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quarta-feira, 26 de maio de 2021

Fé, Esperança e Caridade: a bela história das 3 filhas de Santa Sofia

Aleteia
Por Aliénor Goudet

A santa, cujo nome significa "sabedoria", não enfrentou o martírio sozinha. Suas três filhas também deram suas vidas pelo Reino de Cristo.

Não houve adversários mais cruéis para os cristãos do que aqueles dos primeiros séculos. Naquela época, as terras do Império Romano eram mais regadas com sangue do que com água. Quem se dedicava a Cristo corria o risco de sofrer e morrer. Mas nesta escuridão, o brilho da fé de Santa Sofia e de suas filhas (Fé, Esperança e Caridade) se destacou.

No ano de 137, quando os cristãos de Roma fugiam dos soldados do imperador, um boato se espalhou pela cidade. Uma viúva de Milão passava seus dias nas áreas pobres da cidade cuidando mais necessitados.

Com a ajuda de suas três filhas, a viúva chamada Sofia alimentava, cuidava dos pobres e os confortava. Sua gentileza a tornou apreciada por todos. O mesmo vale para suas filhas, tão generosas e prestativas quanto a mãe.

Mas dizem que, ao cair da noite, Sofia fugia para as prisões da cidade. Ela comprava os guardas e visitava os prisioneiros cristãos. Ela orava com eles e os abençoava, lembrando-os da promessa do reino vindouro.

Muitos cristãos passavam por sua provação com os corações iluminados pelas palavras de Sofia. Tão virtuosas quanto ela, Pistis (Fé), Elipis (Esperança) e Agape (Caridade) sempre a seguiam. Mas Sofia e suas filhas sabiam que não poderiam ser fiéis a Cristo fugindo para sempre.

A lenda do martírio

Elas serviam incessantemente a seus irmãos. A chama da fé cristã era reacesa a cada uma de suas orações. Roma não podia ignorar este fogo brilhante que aquecia o coração dos cristãos. Mas Sofia e suas filhas foram presas e levadas à justiça perante o próprio Imperador Adriano. Entretanto diante da beleza e da simplicidade das rés, os juízes ficaram transtornados. Elas seriam, então, soltas sem punição se renunciassem a Cristo. Sem medo, Sofia respondeu que não iria trair o filho de Deus.

O martírio de Fé, Esperança e Caridade

As três meninas foram questionadas separadamente, a fim de usar sua juventude. À Fé, a mais velha, de 12 anos, ofereceram-se belos presentes. Mas ela os rejeitou com desdém. Um carrasco a chicoteou e depois cortou seus seios, antes de mergulhá-la em óleo fervente. Mas a pureza de sua alma não deixou que nenhuma dor a afetasse.

Os torturadores fizeram as mesmas promessas à Esperança, de 10 anos, e a ameaçaram com o destino de sua irmã. Sem hesitar, ela escolheu seguir a irmã mais velha. Ela também não sentiu as chamas queimando-a ou os ganchos rasgando sua carne. 

Caridade, a mais nova, de 9 anos, foi decapitada.

O coração de Sofia, que assistiu a tudo, se dividiu entre a dor de uma mãe que perdeu suas filhas e a alegria de saber que elas estavam perto de Cristo. Porque elas não desistiram de sua pureza. Por crueldade, ela foi autorizada a enterrar os restos mortais de suas filhas, mas foi morta no mesmo local do enterro.

Uma devoção tenaz ao longo dos séculos

A história confirma a existência e o martírio das quatro santas, mas os detalhes deste último são difíceis de verificar. A lenda da tortura testemunha da mesma forma o impacto que essas santas tiveram sobre a população cristã da época. Essa devoção era particularmente notável em Bizâncio e no mundo eslavo.

Os nomes das quatro santas também fornecem uma boa metáfora. A sabedoria gera e guia a fé, a esperança e a caridade, as três virtudes teologais que todo cristão deve seguir e aplicar.

Aleteia

Em Mianmar, duas igrejas atingidas por fogo de artilharia do governo

Guadium Press
Mianmar está em um conflito interno desde um golpe de Estado dos militares em 1 de Fevereiro, seguido de protestos civis.

Redação (25/05/2021 09:24Gaudium Press) Uma igreja católica, localizada a 7 quilômetros de Loikaw, capital do estado de Kayah, em Mianmar, foi atingida por morteiros das tropas do governo que buscavam atacar grupos rebeldes. Kayah é um estado localizado no leste do país. Duas mulheres foram mortas e muitas outras pessoas ficaram feridas dentro da igreja uma vez que lá entraram em busca de refúgio enquanto ocorria o bombardeio.

A Catedral do Sagrado Coração de Pekhon, a 15 quilômetros de Loikaw, também foi danificada pelo fogo de artilharia. Diversas autoridades religiosas pedem que se respeitem as igrejas.

Mianmar está em um conflito interno desde um golpe de Estado dos militares ocorrido em 1 de Fevereiro, seguido de protestos civis. Os militares desconhecem o resultado da eleição de novembro passado, por suspeita de fraude.

Mas recentemente – em 17 de maio – os militares usaram artilharia contra a base aérea de Taungoo e sua unidade militar em Bago, que fica ao norte de Yangon, até há um tempo atrás a capital do país.

30 cidades estão sob toque de recolher das 2oh às 4h; e, em Yangon e Mandalay, cidades importantes e consideradas um dos focos dos protestos, o toque de recolher começa às 18h.

Diversos analistas temem uma guerra civil.

Com informações Fides

https://gaudiumpress.org/

9 dados incríveis da vida de São Felipe Neri

S. Felipe Neri | ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 26 mai. 21 / 06:00 am (ACI).- Hoje é celebrada a festa de São Felipe Neri, padroeiro dos educadores e comediantes. A seguir, apresentamos alguns dados sobre a incrível vida do “Apóstolo de Roma”.

1. Uma experiência mística provocou a sua conversão

Felipe Neri recebeu seus primeiros ensinamentos religiosos dos frades dominicanos do Mosteiro de São Marcos de Florença, na Itália. Entretanto, aos 16 anos, foi enviado a Piedimonte San Germano para ajudar no negócio do primo do seu pai.

Realizou tão bem o seu trabalho que o seu primo decidiu torná-lo herdeiro da sua fortuna. Entretanto, Felipe teve uma experiência mística em uma capela que pertencia aos beneditinos de Monte Cassino e descobriu a sua vocação ao sacerdócio. Imediatamente decidiu se afastar da opulência e dos bens materiais para se mudar em 1533 à cidade de Roma e servir a Deus.

2. É conhecido como o “Apóstolo de Roma”

Depois de abandonar seus estudos de filosofia e teologia – por volta de 1540 –, decidiu fazer apostolado e ensinar o catecismo aos pobres. Naquele tempo, o Colégio Cardinalício era governado pela família Médici e, por isso, muitos cardeais se comportavam como príncipes seculares. Roma estava em um estado de ignorância religiosa, os sacerdotes abandonavam os paroquianos e as igrejas, os costumes desta época não era os melhores.

Durante 40 anos, Felipe foi o melhor catequista de Roma e conseguiu transformar a cidade. Seu apostolado ativo começou com as visitas aos hospitais, depois passou a frequentar as lojas, armazéns, bancos e lugares públicos, exortando as pessoas a servir a Deus.

3. É padroeiro dos comediantes

Definitivamente Felipe recebeu de Deus o dom da alegria e da amabilidade. Como era tão simpático no seu modo de tratar as pessoas, tornava-se facilmente amigo dos trabalhadores, funcionários, vendedores e crianças de rua.

Uma das suas perguntas mais frequentes era: “E quando começaremos a nos tornar melhores?”. Se lhe mostravam boa vontade, costumava explicar as maneiras mais simples para chegar a ser mais piedosos e começar a fazer a vontade de Deus.

Também foi amigo de vários cardeais e príncipes que gostavam dele pelo seu grande senso de humor e humildade.

4. Dedicou-se à oração e às obras de misericórdia

Além do apostolado, Felipe Neri costumava passar a noite na porta de alguma igreja ou nas catacumbas de São Sebastião, perto da Via Appia, para entrar em profunda oração.

Além disso, praticava as obras corporais de misericórdia.

Em 1548, junto com o seu confessor e 15 leigos, fundou a Irmandade da Santíssima Trindade, que se reunia para organizar exercícios espirituais e ajudar os peregrinos necessitados. Assim, fundou o hospital de Santa Trinita dei Pellegrini, onde foram atendidos e cuidados 145 mil peregrinos no ano jubilar de 1575.

5. Podia ler os pensamentos dos seus penitentes e levitar

Em 23 de maio de 1551, aos 36 anos, foi ordenado sacerdote. Pouco tempo depois, começou a viver na igreja de São Jerônimo da Caridade (Itália), onde se dedicou especialmente à confissão. Costumava atender confissões desde a madrugada até o meio-dia, algumas vezes permanecia até a tarde, para atender a uma multidão de penitentes de todas as idades e condições sociais.

Tinha o grande dom de saber confessar muito bem, como também o dom de ler o pensamento dos seus penitentes e os guiava com grande compaixão no caminho da santidade.

Além disso, celebrava com grande devoção a Missa diária que muitos sacerdotes haviam abandonado. Muitas vezes, entrava em êxtase durante a Eucaristia e foi visto levitando em algumas ocasiões. Para não chamar a atenção, tentava celebrar a última Missa do dia, na qual havia menos pessoas.

6. Curava os doentes e previa o futuro

Felipe tinha o dom da cura e restabeleceu a saúde de muitos doentes. Em várias ocasiões também previu o futuro. Vivia em contato com o sobrenatural e frequentemente entrava em êxtase. As pessoas que o viram entrar em êxtase diziam que o seu rosto resplandecia com uma luz celestial.

7. Conheceu Santo Inácio de Loyola

Em 1544, Felipe se tornou amigo de Santo Ignácio de Loyola e quis ser missionário na Ásia, mas depois desistiu, pois desejava continuar o seu trabalho em Roma. Foi assim que formou o núcleo do que mais tarde se tornou a Irmandade do Pequeno Oratório.

Em 1575, essa Irmandade foi chamada de Congregação do Oratório de São Felipe Neri e foi aprovada na bula “Copiosus in misericordia Deus” pelo Papa Gregório XIII.

8. A Virgem Maria apareceu para ele e foi curado

Seu estado de saúde sempre foi delicado. Em certa ocasião, a Virgem apareceu para ele e o curou de uma doença na vesícula. Foi assim: o santo quase havia perdido a consciência, quando de repente se levantou, abriu os braços e exclamou: “Minha bela Senhora! Minha Santa Senhora!”. O médico que o atendeu segurou no seu braço, mas Felipe disse: “Deixe-me abraçar a minha mãe que veio me visitar”.

Depois, percebeu que havia várias testemunhas e escondeu o seu rosto, como uma criança, porque não gostava que o chamassem de santo.

9. Morreu na Solenidade de Corpus Christi

Em 25 de maio de 1595, dia de Corpus Christi, o seu médico o viu transbordando de alegria e disse: “Padre, nunca o vi tão alegre” e ele respondeu: “Alegrei-me quando me disseram: vamos a casa do Senhor”.

Por volta de meia-noite, sofreu um ataque agudo e levantou as mãos para abençoar os sacerdotes que estavam com ele e expirou docemente. Tinha 80 anos.

Foi declarado santo em 1622 e, em Roma, foi considerado o melhor catequista e diretor espiritual.

ACI Digital

S. FILIPE NÉRI, PRESBÍTERO, FUNDADOR DA CONGREGAÇÃO DOS PADRES DO ORATÓRIO

S. Filipe Néri, Carlo Dolci  (© MET)
26 de maio

Nas periferias do centro

Quando Filipe chega a Roma, em 1534, era como uma luz acesa no escuro da miséria, que surgia entre as glórias da Ara Pacis e os lustres travertinos dos palácios reais. O centro da Cidade representa a degradação das periferias: ali, em São Jerônimo, na Via Giulia, Filipe alugou um quartinho. De dia, com rosto simpático e coração orgulhoso, levava, a quem encontrava, o calor de Deus, mesmo sem ser padre e, quando podia, dava um pedaço de pão; dispensava carinho e conforto a quem sofria na repartição do Hospital dos Incuráveis. À noite, a alma de Filipe se aquecia e se envolvia em um diálogo tão íntimo com Deus, a ponto que a sua cama podia ser, sem nenhum problema, no átrio de uma igreja ou na pedra de uma catacumba.

Sempre sorridente

Seu sorriso, - lembra o Papa Francisco, - o transformou em um “apaixonado anunciador da Palavra de Deus”. Este foi o seu segredo, que fez dele um “trabalhador entre as almas”. A sua paternidade espiritual, - observa Francisco, - “reflete-se em suas ações, acompanhada de confiança nas pessoas; enfrentava gestos pessimistas e carrancudos com espírito festivo e alegre, convicto de que a graça não alterava o seu caráter, pelo contrário, conformava, fortalecia e aperfeiçoava”.

“Filipe aproximava-se aos poucos das pessoas, com uma desculpa qualquer, e logo se tornavam seus amigos”, narra seu biógrafo. E o Papa comenta: “Amava a espontaneidade e evitava meios artificiais; escolhia as maneiras mais divertidas para educar às virtudes cristãs; no entanto, mantinha uma disciplina pessoal saudável, que implicava o exercício da vontade para acolher Cristo na concretude da sua vida”.

A Congregação do Oratório

Tudo isso encantava quem, conhecendo Filipe, queria fazer como ele. O “Oratório” nasceu assim, entre as barracas da periferia romana, que, apesar do mau cheiro, de dia eram perfumadas por uma caridade concreta, não como um desenho no papel ou por uma esmola fria caída do céu. “Graças também ao apostolado de São Filipe”, - reconhece o Papa Francisco, - “sua obra pela salvação das almas se tornava uma prioridade para a ação da Igreja; ele compreendeu que os Pastores deviam estar no meio do povo, guiando-o e encorajando-o na fé”. Filipe transformou-se em um verdadeiro pastor, em 1551, tornando-se sacerdote, o que não mudou o seu estilo de vida. Com o tempo, por seu intermédio, nasceu a primeira comunidade, gérmen da futura Congregação, que, em 1575, recebeu o beneplácito do Papa Gregório XIII.

“Sejam obedientes”

“Filhos, sejam humildes e obedientes; sejam humildes e obedientes”, repetia Filipe, lembrando que, para ser filho de Deus, “não era suficiente honrar só os superiores, mas honrar também os semelhantes e inferiores, procurando ser o primeiro a honrar”. Ele exortava a seguir o exemplo de uma alma contemplativa, como Maria aos pés de Jesus, e o pensamento que reinava no coração de Marta, afirmando: “É melhor obedecer ao sacristão e ao porteiro, quando chamam, do que ficar no quarto rezando”.

São Filipe Néri, o terceiro “Apóstolo de Roma”, entregou seu espírito a Deus na madrugada de 26 de maio de 1595. O dinamismo do seu amor nunca diminuiu! A cidade de Roma parece repetir: “Não é hora de dormir, porque o Paraíso não é para ociosos”!

Vatican News

terça-feira, 25 de maio de 2021

A Igreja e a escravidão no Brasil (Parte 1/3)

Presbíteros

A Igreja e a escravidão no Brasil

Em síntese: O Centenário da Abolição da Escravatura no Brasil ocasionou a publicação de várias obras atinentes ao assunto, portadoras de notícias e documentos poucos divulgados referentes à ação humanizadora da Igreja em favor dos escravos. Três dessas obras são utilizadas nas páginas seguintes, pondo-se em relevo traços da atitude da Igreja frente à escravatura.

A ocorrência do Centenário da Abolição no Brasil oferece-nos ocasião de voltar ao assunto, valendo-se de obras recém-editadas sobre o mesmo e portadoras de novos dados, extraídos de Arquivos, que põem em mais claro relevo a ação humanizante da Igreja perante o fato escravagista. De modo especial referimo-nos a três publicações:

Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, A Escravidão. Convergências e Divergências. Ed. Folha de Viçosa 1988.

Idem, A Igreja e a Escravidão. As Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, Rio de Janeiro 1988.

Jaime Balmes, A Igreja Católica em face da Escravidão, com Adendo do Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho: A Igreja e a Escravidão no Brasil, São Paulo 1988.

Estas três obras apresentam informações e documentos pouco divulgados, que passamos a resumir ou ocasionalmente transcrever nas páginas subseqüentes.

1.   O Tráfico Negro no Brasil e a Igreja

1. As tribos da África Ocidental praticavam a venda de homens negros como escravos. Procuravam assim os vencedores na guerra retirar algum lucro da vitória: trocavam por dinheiro ou mercadorias os adversários prisioneiros; para estes, era preferível ser vendidos como escravos a permanecer sob o domínio de africanos vencedores; estes tratavam ignominiosamente os vencidos.

No Brasil, a exploração das minas e demais riquezas naturais sugeriu aos portuguesas a procura de escravos na África – coisa, aliás que já outros povos (como, por exemplo, os árabes da península ibérica) praticavam, para atender aos serviços da agricultura e da indústria. Principalmente após D. Afonso, que reinou até 1453, os reis de Portugal perderam o controle sobre a importação de escravos, de modo que os colonos portugueses, levaram multidões de africanos para a Europa. Conseqüentemente também os trouxeram para o Brasil, fazendo negócios altamente lucrativos tanto para quem vendia como para quem comprava os negros.

2. A Igreja não se calou diante de tais costumes. Entre os documentos que o atestam, além dos que já foram citados em PR, existe uma carta do Papa João VIII, datada de setembro de 873 e dirigida aos Príncipes da Sardenha, que diz:

“Há uma coisa a respeito da qual desejamos admoestar-vos em tom paterno; se não vos emendardes, cometereis grande pecado, e, em vez do lucro que esperais, vereis multiplicadas as vossas desgraças. Com efeito; por instituição dos gregos, muitos homens feitos cativos pelos pagãos são vendidos nas vossas terras e comprados por vossos cidadãos, que os mantêm em servidão. Ora consta ser piedoso e santo, como convém a cristãos, que, uma vez comprados, esses escravos sejam postos em liberdade por amor a Cristo; a quem assim proceda, a recompensa será dada não pelos homens, mas pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isto exortamo-vos e com paterno amor vos mandamos que compreis dos pagãos alguns cativos e os deixeis partir para o bem de vossas almas” (Denzinger-Schönmetzer,  Enquirídio dos Símbolos e Definições nº 668).

O Papa Pio II, em 7 de outubro de 1462, condenou o comércio de escravos como magnum scelus (grande crime)¹.

Em 1571 Tomás de Mercado, teólogo de Sevilha, declarava desumana e ilícita a traficância de escravos, tanto mais que instaurava uma luta fratricida entre os próprios africanos. Em sua Summa de Tratos y Contratos, este autor afirmava não haver justificativa para negócio tão infame.

3. Houve mesmo sacerdotes que se sacrificaram, tanto no Brasil como fora, em favor dos escravos. Sejam citados, entre outros, os Padres Afonso Sandoval S. J. e Pedro Claver. O primeiro foi o pioneiro do trabalho em prol dos negros em Cartagena das Índias, porto de tráfico no Mar das Antilhas; com grande  coragem denunciou os maus tratos de muitos traficantes; através de seus escritos, tentou suscitar uma mentalidade antiescravagista; para melhor trabalhar, procurou conhecer a cultura africana a fim de entender mais perspicazmente aqueles pobres seres humanos que ele defendia.

Quanto a Pedro Claver, em 1610 chegou de Sevilha a Cartagena das Índias, onde o Pe. Sandoval lhe ensinou o amor aos negros. Na Colômbia foi ordenado sacerdote e passou a trabalhar com o Pe. Sandoval junto aos negros. No ano seguinte, foi para o Peru; retornou depois a Cartagena e assumiu também as missões entre os escravos das fazendas do interior. Durante toda a sua vida, cuidou de cerca de trezentos mil escravos. Em 1639, quando o Papa Urbano VIII publicou um documento em favor dos escravos, viveu dias felizes. Todavia esse servidor dos escravos morreu paralítico, de doença contraída nas missões da região pantanosa de Tolu e Finu, aos 8 de setembro de 1654

4. As Constituiçoens primeyras do Arcebispado da Bahia (1707) mais de uma vez se voltaram para a sorte dos escravos, procurando fazer que os senhores lhe propiciassem ou facilitassem os bens espirituais. Assim, por exemplo, no tocante ao sacramento do matrimônio, rezavam as Constituições:

“Conforme o direito divino e humano, os escravos e escravas podem casar com outras cativas ou livres e seus senhores lhe não podem impedir o matrimônio nem o uso dele em tempo e lugar conveniente, nem por esse respeito os podem tratar pior, nem vender para outros lugares remotos, para onde o outro, por ser cativo ou por Ter outro justo impedimento, o não possa seguir, e, fazendo o contrário, pecam mortalmente e tomam sobre suas consciências culpas de seus escravos, que por este temor se deixam muitas vezes estar e permanecer em estado de condenação” (D. Sebastião Monteiro de Vide, Constituiçoens, título 71).

Os sacramentos da Eucaristia e da Penitência eram de fácil acesso aos escravos, principalmente na Quaresma, em vista do cumprimento do preceito pascal.

No concernente ao sacramento da Ordem, o impedimento para os escravos não era racial, mas provinha da própria condição de escravos. Regozijavam-se, porém, quando entravam em contatos com sacerdotes negros, que vinham da Costa de Angola ou da ilha de São Tomé, onde havia um cabido de cônegos todos negros.

5. Deve-se notar também o papel benéfico desempenhado pelas Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, cujas igrejas eram pontos de encontro de escravos e livres; aí cultuavam a Deus e faziam suas devoções como também exprimiam suas aspirações e deixavam via à tona seus íntimos sentimentos.

Dentre os Estatutos dessas Confrarias merecem destaque alguns tópicos como os seguintes:

“Toda pessoa, preta ou branca, de um ou outro sexo, forro ou cativo, de qualquer nação que seja, que quiser ser Irmão desta irmandade, irá à mesa ou à casa do Escrivão da Irmandade pedir-lhe faça assento de Irmandade” (cap. I do Compromisso da Irmandade da Paróquia do Pilar de Ouro Preto).

O capítulo II do mesmo Compromisso reza:

“Haverá nesta Irmandade um Rei e uma Rainha, ambos pretos, de qualquer nação que sejam, os quais serão eleitos todos os anos em mesa a mais votos e serão obrigados assistir com o seu estado as festividades de Nossa Senhora e mais Santos, acompanhando no último dia atrás do pálio”.

Vê-se que nestes textos desaparecem as diferenças raciais; além do que, escravos e livres são equiparados entre si.

6. Descendo através dos tempos, temos uma Carta do Papa Pio VII enviada ao Imperador Napoleão Bonaparte da França, em protesto contra os maus tratos infligidos a homens vendidos como animais; ao que acrescentava: “Proibimos a todo eclesiástico ou leigo apoiar como legítimo, sob qualquer pretexto, este comércio de negros ou pregar ou ensinar em público ou em particular, de qualquer forma, algo contrário a esta Carta Apostólica” (citado por L. Conti, A Igreja Católica e o Tráfico Negreiro, em O Tráfico dos Escravos Negros nos séculos XV-XIX. Lisboa 1979, p. 337).

O mesmo Sumo Pontífice se dirigiu a D. João VI de Portugal nos seguintes termos:

“Dirigimos este ofício paterno à Vossa Majestade, cuja boa vontade nos é planamente conhecida, e de coração a exortamos e solicitamos no Senhor, para que, conforme o conselho de sua prudência, não poupe esforços para que… o vergonhoso comércio de negros seja extirpado para o bem  da religião e do gênero humano”.

Pio VII também muito se empenhou para que no Congresso Internacional de Viena (1814-15) a instituição da escravatura fosse condenada e abolida

7. Quanto à travessia do Oceano Atlântico por parte dos escravos trazidos em navios negreiros, verifica-se hoje que descrições de Castro Alves e outros autores são hiperbólicas e poéticas, fugindo à realidade histórica. Os brancos tinham interesse em prover à conservação da vida de seus escravos em condições tão boas quanto possível, visto que os negros deviam ser oferecidos aos colonos do Brasil, que os examinariam de perto antes de os comprar. Julga-se até que os traficantes contratavam médicos que acompanhavam a população dos navios negreiros.

A propósito:

TERRA, JOÃO EVANGELISTA MARTINS, A Igreja e o Negro no Brasil. Ed. Loyola 1983.
PR 274/1984, pp. 240-247 (síntese do livro acima).
Bíblia, Igreja e Escravidão. Coordenador João Evangelista Martins Terra S. J. Ed. Loyola 1983.
PR 267/1983, pp. 106-132.


https://www.presbiteros.org.br/

Na Polônia floresce o que na Alemanha murchou, diz Bento XVI sobre vocações sacerdotais

Bento XVI em 2010 quando ainda era papa / Vatican Media

REDAÇÃO CENTRAL, 25 mai. 21 / 12:00 pm (ACI).- “É maravilhoso ver como na Polônia ainda floresce o que na Alemanha murchou”, disse o papa emérito Bento XVI em carta a um seminário menor na Polônia. O papa alemão aposentado escreveu do dia 7 de maio em resposta a uma carta do seminário menor da arquidiocese de Częstochowa, a cidade que abriga o ícone da Madona Negra. O seminário menor, para alunos do ensino médio, data de 1951.

“A carta do seu seminário, assinada pelos dois prefeitos e pelo reitor, trouxe grande alegria à minha casa”, disse o papa emérito de 94 anos. “Gostei especialmente da ilustração que mostra meu irmão e eu conversando sobre o seminário e o convite para visitar o Seminário Menor da Arquidiocese de Częstochowa”.

A ilustração, mostrada no site do seminário menor, é uma fotografia de Bento XVI como papa, caminhando ao lado de seu irmão mais velho, Georg Ratzinger, já morto. Em um balãozinho de fala de história em quadrinhos, Bento XVI relembra o tempo em que os dois irmãos estudavam em um seminário menor na Bavária, sul da Alemanha. Georg, em resposta, se pergunta se ainda existem lugares como aquele. Ao pé da ilustração há a frase: “Na verdade, existem! Venha e veja. O Seminário Menor da Arquidiocese de Częstochowa convida você.”

Em sua carta, Bento XVI disse: “Mesmo que, devido à minha idade e estado de saúde, não seja mais possível visitá-lo pessoalmente, sou seu hóspede de coração.”

Não é a primeira manifestação de Bento XVI já aposentado sobre o declínio nas vocações sacerdotais. Em um ensaio em alemão de 2019 sobre a crise na Igreja, o papa emérito escreveu: “Sobre o problema da preparação para o ministério sacerdotal nos seminários, há de fato um colapso generalizado da forma anterior dessa preparação.” O teólogo disse que depois do Concílio Vaticano II, “em não poucos seminários, os alunos que foram flagrados lendo meus livros eram considerados inadequados para o sacerdócio”. E acrescentou: “Meus livros estavam escondidos como literatura ruim e apenas lidos embaixo da mesa, por assim dizer.”

O número de ordenações sacerdotais caiu 60% na Alemanha nos últimos 20 anos. Em 2019, o país teve uma baixa recorde de apenas 55 ordenações. Quando Joseph Ratzinger, o futuro papa Bento XVI, recebeu o sacramento da ordem em 1951, houve 45 ordenações só na sua arquidiocese de Munique e Freising.

ACI Digital

TEOLOGIA: Cristo, o Espírito Santo e a Igreja (Parte 5/5)

Ecclesia

Cristo, o Espírito Santo e a Igreja

Ioannis D. Zizioulas*
Trad.: Pe. André Sperandio

4. Conclusões

Permitam-me concluir resumindo os aspectos mais importantes que tentei mostrar neste capítulo, apreciando o que disse à luz da situação real da ortodoxia em nossa época. Tratei da cristologia da pneumatologia e das instituições eclesiais na teologia ortodoxa, não na prática ortodoxa. Entretanto, o que disse não é mera teoria; deriva da experiência histórica, inclusive se esta experiência histórica tende a ser uma remota recordação do passado. Destaquei os seguintes aspectos:

1. A teologia Ortodoxa ainda não elaborou uma síntese adequada entre cristologia e pneumatologia. Sem esta síntese é impossível compreender a tradição ortodoxa em si ou aportar algo ao diálogo ecumênico de nossa época.

2. O mais importante sobre esta síntese é que a pneumatologia deve ser constitutiva da cristologia e da eclesiologia, isto é, algo que condicione o ser mesmo de Cristo e da Igreja. Isto somente pode ocorrer se se introduz dois ingredientes específicos da pneumatologia na ontologia de Cristo e da Igreja. Estes ingredientes são a escatologia e a comunhão.

3. Se a igreja é constituída graças a esses dois aspectos da pneumatologia, toda noção piramidal desaparece da eclesiologia. O «uno» e os «muitos» coexistem como dois aspectos do mesmo ser. A nível universal isto significa que as Igrejas locais constituem uma Igreja mediante um ministério ou uma instituição que se compõe simultaneamente de um primus e de um sínodo do qual ele é um primus. A nível local, significa que a cabeça da Igreja local, o bispo, está condicionado pela existência de sua comunidade e dos demais ministérios, especialmente o presbitério. Não há ministério que não necessite dos demais ministérios; nenhum ministério possui a plenitude, a totalidade de graça e poder independentemente dos demais ministérios,

4. Igualmente, ao estar condicionado pneumatológicamente o ser da Igreja, as instituições eclesiais se abrem a sua perspectiva escatológica. Muitas vezes se lhes concede demasiada historicidade às instituições eclesiais. A ortodoxia sofre com frequência de meta-historicismo. O Ocidente sofre de uma historicização de suas instituições eclesiais. O Ethos litúrgico da ortodoxia provavelmente tornará impossível que esteja totalmente envolvida na história, ainda que não tenha impedido a aparição de movimentos de libertação, como os da guerra da independência grega no século XIX. Porém, para justificar qualquer instituição eclesial permanente necessita-se de uma perspectiva escatológica; a história não é suficiente.

5. Finalmente, se a pneumatologia é algo constitutivo da eclesiologia, a própria noção de instituição se vê profundamente modificada. Somente de uma perspectiva cristológica é que se pode falar da Igreja como in-stituída (por Cristo), porém, de uma perspectiva pneumatológica temos que falar dela como con-stituída (pelo Espírito). Cristo in-stitui e o Espírito con-stitui. A diferença entre essas duas proposições (in- e con-) pode ser enorme para a eclesiologia. A «instituição» é algo que se nos apresenta como um fato, mais ou menos como um fait-accomplit. Como tal, é uma provocação a nossa liberdade. A «constituição» é algo que nos implica em seu próprio ser, algo que aceitamos livremente, porque participamos em sua aparição. No primeiro caso a autoridade é algo que se nos impõe, enquanto que no segundo é algo que surge de entre nós. Se se concede a pneumatologia um papel constitutivo na eclesiologia, todo tema do Amt und Geist , ou do «institucionalismo» se vê afetado. A noção de comunhão há de aplicar-se a ontologia mesma das instituições eclesiais, não apenas ao seu dinamismo e eficácia.

Contudo, consideremos a situação real e presente: quanto disto existe de fato e quanto pode ainda existir ou chegar a existir? O fato de que a ortodoxia não tenha experimentado situações similares às Igrejas ocidentais, como o problema do clericalismo, do anti-institucionalismo, do pentecostalismo etc., pode tomar-se como um indício de que em grande medida a pneumatologia salvou a vida da ortodoxia até agora. Não há sinal de tendências anti-institucionais na Igreja ortodoxa, ainda que na Grécia se possam observar atualmente alguns sinais esporádicos. Porém, a situação real da ortodoxia, tanto a nível teológico como canônico, já não faz Justiça à tradição  sobre a qual refletiu minha exposição. As instituições sinodais já não refletem o verdadeiro balanço entre o «uno» e os «muitos», às vezes porque o «uno» ou os «unos» ignoram os «muitos». Certamente, o mesmo se pode dizer da vida eclesial local: a comunidade quase desapareceu e o número de bispos titulares aumenta rapidamente. O único nível no qual se mantém o balanço adequado entre o «uno» e os «muitos» é o litúrgico: é a liturgia o que ainda salva a ortodoxia? Quem sabe seja assim. Porém, por quanto tempo ainda? Ao compartilhar cada vez mais a cultura ocidental, a ortodoxia também compartilha os problemas das igrejas ocidentais. Assim, o problema das instituições eclesiais logo se converterá, existencialmente falando, em um problema ecumênico.

Porém, o que se pode fazer? O Vaticano II deu esperanças e fez promessas para muita gente de que era possível fazer algo. Não sou um expert na teologia do concílio; creio, porém, que uma das direções para onde apontou pode ser particularmente importante: a introdução da noção de comunhão na eclesiologia. Isto, combinado com a redescoberta da importância do λαός του Θεού (povo de Deus) e da Igreja local, pode ajudar inclusive aos ortodoxos a serem fiéis à sua identidade. Porém, há de se fazer muito mais, porque o Vaticano II não completou sua tarefa. O que um ortodoxo que compartilha as perspectivas desta exposição gostaria que se fizesse - quiçá por um Vaticano III - é tirar as conclusões ontológicas da noção de comunhão. Necessitamos uma ontologia da comunhão. Necessitamos que a comunhão condicione o ser mesmo da Igreja, não seu bem-estar, mas seu ser. A nível teológico, isto suporia conceder um papel constitutivo a pneumatologia, não um dependente da cristologia. Isto não fez o Vaticano II, porém, sua noção de comunhão o pode fazer. Quiçá isto transformará as instituições eclesiais automaticamente. Suprimirá qualquer estrutura piramidal que ainda possa restar na Igreja. Pode fazer, inclusive, que a pedra de toque da unidade da Igreja, o ministério do papa, seja visto de maneira mais positiva. Tudo isto, e quem sabe muito mais, depende de uma síntese adequada entre cristologia e pneumatologia na eclesiologia.

Referência:

*ZIZIOULAS, Ioannis D. . Cristo, el Espírito y la Iglesia. In: ZIZIOULAS, Ioannis D. El Ser Eclesial. Persona, comunión, Iglesia . 1ª. ed. Salamanca: Sígueme, 2003. cap. 3, p. 137-155.


ECCLESIA

Capela de Adoração Eucarística Perpétua é reaberta na Espanha

Guadium Press
Inaugurada pelo Arcebispo de Valência, Cardeal Antonio Cañizares em 2014, a Capela de Adoração Eucarística de Alzira nunca permaneceu por tanto tempo fechada.

Espanha – Valência (24/05/2021 10:50, Gaudium Press) Após mais de um ano fechada por conta da pandemia de Covid-19, a Capela de Adoração Eucarística de Alzira, pertencente a Arquidiocese espanhola de Valência, foi reaberta no último domingo, 23 de maio.

Guadium Press

Capela conta com 53 adoradores

Segundo divulgado no website da Arquidiocese de Valência, a capela, que havia sido fechada em março de 2020, permanecerá aberta diariamente das 16h às 20h e já conta com 53 adoradores.

“Os adoradores farão turnos de uma hora e como são muitos, haverá quatro voluntários a cada hora realizando o turno de oração diante do Santíssimo que permanecerá sempre exposto”, explicou María Carmen García-Rojo, uma das coordenadoras da capela.

Guadium Press

Oito capelas de Adoração Perpétua

Inaugurada pelo Arcebispo de Valência, Cardeal Antonio Cañizares no dia 23 de novembro de 2014, nunca permaneceu por tanto tempo fechada. “Somente em duas ocasiões se fechou durante o mês de agosto, uma vez que muitos viajaram de férias, mas nunca por mais de um mês”.

A Arquidiocese de Valência possui oito capelas de Adoração Eucarística Perpétua. São elas: a de Alzira; a do mosteiro de Santa Clara; a da paróquia de San Martín Bispo de Valência; a do mosteiro do Santo Sepulcro de Alcoi; a do mosteiro Belém da Imaculada de Agullent; a da paróquia María Madre de Catarroja; a do convento das Agostinhas Recoletas de Requena; e a mais recente de todas na paróquia de São Jaime Apóstolo de Moncada. (EPC)

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Bispo, padres e seminaristas são presos na China

Imagem referencial / Bandeira da China.
Crédito: Alejandro Luengo / Unsplash

PEQUIM, 24 mai. 21 / 03:45 pm (ACI).- O bispo Zhang Weizhu, 7 padres e 13 seminaristas da prefeitura apostólica de Xinxiang, foram presos na China nesta sexta-feira, 21 de maio. A prefeitura apostólica de Xinxiang não é reconhecida pelo governo comunista chinês. Segundo as autoridades, as atividades dos padres, seminaristas e fiéis de Xinxiang são "ilegais" e "criminosas".

A prefeitura apostólica de Xinxiang, na província de Henan, centro-leste da China, existe desde 1936. É anterior, portanto, à tomada do poder pelos comunistas em 1949. Ela jamais foi reconhecida pelo governo comunista chinês. Com cerca de 100 mil fiéis, ela está sujeita diretamente à autoridade da Santa Sé através da Congregação para a Evangelização dos Povos, presidida pelo cardeal filipino Luis Antonio Gokim Tagle.

As prisões dos clérigos começaram na tarde da sexta-feira, 20, quando pelo menos 100 policiais cercaram o prédio de uma fábrica usado como seminário diocesano. Ali foram presos 13 seminaristas e 7 sacerdotes. A fábrica que abrigava o seminário foi fechada e o dono foi preso. Os 13 candidatos ao sacerdócio foram enviados às suas casas e estão proibidos de estudar teologia. Os policiais confiscaram todos os pertences pessoais dos sacerdotes e seminaristas. A prisão do bispo ocorreu no dia seguinte. Segundo a agência de notícias católica Asia News, não é a primeira vez que Dom Joseph Weizhu, de 63 anos, vai preso. Ele foi nomeado bispo em 1991 por São João Paulo II e ordenado secretamente no ano seguinte. Desde sua posse o prelado e o clero de Xinxiang sofre com a perseguição e acosso do governo chinês. 

Segundo as autoridades, a polícia cumpria o novo regulamento sobre atividades religiosas decretado pelo presidente chinês Xi Jinping em novembro de 2020.

“A perseguição contra os católicos chineses leais a Roma continua, portanto, apesar da assinatura do acordo provisório entre a China e a Santa Sé sobre a nomeação de novos bispos”, diz Asia News. O acordo provisório entre a Santa Sé e o governo chinês sobre a nomeação de bispos foi assinado em 22 de setembro de 2018. Por ele, a Santa Sé readmitiu à plena comunhão eclesial os bispos nomeados pelo governo comunista enquanto o governo de Pequim se comprometia a cessar a perseguição religiosa contra os católicos no país. O texto do acordo nunca foi revelado. Em outubro de 2020 o acordo foi renovado de forma experimental por mais dois anos

Segundo Asia News, “desde a assinatura do acordo provisório entre a China e a Santa Sé, a perseguição aos católicos - especialmente aos não oficiais – aumentou”. A agência diz que “o Acordo diz respeito apenas à nomeação de novos bispos, mas tinha a premissa de que todas as questões pendentes relativas à vida da Igreja permaneceriam em espera, para serem tratadas posteriormente em um diálogo posterior entre as duas partes. Em vez disso, as forças policiais colocaram bispos em prisão domiciliar, impuseram multas altíssimas aos fiéis, expulsaram párocos de igrejas, prenderam padres e seminaristas”.

Hioffer

“Para muitos fiéis, o Acordo foi traído", afirma a agência.

ACI Digital

Por que o cântico de Maria é chamado de Magnificat?

Public Domain
Por Arquidiocese de São Paulo

A palavra Magnificat significa "engrandece", ou seja, é um louvor à grandeza de Deus.

Por que o cântico de Maria é chamado de Magnificat? Quem responde é o pe. Cido Pereira, que mantém uma coluna de perguntas e respostas no jornal O São Paulo, da arquidiocese paulistana.

Vale observar, antes de prosseguir, que a pronúncia desta palavra latina é “ma-nhí-fi-cat”, conforme a tradição do latim litúrgico, mas também é aceita a pronúncia “mag-ní-fi-cat”.

Eis o que o pe. Cido escreveu, em atenção ao questionamento apresentado pela leitora Maria de Lourdes:

Por que o cântico de Maria é chamado de Magnificat?

Minha irmã, para você entender o significado da palavra Magnificat é preciso que lembremos, primeiro, que durante quase 2 mil anos a língua oficial da Igreja foi o latim. E ainda é, de certo modo. Tanto que os grandes documentos da Igreja são escritos em latim e as duas ou três primeiras palavras de cada documento é que dão nome a eles.

Alguns exemplos: o documento conciliar sobre a Igreja chama-se Lumen gentium; o sobre a Palavra de Deus é o Dei verbum, a encíclica do Papa Bento XVI sobre o amor de Deus recebeu o nome de Deus caritas est. Enfim, o latim ainda é a língua oficial da Igreja: os documentos são escritos primeiro neste idioma.

Pois bem, Maria de Lourdes, alguns hinos também são chamados pela primeira palavra deles escrita em latim. Por isso, o hino que Nossa Senhora cantou quando visitou sua prima, Santa Isabel, começa assim: “Engrandece minha alma ao Senhor”. Como é que se diz isso em latim? Assim: “Magnificat anima mea dominum”. Este hino, então, seguindo a Tradição da Igreja, passou a ser chamado pela primeira palavra que o compõe em latim.

A palavra Magnificat significa “engrandece”, ou seja, é um louvor à grandeza de Deus.

Eu deixo aqui outro exemplo para você: quando o anjo anunciou a Nossa Senhora que ela seria a mãe de Jesus, Maria disse ao anjo: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. “Faça-se”, em latim, se diz “Fiat”. Então, o sim de Maria a gente chama de “Fiat”.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF