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segunda-feira, 27 de setembro de 2021

São Vicente de Paulo

S. Vicente de Paulo | sbjesus
27 de setembro

São Vicente de Paulo

Vicente de Paulo foi, realmente, uma figura extraordinária para a humanidade. Pertencia a uma família pobre, de cristãos dignos e fervorosos. Nasceu em Pouy, França, no dia 24 de abril de 1581.

Na infância, foi um simples guardador de porcos, o que não o impediu de ter uma brilhante ascensão na alta Corte da sociedade de sua época. Aos dezenove anos, foi ordenado padre e, antes de ser capelão da rainha Margarida de Valois, ficou preso durante dois anos nas mãos dos muçulmanos. O mais curioso é que acabou sendo libertado pelo seu próprio "dono", que, ao longo desse período, Vicente conseguiu converter ao cristianismo.

Todos o admiravam e respeitavam: do cardeal Richelieu à rainha Ana da Áustria, além do próprio rei Luís XIII, que fez questão absoluta de que Vicente de Paulo estivesse presente no seu leito de morte.

Mas quem mais era merecedor da piedade e atenção de Vicente de Paulo eram mesmo os pobres, os menos favorecidos, que sofriam as agruras da miséria. Quando Mazarino, em represália às barricadas erguidas pela França, quis fazer o país entregar-se pela fome, Vicente de Paulo organizou, em São Lázaro, uma mesa popular para servir, diariamente, refeições a duas mil pessoas famintas.

Apesar de ter sempre pouco tempo para os livros, tinha-o muito quando era para tratar e dar alívio espiritual. Quando convenceu o regente francês de que o povo sofria por falta de solidariedade e de pessoas caridosas para estenderem-lhe as mãos, o rei, imediatamente, nomeou-o para ser o ministro da Caridade. Com isso, organizou um trabalho de assistência aos pobres em escala nacional. Fundou e organizou quatro instituições voltadas para a caridade: a "Confraria das Damas da Caridade", os "Servos dos Pobres", a "Congregação dos Padres da Missão", conhecidos como padres lazaristas, em 1625, e, principalmente, as "Filhas da Caridade", em 1633.

Este homem prático, firme, dotado de senso de humor, esperto como um camponês, e sobretudo realista, que dizia aos sacerdotes de São Lazaro: "Amemos Deus, irmãos meus, mas o amemos às nossas custas, com a fadiga dos nossos braços, com o suor do nosso rosto", morreu em Paris no dia 27 de setembro de 1660.

Canonizado em 1737, são Vicente de Paulo é festejado no dia de sua morte, pelos seus filhos e sua filhas espalhados nos quatro cantos do mundo. E por toda a sociedade leiga cristã engajada em cuidar para que seu carisma permaneça, pela ação de suas fundações, que florescem, ainda, nos nossos dias, sempre a serviço dos mais necessitados, doentes e marginalizados.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Nota de falecimento de Dom José Freire Falcão

Cardeal Dom José Freire Falcão | arqbrasilia

É com profundo pesar que a Arquidiocese de Brasília comunica que aos 95 anos,   o Cardeal Dom  José Freire Falcão, arcebispo emérito de Brasília, fez sua Páscoa, por complicações do COVID-19, no dia 26 setembro de 2021, às 22h40, no Hospital Santa Lúcia, Asa Sul.

O Cardeal foi internado no dia  17 de setembro, como medida preventiva, após testado positivo para o COVID-19. Na madrugada do dia 24 de setembro, Dom Falcão teve uma piora em seu quadro respiratório e renal, sendo necessária uma entubação respiratória para dar um conforto maior a sua condição.

Sua ausência é sentida profundamente por toda a Arquidiocese de Brasília, amigos e fiéis pela marca indelével que S. Emcia. Deixou nas numerosas obras pastorais que ensejou durante os vinte anos que governou esta Igreja Particular.

Informações sobre o velório, informaremos em breve.

Bio

José Freire Falcão nasceu no dia 23 de outubro de  1925 na cidade de Ereré, no Ceará. Incentivado pela família,  desde cedo sonhou em ser sacerdote.

Entrou no Seminário da Prainha, em Fortaleza, aos 14 anos. Foi ordenado padre em 19 de junho de 1949 e em 1967, mais precisamente no dia 17 de junho, foi feito bispo, tornando-se pastor da mesma diocese em que já havia exercido o sacerdócio por vinte anos: Limoeiro do Norte, no Ceará.

Em 1971 tornou-se arcebispo de Teresina, no Piauí, onde permaneceu até 1984, quando foi transferido para Brasília.

Foi feito cardeal, em 28 de junho de 1988, tendo participado, em 2005, dos funerais de João Paulo II e do conclave que elegeu o Papa Bento XVI.

O cardeal Dom  Falcão foi o segundo arcebispo de Brasília, ficando à frente da Arquidiocese entre 1984 e 2004, quando se aposentou. Nesse período em que conduziu a Igreja em Brasília,  Dom Falcão ordenou diversos padres e criou várias paróquias no DF. Ainda em seu governo, preparou a recepção ao Papa em 1991, criou a Casa do Clero e estimulou os movimentos eclesiais, entre outros trabalhos.

 Quanto à escolha do seu lema episcopal, “In humilitate servire” (“Servir na humildade”), o cardeal explicou em certa ocasião para os fieis da Capital Federal: “Tomei como lema Servir na Humildade, pois coloquei o meu pastoreio nas mãos do Senhor, porque Ele não falta jamais aos que fazem a vontade do Pai, ao seguir o Seu chamado, ao dar o seu sim”.

Obras

  • O Homem Integral e o Estado Integral (filosofia política de Plínio Salgado), 1957.
  • Refletindo o Evangelho.

Fonte: https://arqbrasilia.com

domingo, 26 de setembro de 2021

QUEM NÃO É CONTRA NÓS É A NOSSO FAVOR

bispado.org.br

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Celebramos neste domingo o 26º Domingo do Tempo Comum e aos poucos vamos percorrendo com Jesus esse caminho até entrar em Jerusalém e aclamá-lo como o rei de nossas vidas.

Na liturgia desse domingo, comemoramos o Dia Nacional da Bíblia, pois estamos no mês de setembro que é dedicado à Palavra de Deus (50 anos!) e, na próxima quinta-feira, dia 30 de setembro, celebraremos o dia de São Jerônimo. O dia da Bíblia é comemorado no domingo próximo a essa data. Neste domingo também comemoraremos  107º Dia Mundial dos migrantes e refugiados – “rumo a um nós cada vez maior” nos recorda o Papa Francisco.

Preparemos ainda o nosso coração para o mês de outubro, que logo mais se inicia, pois será o mês do Rosário e das Missões com várias celebrações marianas e iniciando com a semana Nacional da Vida – Família: Santuário da Vida – que prepara o dia do nascituro. A liturgia deste domingo já nos prepara para vivermos intensamente esse mês missionário e sermos fiéis ouvintes e praticantes da Palavra de Deus. Que esse mês missionário traga muitos frutos para nós e para a Igreja e que possamos ouvir o convite de Jesus de sermos seus discípulos e missionários.

A liturgia deste domingo nos ensina que não devemos impedir ninguém de anunciar o Evangelho. Todo batizado é chamado a ser discípulo missionário de Jesus. O Espírito Santo que recebemos no batismo nos impulsiona a anunciarmos o Evangelho. Em um mundo tão dilacerado por violência, guerras e doenças, quanto mais pessoas anunciarem a Palavra de Deus, melhor.

A Primeira Leitura (Nm 11,25-29) nos anuncia que o Senhor desceu na nuvem e falou a Moisés. O Senhor retirou um pouco do Espírito que Moisés possuía e o deu aos 70 anciãos. O Senhor partilhou os dons do Espírito Santo e colocou em comum. Os anciãos iriam cooperar com Moisés na missão de anunciar o Reino de Deus. Os anciãos não continuaram profetizando, somente dois deles, Medad e Eldad, eles não haviam ido à tenda no dia que o Senhor concedeu os dons do Espírito Santo aos anciãos, mas profetizavam em nome do Senhor. Josué, filho de Nun, disse a Moisés que os dois estavam anunciando a Palavra de Deus e pediu que Moises mandassem que eles se calassem. Moisés responde dizendo que quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu Espírito.

O Salmo Responsorial é o 18 (19) e nos diz em seu refrão que “a lei do Senhor é perfeita e alegria ao coração”. O julgamento do Senhor é justo e perdoa as faltas que cometemos. Ele corrige os seus filhos no amor e não nos julga em proporção às nossas faltas. Seguir os mandamentos do Senhor alegra o nosso coração.

A Segunda Leitura (Tg 5, 1-6) faz um alerta aos ricos e condena aqueles que acumulam riquezas para si e não partilham com aqueles que pouco ou nada têm. Tiago não condena o fato de a pessoa ser rica ou de ter dinheiro, o que o apóstolo critica são aquelas pessoas que acumulam a riqueza para si e não partilham aquilo que têm com os demais. O apóstolo condena, ainda, os ricos que na época tinham os empregados que trabalhavam em suas vinhas e não pagavam o salário justo que eles mereciam. Portanto, a riqueza deve caminhar junto com a justiça e a caridade.

No Evangelho (Mc 9,38-43. 45.47-48) ouvimos que João se aproxima de Jesus e diz que um homem estava expulsando demônios em nome dele e os discípulos o impediram, pois não andava com eles. Jesus diz a eles que não deveriam impedi-lo, pois quem está ao seu lado está ao seu favor.

A pessoa não precisa ter teologia ou ser doutora na fé para anunciar o Evangelho, basta ter uma experiência de Deus e viver a sua fé com entusiasmo e também ter boa vontade e um coração generoso.

Quantas pessoas não são convertidas em nossas missões e logo após receber o primeiro anúncio, mesmo sem serem batizadas saem para anunciar o nome de Jesus. Não devemos escandalizar ninguém e proibindo de anunciar o Evangelho, quanto mais pessoas cooperarem na missão de construir o Reino de Deus, melhor. Porém, como Paulo, somos chamados a ajudar e esclarecer na fé a todos.

Jesus termina o Evangelho dizendo que devemos evitar o pecado e diz de maneira radical que se um dos membros de nosso corpo nos levar a pecar, devemos cortá-lo. Muitas vezes pecamos com o olhar, com as mãos ou com os pés. É claro que não vamos sair por aí cortando os nossos membros, mas temos que nos policiar para não pecarmos e entrarmos de maneira plena no Reino dos Céus.

Estejamos atentos à Palavra do Senhor dirigida a nós hoje, tomemos posse do Espírito Santo e sejamos fiéis mensageiros da Palavra de Deus. O Senhor nos chama para a missão, abracemos essa missão e contagiemos o mundo com o seu amor. Amém.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

“Nossa fé é a dos apóstolos, transmitida por São Tomé”

Bento XVI com sua beatitude George Alencherry, na audiência com
a delegação da Igreja siro-malabar, na Sala Clementina do
Palácio Apostólico Vaticano, em 17 de outubro de 2011
[© Osservatore Romano]
outubro de 2011

ÍNDIA. Os siro-malabares


A origem apostólica. A fidelidade às suas tradições.

As relações com os hindus e um florescimento de vida que não conhece fronteiras. As relações com Roma.

Entrevista com George Alencherry, arcebispo-mor da Igreja siro-malabar, durante sua visita ao papa Bento XVI


Entrevista com George Alencherry, arcebispo-mor da Igreja siro-malabar por Roberto Rotondo e Gianni Valente


Roma fica longe de Malabar. Mas, se quisermos perceber o que realmente significa a proximidade que caracteriza e expressa a Communio Ecclesiarum, basta olhar para o fio de gratidão gratuita e recíproca que une a Igreja de Roma e a Igreja siro-malabar. Duas realidades que por quase dez séculos não compartilharam nenhum tipo de vínculo jurídico-institucional. George Alencherry, eleito em maio passado arcebispo-mor dessa Igreja indiana de rito oriental que nasceu da pregação do apóstolo São Tomé, encontrou em outubro o Sucessor de Pedro em sua sé apostólica. Durante sua passagem por Roma, o chefe da comunidade católica de rito oriental mais numerosa e relevante depois dos greco-católicos ucranianos aceitou encontrar-se também com 30Dias.

A entrevista foi feita na Domus Romana Sacerdotalis, na via della Traspontina.


Beatitude, conte-nos sobre seu encontro com o Santo Padre.

GEORGE ALENCHERRY: Fui eleito arcebispo-mor pelo Sínodo da Igreja siro-malabar em maio, e mais tarde o Papa confirmou minha eleição. Foi a primeira vez que esse procedimento foi aplicado: os dois arcebispos-mores que me antecederam foram escolhidos diretamente pela Santa Sé. A eleição ocorreu em 24 de maio, e no dia 29 me instalei como arcebispo-mor e arcebispo da diocese de Ernakulam-Angamaly. A visita de outubro foi a primeira que fiz ao Papa como arcebispo-mor, ao lado do Sínodo Permanente dos nossos bispos. Foi a oportunidade para renovar a minha declaração de lealdade e obediência ao sucessor de Pedro. Durante a viagem, visitei também outros organismos da Santa Sé, particularmente a Congregação para as Igrejas Orientais.

De que assuntos vocês trataram em seus encontros no Vaticano?

Falamos muito dos problemas de jurisdição que criam obstáculos à nossa obra pastoral. A Igreja siro-malabar tem cerca de quatro milhões de fiéis, dos quais 3 milhões e 400 mil vivem nas vinte e oito dioceses que existem na Índia. Dessas dioceses, dezoito se encontram em território próprio da Igreja siro-malabar (Kerala, parte do Tamil Nadu e Karnataka). Nós temos jurisdição territorial apenas nessas dezoito dioceses, mas gostaríamos de ter uma jurisdição territorial que cobrisse todo o território da Índia: esse é um dos nossos apelos ao Santo Padre, e para nós é uma exigência importante. Acreditamos que seja um direito nosso. Antes da chegada dos missionários ocidentais – os portugueses chegaram lá no século XVI – a jurisdição dos “cristãos de São Tomé” se estendia por toda a Índia. Depois, os missionários ocidentais, por influência dos soberanos europeus, tomaram a jurisdição da Índia, restringindo a nossa às áreas em que estávamos mais concentrados.

Seu pedido pode parecer a reivindicação de direitos passados, já sepultados pela história...

Não, é uma questão relacionada ao presente, em termos muito concretos. Tem crescido o número de nossos fiéis, e eles se espalham por outras regiões. E o que acontece é que nesses lugares o nosso povo não encontra um atendimento pastoral adequado, em continuidade com a sua tradição, e sofre por isso. Nossos fiéis estão acostumados à nossa liturgia, nossos costumes, nossas formas de oração e de participação dos leigos na administração das paróquias. O papel dos leigos na vida das paróquias e na catequese é uma peculiaridade da Igreja siro-malabar. Em muitas grandes cidades há grandes concentrações de fiéis siro-malabares: setenta mil em Delhi, cinquenta mil em Chennai e Bangalore, cerca de vinte mil em Hyderabad. Gostaríamos de poder estabelecer dioceses ao menos nesses grandes centros urbanos.

E o que lhes responderam?

A Santa Sé nos disse que em princípio temos direito à jurisdição. Mas, visto que a Igreja latina se instalou nas outras regiões, é preciso estabelecer algum tipo de entendimento negociado com os latinos. O Santo Padre compreende as nossas necessidades e nos explicou que será necessário dar um passo por vez. Lembrou-nos as palavras do Concílio Vaticano II, que diz que cada Igreja sui iuris tem direito a poder viver com autonomia. Há uma anomalia histórica que precisa ser corrigida. Nós somos pacientes, mas não é justo que as coisas continuem assim.

Quais foram as objeções feitas ao seu pedido?

As Igrejas siro-malabar, siro-malancar e latina já possuem hoje dioceses que se sobrepõem em nosso território histórico. Porém, alguns bispos acham que pode haver dificuldades se estendermos nossa jurisdição a territórios que caem em suas dioceses. Vocês precisam entender que em algumas dioceses latinas, atualmente, os siro-malabares representam a maior parte dos fiéis atendidos pelos sacerdotes latinos. Se estendêssemos a jurisdição, em algumas dessas dioceses latinas poderiam restar pouquíssimos fiéis de rito latino. Outro temor está ligado aos padres siro-malabares que aprenderam o rito latino e trabalham nas dioceses latinas. Há mais de trinta bispos de origem siro-malabar que trabalham como bispos latinos nas dioceses do norte.

George Alencherry crisma uma criança [© George Alencherry]

E fora da Índia, como andam as coisas?

Há um grande número de fiéis siro-malabares fora da Índia. Nos Estados Unidos, são cerca de cem mil, e foi instituída para eles uma diocese com centro em Chicago. A maior parte dos fiéis no exterior se concentra no Golfo Pérsico. Na Arábia Saudita, são mais de oitenta mil, quase todos trabalhadores que se transferiram para lá de maneira permanente. O Papa nomeou dois vigários apostólicos e um núncio, mas os sacerdotes que foram encarregados de atender a esses fiéis, mesmo sendo de origem siro-malabar, aderiram às congregações latinas e são latinos como formação. A ausência de sacerdotes do nosso rito criou uma certa tensão nesses países. É um outro problema que comunicamos à Santa Sé; esperamos que nos ouçam.

Como vai a colaboração entre as diversas Igrejas católicas na Índia?

As três Igrejas, latina, siro-malabar e siro-malancar, são parte da única Igreja universal, e temos uma conferência episcopal formada pelos bispos das três Igrejas. Nessa conferência, trabalhamos juntos sem nenhum problema. A Igreja Católica é comunhão de diversas Igrejas particulares: há vinte e duas Igrejas orientais, que, com a latina, compõem a Igreja universal. Só a partir dessa teologia é possível o ecumenismo: se os greco-ortodoxos percebessem a existência dessa comunhão, se uniriam aos católicos. Ecumenismo não é levar a Igreja Ortodoxa a ser administrada pela latina. Nós, de dentro, pedimos um ecumenismo real. Os ortodoxos o pedem de fora. Mas alguns dos latinos não compreendem isso.

E as relações com os hindus?

De modo geral, o hinduísmo é uma religião que promove a paz e a harmonia. A maior parte das pessoas nos vê com simpatia, e trabalhamos juntos. Mas, como vocês sabem, no passado recente houve grupos de fundamentalistas que criaram problemas. Em todos os países, por um motivo ou outro, existem fundamentalistas. Assim como existem extremistas políticos, que chamamos terroristas. Na Índia existem grupos extremistas dentro do hinduísmo: quem acredita no autêntico hinduísmo não gosta deles, mas esses grupos criam problemas sobretudo para os cristãos. Eles temem que os cristãos, por meio das conversões, tomem o controle do país. Mas é um medo sem fundamento, e os cristãos, por sinal, não reagem com violência aos seus ataques. O governo sabe disso e nos está ajudando.

A Igreja siro-malabar conservou-se na fé dos apóstolos vivendo no meio de uma cultura arraigada a outros pressupostos religiosos. Esse é um esplêndido testemunho de que a Igreja é de Jesus Cristo (Ecclesiam Suam, como escreveu Paulo VI). O que a história dos cristãos siro-malabares pode sugerir à cristandade inteira?

A herança que carregamos é o resultado de vinte séculos de testemunho da fé católica, à qual sempre nos mantivemos fiéis, mesmo quando fomos seriamente incompreendidos pelos missionários estrangeiros. A nossa Igreja tem um estilo único de catequese: nas famílias, nas paróquias e nas escolas, em todos esses três níveis, ensinamos as crianças a preservar a fé. Aqui, em Roma, há cerca de seis mil fiéis siro-malabares: em 16 de outubro celebramos uma bela liturgia na Basílica de Latrão. A basílica estava cheia.

A Igreja siro-malabar confirmou a comunhão com Roma depois de séculos de ausência de contatos. É o sinal de que a comunhão da Igreja não é em primeiro lugar o resultado de relações jurídicas...

A nossa fé é a dos apóstolos, transmitida por São Tomé. São Tomé não poderia ter começado uma nova Igreja por suas próprias forças. Mesmo na Índia, ele fez apenas o que Jesus lhe ordenou. Pelo mesmo motivo, Tomé e todos aqueles que dele receberam o anúncio evangélico estão em comunhão com Pedro, e isso é garantia da nossa fé. A lealdade ao Papa vem da nossa experiência de fé: rezamos pelo Papa na celebração eucarística, consideramos na liturgia os santos de todas as Igrejas particulares, tanto quanto os nossos. Doutrinalmente, preservamos o que recebemos do Credo de Niceia. A eucaristia e os outros sacramentos, por dom do Espírito Santo, nos unem na Igreja una, santa e apostólica.

Uma procissão durante a “dukhrana”, a celebração de São Tomé,
perto da igreja de São Tomé, em Palayur, no estado de Kerala

O senhor pode nos falar da devoção que vocês têm a São Tomé?

Depois das festas de Nosso Senhor, desde o Natal até a Páscoa, e das festas da Bem-Aventurada Virgem Maria – Imaculada Conceição, Natividade e Assunção –, a festa mais solene na Igreja siro-malabar é a “duchrana”, ou comemoração de São Tomé. Nós a celebramos no mundo inteiro; mesmo na Arábia Saudita, onde não pode haver celebrações oficiais, mais de trezentos fiéis se reuniram num espaço particular e me telefonaram, pedindo uma bênção. Segundo a tradição, Tomé fundou sete comunidades na Índia. Todos esses lugares se tornaram metas de peregrinação. E no primeiro domingo depois da Páscoa celebra-se a festa de São Tomé tocando o lado de Jesus. É uma grande festa, da qual participam muitos hindus.

O cardeal Levada, no último Sínodo das Igrejas orientais, anunciou que consultaria os patriarcas orientais sobre uma possível reforma do exercício do ministério petrino. O que sugere, particularmente a respeito das relações com as Igrejas orientais?

A Igreja Católica, por meio do Conselho para a Unidade dos Cristãos, já começou um diálogo sobre o primado. Acho que devemos prosseguir nesse diálogo e procurar um acordo comum com as Igrejas do Oriente, como havia nos primeiros quatro séculos da cristandade. Naquela época havia uma compreensão comum do primado. Hoje a Igreja Ortodoxa objeta que é impossível voltar à teologia precedente ao Concílio de Calcedônia, pois não possuímos nenhum documento daquela época. Mas creio que mesmo a partir dos documentos e dos pronunciamentos posteriores à época de Calcedônia seja possível um diálogo e um acordo em torno do ministério petrino. Pois existe a expressão primus inter pares. Nós todos precisamos de um ministério petrino que seja referência de unidade para todas as Igrejas. Eu tenho a esperança de que encontremos um ponto no meio do caminho em que a Igreja Católica e as Igrejas ortodoxas possam encontrar-se na plena comunhão da Igreja de Cristo.

Por séculos, a Igreja de vocês teve de lidar com os processos de “latinização” a que foi submetida. Houve quem os considerasse heréticos ou cismáticos porque tinham suas orações e suas liturgias e não falavam latim. Hoje ainda se veem em circulação resíduos dessa mentalidade?

O modo de pensar mudou muito, mesmo na Igreja latina. Entre os teólogos, entre a maioria dos bispos e na Sé Apostólica. Padre Placid Podipara, C.M.I., um teólogo e historiador muito renomado da nossa Igreja, disse que a Igreja siro-malabar é cristã por fé, hindu por cultura e oriental no culto. Infelizmente, os missionários que chegaram no século XVI não compreenderam isso. Não tinham más intenções, era a atitude da época. Mas hoje o que eles pensaram que era errado pode ser restaurado. Isso é o que diz o Concílio Vaticano II. Muito mudou, mas onde não houve essa mudança há problemas. E isso acontece com a mentalidade de alguns bispos latinos. Eu disse isso também ao Papa: “Santidade, há muitos bispos latinos que compreendem corretamente a eclesiologia de comunhão, mas há outros...”.

A liturgia teve um papel central para a continuidade histórica da sua Igreja. Como o senhor vê a importância que o magistério do Papa atual dá à liturgia?

O magistério do Papa atual está realmente salvando a Igreja de nosso tempo. Muitas aberrações estavam penetrando na Igreja, às vezes em nome do Concílio Vaticano II. Alguns interpretaram mal esse Concílio, detendo-se nas coisas acidentais e perdendo de vista o essencial. O Papa quer seguir o que o Vaticano II realmente quis dizer. E quando ele, pouco a pouco, conseguir que essas coisas sejam admitidas, a Igreja estará realmente unida. A dissipação e a mundanização da Igreja são realmente extensas, especialmente na Europa, e será preciso tempo para que a Igreja se recomponha. Mas essa é a intenção do Papa, e a Igreja siro-malabar está com ele.

No entanto, houve também na Igreja siro-malabar controvérsias acirradas entre aqueles que defendem a recuperação integral do patrimônio litúrgico tradicional e os que julgam que isso é uma forma de esteticismo tradicionalista. Entre “caldeizantes” e “latinizantes”...

Eu lhes digo: se uma coisa é caldeia, ou europeia, ou de qualquer outro lugar, o que é válido é válido. Mas alguns, em consequência da latinização, se convenceram de que o que pertence à cultura ocidental é bom e o que vem do Oriente não é. É uma impressão criada pela latinização a que fomos submetidos durante três séculos. Embora a Igreja universal, com o Concílio Vaticano II, nos tenha restituído a liberdade de recuperar os elementos válidos do nosso patrimônio, boa parte da Igreja os esqueceu e não sente a exigência dessa recuperação. Dizem: continuamos a caminhar com o que temos hoje, e se precisarmos de outras coisas as pegaremos da Igreja latina. Essa é a sua atitude. Outros respondem que para continuar a ser o que somos devemos antes de mais nada recuperar o que nos foi tirado e perdemos.

Eu, em meu ofício, tentarei criar mais unidade e também uma certa uniformidade nas celebrações litúrgicas. Não uma uniformidade integral, mas uma unidade em torno do essencial. Que deve ser realizada aos poucos. Gradualmente. Por exemplo, já houve gente na Igreja latina que dizia que nós celebramos olhando para a parede. Mas olhar para o leste não é ter a cara enfiada na parede. É olhar para a direção de onde vem o Senhor. Na teologia da nossa Igreja, o povo e o celebrante oferecem juntos o sacrifício a Deus Pai, voltados para o Oriente.

Devoção mariana em Srinagar, no estado
de Jammu e Kashmir [© AFP/Getty Images]

A Índia está-se tornando uma espécie de superpotência geoeconômica. Surgem novos problemas. Como é que esses processos interferem no seu trabalho pastoral?

O mundo, ao mudar, muda-nos também. Nossos fiéis migram, para estudar ou trabalhar. Só um terço deles vive nas dioceses originárias. Cerca de dois terços estão fora, nas grandes cidades. Nos Estados Unidos e na Europa existem médicos, empresários, comerciantes siro-malabares que estão subindo na escala social. Se nos for reconhecida a jurisdição universal sobre nossos fiéis, poderemos realmente promover essa energia, de modo que sua força esteja a serviço da Igreja universal. Do contrário, o que perdermos a Igreja universal também perderá. E, se nossos fiéis encontrarem dificuldades para continuar em contato com seu patrimônio espiritual, procurarão o sentido espiritual nos grupos pentecostais ou em realidades semelhantes. Isso já está acontecendo. Nós estamos perdendo nossos fiéis. Eles vão da Índia para o Ocidente e encontram alguém que lhes diz: por que você precisa ir às igrejas dos latinos? Venha conosco, rezemos juntos. Perdemos muitos assim. Estamos angustiados com isso e expressamos nossa angústia aos organismos vaticanos. Todos parecem compreender o que dizemos, mas depois não tomam decisões. Precisam consultar uma série de pessoas, e o tempo passa. E as coisas pioram. Muitos parecem não entender que se a Igreja siro-malabar florescer e prosperar a Igreja universal florescerá também. Pois toda Igreja particular existe para a Igreja universal. E a Igreja latina também é uma Igreja particular. Ao passo que na cabeça de alguns universal coincide com latino. Essa obviamente não é a doutrina oficial. Não é o pensamento de nenhum teólogo sério. Mas continua a ser uma mentalidade muito difundida, e gera atrasos.

Nos últimos dias, houve um importante congresso internacional sobre a chamada Anáfora de Addai e Mari, na Pontifícia Universidade Gregoriana. Por que essa anáfora tem uma importância especial do ponto de vista ecumênico e litúrgico?

Anáfora de Addai e Mari é a mais antiga da Igreja universal. Nela vemos a mais simples teologia dos Evangelhos, a mais germinal compreensão do mistério de Cristo, sem as formulações doutrinais que vieram depois. Tal como o Evangelho de São Marcos é o Evangelho mais simples, a liturgia de Addai e Mari é a mais simples de todas. Assim, quando a celebramos, experimentamos intensamente a presença de Jesus conosco. Até mesmo as expectativas e as súplicas da Igreja são muito bem integradas na Anáfora. Ela contém as orações pelos fracos, pelos oprimidos, pelos martirizados, pelos pobres, pelos refugiados. Enfim, tem a beleza da simplicidade. A Anáfora de Addai e Mari é usada pela Igreja assíria do Oriente, e tem a característica de não conter de maneira explícita as palavras da instituição, pronunciadas por Jesus na Última Ceia (“Tomai e comei, este é o meu corpo. [...] Tomai e bebei, este é o meu sangue. [...] Fazei isto em memória de mim”). A Igreja siro-malabar também usou a forma tradicional dessa anáfora até o século XVI, sem interpolações. Mas os teólogos latinos afirmavam que sem as palavras da instituição não havia verdadeira consagração, e por isso não consideravam válida a Anáfora de Addai e Mari. Em 2001, o Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, com o consenso da Congregação para a Doutrina da Fé, reconheceu a validade dessa anáfora, usada desde tempos imemoriais também em nosso Qurbana, o sacrifício eucarístico segundo o rito malabar.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Papa Francisco: “Alguns me queriam morto”

TIZIANA FABI | AFP
Por Francisco Vêneto

A declaração de Francisco aos jesuítas da Eslováquia, durante a viagem apostólica da semana passada.

“Alguns me queriam morto”, declarou o Papa Francisco em seu encontro com os jesuítas da Eslováquia, durante a viagem apostólica que fez ao país na semana passada.

Quando um dos jovens jesuítas lhe perguntou como estava, o Papa respondeu:

“Ainda estou vivo. Mesmo que alguns me quisessem morto. Sei que até houve encontros entre prelados que achavam que o que se passava com o Papa era mais grave do que se dizia. Estavam preparando o conclave”.

Francisco se referiu ao período que passou internado em Roma após uma cirurgia no cólon no começo de julho.

“Paciência! Graças a Deus estou bem. Fazer aquela cirurgia foi uma decisão que eu não queria tomar: foi uma enfermeira que me convenceu”.

E, com bom humor, completou:

“Às vezes, os enfermeiros entendem mais a situação do que os médicos, porque estão em contato direto com os pacientes”.

A conversa com a comunidade jesuíta da Eslováquia ocorreu no domingo passado, 12 de setembro, e foi divulgada hoje, 21, pela revista italiana “La Civiltà Cattolica“.

A matéria repercutiu em centenas de veículos de informação e em sites oficiais de dioceses, como a de Braga, em Portugal.

“Alguns me queriam morto”

Francisco já tinha se pronunciado no final do mês passado sobre os rumores de um novo conclave que, supostamente, ocorreria por causa do seu estado de saúde.

Em 30 de agosto, a emissora espanhola de rádio Cope divulgou uma prévia da entrevista exclusiva de uma hora e meia que o Papa havia concedido ao jornalista Carlos Herrera e que foi transmitida na íntegra em 1º de setembro. Durante essa conversa, Francisco usou a mesma frase que repetiu aos jesuítas da Eslováquia para responder à pergunta sobre como estava:

“Estou vivo”.

Herrera abordou as especulações da imprensa sobre a possibilidade de renúncia de Francisco, ao que o Papa respondeu:

“Sempre que um Papa está doente, corre uma brisa ou um furacão de conclave”.

As especulações sobre o estado de saúde do Papa Francisco vinham se arrastando desde a cirurgia de cólon.

Em 23 de agosto, um artigo do jornal italiano “Libero Quotidiano” anunciava – sem citar fontes – que o Papa “havia manifestado a sua intenção de renunciar”. Segundo o artigo, as razões girariam em torno à idade e à saúde, alegadamente abalada pela cirurgia.

Vários artigos em diversos veículos insistiram nessa possibilidade após a matéria do “Libero Quotidiano“, mas a entrevista do Papa à rádio espanhola no final do mesmo mês desmentiu os boatos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Silvio Dissegna: corpo de criança, coração de herói

Sílvio Dissegna | Guadium Press
A paróquia de períneo vai comemorar amanhã o venerável Silvio Dissegna, falecido no dia 24 de setembro de 1979, vítima de câncer nos ossos, aos 12 anos de idade. Durante a doença, Silvio revelou que sua pequena estatura escondia uma grande força de alma.

Itália – Poirino (sábado 25/09/2021 5:50, Gaudium Press) Silvio Dissegna vem à luz no dia primeiro de julho de 1967, festa do Sangue de Cristo. Nascido de pais católicos e educado conforme os ensinamentos cristãos, O Venerável Silvio travou desde cedo um relacionamento íntimo com Nosso Senhor Jesus Cristo. E tão logo compreendeu o verdadeiro significado da Eucaristia, seu único desejo era receber Jesus Eucarístico. E uma de suas primeiras e grandes alegrias foi aprender a rezar.

Silvio era um menino comum: brincava alegre, frequentava a escola, mas uma coisa o distinguia dos outros: seu desejo de ser igual a Nosso Salvador. Assim se expressou Sílvio nas suas anotações: “Jesus é tão bom que eu quero ser também”.

Com efeito, seu desejo e sua preocupação com os outros foi uma qualidade marcante durante seus poucos anos de vida. Uma vez, sua mãe lhe deu como presente uma máquina de escrever. O pequeno Silvio agradeceu datilografando sua primeira mensagem: “Te agradeço mamãe, porque me fez vir ao mundo, porque me deu a vida, que é tão bela! Tendo tanta vontade de viver!” 

O início dos sofrimentos

Mas não era essa a vontade de Deus… longe de se revoltar, o pequeno servidor do Senhor aceitou com coragem e alegria os desígnios divinos.

No ano de 1978, contando apenas 11 anos, o pequeno foi diagnosticado com câncer nos ossos. Desde então ele e os pais buscaram os métodos apropriados para o tratamento, mas Silvio conhecia seu estado e estava nas mãos de Deus. Foi durante o período de sua doença que Silvio mostrou ter a bravura de um herói no corpo de um menino.

Guadium Press

Grandeza de alma: reparação e intenções

Uma vez, indo a Paris para fazer se submeter aos tratamentos, seu leito ficou ao lado de um enfermo que passou toda a noite blasfemando. Silvio, para reparar as horríveis blasfêmias de seu vizinho, recitava Ave-Marias em prantos. 

Silvio sabia a força que seus sofrimentos lhe davam e não exitava em oferecê-los para causas maiores. Frequentemente declarava: “hoje ofereço meus sofrimentos pelo Papa e pela Igreja” ou “ofereço (minhas dores), sobretudo pelos missionários”,  pela conversão dos que estão longe de Deus, pela fraternidade entre os seres-humanos, essas e outras intenções eram frequentes nos lábios do pequeno. 

O fim dos sofrimentos se aproxima

À medida que seu estado de saúde se agrava, a consciência de seus sofrimentos também crescia: “Os sofrimentos me aproximam mais de Deus, me preparam para serenidade e alegria no reino de Deus”; “Que cada uma das minhas dores, seja um gesto de amor a Ti, Jesus”.

Desde o início da doença, Silvio recebia em casa, a Sagrada Comunhão. Mas no dia 24 de setembro de 1979, seria o último encontro na terra com aquele que declarou “Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 19, 14). Por volta das 21 horas, Silvio exala seu derradeiro suspiro.

Fama de Santidade

A fama de virtude, que já era conhecida, se espalha rapidamente através do continente. Em 1995, em Torino, foi aberta oficialmente a causa de beatificação de Silvio Dissegna. Hoje Silvio é conhecido e amado por seu exemplo de coragem diante dos sofrimentos. Desde 2001, seu processo de canonização prossegue em Roma. (FM)

Com informações de Silviodissegna.org

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Mulher que tocou o manto de Jesus por milagre inspira quadro na Terra Santa

“A hemorroísa”, no santuário de Magdala / Crédito: Magdala

REDAÇÃO CENTRAL, 24 set. 21 / 06:30 pm (ACI).- A fé da mulher que tocou o manto de Jesus por uma cura milagrosa inspirou um quadro que hoje está no santuário de Magdala, terra de santa Maria Madalena, na Galiléia, Israel.

O o chileno Daniel Cariola, pintor do quadro “A hemorroísa”, diz que a cena remete “ao que, no fundo, Cristo nos oferece”. “Ele está presente em toda parte e, quando se faz presente, nós temos que aproveitar essa oportunidade. Não temos outra salvação: Cristo é o único”, afirmou.

A cura da hemorroísa está narrada nos evangelhos de são Mateus, são Marcos e são Lucas.

O evangelho de são Mateus conta que, enquanto Jesus caminhava, uma mulher que sofria hemorragia há 12 anos se aproximou por trás d’Ele e tocou a franja do seu manto. A mulher estava convencida de que se salvaria se apenas tocasse o manto de Jesus.

Jesus sentiu a mulher e, vendo-a, disse: “Coragem filha, a tua fé te salvou”. E a mulher ficou curada.

Para Cariola, “é preciso que façamos o esforço para tocá-lo e com toda humildade buscar a virtude que sai d’Ele. Jesus sempre está fluindo com a cura divina para o homem”.

Cariola falou em uma entrevista ao padre Juan Solana, diretor do santuário, como parte dos preparativos para a terceira peregrinação virtual “Percorrendo a Terra Santa com Maria Madalena”, que começa no dia 28 de setembro e vai até 14 de novembro. A participação na peregrinação e no retiro virtual dirigido pelo padre Juan Solana é gratuita.

Para se inscrever (em espanhol), é só entrar AQUI.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Caritas - construir sociedades justas e pacíficas em África

Vatican News

Construir sociedades justas e pacíficas em toda a África: é o apelo lançado pela Caritas África e pela Caritas Europa por ocasião do Dia Internacional da Paz, celebrado aos 21 de setembro. Esta construção, lê-se numa nota, poderá ser alcançada através da aplicação e proteção das liberdades e dos direitos civis fundamentais de todos os cidadãos do Continente.

Cidade do Vaticano

Hoje, de facto, muitos Países africanos vivenciam uma grave instabilidade causada "pela desigualdade social e pela concentração do poder económico e político nas mãos de poucas elites no poder", enquanto se verificam por todo o lado marginalizações e discriminações da população por motivos étnicos, geográficos ou de estilo de vida.

No centro da denúncia da Caritas estão aquelas "prioridades políticas que refletem os interesses dos governos e das corporações transnacionais, em detrimento dos direitos, das necessidades e das aspirações das populações locais, especialmente aquelas que vivem em zonas remotas, e dos grupos marginalizados". Desigualdade extrema, pobreza, corrupção, falta de segurança social, redução do espaço cívico necessário para fazer ouvir a própria voz são as pragas que afligem a África - prossegue a nota conjunta - apesar de os povos que a habitam procurarem cada vez mais "oportunidades de diálogo" para contribuírem no desenvolvimento social.

Particularmente forte, pois, é a preocupação das organizações de caridade por todos aqueles povos africanos que “arriscam a vida quando tentam proteger a constituição do seu País, de pedir um bom governo e de condenar a corrupção”. Por isso, se reitera que “a paz e a justiça social são pré-requisitos para o desenvolvimento; na sua ausência, os sistemas regionais, nacionais e locais para o fornecimento da saúde, educação, oportunidades económicas e justiça estão condenados ao fracasso" e, consequentemente, as comunidades correm o risco de "enfrentar um estado prolongado de insegurança e fragilidade", também marcado por "um retrocesso democrático".

Pelo contrário, uma paz sustentável só poderá ser alcançada "onde houver um espaço aberto e inclusivo para o diálogo". Não se pode esperar uma paz duradoura - insiste ainda a nota conjunta - sem construir "sociedades mais justas e equitativas nas quais todos possam participar livre e justamente". E um primeiro passo rumo a este objetivo deverá ser “enfrentar a discriminação e reconhecer que todas as pessoas merecem dignidade, prosperidade e um papel participativo nos processos de paz”. Ao mesmo tempo, ambas as Cáritas continentais recordam aos Governos africanos “o dever de dar a possibilidade, aos que são excluídos e marginalizados, de participar no processo das tomadas de decisão e de paz para que possam tornar-se agentes de mudança nas suas respectivas sociedades”.

Será, portanto, fundamental o respeito pelas obrigações assumidas pelos Países a nível internacional e nacional, para a proteção dos direitos humanos e a garantia da liberdade de expressão, associação, reunião e protesto pacífico das populações. “Trata-se de práticas democráticas que devem ser cada vez mais promovidas - continua a nota - porque a paz, a segurança e a estabilidade em África só podem ser alcançadas se, na vida quotidiana, as pessoas puderem exercer os seus direitos civis, forem tratadas com dignidade e tiverem espaço para contribuir para uma melhor governação".

Também a União Europeia é posta em causa: a ela pede-se para que "persevere como líder global nos direitos humanos, na democracia e no Estado de direito, assegurando que as suas iniciativas de desenvolvimento internacional priorizem os direitos e as aspirações das populações locais e indígenas". Mais concretamente, da Comissão Europeia esperam-se garantias para que a sociedade civil de África e da Europa “tenha oportunidades significativas de contribuir na parceria entre os dois Continentes”, tendo também em vista a sexta cimeira entre a União Africana e a União Europeia, prevista para o início de 2022. “Só com um adequado espaço para o diálogo - conclui a nota - esta iniciativa será capaz de enfrentar as injustiças, promover a inclusão social e contribuir para uma paz sustentável”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

São Cosme e São Damião

S. Cosme e S. Damião | arquisp
26 de setembro

São Cosme e São Damião

Cosme e Damião eram irmãos e cristãos. Na verdade, não se sabe exatamente se eles eram gêmeos. Mas nasceram na Arábia e viveram na Ásia Menor, Oriente. Desde muito jovens, ambos manifestaram um enorme talento para a medicina. Estudaram e diplomaram-se na Síria, exercendo a profissão de médico com muita competência e dignidade. Inspirados pelo Espírito Santo, usavam a fé aliada aos conhecimentos científicos. Com isso, seus tratamentos e curas a doentes, muitas vezes à beira da morte, eram vistos como verdadeiros milagres.

Deixavam pasmos os mais céticos dos pagãos, pois não cobravam absolutamente nada por isso. A riqueza que mais os atraía era fazer de sua arte médica também o seu apostolado para a conversão dos pagãos, o que, a cada dia, conseguiam mais e mais.

Isso despertou a ira do imperador Diocleciano, implacável perseguidor do povo cristão. Na Ásia Menor, o governador deu ordens imediatas para que os dois médicos cristãos fossem presos, acusados de feitiçaria e de usarem meios diabólicos em suas curas.

Mandou que fossem barbaramente torturados por negarem-se a aceitar os deuses pagãos. Em seguida, foram decapitados. O ano não pode ser confirmado, mas com certeza foi no século IV. Os fatos ocorreram em Ciro, cidade vizinha a Antioquia, Síria, onde foram sepultados. Mais tarde, seus corpos foram trasladados para uma igreja dedicada a eles.

Quando o imperador Justiniano, por volta do ano 530, ficou gravemente enfermo, deu ordens para que se construísse, em Constantinopla, uma grandiosa igreja em honra dos seus protetores. Mas a fama dos dois correu rápida no Ocidente também, a partir de Roma, com a basílica dedicada a eles, construída, a pedido do papa Félix IV, entre 526 e 530. Tal solenidade ocorreu num dia 26 de setembro; assim, passaram a ser festejados nesta data.

Os nomes de são Cosme e são Damião, entretanto, são pronunciados infinitas vezes, todos os dias, no mundo inteiro, porque, a partir do século VI, eles foram incluídos no cânone da missa, fechando o elenco dos mártires citados. Os santos Cosme e Damião são venerados como padroeiros dos médicos, dos farmacêuticos e das faculdades de medicina.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

http://arquisp.org.br/

sábado, 25 de setembro de 2021

XXVI DOM TEMPO COMUM - Ano B

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

Dom Paulo Cezar Costa / Arcebispo de Brasília

A Sabedoria do Discípulo do Reino

            A Palavra de Deus, deste domingo, coloca diante de nós a sabedoria do Reino. A primeira leitura mostra que a sabedoria deve ser preferida a tudo: “Preferi a sabedoria aos cetros e tronos e em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; a ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e, diante dela, a prata será como a lama”( Sb 7, 8). Quem tem a sabedoria tem tudo. A sabedoria, na Bíblia, é busca do homem e é o dom de Deus. O homem sábio é alguém que perscruta, busca conhecer as coisas, mas é também o homem que vive da Palavra de Deus, da Lei de Deus, pois Deus é o autor da sabedoria.

No Evangelho, encontramos um jovem que não consegue viver com sabedoria (Mc 10, 17-30). Ele faz uma pergunta fundamental para Jesus: Bom Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna? O desejo da vida eterna está presente no coração de todo homem, de toda mulher. Todos nós desejamos a vida e a vida eterna. A grande crise da filosofia existencialista foi quando se deparou com a realidade de que o homem era um ser para a morte. Ninguém quer morrer, queremos viver. A pergunta deste jovem é também a nossa hoje. Também nós queremos a vida eterna. Jesus responde, num primeiro momento, propondo o caminho ordinário dos judeus: os mandamentos. Mas aquele homem já trilhava um caminho de perfeição moral, ele já guardava os mandamentos. Tanto que ele responderá para Jesus: “…tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. Jesus o convida a dar um passo maior, a tornar-se discípulo: “…vai, vende tudo que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me” (Mc 10,21). Jesus o convida a trocar o tesouro da terra pelo tesouro do céu. Era preciso vender o tesouro da terra, dá-lo aos pobres, para ter o tesouro do céu. Mas este homem não tinha liberdade diante do que possuía, era apegado aos seus bens, às suas riquezas. Por isso, afasta-se triste, pois era muito rico. Não é capaz de se tornar discípulo de Jesus, não é capaz de deixar tudo por Jesus, de fazer de Jesus a única riqueza da sua vida.

Jesus vai afirmar como é difícil um rico entrar no Reino de Deus. “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mc 10, 25). A afirmação de Jesus causa admiração até nos discípulos, e talvez nos escandalize ainda hoje. Mas Jesus quer nos escandalizar mesmo, pois quem não vive com liberdade diante dos bens materiais faz deles o seu deus, o tudo da sua vida. Jesus não diz que é impossível um rico se salvar, mas remete para a onipotência de Deus: “para Deus tudo é possível” (Mc 10, 27).  Por fim, Pedro pergunta pela recompensa do discípulo: “… e nós que deixamos tudo e te seguimos?” Jesus mostra que o discípulo terá a sua recompensa aqui neste mundo e, ainda, a vida eterna, mas com perseguições.

Que esta palavra de Deus nos ajude a viver com sabedoria, vivendo bem neste mundo, mas com os olhos fixos no céu. Usemos os bens deste mundo sabendo que só Deus é o definitivo da nossa vida.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF