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quarta-feira, 7 de julho de 2021

A Igreja como construção de Deus

"Somos o edifício em que Deus está trabalhando"  (Vatican Media)

"No vers. 9 do cap. 3 dessa I Carta aos Coríntios, é usada a expressão “edifício de Deus”. No grego original a palavra utilizada é “oikodome” (οκοδομή) que significa: edifício ou para designar o processo de construção do edifício. Podemos traduzir por “estou construindo”. Por isso, somos o edifício em que Deus está trabalhando. Portanto, aquele que começou a boa obra, que é Deus, vai aperfeiçoá-la. Nesta obra de edificação, Deus não trabalha sozinho, ele nos faz trabalhadores junto com Ele".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Padre Gerson Schmidt* tem aprofundado neste nosso espaço o tema das imagens da Igreja propostas pela Constituição Dogmática Lumen Gentiumdo Concílio Vaticano II. No último programa, o sacerdote gaúcho falou sobre “Igreja-lavoura: o joio e o trigo”. No programa de hoje, a Igreja nos é apresentada como “construção de Deus”:

"Falando ainda sobre as figuras ou imagens da Igreja, o número 06 da Lumen Gentium utiliza ainda mais uma outra imagem: A Igreja como construção de Deus. Diz assim a constituição dogmática: “A Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus (1 Cor. 3,9). O próprio Senhor se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e se tornou pedra angular (Mt. 21,42 par.; Act. 4,11; 1 Ped. 2,7; Salm. 117,22). Sobre esse fundamento é a Igreja construída pelos Apóstolos (cfr. 1 Cor. 3,11), e d'Ele recebe firmeza e coesão. Esta construção recebe vários nomes: casa de Deus (1 Tim. 3,15), na qual habita a Sua «família»; habitação de Deus no Espírito (cfr. Ef. 2, 19-22); tabernáculo de Deus com os homens (Apoc. 21,3); e sobretudo «templo» santo, o qual, representado pelos santuários de pedra e louvado pelos Santos Padres, é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, a nova Jerusalém (5). Nela, com efeito, somos edificados cá na terra como pedras vivas (cfr. 1 Ped. 2,5). Esta cidade, S. João contemplou-a «descendo do céu, de Deus, na renovação do mundo, como esposa adornada para ir ao encontro do esposo» (Apoc. 21,1 ss.)”. 

As imagens aqui se misturam, mas destacamos no dia de hoje essa imagem da construção, onde Cristo é a pedra angular, antes rejeitada, onde cada um de nós se torna uma pedra viva na edificação do grande templo, do grande santuário, construído não por mãos humanas, mas pelo arquiteto sublime, em sua Páscoa. Na construção do Reino de Deus cada pedra tem sua importância, cada um que colabora nesta obra é também um pedaço dela.

Vemos no Novo Testamento o diálogo de Cristo com os Judeus falando sobre o templo. “Os judeus o contestaram, dizendo: “Que sinal de autoridade nos mostras, para agires dessa maneira?” Jesus lhes respondeu: “Destruí este templo, e, em três dias, Eu o reconstruirei.” Replicaram os judeus: “Em quarenta e seis anos foi construído este templo, e tu afirmas que em três dias o levantarás?”. Mas ele falava do templo do seu corpo” (Jo, 2-18-20). Jesus aponta essa realidade do Reino, da sua Pessoa, da Igreja como o grande templo edificado com sua Páscoa, com a reedificação e renovação de todas as coisas nEle.

O apóstolo Paulo disse à comunidade gentia da cidade portuária grega de Corinto: "Não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?" (1 Cor 6,19). E depois disse, na segunda carta: "Vós sois o templo do Deus Vivo" (2 Cor 6,16).

“Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” (1 Cor 3,9-11).

Mas essa construção e edifício não está pronto. No versículo 9 do capítulo 3 dessa primeira Carta aos coríntios, é usada a expressão “edifício de Deus”. No grego original, a palavra utilizada é “oikodome” (οκοδομή) que significa: edifício ou para designar o processo de construção do edifício. Podemos traduzir por “estou construindo”. Por isso, somos o edifício em que Deus está trabalhando. Portanto, aquele que começou a boa obra, que é Deus, vai aperfeiçoá-la. Nesta obra de edificação, Deus não trabalha sozinho, ele nos faz trabalhadores junto com Ele, operários nessa divina construção."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: Vatican News

Comunidade promove festival internacional da família

Imagem: Divulgação / Comunidade Católica Sementes do Verbo

Palmas, 06 jul. 21 / 03:47 pm (ACI).- A Comunidade Católica Sementes do Verbo promove de 14 a 18 de julho o 1º Festival Internacional das Famílias. O evento terá como tema “Famílias na gloriosa liberdade dos filhos de Deus”.

O Festival das Famílias nasceu na França e ocorre no Brasil desde 2007, na Casa Mãe da Comunidade Sementes do Verbo, em Palmas (TO). Neste ano, terá a sua primeira edição internacional, inspirada no Ano da Família Amoris Laetitia proclamado pelo papa Francisco, e seu conteúdo será apresentado em português, inglês, francês, neerlandês, italiano e espanhol.

Por causa das medidas de combate à pandemia de covid-19, o evento acontecerá em formato híbrido. Além da transmissão on-line, algumas pessoas poderão participar nas casas de missão da comunidade, com vagas limitadas.

Para os fundadores da comunidade, diácono Georges e Marie-Josette Bonneval, o Festival surgiu a partir da necessidade de um forte tempo de renovação espiritual para as famílias, proporcionando a convivência entre o casal e seus filhos. O evento oferece tempos diários de formação conjugal, atividades para as crianças segundo a faixa etária, celebrações litúrgicas comuns e tempos livres para incentivar as confissões, os acompanhamentos pessoal e em casal, e partilha conjugal.

As inscrições podem ser feitas pelo site oficial www.festivaldasfamílias.org e serão vendidas por lotes. Cada inscrição dá acesso a cinco logins simultâneos.

Fonte: ACI Digital

São Vilibaldo

S. Vilibaldo | ArquiSP
07 de julho

São Vilibaldo

Vilibaldo nasceu em 22 de outubro de 700, na cidade de Wessel, na Inglaterra. Pertencia à casa real dos Kents, seu pai era o rei Ricardo I e os irmãos eram Vunibaldo e Valburga. Todos eles, mais tarde, inscritos no livro dos santos da Igreja.

Ainda criança, ele foi confiado aos monges beneditinos da Abadia de Waltham, que cuidaram se sua formação intelectual e religiosa. Foi ali, entre eles, que decidiu ser também um monge. Mas, em 720, saiu do mosteiro e da Inglaterra, antes de fazer os votos definitivos, e nunca mais voltou para sua pátria. Na companhia de seu pai e seu irmão, seguiu para uma longa peregrinação, cuja meta final era Jerusalém. A viagem foi interrompida em 722, quando seu pai, o rei, morreu na Itália. Assim, ele e o irmão resolveram ficar em Roma.

Dois anos depois, sem Vunibaldo, continuou a peregrinação percorrendo toda a Palestina, que estava sob o domínio árabe. Os peregrinos, em geral, eram bem acolhidos, entretanto, por causa das tensões políticas com o Império do Oriente, Vilibaldo e outros peregrinos quase foram presos, mas puderam prosseguir o caminho em paz. Cinco anos depois, em 729, retornou para Roma.

Nesse mesmo ano, o papa Gregório II o enviou para o Mosteiro de Montecassino, que havia sido reerguido das ruínas e carecia de um novo quadro de monges. Vilibaldo deu, então, novo fôlego a esse celeiro de homens dedicados à santificação, restabelecendo as regras beneditinas, de acordo com o Livro do fundador, que permanecera a salvo em Roma. Assim, este "quase-monge" inglês, que ainda continuava sem os votos definitivos, recebeu a relíquia do papa e com ela organizou e formou uma nova geração de monges, dentro da verdadeira tradição e do estilo de vida espiritual instituído pelo fundador. A essa obra dedicou outros dez anos de sua vida.

Novamente foi a Roma, para encontrar-se com o papa sucessor, Gregório III, que lhe pediu ajuda para a evangelização da Germânia. Assim, Vilibaldo tornou a partir, viajando por todos os recantos da Europa. Até ser requisitado por seu tio, o arcebispo da Alemanha, que alicerçava uma estrutura diocesana na região e precisava do seu auxilio. Só em 740 Vilibaldo recebeu a ordem sacerdotal definitiva, para ser consagrado bispo de Eichestat, pelo próprio tio, Bonifácio, hoje santo e chamado "apóstolo da Alemanha".

O bispo Vilibaldo construiu sua catedral, fundou um mosteiro e, sobretudo, controlou rigorosamente todos os outros que ali existiam, por determinação de Bonifácio. A partir de então, iniciou uma experiência nova: a de evangelizador itinerante, colocando-se frente a frente com os fiéis que aos poucos iam se convertendo ao cristianismo.

À obra dedicou-se até morrer, no dia 7 de julho de 787, no seu mosteiro de Eichestat, na Alemanha. Com fama de santidade ainda em vida, logo passou a ser venerado num culto espontâneo e vigoroso, muito antes do seu reconhecimento canônico, em 1256.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

terça-feira, 6 de julho de 2021

A doutrina católica sobre o sacerdócio ministerial, antes, durante e depois do Concílio Vaticano II (Parte 1/5)

Crédito: Presbíteros

Padre Mauro Gagliardi – Pontifício Ateneu Regina Apostolorum, Roma

 Introdução

Este texto é um breve ensaio sobre a doutrina católica relativa ao sacerdócio ministerial, em particular o do grau do presbiterato. Dados os limites desta apresentação, que resvala por temas muito complexos, conduziremos o assunto mediante observações sucintas e esquemas, evitando um elevado número de referências e remissões, que seriam necessárias, ou pelo menos úteis, num tratado que se propusesse como tendencialmente completo.

  1. O sacerdócio ordenado no Magistério da Igreja até o Vaticano II

Pelos escritos dos santos Clemente Romano e Inácio de Antioquia, deduzimos a existência e a difusão, na Igreja subapostólica, de três graus de ministério ordenado: o episcopado, o presbiterato e o diaconato[1]. Aqui, estamos interessados principalmente no presbiterato, a que chamaremos também sacerdócio, citando alguns dos documentos magisteriais mais importantes, mas deixando de lado as referências aos Padres e Doutores da Igreja.

Contra os valdenses, que negavam a necessidade de um sacerdote ministro para a válida celebração da Eucaristia, o Concílio de Latrão IV (1215) pronunciou-se com clareza: “Este sacramento não pode absolutamente ser realizado por ninguém além do sacerdote que tiver sido regularmente ordenado” (DS[2] 802).

Mais ampla é a doutrina do Concílio de Florença, de 1439. Na bula de união com os armênios Exsultate Deo, é exposta uma doutrina sintética sobre a fórmula sacramental, que ensina: “Pelo sacramento da Ordem, a Igreja é governada e multiplicada espiritualmente” (DS 1311). Ao lado do Batismo e da Crisma, a Ordem é um dos sacramentos “que imprimem na alma um caráter indelével, ou seja, um sinal espiritual que distingue um indivíduo de todo os outros” (DS 1313). O sacerdote é ministro de diversos sacramentos: Batismo (DS 1315), Eucaristia (DS 1321), Penitência (DS 1323), Extrema-unção (DS 1325), e em certos casos pode administrar também a Crisma (DS 1318). Ao celebrar a Eucaristia, “o sacerdote consagra falando na pessoa de Cristo [in persona Christi]” (DS 1321). O Concílio de Florença explicita também a matéria do sacramento da ordenação, que consiste na porrectio instrumentorum – ou seja, na entrega dos instrumentos próprios a cada grau da Ordem -; e a forma, que consiste na fórmula de ordenação fixada pela Igreja (DS 1326). A fórmula é a seguinte: “Recebe o poder de oferecer o sacrifício na Igreja, pelos vivos e pelos mortos, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (ibid.), do que deduzimos que a essência do sacerdócio ordenado consiste na oferta do sacrifício eucarístico na Igreja e em nome da Trindade[3].

O terceiro concílio a tratar sistematicamente do sexto sacramento foi o Concílio de Trento (1545-1563), cuja doutrina sobre o sacerdócio é mais bem compreendida quando conhecemos a doutrina luterana sobre a Eucaristia e a Ordem Sacra, que aqui não nos é possível resumir. O cân. 9 do Decretum de sacramentis, de 1547, excomunga quem afirma que, com o sacramento da Ordem, não se imprime o caráter na alma, “ou seja, um sinal espiritual e indelével” (DS 1609). O cân. 10 excomunga quem afirma que “todos os cristãos têm o poder de anunciar a Palavra [de Deus] e de ministrar todos os sacramentos” (DS 1610). O cân. 11 afirma, condenando o contrário, que os ministros celebram validamente os sacramentos quando têm ao menos a intenção de fazer o que a Igreja faz quando os celebra (DS 1611). O cân. 12 ensina, ameaçando de excomunhão quem afirmar o contrário, que o ministro celebra validamente os sacramentos mesmo quando se encontra pessoalmente em pecado mortal (DS 1612).

O decreto Doctrina de sacramento paenitentiae, de 1551, afirma que só os bispos e os sacerdotes são ministros do sacramento da Penitência, pois só a eles, e não a todos os fiéis, foi conferido o poder das chaves, e diz ainda que eles exercem validamente a função de perdoar os pecados por serem ministros de Cristo, mesmo quando estão eles mesmos em pecado mortal (DS 1684; 1710). No sacramento da Penitência, o sacerdote, ao declarar os pecados perdoados, emite uma sentença equivalente a um ato judicial, ou seja, enquanto juiz (DS 1685; 1709). O decreto Doctrina de sacramento extremae unctionis ensina que os ministros do sacramento da Extrema-unção são os presbíteros da Igreja, expressão com a qual devemos entender, segundo a passagem de Tg 5,14, tanto os bispos quanto os sacerdotes por estes ordenados (DS 1697; 1719)[4].

Para o nosso tema é também muito importante o decreto Doctrina et canones de Ss. Missae sacrificio, de 1562. Nele são claramente relacionados o sacerdócio ordenado com o sacerdócio único de Jesus Cristo. Diz o decreto que o Senhor Jesus instituiu a Eucaristia, “uma vez que seu sacerdócio não devia extinguir-se com a morte”, e que com esse fim Ele – “sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedec” – constituiu os apóstolos “sacerdotes da nova aliança” e “ordenou a eles e a seus sucessores no sacerdócio” que oferecessem o “sacrifício visível” e incruento, a Eucaristia, que simboliza o sacrifício cruento da Cruz, pelo qual fomos salvos. O Concílio esclarece que o momento da instituição do sacerdócio dos apóstolos coincide com a articulação das palavras “fazei isto em minha memória” (DS 1740; 1752). Os sacerdotes são considerados, portanto, imoladores de Cristo no sacramento eucarístico: Cristo “instituiu a nova Páscoa, ou seja, a si mesmo, que devia ser imolado pela Igreja por seus sacerdotes sob sinais visíveis” (DS 1741).

Na Sessão XXIII, de 15 de julho de 1563, o Concílio de Trento tratou diretamente da Ordem Sacra, produzindo o Decreto Doctrina et canones de sacramento Ordinis. O texto começa declarando o vínculo inquebrável entre sacerdócio e sacrifício, mesmo fora da economia salvífica cristã (DS 1764). Tendo o Senhor Jesus estabelecido na Eucaristia um novo sacrifício, instituiu também um novo sacerdócio (DS 1764; 1771). O Concílio distingue diversos graus, entre Ordens maiores e menores (DS 1765; 1772). A Ordem Sacra é certamente um dos sete sacramentos da Igreja instituídos por Cristo, e o Concílio afirma que, com esse sacramento, é conferida uma graça especial (DS 1766; 1773-1774). Uma vez que o sacramento imprime o caráter, quando o sacerdócio é conferido já não é possível que os ordenados voltem a ser leigos (DS 1767; 1774). Da sacramentalidade da Ordem deriva o fato de que nem todos os cristãos são sacerdotes do Novo Testamento, no sentido de que nem todos gozam do mesmo poder espiritual (DS 1767). Ao mesmo tempo, há na Igreja uma hierarquia composta por bispos, sacerdotes e ministros (DS 1776), em que os bispos são superiores aos sacerdotes (DS 1777).

Acolhendo o ensinamento tridentino, o Catechismus ad Parochos, de 1566, sublinha o aspecto sacro-representativo e cultual-sacerdotal do sacerdócio católico. Os sacerdotes (bispos e presbíteros) “são de certa forma intérpretes e embaixadores de Deus, em cujo nome comunicam aos homens a lei divina e os preceitos da vida. Eles representam Sua pessoa na terra. É claro que não é possível conceber nenhuma função mais insigne que a deles, e que, com razão, são chamados não apenas de anjos, mas até de deuses; de fato, eles representam entre nós a eficácia e a ação do Deus imortal” (§ 273)[5]. Nessa primeira citação, notamos o caráter sacro da “representação” de Cristo, que pertence justamente ao sacerdote ordenado. O aspecto cultual-sacerdotal se encontra expresso no próprio § 273: “Embora os sacerdotes tenham sido sempre dotados de uma dignidade suprema, os do Novo Testamento devem estar, por honra, à frente de todos os outros. O poder que lhes foi conferido de consagrar e de oferecer o Corpo e o Sangue do Senhor, como também de perdoar os pecados, ultrapassa, podemos dizer, o âmbito da inteligência humana. Não há nada semelhante neste mundo”.

Continuando nossa exposição em ordem cronológica, a partir dos pontos mais importantes, passamos diretamente à Carta Apostólica Apostolicae Curae, promulgada em 13 de setembro de 1896 pelo papa Leão XIII, que fala das ordenações anglicanas, considerando-as inválidas[6]. O motivo pelo qual o Papa não considera válidas essas ordenações consiste no defeito de forma. Se a matéria desse sacramento é considerada a imposição das mãos, a forma consiste na fórmula de ordenação, que para os anglicanos é: “Recebe o Espírito Santo”. Para o papa Leão XIII, tais palavras “não significam de modo algum precisamente a Ordem do sacerdócio ou a sua graça e poder, que em particular é o poder ‘de consagrar e de oferecer o verdadeiro Corpo e Sangue do Senhor’ [citação do Concílio de Trento: DS 1771]” no sacrifício da santa Missa (DS 3316). O Papa tem ciência de que, num segundo momento, os anglicanos corrigiram a fórmula, acrescentando: “para a função e a tarefa de presbítero [ou de bispo]”; sinal de que eles mesmos se deram conta da insuficiência da primeira formulação. Mas esse acréscimo, diz Leão XIII, “mesmo que pudesse trazer à forma seu significado legítimo, foi introduzida tarde demais”, ou seja, quando já se havia “extinguido a hierarquia” entre os anglicanos e, por conseguinte, quando “o poder de ordenação já era nulo” (ibid.). A fórmula do Ordinale anglicano foi composta de modo inadequado, pois os reformadores a redigiram de modo tal que nela “não apenas não há nenhuma menção clara do sacrifício, da consagração e do poder do sacerdote de consagrar e de oferecer o sacrifício, mas, também, […] foram deliberadamente eliminados e destruídos todos os vestígios dessas coisas” (DS 3317a)[7]. Eliminando a referência ao sacrifício e ao poder sacerdotal corretamente entendido, as fórmulas “recebe o Espírito Santo” e “para a função e a tarefa de presbítero [ou de bispo]” já não têm consistência (DS 3317b). O vício de forma comporta o vício de intenção, igualmente necessária para a validade do sacramento (DS 3318)[8].

É também de grande importância a Constituição Apostólica Sacramentum Ordinis, publicada em 30 de novembro de 1947 pelo Sumo Pontífice Pio XII. A Constituição trata do sacramento da Ordem, mais precisamente do diaconato, do presbiterato e do episcopado, que devem, assim, ser considerados graus desse sacramento. Não são incluídas, porém, as ordens do subdiaconato, do acolitado, do leitorado, do exorcistado e do ostiarato. Pio XII se detém de modo particular nos ritos essenciais com que são ordenados na Igreja os diáconos, os presbíteros e os bispos. O texto começa afirmando que o sacramento da Ordem, “mediante o qual é transmitido o poder espiritual e é conferida a graça para assumir da maneira devida os ofícios eclesiásticos, é um só e mesmo para toda a Igreja” (DS 3857). O papa Pacelli, além disso, identifica a matéria e a forma desse sacramento (em seus três graus) respectivamente com a imposição das mãos (portanto, não na porrectio instrumentorum) e com as palavras que a determinam (DS 3858-3859). Diz que, de resto, “a Igreja Romana sempre considerou válidas as ordenações conferidas mediante o rito grego, sem a entrega dos instrumentos” (DS 3858). Esta, estritamente falando, não é necessária então para a validade da ordenação. É muito significativa a passagem em que é explicado que a forma do sacramento são as palavras “que determinam a aplicação dessa matéria [a imposição das mãos], com as quais, de modo unívoco, são simbolizados os efeitos sacramentais, ou seja, o poder da ordem e a graça do Espírito Santo” (DS 3859), palavras claramente distintas, de acordo com os diversos graus do sacramento. A forma e a matéria são em seguida explicadas grau por grau, no nº 5 da Constituição (DS 3860)[9].

Tendo, aqui, de deixar de tratar de outros ensinamentos[10], é necessário, neste Ano Sacerdotal, instituído no 150º aniversário da morte de São João Maria Vianney, mencionar a Encíclica do bem-aventurado João XXIII, Sacerdotii Nostri primordia, publicada em 1º de agosto de 1959, por ocasião do centenário da morte do Cura d’Ars. Na encíclica, o Papa trata sobretudo da vida espiritual e pastoral dos sacerdotes, mais que da doutrina sobre o sacerdócio, preparando assim o caráter eminentemente pastoral do Concílio Vaticano II[11].

 Retomando de modo sistemático os elementos que se sobressaem nesta brevíssima panorâmica, podemos dizer que Jesus Cristo é o único Sacerdote do Novo Testamento, cujo sacerdócio consiste na oferta de si ao Pai por nós. Cristo, todavia, instituiu o sacerdócio ministerial na Igreja, o qual é possuído apenas pelos batizados que receberam o sacramento da Ordem Sacra no grau do presbiterato ou do episcopado. O presbiterato é um dos dois graus do sacramento da Ordem, que confere o sacerdócio; o outro é o episcopado. Os presbíteros são, portanto, sacerdotes ministros, pois participam do sacerdócio sacrifical de Jesus Cristo, embora em grau inferior aos bispos. Podemos ver isso, por exemplo, pelo fato de que o bispo e o presbítero são ambos ministros de um bom número de sacramentos, dos quais não são ministros nem os diáconos (ordenados para o serviço, não para o sacerdócio) nem, muito menos, os leigos, que possuem, pelo Batismo, apenas o sacerdócio comum dos fiéis.

O presbiterato é recebido exclusivamente mediante a válida celebração do sacramento da Ordem. O Magistério ensina com clareza que nem todos são sacerdotes na Igreja, no sentido do sacerdócio ministerial ou hierárquico. São sacerdotes ministros apenas os batizados que receberam o sacramento da Ordem e só esses podem desenvolver determinadas funções na Igreja. De fato, o sacramento da Ordem transmite, para usar a terminologia de Pio XII, “poder” e “graça” próprios, que não são recebidos com o Batismo. Pertencem ao âmbito dos poderes do sacerdote ministro: o governo da Igreja, o poder de celebrar os sacramentos e o ensinamento e o anúncio reconhecidos da Palavra de Deus. Pertencem ao âmbito da graça, em primeiro lugar, o caráter sacramental, impresso indelevelmente, ou seja, para sempre, na alma do sacerdote; em segundo lugar, a chamada “graça de estado”, necessária ao sacerdote para desenvolver seu ministério e santificar-se nele.

A Igreja ensina que o sacerdócio deve ser compreendido essencialmente em relação ao sacrifício, e que o sacerdócio do Novo Testamento foi instituído pelo Senhor em relação a seu sacrifício na Cruz, que se renova de modo incruento na celebração da Eucaristia. A essência do sacerdócio ordenado consiste principalmente em oferecer ao Pai a Vítima divina Jesus Cristo no altar da Eucaristia, para a santificação dos fiéis e a salvação do mundo. Podemos dizer que o centro da função sacerdotal é o mesmo para o Sumo Sacerdote Jesus Cristo e para os sacerdotes que participam do sacerdócio d’Ele, ou seja, a oferta do sacrifício: se é verdade que Cristo veio à terra também para pregar o advento do Reino, os Evangelhos mostram que o Senhor, durante sua vida terrena, está todo voltado para aquela “hora” pela qual veio, e que a própria revelação só será compreendida – diz Jesus – depois de cumprido seu sacrifício pessoal. A essência última do sacerdócio não consiste na pregação da Palavra, embora esta seja importantíssima e, ao lado do governo da Igreja, represente um ofício próprio do ministro ordenado. A Igreja ensina que, de modo particular quando celebram a Missa, os sacerdotes agem in persona Christi. Eles são ministros de Cristo e por conseguinte não agem por si mesmos, mas como instrumentos d’Ele. Em consequência disso, a falta de santidade pessoal do sacerdote não invalida os sacramentos.

Referência: Clerus.org

Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

Aquela necessidade de sombra

Crédito: osservatoreromano.va

Em 2003, o cineasta português Manoel de Oliveira, com mais de noventa anos, realizou um filme falado. Num dia de nevoeiro, uma professora universitária de história e a sua filha de quase oito anos embarcam de Lisboa para empreender numa viagem marítima que as levará à Índia, onde está o marido da mulher e pai da menina. Durante a viagem, o navio faz escala em várias cidades: Marselha, Nápoles, Pompeia, Atenas, Istambul, Cairo.

Graças às perguntas curiosas da menina, cada passeio fora do navio torna-se uma oportunidade para descobrir episódios mais ou menos conhecidos na história das civilizações egípcia, grega, romana e árabe, até às viagens geográficas de exploração dos primórdios da era moderna. Um percurso que descreve a grandeza da civilização, mas que também se detém nas suas muitas contradições trágicas: da escravidão às guerras, do colonialismo à intolerância. Além disso, o filme propõe uma reflexão sobre o papel da língua, ou melhor, das línguas, como instrumentos capazes de garantir a comunicação e a compreensão, para além das fronteiras políticas. Pode acontecer, então, que o capitão do navio, de origem americana, uma mulher de negócios francesa, uma ex-modelo italiana e uma atriz e cantora grega se sentem à mesma mesa, falem cada qual a própria língua e, no entanto, se entendam perfeitamente. Irá um ataque terrorista pôr fim a este idílio? Será que a violência aniquilará a beleza e a esperança? Esta é a pergunta, sem resposta, com que o filme se conclui.

Ao ler Uma gramática simples do humano, o livro do cardeal José Tolentino de Mendonça, arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana, tive a impressão de ter novamente diante dos meus olhos cenas da obra de Oliveira. Com efeito, como o seu compatriota, Tolentino acompanha-nos num itinerário entre as palavras e as coisas que definem o que somos ou o que devemos ser: do “ ” ao “ ”. A viagem para a qual o autor nos convida tem muitos traços em comum com aquele que a professora e a sua filha fazem em Um filme falado: tanto ali como aqui são enfatizadas as pequenas glórias momentâneas dos seres humanos e ao mesmo tempo são reveladas as suas grandes e intensas fraquezas. Se se tivesse de indicar um centro em torno do qual se move a trama do livro de Tolentino, poder-se-ia dizer que se trata da amizade. Além da rubrica específica, o livro questiona constantemente a importância da relação entre nós e os outros para a condução de uma “vida boa”.

A amizade, afirma Tolentino, é um bem inestimável, talvez superior ao amor, porque se baseia na completa igualdade, dom, aceitação e respeito pela autonomia. A amizade é capaz de superar distâncias de espaço e tempo: podemos ser amigos mesmo que estejamos a milhares de quilómetros, mesmo que não nos vejamos regularmente, e voltar a ser amigos depois de anos sem nos vermos. Os amigos conhecem as nossas aspirações, as nossas alegrias e acima de tudo as nossas dificuldades, ou seja, são testemunhas da nossa existência. Contudo, eles aceitam que em nós existam áreas sombrias, que exista um espaço escondido e inacessível. Ser amigo implica saber ouvir e estar disposto à compaixão, aceitar uma parte da dor do próximo, sem nunca se arvorar em juiz do sofrimento e da fragilidade do outro. Por esta razão, Tolentino lembra-nos que a amizade é um exercício tão difícil e ao mesmo tempo tão indispensável para tornar a solidão humana menos dolorosa.

Um exercício tanto mais necessário hoje, quando demasiadas vezes nos sentimos privados de referências e certezas ao enfrentar o presente. O vocabulário desenvolvido por Tolentino sugere que devemos aprender a aceitar as nossas ansiedades e dúvidas, interpretando-as não como limitações, mas como elementos constitutivos da condição humana. Somos seres humanos precisamente porque cultivamos a inquietação e a dúvida, porque estamos perpetuamente à procura de algo que pensamos que nos irá completar. Seria oportuno, continua Tolentino, recuperar o valor da infância, entendida não tanto como uma determinada fase da existência, da qual sentimos falta, mas como uma forma de viver, caraterizada por um olhar aberto e livre sobre o mundo, semelhante ao da pequena protagonista de Um filme falado, que tem a coragem de fazer perguntas, sem se envergonhar da sua simplicidade. Voltar a ser criança significa construir momentos de tranquilidade que nos permitem admirar-nos de novo perante a realidade: não é verdade que da maravilha nasce o pensamento, como diziam os antigos? Usando uma bonita imagem, Tolentino escreve que precisamos de sombra, para nos retemperarmos das fadigas da vida quotidiana, para nos libertarmos pelo menos durante algum tempo da luz ofuscante do sol.

Quando chegardes à última página deste livro, parecer-vos-á que o autor quis entregar-nos um léxico precioso e delicado para as nossas sociedades infelizes.

Giovanni Cerro

Fonte: https://www.osservatoreromano.va/

Quais são as virtudes que nos animam nas aflições?

Guadium Press
Embora experimentemos algumas alegrias, mesmo passageiras, a tristeza é parte integrante de nossa vida. O que fazer para não perder a paz de alma?

Redação (02/07/2021 11:58Gaudium Press) Certo homem acorda bem disposto, e recebe notícias alvissareiras: a cura de um parente querido, a entrega de seu carro novo e, chegando ao trabalho, o aviso de aumento salarial.

Poucos dias depois, contudo, o panorama muda: ele se levanta com enxaqueca após uma noite de insônia, na véspera batera o novo veículo com perda total sem seguro, o “aumento” fora mera brincadeira de mau gosto de alguns colegas, e ele, na realidade, acabara despedido…

Assim, se acompanharmos o dia a dia de cada pessoa, observaremos passar ela, ao ritmo das circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis, por sucessivos estados de alegria e de tristeza.

Esta é a regra de vida de todo homem, de toda mulher, neste vale de lágrimas: a partir do momento em que Adão foi condenado por Deus, em consequência do pecado original, a comer o pão com o suor de seu rosto (cf. Gn 3, 19), “a vida do homem sobre a Terra é uma luta” (Jó 7, 1)!

Naturalmente, há tristezas maiores e profundíssimas, enquanto outras são menores e superficiais. Embora experimentemos algumas alegrias, mesmo passageiras, a tristeza é parte integrante de nossa vida, e recusar esta verdade é negar a realidade do mundo em que vivemos, onde todos somos sujeitos à alternância entre alegrias e tristezas.

Felicidade celeste

No Céu, entretanto, não existe aflição: a posse de Deus, fonte absoluta de toda felicidade possível, só permite a alegria plena, intensíssima e definitiva… Tendo alcançado a meta das metas (cf. II Tim 4, 7), depois de uma vida de semi-luzes e semi-sombras, como é possível estar triste?!

Guadium Press

Por isto, é também característica dos Santos Anjos estarem sempre repletos de uma alegria sincera, profunda e comunicativa. Anjo triste? Não existe!

Infelizmente, é muitas vezes para “anjos” de outra espécie que o homem se volta em busca de gozos terrenos; e pactuar com o demônio é assaz comum quando se trata de saciar a própria sede de dinheiro, poder ou sensualidade…

Ora, “homicida desde o princípio” e “pai da mentira” (Jo 8, 44), satanás não é apenas inimigo jurado de Deus e dos bons, mas também o paradigma da infelicidade total (cf. Mt 25, 41; 8, 12).

Como pode proporcionar felicidade aos outros aquele que não logra ser minimamente feliz ele mesmo? Por isto, quem a ele recorre se enreda, em troca de alguma vantagem passageira, numa espiral de malogros e aflições que duram, com frequência, até o fim da vida.

Nesta Terra, o caminho da verdadeira felicidade se encontra, pois, em viver em função de Deus. Com efeito, a fé n’Ele e a esperança na vida eterna são as virtudes que nos alentam a enfrentar as agruras inerentes à condição de viajantes.

Por isto, a alegria participativa da felicidade celeste, vivida nesta Terra pela fé, é um traço característico dos Santos, porquanto exclamava São Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!”.

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n.146, julho 2015.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Faleceu padre Swamy, preso por 9 meses por defender os indígenas

O jesuíta indiano padre Stan Swamy tinha 84 anos |
Vatican News

Condolências pela morte do padre Stan Swamy, o jesuíta de 84 anos que faleceu nesta segunda-feira em Mumbai, Índia. Ele havia sido preso sob a acusação de terrorismo por seu compromisso com os povos tribais.

Lisa Zengarini - Cidade do Vaticano

Ele havia sido hospitalizado em 29 de maio no Hospital católico da Sagrada Família em Mumbai, devido ao agravamento de seu estado de saúde após contrair Covid-19 na prisão. O Supremo Tribunal do Estado de Maharashtra havia lhe concedido a prorrogação da internação até 5 julho.

O idoso sacerdote jesuíta indiano, ativista pelos direitos indígenas no Estado de Jharkhand, preso em outubro passado sob acusação de terrorismo, morreu por volta das 13h30, horário local, (9h00 em Roma) na unidade de terapia intensiva do hospital católico administrado pelas Ursulinas de Maria Imaculada, enquanto seu último recurso ainda estava sendo discutido no Tribunal para obter sua libertação sob fiança. Libertação que nestes meses de detenção lhe foi negada reiteradas vezes, apesar da doença do Parkinson, da idade avançada  - ele tinha 84 anos - e dos inúmeros apelos pela sua libertação.

A história

Padre Swamy foi preso em 8 de outubro de 2020, pela Agência Antiterrorismo Indiana (NIA, sigla em inglês), juntamente com outros 15 ativistas sociais pelos direitos dos Adivasi (povos indígenas), todos acusados, de acordo com o "Ato de prevenção de atividades ilícitas" (UAPA), de terrorismo e cumplicidade com os rebeldes maoístas e, em particular, de um suposto envolvimento nos motins que eclodiram em 2018 em Bhima-Koregaon, no Estado de Maharashtra. Acusações sempre rejeitadas pelo sacerdote, que as considerava desprovidas de qualquer fundamento.

Nos últimos meses, houve inúmeras iniciativas e mobilizações para pedir sua libertação. A começar pelos apelos dos confrades da Companhia de Jesus, entre os quais uma das vozes mais ativas foi a do padre Cedrik Prakash, também há anos comprometido com os direitos humanos na Índia, que lançou nas redes sociais as hashtags #StandwithStan e #FreeStanSwamy.

Os apelos

Também os bispos e religiosos da Índia intervieram repetidamente no caso. Em outubro, a Conferência Episcopal da Índia (CBCI) falou de uma "prisão incompreensível", reafirmando o grande compromisso do sacerdote com a proteção dos direitos dos povos indígenas.

Os bispos também recordaram que “os católicos na Índia sempre foram elogiados por todos como uma comunidade de cidadãos leais, que respeitam a lei e estão a serviço da 'Mãe Índia'. Sempre contribuíram para a construção da nação e continuam a colaborar com o governo para o bem comum de todos os indianos e para o progresso do nosso país”.

O caso do padre Swamy também foi levantado pelos cardeais Oswald Gracias, George Alencherry, Baselios Cleemis, durante um encontro com o primeiro-ministro Narendra Modi em 20 de janeiro passado, mas sem sucesso.

A essas intervenções somou-se depois o apelo da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC): "A prisão e encarceramento implacável do padre Stan Swamy nos recordam o tratamento reservado a Mahatma Gandhi quando lutou pelos direitos do povo indiano", haviam escrito os bispos asiáticos. O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos também tratou da situação do clérigo.

Stanislaus Lourduswamy, este é seu nome completo, nasceu em 26 de abril de 1937 em Trichy, Tamil Nadu. Ingressou na Companhia de Jesus em 1957 e fez os votos perpétuos como jesuíta em 22 de abril de 1981, 11 anos após sua ordenação sacerdotal. Exerceu os primeiros anos de seu ministério sacerdotal como assistente social em Jamshedpur e Chaibasa, no Estado de Jharkhand, para onde mais tarde retornou na década de 1990 para realizar atividades sociais ao lado dos Adivasis. Em 1997 ele foi para Ranchi, onde permaneceu até sua prisão em outubro, quando então foi transferido para a prisão de Taloja, em Mumbai.

Fonte: Vatican News

Papa Francisco fala a cientistas sobre fé e ciência: colaboração, não oposição

Antoine Mekary | ALETEIA
Por Francisco Vêneto

"A ciência é um grande recurso para a construção da paz", disse ele.

O Papa Francisco falou a cientistas sobre fé e ciência e reforçou o convite para que haja maior colaboração, não oposição. A mensagem, em vídeo, foi divulgada no contexto do Encontro Internacional “A Ciência pela Paz”, organizado pela Universidade italiana de Teramo, nestes dias 2 e 3 de julho, por ocasião do Jubileu do Santuário de São Gabriel, que se situa justo ao lado do Instituto Nacional de Física Nuclear.

Francisco afirmou, na mensagem, que esse encontro era um grande “presente de esperança para toda a humanidade”. E corroborou:

“Vemos neste momento a necessidade de um relançamento da pesquisa científica a fim de enfrentar os desafios da sociedade contemporânea. E fico feliz que seja a comunidade diocesana de Teramo que esteja promovendo este encontro, dando assim testemunho de que não pode nem deve haver oposição entre fé e ciência”.

Fé e ciência: colaboração, não oposição

O Papa evocou o que já havia escrito na encíclica Fratelli tutti:

“É urgente conhecer a realidade para construir juntos. Para que o desejo de conhecimento, que se esconde no coração de cada homem e de cada mulher, possa crescer e se desenvolver, a pesquisa científica deve colocar o seu conhecimento a serviço de todos, buscando sempre novas formas de colaboração, o intercâmbio de resultados e de construção de redes”.

No tocante à pandemia, Francisco disse:

“A experiência da emergência sanitária, mais do que nunca, e de certo modo com maior urgência, pede ao mundo da ciência para repensar as perspectivas da prevenção, da terapia e da organização da saúde, levando em conta as repercussões antropológicas ligadas à convivência social e a qualidade das relações entre familiares e entre as gerações”.

Ele também chamou a atenção para o seguinte cuidado:

“Nenhum conhecimento científico deve caminhar sozinho e sentir-se autossuficiente. A realidade histórica é cada vez mais uma realidade única e deve ser servida pela pluralidade de conhecimentos que, em sua especificidade, contribuem para o crescimento de uma nova cultura capaz de construir a sociedade, promovendo a dignidade e o desenvolvimento de cada homem e de cada mulher”.

Francisco exortou:

“Diante dos novos desafios, a vocês, queridos amigos da ciência, é confiada a tarefa de testemunhar que é possível construir um novo vínculo social, comprometendo-se a fazer a pesquisa científica próxima de toda a comunidade, da local à internacional, e que, juntos, é possível superar qualquer conflito. A ciência é um grande recurso para a construção da paz!”

O Papa encerrou pedindo:

“Acompanhem a formação das novas gerações ensinando-lhes a não terem medo do esforço da pesquisa. O Mestre também se faz procurar: Ele infunde em todos a certeza de que, quando se busca com honestidade, encontra-se a verdade. Esta mudança de época precisa de novos discípulos do conhecimento, e vocês, queridos cientistas, são os mestres de uma nova geração de construtores de paz”.

Fonte: Aleteia 

A bela oração de São João Paulo II a Santa Maria Goretti

São João Paulo II diante dos restos mortais de Santa Maria Goretti.
Crédito: Santuario Nettuno.it

REDAÇÃO CENTRAL, 06 jul. 21 / 07:00 am (ACI).- O querido Papa São João Paulo II não apenas visitou o Santuário de Nettuno em 1979, onde repousam os restos de Santa Maria Goretti, como também compôs uma bela oração que apresentamos nesta matéria.

Em 6 de julho, é a festa desta menina de onze anos que foi morta com 14 facadas por resistir a um estupro e que, antes de morrer, perdoou seu assassino. O Papa Pio XII, que a canonizou em 1950, a definiu como "pequena e doce mártir da pureza".

Anos mais tarde, São João Paulo II visitou o Santuário de Maria Goretti e compôs a seguinte oração a Marietta, como chamavam carinhosamente a pequena santa.

"Menina de Deus, tu que conheceste logo a dureza e a fadiga,

a dor e as breves alegrias da vida,

tu que foste pobre e órfã,

tu que amaste ao próximo, tornando-te uma serva humilde e disponível,

tu que foste boa e amaste Jesus acima de todas as outras coisas,

tu que derramaste o teu sangue para não trair o Senhor,

tu que perdoaste o teu assassino,

intercede e reza para que digamos sim ao desígnio de Deus para nós.

Agradecemos a ti, Marietta, pelo amor a Deus e pelos irmãos,

que semeaste em nossos corações.

Amém".

Em 7 de julho de 2002, um dia após a celebração do centenário da morte da Santa, São João Paulo II lembrou-a na oração do Ângelus no Vaticano.

"Eu quis recordar esta data importante com uma especial Mensagem enviada ao Bispo de Albano, realçando a atualidade desta Mártir da pureza, que desejo mais conhecida pelos adolescentes e pelos jovens", afirmou então o Papa polonês.

"Santa Maria Goretti é um exemplo para as novas gerações, ameaçadas por uma mentalidade sem obrigações, que tem dificuldade em compreender a importância dos valores sobre os quais nunca é lícito chegar a compromissos".

O Pontífice destacou que “apesar de ser pobre e de não ter instrução escolar, Maria, que ainda não tinha doze anos, possuía uma personalidade forte e madura, formada pela educação religiosa que recebeu na família. Isto fez com que ela fosse capaz não só de defender a própria pessoa com castidade heroica, mas até de perdoar ao seu algoz”.

"O seu martírio recorda que o ser humano não se realiza seguindo os impulsos do prazer, mas vivendo a própria vida no amor e na responsabilidade", enfatizou.

Aos jovens incentivou a que, seguindo o exemplo de Maria Goretti, “não deixeis que a cultura do ter e do prazer adormeça as vossas consciências! Sede ‘sentinelas’ acordadas e vigilantes, para serdes autênticos protagonistas de uma nova humanidade".

Fonte: ACI Digital

Santa Maria Goretti, Virgem e Mártir

S. Maria Goretti, Riccardo Sanna | Vatican News
06 de julho

“Um anjo de filha”
Quem a conhecia, em Ferriere de Conca, uma fração da província de Latina, a chamava de Mariazinha, secundogênita de Luís Goretti e Assunta Carlini, camponeses que emigraram, com seis filhos, para a lavoura na região da Pontina, provenientes de Corinaldo, na província de Ancona. Ele nasceu naquela cidadezinha das Marcas em 16 de outubro de 1890.

Testemunha da fé também nas dificuldades
Afabilidade, generosidade e pureza de coração eram as características da índole da pequena Maria; a menina sempre se dedicava aos trabalhos domésticos e aos cuidados dos irmãos menores, enquanto os pais exerciam, sem cessar, o massacrante trabalho na lavoura.
Sua fé e assiduidade na oração, especialmente o Rosário, jamais faltaram em sua vida, nem quando, com a idade de dez anos, sofreu pela perda de seu amado pai, acometido pela malária. Contudo, os sofrimentos não influenciaram no ânimo de Mariazinha; pelo contrário, a partir daquele momento, sentiu o dever de consolar a mãe, que ficara sozinha para cuidar da família.

O desejo da Santa Comunhão
As condições econômicas precárias levaram a família Goretti a associar-se, por necessidade, à família Serenelli, que morava na mesma granja, que também trabalhava no campo agrícola de propriedade do conte Mazzoleni.
Enquanto o pai e o filho da família Serenelli trabalhavam na lavoura e Assunta cuidava dos filhos, Maria se ocupava de vender ovos, na distante cidade de Netuno, preparar a comida para os camponeses e remendar as roupas. As intensas atividades da menina jamais diminuíram seu desejo de rezar: apesar de ser analfabeta, em 1902, com apenas onze anos, pediu e obteve a permissão de receber o sacramento da Comunhão, um ano antes do previsto. Estava disposta a renunciar a horas de sono para poder participar da Missa dominical em Campomorto, situado a vários quilômetros da sua casa.

A cruz e o silêncio
A perturbar a paz espiritual, que Mariazinha sempre havia nutrido em seu coração, foi o momento em que, tendo-se desenvolvido fisicamente, ela se tornou objeto de morbosas atenções de Alexandre Serenelli, dezoito anos, até então considerado como um irmão. O jovem procurou, com insistência, seduzir Maria, que sempre o rejeitou, convidando-o a não ofender a Deus; ele a ameaçava de morte se ela falasse à família sobre as suas insinuações. O silêncio foi-lhe uma pesada cruz para carregar. Mas, a menina, evitando agravar as relações, já tensas, entre as duas famílias, encontrou conforto em suas confidências à Virgem.

O martírio e a canonização
No dia 5 de julho de 1902, enquanto as famílias Serenelli e Goretti trabalhavam na lavoura e Maria se encontrava sozinha em casa, Alessandro a agrediu e tentou violentá-la: “Não! Deus não quer. Você vai para o inferno!”. Assim a menina o advertia, para manter a sua pureza. Então, obcecado pela raiva, o jovem começou a feri-la à morte com diversos golpes de arma pontiaguda. No dia seguinte, antes de expirar, a pequena perdoou o algoz, confiando à mãe seu íntimo desejo de que ele pudesse se encontrar com ela no Paraíso.
Condenado à prisão, o rapaz se converteu, em 1910 e, depois de cumprir a pena, em 1928, pediu perdão a Assunta Goretti, com quem se aproximou da Comunhão.
Por desejo de Pio XII, no dia 24 de junho de 1940, Mariazinha foi beatificada. Em 1950, por ocasião da sua canonização, entre uma imensa multidão, estavam presentes o rapaz e a mãe enferma.
Os restos mortais da virgem e mártir descansam no Santuário de Nossa Senhora das Graças, meta de numerosas peregrinações.

Fonte: Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF