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Apologistas da Fé Católica |
A Igreja deu início à cultura ocidental, foi a partir das ruínas do
Império Romano, e chegou aos povos como a portadora de uma civilização
superior. O direito civil centrado na autoridade de Roma, a filosofia grega e a
Tradição judaica: “O colapso da organização política do Império Romano deixara
um grande vácuo que nenhum rei bárbaro ou general poderia preencher. Foi
preenchido, contudo, pela Igreja, que assumiu a função de tutora e legisladora
dos novos povos. Os padres latinos – Ambrósio, Agostinho, Leão e Gregório –
foram, concretamente, os pais fundadores da cultura do Ocidente, na medida em
que, por meio do árduo trabalho desses homens, os distintos povos do Ocidente
puderam ser incorporados à comunidade espiritual da cristandade, adquirindo,
dessa forma, uma cultura comum. Acima de tudo, foi esse empenho evangelizador
que distinguiu o desenvolvimento do Ocidente do de outras civilizações da
história.
Os Padres ensinaram os nórdicos a ler e escrever, e foram eles os
responsáveis por guardar todas as tradições desses povos: “Os povos do norte
não possuíam conhecimento da escrita, desconheciam a vida urbana e não
dominavam a arte da cantaria. Resumindo, eram “bárbaros”. Foi somente por meio
do cristianismo e dos elementos que vieram de uma cultura superior,
transmitidos pela ação da Igreja, que a Europa ocidental adquiriu sua unidade e
forma.”
Seguindo com uma observação do Padre Rivaux:
“A história da Igreja, não pôde deixar de dizer Aimé Martin, é uma
história à parte, uma história moral lançada através da história material dos
povos e destinada a espiritualizá-la. No meio de todas as coisas que passam, de
todas as crenças que morrem, de todos os deuses que desaparecem, admiramo-nos
de encontrar uma sociedade que nunca morre, uma religião que se engrandece. É
que a Igreja não nasceu da ignorância dos povos ou da ambição dos homens, como
as outras religiões, mas das luzes do céu e das necessidades da humanidade.”
Dos fatos e testemunhos precedentes, resulta claramente que a soberania temporal
da Santa Sé se funda nos títulos mais justos e mais honrosos, isto é, no voto
legítimo dos povos abandonados por seus antigos senhores, na justa conquista
dos franceses e nos serviços inapreciáveis que os sumos pontífices prestaram à
Itália durante mais de dois séculos e nas circunstâncias mais difíceis. Por
isso esta transformação se operou sem intrigas sem violências, sem lutas
sangrentas, sem ter custado uma lágrima à humanidade. Não se acha talvez na
história soberania alguma cuja origem seja tão legítima e tão respeitável!
Trecho retirado da obra tratado de História eclesiástica, padre Rivaux
A obra do
Históriador Christopher Dawson recebeu uma análise do prior da ordem
Beneditina, Rembert G. Weakland,Arcebispo de Milwauke:
“Pesquisas recentes indicam que a religião ainda é uma força vital na cultura
ocidental, embora de uma forma totalmente diferente do que ocorria nos períodos
que Dawson analisa. Hoje em dia há uma enorme fragmentação no campo da cultura
e a religião que se tornou um campo de batalha, dividido em compreensões
diversas sobre a pessoa humana, Deus, o mundo e como eles se relacionam.
Contudo, mesmo por baixo dessas diferenças, pode-se encontrar uma realidade
humana comum, que revela uma sede espiritual que não pode ser eliminada da
sociedade. Essas forças estão ressurgindo em países onde, por muitas gerações,
poderosas forças contrárias tentaram suprimi-las. São indicações de que uma
cultura totalmente secularizada não consegue se impor sobre nós; pelo
contrário, uma nova forma de cultura religiosa parece estar se desenvolvendo.”
(Rembert G. Weakland, O.S.B. (Prior da Ordem Beneditina Arcebispo de
Milwaukee,12 de maio de 1991)
Os inimigos de Deus têm percebido que não existirá uma nova cultura sem
uma Religião, Dawson e muitos outros nos indicaram que nossa cultura é viva por
causa das nossas raízes cristãs: “A cultura do Ocidente é a atmosfera mental e
emocional que há muito respiramos. Trata-se do ambiente que determina nosso
modo de vida, assim como determinou o modo de vida de nossos antepassados.
Portanto, não a conhecemos por meros meios documentais e arqueológicos, mas por
causa de nossas próprias experiências.”
Por isso os inimigos de Deus têm percebido que é necessário desacreditar
a Igreja: “Enquanto isso, fora do mundo acadêmico, novas forças sociais estão
em operação, usando a história, ou uma versão particular da história, para
alcançar fins político-sociais como meio para alterar a vida e as ações
humanas. O surgimento dessas novas ideologias políticas e teorias ideológicas
da história mostrou que o desenvolvi mento das especialidades científicas não
abrandou, de forma alguma, a necessidade humana por uma fé histórica.”
Neste comentário fica bem definida tarefa e poder da civilização cristã
ocidental: “No sentido moderno da expressão, uma ideologia é algo muito
diferente da fé, embora se destine a cumprir as mesmas funções sociológicas. A
primeira constitui-se como produto inteiramente humano, um instrumento por meio
do qual a vontade política tenta moldar a tradição social para que dela possa
se servir. Todavia, a fé aponta para além do mundo dos homens e de suas obras.
Ela introduz a humanidade num campo de realidade muito mais alto e universal,
em comparação ao mundo finito e temporal ao qual o Estado e a ordem econômica
pertencem. Logo, a fé introduz na vida humana um elemento de liberdade
espiritual que pode exercer uma imensa influência transformadora e criativa
sobre a cultura social dos homens, durante sua trajetória histórica; assim como
exerce influências igualmente transformadoras sobre a vida pessoal de cada um.”
Continua Dawson: “No Ocidente, o poder espiritual não foi imobilizado e
cristalizado em uma ordem social sagrada, como ocorreu no Estado confuciano, na
China, e no sistema de castas da Índia. Aqui, ele adquiriu liberdade e
autonomia social e, consequentemente, sua atividade não ficou confinada à
esfera religiosa e seus efeitos se disseminaram sobre todos os aspectos da vida
social e intelectual.
“Esses efeitos
secundários não ostentam necessariamente um valor religioso ou moral do ponto
de vista cristão – mas eles não deixam
de ser secundários e dependem dessa força espiritual que os criou, sem
a qual eles seriam completamente diferentes ou nem sequer existiriam. “Isso é
verdade para a cultura humanista apesar de todo o seu secularismo e
naturalismo, tão característicos dela. Porém, quanto mais se estuda as origens
do humanismo, mais se é obrigado a reconhecer a existência de um elemento que
não é apenas espiritual, mas definitivamente cristão.
“As outras grandes culturas do mundo realizaram suas próprias sínteses
entre religião e vida social, mantendo suas ordens sagradas imutáveis por
séculos ou milênios. Mas a civilização ocidental foi esse grande fermento de
mudança no mundo, justamente porque mudar o mundo tornou-se parte integral de
seu ideal cultural. Séculos antes das grandes realizações da ciência e da
tecnologia modernas, o homem ocidental já concebera a ideia de instauratio
magna das ciências, que abriria novas formas de compreensão e alteraria os
destinos da raça humana. Tampouco isso foi resultado da visão única de um gênio
solitário. Hoje, sabemos que Francis Bacon, em seu pensamento, estava muito
mais próximo da Idade Média que Macaulay e sua geração nos fizeram acreditar.
De fato, em alguns aspectos, o pensamento de Francis Bacon se aproxima mais do
universo mental de seu “xará”, Roger Bacon, do que do universo de Galileu. Foi
Roger Bacon, afinal de contas, quem primeiro concebeu a ideia de uma síntese
total entre o conhecimento científico e filosófico, um projeto destinado a
alargar os laços da vida humana e dar à civilização cristã o poder de unir o
mundo.”
“Uma vez apenas, na história da Europa ocidental, realmente observamos
uma tentativa de criar uma unidade totalizadora da ordem sagrada, comparável ao
modelo da cultura bizantina ou aos modelos orientais. Trata-se do Império
Carolíngio, concebido como a sociedade de todos os povos cristãos sob o
controle de uma monarquia teocrática que tentou regular cada detalhe da vida e
do pensamento, abarcando inclusive os métodos dos cantos eclesiásticos e das
regras monásticas por meio de decretos legislativos e inspeções governamentais.
Mas esse foi um episódio breve e fracassado, que se destacou como grande
contraste em relação ao curso principal do desenvolvimento do Ocidente. Mesmo
assim, suas realizações culturais dependeram largamente das contribuições de
elementos independentes que vieram de fora do império, como Alcuíno, da
Inglaterra, João Escoto, da Irlanda, e Teodolfo da Espanha.”
Aqui nessa citação pode-se verificar que à ideia de uma Igreja que
forçava um governo teocrático é totalmente desmentida: “Fora esse único caso
excepcional, nunca houve nenhuma organização unitária da cultura do Ocidente,
exceto, obviamente, a própria Igreja cristã, que forneceu um princípio
eficiente de unidade social. E, mesmo durante a Idade Média, essa unidade
religiosa imposta pela Igreja nunca se estruturou como uma verdadeira
teocracia, semelhante aos modelos orientais, uma vez que envolvia um dualismo
entre os poderes espiritual e temporal, o que acabou produzindo uma vital
tensão interna nas sociedades do Ocidente, tornando-se o campo fértil para os
movimentos de autocrítica e de mudança. Não obstante, por toda a história da Europa
ocidental, até o século XIX, a ausência de uma organização unitária e de uma
única fonte capaz de controlar toda cultura nunca pôs em risco a continuidade
espiritual da tradição do Ocidente.”
“O surgimento da
nova cultura europeia ocidental ficou condicionado a esse profundo dualismo
entre duas culturas, duas tradições sociais e dois mundos espirituais – a
sociedade guerreira dos reinos bárbaros com seus cultos heroicos e sua
agressividade bélica em contraste
com a sociedade pacífica da Igreja cristã, com seus ideais de ascetismo e
renúncia e sua vida teológica. Tampouco sua importância está confinada (à Idade
das Trevas), [termo criado na renascença como forma de desmerecer mil anos de
história] – de 500 a 1000 d.C. Em certo grau, esse traço permaneceu
característico da cultura medieval como um todo e seus efeitos ainda são
discerníveis sobre a história da Europa ocidental. De fato, acredito que ele
tem de ser considerado como a principal fonte motora desse elemento dinâmico
cuja importância foi tão decisiva para a cultura do Ocidente.”
Esse processo criativo de assimilação cultural que encontra expressão
consciente na tradição literária também esteve em operação na profundidade da
consciência individual e na formação e consolidação das novas instituições.
Podemos vê-lo na vida dos santos, nas leis dos reis, nas cartas dos
missionários e dos eruditos e nas canções dos poetas. Sem dúvida, toda
evidência que possuímos derrama apenas uma pálida e incerta luz sobre essas
realidades vitais do processo social medieval. No entanto, nosso conhecimento
sobre as origens da cultura do Ocidente é muito mais autêntico e detalhado que
qualquer outro conhecimento que possuímos sobre as origens das outras grandes
culturas da Antiguidade clássica e do Oriente.
“Os historiadores e filósofos cujas mentes foram formadas pelo
iluminismo liberal do século XVIII tinham pouco interesse e não sentiam nenhuma
afeição pelo período medieval – para eles, uma época na qual a escuridão das
culturas bárbaras teriam se tornado ainda mais negras devido às superstições
religiosas e ao ascetismo monástico.”
“Por outro lado, durante o século XIX, uma época em que as tendências
nacionalistas encontraram no campo da história, mais que em qualquer outro
lugar, um terreno fértil para seus propósitos, vemos um movimento contrário em
direção a uma idealização um tanto ingênua e perigosa das culturas dos povos
bárbaros teutônicos e eslavônicos, em detrimento da unidade cultural do
Ocidente, que foi ignorada ou depreciada pelos movimentos nacionalistas”.
Somos filhos da Igreja, existe uma diferença entre uma sociedade que se
desenvolveu sob a influência decisiva do Cristianismo, comparada àquelas com
predominância do Islã, e outras religiões, onde à vida humana e os valores
morais não têm um valor em si. Nunca seremos herdeiros de revolução, seja ela
Protestante ou iluminista; o humanismo não tem identidade com o Cristianismo! O
único humanismo que observamos é amar o próximo como a nós mesmos. Este é o
motivo de toda a cultura, todo o Ocidente terem se constituídos com a raiz
cristã: Nada pôde e nem poderá superar o Cristianismo. Por isso somos odiados.
Fonte: Apologistas da Fé Católica