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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

ESTUDOS BÍBLICOS: «Como ler a Bíblia» (Parte 3/4)

Revista Paróquias

«Como ler a Bíblia»

Bispo Kallistos Ware
Trad. por Dra. Rosita Diamantopoulos

Cristo,o Coração da Bíblia

O terceiro elemento em nossa leitura bíblica é que Cristo deve ser o seu centro, por isso ela é coerente. A salvação através do Messias é o tópico central e unificador. Ele perpassa toda a Escritura, da primeira à ultima frase (já mencionamos como Cristo pode ser visto nas sombras do Antigo Testamento, de modo profético).

Muitos críticos ocidentais modernos da Escritura adotaram um modo de ver analítico, quebrando cada livro de acordo com as suas fontes diferentes, não revelando as conexões entre elas, reduzindo a Bíblia a um amontoado de idéias primárias. Há um certo valor nisso, mas devemos ver a unidade acima da diversidade da Escritura,o seu fim que engloba toda a Escritura e seus inícios confusos. A Ortodoxia prefere sintetizar o todo do que promover uma abordagem analítica, vendo as escrituras como um todo integrado, assinado um papel particular ao método "tipológico" de interpretação, onde "tipos" de Cristo, sinais e símbolos de seu trabalho são discernidos ao longo de todo o Antigo Testamento. Um notável exemplo é Melquisedeque, o rei-sagrado de Salém, que ofereceu pão e vinho a Abraão, (Gênesis 14;18), visto como um tipo de Cristo não apenas pelos Patriarcas, mas também pelo Novo Testamento (Hebreus 5:6; 7:1). Outra circunstância é quando a velha passagem é substituída pela nova: a libertação de Israel pelo Faraó no Mar Vermelho antecipa a nossa libertação do pecado através da morte e ressurreição do Salvador. Este é o método de interpretação aplicado em toda a Bíblia.

Por que, por exemplo, a segunda parte do Levítico e as leituras de Gênesis no Antigo Testamento são dominadas pela figura de José? Por que lemos o Livro de Jô durante a Semana Santa? Porque José e Jô são sofredores inocentes, como "sombras" de Jesus Cristo, cujo sofrimento inocente na Cruz é motivo de celebração. Tudo se encaixa.

Um cristão Bíblico é aquele que encontra a Cristo em qualquer lugar em que lê, nas Escrituras.

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/

ESTUDOS BÍBLICOS: «Como ler a Bíblia» (Parte 4/4)

Revista Paróquias

«Como ler a Bíblia»

Bispo Kallistos Ware
Trad. por Dra. Rosita Diamantopoulos

A Bíblia como Pessoal

Nas palavras de um dos primeiros ascetas do Ocidente Cristão, o Monge Marcos: "aquele que é humilde de pensamento e se engaja em um trabalho espiritual, ao ler a Sagrada Escritura, deverá ter tudo aplicado a ele mesmo, e não ao seu vizinho". Como cristãos ortodoxos devemos ter o mais possível de aplicação pessoal ao lermos a Sagrada Escritura, e não apenas perguntar o que Ela significa. Devemos perguntar-nos não apenas o que Ela significa, mas o que Ela significa para mim. A Escritura é um diálogo entre o Salvador e eu, é Cristo falando comigo e me respondendo. Este é o quarto critério em nossa leitura bíblica. Cabe a mim ver todas as histórias da Bíblia como fazendo parte da minha própria história. Quem é Adão? Esse nome significa "humano," homem, e a queda de Adão relatada no Antigo testamento também tem a ver comigo. É isso que Deus fala a Adão quando pergunta: "quem és Tu? Onde estás?" (Gênesis 3:9). Freqüentemente perguntamos onde está Deus, mas a real questão é que Deus nos perguntou primeiro onde estamos. Quando, na história de Caim e Abel lemos as palavras de Deus a Caim: "Onde está o seu irmão Abel?" (Gênesis 4:9), elas estão endereçadas a cada um de nós. Quem é Caim? Sou eu mesmo. E Deus pergunta ao Caim de cada um de nós onde está o nosso irmão. A maneira de permanecer em Deus passa através do amor a outras pessoas e não há outro modo. Desonrando o meu irmão, eu substituo a imagem de Deus com a marca de Caim, e renuncio à minha humanidade vital.

Lendo as escrituras, podemos atravessar três caminhos: Primeiro: a Escritura é uma História Sagrada, é a história da Palavra da Criação, a história do povo escolhido, a história do Deus encarnado na Palestina, e os trabalhos distribuídos após o Pentecostes. O Cristianismo encontrado na Bíblia não é uma ideologia, nem uma teoria filosófica, mas uma história de Fé.

Vamos tomar o segundo caminho: a história é apresentada na Bíblia como pessoal, vemos a intervenção de Deus em tempos e lugares específicos, a medida que Ele dialoga com as pessoas. Ele se dirige a cada um pelo nome. Nós podemos salientar os chamados específicos de Deus a Abraão, Moises e Davi, de Rebeca e Ruth, de Isaías e de seus profetas e, finalmente, a da Virgem Maria e dos apóstolos. Podemos perceber a seletividade da ação divina na história, não um escândalo, mas uma benção. O amor de Deus é universal, mas Ele escolhe encanar em um ser humano em particular, em um tempo particular e de uma Mãe em particular. Dessa forma, fica provada a unicidade de Deus em toda a Sagrada Escritura e a sua unicidade, também como fala a Sagrada Escritura.

O homem ama os aspectos da datação da Bíblia e a Ortodoxia tem uma intensa devoção à Terra Santa e aos lugares exatos onde Cristo viveu e ensinou, morreu e ressuscitou. Uma excelente maneira de aprofundar-se na Sagrada Escritura é peregrinar a Jerusalém e à Galiléia por onde Jesus andou. Ir ao Mar Morto, sentar-se sozinho em frente às pedras, sentir-se como Cristo sentiu-se durante os seus quarenta dias de tentação neste ambiente selvagem. Beber da mesma fonte frente à qual ele falou à Samaritana. Ir à noite ao Jardim de Getsêmani, sentar sobre as velhas oliveiras no escuro e olhar as luzes da cidade através do vale. Experimentar a plena realidade do cenário histórico, e ter a experiência de voltar no tempo em sua leitura Bíblica.

Aqui estamos prontos para o terceiro passo. Revendo a História Bíblica em suas particularidades, a aplicamos diretamente em nossas vidas, quando dizemos "estes lugares não estão distantes nem perdidos no tempo, mas fazem parte do meu encontro pessoal com Cristo! Essas histórias incluem-me!"

A traição, por exemplo, faz parte da vida pessoal de cada um de nós, não somos traídos em alguma parte de nossa existência e não sabemos o que é ser traído e, ainda mais, a memória destes acontecimentos ainda não está em nossa alma? Portanto, lendo o relato da traição de São Pedro a Cristo e a sua reparação após a ressurreição, podemos nos imaginar como atores na história. Considerando o que tanto Jesus como Pedro devem experimentado no momento imediato após a traição, entramos em seus sentimentos e fazemos com que sejam nossos. Eu sou Pedro: nesta situação como posso ser Cristo? Refletindo o processo de reconciliação de outra forma, vendo como Cristo ressuscitou para um amor devotado ao Pedro restaurado e vendo como Pedro, de seu lado, teve forças para aceitar essa restauração. Perguntamos a nós mesmos: como reajo ao Pedro traidor e ao Cristo que perdoa? E quanto às minhas próprias traições, estou preparado para aceitar o perdão alheio, estou preparado para perdoar a mim mesmo? Ou sou tímido, procuro esconder-me, e nunca estou pronto para nada, seja bom ou ruim? Como os nossos Patriarcas do Deserto disseram: "É melhor que alguém tenha pecado e se arrependido do que uma pessoa que não tenha pecado e se ache justa."

Já não ganhamos a constância de Nossa Senhora, de Maria Madalena, sua constância e lealdade, quando ela anunciou a falta do corpo de Cristo na tumba? (João 20:1). Eu ouvi o Salvador chamar-me pelo nome, como Ele a chamou, e respondi Raboni (Mestre) com sua simplicidade e plenitude? (João 20:16).

Lendo a Escritura desta forma, — na obediência, como um membro da Igreja de Cristo, encontrando Cristo em todos os lugares, vendo tudo como parte de sua história pessoal, podemos experimentar um pouco da profundidade encontrada na Bíblia. No entanto, devemos sempre imaginar que a nossa exploração Bíblica está apenas no começo. Somos como alguém timidamente atravessando o oceano em um bote.

"A tua Palavra é como um facho que ilumina meus passos e luz no meu caminho" (Sl 118 [119]: 105).

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/

Papa: a cruz nunca está na moda, mas cura

Attila KISBENEDEK / AFP

Deixemos que Jesus, Pão vivo, nos livre da escravidão paralisante da defesa da nossa imagem e nos inspire a segui-Lo para onde Ele nos quer conduzir.

O Papa Francisco celebrou neste domingo a missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional, na Praça dos Heróis, em Budapeste, na Hungria.

«E vocês, quem dizem que eu sou?» Esta pergunta de Jesus aos discípulos norteou a homilia do Santo Padre.

Os discípulos conheciam bem Jesus, “conviviam familiarmente com Ele, foram testemunhas de muitos dos milagres realizados, ficavam maravilhados com o seu ensinamento. Contudo ainda não pensavam como Ele. Faltava uma passagem decisiva, ou seja, da admiração por Jesus à imitação de Jesus”.

Esta pergunta de Jesus, dirigida a cada um de nós, “pede não apenas uma resposta exata do ponto de vista do Catecismo, mas uma resposta pessoal, de vida. Dessa resposta, nasce a renovação do discipulado”.

Segundo o Papa, esta “renovação realiza-se através de três passagens que fizeram os discípulos e que podemos realizar também nós: o anúncio de Jesus, o discernimento com Jesus, o caminho atrás de Jesus”.

O anúncio de Jesus

A resposta de Pedro a essa pergunta de Jesus é «Tu és o Messias». “Em poucas palavras, Pedro disse tudo. A resposta está certa, mas surpreendentemente, depois de tal reconhecimento, Jesus ordena severamente que «não dissessem isto a ninguém».” Por quê? “Por uma razão concreta: dizer que Jesus é o Messias, o Cristo, é exato, mas incompleto. Existe sempre o risco de anunciar um falso messianismo: aquele segundo os homens e não segundo Deus. Por isso, a partir daquele momento, Jesus começa a revelar a sua identidade: a identidade pascal, aquela que encontramos na Eucaristia. Explica que a sua missão havia certamente de culminar na glória da ressurreição, mas passando pela humilhação da cruz. Jesus impõe silêncio sobre a sua identidade messiânica, mas não sobre a cruz que o espera.”

Perante este anúncio de Jesus, um anúncio surpreendente, também nós podemos sentir-nos apavorados. Gostaríamos, também nós, dum messias poderoso, em vez dum servo crucificado. Diante de nós está a Eucaristia, para nos recordar quem é Deus; não o faz com palavras, mas de modo concreto, mostrando-nos Deus como Pão partido, como Amor crucificado e doado. Podemos acrescentar muitas cerimônias, mas o Senhor permanece ali na simplicidade dum Pão que se deixa partir, distribuir e comer. Para nos salvar, se faz-servo; para nos dar vida, morre. Faz-nos bem deixar-nos surpreender pelo anúncio de Jesus; e aqui abre-se a segunda passagem.

O discernimento com Jesus

“Diante do anúncio do Senhor, a reação de Pedro é tipicamente humana: quando aparece a cruz, a perspectiva do sofrimento, o homem se revolta. Pedro se escandaliza com as palavras do Mestre e tenta dissuadi-Lo de prosseguir o seu caminho. A cruz nunca está na moda: ontem, como hoje. Mas cura por dentro”, disse o Papa, acrescentando:

É diante do Crucificado que experimentamos uma benéfica luta interior, um áspero conflito entre «pensar segundo Deus» e «pensar segundo os homens». Dum lado, temos a lógica de Deus, que é a do amor humilde; o caminho de Deus evita qualquer imposição, ostentação e triunfalismo, visa sempre o bem dos outros, indo até ao sacrifício de si mesmo. Do outro, temos o «pensar segundo os homens»: é a lógica do mundo, presa às honras e privilégios, tendente ao prestígio e ao sucesso. O que conta aqui são a relevância e a força, aquilo que chama a atenção da maioria e sabe afirmar-se perante os outros.

Encandeado por esta perspectiva, Pedro chama Jesus à parte e começa a repreendê-Lo. Pode acontecer também conosco chamar o Senhor «à parte», colocá-Lo num canto do coração, continuando a considerar-nos pessoas religiosas e boas, e prosseguir pelo nosso caminho sem nos deixarmos conquistar pela lógica de Jesus.

Entretanto, Ele nos acompanha nesta luta interior, porque deseja que nós, como os Apóstolos, escolhamos a sua parte. Há a parte de Deus, como há a parte do mundo… A diferença não está entre quem é religioso e quem não o é; a diferença crucial está entre o Deus verdadeiro e o deus que é o nosso eu. Que grande distância existe entre Aquele que reina silenciosamente na cruz e aquele falso deus que gostaríamos de ver reinar pela força e reduzir ao silêncio os nossos inimigos! Como é diverso Cristo, que Se nos propõe só com amor, comparado com os messias poderosos e vencedores, lisonjeados pelo mundo!

“Jesus nos sacode, não se contenta com declarações de fé, pede-nos que purifiquemos a nossa religiosidade diante da sua cruz, diante da Eucaristia. Faz-nos bem permanecer em adoração diante da Eucaristia, para contemplarmos a fragilidade de Deus. Dediquemos tempo à adoração”, disse ainda o Papa. “Deixemos que Jesus, Pão vivo, cure os nossos fechamentos e nos abra à partilha: nos cure da rigidez e de nos fecharmos em nós mesmos, nos livre da escravidão paralisante da defesa da nossa imagem e nos inspire a segui-Lo para onde Ele nos quer conduzir. Assim chegamos à terceira passagem.”

O caminho atrás de Jesus

“O caminho cristão não é uma corrida ao sucesso, mas começa com um passo atrás, com a descentralização que liberta, com o retirar-se do centro da vida. Então Pedro reconhece que o centro não é «o seu Jesus», mas o verdadeiro Jesus. Voltará a cair, mas de perdão em perdão irá reconhecendo cada vez melhor o rosto de Deus e passará duma admiração estéril por Cristo à imitação concreta de Cristo”, disse ainda o Papa que fez a seguinte pergunta: “O que significa caminhar atrás de Jesus?”

É avançar na vida com a sua própria confiança, a de sermos filhos amados de Deus. É percorrer o mesmo caminho do Mestre, que veio para servir e não para ser servido. É dirigir a cada dia os nossos passos ao encontro do irmão. A isto nos impele a Eucaristia: a sentir-nos um só Corpo, a fazer-nos em pedaços para os outros.

“Deixemos que o encontro com Jesus na Eucaristia nos transforme, como transformou os grandes e corajosos Santos Estêvão e Santa Isabel. À semelhança deles, não nos contentemos com pouco; não nos resignemos com uma fé que vive de ritos e repetições, abramo-nos à novidade escandalosa de Deus crucificado e ressuscitado, Pão partido para dar vida ao mundo”, disse.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Em Muret, o milagre do Rosário

Guadium Press
Como protetora e Mãe da Igreja, mediante a devoção ao seu Rosário, a Santíssima Virgem preservou a sã ortodoxia em terras francesas, em muito já devastadas pela heresia dos cátaros.

Redação (12/09/2021 12:09Gaudium PressPandemia difundida no início do século XIII, filha de seitas vindas do oriente próximo, a heresia Cátara tinha como base a doutrina dualista que afirma a existência de uma luta contínua entre o que é material e o que é espiritual.

A matéria, segundo o dualismo, foi criada pelo ‘Deus do mal’, enquanto o espírito, pelo ‘Deus do bem’. Consequentemente, a alma e o corpo estão em constante fricção. Portanto, para alcançar a verdadeira felicidade fazia-se necessário libertar-se do corpo e se tornar inteiramente “espiritual” por meio de penitências excessivamente rigorosas a tal ponto que, por vezes, provocavam o suicídio, revelando incontestável desequilíbrio – humano e doutrinário.

A heresia cátara grassava espantosamente por toda a França meridional, chegando a perverter vários senhores feudais, entre os quais o Conde de Toulouse, Raymond VI, e o Conde de Foix, Raymond-Roger Trancavel.

Entretanto, como é a obrigação da Santa Igreja auxiliar os fiéis, mister em momentos de grandes dificuldades e perigos, certos sacerdotes começaram a pregar fervorosamente a doutrina católica em referida região, trabalhando pela conversão daqueles hereges.

O Santo Padre, por fim, mandou um legado pontifício chamado Pierre de Castelnau para auxiliar nessa tarefa. Contudo, o principal homem que ia surgir como resposta à heresia era São Domingos de Gusmão.

Guadium Press

 Um presente do Céu

Passando pelo Languedoc para retornar à cidade de Osma, na Espanha, e após acompanhar o seu Bispo numa missão diplomática, São Domingos viu a necessidade de pregar a verdade àqueles pervertidos. Assim, depois de ter recebido a permissão papal, começou a batalhar dia e noite com o gládio da palavra.

Entretanto, as suas tentativas de conversão não davam muito fruto, pois as pessoas estavam demasiado enraizadas em seus erros. Foi então que ele percebeu que não conseguiria mudar a mentalidade daquela gente sem um ostensivo milagre.

Certo dia, ele teve uma visão na qual viu a Rainha dos Anjos que lhe dava o Sagrado Rosário, dizendo que esta seria a mais eficaz arma contra gente tão desviada; e que o Rosário operaria prodígios maravilhosos. A partir de então, as mudanças mais espantosas começaram a se dar.

Graças ao Rosário muitos voltaram ao seio da Igreja.

A luta contra os Cátaros

Ora, quem entenderá o coração do homem e a sua maldade?

Apesar de tanto empenho da Igreja – se não bastasse o da Santíssima Virgem –, muitos não queriam se emendar. O Conde de Toulouse contratou alguns nobres para assassinar o legado pontifício; e assim o fizeram.

Este e outros crimes cometidos pelos hereges fez com que o Papa convocasse uma investida, iniciando-se assim uma série de batalhas em defesa da fé, na qual a figura de Simon de Montfort ocupa singular destaque.

Com efeito, nessa luta, o Rosário operou maravilhas, como bem registrou a batalha de Muret, ocorrida em 12 de setembro de 1213.

Guadium Press

Muret

Em sua sanha de destruir tal investida cristã, o Conde Raymond VI junto com o Conde de Foix se apresentaram diante do Rei Pedro II de Aragão. Os três fizeram uma aliança e se puseram em marcha com numeroso exército.

Entrando nos domínios do Conde de Montfort, eles se depararam com a cidade de Muret, e armaram as suas tendas em volta dela, pois sabiam que Simon viria em contra-ataque.

De fato, Simon de Montfort estava a caminho.

Apesar de contar com somente 1700 homens, ele avançava com ardor, pois lutava por Nossa Senhora. Junto dele se encontrava São Domingos, o qual não cessava de animar a todos, recomendando rezassem o Rosário e lhe pedissem a vitória.[1]

O exército católico parou em Belpech, pois antes de batalhar Simon de Montfort desejava rezar. Entrando numa Igreja, ele se dirigiu a Deus nestes termos:

“Ó Bom Senhor, ó Jesus, Vós me escolhestes, se bem que eu seja indigno, para conduzir a vossa guerra. Neste dia eu ofereço as minhas armas sobre o vosso altar, a fim de que, combatendo por Vós, receba por isso a justiça desta causa”.[2]

Terminando a sua prece, todos continuaram em marcha até chegaram a Muret, ao cair da tarde.

Durante a noite, todos católicos se dedicaram à oração. Nenhum dos presentes fez outra coisa senão implorar o auxílio celeste da Rainha do Rosário, pois cada um sabia que esta batalha só poderia ser ganha por uma intervenção de Deus.

No dia seguinte, 12 de setembro, os fiéis se armaram para a luta. Deixando discretamente a cidade, eles caíram sobre os coligados infiéis num momento de total surpresa, quando foram postos em inteira desordem.

Incapazes de resistir ao ataque, começaram a ceder e a fugir. Nesse ínterim, foi morto o Rei de Aragão, quando o desespero dos soldados foi completo.

Então, os católicos avançaram e os puseram em fuga. A vitória seria, outra vez mais, dos filhos da Santíssima Virgem.

Amparados, pois, em arma tão eficaz, digna de alcançar a vitória nas mais insólitas, difíceis e complicadas circunstâncias, por que não nos voltarmos mais uma vez a essa Rainha dos Céus que atendeu tão maravilhosamente a seus filhos oito séculos atrás, pedindo a vitória em dias tão confusos quanto os nossos?

Por Jerome Sequeira Vaz


[1] Cf. GRIGNION DE MONTFORT, Luís Maria. O Segredo Admirável do Santíssimo Rosário. Trad. Robson Carvalho. Campinas: Ecclesiae. 2016, p. 101.

[2] PALADILHE, Dominique. Les Grandes Heures Cathares. Évreux: Librairie Academique Perrin. 1969. p. 149. (Tradução pessoal).

A beatificação do cardeal Wyszyński, um pilar da Igreja polonesa

Stefan Wyszyński e Karol Wojtyla

No domingo o cardeal polonês foi beatificado em Varsóvia com o rito presidido pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, em representação do Papa. São João Paulo II era sido seu amigo, "um bom pastor": assim o havia definido.

Benedetta Capelli - Cidade do Vaticano

A vida do cardeal Stefan Wyszyński está entrelaçada com a história conturbada e difícil da Polônia durante os anos de comunismo e o florescimento do sindicato dos trabalhadores "Solidarność". Sua beatificação, inicialmente prevista para 7 de junho de 2020, acabou ocorrendo no domingo, 12 de setembro. O processo da Causa sofreu uma reviravolta em 2018, quando o conselho médico da Congregação para as Causas dos Santos reconheceu a recuperação milagrosa de uma freira de 19 anos, que sofria de câncer de tireoide.

Cardeal Stefan Wyszyński

Personagem proeminente da Igreja do século XX

Nascido em 1901, desde jovem sacerdote revelou ser um ativista social, especialista em ciências sociais católicas e criador, entre outros, da Universidade cristã dos trabalhadores com sede em Włocławek e o editor do "Ateneum Kapłańskie" (O Ateneo sacerdotal), uma revista de alto nível.

Graças a essas iniciativas bem-sucedidas, Pio XII o nomeou bispo de Lublin em 1946. Dois anos depois foi nomeado primaz da Polônia, metropolita de Gniezno e Varsóvia. Por 33 anos conduziu de fato a Igreja na Polônia, ocupando o cargo de presidente da Conferência Episcopal. Era legado pontifício (na ausência do núncio) e tinha poderes especiais que havia recebido da Santa Sé após o falecimento em 1948 de seu predecessor, o cardeal August Hlond. Esses poderes especiais permitiam-lhe ter jurisdição nas ex-terras alemãs atribuídas à Polônia e cuidar dos católicos no território da União Soviética. Em janeiro de 1953 ele foi criado cardeal.

A sua vida é inegavelmente marcada pelo encarceramento, de 1953 a 1956. A escancarar as portas da prisão o seu: "Non possumus!", pronunciado diante da tentativa dos comunistas de assumir o controle das nomeações na Igreja. Sem acusação, julgamento ou sentença, ele foi preso. Três anos nos quais o cardeal Wyszyński traçou um programa de renovação moral da nação polonesa. Os pilares deste programa foram a consagração da sociedade à Mãe de Deus (Os Votos da Nação em Jasna Góra, em 1956) e, em seguida, o programa da Grande Novena, que incluía 9 anos de pastoral e de oração antes do milésimo aniversário do Batismo da Polônia em 1966. A novena foi acompanhada pela peregrinação de uma cópia da imagem da Nossa Senhora Negra de Częstochowa por todas as dioceses polonesas.

Cardeal Wyszyński com ícone de Nossa Senhora de Częstochowa

A entrega total a Maria

Um dos traços mais característicos da espiritualidade do cardeal Wyszyński era sua devoção mariana, que tinha um caráter decididamente cristológico. Isso se expressava, entre outras coisas, no slogan que costumava repetir: "Soli Deo per Mariam". Nele, também era muito presente a disposição de perdoar seus perseguidores. Quando Bolesław Bierut, presidente comunista e perseguidor da Igreja morreu, Wyszyński imediatamente celebrou uma Santa Missa pela alma em sua capela particular. Em seu testamento ele escreveu:

“Considero uma graça o fato de ter podido testemunhar a verdade como prisioneiro político pelos três anos de reclusão e ter podido me proteger do ódio dos meus compatriotas que governam o país. Tendo consciência dos erros que eles cometeram contra mim, eu os perdoo de coração por todas as calúnias com as quais eles me honraram”

Cardeal Wyszyński com seu amigo João Paulo II

Amizade com Karol

Wyszyński é para Karol Wojtyla um irmão mais velho na fé, um exemplo de coragem e firmeza interior que muito influenciou a formação do futuro João Paulo II. “Ele é um pilar para a Igreja de Varsóvia e um pilar para toda a Igreja da Polônia”, escreveu ele numa mensagem por ocasião da sua morte em 28 de maio de 1981. O Papa estava hospitalizado após o atentado na Praça de São Pedro e enviou aos funerais o secretário de Estado, cardeal Agostino Casaroli. Duas figuras - Wojtyla e Wyszyński - que tornaram grande a Igreja polonesa e que hoje como Santos continuarão a guiá-la.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

domingo, 12 de setembro de 2021

11 de setembro: marco de uma nova era

Guadium Press
Como o 14 de julho de 1789, o dia 11 de setembro de 2001, à sua maneira, constituiu um marco na história do ocidente e do mundo inteiro.

Redação (11/09/2021 10:58Gaudium Press) Para o renomado historiador Daniel-Rops, “a evolução das sociedades humanas não conhece cortes bruscos e, do passado para o futuro, as mudanças se fazem mais por transformação do que por mutação repentina”.[1] Isso, entretanto, não impede a existência de datas fatídicas, “em que parece que a própria corrente da História muda de sentido”. [2] Tanto para regiões pequenas ou grandes civilizações, essas datas existem e muitas delas são sublinhadas pela queda e ruína de edifícios, anunciando mudanças radicais nos acontecimentos.

Símbolo do regime com o qual queriam romper

Se um literato tivesse ousado imaginar o acontecido naquele dia em Paris, correria o sério risco de ser taxado de louco e conspirador. Mas não se tratava de ficção. A 14 de julho de 1789, a própria História se encarregava de pintar, com as tintas da mais pura realidade, uma trágica sucessão de horrores.

A multidão armada aflui junto à fortaleza da Bastilha. Disparando incessantemente e buscando incendiar uma das torres, consegue, por fim, quebrar as amarras da ponte levadiça, que tomba estrepitosamente. O pátio é invadido e os edifícios postos a saque. A multidão, ébria de sangue, corre aos Paços do Conselho. O presidente do município, Flesselles, pálido, vem ao seu encontro. Ainda não tinha dado três passos, quando, por sua vez, é morto e degolado.[3]

Aquela antiga fortaleza medieval fora transformada numa prisão do governo que contava à época com apenas sete prisioneiros: quatro falsificadores, um jovem preso a pedido da família, e dois loucos.

Ao tomarem a Bastilha os revolucionários estavam em busca do armamento e da munição lá depositados. A fortaleza de si não tinha maior transcendência; sua conquista, porém, foi exaltada pelos propagandistas, enaltecida pela Assembleia, aprovada pela corte e legitimada por Luís XVI. Tornou-se o sinal da pusilanimidade real e a “prova de que a monarquia renunciava aos seus próprios princípios”.[4]

A invasão da Bastilha se transformou num dos maiores emblemas da Revolução Francesa. Por quê? O povo se dirigiu para lá procurando armas, é verdade. Mas o gesto possuía uma dimensão mais profunda: o castelo era símbolo do regime com o qual queriam romper. Assim, sua ruína representou o desmoronamento da monarquia, que fora até então, nesta terra, “o supremo recurso contra a maldade dos homens e a hostilidade das coisas”.[5]

O mundo entra em novas e abomináveis paisagens

“Um dia de trevas na história da humanidade”, assim foi qualificado, pelo Sumo Pontífice, aquele 11 de setembro de 2001.[6] Às 8h45, horário de Nova York, uma aeronave sequestrada por terroristas colidia contra um dos maiores edifícios do mundo. Dezoito minutos mais tarde, o prédio contíguo ao anterior era golpeado por outro avião. Quando o relógio marcava 10h30, as torres gêmeas do World Trade Center – edifícios de cento e dez andares –, estavam no chão, reduzidas a escombros de ferro e concreto.

Passados cerca de quarenta minutos da primeira explosão, um terceiro avião atingiu o Pentágono, sede do Departamento de Defesa Americano; e às 11h29 um quarto caiu em Pittsburgh (Pensilvânia). Os atentados causaram milhares de vítimas.[7] Ataque impiedoso, condenado pela totalidade das autoridades internacionais, não deixou de conter, também, seu aspecto altamente simbólico. Para o então chanceler da Alemanha, Gehrard Schroeder, os atentados foram uma “declaração de guerra a todo o mundo civilizado”.[8] Um articulista destacaria: “[Inicia-se] uma nova página da História […] O veredicto é peremptório: o mundo entra em novas e abomináveis paisagens”.[9]

Como 14 de julho de 1789, o dia 11 de setembro de 2001, à sua maneira, constituiu um marco na história do ocidente e do mundo inteiro. Com a derrubada dos edifícios que simbolizavam poderes na aparência inatingíveis, o mundo abriu os olhos para mais uma virada nas páginas de sua história.

Há vinte anos daquele dia de terror, percebemos como a história de nosso século se distancia da dos precedentes, quer pela desmesurada instabilidade em vários campos que o caracteriza, quer pela insanidade de tantas figuras de destaque cujas atitudes insanas talvez não encontrassem lugar sequer no conturbado, não tão remoto, século XX.

É de se perguntar se alguns acontecimentos desta “nova era”, deste novo século que teve o maior atentado terrorista da história por pórtico de entrada, não são tão inusitados quanto seria a um francês do século XVIII o degolamento de seu rei.

Por João Paulo Bueno


[1] DANIEL-ROPS, Henri. História da Igreja de Cristo. A Igreja da Renascença e da Reforma. São Paulo: Quadrante, 1996, v.I, p.104.

[2] Idem, ibidem

[3] Cf. GAXOTTE, Pierre. A Revolução Francesa. Porto: Tavares Martins, 1945, p.92-93.

[4] Idem, p.94

[5] Idem, ibidem

[6] JOÃO PAULO II. Audiência geral, 12/9/2001.

[7] Cf. EDITORIAL. Um país em estado de choque. In: O Estado de São Paulo. Ano CXXII, N.39411 (12 set., 2001), p. A-1; A-4.

[8] Cf. MUNDO CONDENA E PEDE UNIÃO CONTRA O TERROR. In: O Estado de São Paulo, op. cit., p. A-14.

[9] LAPOUGE, Gilles. Violência, sem precedentes, abala a história. In: O Estado de São Paulo, op. cit., p.A-11.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Católico pode guardar em casa as cinzas dos entes queridos mortos?

VDB Photos | Shutterstock

Instruções da Igreja sobre a cremação, bem como o destino dos restos mortais dos fiéis defuntos.

Uma dúvida que sempre surge entre os fiéis é a seguinte: uma família de católicos pode guardar em casa as cinzas dos seus entes queridos mortos que foram cremados?

Para responder a esta dúvida, temos que averiguar o que a Igreja diz sobre a cremação e o destino das cinzas.

O que diz a Santa Sé

Em 2016, foi publicada a Instrução da Congregação para a Doutrina da Fé Ad resurgendum cum Christo sobre o sepultamento e a preservação das cinzas em caso de cremação.

Este documento foi, provavelmente, solicitado pela Conferência Episcopal Italiana, que encontrou problemas sem precedentes nas novas práticas funerárias permitidas pelo direito civil italiano.

De fato, a partir de 2001, um regulamento na Itália permitia a possibilidade de guardar as cinzas do falecido em casa ou dispersá-las no meio ambiente após a cremação.

Entretanto, o referido documento de 2016 contém algumas novidades. A instrução afirma que a cremação não é “em si mesma contrária à religião cristã”. Entretanto, recomenda o sepultamento dos defuntos nos cemitérios ou outros locais sagrados:

“Enterrando os corpos dos fiéis defuntos, a Igreja confirma a fé na ressurreição da carne, e deseja colocar em relevo a grande dignidade do corpo humano como parte integrante da pessoa da qual o corpo condivide a história (…)

A sepultura nos cemitérios ou noutros lugares sagrados responde adequadamente à piedade e ao respeito devido aos corpos dos fiéis defuntos, que, mediante o Batismo, se tornaram templo do Espírito Santo e dos quais, ‘como instrumentos e vasos, se serviu santamente o Espírito Santo para realizar tantas boas obras.'”

Não guardar cinzas dos mortos em casa

Em conformidade com várias Conferências Episcopais e a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, a Instrução diz que “o armazenamento de cinzas em casa não é permitido“:

“Quaisquer que sejam as motivações legítimas que levaram à escolha da cremação do cadáver, as cinzas do defunto devem ser conservadas, por norma, num lugar sagrado, isto é, no cemitério ou, se for o caso, numa igreja ou num lugar especialmente dedicado a esse fim determinado pela autoridade eclesiástica (…)

A conservação das cinzas num lugar sagrado pode contribuir para que não se corra o risco de afastar os defuntos da oração e da recordação dos parentes e da comunidade cristã. Por outro lado, deste modo, se evita a possibilidade de esquecimento ou falta de respeito que podem acontecer, sobretudo depois de passar a primeira geração, ou então cair em práticas inconvenientes ou supersticiosas.”

Exceções

Acrescenta-se, no entanto, que:

“Em casos de circunstâncias gravosas e excepcionais, dependendo das condições culturais de carácter local, o Ordinário, de acordo com a Conferência Episcopal ou o Sínodo dos Bispos das Igrejas Orientais, poderá autorizar a conservação das cinzas em casa. As cinzas, no entanto, não podem ser dividas entre os vários núcleos familiares e deve ser sempre assegurado o respeito e as adequadas condições de conservação das mesmas.”

O documento ainda instrui que os católicos não devem jogar as cinzas dos mortos no meio ambiente, e que:

“No caso do defunto ter claramente manifestado o desejo da cremação e a dispersão das mesmas na natureza por razões contrárias à fé cristã, devem ser negadas as exéquias, segundo o direito.”

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O MÊS DA BÍBLIA

WeMystic

Dom Fernando Arêas Rifan*
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

Setembro é o mês da Bíblia. Comemorando neste ano o cinquentenário dessa instituição na Igreja do Brasil, teremos ocasião para refletir sobre a Palavra de Deus escrita para nosso bem.

Segundo o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, “celebrar o cinquentenário do Mês da Bíblia significa para toda nossa Igreja no Brasil o primado da Palavra de Deus”. Que “o anúncio da Palavra de Deus se torne, portanto, nesse caminho do Mês da Bíblia, a reafirmação do compromisso e a efetivação da missão de colocar a Palavra de Deus em primeiro lugar na vida da Igreja, na vida da família, na vida da comunidade de fé e na vida pessoal de cada um de nós”.

O livro proposto para estudo neste cinquentenário do Mês da Bíblia, é a Carta de São Paulo aos Gálatas, com o lema “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 28).

“A Palavra de Deus é viva, não morre nem envelhece, permanece para sempre. Está viva e dá vida. A Palavra, de fato, traz ao mundo o respiro de Deus, infunde no coração o calor do Senhor através do sopro do Espírito. A pregação não é um exercício de retórica e nem mesmo um conjunto de sábias noções humanas: seria somente lenha. É ao invés compartilha do Espírito, da Palavra divina que tocou o coração do pregador, o qual comunica aquele calor, aquela unção. Seria belo que a Palavra de Deus se tornasse sempre mais o coração de toda atividade eclesial” (Papa Francisco, 17/9/2020).

É de São Jerônimo, o grande tradutor dos Livros Santos, a célebre frase: “Ignorar a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo”.

O ponto central da Bíblia, convergência de todas as profecias, é Jesus Cristo. O Antigo Testamento é preparação para a sua vinda e o Novo, a realização do seu Reino. “O Novo estava latente no Antigo e o Antigo se esclarece no Novo” (Santo Agostinho).

A Bíblia é um livro divino e humano: inspirada por Deus, mas escrita por homens, por Deus movidos e assistidos enquanto escreviam. A Bíblia não é um livro só, mas um conjunto de 73 livros, redigidos por autores diferentes, em épocas, línguas, estilos e locais diversos, num espaço de tempo de cerca de mil e quinhentos anos. Sua unidade se deve ao fato de terem sido todos eles inspirados por Deus, seu autor principal e garantia da sua inerrância.

Mas a Bíblia não é um livro de ciências humanas. Por isso a Igreja Católica reprova a leitura fundamentalista da Bíblia, que teve sua origem na época da Reforma Protestante e que pretende dar a ela uma interpretação literal em todos os seus detalhes, o que não é correto.

A Bíblia não é um livro fácil de ser lido e interpretado. São Pedro, falando das Epístolas de São Paulo, nos diz que “nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (II Pd 3, 16). O cristianismo é a religião da Palavra de Deus.


O Papa: "A «Cruz da Missão» é o símbolo deste Congresso"

Francisco durante a missa de encerramento do
52º Congresso Eucarístico Internacional, em Budapeste 
(Vatican Media)

"A cruz plantada no solo, além de nos convidar a nos enraizarmos bem, ergue e estende os seus braços a todos: exorta a manter firmes as raízes, mas sem entrincheiramentos; a beber nas fontes, abrindo-nos aos sedentos do nosso tempo", disse Francisco no Angelus desse domingo.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus no final da missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional, na Praça dos Heróis, em Budapeste, na Hungria.

Eucaristia significa «ação de graças» e, no final desta Celebração que encerra o Congresso Eucarístico Internacional e a minha visita a Budapeste, gostaria de dar graças com todo o coração. Obrigado à grande família cristã húngara, que desejo abraçar nos seus ritos, na sua história, nos irmãos e irmãs católicos e de outras Confissões, todos a caminho rumo à plena unidade.

A seguir, Francisco saudou o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, que ali estava presente, os bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas, e a todos os fiéis leigos. Agradeceu também aos que trabalharam na realização do Congresso Eucarístico e na organização da visita, às autoridades civis e religiosas que o acolheram, e disse obrigado em húngaro ao povo da Hungria.

Bartolomeu I e o Papa Francisco durante a missa em Budapeste

O hino do Congresso refere-se a vocês nestes termos: «Durante mil anos, a cruz foi a coluna da sua salvação; também agora o sinal de Cristo seja para vocês a promessa de um futuro melhor». É isso que eu lhes desejo: que a cruz seja a sua ponte entre o passado e o futuro. O sentimento religioso é a seiva vital desta nação, tão afeiçoada às suas raízes.

"A cruz plantada no solo, além de nos convidar a nos enraizarmos bem, ergue e estende os seus braços a todos: exorta a manter firmes as raízes, mas sem entrincheiramentos; a beber nas fontes, abrindo-nos aos sedentos do nosso tempo. O meu desejo é que vocês sejam assim: alicerçados e abertos, enraizados e respeitadores", acrescentou.

A «Cruz da Missão» é o símbolo deste Congresso: que os leve a anunciar, com a vida, o Evangelho libertador da ternura sem limites de Deus por cada um. Na atual carestia de amor, é o alimento que o homem espera.

O Papa recordou a beatificação de duas testemunhas do Evangelho, neste domingo, em Varsóvia, na Polônia: o cardeal Estêvão Wyszyński e Isabel Czacka, fundadora das Irmãs Franciscanas Servas da Cruz.

Duas figuras que conheceram de perto a cruz: o Primaz da Polônia, preso e segregado, manteve-se sempre um pastor corajoso segundo o coração de Cristo, arauto da liberdade e da dignidade humana; a Irmã Isabel, que perdeu a visão muito jovem, dedicou toda a sua vida a ajudar os cegos. Que o exemplo dos novos Beatos nos estimule a transformar as trevas em luz, com a força do amor.

Francisco concluiu, pedindo à Virgem Maria que acompanhe e abençoe o povo húngaro. De Budapeste, abençoou também todas as crianças, os jovens, os idosos, os enfermos, os pobres e os marginalizados.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Conheça a história do pedaço da Bíblia fundido nos escombros do 11 de setembro

Fragmento da Bíblia em um pedaço de aço fundido
dos escombros do 11 de Setembro/ Crédito: Matt Flynn -
National Memorial Museum 11 de setembro

REDAÇÃO CENTRAL, 11 set. 21 / 07:00 am (ACI).- Há 20 anos , um bombeiro encontrou um fragmento da Bíblia que ficou incrustrado em um pedaço de aço fundido dos escombros do ataque terrorista de 11 de setembro sobre o World Trade Center em Nova York, um dia escuro para a história da humanidade como qualificou São João Paulo II.

Em 30 de março de 2002, enquanto os escombros do World Trade Center foram saindo, um bombeiro encontrou o fragmento da Bíblia literalmente “incrustrado” a um pedaço de aço e chamou um fotógrafo que estava por ali.

O fotógrafo Joel Meyerowitz, quando viu o achado, ficou surpreso ao ver que a página que ficou incrustrada no aço derretido era a passagem do Sermão da Montanha, em que Jesus disse: "Ouvistes que foi dito: 'Olho por olho e dente por dente. Mas eu digo a você: não resista ao maligno. Em vez disso, se alguém lhe bater na face direita, ofereça a outra também ".

Depois de um tempo, o fotógrafo entregou esta peça ao Museu do Memorial do 11 de setembro em Nova York, onde ainda pode ser visto pelos visitantes.

"Este pedaço da bíblia, queimado e coberto de detritos veio a mim nas mãos amorosas de um bombeiro que sabia que eu era o guardião do ground zero", Meyerowitz disse através de um e-mail enviado em 2015 da Itália.

"Meu espanto com a página da Bíblia que estava aberta me fez perceber que a mensagem da Bíblia sobrevive através do tempo e cada época deve interpretar seus ensinamentos segundo as necessidades da ocasião", disse ele.

Os ataques

Em 11 de setembro de 2001, o grupo terrorista Al Qaeda sequestrou quatro aeronaves comerciais nos Estados Unidos. Dois deles colidiram com as Torres Gêmeas no World Trade Center, causando a destruição completa desses edifícios.

Os terroristas sequestraram mais dois aviões, um dos quais atingiu uma das paredes do Pentágono na Virgínia e o outro caiu em campo aberto quando terroristas tentavam conduzir a aeronave para colidir contra a Casa Branca, em Washington DC.

Nos ataques, cerca de três mil pessoas morreram e outras seis mil ficaram feridas.

O local onde as Torres Gêmeas foram foi rebatizado como Ground Zero, ou Marco Zero, um nome que no linguajar da arquitetura designa o local onde se inicia o projeto de toda uma cidade. O papa Bento XVI visitou-o em abril de 2008 para rezar pelas vítimas desta tragédia. Em 25 de setembro de 2015, o papa Francisco também foi ao memorial durante sua visita apostólica aos Estados Unidos.

"Este é um lugar onde nós choramos, choramos a dor que gera sentir a impotência contra a injustiça, contra o fratricídio, frente à incapacidade de resolver nossas diferenças com o diálogo", disse o pontífice.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF