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quarta-feira, 15 de setembro de 2021

NOSSA SENHORA DAS DORES

Nossa Senhora das Dores | Vatican News
15 de setembro
Nossa Senhora das Dores

A devoção à “Mater Dolorosa”, muito difundida, sobretudo nos países do Mediterrâneo, desenvolveu-se a partir do final do século XI. Em 1814, o Papa Pio VII a incluiu no calendário litúrgico romano, fixando-a em 15 de setembro, no dia seguinte à festa da Exaltação da Santa Cruz. Esta devoção foi comprovada pelo “Stabat Mater”, atribuído ao Frei Jacopone de Todi (1230-1306), no qual compôs as "Laudes". No século XV, encontramos as primeiras celebrações litúrgicas sobre Nossa Senhora das Dores, "em pé" junto à Cruz de Jesus. Recordamos que, em 1233, nasceu a “Ordem dos Servos de Maria", que muito contribuiu para a difusão do culto a Nossa Senhora das Dores, tanto que, em 1668, seus membros receberam a autorização para celebrar a Missa votiva das Sete Dores de Maria. Em 1692, o Papa Inocêncio XII permitiu a sua celebração oficial no terceiro domingo de setembro. Mas, foi só por um período, pois, em 18 de agosto de 1714, a celebração foi transferida para a sexta-feira, que precedia o Domingo de Ramos. No dia 18 de setembro de 1814, Pio VII estendeu esta festa litúrgica a toda a Igreja, voltando a ser celebrada no terceiro domingo de setembro. Pio X (†1914) determinou que a celebração fosse celebrada em 15 de setembro, um dia após a festa da Exaltação da Santa Cruz, mas não com o título de "Sete Dores de Maria", mas como "Nossa Senhora das Dores".

«Junto à Cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse-lhe: “Mulher, eis o teu filho!” Depois, disse ao discípulo: “Eis a tua Mãe!” Desde então, o discípulo a levou consigo» (Jo 19,25-27).

Confiou aos cuidados

Jesus, ao ver sua Mãe, a confiou ao discípulo amado: uma espécie de decisão derradeira de Jesus, que faz de Maria, a Mãe do discípulo, e do discípulo, o filho da Mãe: “Ele a levou consigo”, isto é, a acolheu no seu íntimo, onde lhe era mais caro. Logo, Jesus não deixou sua Mãe sozinha, mas a confiou aos cuidados do discípulo amado. Desde então, ela o seguiu até o fim.

Mulher

Jesus utilizou este mesmo nome em Caná, como se quisesse coligar os dois acontecimentos: em Caná, ainda não havia chegado a sua Hora, mas na Cruz, sim. A Cruz torna-se a realidade do havia revelado em Caná. Porém, ao chamá-la "Mulher", Jesus faz referência a Eva: "Ela se chamará mulher" (Gn 2,23): Maria, a nova Eva.

Discípulo

A Mãe foi confiada ao discípulo. Mas, naquele discípulo, a tradição diz que ele representa toda a Igreja. Maria é confiada à Igreja e a Igreja é confiada a Maria, Mãe de Jesus, primeira discípula do Filho.

Mãe e discípula

Maria é, para todos nós, a Mãe do Filho Jesus, nosso Senhor. Mas é também Discípula do Mestre, que, mais do que todos, pode nos ajudar a crescer na Escola do Filho; é a que, mais do que todos, soube permanecer fiel à sua Escola, "em pé" até junto à Cruz. A sua fidelidade tornou-se um martírio interior: "Uma espada transpassará o seu coração", anunciou Simeão.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

terça-feira, 14 de setembro de 2021

O encontro como Graça

Editora Cléofas

O encontro como Graça


Como editorial deste número publicamos um texto de Dom Luigi Giussani.
O texto foi extraído de Appunti di metodo cristiano, um livro editado em Milão pelo movimento “Gioventù Studentesca“ em setembro de 1964, com o nihil obstat de monsenhor Carlo Figini e o imprimatur da Cúria milanesa, e dedicado a Paulo VI com estas palavras: “Ao Papa da Ecclesiam suam como expressão da meditada e fiel tentativa dos seus estudantes de Milão”

Giulio Andreotti


Um trecho de Dom Luigi Giussani


Jesus e Zaqueu, Basílica de Sant’Angelo in Formis, Cápua, Caserta
[© Bruno Brunelli]

 “O que é o homem, para que Te lembres dele, o filho de Adão para que penseis nele?” (Sl 8,5).

“Moisés disse a Deus: quem sou eu?” (Ex 3,11).
“E eu disse: Ah, Senhor Javé, eu não sou nem capaz de falar, sou apenas um jovem” (Jr 1,6).
“Senhor..., eu não sou digno de que entres na minha casa” (Lc 7,6).
A consciência da gratuidade absoluta das intervenções de Deus na história é o valor mais puro e objetivo da vida cristã, porque não existe verdade maior, mais doce e mais exaltante: os encontros que Ele criou para que os homens – nós! – entrássemos no Seu reino, são um dom tão puro que a nossa natureza não conseguiria imaginar ou prever. São um dom puro, acima de qualquer capacidade da nossa vida, são “Graça”.

No seu Corpo Místico, Jesus Cristo resume todo esse reino da “Graça”, da sobrenatural bondade da potência de Deus. Como foi Graça para os judeus que viveram há dois mil anos a existência de Jesus de Nazaré entre eles e encontrá-Lo nas ruas, a existência da Igreja no mundo e o encontro com ela na sociedade é a mesma Graça para os homens de hoje.

Além do fato do encontro, a capacidade de entender o que significa também é dom da Graça:
“... Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi nem carne nem sangue que te revelaram, mas o meu Pai que está nos céus” (Mt 16,17).
“... Naquele tempo, Jesus disse: ‘Eu Te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos doutos e sábios e as revelastes aos simples. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi dado pelo meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar...’” (Mt 11,25-27). “... Respondeu ele: Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus; a eles, porém, não é dado...” (Mt 13,11).

A própria capacidade de verificar esse chamado e reconhecer o seu valor é dom da Graça. “... Pedirei ao Pai e Ele vos dará um outro Paráclito, para que permaneça sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o conhece; mas vós o conhecereis, porque estará em vós e habitará em vós...” (Jo 14, 16-17).
“... O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai mandará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que eu vos disse...” (Jo 14,26).
“... Manifestei o Teu nome aos homens que me deste no mundo; eram Teus e Tu os destes a mim e eles guardaram a Tua palavra. Agora reconhecem que tudo o que me deste vem de Ti...” (Jo 17,6-7).
“... O Espírito atesta ao nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8, 16).

 

E a capacidade de aderir e realizar a proposta cristã é dom da Graça: “... Eu sou a verdadeira videira e o meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não dá fruto em mim Ele o corta e todo ramo que dá fruto o poda, para que produza mais. Vós já estais limpos pela palavra que vos anunciei. Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanece na videira, vós não podeis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,1-5).
“... Assim falou Jesus. Depois, elevando os olhos ao céu, disse: ‘Pai, chegou a hora: glorifica o Teu filho, para que o Teu filho Te glorifique, como Tu lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos os que Tu lhe deste. A vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, verdadeiro Deus, e aquele que enviaste, Jesus Cristo’” (Jo 17,1-3).
“... Manifestei-lhes o Teu nome e o manifestarei ainda, para que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles” (Jo 17,26).
A mente e o coração do homem não são adequados aos passos que Deus dá na direção dele. A mesma sobrenatural bondade que fez o mistério de Deus assumir “forma de servo e figura de homem” (São Paulo) em Cristo e na Igreja, proporciona também o espírito e a sensibilidade para que o homem veja essas maravilhas. Caso contrário, elas seriam como a luz para um cego ou palavras para um surdo, como os ultrassons para os nossos ouvidos, que são como o silêncio.
Portanto, o encontro com aquela parte da Igreja que é a comunidade cristã do ambiente em que se encontra é “Graça”, é um dom da potência de Deus. A Graça é necessária também para compreender o chamado daqueles que fazem parte da comunidade e de quem a guia, e para nos esforçarmos em verificar esse chamado, aderir e sermos fiéis à proposta.

A última ceia, Basílica de Sant’Angelo in Formis, Cápua, Caserta
Nessa altura, podemos entender qual é a expressão de uma verdadeira disponibilidade e compromisso diante do chamado cristão: é a atitude de pedido, de oração. A norma do encontro cristão faz com que o homem sincero tome consciência da desproporção entre as suas forças e os termos da proposta, consciente do caráter excepcional do problema colocado por essa mensagem. O senso da sua dependência original, que é o aspecto mais elementar da religiosidade natural, dispõe a alma simples a reconhecer que toda a iniciativa pode ser do mistério de Deus, e a atitude última a ser assumida é  humildade de quem pede para ver, entender e aderir. Essa atitude de oração é tão fundamental que é própria tanto de quem crê como de quem ainda não crê, tanto para Pedro, que exclama “Creio, Senhor, mas aumenta a minha fé”, como para o Inominado, que grita “Deus, se existes, revela-Te a mim”.

A disponibilidade e o envolvimento com o fato cristão que não se traduzem em pedido, em “oração”, não são suficientemente verdadeiros, porque não levam em conta, com lealdade inteligente, aquilo que significa a proposta que somos chamados a verificar: “Chegará a hora em que vos matarão acreditando que prestam culto a Deus, e farão isso porque não conheceram o Pai nem a mim” (Jo 16, 21).


O pedido e a oração é o ponto em que a consciência do homem começa a participar do mistério d’Aquele que o cria. E o nosso espírito sente vertigens deste Mistério que faz tudo, absolutamente tudo, quando reflete que também essa atividade inicial de pedido e oração é só é possível com um dom do Criador: “Ninguém pode dizer Senhor Jesus, a não ser no Espírito Santo” (1Cor 12, 3). “O Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, porque não sabemos o que pedir na oração e nem como convém pedi-lo. O Espírito em pessoa intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8, 26).
A liturgia da Igreja nos educa a olhar essa iniciativa profunda e inefável de Deus em nós, quando nos faz dizer: “Digna-Te, Senhor, acompanhar com a Tua ajuda os nossos votos, que Tu, precedendo-nos, nos inspira”.

Também o encontro e o compromisso com a mais humilde comunidade cristã de ambiente, feita de pessoas comuns, não podem evitar a impureza que altera juízos e relacionamentos, se não são acolhidos na disponibilidade humilde e ativa – vigilante – do coração, que é um genuíno, ainda que embrionário, vago e confuso, ímpeto de oração.

FOMOS FEITOS PARA A LUZ

Crédito: Pinterest

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo Metropolitano de Pelotas (RS)

De repente as trevas se tornaram mais intensas. As pessoas começaram a não acreditar mais na beleza de si mesmas com sua dignidade, na beleza da família com sua união, na beleza da sociedade com sua fraternidade. Tudo foi-se transformando num consumismo descartável. Oh, trevas do consumo que ilude (popularmente: “quem tem mais chora menos”). As pessoas começaram a não esperar mais na força de si mesmas com sua dignidade, na força da família com sua união, na força da sociedade com sua fraternidade. Tudo foi-se metamorfoseando-se num utilitarismo passageiro. Oh trevas do utilitarismo que desespera (popularmente: “quem pode mais, chora menos”). As pessoas começaram a não amar mais a si mesmas com sua dignidade, a família com sua união, a sociedade com sua fraternidade. Tudo foi-se finalizando num vazio desesperador. Oh trevas do vazio que violenta (popularmente: “quem se aproveita mais, chora menos”).

A pandemia, com todos os seus sofrimentos, tornou mais transparente as trevas do consumismo descartável, do utilitarismo passageiro, do vazio desesperador. A humanidade precisa voltar a acreditar – fé, a esperar – esperança e a amar – amor a LUZ. A humanidades não foi feita para as trevas do consumismo, mesmo ele com sua luz brilhante; ela não foi feita para as trevas do utilitarismo, mesmo ele com sua potência luminosa; ela não foi feita para as trevas do vazio, mesmo ele com o seu prazer incandescente.

A humanidade foi criada por um Criador que enfrentou o “caos das trevas”, como narra a criação do universo o Livro Sagrado do Gênesis. Quando as “trevas do caos” foram transformadas pelo “Deus da luz”, Ele criou o gênero humano à “sua imagem e semelhança”. Como “imagem” para ser reflexo do Deus da Luz e como “semelhança” para agir semelhantemente ao Deus da Luz. Assim a humanidade tem a missão de “ser luz e agir como luz” como o seu Criador e Deus da luz.

A propósito do “somos feitos para ser luz”, nos últimos dias viralizou nas redes sociais a estória do “O Fósforo e a Vela”. Aliás, essa estória inspirou-me para esta minha reflexão. Ei-la: “Certo dia, o fósforo disse para a vela: – ‘Hoje te acenderei!’ – ‘Ah não!’, disse a vela. ‘Você não percebe que se me acender, meus dias estarão contados? Não faça uma maldade dessa’. – ‘Então você quer permanecer toda a sua vida assim? Dura, fria e sem nunca ter brilhado?’, perguntou o fósforo. – ‘Mas, tem que me queimar? Isso dói demais e consome todas as minhas forças’, murmurou a vela. O fósforo respondeu: – ‘Tem toda razão! Mas, essa é a nossa missão. Você e eu fomos feitos para ser luz. O que eu, apenas como fósforo, posso fazer, é muito pouco. Minha chama é pequena e curta. Mas, se passo a minha chama para ti, cumprirei com o sentido de minha vida. Eu fui feito justamente para isso, para começar o fogo. Já você é a vela. Sua missão é brilhar. Toda tua dor e energia se transformará em luz e calor por um bom tempo’. Ouvindo isso, a vela olhou para o fósforo, que já estava no final da sua chama, e disse: – ‘Por favor, acende-me…’. E assim produziu uma linda chama!”

No “caos das trevas”, a humanidade precisa voltar à sua origem de ser luz. Uma luz igual ao “fósforo e a vela” que foram capazes de desfazer-se e produzir uma linda chama. Uma luz que provoque novamente a fé, a esperança e o amor. Uma luz que faz cada um e cada uma “ser mais” em substituição do apenas “ter mais” que leva às trevas da ilusão; uma luz que faz de cada um e de cada uma “servir mais” em substituição do “poder mais” que leva às trevas do desespero; uma luz que faz de cada um e de cada uma “amar mais” em substituição do “aproveitar-se mais” que leva às trevas do vazio.

Fomos feitos para a luz. Missão essa dada pelo nosso Criador. Não cumprindo-a, o “caos das trevas” continuará iludindo, desesperando e esvaziando.

Fonte: https://www.cnbb.org

A cruz venceu o mundo!

Editora Cléofas

A Igreja hoje exalta a santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nela Ele padeceu e morreu para nos livrar da morte eterna. Pagou com Seu Sangue e Sua vida humana e divina, o preço do nosso resgate. Por isso, a Igreja canta com alegria:

“Vitória, tu reinarás, ó Cruz tu nos salvarás!”

“Bendita e louvada seja no céu a divina luz. E nós, também na terra, louvemos a Santa Cruz!

É arma em qualquer perigo, é raio de eterna luz. Bandeira vitoriosa, o Santo sinal de Cruz!

Humildes e confiantes, levemos a nossa cruz. Seguindo o sublime exemplo de nosso Senhor Jesus!”

A cruz começou a vencer o mundo naquela tarde em que o Filho de Deus nela foi crucificado. E daí para frente dominou o mundo. O historiador Daniel Rops disse que “a espada romana curvou-se diante da Cruz de Cristo”; é verdade.

Desde que o Imperador romano Constantino, filho de Santa Helena, se converteu, no ano 312, e proibiu a perseguição dos cristãos pelo Edito de Milão,depois de 250 anos de massacre dos cristãos por parte dos imperadores Nero, Trajano, Vespasiano, Domiciano, Aureliano, Diocleciano, etc., “a cruz imperou e dividiu a história do mundo”.

Constantino teria a última batalha decisiva para se tornar imperador de Roma, contra o pagão Maxêncio, perseguidor dos cristãos, na ponte Milvia, em Roma; era tudo ou nada. Constantino o Grande, recebeu um sinal do céu: Viu no firmamento uma cruz, e abaixo a frase latina: “In hoc signo vinces” – sob este signo vencerás.

Já influenciado por sua mãe, já então cristã, ele mandou pintar a cruz nos escudos dos soldados e prometeu a Jesus que se vencesse se faria cristão; e venceu a batalha que mudou a história do mundo ocidental. Se tornou imperador e proibiu que os cristãos fossem mortos por causa de sua fé. Depois, no ano 385 outro imperador cristão, Teodósio o Grande, pelo decreto de Tessalônica, transformou o império pagão em um império cristão. O paganismo foi abolido e os templos dos deuses falsos fechados.

A cruz, que era a própria figura da vergonha, da ignomínia e da derrota, começava agora sua marcha triunfal através dos séculos. Passou logo a ser o símbolo que identificaria as coroas dos reis e rainhas e as entradas das igrejas. E essa cruz vai imperar na terra até o dia supremo em que aparecerá “no céu o sinal do Filho do Homem” (Mt 24, 30).

Cristo experimentou os horrores da cruz, que era para os homens da Antiguidade o mais atroz e humilhante dos castigos – “maldição de Deus”, como diz o próprio Livro do Deuteronômio (21, 23) – era a pena dos escravos e malfeitores, assassinos; um exemplo público para todo o povo. A uma pena era tão cruel, que tão logo Constantino se converteu, proibiu a crucificação em todo o Império. Nela Cristo morreu das dores, do sangue derramado e da asfixia.

O Dr. Pierre Barbet, em sua obra “A Paixão de Cristo segundo o cirurgião” (Ed. Cléofas), afirma: “Toda a agonia se passava na alternativa de abatimentos e soerguimentos, de asfixia e respiração. Disso temos a prova material no Santo Sudário, onde podemos assinalar um duplo fluxo de sangue vertical que sai da chaga da mão, com um afastamento angular de alguns graus”. Dr. Barbet ficou tão impressionado com o sofrimento de Cristo, que não conseguia mais fazer a Via Sacra porque se sentia muito mal.

A cruz passou a ser o sinal da salvação. São Paulo disse: “Julguei não dever saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado” (1Cor 2, 2). “Quanto a mim, porém, de nada me quero gloriar, a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6, 14).

Nos séculos segundo e terceiro, os fiéis adotaram a imagem do peixe (em grego ICHTHYS), iniciais da frase: “Iesous Christos Theou Yios Soter” (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador). A partir da proibição de perseguir os cristãos, por Constantino, o símbolo do peixe deu lugar à cruz, tornando-se o principal símbolo da Cristandade. Foi instituído o atual sinal-da-cruz.

Santa Helena, mãe de Constantino, por volta de 330, foi a Terra Santa em busca da Cruz que Jesus padeceu e construiu belas igrejas nos lugares sagrados. Encontrou a grande Relíquia coberta de escombros na colina do Calvário. Movida pela graça, ela buscava aquela cruz luminosa que brilhara nos céus aos olhos do seu filho, com os dizeres “In hoc signo vinces” (Com este sinal vencerás). Para ela era uma manifestação dos desígnios de Deus como que anunciando o triunfo da Igreja, por meio da cruz.

Depois de muitos sacrifícios e orações, após semanas de busca e de muita terra removida, foram encontradas num fosso, diante do espanto de todos, três cruzes. Para identificar qual seria a de Cristo, Santa Helena pediu a São Macário, Patriarca de Jerusalém, que a auxiliasse. Rezaram fervorosamente, pedindo ao Senhor um sinal que esclarecesse de forma clara. Então, trouxeram uma mulher desenganada pelos médicos e prestes a morrer. Ao tocar duas cruzes ela nada sentiu; mas, ao tocar a terceira, levantou-se completamente curada. Foram gritos de louvor e alegria! E a noticia se espalhou pelo mundo cristão. A cruz foi levada para Constantinopla, mas infelizmente foi roubada no século 7 e mais tarde recuperada num dia 14 de setembro, que marca a festa da sua Exaltação.

Trata-se de uma festa que teve origem no translado de uma relíquia importante da Cruz para a capital do Império do Oriente. Segundo alguns liturgistas, tal festa tinha nascido relacionada com a reposição da verdadeira Cruz de Jerusalém pelo imperador Heráclio, no dia 21 de março de 631, após tê-la resgatado dos persas, que a tinham roubado como despojo de guerra.

A sagrada cruz nos protege; sua grandeza vem sintetizada na oração própria desse dia que assim diz:

“Abre-me os lábios, ó Rei dos séculos, ilumina minha mente e meu espírito, e santifica minha alma para poder, ó Verbo, louvar tua Cruz venerada; envia teu Espírito e instrui-me, de sorte que possa exclamar com amor:

Salve, ó Cruz, glória do universo!

Salve, ó Cruz, fortaleza da Igreja!

Salve, inexpugnável bastião dos sacerdotes!

Salve, diadema dos reis!

Salve cetro do soberano Criador de todas as coisas!

Salve, ó Cruz, na qual Cristo aceitou padecer e morrer!

Salve, grande consolo dos aflitos, arma invencível no meio da luta!

Salve, Cruz, ornato dos anjos e proteção dos fiéis!

Salve, ó Cruz, pela qual foi o inferno derrotado!

Salve, ó Cruz, pela qual fomos redimidos!

Salve, lenho bem-aventurado!”

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Santuário Cristo Redentor repudia atos hostis do Instituto Chico Mendes

Creative Commons

"De maneira recorrente, o reitor e outros religiosos, fiéis e convidados passam por constrangimentos para acessar o Santuário."

Mediante nota pública, o Santuário Cristo Redentor repudia o que classifica como “atos hostis” do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia ligada ao Ministério do Meio Ambiente e responsável pelo entorno do santuário e pelos acessos de veículos até o monumento católico através da Floresta da Tijuca.

Neste sábado, 11, o reitor do santuário, padre Omar Raposo, foi barrado no acesso ao Cristo Redentor por seguranças do Parque Nacional da Tijuca. Em declarações à imprensa do Rio de Janeiro, a diretora jurídica da arquidiocese do Rio, Claudia Milione, afirmou que entrará com representação criminal contra episódios como este, que, segundo o santuário, estariam sendo recorrentes.

O padre Omar e alguns fiéis estavam a caminho de um batizado marcado para as 7h30 da manhã quando foram barrados na guarita de acesso ao santuário, que, assim como todo o platô no topo do Corcovado, pertence à arquidiocese carioca. Somente o entorno é administrado pelo ICMBio.

A autarquia respondeu, em nota, que realiza uma checagem de segurança em todos os veículos que acessam as áreas restritas, o que “eventualmente pode levar um pouco mais de tempo”. O santuário afirma, no entanto, que “a postura dos seguranças do Parque Nacional da Tijuca tem sido hostil em relação ao reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar, e aos funcionários do santuário”.

Santuário Cristo Redentor repudia atos hostis

Reproduzimos a seguir, na íntegra, a nota divulgada pelo Santuário Cristo Redentor a respeito desses acontecimentos.

Nota de repúdio do Santuário Cristo Redentor

O Santuário Cristo Redentor repudia os atos hostis do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, contra a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

De maneira recorrente, o reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar, bispos e outros religiosos do Rio de Janeiro, juntamente com fiéis e convidados da Igreja que participam das missas, casamentos, batizados e ações culturais promovidas pelo Santuário Cristo Redentor, passam por constrangimentos para acessarem o Santuário. Os gestores do Parque Nacional da Tijuca inviabilizam a servidão de passagem, entre outras ações vilipendiosas.

Hoje, mais uma vez, Padre Omar e os fieis foram impedidos de acessar o Santuário Cristo Redentor quando estavam a caminho de um batizado, marcado às 7h30. O sacerdote, a criança e familiares foram travados na guarita localizada na Estrada das Paineiras, que dá acesso ao Santuário.

Após ficarmos, no ano de 2019, vários meses sem funcionamento das escadas rolantes e elevadores na região do Alto Corcovado, obrigando idosos e pessoas com deficiência a passar inúmeras dificuldades e constrangimentos, mais uma vez ficamos à mercê do ICMBio, a partir dos funcionários do Parque Nacional da Tijuca.

No dia 3 de setembro, fomos mais uma vez constrangidos e numa celebração litúrgica onde os convidados da Arquidiocese do Rio de Janeiro não puderam chegar ao Santuário Cristo Redentor. Após a oração, seria oferecido café da manhã gratuitamente aos convidados. O Parque Nacional da Tijuca também vetou o acesso de água aos convidados, violando o direito fundamental à saúde e ao bem-estar dos presentes.

No dia 2 de setembro, os funcionários da empresa terceirizada que faz a gestão da iluminação do Cristo Redentor, que possuem veículos autorizados para o trabalho, foram barrados na guarita da Estrada das Paineiras pelos seguranças contratados pelo Parque Nacional da Tijuca. Eles estavam subindo para iluminar o monumento na cor verde em uma ação para chamar a atenção da população para a importância da doação de órgãos, que salva vidas, uma ação de iluminação na área de saúde entre tantas que o Santuário Cristo Redentor realiza. Da mesma forma, os veículos da Secretaria de Estado de Saúde, cujas informações de placa, modelo e cor já tinham sido enviadas ao Parque Nacional da Tijuca, também foram barrados na guarita.

Esse bloqueio vem acontecendo há alguns meses. Enumeramos alguns acontecimentos dos últimos dias. No dia 22 de agosto, a fiscalização do ICMBio falhou ao não identificar turistas franceses que ficaram na mata após o encerramento da visitação de domingo. Na manhã do dia 23, o monumento foi acessado ilegalmente pelos turistas franceses, que arrombaram os cadeados da porta de acesso ao interior do monumento e subiram até a cabeça e os braços do Cristo Redentor, atentando contra a própria integridade física. O cesso ao monumento sem autorização configurou violação contra a propriedade da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Além disso, nesse momento, no Alto Corcovado não há operação de lojas comerciais, incluindo as de alimentação, por conta de querelas judiciais entre o Parque Nacional da Tijuca e os lojistas. Dessa forma, os visitantes não podem se alimentar nem ao menos se hidratar no local, sem que levem o próprio alimento ou água. Também por conta do fechamento das lojas, o banheiro mais próximo ao platô (área de visitação do Santuário Cristo Redentor), que ficava no restaurante, também foi fechado, impedindo que o público pudesse utilizá-lo.

Nos últimos meses, a postura dos seguranças do Parque Nacional da Tijuca tem sido hostil em relação ao reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar, e aos funcionários do Santuário. Dessa forma, o ICMBio, mais uma vez, tem a postura de relativizar a autoridade da Igreja, que cuida, com todo o zelo, do monumento ao Cristo Redentor e do Santuário Cristo Redentor no alto do Morro do Corcovado, cuja propriedade é da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

O Santuário Cristo Redentor é o primeiro santuário a céu aberto do mundo. A área compreende todo o platô, ou seja, toda a área de visitação do público. Símbolo nacional dos sentimentos cristãos do país, é um espaço originalmente sagrado, que acolhe pessoas de todos os lugares do mundo. No dia 12 de outubro de 2021, será celebrado o 90º aniversário do monumento ao Cristo Redentor, com um calendário de atividades que está sendo preparado pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Fonte:  https://pt.aleteia.org/

Catedral Basílica de São João Del Rei celebra seus 300 anos

Catedral Basílica Nossa Senhora do Pilar/São João Del Rei | Guadium Press
Construída no ano de 1721, a Catedral Basílica Nossa Senhora do Pilar é um dos ícones da arquitetura barroca, tendo sido uma iniciativa da Irmandade Santíssimo Sacramento.

Minas Gerais – São João Del Rei (13/09/2021 14:43, Gaudium Press) No último domingo, 12 de setembro, o Arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, celebrou uma Santa Missa por ocasião dos 300 anos da Catedral Basílica Nossa Senhora do Pilar, de São João Del Rei.

https://youtu.be/J58EDAM3HSA

Escola mística que nos enraíza no coração de Deus

Durante a sua homilia, o prelado destacou que as igrejas construídas se tornam pérolas para que compreendamos o que somos e o que devemos ser: morada de Deus. Além disso, ressaltou que “compreendemos que esta igreja como árvore, onde as raízes estão no céu e a copa na terra, que retrata na arte e na beleza sacra aquilo que é a compreensão e testemunho de Fé ao longo do tempo, é ser chamada a escola mística que nos enraíza no coração de Deus”.

Guadium Press

Ao término da celebração eucarística, foi realizada a entronização da imagem original e se recitou um ato de consagração. “Que os trezentos anos deste belo monumento de Fé se traduzam também na Fé de todo o povo de nossa Diocese como sinal de benção e da graça de Deus”, afirmou o Padre Lucas Alerson de Sousa. A programação foi encerrada na parte da noite após uma missa festiva, o Solene Canto do Te Deum laudamus e a Bênção do Santíssimo Sacramento.

Tríduo preparatório pelos 300 anos da Catedral Basílica Nossa Senhora do Pilar

As comemorações pelos 300 anos da Catedral Basílica Nossa Senhora do Pilar tiveram início na quinta-feira, 9, através de um tríduo preparatório no qual se refletiu fatores importantes da história da comunidade. A programação incluiu também uma exposição temporária no Museu de Arte Sacra intitulada como “Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar: Casa de Deus, Porta do Céu”.

Guadium Press

Construída no ano de 1721, a Catedral Basílica Nossa Senhora do Pilar é um dos ícones da arquitetura barroca, tendo sido uma iniciativa da Irmandade Santíssimo Sacramento. O templo é referência na realização de importantes trabalhos de evangelização que contemplam, dentre outras iniciativas, o amparo a famílias pobres, com a doação de alimentos, roupas e remédios. A estrutura continua atraindo os olhares de devotos e amantes da arte, já que a estrutura abriga traços do barroco e rococó. (EPC)

Papa: um cristianismo sem cruz é mundano e torna-se estéril

Papa Francisco em Presov, Eslováquia | Vatican News

Quantas vezes, disse Francisco, “aspiramos a um cristianismo de vencedores, a um cristianismo triunfalista, que tenha relevância e importância, receba glória e honra. Mas um cristianismo sem cruz é mundano, e torna-se estéril”.

Vatican News

No campo esportivo de Prešov, o Papa Francisco viveu um dos momentos mais significativos de sua viagem à Eslováquia ao presidir a Divina Liturgia Bizantina de São João Crisóstomo.

No dia em que a Igreja celebra a Exaltação da Santa Cruz, toda a homilia do Pontífice foi voltada a meditar o “escândalo” e a “loucura” da morte de Jesus.

“A cruz era instrumento de morte, e, contudo, dela veio a vida”, disse o Papa. Por isso, o santo povo de Deus a venera. Aos olhos do mundo, a cruz é um fracasso. Quantas vezes, disse Francisco, “aspiramos a um cristianismo de vencedores, a um cristianismo triunfalista, que tenha relevância e importância, receba glória e honra. Mas um cristianismo sem cruz é mundano, e torna-se estéril”.

Deus, prosseguiu, escolheu o caminho mais difícil: a cruz. Para que não houvesse na terra ninguém tão desesperado que não conseguisse encontrá-Lo, até mesmo na angústia, na escuridão, no abandono, no escândalo da sua miséria e dos próprios erros.

Alguns santos, acrescentou o Papa, ensinaram que a cruz é como um livro que, para o conhecer, é preciso abri-lo e ler. Significa deter o olhar sobre Crucificado, deixar-se impressionar pelas suas chagas, se comover e chorar diante de Deus ferido de amor por nós.

“Se não fizermos assim, a cruz permanece um livro não lido, cujo título e autor são bem conhecidos, mas que não influencia a vida. Não reduzamos a cruz a um objeto de devoção, e menos ainda a um símbolo político, a um sinal de relevância religiosa e social”, recomendou o Papa.

Da contemplação do Crucifixo, ensinou Francisco, provém o segundo passo: dar testemunho. E são muitos os que sofreram e morreram na Eslováquia por causa do nome de Jesus! Hoje o país está livre da perseguição, mas sofre a ameaça do mundanismo e da mediocridade.

“A cruz não quer ser uma bandeira elevada ao alto, mas a fonte pura de uma maneira nova de viver. Qual? A do Evangelho, a das Bem-aventuranças.”

Não só santos e mártires foram testemunhas, mas também pessoas humildes e simples, que deram a vida amando até ao fim.

“São os nossos heróis, os heróis da vida quotidiana; e são as suas vidas que mudam a história”, disse ainda o Papa, que concluiu:

“É assim que a fé se espalha: com a sabedoria da cruz e não com o poder do mundo; com o testemunho e não com as estruturas. E hoje, a partir do silêncio vibrante da cruz, o Senhor pergunta também a você: «Quer ser minha testemunha?»”

Fonte: https://www.vaticannews.va/

EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

Foto: Canção Nova
14 de setembro
EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

A piedade cristã, impulsionada pela ação do Espírito Santo, construiu ao longo dos séculos variadas formas de devoção à Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Com a Sua morte dolorosa na Cruz, Cristo expressou o Seu infinito amor por nós e indicou-nos o caminho para alcançar a vida plena e, por isso, quando contemplamos Cristo na Cruz, nós podemos afirmar: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”. (Mc 10,45).

A Cruz de Jesus é um sinal poderoso de esperança e de vida plena. A Cruz, com seus dois madeiros, ensina-nos quem somos e qual é a nossa dignidade, o nosso valor. A Cruz é o símbolo da nossa reconciliação com Deus, conosco mesmos e com o nosso próximo, e evidencia as sombras do mal e do pecado da humanidade e extravasa as luzes do infinito amor de Jesus, pois “Ele foi trespassado por causa das nossas transgressões, esmagado em virtude de nossas iniquidades. O castigo que havia de trazer-nos a paz caiu sobre Ele, sim, por Suas feridas fomos curados”. (Is 53,5).

Na Idade Antiga, em pleno Império Romano, a cruz era um instrumento infame, humilhante e terrível de tortura e morte, que era utilizado com os réus que eram julgados culpados de crimes hediondos. No decorrer dos primeiros séculos, graças à Paixão, morte e ressurreição de Jesus, a Cruz deixou de ser vista como um símbolo de condenação e passou a ser contemplada como um símbolo do amor de Deus, um instrumento de vida e de salvação.

Nos primeiros anos do Cristianismo, Helena, mãe do imperador Constantino, fez o possível para conservar os locais onde Cristo viveu o Seu ministério, principalmente o Gólgota e o Santo Sepulcro. No local onde Jesus foi crucificado foi construída a igreja do Santo Sepulcro, em 13 de setembro de 335. A festa para o povo aconteceu no dia seguinte e entrou no calendário romano-cristão. Antes do século IV, a Cruz passou despercebida aos olhos de muitos cristãos, mas não aos olhos de Pedro, André, Tiago e de tantos outros discípulos que abraçaram a morte de Cruz por amor a Cristo. Após a sua conversão, o imperador Constantino aboliu o suplício da crucificação e, desde aquele ano, a devoção à Cruz passou a ser motivada e orientada pelos pastores da Igreja.

Na Idade Média e nos demais períodos da nossa História, os cristãos passaram a perceber sempre mais que é falso um cristianismo sem Cruz. Mas também é falsa a visão de que a Cruz é um instrumento de exploração, fatalismo e alienação. Deste modo, a Cruz passou a estar sempre presente na vida da Igreja, quer na celebração da Eucaristia, quer no Batismo ou nos demais sacramentos.

O sinal da Cruz passou a ser um sinal indicativo do Cristianismo. Com a Cruz, nós somos abençoados e abençoamos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Com a Cruz, nós rendemos graças e louvores a Deus pela Sua presença salvadora em nosso meio e contemplamos a suave onipotência de Sua misericórdia. Com a Cruz, nós exaltamos a força renovadora do amor de Deus e proclamamos que o Cristo venceu a morte e está vivo no cotidiano de nossas vidas.

Muitos romanos que viveram na época da crucifixão de Jesus não perceberam que a Cruz não foi a derrota de Cristo, mas sim a Sua plena vitória sobre a morte, o pecado e o mal. Daquela Cruz de Jesus brotou para todos nós a suprema misericórdia de Deus, pois a vida foi renovada e a esperança restituída e, por isso, a Cruz de Cristo é a nossa única, fecunda e autêntica esperança.

Exaltamos a Santa Cruz, de um modo especial, na Sexta-Feira da Paixão, onde o centro da Liturgia é a Cruz e não o Altar. Exaltamos a Santa Cruz quando aprendemos a santificar as dificuldades e as perseguições que enfrentamos no dia a dia. Exaltamos a Santa Cruz quando rezamos pelos fiéis cristãos que continuam sendo perseguidos e mortos por causa da fidelidade a Cristo. Exaltamos a Santa Cruz quando adquirimos a consciência de que, na Cruz, Cristo “se humilhou a Si mesmo fazendo-se obediente até à morte e morte de cruz”. (Fl 2, 8).

Quando somos dóceis ao Espírito Santo, nós adquirimos a consciência de que a nossa dignidade de filhos de Deus foi restituída pelo sacrifício e pela morte de Cristo na Cruz. Mesmo que não seja entendida ou aceita pelos relativistas e os niilistas do nosso tempo, a Cruz é a símbolo da nossa salvação, “a árvore da vida”, pois, ao abraçá-la, o nosso Redentor tomou sobre Si o peso de todas as injustiças e as dores de todos os sofrimentos humanos. Desse modo, “a Cruz não é uma mobília da casa ou um ornamento a ser usado, mas um chamado ao amor com que Jesus se sacrificou para salvar a humanidade do mal e do pecado”. (Papa Francisco, Ângelus, em 12 de março de 2017).

Na Cruz, Cristo aceitou a situação mais dolorosa e humilhante que pudesse existir para nos resgatar, salvar e capacitar para o Amor. Por amor, a Virgem Maria, a Nossa Senhora das dores, permaneceu de pé, firme e constante aos pés da Cruz para, de alguma forma, compartilhar o amor salvífico de Cristo em prol de nossa libertação. Peçamos a Ela o dom da fidelidade a Deus e à Igreja e a visão sobrenatural da fé, para que possamos vislumbrar na Cruz o Sangue redentor de Cristo que continua gerando vida e salvação no terreno fértil da Igreja.

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

https://arqbrasilia.com.br/

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Como surgiu o Setembro Amarelo?

GnTech

Para nos explicar um pouco mais sobre este assunto, entrevistamos a Fernanda Alcântara, Secretária de Pastoral na Arquidiocese de Brasília e Psicologa, confira:

O setembro amarelo foi um movimento criado em 1994 após o suicídio do jovem Mike Emme, de apenas 17 anos. Mike foi encontrado morto dentro de seu carro amarelo. Em seu velório, seus pais distribuíram vários cartões decorados com laços amarelos com a seguinte frase: “Se você precisar peça ajuda”. No Brasil, a campanha se iniciou em 2015 e possui o objetivo de desmitificar e conscientizar as pessoas sobre esse assunto tão importante.

O Brasil é o 4º país com maior índice de suicídio no mundo, atualmente; de acordo com a OMS, 32 pessoas se suicidam por dia, índice mais elevado que mortes por câncer ou AIDS. No mundo, a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio; 9 em cada dez mortes poderiam ser evitadas se as pessoas recebessem atenção qualificada.

Habitualmente, o comportamento suicida está associado a diversos transtornos, como os transtornos do humor (depressão), transtornos por uso de substâncias (principalmente, alcoolismo), esquizofrenia e os transtornos de personalidade.

O suicídio é um fenômeno complexo, que afeta pessoas de diferentes origens, classes sociais e idades; contudo, o suicídio pode ser prevenido! Não existe uma “fórmula secreta” capaz de identificar se uma pessoa está vivenciando uma crise suicida; saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo a você pode ser o primeiro e mais importante passo. Geralmente pessoas sob risco de suicídio falam sobre a morte mais do que “o normal”, possuem baixa autoestima, expressam uma visão negativa sobre a vida e procuram se isolar. Expressões como “vou desaparecer”, “vou deixar vocês em paz”, “quero dormir e nunca mais acordar”, são comuns entre os suicidas.

Qual a Visão da Igreja? 

Pessoas católicas e de outras religiões perguntam: “Quando alguém se suicida, ele se salva?”. Antigamente a Igreja Católica, sem a ajuda da psicologia pastoral para a compreensão dessa atitude, aplicou várias sanções para o suicida, como a negação da sepultura eclesiástica, da celebração da missa e orações pela sua alma. Hoje, ajudada pela psicologia pastoral e psiquiatria, a Igreja Católica já vê casos de suicídio sob outra forma e tem grande compreensão, respeito e misericórdia para com aqueles que chegam a tal ponto. Agora há sepultamento em cemitérios cristãos, orações e missa pela alma do suicida.

Sem negar que o suicídio é contrário ao amor do Deus vivo e aos seus mandamentos (Não matarás) levamos em consideração a vontade salvífica e a infinita misericórdia de Deus manifestada em Jesus, que disse: “Eu vim para que todos tenham vida”: “Aqueles que o Pai me deu, eu não perca nenhum”, e “Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2,4). Entramos no mistério da vontade de Deus que quer salvar a todos. Também não devemos julgar alguém nestes casos; isto não nos compete: “Não julguem, para não serem julgados. Pois vocês serão julgados com o julgamento com que julgarem, e serão medidos com a medida com que medirem” (Mt 7, 1 -3).

Recusando celebrar uma missa, oferecer orações e negar um sepultamento cristão para uma pessoa significa que estamos fazendo um julgamento que somente Deus tem o direito de fazer. A psicologia pastoral e a psiquiatria nos ensinam que ninguém conscientemente vai tirar sua própria vida. Se o faz, com certeza não está mais consciente do que faz, mesmo deixando recados explicando suas razões. A vida é de um valor tão absoluto que repugna ao próprio ser humano perdê-la. Lutamos diariamente pela saúde, para evitar acidentes e alongar a vida. Porém, hoje, há entre pessoas idosas o medo do processo de morrer. Elas estão com medo de se tornarem prisioneiras da tecnologia médica nas UTIs. Temem pela dor e sofrimento intolerável, perdendo controle de suas funções corporais, ou morrendo à míngua com demência severa ou Alzheimer. Também se preocupam com a possibilidade de serem abandonadas e se tornarem um peso para outros. Aí, elas pensam sobre o suicídio como solução rápida. Nossa sociedade será julgada eticamente pela forma como responderá a esses medos.

O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida. Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida” (CIC. 2282/3). Os familiares que vivem o drama pela perda de um membro dessa forma traumatizante não devem se culpar pelo suicídio, mas podem e devem confiar na infinita bondade e a misericórdia de Deus. (www.cnbbne1.org.br/suicidio-e-a-igreja-catolica-3/)

Quem precisa de ajuda, a quem procurar?

A Arquidiocese possui um serviço de acolhimento às pessoas que necessitam de apoio emocional, trata-se do PROSE (Pronto Socorro Espiritual), por meio do telefone (61) 3244-0672, você encontra um ouvido atento e uma palavra amiga.

O CVV (Centro de Valorização da Vida) também realiza esse serviço por meio do número 188 ou do site www.cvv.org.br .

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Papa Francisco: o renascimento da Europa passa pelo respeito de cada vida humana

Papa Francisco apresenta um livro de Joseph Ratzinger-Bento XVI
(Foto de arquivo)  (Vatican Media)

É o que afirma o Pontífice na introdução ao livro "A verdadeira Europa, identidade e missão" de Joseph Ratzinger-Bento XVI (Ed. Cantagalli), terceiro livro da série de "textos escolhidos" selecionados e traduzidos por Pierluca Azzaro, curador da Opera omnia do Papa emérito. O texto do Papa Francisco foi publicado neste domingo pelo Corriere della Sera.

PAPA FRANCISCO

Tenho o prazer de apresentar este livro, que reúne textos escolhidos de Joseph Ratzinger/Bento XVI sobre a Europa, oportunamente publicados para o 50º aniversário das relações diplomáticas entre a Santa Sé e a União Europeia.

Com a clareza, a imediata acessibilidade e ao mesmo tempo a profundidade que lhe é própria, o Papa emérito aqui delineia de forma magnífica aquela "ideia de Europa" que sem dúvida inspirou os seus Pais fundadores e que está na base da sua grandeza e cuja definitiva ofuscação decretaria seu declínio geral e irreversível.

Porque - talvez isto nos ensine melhor do que outros precisamente aquele que quis receber o nome de Bento, também para chamar a Europa de volta às suas raízes -, na base da Europa, da sua criatividade, da sua sã prosperidade e, antes de mais, da sua humanidade existe o humanismo da encarnação; Joseph Ratzinger escreve que “a figura de Jesus Cristo está no centro da história europeia e é o fundamento do verdadeiro humanismo, de uma nova humanidade. Porque se Deus se tornou homem, então o homem adquire uma dignidade completamente nova. Se o homem, pelo contrário, é somente produto de uma evolução casual, então a sua própria humanidade é uma coincidência, e assim, a certa altura será possível sacrificar o homem para fins aparentemente superiores. Mas se Deus porém criou e desejou cada homem, as coisas são completamente diferentes. E se o próprio Deus se fez homem, se até mesmo sofreu pelo homem, então o homem participa da dignidade própria de Deus. Quem erra sobre o que o é homem, ataca o próprio Deus”.

Para além de tantas palavras e proclamações pomposas, hoje na Europa se perde cada vez mais a própria ideia de respeito por cada vida humana, a partir da perda da consciência da sua sacralidade, isto é, precisamente a partir do ofuscamento da consciência que somos criaturas de Deus. Bento XVI não teme denunciar ao longo dos anos com grande coragem e previdência as numerosas manifestações desta dramática renúncia à ideia da criação, mesmo as atuais, últimas consequências, descritas de uma forma absolutamente clara e convincente no texto introdutório.

O volume, embora impregnado de grande realismo, não termina com pessimismo e tristeza; pelo contrário: «Uma das razões da minha esperança - escreve - consiste no fato de que o desejo de Deus, a busca de Deus está profundamente escrita em cada alma humana e não pode desaparecer. Certamente, por um tempo, pode-se esquecer de Deus, colocá-lo de lado, cuidar de outras coisas; mas Deus nunca desaparece. É simplesmente verdade o que diz Santo Agostinho, que nós, homens, somos inquietos até encontrarmos Deus, inquietação que hoje ainda existe. É a esperança que o homem sempre de novo, mesmo hoje, se coloque em caminho em direção a este Deus”.

Assim, ao revelar-nos o segredo da sua alegria nestes tempos difíceis, Bento XVI também nos mostra o caminho a percorrer para o renascimento da Europa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF