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"Nossa opção sempre deveria ser a maior glória de Deus, através da concretização de nossa" (© Biblioteca Apostolica Vaticana) |
"Também
conosco, quando sentirmos a rejeição à nossa missão de paz, ao nosso trabalho
de construção da justiça, aos nossos atos de fraternidade, não deveremos
assumir a recusa, o repúdio, como algo feito a nós, mas ao Senhor, de quem
sempre somos embaixadores."
Padre César Augusto dos Santos SJ
Sem dúvida, o tema da liturgia deste domingo é a
Missão!
Segundo o Dicionário Houaiss, da Língua Portuguesa,
Missão é incumbência que alguém deve executar a pedido ou por ordem de outrem;
encargo; ora, a missão é profetizar/evangelizar, ordenada por Deus a quem Ele
quis.
Na primeira leitura extraída do livro do Profeta
Amós 7, 12-15, temos o Sacerdote Amasias, enciumado, solicitando que Amós
deixasse de ser seu concorrente e fosse pregar em Judá, mas não em Betel, seu
posto de trabalho, já que ele, Amasias, era ligado ao Rei Jeroboão II e à sua
corte. Todavia, foi o Senhor quem solicitou ao camponês Amós que deixasse de
pastorear o gado e de cultivar sicômoros. O Senhor lhe deu a missão de ir a Betel
e lá profetizasse para o Povo de Israel. Se Amós se intimidasse com a figura de
Amasias e se transferisse para Judá, estaria desobedecendo a Javé.
Muitas vezes conosco acontecem coisas semelhantes e
nos sentimos em uma enrascada; mas ao Senhor, sempre deveremos obedecer, mesmo
que nos deixe em uma situação difícil.
No Evangelho, Marcos 6, 7-13, vemos o Senhor enviar
os doze apóstolos em grupo de dois, com a missão de evangelizar, e dentro de
uma simplicidade e austeridade pedidas ao enviado, para que confie apenas na
Providência e sinta-se totalmente livre de cuidados e preocupações para o
desempenho da missão.
Eles irão lutar contra os espíritos impuros, isso
significa que a luta será aguerrida e, por isso mesmo, deverão estar bem-preparados,
confiando apenas no poder do Senhor, e não em recursos humanos, por mais
excelentes e puros que sejam.
E como será essa evangelização? Marcos nos fala em
anúncio da conversão, expulsão de demônios, cura de doentes e unção com óleo.
Por outro lado, a não acolhida do anúncio deverá
ser tratada como recusa ao dom de Deus e é dada aos apóstolos a orientação de
sacudir a poeira dos pés, como testemunho contra os rejeitadores da Palavra.
Nesse momento o despojamento é mudado. Não se trata de deixar elementos de que
necessitarão para a própria sobrevivência e exercício da missão, mas a própria
poeira daquela povoação, sinal explicito de que a eles chegou a Mensagem, mas
houve a rejeição, a recusa em ouvir a Palavra de Deus.
Também conosco, quando sentirmos a rejeição à nossa
missão de paz, ao nosso trabalho de construção da justiça, aos nossos atos de
fraternidade, não deveremos assumir a recusa, o repúdio, como algo feito a nós,
mas ao Senhor, de quem sempre somos embaixadores. E nossa dignidade exige que
não aceitemos nada, não acrescentemos nada em nossa equipagem, como uma simples
lembrança ou cortesia.
Na segunda leitura, Efésios 1,3-14, São Paulo nos
fala, no versículo 4, sobre nossa vocação, pensada para nós, pelo Criador,
“antes da fundação do mundo”.
Cada
um de nós é criado por e com amor e com dons e carismas que norteiam nossa
vocação e nossa missão. Portanto se admiramos a capacidade de um grande
profissional em sua área, dizemos que é carismático; também como cidadão do
Reino, cada um de nós foi predestinado “a ser, para o louvor de sua glória, os
que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo.” Desse modo fica claro que
nossa opção sempre deveria ser a maior glória de Deus, através da concretização
de nossa vocação, do uso de nossos dons e carismas; tudo com o fim
evangelizador. Quanto mais integrado com nossa vocação, mais clareza no tocante
à nossa missão específica, mais felicidade, maior realização e maior desfrute
de todo o Criado.
Fonte: Aleteia