado pelas mudanças climáticas, castiga nossas populações ribeirinhas. De olho nas águas, percebemos uma iminente crise hídrica como pauta de um próximo embate.

Somos sabedores que os governantes têm o dever constitucional de agir para evitar a destruição das riquezas naturais e implementar políticas públicas que amenizem a situação de desigualdade e pobreza, porém, na Amazônia isso não vem acontecendo. Assistimos um governo que vira as costas a esses clamores, opta pela militarização em seus quadros, semeia estratégias de criminalização de lideranças e provoca conflito entre os pequenos. Dói em nossos corações de pastores as imagens de escárnio e zombaria das dores de nossa gente: “Nossa alma está farta, em extremo, da zombaria dos satisfeitos e do desprezo dos soberbos” (Sl 123,4).

Não obstante este cenário, mantemos viva e acesa nossa esperança no Ressuscitado: “No mundo tereis aflições, mas tende coragem! Eu venci o mundo”. (Jo 16,33)

Nossa escuta contemplativa e esperançosa

Aprendemos da experiência do Sínodo da Amazônia um olhar esperançoso. A Amazônia é também resposta! Ela irrompe como novo sujeito e como novo paradigma pela questão ecológica e pelos seus povos originários. A partir da Amazônia fomos desafiados a assumir esses novos paradigmas em nossa ação evangelizadora. Os caminhos traçados pelo Sínodo da Amazônia, catalogados em forma de compromisso no novo Pacto das Catacumbas pela Casa Comum, deixaram evidente a necessidade de superar uma lógica colonizadora, de escolher a periferia como centro da Igreja, de assumir o caminho da inculturação e interculturalidade, seja no campo dos ministérios como das estruturas: uma Igreja com o rosto Amazônico.

Constatamos com alegria a atuação de uma infinidade de comunidades constituídas e milhares de lideranças de cristãos leigos, na sua maioria mulheres, que atuam no campo da evangelização e educação socioambiental. A partir dos relatórios dos Regionais da CNBB na Amazônia, verificamos que estamos a passos lentos, mas progressivos, tornando concretos os caminhos de conversão propostos no Documento Final do Sínodo e os quatro Sonhos do Papa Francisco na Exortação Apostólica pós-sinodal Querida Amazônia. Foi justamente para retomarmos o ardor do Sínodo da Amazônia e apreciar os passos dados que fomos convocados para este encontro. Perguntamo-nos: “Que mudanças efetivamente têm ocorrido em nossa ação evangelizadora desde as indicações do Sínodo?”

Nosso comprometimento inequívoco

A Igreja na Amazônia já tem um caminho. Somos uma Igreja que age sob a força e inspiração do Espírito de Deus. A liberdade e ousadia do Evangelho são mais fortes que as amarras e os desgastes das estruturas. A conversão pastoral, desde a Conferência de Aparecida (2007), nos interpela, a conversão integral, desde o Sínodo da Amazônia, nos inquieta. Somos sabedores dos desafios de manter a unidade em tempos de conflitos, do nosso papel mediador. Não somos ingênuos de pautar nosso agir em polarizações agressivas, como insistem até mesmo alguns que dizem professar a fé em Jesus Cristo, mas não haja dúvidas de que lado nós estamos: por causa do Evangelho e do Reino reafirmamos nossa incondicional escolha por estas populações, por estes territórios, por estas vidas ameaçadas. Em nada nos fascina qualquer aproximação com esses sistemas perversos, mas também aos que neles se envolvem, anunciamos a Boa Nova de Jesus: “Cumpriu-se o tempo, e está próximo o Reino de Deus. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15)!

Não estamos sozinhos, há outros interlocutores da fé cristã, de outras expressões religiosas, de organizações populares, novos sujeitos emergentes; a partir dos pequeninos nos sentimos irmanados neste compromisso. “Tudo isso nos une. Como não lutar juntos? Como não rezar juntos e trabalhar lado a lado para defender os pobres da Amazônia, mostrar o rosto santo do Senhor e cuidar de sua obra criadora?” (Querida Amazônia 110).

Sentimo-nos impulsionados e animados a reafirmar alguns compromissos:

  • Prosseguir e avançar em nossa pauta pastoral as reflexões e indicações ousadas do Sínodo em torno dos ministérios, como apresenta o Documento Final do Sínodo nos números 103 e 111, e da formação inculturada dos nossos agentes;
  • Elaborar um plano estratégico com diretrizes pastorais, que encarne o sonho social, ecológico, cultural e eclesial para a Pan Amazônia;
  • Incentivar a questão da segurança alimentar como estratégia de cuidado pela vida;
  • Reafirmar nosso envolvimento efetivo com o Pacto pela Vida e pelo Brasil, unindo-nos ao “coro dos lúcidos” fazendo nossas as suas pautas: a vacina para todos, a defesa do SUS, o auxílio emergencial digno, pelo tempo que se fizer necessário e a investigação da responsabilidade pela má gestão do sistema de saúde em meio à pandemia do coronavírus. Da mesma forma tornar vivo o Pacto Educativo Global, proposto Papa Francisco, em todas as regiões da Amazônia. Conclamamos todas as instâncias eclesiais e a sociedade como um todo a unir-se neste engajamento;“O que vos é sussurrado ao ouvido, proclamai-o sobre os telhados” (Mc 10,27). Tendo descoberto a capilaridade das novas dinâmicas de comunicação, das quais nos servimos para chegar junto às nossas comunidades em tempos de distanciamento social, igualmente queremos por meio destes recursos fazer chegar a todos e todas estas nossas inquietações, esperanças e compromissos.

Exortamos, às mais variadas lideranças de cristãos leigos e leigas, que não desanimem da luta, que renovem continuamente o senso de comunhão eclesial, que a paixão pelo Reino de Deus seja sempre alimentada, e que a sensibilidade para com os mais pobres seja permanente.

Não nos faltem a intercessão de nossos mártires, companheiros de caminhada, e o olhar benevolente da Senhora de Nazaré, Mãe da Amazônia: “esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”! A Mãe de Deus está conosco. Sigamos em frente!

Amazônia, 19 de maio de 2021.

Participantes do Encontro Bispos da Amazônia Legal

Fonte: CNBB

Vatican News

TEOLOGIA: Cristo, o Espírito Santo e a Igreja (Parte 2/5)

Ecclesia

Cristo, o Espírito Santo e a Igreja

Ioannis D. Zizioulas*
Trad.: Pe. André Sperandio

2. O problema da síntese entre cristologia e pneumatologia

O que deveria incluir uma síntese adequada entre cristologia e pneumatologia? É preciso colocar esta pergunta antes de se ocupar do problema das instituições eclesiais. Trataremos simplesmente daqueles aspectos que tem a ver com a eclesiologia.

Praticamente ninguém, se é que há alguém, questionaria que cristologia e pneumatologia andam juntas e não podem estar separadas. Falar de «cristomonismo» em qualquer parte da tradição cristã, supõe não compreender ou ser injusto com essa parte da tradição. (O padre Congar o demonstrou em relação com a tradição católica ocidental) [8]. O problema não é se se aceita a importância da pneumatologia na cristologia ou vice-versa. O problema surge em torno a estas duas perguntas: em primeiro lugar, a questão da prioridade. Deve-se fazer depender a cristologia da pneumatologia, ou vice-versa? Em segundo lugar, a questão do conteúdo. Quando falamos de cristologia e pneumatologia, que aspectos particulares da doutrina e da existência cristã temos em conta ?

Em primeiro lugar tratemos do tema da prioridade. Que se trata de uma questão real e não o produto de uma elaboração teológica percebe-se no fato de que não apenas toda a história da teologia que diz respeito à relação entre Oriente e Ocidente, senão e inclusive a teologia e a liturgia mais primitivas que conhecemos se viram afetadas por este problema [9].

Nos mesmos escritos neotestamentários encontramo-nos com a opinião de que o Espírito é dado por Cristo, particularmente por Cristo após sua ressurreição e ascensão («ainda não havia Espírito, porque Jesus não havia sido glorificado») [10], e a opinião de que não há, por assim dize-lo, Cristo até que atua o Espírito, não apenas como um precursor que prepara sua chegada, mas como aquele que constitui sua própria identidade como Cristo, seja no batismo (Marcos) ou em sua concepção biológica (Mateus e Lucas). Ambas as opiniões coexistiam felizmente no mesmo escrito bíblico como fica evidente ao se estudar a obra de Lucas (Evangelho e Atos), o evangelho de João etc. A nível litúrgico, estas duas abordagens se distinguem muito claramente do desenvolvimento de duas tradições referentes a relação entre batismo e confirmação (ou crisma) [11]. Sabe-se que na Síria e Palestina a confirmação precedia liturgicamente o batismo, ao menos até o século IV, enquanto que em outras partes se observava a prática eclesial que finalmente prevaleceu em todas as partes, ou seja, a celebração da confirmação depois do batismo. Dado que a confirmação era normalmente contemplada como o ritual da «entrega do Espírito» poderia-se argumentar que nos casos em que a confirmação precedia o batismo nos encontrávamos com a prioridade da pneumatologia sobre a cristologia enquanto que no outro caso se dava o inverso. Ademais, há indícios de que na Igreja Primitiva o batismo era inconcebível sem a "entrega do Espírito" [12], o que nos faz concluir que os dois ritos estavam unidos em uma síntese tanto litúrgica como teológica, sem ter em conta a questão da prioridade de um aspecto sobre o outro.

Por conseguinte parece que a questão da prioridade entre cristologia e pneumatologia não constitui necessariamente um problema, e durante muito tempo a Igreja não percebeu como um problema esta diversidade de abordagem, tanto a nível litúrgico como teológico. Assim, não há motivo pelo qual as coisas devam ser diferentes hoje em dia como alguns ortodoxos parecem sugerir. O problema só foi resolvido quando estes dois aspectos foram de fato separados um do outro, tanto a nível litúrgico como teológico. A partir de então, a história do Oriente e a do Ocidente passaram a seguir caminhos separados que levaram ao distanciamento e a divisão total. Não apenas separou-se o batismo e a confirmação na liturgia ocidental, se não que a cristologia tendeu a dominar paulatinamente a pneumatologia, sendo o filioque apenas uma parte deste novo desenvolvimento. O Oriente ainda que manteve a unidade litúrgica entre batismo e crisma e assim conservou a síntese original a nível litúrgico, não pôde resistir à tentação de adotar uma atitude reacionária em relação a o Ocidente em sua teologia.

O clima de polêmica e suspeita mútua contribuiu para esta situação e obscureceu todo o panorama. O que devemos e podemos ver claramente agora, entretanto, é que enquanto a unidade de cristologia e pneumatologia não foi rompida, a questão da prioridade pode seguir sendo um «theologúmenon». Por diversas razões que tem a ver com a idiossincrasia ocidental (preocupação pela história, ética etc.), sempre se deu uma certa prioridade  à cristologia sobre a pneumatologia. De fato, há razões para crer que isto podia ser espiritualmente conveniente, especialmente em nossa época. Igualmente, para o Oriente a pneumatologia sempre ocupará um lugar crucial dado o fato de que o etos oriental parece marcado por uma abordagem litúrgica metahistórica em relação com a existência cristã. Diversas preocupações conduzem a diversas ênfases e prioridades. Enquanto o conteúdo essencial tanto da cristologia como da pneumatologia estiver presente, a síntese existirá em sua plenitude. Porém, em que consiste este «conteúdo»? De que adoece a eclesiologia se o conteúdo de cristologia ou pneumatologia é deficiente?

É difícil estabelecer distinções quando há por meio uma unidade. Nossa tarefa neste momento é algo delicado e supõe o risco de fazer separações onde só deveríamos fazer distinções. Temos de ter em conta que, segundo a tradição patrística tanto oriental como ocidental, a atividade de Deus ad extra é una e indivisível: onde está o Filho, ali também estão o Pai e o Espírito; e onde está o Espírito, ali também estão o Pai e o Filho. Não obstante, o aporte de cada uma das pessoas divinas à economia possui suas características peculiares [13] que são relevantes para eclesiologia e haverão de refletir-se nela. Mencionemos algumas destas, em particular, relativas ao Filho e ao Espírito.

O mais óbvio é que somente o Filho se encarna. Tanto o Pai como o Espírito estão implicados na história, mas somente o Filho se faz história. De fato, como veremos mais adiante, ao introduzirmos o tempo e a história no Pai ou no Espírito, negamos automaticamente suas peculiaridades na economia. Estar implicado na história não é o mesmo que fazer-se história. Por conseguinte, a economia, tendo assumido a história e tendo uma história, é apenas e tão somente uma : o acontecimento de Cristo. Inclusive, «acontecimentos» como Pentecostes, que a primeira vista parecem ter um caráter exclusivamente pneumatológico ver-se-hão em relação com o acontecimento de Cristo [14] para que possam definir-se como parte da história da salvação; de outro modo, deixam de ser pneumatológicos em sentido próprio.

Pois bem: se, fazer-se história é a peculiaridade do Filho na economia, qual é o aporte do Espírito? É precisamente o oposto: libertar o filho e a economia das ataduras da história. Se o Filho morre na cruz, sucumbindo assim as ataduras da existência histórica, é o Espírito o que o ressuscita de dentre os mortos [15]. O Espírito é o que se encontra mais além da história [16], e quando atua na história o faz para trazer  à história os últimos dias, o eschaton [17]. Daqui que a primeira peculiaridade fundamental da pneumatologia é seu caráter escatológico. O espírito faz de Cristo um ser escatológico, o último Adão.

Outro importante aporte do Espírito Santo ao acontecimento de Cristo é que, graças a implicação do Espírito Santo na economia, Cristo não é somente um indivíduo, isto é, não é «um» mas «muitos». Esta «personalidade corporativa» de Cristo não se pode conceber sem a pneumatologia. Não é irrelevante que o espírito, desde a época de Paulo, tenha sido associado com a noção de comunhão (κοινωνία) [18]. A pneumatologia aporta à cristologia esta dimensão de comunhão. E é graças a esta função da pneumatologia pelo que podemos dizer que Cristo tem um «corpo», isto é, falar de eclesiologia, da igreja como corpo de Cristo.

Contudo, na teologia cristã  tem havido outras funções atribuídas a obra particular do Espírito, a saber, a inspiração e a santificação. A tradição ortodoxa concedeu particular importância à segunda. Isto é, a ideia de santificação, quiçá pela forte influência que Orígenes sempre exerceu no Oriente. Isto é evidente no monacato como uma forma do que normalmente se chama espiritualidade. Porém, o monacato - e as noções de «santificação» e «espiritualidade» que o subjazem - nunca se converteu em um aspecto decisivo da eclesiologia do Oriente. A eclesiologia na tradição ortodoxa sempre esteve determinada pela liturgia e pela eucaristia; e por esta razão, são os dois primeiros aspectos da pneumatologia, isto é, a escatologia e a comunhão, que têm determinado a eclesiologia ortodoxa. Tanto a escatologia como a comunhão constituem elementos fundamentais da compreensão ortodoxa da eucaristia. O fato de que também sejam, como temos visto, aspectos fundamentais da pneumatologia nos mostra que, se queremos compreender adequadamente a eclesiologia ortodoxa e sua relação com a pneumatologia, devemos nos ocupar principalmente desses dois aspectos da pneumatologia: a escatologia e a comunhão [19].

Tudo isto precisa ser completado com outro aspecto fundamental. Não é suficiente falar da escatologia e da comunhão como aspectos necessários da pneumatologia e da eclesiologia; é necessário que esses aspectos da pneumatologia se transformem em elementos constitutivos da eclesiologia. Por «constitutivos» refiro-me a que estes aspectos da pneumatologia devem condicionar a ontologia mesma da Igreja. O espírito não é algo que anima uma Igreja que existe previamente de algum modo. O espírito faz ser a Igreja. A pneumatologia não tem a ver com o bem-estar da Igreja, mas com seu próprio ser. Não se trata de um dinamismo acrescentando à essência da Igreja. É a essência mesma da Igreja. A Igreja é constituída em e através da escatologia e da comunhão. A pneumatologia é uma categoria ontológica em eclesiologia.

Notas:

[8] Y. Congar, Pneumatologie ou 'Cristomonisme' dans la tradition latine, en Ecclesia a Spiritu Sancto edocta. Mélanges G. Philips, 1970, 41-63. Em sua transcendental obra em 3 volumes, Je crois en l'Espit Saint, 1980, o padre Congar mostra de maneira clara e convincentemente o posto central que a pneumatologia ocupou na teologia ocidental ao longo dos séculos. É uma obra de particular importância e merece especial atenção na atualidade quando se produz o diálogo entre a Igreja Católica e a Ortodoxa. Outro recente estudo de grande relevância sobre o posto da pneumatologia no pensamento ocidental e a obra do Padre Louis Bouyer, Le Consolateur, 1980. A importância da questão da pneumatologia também fica explícita em um artigo do teólogo católico W. Kasper Esprit Christ-Église, en L'expérience de l'Esprit. Mélanges E. Schillebeeckx, 1976, 47-69.

[9] Para um tratamento mas detalhado, cf. meu Implications ecclésiologiques de deux types de Pneumatologie , en Communio Sanctorum . Mélanges J.-J. von Allmen, 1982, 141-154.

[10] Jn 7, 39.

[11] Cf. T. W. Manson, Entry into Membership of the Early Church: Journal of Theological Studies 48 (1947) 24-33.

[12] Cf. G. Lampe, The Seal of the Spirit, 1951. A controvérsia de Lampe com G. Dix sobre este tema (este insistia em que o Espírito somente se dava na confirmação) resulta inútil dada sua variedade na liturgia. Em qualquer caso, o batismo e a confirmação formam uma unidade litúrgica na Igreja Primitiva e por isso o Espírito Santo estava envolto em todo o processo da iniciação cristã.

[13] A unidade das operações divinas ad extra é, segundo os Padres, indivisível, porém não indiferenciável. Cf. J. McIntyre, The Holy Spirit in Greek Patristic Thought: The Scottish Journal of Theology 7 (1954), especialmente 357ss.

[14] No quarto evangelho, por exemplo, Pentecostes é visto como o regresso de Jesus mediante o derramamento do Espírito Santo. Cf. R. E. Brown, The Gospel According to John, 1970,1139. De forma parecida aparece nos Padres: Cf. Cirilo de Alexandria, in Jo. 10,2 e 11,2 (PG 74, 433-436; 453-456).

[15] Romanos, 8,11

[16] Cf. H. U. von Balthasar, Der Unberkannte penseits des Wortes, en Interpretation der Welt. Festschrift R. Guardini, 1966, 638-645.

[17] Atos 2,17.

[18] 2 Coríntios 13,13.

[19]. Ao dizer isto não quero menosprezar a importância da santificação pessoal, especialmente como se entende no monacato. Em todo caso, o monacato ortodoxo está tão intimamente unido com a escatologia que desta forma se relaciona em profundidade com a eclesiologia. O que, não obstante, gostaria de sublinhar é que nenhuma espiritualidade é sã e verdadeiramente cristã se não depende constantemente do acontecimento da comunhão eclesial. A comunidade escatológica por antonomásia se encontra na eucaristia, que é assim o coração de toda a eclesiologia.

Referência:

*ZIZIOULAS, Ioannis D. . Cristo, el Espírito y la Iglesia. In: ZIZIOULAS, Ioannis D. El Ser Eclesial. Persona, comunión, Iglesia . 1ª. ed. Salamanca: Sígueme, 2003. cap. 3, p. 137-155.

ECCLESIA

Mãe de João Paulo II recusou aborto e a Igreja tem um papa santo

O papa João Paulo II (esq.) e o santo com sua mãe /
Domínio público

REDAÇÃO CENTRAL, 19 mai. 21 / 04:00 pm (ACI).- Emilia Wojtyła, mãe de São João Paulo II, disse não ao aborto sugerido pelo médico que a tratou há mais de 101 anos. Graças a ela, o mundo e a Igreja Católica agora têm um grande papa santo.

A história é contada por Maria Siwcowa, vizinha da família Wojtyła na cidade natal de Karol, Wadowice, no livro “Mais perto do coração. Esboços da juventude de Karol Wojtyła - João Paulo II” (em tradução livre). Maria conta que o então famoso ginecologista Jan Moskała diagnosticou a gravidez de Emilia como sendo de alto risco. O médico lhe disse que não poderia levar a gravidez a termo e que a criança não nasceria saudável. Por isso, aconselhou Emilia a fazer um aborto.

Esta situação foi confirmada por duas amigas de Emilia: Maria Kaczorowa e Helena Szczepańska.

A conversa com Maria Kaczorowa foi gravada em 1985 por Roman Gajczak e seu depoimento foi incluído no livro. Naquela época, Kaczorowa, idosa e já doente de cama, era talvez a última pessoa viva que conheceu Emilia.

A parteira de Wadowice, Jadwiga Tatarowa, que cuidou de Emilia durante a gravidez, estava bem ciente do risco que Karol e sua mãe corriam. Seu depoimento revela o sofrimento de Emilia ao ser aconselhada sobre o aborto pelo obstetra mais famoso de Wadowice.

O padre Jakub Gil, reitor da basílica de Wadowice naquela época, confirmou que a profunda fé de Emilia Wojtyła a fez dizer “não” ao aborto, embora ela certamente temesse por sua própria vida e da criança que carregava em seu ventre.

Moskała tinha fama de ser um profissional sério, mas também era um abortista renomado. A tal ponto que alguém chegou a escrever “A Fábrica dos Anjos” na parede do prédio onde tinha seu consultório.

Os pais de Karol decidiram então procurar outro médico, Samuel Taub, judeu, que não só confirmou o risco de complicações, como também incluiu a possibilidade da morte de Emilia. No entanto, não propôs um aborto e aceitou monitorar a gravidez.

Durante a sua visita a Wadowice em 1979, o papa João Paulo II viu a amiga de sua mãe, Helena Szczepańska, e pediu para encontrá-la naquele mesmo dia na paróquia de Wadowice, onde tiveram um diálogo.

O postulador da causa de beatificação do papa peregrino, dom Sławomir Oder, lembra que a atividade de São João Paulo II pelo bem da humanidade não terminou, pois muitas curas são produzidas por sua intercessão.

No contexto do 101º aniversário do nascimento do papa polonês, Krzysztof Witkowski, diretor do Museu da Moeda João Paulo II de Czestochowa, e Artur Witkowski, da Casa da Moeda Pontifícia de Czestochowa, anunciaram o lançamento de uma moeda cunhada em 27 exemplares, um para cada ano de seu pontificado. O dinheiro arrecadado com a venda dessa moeda irá para um grande concerto em Czestochowa e para equipar uma clínica local de atendimento aos sem-teto.

ACI Digital

S. BERNARDINO DE SENA, PRESBÍTERO FRANCISCANO

S. Bernardino de Sena, século XV | Vatican News
20 de maio

As suas Pregações populares eram um fenômeno de massa: Gênova, Milão, Veneza, Roma. Multidões eram atraídas por um frade franzino, capaz de explicar o Evangelho na língua do povo. Fazia vibrar o coração seja de um Papa seja de uma dona de casa, utilizando piadas fogosas para iluminar a fé.
Bernardino era um fenômeno coletivo; ele antecipou muito os tempos – viveu na primeira metade do século XV - a ponto de a sua eloquência chegar a estimular até invenções "tecnológicas", como o uso de bandeirinhas, para saber qual a direção do vento, a fim de posicionar os palanques de onde falava, para que o povo não perdesse nenhuma de suas palavras.

A peste e o saio

Antes de tornar-se um arrebatador de multidões, Bernardino tinha vivido de modo bastante retirado. Ainda jovem doutor em Filosofia e Direito – no início tinha "alergia" pela ideia de ser religioso – mudou de ideia quando Sena, onde viveu como pequeno órfão, foi atingida pela peste.
Transcorria o ano 1400. Bernardino tinha apenas 20 anos de idade, mas, há dois anos já fazia parte da Irmandade dos Disciplinados de Santa Maria da Scala, uma companhia de jovens flageladores. Com eles, por quatro meses, prestou ajuda aos doentes, contraindo a infecção. Porém, conseguiu se salvar. Esta experiência foi marcante para ele, a ponto de optar por entrar para uma Ordem religiosa. De fato, entrou, como noviço, em 1402, a fazer parte da Comunidade dos Franciscanos; após certo tempo, foi transferido para o Convento de Saggiano, na encosta meridional do Monte Amiata. A comunidade, que pertencia à Regra da Observância, - surgida, no seio da Ordem, há 33 anos - era caracterizada pela absoluta pobreza e austeridade, em oposição aos Conventuais mais "brandos".

Na escola de analfabetos

Ao tornar-se sacerdote, Frei Bernardino - que andava descalço e pedia esmolas - se comprometeu para a difusão do estilo da Observância. Por isso, mandou construir um Convento maior, na colina de Capriola, às portas de Sena, onde estudou os grandes doutores e teólogos da Igreja, sobretudo os Franciscanos.
Mas, de qualquer forma, foi o mundo dos camponeses, com o qual estava mais em contato, a "aperfeiçoar" a sua formação. Assim, aprendeu a usar expressões, imagens vivazes e anedotas, e brincava com as pessoas, às quais dava apelidos engraçados.
Estava começando a se afirmar e a ser apreciado como pregador, quando uma doença nas cordas vocais o tornou quase afônico. Após alguns anos nestas condições, Frei Bernardino decidiu pedir para ser exonerado da pregação. Mas, a sua voz voltou a ser não só nítida, mas também musical e penetrante, rico em modulações.

Na terra nua

Nestas alturas, começou a fase das suas longas viagens, indo de uma cidade à outra, atravessando quase toda a Itália.
Em 1438, foi encarregado pelo Ministro geral da Ordem Franciscana para continuar a obra de reforma. Os conventos passam de 20 para 200, todos estimulados a fazer renascer o espírito da Regra de Francisco, adaptando-o às necessidades dos novos tempos.
Apesar do cansaço, Bernardino empreendeu uma nova viagem, com o objetivo de chegar até ao Reino de Nápoles, pregando em Perugia, Assis, Foligno, Espoleto, Rieti. Exausto, entregou-se perto da cidade de Áquila.
Em 20 de maio de 1444, foi transportado, em uma maca, ao Convento de São Francesco da cidade, onde faleceu, no mesmo dia, aos 64 anos. Seu último desejo foi o mesmo do seu fundador: ser deposto na terra nua.

Vatican News

quarta-feira, 19 de maio de 2021

FUNDO MUNDIAL DE SOLIDARIEDADE DESTINOU MAIS DE R$ 680 MILHÕES EM DOAÇÕES NO MUNDO

CNBB

Em 2020, o Fundo Mundial de Solidariedade distribuiu mais de R$ 680 milhões nos cinco continentes. A contribuição do Brasil para este fundo foi de R$ 5.005.994,86. As POM são uma rede mundial de oração e solidariedade à serviço do Papa e colaboram com 1.050 dioceses pobres que dependem da Congregação para a Evangelização dos Povos. São Igrejas jovens nos “territórios de missão”.

O material faz o detalhamento dos valores destinados pela Pontifícia Obra da Propagação da Fé, Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária e Pontifícia Obra de São Pedro Apóstolo. Através de gráficos, pode-se ter conhecimento das áreas que receberam recursos, colaborando com educação, obras sociais, proteção das crianças, catequese, entre outros.

Paulina Jaricot: ajuda em rede

Sua fundação tem origem no fervor missionário expresso por Pauline Jaricot que, na França, em 1822, instituiu a Obra da Propagação da Fé. Ela descobriu uma forma concreta para envolver os fiéis na missão universal da Igreja, através da oração e da arrecadação de fundos. A iniciativa começou com um pequeno círculo de operárias que rezavam pela missão ad gentes e faziam uma pequena doação para sustentar os missionários franceses que estavam na China.

Hoje essa rede de oração e solidariedade se espalhou por todo o mundo, sendo fonte inspiradora para as obras pontifícias. As doações dos cristãos compõem o Fundo Mundial de Solidariedade, que existe para financiar diversos projetos ordinários e extraordinários aprovados durante a Assembleia Geral em Roma, formada por diretores das POM de diversos países.

Acesse a Mensagem do Papa e a distribuição da coleta missionária no mundo

CNBB

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF