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domingo, 22 de agosto de 2021

Nossa Senhora Rainha

Nossa Senhora Rainha | Convento da Penha
22 de agosto

Nossa Senhora Rainha

Origens

A festa litúrgica de Nossa Senhora Rainha é conhecida também festa do “Reinado de Maria”. Ela foi instituída no ano 1954 pelo Papa Pio XII. Aconteceu quando ele coroou Nossa Senhora na Basílica de Santa Maria Maior, que fica em Roma, Itália. No dia 11 de Outubro de 1954, Pio XII promulgou também a Encíclica Ad Caeli Reginam (A Rainha do Céu). A carta é um tratado sobre a realeza e a dignidade de Maria.

A data

A princípio, a data da festa foi estabelecida para o dia 31 de Maio, mês de Maria. Agora, porém, a celebração acontece na oitava da Assunção, isto é, oito dias após a festa da Assunção de Nossa Senhora. Assim, fica manifesta a íntima ligação entre a Assunção de Maria e sua coroação no céu.

Fundamentação

O Papa Pio XII deixa claro na Encíclica Ad Caeli Reginam, que "os Teólogos da Igreja, extraindo sua doutrina" consultaram os escritos e sermões de vários Santos, bem como testemunhos da Tradição antiga. Em todos esses casos, lê-se na Encíclica, os santos e a Tradição "referem-se à Santíssima Mãe Virgem Rainha de todas as coisas criadas, Rainha do mundo, Senhora do universo".

O reinado de Maria depende do Reinado de Cristo

A celebração do Reinado de Nossa Senhora tem sua origem na festa de Cristo Rei do Universo, ou, festa do “Reinado de Cristo”. Como Jesus Cristo é Rei, sua mãe terrena, pura e imaculada, também é Rainha. Não se trata de um reino deste mundo, mas de um reinado eterno, universal, segundo a vontade de Deus.

Vaticano II

O livro Lumen Gentium (Luz dos Povos), do Concílio Vaticano II, no Capítulo 59, diz: "A Virgem Imaculada (…) foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como rainha, para assim se conformar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte".

Os Papas e o Reinado de Maria

Papa Paulo VI

O beato Papa Paulo VI, em sua Exortação Apostólica intitulada Marialis Cultus (Culto a Maria), escreveu: “... na Virgem Maria tudo é referido a Cristo e tudo depende Dele: em vistas a Ele, Deus Pai a escolheu desde toda a eternidade como Mãe toda Santa e a adornou com dons do Espírito Santo que não foram concedidos a nenhum outro”. Por isso, ela é Rainha do céu e da terra.

Papa Bento XVI

Na festa de Nossa Senhora Rainha de 2012, o Papa emérito Bento XVI disse: “... esta realeza da Mãe de Deus se faz concreta no amor e no serviço a seus filhos, em seu constante velar pelas pessoas e suas necessidades.” O reinado de Nossa Senhora aparece concretamente para nós que vivemos neste mundo, através do amor e do serviço de proteção e intercessão que ela presta a nós, que ainda caminhamos neste mundo.

São Luis de Monfort

São Luis Maria Grignon de Monfort, autor do Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Maria, escreveu no número 38: "Maria é a rainha do Céu e da terra, por graça, como Cristo é Rei por natureza e por conquista".

Oração a Nossa Senhora Rainha

Ó, Maria sem pecado concebida! A mais Preciosa Menina, Rainha das Maravilhas. Ajuda-me neste dia a ser sempre teu verdadeiro filho, para chegar um dia ao Deus da Vida. És Rainha do Céu e da Terra, gloriosa e digna Rainha do Universo a quem podemos invocar de dia e de noite, não só com o doce nome de Mãe, mas também com o de Rainha,  como te saúdam no Céu com alegria e amor todos os Anjos e Santos. Nossa Senhora Rainha, Celeste Aurora, enviai a Luz Divina do Universo para me ajudar a resolver estes problemas (descrever resumidamente os problemas) Amém.”

Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

sábado, 21 de agosto de 2021

Da Constituição Apostólica Divino aflatu, de São Pio X, papa

S. Pio X, papa | Liturgia das Horas

Da Constituição Apostólica Divino aflatu, de São Pio X

(AAS3[1911],633-635)            (Séc.XX)

A voz da Igreja que canta suavemente

Compostos por divina inspiração, os salmos colecionados na Sagrada Escritura foram desde os inícios da Igreja empregados, como se sabe, não apenas para alimentar maravilhosamente a piedade dos fiéis que ofereciam sempre a Deus o sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que louvam seu nome (cf. Hb 13,15; Os 14,3); mas também, como já era costume na antiga Lei, para ocupar lugar eminente na sagrada liturgia e no ofício divino. Daí nasceu, na expressão de Basílio, “a voz da Igreja” e a salmodia. Salmodia que é “filha de sua hino dia, que sempre a Igreja canta diante do trono de Deus e do Cordeiro”, como expõe nosso predecessor Urbano VI. Assim a Igreja ensina aos homens particularmente devotados ao culto divino, conforme as palavras de Atanásio, “de que modo se deve louvar o Senhor e com que palavras dignamente” confessá-lo. A este respeito disse muito bem Agostinho:“Para ser bem louvado pelo homem, Deus mesmo se louvou; e, aceitando louvar-se, deu ao homem encontrar o modo de louvá-lo”. 

Além disto, nos salmos há uma maravilhosa força para despertar nos corações o desejo de todas as virtudes. Pois, “embora toda a nossa Escritura, tanto a antiga quanto a nova, seja inspirada por Deus e útil para a instrução, como está escrito (cf. 2Tm 3,16), o livro dos salmos porém, semelhante a um paraíso, que contém em si os frutos dos demais livros, produz o canto, e, ainda mais, oferece seus próprios frutos unidos aos dos outros durante a salmodia”. Essas palavras são novamente de Atanásio, que acrescenta: “A mim me parece que os salmos são como um espelho para quem salmodia, onde este se contempla a si e os movimentos de seu espírito, e, assim impressionado, os recita”. Também diz Agostinho nas Confissões: “Como chorei por causa de teus hinos e cânticos, vivamente comovido pelas suaves palavras do canto de tua Igreja! As palavras fluíam em meus ouvidos e instilava-se a verdade em meu coração, fazendo arder a piedade; corriam-me as lágrimas e sentia-me bem com elas”. 

Na verdade, a quem não comovem aquelas frequentes passagens dos salmos onde se canta profundamente a imensa majestade de Deus, a onipotência, a indizível justiça,a bondade ou a clemência e todos os outros infinitos louvores? A quem não inspiram iguais sentimentos as ações de graças pelos benefícios recebidos de Deus, ou as humildes e confiantes preces pelo que se deseja, ou os clamores do arrependimento dos pecados? A quem não inflama a cuidadosamente velada imagem do Cristo Redentor “cuja voz ouvia Agostinho em todos os salmos a salmodiar, a gemer, a alegrar-se na esperança ou a suspirar pela realização?”

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

O desespero incessante da vida sem Deus

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O desespero incessante da vida sem Deus

Por Wagner Kaba

Muitos ateus se comprazem em afirmar que os crentes são pessoas iludidas pela idéia da existência de Deus. Muitos discordarão desta alegação, inclusive o autor deste artigo. Mas este texto não tem como foco analisar a suposta ilusão daqueles que crêem e sim, analisar uma ilusão freqüente compartilhada por muitos daqueles que não crêem: a idéia de que Deus é irrelevante para a questão do sentido da vida. Será que se pode declarar a morte de Deus e, mesmo assim, alegremente afirmar que a vida possui sentido?

Os cientistas afirmam que o universo está fadado a morrer. Como ele está em expansão desde o Big Bang, tudo que nele existe está se tornando cada vez mais distante. Com o passar do tempo, as estrelas perderão seu calor e irão morrer. Deste modo, o universo se tornará cada vez mais frio, e sua energia irá se esgotar. O espaço ficará repleto de cadáveres estelares que serão tragados por buracos negros. E até mesmo os buracos negros serão consumidos e irão se evaporar. Assim, todas as coisas estão condenadas a desaparecer sob os escombros de um mundo agonizante. Tudo o que foi construído pelo homem desaparecerá sem deixar nenhum vestígio. Não haverá nenhum ser vivo para contar alguma história e nenhum outro para ouvi-la. “Tudo aquilo que já formou você, as montanhas, as estrelas e tudo o mais será uma coisa só: um mar escuro de energia. Um mar cada vez mais frio, inerte. Sem nada nem ninguém para acender a luz.” [1]

Neste cenário, faz alguma diferença fundamental o fato de o universo algum dia ter existido? Quer o universo tenha surgido ou não, no final das contas o resultado é o mesmo: um vazio negro, frio e inerte. Assim, como tudo acaba em nada, não faz diferença nenhuma se algo existiu ou não. Portanto, o universo não tem um sentido fundamenta [2].

Este mesmo raciocínio pode ser aplicado ao ser humano. Se Deus não existe, o homem está condenado a desaparecer como se nunca houvesse existido. Deste modo, no final das contas, não fará diferença nenhuma o fato de algum homem ter surgido sobre a face da terra. A humanidade, portanto, não tem mais importância do que um enxame de mosquitos ou uma vara de porcos, pois seu fim é o mesmo. O mesmo processo cósmico cego e mecânico que a vomitou no início um dia acabará por engoli-la [3]. No final, todos os esforços humanos terão sido em vão. A contribuição dos cientistas para o avanço da ciência, os esforços dos pacifistas para promover a paz, as pesquisas médicas para descobrir a cura de doenças, o trabalho dos humanitaristas para erradicar a pobreza – no final, tudo o que custou tanto para ser conquistado, muitas vezes à custa de inúmeras vidas, desaparecerá como se nenhum esforço houvesse sido realizado. Desta forma, tudo acaba em nada e, portanto, o homem é nada.

O filósofo William Lane Craig apresenta o quadro em que estamos inseridos:

Se cada pessoa deixa de existir quando morre, que sentido fundamental pode ser dado à sua vida? Realmente faz diferença se ela existiu? Pode ser dito que sua vida foi importante porque influenciou outros ou afetou o curso da história. Mas isso mostra apenas um significado relativo da sua vida, não um sentido fundamental. Sua vida pode ter importância relativa a certos acontecimentos, mas qual é o sentido fundamental desses acontecimentos? Se todos os acontecimentos não têm sentido, então que sentido fundamental pode haver em influenciá-los? No final das contas, não faz diferença.” [4]

Mesmo assim, muitos ateus insistem em dizer que a vida possui propósito. “A vida não vem com um manual de instruções indicando seu sentido”, dizem eles. “Somos nós que o criamos. E é isto o que faz a vida tão maravilhosa. Podemos escolher o que queremos, que sentido e que rumo queremos dar a ela.”

Inventar um sentido para a vida pode até ajudar uma pessoa a se sentir bem. Mas esta invenção não passa de um auto-engano para ajudar a suportar a dura realidade da existência, visto que a vida continua sem sentido em termos objetivos do mesmo jeito.

Se Deus não existe, o que é o homem? Ele é apenas um subproduto acidental da natureza que evoluiu recentemente em um ponto de poeira infinitesimal perdido em algum lugar de um universo hostil e sem sentido e que está condenado a perecer individualmente e coletivamente em um espaço relativamente curto de tempo[5]. Nesta ordem de idéias, homem é mero produto do acaso e não há propósito nenhum em sua existência. E nenhuma tentativa de se inventar um sentido para a existência poderá mudar estes fatos. Portanto, inventar um sentido para sua vida não passa de um exercício de auto-engano.

Além de tudo, o universo não adquire sentido apenas porque alguém lhe atribui algum. Suponha que duas pessoas dêem sentidos diferentes ao universo. Quem tem razão? A resposta, é claro, nenhuma das duas. O mundo sem Deus permanece sem sentido em termos objetivos, não importa o que as pessoas pensem. Assim, atribuir um sentido ao universo não passa de um exercício de auto-engano [6].

Mas por que esta discussão sobre o sentido da vida é tão importante? A resposta é que, para ser feliz, o homem necessita de um sentido para sua existência. Por quê? Porque o homem se alimenta de auto-estima. Uma auto-estima baixa pode levar facilmente à depressão e ao suicídio. E dificilmente alguém pode manter elevada sua auto-estima se descobrir que sua vida não tem nenhum propósito.

Assim sendo, se Deus não existe, a vida não tem sentido. E se a vida não tem sentido, o homem que possui consciência desta verdade terá uma séria dificuldade para ser feliz. Portanto, a existência de um Deus amoroso é uma peça importante para a construção da felicidade.

A única solução que um ateu pode oferecer diante do absurdo da vida sem Deus é enfrentar este absurdo e procurar viver com coragem. O filósofo ateu Bertrand Russell, por exemplo, sugeriu que devemos construir nossas vidas “sob o firme fundamento do desespero incessante”:

Que o homem é o produto de causas que não possuíam conhecimento do fim que estavam alcançando; que sua origem, seu crescimento, suas esperanças e crenças, seus amores e temores, não passam do resultado de colisões acidentais de átomos; que nenhum fogo, nenhum heroísmo e nenhuma intensidade de pensamentos e emoções podem preservar uma vida além do túmulo; que todo labor de todas as eras, todas as devoções, toda inspiração, todo brilhantismo do gênio humano estão fadados à destruição na grande morte do sistema solar e que todo o templo das conquistas humanas deve ser inevitavelmente soterrado debaixo dos escombros de um universo em ruínas – todas estas coisas, se não estão além das controvérsias, são quase tão certas que nenhuma filosofia que as rejeite pode ter esperanças de se sustentar. Somente sobre a base destas verdades, somente sobre o firme fundamento do desespero incessante, pode-se construir seguramente, de agora em diante, a habitação da alma.” [7]

Na hipótese de que o ateísmo seja verdadeiro, estamos diante deste quadro terrível sobre a condição humana. Mas se o Cristianismo é verdadeiro, então existe um poder de amor por trás do universo. Um poder pessoal de amor tão grande que todos os homens e mulheres, velhos e crianças são especiais para ele. Ele ama tanto o ser humano que há um significado em cada vida. Ele realmente sabe sobre a queda de todos os pardais e, até mesmo, os cabelos de cada pessoa estão contados.

Por derradeiro, este texto não realizou nenhum esforço para demonstrar a existência de um Criador Divino. Também não houve nenhuma tentativa para se refutar a idéia de que a crença no sobrenatural é uma ilusão. Para se atingir estes objetivos seria necessário um espaço muito maior. Por isso, o propósito deste artigo foi simplesmente o de enunciar as alternativas de forma clara. Se Deus não existe, a vida é um absurdo e o homem deve construir sua existência sobre o “firme fundamento do desespero incessante”, conforme palavras do filósofo ateu Bertrand Russell. Se o Deus cristão existe, todas as pessoas são especiais para ele e possuem valor e significado.

É possível demonstrar racionalmente que o cristianismo é uma cosmovisão mais plausível do que o ateísmo[8]. No entanto, mesmo que as evidências para o ateísmo e para o cristianismo fossem equivalentes, uma pessoa racional deveria escolher o último. Todo ser humano deve buscar a verdade e evitar o erro. Mas, se as evidências que suportam as duas cosmovisões são ambíguas, não parece sensato preferir o desespero e a ausência de sentido do que uma vida com propósitos.


NOTAS

[1] NOGUEIRA, Salvador. Para onde vamos? Disponível em http://super.abril.com.br/revista/246/materia_revista_261312.shtml?pagina=1

[2] CRAIG, William Lane. A veracidade da fé cristã: uma apologética contemporânea. Tradução Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 2004. P. 59.

[3] Ibidem, p. 59.

[4] Ibidem, p. 58.

[5] Idem, A imprescindibilidade de bases meta-éticas teológicas para a moralidade. Disponível em http://www.apologia.com.br/?p=9

[6] Idem, op. cit., p. 64,65.

[7] RUSSELL, Bertrand. A free man´s worship. Disponível AQUI

[8] A pessoa que desejar analisar as evidências em favor da verdade do Cristianismo pode estudar os seguintes livros: CRAIG, William Lane. A veracidade da fé cristã: uma apologética contemporânea. São Paulo: Vida Nova, 2004; GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Editora Vida, 2006; STROBEL, Lee. Em defesa de Cristo. São Paulo: Editora Vida, 2001; Idem, Em defesa da fé. São Paulo: Editora Vida, 2002. Pode-se estudar também os artigos disponíveis no blog Apologia http://www.apologia.com.br

O radical islâmico afegão que se tornou cristão: “escolhi a liberdade”

Aleteia

"Centenas de crianças iam ao estádio para ver decapitações e apedrejamentos. Era o único mundo que conhecíamos".

Farhad era um radical islâmico afegão até se tornar cristão após descobrir que tudo o que lhe haviam dito ao longo da vida inteira sobre os cristãos era mentira. “Os cristãos são infiéis e, portanto, devem morrer”, diziam-lhe. Ele acreditava nisso. Filho de um general afegão, ele foi educado em escolas islâmicas com a cartilha fundamentalista imposta pelos talibãs. “Eles nos diziam que isso estava escrito no Alcorão”.

Outro “ensinamento” dos mulás era tão chocante quanto a diretriz de assassinar cristãos: “Se você assistir a apedrejamentos, Deus reduzirá os seus pecados”.

De fato, conta ele, centenas de crianças iam todas as semanas ao estádio para testemunhar execuções: decapitações, amputações de mãos, apedrejamentos, chicotadas. “Era o único mundo que conhecíamos”.

Farhad chegou à Itália em 2004. E testemunha: “Toda a minha transformação se deve ao encontro com pessoas diferentes. A pequenos gestos humanos”.

Um desses gestos é particularmente tocante e lhe foi presenteado por uma mãe, conforme ele mesmo relata no vídeo que compartilhamos logo abaixo.

Farhad começou a ler o Alcorão em sua própria língua pela primeira vez e descobriu, surpreso, que “Deus é amor”. Passou também a revisar toda a própria vida e aquilo em que até então tinha acreditado.

Ele tomou a desafiadora decisão de abandonar a carreira militar e de passar a dar testemunho da transformação que havia experimentado em sua vida. Isto lhe custou a perda de muitos amigos e lhe acarretou uma “fatwa“, isto é, uma sentença de morte emitida por autoridades religiosas fundamentalistas contra quem é acusado de apostasia ou blasfêmia contra o islã.

Refugiado na Itália, Farhad continua, no entanto, o seu caminho. “O sofrimento no meu passado se transformou na força do meu presente. Não tenho medo, porque escolhi a liberdade”.

O radical islâmico afegão que se tornou cristão

A trajetória de Farhad é narrada por ele próprio neste breve episódio de 5 minutos da série “Look Up“, de Aleteia, voltada a divulgar poderosos testemunhos de esperança e transformação de vida. O depoimento é imperdível.

Nós o dedicamos, neste momento, ao triunfo da paz para o povo do Afeganistão.

https://youtu.be/7uxemg7AxBY

Fonte: Aleteia

Tertuliano de Cartago: Tratado sobre a Oração (Parte 8/11)

Tertuliano de Cartago | Veritatis Splendor
Tratado sobre a Oração

XVIII

Os que Se abstém do ósculo da paz quando jejuam

1. Vejamos agora um outro costume que prevaleceu. Põem-se alguns a jejuar, participam da oração com os irmãos, mas no fim, se esquivam do ósculo da paz que é justamente o selo da oração.

2. Que melhor momento para trocar com os irmãos o dom da paz, senão quando a nossa oração se torna mais agradável a Deus? Eles, então, participam do nosso jejum, ao mesmo tempo que ajudam os irmãos com a sua paz.

3. Qual oração pode ser completa, se separada do ósculo santo?

4. Pode o ósculo da paz impedir a alguém de oferecer culto a Deus?

5. Que espécie de sacrifício cultual é aquele do qual os irmãos saem sem o beijo da paz?

6. Qualquer que seja a razão dada para se subtrair ao ósculo da paz, não pode ser mais forte do que a observação do preceito de esconder os nossos jejuns (cf. Mt 6,16-17). Se, com efeito, evitamos o ósculo, torna-se patente que estamos jejuando. Se, portanto, alguém tem alguma razão, pode, sem violar o referido preceito, abster-se do ósculo da paz em sua casa, onde é impossível esconder o jejum. Na assembleia não se abstenha do ósculo. Mas, em toda parte onde é possível esconder o jejum é necessário lembrar-se do preceito. Assim, estando fora de casa, satisfarás ao preceito; estando em casa, satisfarás o costume.

7. Desta forma, também no tempo da preparação da Páscoa, em que a prática religiosa do jejum é geral e pública, omitimos justamente o ósculo, sem a preocupação de ocultar o que fazemos em companhia de todos.

XIX

Procedimento nos dias de “estação”

1. Situação semelhante acontece nos dias de “estação”, em que a maioria se abstém das orações do sacrifício eucarístico, porque o jejum estacional deveria ser interrompido com a recepção do Corpo do Senhor.

2. Pode a eucaristia quebrar um serviço reverente prestado a Deus? Acaso não o une mais a Deus?

3. Não será, acaso, mais intenso teu jejum estacional, se te pões em pé, ante o altar de Deus?

4. Se recebes o Corpo do Senhor e o guardas em reserva, salvam-se as duas coisas: a participação do sacrifício eucarístico e o cumprimento do jejum.

5. Se o costume da “estação” deriva da vida militar (somos, com efeito, a milícia de Deus), sabemos que nenhum motivo de alegria ou de tristeza sobrevindo no quartel anula a prontidão do soldado. Na verdade, a alegria fará cumprir o dever com maior boa vontade; a tristeza, com maior diligência.

XX

Indumentária das mulheres

1. Quanto à indumentária, pelo menos das mulheres, a variedade de costumes nos obriga a tratar do assunto. Mas nem nós nem qualquer outro o faremos sem atrevimento, uma vez que se pronunciou o santo Apóstolo Paulo (cf. 1Cor 11,3-161Tm 2,9). Entretanto, não seremos atrevidos, se falarmos conforme o ensinamento do Apóstolo.

2. Na verdade, são claras as prescrições a respeito do modo de vestir e dos ornamentos. Também Pedro, com idênticas palavras, porque no mesmo espírito de Paulo, condena a presunção nos vestidos, a arrogância no uso do ouro, a impertinência em cabeleiras mais próprias de prostitutas.

Fonte: https://www.veritatis.com.br/

Cristãos do Afeganistão se preparam para a perseguição

Soldados afegãos que combatem o Talibã/
Ahmad Sahel Arman/AFP via Getty Images.
Por Christine Rousselle e José Torres Jr. / CNA

REDAÇÃO CENTRAL, 21 ago. 21 / 07:00 am (ACI).- Os cristãos do Afeganistão se preparam para uma nova rodada de perseguição com a retomada do poder pelo Talibã. “Estamos dizendo às pessoas para ficar em suas casas porque sair, agora, é muito perigoso,” disse à organização International Christian Concern (ICC) um líder cristão afegão cujo nome é mantido em segredo por razões de segurança.

Segundo esse líder comunitário, é apenas uma questão de tempo para começarem os ataques a cristãos. “Vai ser ao estilo da máfia”, disse ele. “O Talibã nunca vai assumir a responsabilidade pelas mortes. Alguns cristãos conhecidos já estão recebendo telefonemas ameaçadores. Nessas chamadas, pessoas desconhecidas dizem: Vamos atrás de vocês.”

A comunidade cristã afegã, estimada em algo entre 10 mil e 12 mil pessoas, é formada majoritariamente de convertidos do Islã e é a maior minoria religiosa do país de 38 milhões de habitantes. Por causa da perseguição os cristãos vivem basicamente sua religião escondidos do público. 

vida sob o governo dos talibãs vai ser muito difícil para os cristãos, disse o líder comunitário. Quando o talibã toma o controle de uma cidade, disse, os moradores são obrigados a ir para a mesquita rezar, numa tentativa de descobrir quem se converteu ao cristianismo.

O ICC relata que em algumas partes do norte do Afeganistão o Talibã já impôs sua interpretação estrita da sharia e que “os homens são obrigados a deixar a barba crescer, as mulheres não podem sair de casa sem uma acompanhante homem, e a vida está se tornando mais perigosa.”

“Muitos cristãos temem que o talibã vai tirar seus filhos, tanto meninos quanto meninas, como na Nigéria e na Síria”, disse o líder cristão. “As meninas serão forçadas a se casar com milicianos talibãs e os meninos serão forçados a se tornar combatentes.”

“É um dia de cotar o coração para os cidadãos do Afeganistão e uma época perigosa para ser um cristão”, diz o despacho de um diretor de campo da Open Doors na Ásia, uma missão não-confessional que apoia cristãos perseguidos. “É uma situação de incerteza para o país todo, não só para os crentes ocultos.”

Antes mesmo da tomada do poder pelo Talibã, Open Doors classificava o Afeganistão em segundo lugar em sua lista de perseguição “apensa um pouco menos opressora do a Coreia do Norte.”

Fonte: ACI Digital

André Kim Taegon e os mártires coreanos, testemunhas da fé e da identidade de um povo

S. André Kim e seus companheiros mártires | Vatican News

Na tarde deste sábado, às 15h30, no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, o Prefeito da Congregação para o Clero, o arcebispo coreano Lazarus You Heung-sik celebra uma missa pelos 200 anos do primeiro sacerdote católico coreano, martirizado em 1846 e canonizado por João Paulo II em 1984. Sacerdotes, religiosos e leigos presentes.

Salvatore Cernuzio – Vatican News

"Você é católico?" "Sim, eu sou católico". Um diálogo seco com um funcionário do governo, enquanto pairava a ameaça de uma morte sangrenta. Uma breve profissão de fé, como registrada em uma das epístolas escritas durante seus dias de prisão, na qual há toda a profundidade da fidelidade a Deus de André Kim Taegon, o primeiro sacerdote católico coreano martirizado em 1846. E com ele, há o testemunho de fé, selado com o supremo sacrifício da vida, de milhares de homens e mulheres varridos pela onda de perseguições que atingiu a Coreia nos séculos XVIII e XIX, que ainda hoje constitui a seiva vital e a história da identidade de todo um povo - a população católica coreana - vivo, mesmo se uma minoria.

A fim de honrar a memória de André Kim e dos outros mártires, todos leigos, sua homenagem de sangue e seu exemplo brilhante, tem lugar na tarde deste sábado (21/08) uma missa em coreano às 15h30 no Altar da Cátedra na Basílica de São Pedro. O arcebispo Lazarus You Heung-sik, que foi nomeado prefeito da Congregação para o Clero em 11 de junho passado, preside sua primeira cerimônia pública em Roma.

Santo André Kim, testemunha de fé

A ocasião para a celebração é o bicentenário do nascimento de Santo André, que ocorreu em 21 de agosto de 1821 em uma família criada segundo princípios cristãos, cujo pai havia transformado a casa em uma "igreja doméstica". Uma escolha pela qual ele pagou com sua vida. Em quatro gerações, onze membros da família do santo derramaram seu sangue pelo Senhor, incluindo cinco que foram beatificados e outros que já foram canonizados. Formado em Macau com pouco mais de 15 anos de idade, o jovem André trabalhou em meio à perseguição: foi preso, interrogado, torturado e decapitado por não querer se arrepender. Ele nem tinha 25 anos de idade. Com seu nome e o de uma centena de outros crentes de diferentes idades e classes sociais, o Papa Wojtyla quis inscrevê-lo no registro dos santos em 1984.

Missa de Parolin para a paz na Coréia em 2018

Trinta sacerdotes e cerca de setenta religiosos e religiosas o recordam este sábado na Basílica de São Pedro junto com dom You. O embaixador coreano junto à Santa Sé também deve participar. Presentes, também os fiéis leigos que compõem a comunidade coreana em Roma. A mesma comunidade que, em 17 de outubro de 2018, participou da Missa pela Coreia presidida na Basílica vaticana pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin. No centro dessa cerimônia, naquela ocasião, estava um apelo em favor da paz e reconciliação para a Península coreana. Um pedido apresentado ao Papa na audiência do dia seguinte pelo presidente sul-coreano Moon Jae-in, que se sentou na primeira fila na Missa de Parolin, animada por canções e leituras em coreano.

Tratou-se de um evento para a comunidade romana coreana, como a celebração desta tarde. "O fato de uma Missa pelo bicentenário de Santo André Kim Taegon estar sendo celebrada na Basílica de São Pedro é uma providência de Deus", disse dom You à agência coreana Yonhap.

A história dos mártires

Tanto religiosos quanto leigos católicos, os mártires coreanos foram vítimas de perseguição religiosa no país, onde as primeiras sementes da fé cristã apareceram no início do século XVII através das delegações que visitavam Pequim todos os anos para intercâmbios culturais. Na China, os coreanos entraram em contato com a fé cristã trazendo para casa o livro do missionário jesuíta padre Matteo Ricci. Um leigo, o pensador Lee Byeok, inspirado no livro do jesuíta, fundou então uma primeira comunidade cristã muito ativa que rapidamente cresceu em tendo milhares de fiéis. Ela continuou a crescer mesmo quando, por volta de 1785, surgiu uma cruel perseguição no país, que levou à morte, em 1801, do único padre presente no país. Em 1802, o rei Sunjo emitiu um decreto estatal ordenando o extermínio dos cristãos como a única solução para sufocar a semente do que seu governo considerava "loucura". Deixados sozinhos e sem orientação espiritual, os fiéis pediam continuamente ao bispo de Pequim e até mesmo ao Papa pelos sacerdotes. As condições locais não permitiam isso até 1837, quando um bispo e dois sacerdotes das Missões Estrangeiras de Paris foram enviados. Eles entraram no país clandestinamente e foram martirizados dois anos mais tarde. Uma segunda tentativa de André Kim conseguiu trazer um bispo e um sacerdote e, a partir daquele momento, a presença de uma hierarquia católica na Coréia ficou estável, apesar do ressurgimento das perseguições em 1866. Por fim, em 1882, o governo decretou a liberdade religiosa.

João Paulo II canonizou 103 mártires coreanos

De acordo com fontes locais, mais de 10 mil mártires morreram na opressão coreana. Desses, 103 - incluindo várias mulheres -, foram beatificados em dois grupos separados em 1925 e 1968 e depois canonizados juntos em 6 de maio de 1984 em Seul por João Paulo II. Apenas dez deles são estrangeiros, três bispos e sete sacerdotes, os outros são todos coreanos, catequistas e fiéis. A memória litúrgica deles é 20 de setembro. Os líderes desta lista litúrgica são, além de André Kim Taegon, o catequista Paulo Chong Hasang. Os restos mortais deles repousam desde 1900 na cripta da Catedral de Myeong-dong.

124 outros mártires beatificados por Francisco em Seul

Outros 124 mártires foram beatificados pelo Papa Francisco em 16 de agosto de 2014, durante sua viagem à Coreia do Sul. Entre eles estava Paulo Yun Ji-chung. Mais de um milhão de fiéis participaram da Missa de Francisco naquele dia celebrada na Porta de Gwanghwamun, que se seguiu a uma intensa visita do Papa ao local das execuções: o santuário de Seo So-Mun, na periferia de Seul. A enorme participação do povo foi um sinal da profunda devoção da qual ainda gozam esses santos e beatos, membros vivos da história e da identidade de uma nação. Eles "nos lembram que devemos colocar Cristo acima de tudo", disse o Papa em sua homilia, acompanhada em várias passagens por aplausos prolongados e emocionados. O exemplo dos mártires, acrescentou o Pontífice, "tem muito a nos dizer, que vivemos em uma sociedade onde, ao lado de imensas riquezas, a pobreza mais abjeta cresce silenciosamente; onde o grito dos pobres raramente é ouvido; e onde Cristo continua a chamar-nos, pedindo-nos que o amemos e o sirvamos, estendendo a mão aos nossos irmãos e irmãs necessitados".

O Jubileu da Igreja Coreana

O bicentenário do nascimento de Santo André abriu as celebrações do Jubileu proclamado pela Igreja na Coreia do Sul em 29 de novembro de 2020. Um ano de graça, sob o patrocínio da Unesco, que terminará em 27 de novembro de 2021 e que representa "uma oportunidade favorável para o crescimento espiritual da Igreja coreana", como disse o bispo Lazarus You, então á frente da diocese coreana de Daejeon e responsável pela organização do Ano Santo, em uma entrevista à mídia vaticana em dezembro passado. "Este Jubileu", disse o prelado, "nos dará a todos a oportunidade de interiorizar a espiritualidade do martírio, que é a seiva vital da Igreja na Coreia, meditando profundamente sobre a vida dos mártires". "Para nossos mártires, a fé era o valor mais importante", acrescentou dom You. "Na sociedade coreana, apenas 11% da população é católica, enquanto mais da metade se declara 'sem religião'". O convite é, portanto, "refletir seriamente sobre nossa identidade e nossa coerência como 'católicos fiéis'".

Fonte: Vatican News

São Pio X - Papa

São Pio X | ArquiSP
21 de agosto

São Pio X - Papa (1835-1914)

"Um pobre pároco da roça", assim se definia.
Seu nome de batismo era José Melquior Sarto, oriundo de família humilde e numerosa, mas de vida no seguimento de Cristo. Nasceu numa pequena aldeia de Riese, na diocese de Treviso, no norte da Itália, no dia 2 de junho de 1835. Desde cedo, José demonstrava ser muito inteligente e, por causa disso, seus pais fizeram grande esforço para que ele estudasse. Todos os dias, durante quatro anos, o menino caminhava com os pés descalços por quilômetros a fio, tendo no bolso apenas um pedaço de pão para o almoço. E desde criança manifestou sua vontade de ser padre.

Quando seu pai faleceu, sua mãe, Margarida, uma camponesa corajosa e piedosa, não permitiu que ele abandonasse o caminho escolhido para auxiliar no sustento da casa. Ficou no seminário e, aos vinte e três anos, recebeu a ordenação sacerdotal com mérito nos estudos. Teve uma rápida ascensão dentro da Igreja. Primeiro, foi vice-vigário em uma pequena aldeia, depois vigário de uma importante paróquia, cônego da catedral de Treviso, bispo da diocese de Mântua, cardeal de Veneza e, após a morte do grande papa Leão XIII, foi eleito seu sucessor, com o nome de Pio X, em 1903.

No Vaticano, José Sarto continuou sua vida no rigor da simplicidade, modéstia e pobreza. Surpreendeu o mundo católico quando adotou como lema de seu pontificado "restaurar as coisas em Cristo". Tal meta traduziu-se em vigilante atenção à vida interna da Igreja. Realizou algumas renovações dentro da Igreja, criando bibliotecas eclesiásticas e efetuando reformas nos seminários. Pelo grande amor que dispensava à música sagrada, renovou-a. Reformou, também, o breviário. Sua intensa devoção à eucaristia permitiu que os fiéis pudessem receber a comunhão diária, autorizando, também, que a primeira comunhão fosse ministrada às crianças a partir dos sete anos de idade. Instituiu o ensino do catecismo em todas as paróquias e para todas as idades, como caminho para recuperar a fé, e impôs-se fortemente contra o modernismo. Outra importante característica de sua personalidade era a bondade suave e radiante que todos notavam e sentiam na sua presença.

Pio X não foi apenas um teólogo. Foi um pastor dedicado e, sobretudo, extremamente devoto, que sentia satisfação em definir-se como "um simples pároco do campo". Ficou muito amargurado quando previu a Primeira Guerra Mundial e sentiu a impotência de nada poder fazer para que ela não acontecesse. Possuindo o dom da cura, ainda em vida intercedeu em vários milagres. Consta dos relatos que as pessoas doentes que tinham contato com ele se curavam. Discorrendo sobre tal fato, ele mesmo explicava como sendo "o poder das chaves de são Pedro". Quando alguém o chamava de "padre santo", ele corrigia sorrindo: "Não se diz santo, mas Sarto", numa alusão ao seu sobrenome de família.

No dia 20 de agosto de 1914, aos setenta e nove anos, Pio X morreu. O seu testamento assim se inicia:"Nasci pobre, vivi pobre e desejo morrer pobre".

O povo, de imediato, passou a venerá-lo como um santo. Mas só em 1954 ele foi oficialmente canonizado.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Fonte: Arquidiocese de São Paulo

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

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Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

            A Liturgia da Palavra dos últimos domingos se desenvolveu a partir do capítulo seis do Evangelho de João. A multiplicação dos pães e peixes desencadeou um amplo diálogo. Progressivamente Jesus vai provocando os interlocutores a tomarem posição, isto é, crer Nele ou rejeitá-lo. Isto fica evidente na conclusão dos fatos, que é o texto deste domingo (Jo 6,60-69). “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” Jesus ainda provoca: “Isto vos escandaliza?” Depois tem o registro, “a partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele”.

            Jesus volta a perguntar, mas desta vez aos doze apóstolos. “Vós também vos quereis ir embora?” Simão Pedro fala em nome do grupo: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”. Os apóstolos sentem a exigência do seguimento, mas tem clara convicção de que estão seguindo o mestre certo, pois ele os está levando por um caminho de vida e salvação.

            Através do mês vocacional a Igreja exorta os fiéis a viverem seu batismo. No dia do batismo aconteceu a profissão de fé em Deus. O batizado disse que seguiria o Senhor e viveria orientado por suas palavras de vida. Este domingo lembramos a vocação laical. Somente um pequeno número de batizados vivem a vocação como diáconos, padres, bispos e religiosos. A imensa multidão dos fiéis são leigos. Eles estão presentes em todos os setores da sociedade.

            Como a adesão a fé exige liberdade, cada batizado, no cotidiano, vai manifestando a sua opção que pode ser “voltar atrás e não andar mais com Jesus e a Igreja” ou dizer “a quem iremos Senhor”. A partir do modo de agir de Jesus e de seus ensinamentos percebe-se claramente que não faz de seus seguidores fanáticos e intolerantes. Após proclamar as bem-aventuranças, Jesus diz aos presentes. “Vós sois o sal da terra”; “Vós sois a luz do mundo”. É o modo como deseja que os seus seguidores vivam nos mais amplos setores do mundo. Em ensinamentos recentes do papa e dos bispos do Brasil, foi reafirmada esta orientação no documento “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade: Sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14).

            “Vós sois o sal”. O sal dá sabor e preserva da corrupção; no contexto bíblico é símbolo da sabedoria e amizade. A pessoa e a comunidade são sal quando possuem o sabor das bem-aventuranças, o sabor de Cristo. O sal como preservação da corrupção garante a originalidade dos ensinamentos do mestre. Ser sal da terra revela que a identidade do cristão não se restringe à existência pessoal, ao nível interno da Igreja, mas está aberta a cada ser humano e à toda terra, para gerar um ambiente de fraternidade e amizade social.

            “Vós sois a luz”. Os primeiros versículos bíblicos falam que a luz é o início da criação. A luz é vital para os seres vivos. Quem sai de Cristo é luz, pois Ele é a luz do mundo. A identidade do cristão é transparente. Os que nascem de Cristo no batismo são por ele iluminados. São chamados filhos da luz. E o que é iluminado, por sua vez ilumina os outros.

            É luz do mundo e não somente de um ambiente restrito e interno. Aquilo que dá sabor à terra, ilumina o mundo, fazendo-o ver a beleza. A palavra grega “cosmos” significa ordem, estrutura, beleza, harmonia. Todos os ambientes desordenados, conflitados tornam-se feios. Iluminados podem voltar a ter harmonia e beleza.

            Ser sal e ser luz é a presença singela e discreta dos fiéis leigos e leigas nos mais diversos ambientes da sociedade. Também é uma presença forte. Pois, como é impossível não perceber o sal na comida e a luz na escuridão, assim o cristão não pode passar desapercebido.

Fonte: CNBB

A cidade de 30 mil habitantes em que nunca houve divórcio

Cruz em fortaleza abandonada tendo ao fundo Široki-Brijeg /
Foto: oto: Anto / Wikimedia Commons/Public Domain

REDAÇÃO CENTRAL, 19 ago. 21 / 01:00 pm (ACI).- Há uma cidade na Bósnia-Herzegovina, me disseram, chamada Široki-Brijeg, onde ninguém nunca, até onde as pessoas se lembram, se divorciou. Cerca de 30 mil almas habitam o lugar, quase todas elas são católicas.

Como pode isso ser possível em um mundo em que, mesmo entre católicos, tantos casamentos fracassam? O que é que torna essa cidade diferente? É alguma coisa na água?

Não, não é. Nem é o resultado de qualquer tipo de lei que proíba os casais de se divorciarem. Porque não existe lei assim. As pessoas que se casam em Široki-Brijeg não foram doutrinadas pelo Estado para ver a união entre um homem e uma mulher como uma pena de prisão perpétua. Não há código penal, em outras palavras, pelo qual seja exigida a obediência de casais casados. O troca de votos diante do altar não deve ser confundida com o ritual do carrasco pondo a corda em volta do pescoço do prisioneiro condenado. Se alguma vontade tiver que ser dobrada, não será o resultado de ninguém a não ser do próprio casal.

Então, o que é que mantém esses casais juntos? É o fruto de uma atitude firme de completa e livre submissão a Jesus Cristo, cuja cruz une no nível mais profundo todos os aspectos da vida deles. Com todas as diferenças que os separam, eles, mesmo assim, permanecem profundamente comprometidos com uma vida de amor em doação mútua. Em resumo, é uma vida inteiramente centrada em Cristo e sua cruz, na qual Ele escolheu livremente ser pendurado pela salvação do mundo.

E o que Ele nos diz a partir de sua cruz? Ele diz, na verdade: “Eu te amo. E aqui está a prova que eu realmente falo sério: que eu escolhi morrer por ti.” Há uma alegria inegável e uma paz despertada pelo conhecimento dado por essa cruz, de uma vida embebida em tal sacrifício.

Podem os casais unidos a Cristo fazer menos do que tentar imitar seu Mestre crucificado? O que mais poderia significar unir-se à madeira sagrada dessa cruz? Significa, no nível prático, que a uma pessoa se pede constantemente que morra pelo cônjude por quem escolheu viver. E quando fracassamos, o que frequentemente fazemos, não jogamos a toalha e vamos embora resignados. Em vez disso, combatemos em nome daquele que amamos, alguém por quem nenhum sacrifício é grande demais. Cada lasca de madeira da cruz deve ser juntada, apresentada amorosamente de volta a Deus por aquele de quem prometemos tomar conta.

Imagine a liberdade que isso traz aos casais, suas vidas livres das amarras de uma cultura construída sobre mentiras. Eles não precisam mais ver as coisas através da névoa de romance de Hollywood, as lantejoulas das expectativas irreais _ a ilusão dos cartões Hallmark que cega tantos casais, que prefeririam de longe celebrar fantasias a fatos diante da perspectiva do casamento.

É o realismo, em outras palavras, de saber que nenhum relacionamento humano pode igualar o desejo humano, uma vez que só Deus pode satisfazer por fim os anseios do coração. Mas que por meio do amor humano é concedido um vislumbre do próprio amor de Deus, no qual se garante estonteantes reflexos de Sua própria glória.

Não é assim, afinal de contas, que Deus tipicamente mostra seu amor por nós? De que outra maneira o amor de uma Divindade infinita poderia chegar a uma criatura finita senão por meio de sinais de mediação? Através do prisma da vida sacramental, especialmente quando, como no casamento cristão, o próprio casal administra o sacramento. “O amor não pode ser um momento único”, escreveu Karol Wojtila em A Loja do Ourives. “A eternidade do homem passa por ele. É por isso que tem que ser achada na dimensão de Deus, porque só Ele é eternidade”.

Ninguém pode viver sem amor. Mas só se houver o reconhecimento de que, para amar outra pessoa em um mundo cheio de criaturas caídas e defeituosas, transfusões constantes de paciência e perdão são necessárias. Tentar carregar o peso do pecado do cônjuge simplesmente não é possível sem a graça de Deus. Mas saber que Ele nos ajuda a carregar esse peso, na verdade sustenta Ele mesmo a maior parte desse peso, torna-se a fonte de profunda consolação e alegria.

O que está envolvido aqui, como o testemunho de incontáveis casais pode dizer, é que a troca real de votos ocorre quando o casal está literalmente se agarrando à Cruz. Ouvir, além disso, com toda a atenção ao padre enquanto ele envolve as mãos do casal em torno da cruz, lembrando a cada um: “Vocês encontraram a cruz de vocês! É uma cruz que vocês devem amar e levar com vocês todos os dias da vida de vocês. Saibam apreciá-la!” E então, tendo beijado a cruz tirada do altar, o casal a entroniza em um lugar de honra em sua casa, seguro no conhecimento de que abandonar um ao outro é abandonar Cristo. É só Ele que pode sustentar _e santificar_ o casamento.

Eles devem ir à cruz sempre que aparecerem problemas, ajoelhando-se diante dele para pedir a Jesus para ajudá-los a suportar. E como sinal seguro de sua apreciação, devem dar presentes a quem foram unidos por Deus para abraçar diante e sobre aquela mesma cruz.

Não é uma opção, estão dizendo os casais de Široki-Brijeg, viver assim. É o único modo de viver. Viver cada dia da realidade de uma profundamente íntima participação na vida de Cristo, permitindo que Ele viva agora em nós. A fé em Cristo, portanto, que serve como trampolim para a fidelidade prometida um ao outro, não é mais um ideal ao qual alguém luta sem esperança para se conformar; é o próprio centro do qual eles se já se encontram vivendo.

E, sim, há muita alegria _e não pouca risada_ em meio a uma vida assim centrada em Cristo.

Regis Martin é professor de teologia do Centro Veritas para a Ética na Vida Pública da Universidade Francisca de Steubenville, Ohio, EUA.

Fonte: ACI Digital


 

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF