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terça-feira, 25 de maio de 2021

São Beda, o Venerável, presbítero e doutor da Igreja

S. Beda | Paulus Editora
25 de maio
São Beda

O nome Beda em língua saxônica quer dizer oração. São Beda, “o pai da erudição inglesa”, como o definiu o historiador Burke, morreu com 63 anos na abadia de Jarrow, na Inglaterra, após ter ditado a última página de um de seus livros e ter recitado o “Glória ao Pai”. Era a véspera da Ascensão, 25 de maio de 735. “Vivi bastante — disse ao sentir que a morte se aproximava —, e Deus dispôs bem da minha vida”. Beda, nascido em 672 de modesta família operária de Newcastle, recebeu sua formação nos dois mosteiros beneditinos de Wearmouth e Jarrow, e neste último foi ordenado padre aos 22 anos.

As maiores satisfações da sua vida foram por ele mesmo compendiadas em três verbos: aprender, ensinar, escrever. A maior parte de sua obra de escritor tem origem e fim no ensinamento. Escreveu sobre filosofia, cronologia, aritmética, gramática, astronomia, música, medicina, a exemplo do espanhol santo Isidoro. Mas são Beda é antes de tudo teólogo, de linguagem fluida e simples, acessível a todos.

Ele é apresentado como um dos pais de toda a cultura posterior, influindo através da escola de York e da escola carolíngia sobre toda a cultura europeia. Entre os monumentos insignes da historiografia fica a sua História eclesiástica do povo inglês, pela qual mereceu ser proclamado no sínodo de Aquisgrana, em 836, “venerável e doutor admirável dos tempos modernos”. Gostava de autodefinir-se como “historiador verdadeiro”, com a consciência de ter prestado serviço à verdade.

Concluiu a sua volumosa obra histórica com esta oração: “Suplico-te, meu Jesus, que me concedeste atingir com delícia as palavras da tua sabedoria, conceder-me na tua misericórdia chegar um dia a ti, fonte da sabedoria, e contemplar o teu rosto”. O papa Gregório II chamara-o a Roma, mas Beda suplicou-lhe que o deixasse na laboriosa solidão do mosteiro de Jarrow, de onde saiu somente por poucos dias, para estabelecer as bases da escola de York, da qual sairia mais tarde o famoso Alcuíno, mestre da corte carolíngia e fundador da primeira universidade parisiense.

Após ter ditado a última página do seu Comentário de João “agora dirija minha cabeça — disse ao monge escrivão — e faça com que eu possa volver os olhos para o lugar santo onde rezei, porque sinto na alma uma grande doçura”. Foram suas últimas palavras.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

https://www.paulus.com.br/

S. MARIA MADALENA DE PAZZI, VIRGEM

Sta. Maria Madalena de Pazzi | Ordem do Carmo - Portugal
25 de maio
Santa Maria Madalene de Pazzi

Florença renascentista, dominada pela poderosa família dos Médici foi o ambiente onde nasceu Santa Maria Madalena de Pazzi. Porém, o único renascimento que ela desejava era o da Igreja e o único poder que reconhecia era o amor de Deus. A sua força era a oração: uma oração fervorosa e constante, que a acompanhou durante a sua breve existência.
Maria Madalena nasceu, em 1566, no seio de uma nobre família florentina Geri de Pazzi e foi batizada com o nome de Catarina. Desde a sua infância, sentia-se atraída por uma relação íntima com Deus.
Em 1582, com 16 anos, ingressou para o Mosteiro de Santa Maria dos Anjos, onde recebeu o nome de Maria Madalena.

Intenso período místico

Nos primeiros anos de vida monacal, foi acometida por uma doença, que a impedia de se deitar, tanto que emitiu seus votos religiosos sentada em uma cama, colocada diante do altar da Virgem. Desde então, a futura Santa passou por um intenso período místico, que suas coirmãs o descreveram, em uma coleção de vários volumes de manuscritos, entre os quais “Os quarenta dias”, de 1584; “Os colóquios” e as “Revelationi e intelligentie”, de 1585. Em suas crônicas, Maria Madalena exortava a retribuir o amor de Cristo pelo homem, testemunhado pela Paixão.
A partir de 1586, no entanto, a monja passou por uma forte experiência de sofrimento interior: privada do sentimento da graça, sentia-se como "Daniel na cova dos leões", combatida entre provações e tentações, que, depois, foram descritas no volume “Probazione”.

Compromisso com a renovação da Igreja

Naquele preciso momento difícil da sua vida, Maria Madalena sentiu a necessidade de se comprometer com a renovação da Igreja, iniciada no Concílio de Trento. A religiosa começou a escrever várias cartas ao Papa Sisto V, aos Cardeais e Arcebispos, inclusive o de Florença, Dom Alessandro dos Médici (futuro Papa Leão XI).
Em suas missivas, a Santa reiterava a necessidade de uma "renovação da Igreja", também para combater a "tepidez" de tantos batizados.
No total, as suas missivas - ditadas em momentos de êxtase e, talvez, jamais enviadas - foram doze. Nelas, Madalena afirmava, com coragem, escrever "como esposa e não como serva de Deus”, e agir para um aprofundamento teologal de uma aliança esponsal com o Senhor, rica de um amor puro e sem comparação como o amor do Filho.

"Venham amar o Amor!"

Em 1590, terminou o período obscuro de Maria Madalena. Com energias renovadas, decidiu dedicar-se à formação das Noviças, tornando-se seu ponto de referência.
"Venham amar o Amor!", pedia às coirmãs, exortando-as a difundir o anúncio do amor de Deus por todas as criaturas. Logo a seguir, porém, adoeceu gravemente de tuberculose: padeceu, por três anos, de sofrimentos atrozes, que a obrigaram a se retirar da vida ativa da comunidade e a mergulhar, completamente, no "puro sofrimento", por amor a Deus.
Santa Maria Madalena de Pazzi faleceu em 25 de maio de 1607, com apenas 41 anos.

A centralidade da Trindade

A fama de santidade de Maria Madalena já havia se espalhado, tanto que, em menos de vinte anos da sua morte, em 1626, o Papa Urbano VIII a proclamou Beata. Papa Clemente IX a canonizou, em 28 de abril de 1669.
Hoje, seus restos mortais – incorruptíveis - descansam no mosteiro a ela dedicado no bairro Careggi de Florença.
À grande mística florentina deve-se a centralidade da Trindade, na vida espiritual e eclesial, e a vida de experiência interior, como profundo amor a Deus. Porque, enfim, Maria Madalena de Pazzi era uma grande apaixonada pelo Amor.

Vatican News

São Gregório VII, papa

S. Gregório VII | ArquiSP
25 de maio

São Gregório VII

Hildebrando nasceu numa família pobre na cidade de Soana, na Toscana, Itália, em 1020. Desde jovem o atraía a solidão, por isso foi para o mosteiro de Cluny e se tornou monge beneditino. Depois estudou em Laterano, onde se destacou pela inteligência e a firmeza na fé. Galgou a hierarquia eclesiástica e foi consagrado cardeal.

Tornou-se o auxiliar direto dos papas Leão IX e Alexandre II, alcançando respeito e enorme prestígio no colégio cardinalício. Assim, quando faleceu o papa Alexandre II, em 1073, foi aclamado papa pelo povo e pelo clero. Assumiu o nome de Gregório VII e deu início à luta incansável para implantar a reforma, importantíssima para a Igreja, conhecida como "gregoriana".

Há tempos que a decadência de costumes atingia o próprio cristianismo. A mistura do poder terreno com os cargos eclesiásticos fazia enorme estrago no clero. Príncipes e reis movidos por interesses políticos nomeavam bispos, vigários e abades de forma arbitrária.

Desse modo, acabavam designando pessoas despreparadas e muitas vezes indignas de ocupar tais cargos. Reinavam as incompetências, os escândalos morais e o esbanjamento dos bens da Igreja.

Apoiado por Pedro Damião, depois santo e doutor da Igreja, o papa Gregório VII colocou-se firme e energicamente contra a situação. Claro que provocou choques e represálias dos poderosos, principalmente do arrogante imperador Henrique IV, o qual continuou a conferir benefícios eclesiásticos a candidatos indesejáveis.

O papa não teve dúvidas: excomungou o imperador. Tal foi a pressão sobre Henrique IV, que o tirano teve de humilhar-se e pedir perdão, em 1077, para anular a excomunhão, num evento famoso que ficou conhecido como "o episódio de Canossa".

Mas o pedido de clemência era uma bem elaborada jogada política. Pouco tempo depois, o imperador saboreou sua vingança, depondo o papa Gregório VII e nomeando um antipapa, Clemente III. Mesmo assim o papa Gregório VII continuou com as reformas, enfrentando a ira do governante. Foi então exilado em Salerno, onde morreu mártir de suas reformas no dia 25 de maio de 1085, com sessenta e cinco anos.

Passou para a história como o papa da independência da Igreja contra a interferência dos poderosos políticos. Sua última frase, à beira da morte, sem dúvida retrata a síntese de sua existência: "Amei a justiça, odiei a iniqüidade e, por isso, morro no exílio".

Muitos milagres foram atribuídos à intercessão de papa Gregório VII, que teve seu culto autorizado pelo papa Paulo V em 1606.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

segunda-feira, 24 de maio de 2021

HISTÓRIA DE MARIA AUXILIADORA

Wikipedia

Maria Auxiliadora ganhou a invocação de Nossa Senhora Auxiliadora ou Auxílio dos Cristãos  é uma invocação instituída pelo Papa Pio V no ano de 1571, após a grande vitória dos cristãos sobre o exército muçulmano no estreito de Lepanto, que era a porta de entrada para a Europa.

Situação dramática

Nos anos anteriores os turcos muçulmanos, conhecidos e temidos como o Império Otomano, estavam prestes a invadir a Europa através do Estreito de Lepanto. Ali-Pachá, o grande líder otomano, vinha deixando um rastro de destruição do cristianismo por onde passava: igrejas incendiadas, religiosos assassinados, crianças e mulheres violentadas e cidades inteiras destruídas pelo simples fato de serem cristãs.

Igreja Católica, por sua vez, passava por um momento difícil com o início do protestantismo e divisões dentro da Europa. Esse ambiente tornava a Europa cristã frágil diante do poder do exército otomano. Depois de um grande esforço, o Papa Pio V conseguiu unir novamente a Europa em vista do ideal de defender a vida e a fé do povo. Os defensores da Europa formaram uma esquadra com 208 navios e cerca de 80 mil soldados, liderados por D. João da Áustria. Mas os otomanos tinham 286 navios e mais de 120 mil soldados. Dentre estes, mais de 12 mil eram cristãos escravizados que remavam os navios.

A preparação dos soldados

Todos os soldados católicos, sob as ordens de D. João da Áustria, confessaram-se, jejuaram e rezaram o Rosário durante três dias. Depois disso, começou a maior batalha naval de todos os tempos, no dia 7 de outubro de 1571.

Um auxílio do céu: Maria Auxiliadora

Os otomanos começaram vencendo. Após 10 horas de um combate sangrento, os soldados cristãos começaram a temer a derrota, que traria consequências horríveis para a Civilização Cristã. De repente, porém, ficaram surpresos ao verem os otomanos, apavorados, bateram em retirada. Então, a batalha, que parecia perdida, se transformou em vitória.

Vitória documentada

Ao final, os otomanos perderam 224 navios, 130 dos quais capturados e mais de 90 afundados ou incendiados. Além disso, quase 9.000 otomanos foram presos e 25.000 pereceram. As perdas católicas foram bem menores: cerca de 8.000 homens e 17 navios.

Mais tarde alguns otomanos presos confessaram que uma brilhante e majestosa Senhora tinha aparecido no céu fazendo ameaças e causando tanto pavor a eles, que começaram a fugir. Tudo está documentado nas atas de cada navio.

Vitória pela oração a Maria Auxiliadora.

Um pouco mais de tempo e os soldados ficaram sabendo que enquanto acontecia a batalha em Lepanto, os cristãos em Roma, liderados pelo Papa Pio V, não cessavam de rezar o Rosário de Nossa Senhora. Em todas as Igrejas fizeram procissões, jejuns e orações na intenção de proteger e abençoar os soldados cristãos. Souberam também que, no começo da vitória cristã em Lepanto, o Papa Pio V teve uma visão através da qual ficou sabendo da vitória dos soldados de Cristo. A vitória foi confirmada duas semanas depois pelo correio da época.

Nossa Senhora Auxiliadora, a grande Intercessora

Em agradecimento à maravilhosa intervenção de Maria, o Papa introduziu a invocação Auxílio dos Cristãos na Ladainha de Nossa Senhora. Daí o título de Nossa Senhora Auxiliadora e também Maria Auxiliadora.

Dom Bosco: grande divulgador de Maria Auxiliadora

A devoção a Nossa Senhora Auxiliadora, porém, se popularizou ainda mais no ano de 1862, com as aparições de Maria Auxiliadora na cidade de Spoleto para uma criança de cinco anos. Nesse ano, Dom Bosco, tocado pela história das aparições, iniciou em Turim a construção de uma grande Basílica, dedicada a Nossa Senhora Auxiliadora. A partir desse momento, Dom Bosco será o maior devoto e divulgador da devoção a Nossa Senhora Auxiliadora.

Para eternizar seu amor e gratidão para com Nossa Senhora, Dom Bosco, juntamente com Santa Maria Domingas Mazzarello, fundou a Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora.

Ele dizia: Nossa Senhora deseja que a veneremos com o título de Auxiliadora: vivemos em tempos difíceis e necessitamos que a Santíssima Virgem nos ajude a conservar e defender a fé cristã.

A partir de então, a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora cresceu. O Papa Pio IX fundou uma Arquiconfraria em devoção a ela no Santuário de Turim, em 5 de abril de 1870. O Papa enriqueceu esta confraria de muitas indulgências e favores espirituais. No dia 17 de maio de 1903, por decreto do Papa Leão XIII, foi solenemente coroada a imagem de Maria Auxiliadora, que se venera no Santuário de Turim.

Devoção à Maria Auxiliadora e o  seu poder

Por tudo isso, a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora torna-se uma grande bênção para todos aqueles que a procuram, principalmente nos momentos mais difíceis, nas batalhas da vida, nas guerras, na luta contra o mal e nos momentos de angústia. A oração do Rosário acompanhada da invocação a Nossa Senhora Auxiliadora tem feito maravilhas na vida de muitos cristãos ao longo de séculos e continuará fazendo a todos aqueles que a invocarem com fé, esperança e amor.

Maria Auxiliadora, Nossa Senhora Auxiliadora e Protetora do lar

Pelas graças alcançadas, Maria Auxiliadora passou ser chamada também de A Protetora do Lar. Milhares de pessoas testemunham graças alcançadas através da sua intercessão, protegendo as casas contra tragédias, catástrofes, guerras e ajudando nos problemas de família, nas dificuldades domésticas, nas batalhas da vida.

Oração a  Maria Auxiliadora, a Auxiliadora dos Cristãos

Santíssima Virgem Maria, a quem Deus constituiu Auxiliadora dos Cristãos. Nós vos escolhemos como Senhora e Protetora desta casa. Dignai-vos mostrar aqui Vosso auxílio poderoso.  Preservai esta casa de todo perigo: do incêndio, da inundação, do raio, das tempestades, dos ladrões, dos malfeitores, da guerra e de todas as outras calamidades que conheceis. Abençoai, protegei, defendei, guardai como coisa vossa as pessoas que vivem nesta casa. Sobretudo concedei-lhes a graça mais importante, a de viverem sempre na amizade de Deus, evitando o pecado. Dai-lhes a fé que tivestes na Palavra de Deus, e o amor que nutristes para com Vosso Filho Jesus e para com todos aqueles pelos quais Ele morreu na cruz.

Maria, Auxílio dos Cristãos, rogai por todos que moram nesta casa que Vos foi consagrada.

Amém.


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“Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas grandes!”

Sta. Catarina de Sena | cidadenova.org

“Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas grandes!”

A exortação de Santa Catarina de Sena que nos convida a testemunhar o evangelho em toda a sua integridade, com os olhos no ressuscitado.

por Teresa Breda   publicado em 29/04/2021.

Em apenas 33 anos de vida - a mesma idade de Cristo - Catarina Benincasa tornou- se uma grande influência por toda a Europa, consagrando-se ao final da vida Doutora da Igreja e Padroeira do Continente Europeu e da Itália. 

Decidida e firme em sua vocação de doar-se inteiramente à Deus, aos sete anos de idade fez seus votos de virgindade, amadurecendo a vocação até que aos 16 anos conquistasse o aval dos pais rigorosos que queriam que Catarina se casasse, para participar da comunidade das “Mantellate” ou também chamadas Terciárias Dominicanas. 

MÃE E MESTRA

Nascida em 1347, em Sena (Itália), foi a 24ª filha dos 25 filhos que Mona Lapa e Jacomo Benincasa tiveram. Infelizmente, alguns de seus irmãos e irmãs não viveram por muito tempo devido à situação alarmante da peste negra daquele período. De fato, seu casamento pode não ter ocorrido de acordo com as vontades dos pais, mas com certeza, sua aliança com a Igreja pode ser definida como fiel, radical e amorosa.

Muitos íntimos a chamavam de mãe e mestra, dada sua dedicação à comunidade e sua postura firme, mas amável. Após aprender a ler e escrever, Catarina desempenhou um trabalho caritativo intenso, no momento em que a Europa sobrevivia a pestes, a escassez, sofrimentos e guerras. Apesar disso, a santa se tornou uma referência para interessados em cultura e religião. Estes, acabavam por frequentar com certa periodicidade a sua casa e, por tanto, começaram a ser chamados de “catarinados”

TESTEMUNHO DE FÉ E DETERMINAÇÃO

Boa parte de sua vida foi testemunhar a caridade fora dos muros do convento. Cuidou arduamente dos pobres e doentes de peste em sua cidade natal, servindo sempre com um amor único. Sua determinação a conduzia a escrever diversas cartas para autoridades da época. Bispos, políticos ou sacerdotes costumavam receber suas palavras sobre o que via por onde viajava pela Itália. Até hoje, aproximadamente 400 cartas estão resguardadas. 

Sua atuação na igreja era tamanha, que Catarina de Sena teve grande participação no processo de retomada do papado para Roma. Em 1380, quando estava em Roma sob convite do Papa Urbano VI em virtude da rebelião de um grupo de Cardeais, que deu início ao cisma do Ocidente, ela adoece e morre no dia 29 de abril. 

DOUTORA, ESCRITORA E PADROEIRA

Autora da coletânea “Orações” e dos escritos “O Diálogo da Divina Providência” e “Epistolário”, foi detentora de uma ampla sabedoria, coragem, grandeza espiritual e doutrinal, que marcam a Igreja até os dias de hoje. Foi em 1970 que Paulo VI proclamou Catarina Doutora da Igreja. 

Durante uma visão, a santa ouve de Jesus, em 1367: “Munida de uma fé invicta, poderá enfrentar, vitoriosamente, seus adversários”. Hoje, estamos certos de que Catarina de Sena foi a encarnação viva desta visão.

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TEOLOGIA: Cristo, o Espírito Santo e a Igreja (Parte 4/5)

Ecclesia

Cristo, o Espírito Santo e a Igreja

Ioannis D. Zizioulas*
Trad.: Pe. André Sperandio

c) O bispo e a comunidade

Agora podemos nos dedicar às instituições a nível da greja local em si, sempre tendo em conta os mesmos princípios teológicos. Aqui, novamente a comunhão é constitutiva ontologicamente. Porém, como já fizemos notar em conexão com a Igreja universal, há de se manter uma relação adequada entre o «uno» e os «muitos». No caso da Igreja local, o uno está representado pelo ministério do bispo, enquanto que os muitos» estão representados mdiante os outros ministérios e o laicato. Há um princípio fundamental na eclesiologia ortodoxa que data dos primeiros séculos e que reflete a síntese adequada entre a cristologia e a pneumatologia, o que venho advogando. Este princípio é que o «uno» - o bispo - não pode existir sem os «muitos» - a comunidade -, e os «muitos» não podem existir sem o «uno».

Em primeiro lugar, consideremos o princípio de que o «uno» é inconcebível sem os «muitos». Isto se expressa de várias formas a nível canônico. (a). Por um lado, não há ordenação episcopal à margem da comunidade [25]. Posto que a ordenação é uma ação ontologicamente constitutiva do episcopado, fazer depender a ordenação do bispo da presença da comunidade é fazer a comunidade constitutiva da Igreja. Não há Igreja sem comunidade, do mesmo modo que não há Cristo sem Corpo ou o «uno» sem os «muitos». (b). Por outro lado, não há episcopado sem uma comunidade unida a ele [26]. Neste aspecto, há que se destacar um detalhe que marca uma peculiaridade da Igreja ortodoxa comparada com a Igreja católica: o nome da comunidade é mencionado na oração consecratória do bispo. Posto que na Igreja ortodoxa não há missio canônica ou distinção entre a potestas ordinis e a potestas jurisdicciones, o fato de que a comunidade é mencionada na oração consecratória significa que a comunidade forma parte da antologia do episcopado: não há bispo, nem sequer por um instante ou teoricamente, que não esteja condicionado por alguma comunidade. Os «muitos» condicionam ontologicamente o «uno».

Entretanto, de novo isto não é toda a história. Também é verdade o oposto, isto é, que os «muitos» não podem existir sem «uno». De maneira concreta isto se expressa das seguintes formas: em primeiro lugar, não há batismo, que é o ato constitutivo da comunidade, isto é, a base ontológica do laicato, sem o bispo. Os «muitos» não podem ser «muitos» sem o bispo. Por outro lado, não há nenhum tipo de ordenação sem a presença do bispo; o bispo é condição para a existência da comunidade e para sua vida carismática.

d) O caráter icônico das instituições eclesiais

À mútua interdependência entre o «uno» e os «muitos», a esta dupla estrutura da Igreja, se lhe acrescenta outra condição para a sua existência: tanto a ordenação do bispo, que requer a comunidade, como a ordenação do laicato (batismo) ou de qualquer outro ministério, que requer o bispo, deverão estar unidas à eucaristia. Isto me parece indicar que não é suficiente colocar as instituições eclesiais no contexto dessa síntese adequada entre o «uno» e os «muitos». Esse é só um dos componentes da pneumatologia. O outro, mencionado anteriormente, é a escatologia; e, segundo me parece, este aspecto se expressa mediante o fato de que tanto batismo como a ordenação deverão ter lugar no contexto da eucaristia. A eucaristia, ao menos na compreensão ortodoxa, é um acontecimento escatológico. Nela, não só coexistem e se condicionam mutuamente o «uno» e os «muitos», senão que há algo mais: as instituições eclesiais são reflexos do Reino. Em primeiro lugar, são reflexos: a natureza das instituições eclesiais é icônica, isto é, sua ontologia não está radicada na instituição mesma, mas na sua relação com algo mais, com Cristo ou com Deus. Em segundo lugar, são reflexos do Reino: todas as instituições eclesiais devem ter alguma justificação por fazer referência a algo definitivo e não simplesmente por conveniência histórica. São certamente ministérios destinados a servir necessidades históricas e temporais, mas não podem reclamar um estatuto eclesial num sentido estrutural fundamental. A história nunca é uma justificação suficiente para a existência de uma instituição eclesial, faça referência à tradição, à sucessão Apostólica, à escritura ou a uma necessidade histórica real. O espírito santo aponta para mais além da história -claro, não contra ela, ainda que possa e deva muitas vezes apontar contra a história mediante a função profética do ministério -. As instituições eclesiais ao estar condicionadas escatologicamente se convertem em sacramentais, no sentido de estar situadas na dialética entre história e escatologia, entre o  e o ainda não. Portanto, perdem sua auto-suficiência, sua ontologia individualista, e existem epícleticamente, isto é, para a sua eficácia dependem continuamente da oração a oração da comunidade. Não é na história onde as instituições eclesiais encontram sua certeza, (sua validade) mas na constante dependência do Espírito Santo. Isto é o que as fazem sacramentais, o que na linguagem da Igreja ortodoxa pode chamar-se icônicas.

Notas:

[25]. Cf. infra, os capítulos5 e 6 (p. 185ss e 223ss respectivamente).

[26]. Ibid.

Referência:

*ZIZIOULAS, Ioannis D. . Cristo, el Espírito y la Iglesia. In: ZIZIOULAS, Ioannis D. El Ser Eclesial. Persona, comunión, Iglesia . 1ª. ed. Salamanca: Sígueme, 2003. cap. 3, p. 137-155.

ECCLESIA

O dia em que a Mãe da Igreja completou a Praça de São Pedro

Mosaico Mater Ecclesia na Praça de São Pedro /
Crédito: Divulgação / www.opusdei.org

REDAÇÃO CENTRAL, 24 mai. 21 / 08:55 am (ACI).- A Igreja celebra hoje, segunda-feira após Pentecostes, a memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, estabelecida pelo Papa Francisco no início de 2018, invocação mariana cuja imagem completou a Praça de São Pedro em 1981.

Conforme recordado em artigo do site do Opus Dei, em um relato publicado por L’Osservatore Romano em 2011, o arquiteto Javier Cotelo contou sobre a construção do mosaico dedicado a Maria “Mater Ecclesiae”, que se encontra no topo da fachada do braço avançado do Palácio Apostólico e remete também à relação entre São João Paulo II e a Virgem Maria.

No texto, Cotelo admitiu que teve “o privilégio de viver de perto os antecedentes dessa decisão, que põe em evidência duas características” de João Paulo II, “a sua particular relação com os jovens e o seu sentido de agradecimento”.

Como relatou, na Semana Santa de 1980, João Paulo II recebeu em uma audiência milhares de jovens que participavam do Fórum UNIV, encontro internacional de universitários que frequentam Centros do Opus Dei em todo o mundo.

Naquela ocasião, “um dos jovens, chamado Julio Nieto, comentou ao Santo Padre que, depois de observar as imagens da Praça de São Pedro, tinha notado que faltava uma de Nossa Senhora e que, portanto, a praça estava incompleta”. Diante disso, João Paulo II respondeu: “Bem, muito bem! Temos que completar a praça”.

Javier Cotelo disse que “este diálogo chegou aos ouvidos de Dom Álvaro del Portillo, sucessor de São Josemaria Escrivá à frente do Opus Dei”, o qual, “movido pelo desejo de pôr em prática, sem demora, o que considerava um desejo do Santo Padre, pediu-me para pensar num lugar e numa solução para colocar, na praça, uma imagem de Nossa Senhora, acrescentando que se poderia pôr sob a invocação de Mater Ecclesiae”.

“Após várias semanas e depois de várias visitas à praça para encontrar alternativas, apresentei a Dom Álvaro uma possível solução, com as correspondentes fotomontagens e desenhos: substituir uma janela, na esquina do edifício que há entre o Cortile de São Dâmaso e a praça, por um mosaico de Nossa Senhora”.

Este projeto foi enviado ao Santo Padre em 27 de junho de 1980, mas se passaram vários meses sem respostas. Por isso, “voltou-se a enviar ao Santo Padre uma cópia do material, através do então secretário do Papa, Cardeal Stanislaw Dziwisz”.

O arquiteto recordou que meses depois João Paulo II sofreu o atentado na Praça de São Pedro, ao qual sobreviveu, “como ele próprio dizia, graças à proteção de Maria Santíssima”.

“Em sinal de agradecimento, quis que se colocasse uma imagem de Nossa Senhora na praça de São Pedro. Devido a esse encargo do Romano Pontífice, aquela proposta de Dom Álvaro foi submetida à apreciação das autoridades competentes do Vaticano e foi escolhido esse lugar como sede da Mater Ecclesiae”, recordou.

Segundo o arquiteto, o mosaico é “inspirado na Madonna della colonna que procedia da Basílica constantiniana” e foi instalado no dia 7 de dezembro de 1981, tendo sido abençoado pelo Papa João Paulo II no dia seguinte, após a oração do Ângelus.

Naquela ocasião, o Pontífice manifestou o desejo de “que todos os que venham a esta Praça de São Pedro, elevem o olhar para Ela para Lhe dirigir, com sentimento de filial confiança, a sua própria saudação e a sua própria oração”.

“Muitas vezes pensei neste acontecimento como uma pequena demonstração da relação especial de João Paulo II com os jovens; não deixa de ser surpreendente que aquele ‘temos que completar a praça’ que o Papa tinha dito a um universitário um ano e meio antes, se tornasse então realidade”, afirmou Javier Cotelo em seu artigo.

O arquiteto lembrou ainda que em 11 de dezembro daquele mesmo ano, o Pontífice convidou Dom Álvaro Del Portillo para concelebrar a Missa em sua capela privada e tomar o café da manhã.

“Desejava comunicar-lhe a alegria que lhe tinha provocado benzer a imagem da praça e agradecer-lhe a ideia para a sua colocação”, relatou.

Segundo Cotelo, o Santo Padre teve ainda o pormenor de enviar a Dom Álvaro, “alguns dias depois, a cartolina com o desenho, a negro, do mosaico que se utilizou para testar a colocação das peças de cor”. Este desenho "encontra-se atualmente na sede central da Prelazia do Opus Dei”, disse.

ACI Digital

Novo apelo de patriarcas e bispos católicos pelo fim das sanções contra a Síria

Crianças sírias brincam com um pneu em um campo
para deslocados internos na cidade de Maaret Misrin,
Província síria de Idlib, no noroeste da Síria, em 8 de maio de 2021.
(Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP)  (AFP or licensors)

A emergência humanitária e social na Síria, o trabalho da Caritas Síria em apoio à população, a emigração maciça de sírios, em particular dos jovens que não conseguem imaginar seu futuro no país, os frutos da Viagem Apostólica do Papa Francisco ao Iraque estiveram entre os temas tratados no encontro realizado em Aleppo.

Vatican News

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2021/05/24/11/136059081_F136059081.mp3

Um renovado apelo pelo fim das sanções econômicas adotadas contra a Síria, que culminaram com o Caesar Act da administração Trump; o compromisso de trabalhar juntos para mitigar os pesados ​​efeitos sobre a população síria e para deter o êxodo de sírios, especialmente dos jovens e um apelo às Nações Unidas para intervir no novo conflito na Terra Santa. Com estes pedidos concluiu-se o encontro anual do Conselho dos Patriarcas e Bispos Católicos da Síria, realizado de 18 a 20 de maio em Aleppo.

O comunicado final relata que no centro dos trabalhos - no qual também se pronunciou o núncio apostólico em Damasco, cardeal Mario Zenari - ,  esteve a emergência humanitária e social na Síria, reduzida ao limite extremo por dez anos de guerra e pela crise econômica, agora agravada pela pandemia de Covid-19, bem como o trabalho da Caritas Síria em apoio à população. Uma obra – foi destacado - oferecida a todos, sem distinção de pertença religiosa ou étnica, e por meio da qual a Igreja dá um "testemunho visível" da sua presença entre os necessitados e sofredores, "cujo número aumenta a cada dia".

A emigração maciça de sírios, em particular dos jovens que não conseguem vislumbrar um futuro no país, também recebeu a atenção dos patriarcas e bispos católicos. A este respeito, foi sublinhada a necessidade de uma colaboração mais estreita entre as Igrejas, a fim de tentar conter este êxodo e, em particular, convencer os jovens cristãos a permanecerem em suas terras, porque – sublinharam - “acreditamos que a nossa presença e o nosso testemunho neste país são necessários e importantes”.

Os prelados então expressaram sua condenação às operações do exército israelense na Faixa de Gaza, pedindo a intervenção das Nações Unidas para impedir uma escalada do conflito.

Outro tema abordado durante o encontro foi a recente Viagem Apostólica do Papa Francisco ao Iraque, sendo destacados os resultados positivos para os cristãos da região e para as relações com os muçulmanos.

Os prelados também enviaram uma carta ao Papa Francisco para agradecer "seu interesse por nossa pátria, sua defesa dos desfavorecidos, oprimidos e marginalizados e seu constante apelo à fraternidade universal, particularmente evidente na Encíclica Fratelli tutti".

Com relação às iminentes eleições presidenciais na Síria, marcadas para 26 de maio, os bispos exortaram a participação dos cidadãos sírios. Eles então expressaram suas felicitações aos muçulmanos pela recente festa Eid Al Fitr, que marca o fim do Ramadã.

Por fim, dos patriarcas e bispos católicos, o convite aos sírios para rezarem pelo fim da pandemia e "trabalharem juntos para reconstruir uma Síria moderna e um futuro melhor para todos os seus filhos, por meio de um diálogo construtivo e respeitoso de todos, a reconciliação e a rejeição da violência”.

Os trabalhos foram presididos pelo patriarca siro-católico Ignace Youssif III Younan e pelo patriarca greco-católico-melquita Youssef Absi.

Vatican News Service - LZ

Hoje celebra-se a memória da Virgem Maria, Mãe da Igreja

Ícone de Maria, Mãe da Igreja ("Mater Ecclesiae"),
na Praça de São Pedro, em Roma.

A história do mosaico de Maria, Mater Ecclesiae

Um dos elementos arquitetônicos mais recentes na praça de São Pedro é o mosaico dedicado a Maria "Mater Ecclesiae", com o texto Totus Tuus, mais uma demonstração do carinho de São João Paulo II a Nossa Senhora.

Considerações do Papa Francisco

Gostaria de contemplar Maria como imagem e modelo da Igreja. E faço-o, retomando uma expressão do Concílio Vaticano II. Lê-se na Constituição Lumen gentium: “A Mãe de Deus é o modelo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava santo Ambrósio” (n. 63).

MARIA VIVEU A FÉ NA SIMPLICIDADE DOS NUMEROSOS TRABALHOS E PREOCUPAÇÕES DE TODAS AS MÃES

Comecemos a partir do primeiro aspecto: Maria, como modelo de fé . Em que sentido Maria representa um modelo para a fé da Igreja? Pensemos em quem era a Virgem Maria: uma jovem judia que, com todo o seu coração, esperava a redenção do seu povo. Mas naquele coração de jovem filha de Israel havia um segredo que Ela mesma ainda não conhecia: no desígnio de amor de Deus, estava destinada a tornar-se a Mãe do Redentor. Na Anunciação, o Mensageiro de Deus chama-lhe “cheia de graça”, revelando-se este desígnio. Maria responde “sim” e, a partir daquele momento, a fé de Maria recebe uma luz nova: concentra-se em Jesus, o Filho de Deus que dela recebeu a carne e em quem se realizam as promessas de toda a história da salvação. A fé de Maria é o cumprimento da fé de Israel, pois nela está concentrado precisamente todo o caminho, toda a estrada daquele povo que esperava a redenção, e neste sentido Ela é o modelo da fé da Igreja, que tem como centro Cristo, encarnação do amor infinito de Deus.

Como Maria viveu esta fé? Viveu-a na simplicidade dos numerosos trabalhos e preocupações de todas as mães, como prover à comida, à roupa, aos afazeres de casa... Precisamente esta existência normal de Senhora foi o terreno onde se desenvolveram uma relação singular e um diálogo profundo entre Ela e Deus, entre Ela e o seu Filho. O “sim” de Maria, já perfeito desde o início, cresceu até à hora da Cruz. Ali a sua maternidade dilatou-se, abarcando cada um de nós, a nossa vida, para nos orientar rumo ao seu Filho. Maria viveu sempre imersa no mistério do Deus que se fez homem, como primeira e perfeita discípula, meditando tudo no seu coração, à luz do Espírito Santo, para compreender e pôr em prática toda a vontade de Deus.

Podemos interrogar-nos: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa Mãe? Ou pensamos que Ela está distante, que é demasiado diferente de nós? Nos momentos de dificuldade, de provação, de obscuridade, olhamos para Ela como modelo de confiança em Deus que deseja, sempre e somente, o nosso bem? Pensemos nisto, talvez nos faça bem voltar a encontrar Maria como modelo e figura da Igreja nesta fé que Ela tinha!

Venhamos ao segundo aspecto: Maria, modelo de caridade. De que modo Maria é para a Igreja exemplo vivo de amor? Pensemos na sua disponibilidade em relação à sua prima Isabel. Visitando-a, a Virgem Maria não lhe levou apenas uma ajuda material — também isto — mas levou-lhe Jesus, que já vivia no seu ventre. Levar Jesus àquela casa significava levar o júbilo, a alegria completa. Isabel e Zacarias estavam felizes com a gravidez, que parecia impossível na sua idade, mas é a jovem Maria que lhes leva a alegria plena, aquela que vem de Jesus e do Espírito Santo e que se manifesta na caridade gratuita, na partilha, no ajudar-se, no compreender-se.

Nossa Senhora quer trazer também a nós, a todos nós, a dádiva grandiosa que é Jesus; e com Ele traz-nos o seu amor, a sua paz e a sua alegria. Assim a Igreja é como Maria: a Igreja não é uma loja, nem uma agência humanitária; a Igreja não é uma ONG, mas é enviada a levar a todos Cristo e o seu Evangelho; ela não leva a si mesma — seja ela pequena, grande, forte, ou frágil, a Igreja leva Jesus e deve ser como Maria, quando foi visitar Isabel. O que lhe levava Maria? Jesus. A Igreja leva Jesus: este é o centro da Igreja, levar Jesus! Se, por hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, ela seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de Jesus, o amor de Jesus, a caridade de Jesus.

Falamos de Maria, de Jesus. E nós? Nós que somos a Igreja? Qual é o amor que levamos aos outros? É o amor de Jesus que compartilha, perdoa e acompanha, ou é um amor diluído, como se dilui o vinho que parece água? É um amor forte ou frágil, a ponto de seguir as simpatias, procurar a retribuição, um amor interesseiro?

MARIA REZAVA, TRABALHAVA, IA À SINAGOGA... MAS CADA GESTO ERA REALIZADO SEMPRE EM UNIÃO PERFEITA COM JESUS.

Outra pergunta: Jesus gosta do amor interesseiro? Não, não gosta, porque o amor deve ser gratuito, como o seu. Como são as relações nas nossas paróquias, nas nossas comunidades? Tratamo-nos como irmãos e irmãs? Ou julgamo-nos, falamos mal uns dos outros, cuidamos cada um dos próprios “interesses”, ou prestamos atenção uns dos outros? São perguntas de caridade!

E, brevemente, um último aspecto: Maria, modelo de união com Cristo . A vida da Virgem Santa foi a existência de uma mulher do seu povo: Maria rezava, trabalhava, ia à sinagoga... Mas cada gesto era realizado sempre em união perfeita com Jesus. Esta união alcança o seu apogeu no Calvário: aqui Maria une-se ao Filho no martírio do coração e na oferenda da sua vida ao Pai, para a salvação da humanidade. Nossa Senhora fez seu o sofrimento do Filho, aceitando com Ele a vontade do Pai naquela obediência fecunda, que confere a vitória genuína sobre o mal e a morte.

É muito bonita esta realidade que Maria nos ensina: estarmos sempre unidos a Jesus. Podemos perguntar: recordamo-nos de Jesus só quando algo não funciona e temos necessidades, ou a nossa relação é constante, uma amizade profunda, mesmo quanto se trata de segui-lo pelo caminho da cruz?

Peçamos ao Senhor que nos conceda a sua graça, a sua força, a fim de que na nossa vida e na existência de cada comunidade eclesial se reflita o modelo de Maria, Mãe da Igreja ( Audiência, 23 de outubro de 2013).

São Vicente de Lérins

S. Vicente de Lérins | ArquiSP
24 de maio

As notícias que temos sobre o religioso Vicente são poucas. Ele viveu no mosteiro de Lérins, onde foi ordenado sacerdote no século V. Os dados sobre sua vida antes desse período também não são muitos. Tudo indica que ele era um soldado do exército romano e que sua origem seria o norte da França, hoje território da Bélgica.

Alguns registros encontrados em Lérins, escritos por ele mesmo, induzem a crer que seu irmão seria o bispo de Troyes. E ele decidira abandonar a vida desregrada e combativa do exército para "espantar a banalidade e a soberba de sua vida e para dedicar-se somente a Deus na humildade cristã". Vicente, então, optou pela vida monástica e nela despontou como teólogo e escritor famoso, grande reformador do mosteiro de Lérins.

Ingressou nesse mosteiro, fundado por santo Honorato, na ilha francesa localizada defronte a Cannes, já em idade avançada. Ali se ordenou sacerdote e foi eleito abade, pela retidão de caráter e austeridade de vida religiosa.

Transformou o local num florescente centro de cultura e de espiritualidade, verdadeiro celeiro de bispos e santos para a Igreja. Em 434, escreveu sua obra mais famosa, o "Comnitorium", também conhecido como "manual de advertência aos hereges". Mais tarde, são Roberto Belarmino definiu essa obra como "um livro de ouro", porque estabelece alguns critérios básicos para viver integralmente a mensagem evangélica.

Profundo conhecedor das Sagradas Escrituras e dotado de uma grande cultura humanística, os seus escritos são notáveis pelo vigor e estilo apurado, e pela clareza e precisão de pensamento. As obras possuem grande relevância contra a doutrina herética, e outros textos cristológicos e trinitários. Sua obra, em especial a "Advertência aos hereges" teve uma grande difusão e repercussão, atingindo os nossos dias.

Enaltecido pelos católicos e protestantes, porque traz toda a doutrina dos Padres analisadas nas fontes da fé cristã e todos os critérios da doutrina ortodoxa, Vicente era um grande polemista, respeitado até mesmo por são Jerônimo, futuro doutor da Igreja, seu contemporâneo. Os dois travaram grandes debates através de uma rica corresponderia, trazendo luz sobre muitas divergências doutrinais.

Vicente de Lérins teve seu reconhecimento exaltado pelo próprio antagonista, que fez questão de incluí-lo num capítulo da sua famosa obra "Homens ilustres". Morreu no mosteiro no ano 450. A Igreja católica dedica o dia 24 de maio a são Vicente de Lérins, celebrado na mesma data também no Oriente.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF