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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

ESTUDOS BÍBLICOS: «Como ler a Bíblia» (Parte 1/4)

Revista Paróquias

Bispo Kallistos Ware
Trad. por Dra. Rosita Diamantopoulos

«Como ler a Bíblia»

Nós acreditamos que as escrituras constituem um território coerente, divinamente inspiradas e humanamente expressadas. Elas outorgam a Deus a revelação de Si Mesmo, na criação, na encarnação no mundo, e em toda a história da salvação. Elas expressam a Palavra de Deus em linguagem humana. Nós sabemos, recebemos e interpretamos as escrituras de acordo com a Igreja e na Igreja. Nossa aproximação da Bíblia é uma forma de obediência.

Podemos distinguir, na Igreja Ortodoxa, quatro formas de ler as escrituras, denominadas:

— Nossa leitura deve ser obediente;

— Ela deve ser eclesiástica, junto com a Igreja;

— Ela deve ser centrada em Cristo;

— Ela deve ser pessoal.

Lendo a Bíblia com obediência

Primeiramente, quando lemos as escrituras, devemos conservar um espírito de obediência. A Igreja Ortodoxa acredita na Inspiração Divina da Bíblia. As Escrituras são uma "carta" de Deus, onde o próprio Cristo está falando. As Escrituras são um testemunho do próprio Deus. Elas expressam a palavra de Deus na linguagem humana. Uma vez que de Deus está falando conosco na Bíblia, a nossa resposta deve ser de atenção obediente e receptividade. Quando lemos, esperamos no Espírito.

No entanto, embora divinamente inspirada, a Bíblia é também humanamente expressada. É uma verdadeira biblioteca de diversos livros escritos em diferentes tempos por pessoas diferentes. Cada livro da Bíblia reflete o momento em que foi escrito e a visão particular do autor. Para Deus, nada é isolado,a graça divina colabora com a liberdade humana.

Deus não termina com a nossa liberdade, ao contrário, a aumenta, e isso é refletido na forma com que as Escrituras são redigidas. Os autores não são um instrumento passivo, alguém meramente escrevendo um ditado, cada autor nas escrituras reflete os seus dons pessoais. Portanto, ao longo do aspecto divino das escrituras, há uma participação humana e devemos valorizar as duas.

Cada um dos quatro Evangelhos, por exemplo, tem o seu relato particular. Mateus apresenta, principalmente uma visão judaica de Cristo com ênfase no Reino dos Céus. Marcos contém detalhes específicos do Ministério de Cristo não contidos em outro lugar. Lucas expressa a universalidade do amor de Cristo, a sua compaixão que abraçava judeus e gentios. Em João, há uma introspecção e uma visão mais mística de Cristo, com ênfase na luz e na encarnação divinas. Essa variedade deve ser explorada por nós ao lermos a Bíblia.

Em razão de serem as escrituras a Palavra de Deus expressa em linguagem humana, há um espaço para questionamentos honestos ao se ler a Bíblia. Explorando o seu aspecto humano, enfatizamos a razão humana para os atos de Deus. A Igreja Ortodoxa não exclui a pesquisa da origem, datas e autores da Bíblia. No entanto, ao deparamo-nos com o elemento humano, vemos, também, o divino; ou seja, que não são livros simples escritos por autores comuns, nós ouvimos nas Escrituras não apenas palavras humanas, marcadas por uma maior ou menor percepção, mas a Palavra Eterna, Não Criada de Deus, a Palavra Divina de Salvação. Quando se lê a Bíblia, não o fazemos apenas por curiosidade ou informação, nos perguntamos "Como posso ser salvo"?

Como Palavra Divina de Deus em linguagem humana, as Escrituras devem maravilhar-nos. Você já não sentiu o quanto elas não lhe parecem familiares? A Bíblia é maçante? Não, continuamente devemos limpar a nossa percepção e olhar extasiados e com novos olhos o Senhor diante de nós. Devemos sentir expectativa e surpresa ao lermos a Bíblia, pois, certamente, ainda temos muitos livros a explorar. Há muita majestade e profundidade a ser descoberta, portanto a obediência implica em maravilhar-se, em prestar atenção.

Em geral, nos damos melhor falando do que ouvindo. Ouvimos o som da nossa própria voz, mas não paramos quando outro nos fala. Portanto, o primeiro requisito ao ler a Bíblia é parar e ouvir, e ouvir com obediência.

Quando entramos na Igreja Ortodoxa, decorada em sua maneira tradicional, e olhamos o lado oeste do santuário vemos o ícone da Virgem Maria com suas mãos elevadas ao céu — que é a maneira antiga de se rezar, descrita nas Escrituras e usada até hoje. Esse ícone simboliza a nossa atitude quando decidimos ler as Escrituras, a de receptividade, com as mãos invisivelmente elevadas aos céus. Lendo a Bíblia, modelamono-nos como a Virgem Maria, a que mais ouviu. Na Anunciação, ela ouviu com obediência "seja feito conforme a Sua vontade" (Lucas 1:38). Ela não poderia ter dado a luz à Palavra de Deus se não tivesse, primeiramente, escutado a Palavra de Deus em seu coração. Depois, foi dito que "ela guardava todas essas coisas em seu coração" (Lucas 2:19). Mais uma vez, ao encontrar Jesus no templo, Maria "guardou todas essas coisas em seu coração" (Lucas 2:51). A mesma atitude de ouvir é dita a nós em Caná, na Galiléia, quando ela menciona "façam tudo o que Ele disser" (João 2:5). Em tudo isso, a Virgem Maria nos serve de espelho, como um ícone vivo dos cristãos bíblicos. Devemos ser como Ela ao ouvir a Palavra de Deus: ponderar, guardar todas essas coisas em nosso coração e fazer o que Ele nos disser. Devemos ser obedientes ao que Deus fala.

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/

Civilização global e direito do homem

FIA

Robert Spaemann

Existe uma civilização mundial? Os fenômenos parecem ser contraditórios. Por um lado, observamos os fatos inquestionáveis da globalização. Na base desta globalização reside como fato fundamental o transtorno experimentado pela civilização européia a raiz da ciência moderna, de Galileu, Descartes e Newton. Esta ciência substitui o antropomorfismo da visão tradicional do mundo por um antropocentrismo radical. O homem já não se considera o cume duma pirâmide de seres, nem os seres não humanos se visualizam como semelhantes em maior ou menor grau ao homem, com identidade precisa, uma tendência ou um desejo, vivos ou ao menos existentes como ele. Anteriormente a existência se compreendia por anatomia com a vida. Vivere viventibus est esse, dizia Aristóteles. A nova ciência, ao contrário, reduz as coisas à exterioridade, a sua condição de objetos para o homem. É por isso que falo de um antropocentrismo em substituição do antropomorfismo. Renuncia-se a compreender o mundo, renunciando à interpretação teleológica das cosas. Como afirmava Francis Bacon, dita interpretação esterilis et tamquam virgo Deo consecrata quae nihil parit. Agora já não se necessitam virgens consagradas. Conhecer una cosa já não significa, como era para o hebreu e ainda para Aristóteles, unir-se com ela – intelligibile in actu et intellectus in actu sunt idem – senão fixá-la como objeto desde o ponto de vista da sua eventual manipulação.

Conhecer algo – disse Thomas Hobbes – quer dizer to know what we can do with it when we have it (saber que podemos fazer com isso quando o temos). A técnica moderna nos revela a essência oculta da ciência moderna. Ambas são essencialmente universais, indiferentes ante às condições individuais ou coletivas das pessoas, grupos, culturas e épocas, já que fazem abstração de tudo quanto está dotado para a simbiose do homem e seus conviventes y coexistentes. Pois bem, ao mesmo tempo, com o dualismo radical da res cogitans e da res extensa, o homem descobre que ele também é parte tanto do mundo dos objetos como do domínio da subjetividade. O corpo do homem se percebe como mero objeto, quer dizer, como máquina; mas, muito cedo também sua alma, seus sentimentos e inclusive sua consciência são submetidos a uma objetivação naturalista. Ao começo da era moderna, o homem não se permitia considerar as cosas como seres parecidos a ele; ao final, se considera parecido às cosas, ou seja, o homem chega a ser para si mesmo um antropomorfismo. Sendo o antropomorfismo denunciado como ilegítimo, é também ilegítima a consideração humana do homem e deve ceder seu lugar à visão científica. E quem é então o sujeito desta ciência? Se este desaparece, a ciência mesma se converte num fato natural, numa etapa no longo caminho de uma evolução cega e deve renunciar a sua pretensão de verdade.

Há um fenômeno incompatível com este dualismo do sujeito e objeto: é a vida. A vida é interioridade e exterioridade ao mesmo tempo, é fenômeno objetivo e tendência vivida. Descartes compreendeu isto muito bem quando escreveu à princesa Elisabete dizendo que para viver se requer deixar de pensar, porque a vida não é uma “percepção clara e neta”. Santo Tomás de Aquino, por outro lado, havia dito: Qui non intelligit non perfecte vivit sed habet dimidium vitae. A redução idealista do mundo à sua condição de objetividade, como intenção de haver uma subjetividade transcendental, desconhece o fato da vida tanto como a redução naturalista da subjetividade a um estado complexo na evolução da matéria. Cada explicação da subjetividade, da interioridade mediante a exterioridade é uma petitio principii, enquanto pretende ser una explicação verdadeira. Não há verdade sem subjetividade. Pois bem, por razões de efetividade, se admite desde muito tempo petições de princípio. E por estes motivos a ciência e a técnica ocidentais se converteram nos fatos fundamentais duma civilização mundial que não podemos negar e cujos elementos não necessito enumerar. A globalização dos mercados não é senão o último de ditos elementos. E as guerras mundiais só são um dos fatores a mais. A guerra é também una forma de relação social e assimila inevitavelmente as partes beligerantes. E, em definitiva, se requer por fim a cada guerra mediante um armistício, negociações e um tratado de paz, o qual não e outra cosa que a mera coexistência no mesmo planeta. Agora, esta civilização mundial é inevitavelmente una civilização multicultural, já que a potência espiritual que reside na base da mesma é uma potência sem conteúdo substancial, sem orientação humana, sem moral, cujo único valor é o incremento do poder humano para qualquer objetivo material, ou seja, um poder abstrato. Nesta civilização mundial há uma tendência totalitária, uma tendência a ocupar o lugar das culturas tradicionais, a substituir os sistemas de fins por um sistema universal de meios em permanente busca de fins, que somente são meios dos meios. É uma sociedade onde a produção é mais importante que o uso e o consumo, o qual era um horror para a tradição ocidental de inspiração platônica.

Uma das características da civilização científica é o fato de ser uma civilização hipotética. A ciência moderna é uma ciência hipotética em dois sentidos. Em primeiro lugar, somente formula hipótese válidas enquanto não se prove o contrario. Seus modelos, por estar dotados de certas características, são preferíveis a outros modelos. A Inquisição era, em certo modo, mais moderna que Galileu quando lhe exigia admitir que a sua teoria fosse una hipótese. Um físico moderno teria respondido: “É isso e nada mais, evidentemente”. Em segundo lugar, a ciência é hipotética enquanto suas proposições não formulam conhecimentos essenciais, mas sim relações do tipo “Si x, então y”. No fundo, já não alude à relação ontológica de causa e efeito, senão a funções. E isso se aplica igualmente às ciências sociais, que consideram relações funcionais, ou seja, transformam os conteúdos da vida em hipóteses substituíveis por alternativas equivalentes, ou seja, funcionalmente equivalentes. A vida resulta ser hipotética, experimental, sobretudo sem nada de definitivo, sem verdades absolutas, sem convicções postas à disposição de um discurso infinito, sem relações pessoais definitivas. O divórcio, o aborto e a eutanásia são elementos derivados de semelhante forma de vida. Os votos religiosos perpétuos são um elemento estranho numa civilização como esta. A oposição a por nessa forma cada elemento substancial a disposição de uma vita beata se estigmatiza rotulando-la com a palavra “fundamentalismo”. Não quero analisar agora o fenômeno do fundamentalismo. Cada homem e cada mulher que não seja um superficial é fundamentalista de algo. E a madrinha da oposição “fundamentalista” ao totalitarismo de uma razão funcionalista segue sendo para sempre Antígona, que rejeita por à disposição de um discurso fundamentalista a obrigação tradicional de enterrar ao irmão. Antígona nao faz política. A política é o terreno do funcionalismo, do condicionamento, e é sempre a corrupção do fundamentalismo se este adquire em si mesmo um caráter político. Uma Antígona política sería terrorista. Agora bem, o fundamentalismo de Antígona se expressa nestas palavras: “Estou presente não para co-odiar, senão para co-amar”. Assim, ela não mata, mas se deixa matar. Desde o ponto de vista da moral funcionalista, ou seja, utilitária e conseqüencialista (adotada inclusive por muitos teólogos católicos) as pessoas como Antígona ou os mártires cristãos são fanáticos fundamentalistas. Os mártires não tinham interesse no futuro do cristianismo, mas sim unicamente na salvação de suas almas; mas exatamente graças a eles o cristianismo teria um futuro.
Acabo de dizer que a civilização mundial é una civilização sem conteúdos e sem fins. Não obstante, sugere um conteúdo: o hedonismo individualista. O único fim reconhecido por ela é a satisfação das preferências individuais. Ao não dispor de critérios para avaliar estas preferências, cada avaliação não é outra coisa que a expressão do fato de que os interesses de uns prevalecem sobre os de outros. Este era precisamente o ponto de vista de Karl Marx. Para Marx, a idéia da justiça social não é outra coisa que um véu ideológico sobre o fato da opressão. Para ele, a única possibilidade de estabelecer harmonia entre interesses antagônicos é a eliminação de parte dos mesmos em benefício do resto, a homogeneização das preferências e o desenvolvimento da sociedade da abundância, onde já não é necessária a justiça distributiva porque todos podem contar com quanto desejam. Evidentemente, a promiscuidade sexual é parte integrante desse sistema. E se entende da mesma forma que toda identidade histórica, cultural, nacional e religiosa deve desaparecer com o fim de fazer possível esta homogeneidade de interesses. Os indivíduos que conservam preferências não homogeneizadas são declarados enfermos e enquanto tais são objetos da ciência, enquanto as identidades históricas desaparecem ante o olhar da ciência.

O cenário que descrevi é evidentemente uma abstração e uma extrapolação. Esta extrapolação corresponde a uma poderosa tendência da civilização científica e técnica a eliminar todo conteúdo que não se defina nos termos da ciência, mas está longe de ser a realidade. Até agora a realidade é o fato de que a civilização mundial é uma civilização multicultural. Em si mesma, não é fonte de sentido. Deve alimentar-se de fontes provenientes de culturas específicas, de tradições pré-modernas. É muito compreensível o fato de que, onde quer que a civilização mundial ganha terreno, ao mesmo tempo avança o regionalismo. Os homens se aferram a suas próprias tradições porque estas lhes outorgam algo mais necessário que o pão de todos os dias, que a civilização mundial não pode dar-lhes: uma identidade. Pelo contrário, a civilização tecno-científica exige a disponibilidade total do indivíduobeyond freedom and dignity (mais alem da liberdade e da dignidade), como era o título do famoso livro de Skinner. A idéia da dignidade do homem é pré-moderna e não pode reconstruir-se em termos da ciência. Não considera ao homem como objeto nem como subjetividade transcendental, senão, por assim dizer, como subjetividade-objetividade, subjetividade que chega a ser fenômeno objetivo, como ser vivo, como pessoa. A idéia da dignidade humana se transmite em diversos contextos tradicionais e encontra sua representação fenomênica mais convincente em culturas arcaicas. Um nômade ante sua tenda é uma representação mais evidente da dignidade que o astronauta no assento do seu projétil. Contudo, não a idéia da dignidade, mas sim a operatividade da mesma mediante os direitos humanos é uma conquista da cultura ocidental e surge no momento em que esta civilização começa a adquirir caráter universal como civilização científica.
Isto não deve assombrar-nos. Devemos recordar em primeiro lugar o fato de que a cultura européia é desde a sua origem uma cultura de inspiração universalista, tanto na lógica aristotélica como na idéia greco-romana do direito natural e na mensagem do cristianismo. Nos últimos anos houve um encarniçado debate entorno à interrogante sobre o caráter especificamente europeu-americano dos direitos humanos codificados e sobre se a proclamação da sua universalidade é uma forma de eurocentrismo e imperialismo ocidental.

Agora posso resumir minha resposta a esta questão. Naqueles lugares onde todavia existem sociedades arcaicas vivendo à margem da civilização científica técnica, seria imperialismo puro e simples implantar nossa idéia dos direitos humanos destruindo ao mesmo tempo as estruturas que conservam suas próprias formas de dignidade, ainda quando esta dignidade seja violada em muitos casos; mas una sociedade que tenha ingressado na civilização global, adotando a técnica moderna, ou seja, a técnica científica ocidental, deve necessariamente introduzir ao mesmo tempo a codificação dos direitos humanos e é preciso exigir-lhe que o faça, já que a ciência objetivista e a técnica científica constituem uma ameaça singular e incomparável à dignidade humana, à condição de pessoa, ainda quando a idéia de pessoa seja de origem européia. A objetivação progressiva do homem pela ciência e por conseguinte pela técnica científica, permite instrumentalizar e manipular ao homem inclusive na sua estrutura genética, transgressão que supera todo tipo de humilhação do homem na história. Na civilização moderna e global as garantias tradicionais de respeito à dignidade humana já não são suficientes, posto que são progressivamente destruídas pela ciência. São demasiado débeis para sobreviver em meio do discurso utilitarista. Devemos recordar que os anti-semitas nazistas de Alemanha argumentavam em termos científicos, enquanto aqueles que ocultavam a alguns perseguidos eram campesinos ou religiosos e religiosas. A codificação dos direitos humanos corresponde com a ameaça a estes direitos pela civilização moderna. O Ocidente, que exportou a técnica científica, com suas vantagens e horrores, está obrigado a insistir em que todo aquele que adquira o veneno deve adquirir ao mesmo tempo o antídoto[1].


[1] Discurso pronunciado por ocasião do ato no qual o autor foi recebido como Membro Honorário da Academia de Ciências Sociais, Políticas e Morais do Instituto de Chile.

O cristão paralítico e o muçulmano cego: a foto de uma amizade maior que a morte

Tancrède Dumas | Public domain, via Wikimedia Commons
Por Francisco Vêneto

Quando Samir morreu, Muhammad teria chorado sete dias por ter perdido a sua metade - por fim, ele próprio morreria de tristeza.

Corre pelas redes sociais a inspiradora história do cristão Samir e do muçulmano Muhammad, que teriam vivido em Damasco, na Síria otomana, durante os anos finais do século XIX.

De acordo com relatos compartilhados por dezenas de páginas e até por alguns sites de notícias como o Egypt Independent e o The News Nigeria, Samir teria sido um anão paralítico e Muhammad seria cego.

Sem a luz dos olhos de Samir, Muhammad não teria maneira de se locomover sozinho pelas labirínticas ruas da antiga Damasco, ao passo que o paralisado Samir não conseguiria chegar a lugar algum sem os pés de Muhammad. Um dependia do outro: a sua extraordinária amizade literalmente os completava.

Os relatos sobre o cristão paralítico e o muçulmano cego acrescentam que os dois eram órfãos, compartilhavam a mesma habitação miserável e viviam sempre juntos.

Quando Samir morreu, Muhammad teria chorado durante sete dias por ter perdido a sua metade. Por fim, ele próprio acabaria morrendo de tristeza pela morte do amigo – que era também a morte dos seus olhos.

Não há fontes que documentem a veracidade dos nomes e da história pessoal desses dois homens, mas o caso é que a fotografia que os retrata é, sim, genuína.

O cristão paralítico e o muçulmano cego: uma foto real

Trata-se de uma imagem capturada em 1889 pelo fotógrafo Tancrède Dumas (1830-1905), nascido na Itália de pais franceses.

Dumas aprendeu a fotografar em Florença e abriu seu estúdio de fotografia em Beirute no ano de 1860. Foi contratado pela Sociedade Americana de Exploração da Palestina, predecessora das Escolas Americanas de Pesquisa sobre o Oriente, para documentar as regiões ao leste do Rio Jordão. Dumas também viajou com o grão-duque de Mecklenburg-Schwerin, o que o levou a adotar o título de Fotógrafo da Corte Imperial e Real da Prússia.

Sua fotografia do cristão paralítico sendo carregado pelo muçulmano cego está disponível na Divisão de Gravuras e Fotografias da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos com o número de identificação digital cph.3b41806. A imagem também é disponibilizada pelo Wikimedia Commons.

Que o cristão paralítico e o muçulmano cego, seja qual tenha sido a sua história verdadeira, sejam uma inspiração real perante as paralisias e cegueiras da nossa época.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

7 fatos que deveria saber sobre o purgatório

Imagem ilustrativa / Foto: Pixabay (domínio público)
Por Maria Ximena Rondón

REDAÇÃO CENTRAL, 10 set. 21 / 06:00 am (ACI).- O Catecismo da Igreja Católica assinala que o purgatório é uma "purificação final" que devem fazer para chegar ao céu todos os que “morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna”.

Entretanto, essa realidade é pouco conhecida ou não é bem compreendida. Por esta razão e para estar bem formados sobre o purgatório, apresentamos sete fatos que todo católico deve conhecer sobre a sua existência e a forma de ajudar concretamente as almas que estão no purgatório.

1. Sua existência é mencionada na Bíblia

Em diversas passagens da Bíblia se encontram referências ao purgatório. Podemos encontrar concretamente nos Evangelhos de Mateus (12, 32); Lucas (12, 59) e na Primeira Carta aos Coríntios (3, 15).

2. Uma indulgência pode ser oferecida por uma alma no purgatório

Indulgentiarum Doctrina assinala em sua norma número 15 que um católico pode receber uma indulgência plenária por um defunto "em todas as igrejas, oratórios públicos ou semi-públicos, para os que legitimamente usam desses últimos”, seguindo as condições habituais de confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Papa.

No dia 02 de novembro se comemora a Festa de Todos os fiéis defuntos e nesse dia pode-se obter uma indulgência plenária para a alma de um ente querido, família ou amigo.

3. As almas do purgatório podem ser intercessoras

Santa Catarina de Siena disse que as almas do purgatório, que foram libertadas das suas tristezas nunca se esquecerão dos seus benfeitores na terra e intercederão por eles diante de Deus. Além disso, quando essa pessoa chegar ao céu, elas a receberão.

Suas orações protegem seus amigos dos perigos e os ajudam a superar dificuldades. Santa Catarina de Bolonha, disse em uma ocasião: "Recebi muitos e grandes favores dos Santos, mas muito maiores das Almas Santas (do purgatório)".

São João Macias era outro santo que tinha muita devoção pelas almas ou almas do purgatório e com as suas orações, especialmente o Rosário, conseguiu libertar 1,4 milhões, segundo ele mesmo afirmava depois de uma revelação divina.

Como retribuição, conseguiu graças extraordinárias e abundantes destas pessoas que chegaram ao Céu graças às suas orações e no momento da morte deste santo peruano, conta-se que foi consolado pelas mesmas almas que ele ajudou a livrar do purgatório.

4. Os santos escrevem preces pelas almas do purgatório

São Nicolau de Tolentino é conhecido como o patrono das almas do purgatório porque durante sua vida recomendava a oração pelos falecidos no purgatório, obtendo muitas conversões. Vários outros santos escreveram orações pelas almas do purgatório conhecendo o bem que faziam tanto as almas destinatárias das orações como àqueles que recitavam estas orações.

5. Alguns santos visitaram o purgatório

Santa Faustina Kowalska, a mensageira da Divina Misericórdia, é um exemplo deste grupo de pessoas que estiveram no purgatório ainda em vida e lá comprovaram o que se sabe sobre ele. Ela recebeu a graça de ver o purgatório, o céu e o inferno. Em seus escritos, a santa polonesa conta que uma noite seu anjo da guarda pediu-lhe para segui-lo e ela encontrou-se em um lugar cheio de fogo e almas que sofriam, entretanto, aquele não era o inferno.

Ela perguntou às almas o que as fazia sofrer mais, e elas responderam que era sentir-se distantes e abandonadas por Deus. Quando ela saiu, ouviu a voz do Senhor que lhe disse: "Minha Misericórdia não quer isso, mas minha Justiça pede por isso".

6. A Virgem Maria consola as almas que estão lá

Em sua visão do purgatório Santa Faustina Kowalska também observou que a Virgem Maria visitava as almas que estavam lá e ouviu que estas a chamaram de "Estrela do Mar".

Por outro lado, a Mãe de Deus teria revelado a Santa Brígida que "qualquer pena, mesmo que seja no Purgatório, se tornaria mais suave e mais fácil de suportar com sua intercessão".

7. Existe um museu que recolhe 15 provas sobre a existência do purgatório

Em Roma (Itália), perto do Vaticano, está o Museu das Almas do Purgatório que fica dentro da Igreja do Sagrado Coração do Sufrágio. Foi criado em 1897 pelo Padre Victor Jouet, um padre francês missionário do Sagrado Coração.

Lá 15 testemunhos e objetos, como livros e roupas, comprovam as "visitas" de almas do purgatório a entes queridos, pedindo-lhes orações para que prontamente pudessem sair de lá.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa peregrino na Hungria e Eslováquia: "Será uma viagem espiritual"

A 34ª viagem internacional do Papa Francisco começa no próximo dia 12/09

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, apresentou a 34ª viagem do pontificado de Francisco de 12 a 15 de setembro: "Em peregrinação a Budapeste em homenagem ao Santíssimo Sacramento." Na Eslováquia, o abraço a um povo ferido pelo totalitarismo, "mas com os olhos voltados para o futuro". Sobre a saúde do Pontífice "a cautela de sempre".

Salvatore Cernuzio – Vatican News

A 34ª viagem internacional do Papa Francisco, que marca a etapa de 54 países visitados em todo o mundo, pretende ser “uma peregrinação ao coração da Europa, durante a qual o Papa abordará temas que interessam todo o continente”, mas, sobretudo, quer ser "uma viagem espiritual", que começa com a adoração da Eucaristia e termina com a invocação orante a Nossa Senhora das Dores que, neste século, nunca deixou de zelar pelas terras eslavas feridas pelo totalitarismo. Nessas breves frases do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, se condensam os quatro dias que Francisco viverá de 12 a 15 deste mês, primeiro em Budapeste, para celebrar o encerramento do Congresso Eucarístico Internacional, depois na Eslováquia com uma etapa na capital Bratislava e em outras três cidades: Prešov, Košice e Šaštin.

O encontro com as autoridades húngaras

Uma viagem com uma forte conotação espiritual. Por isso, é bom "evitar misturar leituras de outro tipo com as mais espirituais", disse Bruni, em resposta a algumas perguntas de jornalistas reunidos na Sala de Imprensa da Santa Sé para a coletiva de apresentação da viagem. As perguntas se concentraram no encontro do Papa com o primeiro-ministro, Viktor Orbán, na manhã de domingo, antes da missa na Praça dos Heróis. “É um encontro com as mais altas autoridades do país e, obviamente, dentre elas está também Orban”, disse Bruni, explicando que a presença do primeiro-ministro com sua família na missa papal “será confirmada pelos húngaros”.

Uma peregrinação em honra da Eucaristia

"É uma peregrinação em honra do Santíssimo Sacramento", frisou o porta-voz vaticano, lembrando que a gênese desta viagem remonta ao desejo do Papa de estar perto das centenas de homens e mulheres que, desde domingo passado, participam do Congresso Eucarístico. De presidir a missa final, chamada Statio Orbis, ou seja, a Missa que simbolicamente reúne e une toda a Igreja de Cristo e expressa a unidade cristã.

As viagens de João Paulo II

“A Hungria abriu suas portas à Eslováquia”, recordou Bruni. O Papa, na coletiva de imprensa do voo de retorno do Iraque, em março, revelando o processo interno que acompanha a escolha dos lugares a serem visitados, explicou que foi aconselhado por um de seus colaboradores a ir de Budapeste a Bratislava que fica a "duas horas de carro". Uma curta etapa hipotética que se transformou numa viagem de setenta e duas horas nas principais cidades desta região da Europa Centro-Oriental, muitas das quais visitadas por João Paulo II em três viagens: em 1990, em 1995 e em 2003, dois anos antes de sua morte.

Depois, da parte de Wojtyla, teve o chamado à Igreja e às comunidades cristãs para participarem da reconstrução de uma sociedade que lentamente se erguia dos horrores do nazismo e dos "erros e sofrimentos" do regime comunista. Um cenário certamente diferente do que Francisco encontrará na próxima semana. Todavia, "os povos e as terras são os mesmos" e as feridas daqueles anos sombrios ainda pesam no coração de muitos homens e mulheres. “O Papa visita povos que sofreram um regime repressivo da fé e da liberdade religiosa”, com bispos, sacerdotes, religiosas, leigos encarcerados, torturados, martirizados, padres ordenados secretamente nas fábricas onde trabalhavam, mas também “cristãos orgulhosos de terem resistido, às vezes até ao sangue, ao mal e às perseguições”.

João Paulo II na Hungria em 1991

Histórias de martírio

No contexto dessas histórias de martírio, em que figuras como a do cardeal húngaro József Mindszenty ou do cardeal eslovaco Ján Chryzostom Korec brilham entre os pilares da Igreja clandestina eslovaca, o Papa quer voltar o olhar “ao futuro da evangelização e da missão”. E para fazer isso, ele quis sobretudo os jovens ao seu lado, depois os representantes de outras confissões cristãs e de outras religiões, que encontrará durante um intenso programa marcado por sete discursos, três homilias, uma saudação e um Angelus, todos pronunciados em italiano.

Ecumenismo e diálogo inter-religioso

“O sofrimento e o martírio uniram, mas também dividiram as diferentes confissões. Por isso os encontros ecumênicos são importantes”, observou Bruni. Ambos se realizarão no primeiro dia, domingo, 12 de setembro: o primeiro pela manhã com os representantes do Conselho Ecumênico de Igrejas, em Budapeste, no Museu de Belas Artes; o outro, à tarde, na Nunciatura de Bratislava. Tão importante nesta viagem papal, destacou o porta-voz, é o encontro com as comunidades judaicas, também herdeiras de uma longa história de sofrimentos agravados pelas deportações do regime nazista. Uma comunidade que foi reduzida a 20 mil membros depois da guerra, e antes contava 136 mil membros. Destes, 15 mil viviam em Bratislava até 1940, e apenas 3.500 sobreviveram, vendo seu patrimônio arquitetônico ser destruído após a Segunda Guerra Mundial e encontrando indiferença e hostilidade. Apenas as mudanças políticas após a queda do comunismo em 1989 levaram ao renascimento da vida judaica. O que o Papa encontrará em 13 de setembro na Praça Rybné námestie, onde se encontra um memorial da Shoah, será de fato uma comunidade muito ativa, promotora de atividades religiosas, culturais e educacionais.

Medidas de saúde após a operação

Além dos eventos e temas da viagem, Matteo Bruni também respondeu às perguntas dos jornalistas sobre as medidas especiais de saúde planejadas durante a viagem, após a recente cirurgia de cólon do Papa em 4 de julho: “Não há medidas particulares, mas a cautela de sempre. Como de costume, há um médico e algumas enfermeiras a bordo”, disse. E a bordo, na comitiva papal, estarão presentes os chefes da Secretaria de Estado: cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado; o substituto, Edgar Peña Parra, e o secretário das Relações com os Estados, mons. Paul Richard Gallagher. Presentes também os cardeais Leonardo Sandri, prefeito da Congregação das Igrejas Orientais, e Miguel Ángel Ayuso Guixot, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Conforme a tradição, na comitiva papal estará também um funcionário do Vaticano, desta vez do Governatorato.

Restrições contra a Covid

Quanto às medidas contra a Covid durante a viagem (segundo dados não oficiais, há 200 casos de infecções por dia na Eslováquia), e a abolição da obrigação do certificado de vacina para participar nas celebrações do Pontífice, Bruni esclareceu: “São decisões das autoridades locais. Imagino que tenham tomado todas as medidas necessárias”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

São Nicolau de Tolentino

S. Nocolau de Tolentino | ArquiSP
10 de setembro

São Nicolau Tolentino

A prodigiosa notícia que temos de são Nicolau de Tolentino diz que, quarenta anos após sua morte, seu corpo foi encontrado ainda em total estado de conservação. Na ocasião, durante os exames, começou a jorrar sangue dos seus braços, para o espanto de todos. Mesmo depois de muitos anos, os ferimentos sangravam de tempos em tempos. Esse milagre a ele atribuído fez crescer sua fama de santidade por toda a Europa e propagou-se por todo o mundo católico.

Apesar de ter nascido na cidade de Castelo de Santo Ângelo, no ano de 1245, foi do povoado de Tolentino que recebeu o apelido acrescentado ao seu nome. Naquela cidade viveu grande parte da sua vida. Desde os sete anos de idade, suas preocupações eram as orações, o jejum e uma enorme compaixão pelos menos favorecidos. Nisso se resumiu sua vida: penitência, amor e dedicação aos pobres, aliados a uma fé incondicional em Nosso Senhor e na Virgem Maria. Aos quatorze anos, foi viver na comunidade dos agostinianos de Castelo de Santo Ângelo, como oblato, isto é, sem fazer os votos perpétuos, mas obedecendo às Regras. Mais tarde, ingressou na Ordem e, no ano de 1274, foi ordenado sacerdote.

Nicolau possuía carisma e dons especiais. Sua pregação era alegre e consoladora na Providência divina, o que tornava seus sermões empolgantes. Tinha um grande poder de persuasão, pelo seu modo simples e humilde de viver e praticar a fé, sempre na oração e na penitência, cheio de alegria em Cristo. Com seu exemplo, levava os fiéis a praticar a penitência, a visitar os doentes e encarcerados e a dar assistência aos pobres. Essa mobilização de pessoas em torno do ideal de levar consolo e a Palavra de Deus aos necessitados dava-lhe grande satisfação e alegria.

Em 1275, devido à saúde debilitada, foi para o Convento de Tolentino, onde se fixou definitivamente. Lá, veio a tornar-se um dos apóstolos do confessionário mais significativos da Igreja. Passava horas repleto de compaixão para com todas as misérias humanas. A fama de seus conselhos e de sua santidade trazia para a paróquia fiéis de todas as regiões ansiosos pelo seu consolo e absolvição. A incondicional obediência, o desapego aos bens materiais, a humildade e a modéstia foram as constantes de sua vida, sendo amado e respeitado por seus irmãos da Ordem.

No dia 10 de setembro de 1305, ele fez sua última prece e entregou seu espírito nas mãos do Senhor antes de completar sessenta anos de idade. Foi enterrado na sepultura da capela onde se tornara célebre confessor e celebrava suas missas. O local tornou-se meta de peregrinação e os milagres atribuídos a ele não cessaram de ocorrer, atingindo os nossos dias. No ano de 1446, são Nicolau de Tolentino foi finalmente canonizado pelo papa Eugênio IV, cuja festa foi mantida para o dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

5 tipos diferentes de cruz e seus significados

pamela ranya | Shutterstock
Por Philip Kosloski

Conheça as verdades espirituais que cada cruz transmite.

Ao longo da história da Igreja, os cristãos representaram visualmente a cruz de diferentes maneiras. Em cada caso, a cruz é ligeiramente diferente e costumava simbolizar diferentes verdades espirituais.

Aqui, há cinco cruzes que foram usadas ao longo dos séculos pelos cristãos ao redor do mundo.

1. Cruz Papal

Esta cruz é usada oficialmente para representar o Papa. A cruz de três camadas lembra a Tiara Papal – uma referência ao triplo ofício de Cristo: sacerdote, profeta e rei.

 2. Cruz Celta

Mais comum na Irlanda, a Cruz Celta é composta por uma cruz cristã típica colocada em frente a um círculo. Embora sua origem exata seja desconhecida, muitos a vinculam a São Patrício e afirmam que ele a lançou para converter pagãos. A cruz ficava em frente ao sol – adorado pelos pagãos -, mostrando a supremacia de Cristo sobre o mundo natural. Além disso, lembra que Cristo é a única fonte de luz e vida. Às vezes, também recebe o nome de Cruz do Sol.

3. Cruz de Santo André

Foi criada para simbolizar a cruz em que Santo André, o apóstolo, foi morto. A tradição conta que Santo André pediu para ser crucificado sobre este tipo de cruz, pois ele se sentiu indigno de ser crucificado de maneira idêntica à de Cristo.

 4. Cruz de São Pedro

Tem origem semelhante à cruz de Santo André. Pedro também não quis ser crucificado da mesma maneira do Salvador e pediu para ser colocado de cabeça para baixo na cruz. Por essa razão, essa cruz é usada para representar a humildade. Às vezes, faz referência ao papa, que é o sucessor de São Pedro.

5. Cruz Ortodoxa

É usada até hoje nas igrejas cristãs ortodoxas/bizantinas. A barra superior representa a placa pregada no topo da cruz por Pilatos (Jesus Nazareno, Rei dos Judeus). A segunda barra representa a tábua horizontal em que as mãos de Jesus foram pregadas. Já a terceira barra simboliza o apoio para os pés que teria sido usado para suportar os pés de Jesus. Está inclinada em reconhecimento ao fato de Cristo ter prometido o paraíso ao bom ladrão crucificado ao lado direito Dele. A liturgia ortodoxa se refere a esse simbolismo nas sextas-feiras:

 “No meio, entre dois ladrões, sua Cruz foi encontrada como o feixe de equilíbrio da justiça; enquanto um era levado para o inferno pelo fardo de sua blasfêmia, o outro foi iluminado de seus pecados até o conhecimento de coisas divinas”.

 Fonte: https://pt.aleteia.org/

PAIS DA IGREJA: São Gregório Magno (Parte 7/7)

S. Gregório Magno | ECCLESIA

São Gregório Magno

«Antologia»

«Dar fruto pela perseverança»

Homilias sobre o Evangelho

Vigiai para que a palavra que recebestes ressoe no fundo do vosso coração e aí permaneça. Tende cuidado para que a semente não caia ao longo do caminho, receando que o Espírito mau venha apagar a palavra da vossa memória... Tende cuidado para que o chão pedregoso não receba a semente e não produza uma boa ação desprovida das raízes da perseverança. Com efeitos, muitos se alegram ao ouvir a palavra e se dispõem a empreender boas obras. Mas apenas as provações começaram a apertá-los, eles renunciam ao que tinham empreendido. Assim, o solo pedregoso teve falta de água, de tal forma que o germe da semente não chegou a dar o fruto da perseverança.

Mas o terra boa dá fruto pela paciência: entendamos por isso que as nossas boas obras podem ter valor se suportarmos pacientemente os inconvenientes que o nosso próximo nos provoca. Aliás, quanto mais avançamos para a perfeição, mais provas temos de suportar; uma vez que a nossa alma abandonou o amor do mundo presente, cresce a hostilidade desse mundo. É por isso que vemos muitos que penam sob um pesado fardo (Mt 11,28), sendo boas as suas obras… Mas, de acordo com a palavra do Senhor, “eles produzem fruto pela sua perseverança”, suportando humildemente essas provas, de tal forma que, após terem penado, serão convidados a entrar na paz do céu.

«Não vos esqueçais da hospitalidade»

Homilia 23

Dois dos discípulos caminhavam juntos. Eles não acreditavam, e no entanto falavam sobre o Senhor. De repente Este apareceu-lhes, mas sob uns traços que não lhes permitia reconhecê-Lo. [...] Convidam-No para partilhar da sua pousada, como é costume entre viajantes [...] Põem então a mesa, apresentam os alimentos, e a Deus, que eles não tinham ainda reconhecido na explicação das Escrituras, descobrem-No quando da fracção do pão. Não foi portanto ao escutarem os preceitos de Deus que foram iluminados, mas ao cumpri-los: «Não são os que ouvem a Lei que são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei é que serão justificados» (Rm 2,13). Se quisermos compreender o que ouvimos, apressemo-nos a pôr em prática o que conseguimos perceber. O Senhor não foi reconhecido enquanto falava; Ele dignou-Se manifestar-Se quando Lhe ofereceram de comer.

Ponhamos pois amor no exercício da hospitalidade, queridos irmãos; pratiquemos de coração a caridade. Diz Paulo sobre este assunto: «Que permaneça a caridade fraterna. Não vos esqueceis da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos.» (He 13,1; Gn 18,1ss). Também Pedro diz: «Exercei a hospitalidade uns para com os outros, sem queixas» (1 Pe 4,9). E a própria Verdade nos declara: «Era peregrino e recolhestes-Me» [...] «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,35.40) [...] E apesar disto, somos tão preguiçosos diante da graça da hospitalidade! Avaliemos, irmãos, a grandeza desta virtude. Recebamos Cristo à nossa mesa, para que possamos ser recebidos no seu festim eterno. Dêmos neste preciso momento a nossa hospitalidade a Cristo que no estrangeiro está, para que no momento do julgamento não sejamos como estrangeiros que Ele não sabe de onde vêm (Lc 13,25), mas sejamos irmãos que em seu Reino Ele recebe.

«Nós deixámos tudo e seguimos-te»

Homilia 5 sobre o Evangelho

Ouvistes, meus irmãos, que Pedro e André abandonaram as redes para seguirem o Redentor ao primeiro apelo da sua voz (Mt 4,20)... Talvez algum de vós diga baixinho: "Para obedecer ao apelo do Senhor, que é que aqueles dois pecadores abandonaram, eles que não tinham quase nada?" Mas, nesta matéria, temos de considerar as disposições do coração mais do que os bens que se possuem. Deixa muito aquele que não retém nada para si; deixa muito aquele que abandona tudo, mesmo se não é muita coisa. Quanto a nós, aquilo que possuimos, conservamo-lo com paixão, e, o que não temos, buscamo-lo com todo o nosso desejo. Sim, Pedro e André deixaram muito, pois um e outro abandonaram mesmo o desejo de possuirem. Abandonaram muito porque, renunciando aos seus bens, renunciaram também às suas ambições. Seguindo o Senhor, renunciaram a tudo o que teriam podido desejar se o não tivessem seguido.

Mais de São Gregório Magno, em SOPHIA.

FONTE:

Evangelho Cotidiano

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF