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sábado, 22 de maio de 2021

Mosteiro de Santa Rita de Cássia inicia as festividades em honra de sua padroeira

Guadium Press
O Cardeal Angelo Comastri presidirá a festa solene de Santa Rita de Cássia, com a súplica e a bênção das rosas.

Itália – Cássia (21/05/2021 13:10, Gaudium Press) O Mosteiro de Santa Rita de Cássia, na Itália, está pronto para celebrar a festa de sua padroeira, que será transmitida pela internet. A transmissão, que será iniciada nesta sexta-feira, 21, terá mais de oito horas de duração e tem por objetivo proporcionar aos fiéis de todo mundo a possibilidade de participar deste evento.

No ano passado, a transmissão da festa gerou 300 mil visualizações. A priora do mosteiro, sor Maria Rosa Bernardinis, explicou que “por isso, continuamos quebrando os limites da festa, que é cada vez mais capaz de aproximar as pessoas, não só no corpo, mas também no coração. É lá onde a Rita mora e queremos que sua voz e seu amor cheguem lá, para que ninguém se sinta só”.

Guadium Press

Programação da festa de Santa Rita de Cássia

A programação será iniciada nesta sexta-feira, 21 de maio, com a celebração de uma Santa Missa presidida pelo prior geral da Ordem de Santo Agostinho, Padre Alejandro Moral Antón na Basílica de Santa Rita às 16h30 horário local (11h30 no horário de Brasília).

Ao término da celebração eucarística, será realizada a entrega do reconhecimento internacional Santa Rita 2021, que contará com uma mensagem de sor Maria Rosa Bernardinis. Por fim, ocorrerá o trânsito solene de Santa Rita de Cássia.

Guadium Press

Celebração presidida pelo Cardeal Angelo Comastri

Já no dia 22 de maio, festa de Santa Rita de Cássia, se realizará a partir das 10h30 (05h30 no horário de Brasília), uma maratona de orações que será iniciada com a saudação de algumas freiras e devotos, e que terá oito horas de duração. O ato, que será realizado em italiano, contará com tradução para o inglês.

O Cardeal Angelo Comastri presidirá a festa solene de Santa Rita de Cássia, com a súplica e a bênção das rosas. A cerimônia contará com a concelebração de Dom Renato Boccardo, Arcebispo de Spoleto-Norcia e Dom Nazzareno Marconi, Bispo de Macerata-Tolentino-Recanati-Cingoli-Treia.

Guadium Press

Cadastro gratuito no site do evento

Às 19h horário local (14h no horário de Brasília), o reitor da Basílica de Santa Rita, Padre Luciano De Michieli, presidirá uma cerimônia eucarística de ação de graças. Em seguida haverá a bênção das rosas

Os devotos de Santa Rita de Cássia poderão se cadastrar gratuitamente através do site oficial do evento para ter acesso a todos os conteúdos dedicados à festa e receber o link para acompanhar as transmissões ao vivo de 21 e 22 de maio. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

Todos os bispos do mundo participarão do próximo sínodo

Sínodo da família / Vatican Media

Vaticano, 21 mai. 21 / 11:01 am (ACI).- O Sínodo dos Bispos sobre sinodalidade terá uma fase preparatória de dois anos que irá envolver todas as dioceses católicas do mundo. O sínodo sobre sinodalidade será oficialmente inaugurado com uma "fase diocesana" em outubro de 2021 e concluído com uma assembleia geral no Vaticano, em outubro de 2023.

Um sínodo é uma reunião de bispos para discutir um tema teológico ou pastoral. O tema para o próximo Sínodo dos Bispos é "Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão".

O cardeal Mario Grech, secretário geral do sínodo dos bispos, disse que o sínodo foi transformado "de um evento num processo". Em entrevista a Vatican News publicada hoje 21, de maio o cardeal disse que o processo contará com uma fase continental e uma fase universal. "O Concílio Vaticano II ensina que o povo de Deus participa no ofício profético de Cristo. Portanto, temos de ouvir o povo de Deus, e isto significa ir às igrejas locais", disse Grech.

Durante a fase diocesana, cada bispo empreende um processo de consulta com a Igreja local de 17 de outubro de 2021, até abril de 2022. O Papa Francisco irá "inaugurar o caminho sinodal" oficialmente no dia 9 de outubro. As dioceses são convidadas a oferecer uma celebração de abertura no dia 17 de outubro.

A Santa Sé lançará então um instrumentum laboris (documento de trabalho em latim) em setembro de 2022 para um período de "discernimento pré-sinodal nas assembleias continentais". Um segundo esboço do documento de trabalho será publicado antes de junho de 2023.

O processo culminará na reunião de bispos no Vaticano em outubro de 2023, que será realizada de acordo com as normas estabelecidas na Constituição Apostólica Episcopalis communio de 2018.

A sinodalidade, tal como definida pela Comissão Teológica Internacional em 2018, é "a ação do Espírito na comunhão do Corpo de Cristo e na viagem missionária do Povo de Deus". O termo se refere a um processo de discernimento que envolve bispos, sacerdotes, religiosos e leigos.

O Sínodo dos Bispos foi estabelecido em 1965 pelo papa São Paulo VI para estreitar a união entre o papa e os bispos do mundo e assegurar "a prestação de informações diretas e reais sobre questões e situações que afetam a ação interna da Igreja e a sua necessária atividade no mundo de hoje".

Os sínodos ordinários acontecem de três em três anos sobre questões votadas pelos delegados sinodais de cada continente e alguns bispos nomeados diretamente pelo papa. Já houve 15 sínodos ordinários. Há também sínodos extraordinários e assembleias especiais do sínodo dos bispos.

O sínodo que teve lugar em outubro de 2019 foi um sínodo especial de Bispos para a região Pan-Amazônica. Na sequência desse sínodo, o Papa sublinhou que "a sinodalidade é uma viagem eclesial que tem uma alma, o Espírito Santo".

Para este próximo sínodo, o Cardeal Grech disse que a Secretaria Geral quis "permitir que todos fizessem ouvir a sua voz, que ouvir é a verdadeira 'conversão pastoral' da Igreja".

"Se Deus quiser, um dos frutos do Sínodo é que todos possamos compreender que um processo de decisão na Igreja começa sempre com a escuta, porque só assim podemos compreender como e para onde o Espírito quer conduzir a Igreja", concluiu.

ACI Digital

Papa: Israelenses e palestinos encontrem o caminho do diálogo e do perdão

A oração do Papa Francisco no Muro das Lamentações em maio de 2014
Vatican News

Para que israelenses e palestinos encontram o caminho do diálogo e do perdão”: por esta intenção, os fiéis são convidados a rezar hoje na vigília de Pentecostes promovida na Terra Santa às 16h no horário de Roma (11h no Brasil).

Vatican News

“Que se eleve em cada comunidade a súplica ao Espírito Santo para que israelenses e palestinos encontrem o caminho do diálogo e do perdão.”

Com esta intenção, os fiéis são convidados a rezar hoje na vigília de Pentecostes promovida pelos Ordinários católicos na Cidade Santa.

O apelo foi lançado na sexta-feira pelo Papa Francisco, ao receber em audiência, no Vaticano, novos embaixadores junto à Santa Sé.

"O meu pensamento vai para o que está acontecendo nestes dias na Terra Santa”, disse o Pontífice, agradecendo a Deus pelo cessar-fogo anunciado por ambas as partes na quinta-feira.

Ao citar a vigília na tarde deste sábado na Igreja de Santo Estêvão, em Jerusalém, Francisco pede “a todos os pastores e fiéis da Igreja católica” que se unam aos ordinários da Terra Santa.

“Que se eleve em cada comunidade a súplica ao Espírito Santo para que israelenses e palestinos encontrem o caminho do diálogo e do perdão, para serem pacientes construtores de paz e de justiça, abrindo-se, passo a passo, a uma esperança comum, a uma convivência entre irmãos."

No domingo, ao final da oração do Regina Coeli, o Pontífice já havia feito um apelo indignado com a violência que atingiu também crianças, definindo-a “terrível e inaceitável”.

Vatican News

HISTÓRIA DE SANTA RITA DE CÁSSIA

Canção Nova

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

Rita nasceu por volta do ano de 1381 em Roccaporena, uma aldeia situada na Prefeitura de Cássia na província de Perugia, filha de Antonio Lotti e Camata Ferri. Os seus pais eram pessoas de fé e a situação econômica não era das melhores, mas decorosa e tranquila.

A história de Santa Rita foi repleta de eventos extraordinários e um destes se mostrou na sua infância. São situações que a tradição dos cristãos quis expressar a missão e vocação dela. A criança, talvez deixada por alguns minutos sozinha em uma cesta na roça enquanto os seus pais trabalhavam na terra, foi circundada dá um enxame de abelhas. Estes insetos recobriram a menina mas estranhamente não a picaram. Um caipira, que no mesmo momento havia ferido a mão com a enxada e estava correndo para ir curar-se, passou na frente da cesta onde estava deitada Rita. Viu as abelhas que rodeavam a criança, começou a mandá-las embora e com grande estupor, à medida que movia o braço, a ferida se cicatrizava completamente.

Rita teria desejado ser monja, todavia ainda jovem (aos 13 anos) os pais, já idosos, a prometeram em casamento a Paulo Ferdinando Mancini, um homem conhecido pelo seu caráter iroso e brutal. Santa Rita, habituada ao dever não opôs resistência e se casou com o jovem oficial que comandava a guarnição de Collegiacone, presumivelmente entre os 17-18 anos, isto é, em torno aos anos 1387-1388.

Do casamento entre Rita e Paulo nasceram dois filhos gêmeos; Giangiacomo Antonio e Paulo Maria que tiveram todo o amor, a ternura e os cuidados da mãe. Rita conseguiu com o seu doce amor e tanta paciência a transformar o caráter do marido, o fazendo ser mais dócil.

Tiveram dois filhos, e ela buscou educá-los na fé e no amor. Porém, eles foram influenciados pelo pai, que antes de se casar se apresentava com uma boa índole, mas depois se mostrou fanfarrão, traidor, entregue aos vícios. E seus filhos o acompanharam.

Rita então, chorava, orava, intercedia e sempre dava bom exemplo a eles. E passou por um grande sofrimento ao ver o marido assassinado e ao descobrir depois que os dois filhos pensavam em vingar a morte do pai. Com um amor heroico por suas almas, ela suplicou a Deus que os levasse antes que cometessem esse grave pecado. Pouco tempo mais tarde, os dois rapazes morreram depois de preparar-se para o encontro com Deus.

Sem o marido e filhos, Santa Rita entregou-se à oração, penitência e obras de caridade e tentou ser admitida no Convento Agostiniano em Cássia, fato que foi recusado no início. No entanto, ela não desistiu e manteve-se em oração, pedindo a intercessão de seus três santos patronos – São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolas de Tolentino – e milagrosamente foi aceita no convento. Isso aconteceu por volta de 1441.

Seu refúgio era Jesus Cristo. A santa de hoje viveu os impossíveis de sua vida se refugiando no Senhor. Rita quis ser religiosa. Já era uma esposa santa, tornou-se uma viúva santa e depois uma religiosa exemplar. Ela recebeu um estigma na testa, que a fez sofrer muito devido à humilhação que sentia, pois cheirava mal e incomodava os outros. Por isso teve que viver resguardada.

Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis e do perdão, deixou-nos um legado de fé e perseverança, transmitido por sua vida de amor ao próximo e ao Senhor. Dedicada a Cristo e Seus ensinamentos, foi Seu instrumento para a realização de muitos milagres. Por sua devoção e espiritualidade, recebeu o estigma que a acompanhou durante toda a vida e lhe permitiu compartilhar com Jesus as dores de Sua Paixão.

Santa Rita, modelo de humildade e bondade, viveu o Evangelho a tal extremo que foi capaz de perdoar os assassinos de seu marido e de orar por eles. Conheçamos, nestes tempos de individualismo e guerras, a história daquela que praticou e defendeu o maior ensinamento do Senhor: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”

Para Rita os últimos 15 anos de sua vida foram de sofrimento sem trégua. A sua perseverança na oração a levava a passar até 15 dias correntes na sua cela “sem falar com ninguém se não com Deus”, além do mais usava também o cilicio que lhe dava tanto sofrimento, submetia o seu corpo a muitas mortificações: dormia no chão até que se adoentou e assim ficou até os últimos anos da sua vida.

Cinco meses antes da morte de Rita, um dia de inverno com a temperatura rígida e um manto de neve cobria tudo, uma parente lhe foi visitar e antes de ir embora perguntou à Santa se Ela desejava alguma coisa, Rita respondeu que teria desejado uma rosa da sua horta. Quando voltou a Roccaporena a parente foi à horta e grande foi a sua surpresa quando viu uma belíssima rosa, a colheu e a levou a Rita.

Assim Santa Rita foi denominada a Santa da “Rosa” e dos impossíveis. Santa Rita antes de fechar os olhos para sempre, teve a visão de Jesus e da Virgem Maria que a convidavam no Paraíso. Uma monja viu a sua alma subir ao céu acompanhada de Anjos e contemporaneamente os sinos da igreja começaram a tocar sozinhos, enquanto um perfume suavíssimo se espalhou por todo o Mosteiro e do seu quarto viram uma luz luminosa como se fosse entrado o Sol. Era o dia 22 de Maio de 1447. Santa Rita de Cássia foi beatificada 180 anos depois da sua subida aos céus e proclamada Santa após 453 anos da sua morte.

A primeira Igreja dedicada a Santa Rita erigida no Rio de Janeiro foi em 1710. A sua Igreja, erigida no centro da cidade, é um importante centro de evangelização. Depois muitas outras paróquias e capelas foram dedicadas a “santa dos impossíveis”. Todos os santos nos demonstram que a razão primeira e última de suas vidas foi Jesus Cristo. E é só por Ele que podemos compreender suas vidas e virtudes. Por isso eles nos apontam para o centro de nossa vida e pedra angular da construção da humanidade: o Senhor Jesus Cristo. Acorramos a Santa Rita e nela busquemos os exemplos para vivermos a esperança como virtude cristã que só o Cristo Ressuscitado pode nos proporcionar no cotidiano de nossas vidas. Santa Rita! Rogai por nós!

CNBB

sexta-feira, 21 de maio de 2021

TEOLOGIA: Cristo, o Espírito Santo e a Igreja (Parte 3/5)

Ecclesia

Cristo, o Espírito Santo e a Igreja

Ioannis D. Zizioulas*
Trad.: Pe. André Sperandio

3. Implicações para a síntese da eclesiologia

Tudo isto soa assim como algo teórico. Aplicando-se a existência concreta da Igreja será mais fácil explicar algumas das peculiaridades da eclesiologia ortodoxa.

a) A importância da Igreja local em eclesiologia

Chegou a brilhar em nossa época com força especial a raiz da obra de N. Afanasiev e sua «eclesiologia eucarística». Isto porém não foi ainda justificado em termos de pneumatologia. Tratarei de fazer aqui um primeiro intento referindo-me ao que acabei de dizer sobre o caráter constitutivo da pneumatologia tanto na cristologia como na eclesiologia.

A Igreja é o Corpo de Cristo, o que significa que foi instituída mediante o único acontecimento cristológico: é una porque Cristo é uno, e deve seu ser a este Cristo. Se a pneumatologia não é ontologicamente constitutiva da cristologia, isto pode significar que há primeiro uma igreja e depois muitas igrejas. Por exemplo, K. Rahner argumenta que a «essência» da Igreja radica na Igreja universal; é a existência da Igreja o que a faz local [20]. Entretanto, se se faz da pneumatologia algo constitutivo da cristologia e da eclesiologia, não é possível falar nesses termos. O espírito é neste caso o que constitui ontologicamente o Corpo de Cristo. O acontecimento pentecostal é um acontecimento eclesiologicamente constitutivo. O único acontecimento de Cristo toma a forma de acontecimentos (em plural) que são tão ontologicamente primordiais como o próprio acontecimento de Cristo. As Igrejas locais são tão primordiais em eclesiologia como a Igreja universal. Nessa eclesiologia não se pode conceber uma prioridade da Igreja universal sobre a Igreja local.

Desde Afanasiev essa ideia  se tornou frequente na teologia ortodoxa. Porém, nisso há um perigo que Afanasiev não contemplou e que muitos teólogos ortodoxos tampouco são capazes de ver. Devido à falta de uma síntese adequada entre cristologia e pneumatologia na eclesiologia ortodoxa, frequentemente se assume demasiado facilmente que a eclesiologia eucarística conduz a prioridade da Igreja local sobre a Igreja universal [21], a uma espécie de «congregacionalismo». Porém, como tentei mostrar em outro estudo [22], Afanasiev estava equivocado ao tirar estas conclusões, porque a natureza da eucaristia aponta não em direção a prioridade da Igreja local, mas em direção a simultaneidade da local e da universal. Há somente uma eucaristia que sempre se oferece em nome da «Igreja una, santa, católica e apostólica». O dilema «local ou universal» é transcendido na eucaristia e o mesmo ocorre com qualquer dicotomia entre cristologia e pneumatologia.

Para tornar isto ainda mais concreto, ocupemo-nos de como de fato funciona esta simultaneidade em eclesiologia. Isto nos leva diretamente à questão das instituições eclesiais: que estruturas e instituições eclesiais existem que ajudam a Igreja a manter o equilíbrio adequado entre o local e o universal? Como devem interpretar-se estas estruturas e instituições para que façam justiça a essa síntese adequada entre cristologia e pneumatologia pela qual temos advogado?

b) O significado da conciliaridade

É verdade que a ortodoxia não tem um papa. Mas não é verdade que em substituição celebre concílios. O Concílio não se apresenta na teologia ortodoxa como um substituto do Papa católico, e isso pela simples razão de que o concílio não pode exercer o papel do Papa ou substituir seu ministério. A verdadeira natureza da conciliaridade na teologia ortodoxa somente pode se entender à luz do que foi denominado o papel constitutivo da pneumatologia na eclesiologia e do fato de que a pneumatologia supõe a noção de comunhão.

raison d'être teológica de la conciliaridade - ou da instituição do sínodo - há de encontrar-se na idéia de que a comunhão (que, como vimos, é uma característica da pneumatologia) é uma categoria ontológica da eclesiologia. Aqui se torna evidente a importância que a teologia trinitária tem para eclesiologia. Parece existir uma equivalência completa entre a teologia trinitária como se desenvolveu particularmente entre os Padres capadócios -especialmente com São Basílio - e a eclesiologia ortodoxa. Deixe-me dizer algo a este respeito, porque acredito que isto é essencial e não suficientemente valorizado.

Uma das particularidades mais chamativas do ensino de São Basílio sobre Deus, comparada com a de Santo Atanásio e certamente com a dos Padres latinos, é que parece não estar satisfeito com a noção de substância como categoria ontológica, e tende a substitui-la pela de κοινωνία, o que é suficientemente significativo para a nossa discussão. Em vez de falar da unidade de Deus em termos de sua natureza una, prefere falar dela em termos da comunhão de pessoas: a comunhão é, para Basílio, uma categoria ontológica. A natureza de Deus é a comunhão [23]. Isto não significa que as pessoas tenham a prioridade ontológica sobre a substância una de Deus, mas que a substância una de Deus coincide com a comunhão das três pessoas.

Em eclesiologia pode-se aplicar tudo isto à relação entre a Igreja local e a universal. Há uma Igreja como há um Deus. Porém, a expressão desta Igreja una é a comunhão das muitas Igrejas locais. A comunhão e a unidade coincidem em eclesiologia.

Contudo, ao contemplar o aspecto institucional da eclesiologia, segue-se que a instituição que se supõe deva expressar a unidade da Igreja deve ser uma instituição que expresse a comunhão. Posto que não existe nenhuma instituição que derive sua existência ou sua autoridade de algo que preceda ao acontecimento de comunhão, senão do acontecimento de comunhão mesmo (isto é o que significa fazer da comunhão algo ontologicamente constitutivo) a instituição da unidade universal não pode ser autossuficiente ou explicável por si mesma  ou anterior ao acontecimento da comunhão; depende dele. Entretanto, de igual maneira não há comunhão anterior à unidade da Igreja: a instituição que expressa esta comunhão deve ser acompanhada mediante uma indicação de que há um ministério que salvaguarda a unidade que a comunhão pretende expressar.

Na sequência podemos ser mais concretos e interpretar nossa visão da sinodalidade à luz destes princípios teológicos.

A instituição canônica do sínodo  é frequentemente mal-entendida na teologia ortodoxa. Às vezes, chama ao sínodo de «a maior autoridade da Igreja» como se a ortodoxia fosse o contraponto «democrático» à Roma monárquica. Muitos ortodoxos consideram o concílio em termos de konziliarismus ocidental do final da Idade Média. O verdadeiro significado do sínodo na tradição ortodoxa, entretanto, me parece que se dá no cânon 34 dos chamados Cânones Apostólicos;  e seu sentido se baseia em dois princípios fundamentais expressos pelo cânon. O primeiro princípio é que em cada província deve haver uma cabeça - uma instituição de unidade -. Não há possibilidade de  alternância ou de ministério coletivo que substitua a esta única cabeça . Os bispos ou as Igrejas locais não podem fazer nada sem a presença desse «uno». Por outro lado, o mesmo cânon proporciona um segundo princípio fundamental, a saber, que o «uno» não pode fazer nada sem os «muitos» [24]. Não há ministério ou instituição que não se expresse em forma de comunhão. Não há «uno» que não seja ao mesmo tempo «muitos». E isto não é o mesmo que a cristologia determinada pela pneumatologia mencionado anteriormente? A pneumatologia, ao ser constitutiva tanto da cristologia como da eclesiologia, torna impossível considerar Cristo como um indivíduo, isto é, sem seu Corpo, ou considerar a Igreja como una  sem considera-la simultaneamente como «muitas».

Para concluir este tema, não se pode compreender corretamente a teologia ortodoxa se se considera a Igreja como uma confederação de Igrejas locais. A visão ortodoxa da Igreja, ao menos é o que a mim parece ser, requer uma instituição que expresse a unidade da Igreja e não simplesmente sua multiplicidade. Porém, a multiplicidade não deve ser submetida à unidade; é constitutiva da unidade. As duas, a unidade e a multiplicidade, devem coincidir em uma instituição que possua um duplo ministério: o ministério do πρώτος (o primeiro) e o ministério dos «muitos» (as cabeças das Igrejas locais).

Notas:

[21] Cf. infra, capítulo 5, nota 11 (216).

[22] Cf. infra, capítulo 4 (p. 157ss.).

[23]. Por exemplo, cf. Basílio, De Sp. S . 18 (PG 32, 194C): «A unidade (de Deus) se acha na koinonia tes theotetos ». Cf., ibid, 153A e 156A. Um estudo detalhado de Basílio mostra que para ele o sentido de homoousios se expressa melhor mediante (...) o uso do termo koinonia . (De Sp. S. 68; Ep. 52, 3; C. Eun. 2,12 etc.) Sobre isto cf. A. Jevtich, Between the ‘Niceans' and the ‘Easterns' The Catholic Confession of. St. Basil : St. Vladimir's Theological Quartely 24, (1980) 244. Para um tratamento mais amplo, cf. meu trabalho The Teaching of the Second Ecumenical Council on the Holy Spirit and Ecumenical Perspective , em J. Saraiva Martins, Credo in Spiritum Sanctum (Atas do Congresso teológico internacional sobre Pneumatologia, Roma, 22-26 de março de 1982), vol. I, 1983, especialmente 29-54.

[24]. O texto do cânon é o seguinte: «Os bispos de toda nação (região ou povo) devem saber quem é o primeiro ( próton) entre eles e lhe estimar como seu cabeça e não fazer nada importante sem seu consentimento; porém cada deverá ocupar-se somente dos assuntos que pertençam a sua própria diocese e ao território submetido a ela. Que ele (isto é, o primeiro) não faça nada sem o consentimento de todos os demais (bispos) porquê deste modo haverá unanimidade e Deus será glorificado por Cristo no Espírito Santo.

Referência:

*ZIZIOULAS, Ioannis D. . Cristo, el Espírito y la Iglesia. In: ZIZIOULAS, Ioannis D. El Ser Eclesial. Persona, comunión, Iglesia . 1ª. ed. Salamanca: Sígueme, 2003. cap. 3, p. 137-155.


ECCLESIA

Como lidar com a tristeza? Santo Tomás de Aquino ensina

Mary Long I Shutterstock
Por Mathilde de Robien

As emoções podem nos fazer tropeçar. Mas os santos nos mostram que as emoções também podem nos permitir crescer, seguir em frente e tomar boas decisões.

“Percebi que não podemos ir à missa deixando nossa raiva ou tristeza na frente da igreja. O Senhor nos pede que venhamos a Ele com todo o nosso ser ”, diz Edwige Billot, casada e mãe de três filhos.

Ela trabalha há 10 anos com recursos humanos e, no início deste ano , publicou um livro em francês sobre como obter orientação dos santos para lidar com nossas emoções (“Et si les saints nous coachaient sur nos émotions ?”).

Billot aprecia a psicologia humana e os testemunhos dos santos. Ela está convencida de que os santos compreenderam até que ponto Deus deseja nos alcançar no âmago de nossas emoções.

Nossas emoções e nosso relacionamento com Deus são, diz ela, duas facetas da vida que podem ser unificadas. Não devemos ignorar nossas emoções (reações fisiológicas do nosso corpo a um evento). Devemos recebê-las, entendê-las e ajudá-las a ir na direção certa.

As emoções podem nos fazer tropeçar. Mas os santos nos mostram que as emoções também podem nos permitir crescer, seguir em frente e tomar boas decisões.

Tristeza e o perigo do desespero

Santo Tomás de Aquino define tristeza como “a dor da alma”. O perigo da tristeza é que podemos nos entregar a ela indefinidamente e afundar no desespero. Esta é a “dor excessiva” contra a qual São Paulo nos adverte (2 Cor 2, 7). Em última análise, esse estado nos distancia de Deus, que é a fonte da esperança.

Santo Tomás destaca o valor das expressões exteriores da dor – “lágrimas e gemidos” – como meio de amenizá-la. Na verdade, para o autor da Summa Theologica,

“Uma coisa dolorosa dói ainda mais se a mantivermos fechada, porque a alma está mais atenta a ela: ao passo que se for permitido escapar, a intenção da alma se dispersa como se fosse nas coisas exteriores, de modo que a tristeza interior é diminuída.” (I-II q. 38 a. 2).

A melancolia se acentua se não aceitamos nossa tristeza. Vamos nos permitir chorar e falar sobre nossa tristeza. Isso nos ajudará a evitar cair na armadilha do desespero.

Aprendendo a chorar

O Papa Francisco nos exorta a isso, dizendo: “Algumas realidades da vida só são visíveis depois que nossos olhos foram limpos pelas lágrimas. Recomendo a todos vocês que se perguntem: Eu aprendi a chorar? ”

“Nosso mundo de hoje precisa chorar!” ele exclamou durante um encontro com jovens nas Filipinas em 18 de janeiro de 2015, diante de uma jovem em lágrimas.

Chorar também é uma forma de colocar nossa tristeza nas mãos de Deus. Permite-nos ser confortados por Aquele que é a fonte de todo o consolo:

“Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das miseri­córdias, Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!” (2 Cor 1,3-4)

Aleteia 

8 chaves para compreender Pentecostes

Pentecostes / Waiting for the World (CC-BY-2.0)

REDAÇÃO CENTRAL, 21 mai. 21 / 06:00 am (ACI).- No próximo domingo, 23 de maio, a Igreja celebra a Festa de Pentecostes, dia em que se cumpriu a promessa de Cristo aos apóstolos de que o Pai lhes enviaria o Espírito Santo para guiá-los na missão evangelizadora. Para compreender mais esta data, apresentamos 8 chaves:

1. O que significa o nome Pentecostes?

Provém da palavra grega que significa “quinquagésimo” (pentecoste). O motivo é porque Pentecostes é o quinquagésimo dia (em grego, pentecoste hemera) depois do Domingo da Páscoa (no calendário cristão).

Este nome começou a ser usado no período final do Antigo Testamento e foi herdada pelos autores do Novo Testamento.

2. Quais outros nomes tem esta festividade?

A festa das semanas; a festa da colheita; o dia dos primeiros frutos.

Hoje em dia, nos círculos judeus, é conhecida como Shavu’ot (em hebraico, “semanas”). Além disso, é conhecida com diferentes nomes em vários idiomas.

Nos países de fala inglesa também é conhecido como “Whitsunday” (Domingo Branco), nome que deriva, provavelmente, das vestes brancas dos recém-batizados.

3. Que tipo de festa Pentecostes foi no Antigo Testamento?

Foi um festival para a colheita e significava que estava chegando ao seu fim. Deuteronômio 16 diz:

“Contarás sete semanas, a partir do momento em que meteres a foice em tua seara. Celebrarás então a festa das Semanas em honra do Senhor, teu Deus, apresentando a oferta espontânea de tua mão, a qual medirás segundo as bênçãos com que o Senhor, teu Deus, te cumulou” (Dt 16,9-10).

4. O que Pentecostes representa no Novo Testamento?

Representa o cumprimento da promessa de Cristo ao final do Evangelho de São Lucas:

“Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de tudo isso. Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai; entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,46-49).

5. Como é simbolizado o Espírito Santo nos eventos no dia de Pentecostes?

O capítulo 2 de Atos dos Apóstolos recorda:

“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”.

Esta passagem contém dois símbolos do Espírito Santo e sua ação: o vento e o fogo.

O vento é um símbolo básico do Espírito Santo; a palavra grega que significa “Espírito” (Pneuma) também significa “vento” e “sopro”. Embora o termo usado para “vento” nesta passagem seja ‘pnoe’ (em termo relacionado com penuma), ao leitor é dado a entender a conexão entre o vento forte e o Espírito Santo.

Em relação ao símbolo do fogo, o Catecismo assinala:

“Enquanto a água significava o nascimento e a fecundidade da vida dada no Espírito Santo, o fogo simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito Santo. O profeta Elias, que ‘apareceu como um fogo e cuja palavra queimava como um facho ardente’ (Sir 48, 1), pela sua oração faz descer o fogo do céu sobre o sacrifício do monte Carmelo, figura do fogo do Espírito Santo, que transforma aquilo em que toca. João Batista, que ‘irá à frente do Senhor com o espírito e a força de Elias’ (Lc 1, 17), anuncia Cristo como Aquele que ‘há-de batizar no Espírito Santo e no fogo’ (Lc 3, 16), aquele Espírito do qual Jesus dirá: ‘Eu vim lançar fogo sobre a terra e só quero que ele se tenha ateado!’ (Lc 12, 49). É sob a forma de línguas, ‘uma espécie de línguas de fogo’, que o Espírito Santo repousa sobre os discípulos na manhã de Pentecostes e os enche de Si (31). A tradição espiritual reterá este simbolismo do fogo como um dos mais expressivos da ação do Espírito Santo (32). «Não apagueis o Espírito!» (1 Ts 5, 19)” (CIC696).

6. Há uma ligação entre as “línguas” de fogo e o fato de os discípulos falarem em outras “línguas” nesta passagem?

Sim. Em ambos os casos a palavra grega para “línguas” é a mesma (glossai) e o leitor é destinado a entender a ligação.

A palavra “língua” é utilizada para significar tanto uma “chama (de fogo)” como o “idioma”.

As “línguas como de fogo” que se distribuem e pousam sobre os discípulos fazem com que comecem a falar milagrosamente em “outras línguas” (ou seja, os idiomas).

Esse é o resultado da ação do Espírito Santo, representado pelo fogo.

7. Quem é o Espírito Santo?

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, o Espírito Santo é a “Terceira Pessoa da Santíssima Trindade”. Ou seja, havendo um só Deus, existem Nele três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Esta verdade foi revelada por Jesus em seu Evangelho.

O Espírito Santo coopera com o Pai e o Filho desde o começo da história até sua consumação, mas é nos últimos tempos, inaugurados com a Encarnação, que o Espírito se revela e nos é dado, quando é reconhecido e acolhido como pessoa. O Senhor Jesus o apresenta a nós e se refere a Ele não como uma potencial impessoal, mas como uma Pessoa diferente, com um agir próprio e um caráter pessoal.

8. O que significa a festa de Pentecostes para nós?

A solenidade de Pentecostes é uma das mais importantes no calendário da Igreja e contém uma rica profundidade de significado. Desta forma, Bento XVI a resumiu em 27 de maio de 2012:

“Esta solenidade faz-nos recordar e reviver a efusão do Espírito Santo sobre os Apóstolos e os outros discípulos, reunidos em oração com a Virgem Maria no Cenáculo (cf. At 2, 1-11). Jesus, tendo ressuscitado e subido ao céu, envia à Igreja o seu Espírito, para que cada cristão possa participar na sua mesma vida divina e tornar-se sua testemunha válida no mundo. O Espírito Santo, irrompendo na história, derrota a sua aridez, abre os corações à esperança, estimula e favorece em nós a maturação na relação com Deus e com o próximo”.

Publicado originalmente em National Catholic Register.

ACI Digital

Bispos colombianos promovem 24 horas de Adoração Eucarística pelo país

Guadium Press
A iniciativa está sendo realizada em todas as capelanias militares do país, envolvendo o Exército, a Marinha, a Aeronáutica e a Polícia Nacional.

Colômbia – Bogotá (20/05/2021 16:40, Gaudium Press) Seguindo o lema “Vamos nos unir em oração como um só povo de Deus”, o Ordinariato Militar da Colômbia está promovendo uma iniciativa de oração intitulada “Rezemos pela Colômbia”.

Católicos são convidados a participarem das 24 horas de Adoração Eucarística

A proposta, que foi iniciada às 08h (horário local) desta quinta-feira, 20 de maio, é convidar os fiéis católicos para 24 horas de Adoração Eucarística pela paz no país, que passa por uma crise política que tem resultado em inúmeros atos de violência e mortes.

A iniciativa está sendo realizada em todas as capelanias militares do país, envolvendo o Exército, a Marinha, a Aeronáutica e a Polícia Nacional.

Guadium Press

Igreja acompanha o diálogo entre o governo e os membros do Comitê de Greve

O diálogo entre o governo e os membros do Comitê de Greve, que continua em várias cidades colombianas, está sendo acompanhado pela Igreja Católica, que manifestou sua proximidade e solidariedade.

A Conferência Episcopal Colombiana e as Nações Unidas continuam a se esforçar para facilitar o processo de diálogo entre as duas partes e pedem para que se mantenha a esperança que nos faz pedir o dom da reconciliação e apoia nossa responsabilidade de ser artesãos da paz. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

Mais de 100 jovens participam na Assembleia Vocacional, no domingo de Pentecostes

Padre Eliseu Lopes, Reitor do Santuário de Monte Cintinha (Cabo Verde) 

Em Cabo Verde, mais de uma centena de jovens das três paróquias da Ilha de São Nicolau já se inscreveram para participar na Assembleia Vocacional, marcada para este domingo, na Comunidade de Fajã, evento que coincide com o domingo de Pentecostes.

Rádio Nova, para o Vatican News

Padre Eliseu Lopes, considera esta festa muito importante para toda a Igreja, e defende encontros desse tipo como uma oportunidade para esclarecimento vocacional no seio da juventude.

Padre Eliseu, é pároco das paróquias de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora da Lapa e ainda Reitor do Santuário Mariano de Monte Cintinha, na Ilha de São Nicolau.

A anteceder a Assembleia Vocacional está programada para este sábado uma vigília de oração orientada e preparada pelos jovens que receberam o sacramento do Crisma no domingo passado pelas mãos do Bispo de Mindelo, Dom Ildo Augusto dos Santos Fortes.

A Assembleia Vocacional tem início às 9 horas e o término está marcado para às 17 horas.

Vatican News

Presidente de Malta diz preferir renunciar a promulgar o aborto

George Vella, presidente de Malta/Foto:
Hamed Malekpour via Wikimedia (CC BY 4.0)

La Valleta, 20 mai. 21 / 01:01 pm (ACI).- O presidente de Malta, George Vella, disse que prefere renunciar ao cargo a promulgar uma lei que descriminalize o aborto no país. Vella, que é médico e preside Malta desde 2019, fez o comentário à agencia NETnews nesta segunda-feira, 17 de maio.

"Jamais assinarei um projeto de lei que envolva a autorização de assassinato", disse Vella. "Não posso impedir o executivo de decidir, isso depende do parlamento. Mas eu tenho a liberdade de, caso não concorde com um projeto de lei, renunciar e ir para casa, e não teria nenhum problema em fazer isso".

A República de Malta é um arquipélago no Mediterrâneo com população de meio milhão de pessoas. Mais de 90% dos habitantes são batizados na Igreja Católica

A declaração de Vella se refere ao projeto de lei apresentado no dia 12 de maio ao parlamento pela deputada independente Marlene Farrugia que descriminaliza o aborto. O projeto propõe a remoção de três artigos do código penal de Malta, que comina pena de até três anos de prisão a quem busque ou ajude a realizar um aborto.

Respondendo se achava que havia casos em que o aborto deveria ser permitido, o presidente de 79 anos disse: "Ou você matou ou não matou, não pode haver meia morte. Eu sou muito claro, neste caso não há "e se..." nem "mas..."".

Os dois principais partidos de Malta declararam sua oposição ao projeto de lei. O Partido Trabalhista se disse aberto a discutir a descriminalização, mas não queria submeter o assunto a votação parlamentar. O Partido Nacionalista disse que jamais favoreceria a descriminalização porque defende o direito à vida desde a concepção até a morte.

O arcebispo de Malta, Charles Scicluna, disse em 13 de maio que a descriminalização do aborto seria um retrocesso. "O ventre de uma mãe é algo querido e sagrado, é lá que a vida humana pode crescer". Rezemos para que o útero continue sendo um lugar de vida, não um lugar onde a matança aconteça", disse o bispo ao jornal Times of Malta.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF