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terça-feira, 5 de outubro de 2021

Santa Maria Faustina Kowalski

Sta. Maria Faustina Kowalski | arquisp
05 de outubro

Santa Maria Faustina Kowalski

Não podemos dizer que exista alguma novidade numa irmã que fale sobre a Misericórdia Divina e do nosso dever de ser misericordioso. Assim como sabemos que, sob a insígnia da Misericórdia, nasceram muitas comunidades e instituições cristãs, ao longo de todos os tempos. O diferencial de santa Faustina foi ter dado vida, sob essa insígnia, a um grande movimento espiritual, justamente quando a humanidade mais carecia de misericórdia: entre as duas guerras mundiais.

Nascida na aldeia Glogowiec, na Polônia central, no dia 25 de agosto de 1905, em uma numerosa família camponesa de sólida formação cristã, foi batizada com o nome de Helena, terceira dos dez filhos de Mariana e Estanislau Kowalski. Desde a infância, sentiu a aspiração à vida consagrada, mas teve de esperar diversos anos antes de poder seguir a sua vocação. Mas desde aquela época só fez percorrer a via da santidade.

Aos dezesseis, anos deixou a casa paterna e começou a trabalhar como doméstica, na cidade de Varsóvia, da Polônia independente. Lá, maturou na oração a sua verdadeira vocação de religiosa. Assim, em 1925, ingressou na Congregação das Irmãs da Bem-Aventurada Virgem Maria da Misericórdia, adotando o nome de Maria Faustina. O carisma desse Instituto está voltado para a educação das jovens e para a assistência das mulheres necessitadas de renovação espiritual. Após concluir o noviciado e emitir os votos perpétuos, percorreu diversas casas, exercendo as mais diversas funções, como cozinheira, jardineira e porteira. Teve uma vida espiritual muito rica de generosidade, de amor e de carismas, que escondeu na humildade do seu cotidiano.

Irmã Faustina, como era chamada, ofereceu-se a Deus pelos pecadores, sobretudo por aqueles que tinham perdido a esperança na Misericórdia Divina. Nutriu uma fervorosa devoção à eucaristia e à Virgem Maria, e amou intensamente a Igreja. Com freqüência, era acometida por visões e revelações, até que seu confessor e diretor espiritual lhe sugeriu anotar tudo. Assim, em 1934 ela começou a escrever um diário, intitulado "A Divina Misericórdia em minh'alma", mais tarde traduzido e publicado em vários países.

Em seu diário, irmã Faustina escreveu que à perfeição chegamos através da união íntima da alma com Deus, e não por meio de graças, revelações ou êxtases. Ela se manteve sempre tão humilde que não acreditava, na sua própria experiência mística, um sinal de santidade. Expressou todo o seu amor ao Senhor por meio de uma fórmula muito simples, que fez questão de propagar entre os fiéis: "Jesus, confio em vós".

Consumida pela tuberculose, ela morreu no dia 5 de outubro de 1938, com apenas trinta e três anos de idade, na cidade de Cracóvia, Polônia. Beatificada em 1993, foi proclamada santa Maria Faustina Kowalski pelo papa João Paulo II em 2000. As suas relíquias são veneradas no Santuário da Divina Misericórdia, de Cracóvia.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

http://arquisp.org.br/

Beato Francisco Xavier Seelos

B. Francisco Xavier Seelos | Senza Pagare
05 de outubro

FRANCISCO XAVIER SEELOS

Nasceu no dia 11 de Janeiro de 1819, em Füssen, na região da Baviera (Alemanha). Tendo concluído os estudos filosóficos, foi admitido no Seminário em Setembro de 1842, abraçando o carisma da Congregação do Santíssimo Redentor.

Foi ordenado Sacerdote a 22 de Dezembro de 1844 em Baltimore, e dedicou-se ao apostolado dos imigrantes alemães nos Estados Unidos. Alguns meses mais tarde foi transferido para Pittsburgo, na Pensilvânia, onde trabalhou como vice-pároco de São João Neumann, superior da comunidade redentorista.

Participou nas "Missões das Paróquias" em várias localidades, distinguindo-se sempre como grande pregador, bom confessor e zeloso pastor dos pobres e marginalizados. O ponto fundamental do seu apostolado era o ensino da catequese para o crescimento da comunidade paroquial.

Cuidou também da formação de outros redentoristas, tendo sido prefeito de estudos e infundindo nos seminaristas entusiasmo, espírito de sacrifício e zelo apostólico.

Em 1860, o Bispo de Pittsburgo propôs ao Papa Pio IX o nome de Francisco Xavier Seelos como seu sucessor, mas este escreveu ao Papa pedindo que fosse nomeado outro sacerdote.
De 1863 a 1866 trabalhou como missionário itinerante em vários Estados e, quando lhe foi designada a comunidade de Nova Orleães, ali permaneceu pouco tempo, pois, na assistência pastoral a vários doentes, contraiu a febre amarela, por ele suportada com paciência e resignação, obrigando-o a limitar quase toda a atividade pastoral.

Francisco Xavier faleceu no dia 4 de Outubro de 1867.

Fonte: https://www.vatican.va/

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Um milhão de pessoas marcha pelas mulheres e contra o aborto no México

Marcha a favor da mulher e da vida na Cidade do México /
Crédito: David Ramos / ACI Prensa
Por David Ramos

Cidade do México, 04 out. 21 / 09:45 am (ACI).- Mais de 300 mil pessoas se manifestaram a favor das mulheres e da vida só na Cidade do México, somando com as marchas em outras cidades do país, cerca de um milhão de pessoas, segundo os organizadores.

Na Cidade do México, milhares de pessoas de concentraram antes das 11h ao pé do Auditório Nacional. A multidão vinda da própria capital e de outras partes do país percorreu os três quilômetros que separam o Auditório Nacional do Monumento da Independência, também conhecido como o Anjo da Independência, em meio a cânticos, lemas a favor da mulher e da defesa da vida desde a concepção.

Entre os cartazes e slogans destacaram-se as críticas aos ministros da Suprema Corte de Justiça da Nação (SCJN), que em setembro proferiram duas sentenças a favor do aborto, contra a proteção da vida desde a concepção e decidiram restringir o direito de objeção de consciência dos profissionais de saúde.

Ao chegar ao Anjo da Independência, os milhares de participantes foram recebidos por uma festa com música em homenagem às mulheres e à vida, além de vários testemunhos e mensagens de corajosas mulheres mexicanas.

No palco, um médico realizou um ultrassom em uma jovem grávida de 38 semanas, permitindo que os participantes da marcha ouvissem os batimentos cardíacos do bebê.

O coordenador da marcha, Marcial Padilla, compartilhou seu testemunho junto com sua muher Mayela Sepúlveda e com a sua filha Ana Paula, de 9 anos, que sofre de "lesão cerebral gravíssima".

“Ela não pode cuidar de si mesma, para tudo ela precisa de nós”, disseram. “É tão vulnerável como quando era um bebê antes de nascer ou recém-nascida. A doença não é um limite para o amor”.

Enquanto “alguns poderiam pensar que Ana Paula vale menos, ou que a sua vida não tem sentido”, afirmaram, “é exatamente o contrário”.

“Isso não quer dizer que seja fácil ou que não nos custe trabalho”, ressaltaram, mas destacaram que a vida de Ana Paula “por si só é maravilhosa”.

Também participou na marcha na Cidade do México Mayra Rodríguez, uma líder pró-vida que deixou a empresa multinacional de aborto Planned Parenthood depois de ver de perto a verdade sobre o aborto.

Mayra, que conseguiu vencer a Planned Parenthood no tribunal, disse: "hoje é a primeira vez que piso em minha cidade natal, em 27 anos, para marchar com vocês, como mexicana, a favor da mulher e da vida”.

“Fui diretora da maior clínica de abortos do estado do Arizona”, disse ela, o “que vi lá é o que me faz estar hoje junto com vocês”.

Lianna Rebolledo, uma conferencista católica e líder pró-vida, lembrou que foi sequestrada e estuprada aos 12 anos e ficou grávida. Lianna lamentou que muitas vezes a família e o entorno, no caso de uma mulher estuprada, pensam que “a vida da menina está destruída, que ninguém vai amá-la, que já não tem valor, e o que vai fazer com o bebê”.

"Mas sabem que isso é uma vitimização dupla", disse.

No caso dela, destacou: “quando me disseram que eu estava grávida, isso mudou a minha vida”, embora os médicos tenham aconselhado abortar.

“Mesmo sendo uma menina de 12 anos, eu me perguntei: vou deixar de ter sido estuprada se abortar? Vou me esquecer do trauma? Não, certo?”, disse.

Para Lianna, "o maior presente que a vida me deu, que Deus me deu, foi a minha filha".

"Ela, com quatro anos, me disse, mamãe, obrigado por me dar a vida", disse.

Por volta das 14h30, e em clima de festa e alegria, culminou a histórica marcha “Em favor das mulheres e da vida” na Cidade do México.

Rodrigo Iván Cortés, presidente da Frente Nacional pela Família, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que neste 3 de outubro “o México marchou, o México está de pé, o México não se rende, o México está a favor da vida, a favor da mulher, a favor da família, a favor das liberdades fundamentais”.

“Que nos ouçam os três poderes da união: Executivo, Legislativo e Judiciário”, disse, assim como os níveis “federal, estadual e municipal”.

“Que ouçam alto e claro: não queremos mais morte, queremos mais vida, não queremos que legalizem o crime do aborto, queremos que protejam a mulher grávida e o bebê que leva dentro. Não queremos que redefinam a família, mas que a apoiem".

“Não que violem as liberdades fundamentais, mas que as respeitam, começando pela liberdade de consciência e de religião. Em concreto, o que é o direito à objeção de consciência do setor saúde: não podem os obrigar a matar inocentes”, exigiu.

Confira também:

Direção espiritual (o sacerdote: pastor, pai, médico, mestre, juiz) (Parte 1/3)

Presbíteros

Pe. Francisco Faus

Direção espiritual

Introdução

Antes de entrar no tema, parece conveniente ter em conta três considerações prévias:

A) Em primeiro lugar, é patente a importância que o Magistério (Papa, Congregação do Clero) vem dando ultimamente ao tema da direção espiritual pessoal. Ao longo de vários decênios, como sabemos, esta tem sido uma prática um tanto descuidada: não raramente, p.e., em alguns seminários, a direção espiritual tem-se limitado quase que exclusivamente à orientação coletiva, por meio de palestras, meditações e retiros, etc., coisa importante, mas insuficiente.  Vê-se claramente que está havendo agora um desejo de que seja resgatada a prática da direção espiritual no sentido clássico de orientação individual, pessoal.  Assim, por exemplo:

a) A Ex. Ap. Pastores dabo vobis (25/3/1992), ao tratar da pastoral vocacional, enuncia um programa que é válido para todos: «É preciso redescobrir a grande tradição do acompanhamento espiritual pessoal, que sempre deu tantos e tão preciosos frutos na vida da Igreja» (n. 40).

b) Posteriormente, o Diretório para o ministério e a vida do presbítero, da Congregação para o Clero (31/1/1994), afirma: «Paralelamente ao Sacramento da Reconciliação, o presbítero não deixará de exercer o ministério da direção espiritual. A descoberta e a difusão desta prática em momentos diversos da administração da Penitência é um grande benefício para a Igreja no tempo presente» (n. 54) [1].

B) Em segundo lugar, como acabamos de ver, o Diretório recomenda o atendimento da direção espiritual em momentos diversos da confissão (com mais calma, com mais tempo). Isso é sempre possível, em maior ou menor medida, a todos os sacerdotes. No entanto, àqueles sacerdotes que julguem sinceramente não ter tempo para tanto, vale a pena recordar que toda confissão, administrada com espírito de fé e de caridade, pode e deve ser também direção espiritual. Lembremos o Santo Cura d’Ars – referencial para nós neste Ano Sacerdotal -, que, mesmo quando só podia dar conselhos brevíssimos na confissão, rasgava horizontes às almas, elevava, orientava, despertava, suscitava em muitos a inquietação vocacional, etc. Seus conselhos eram como dardos de fogo dirigidos ao ponto certo de cada alma, e mudavam vidas, com a graça de Deus.

C) Em terceiro lugar, um esclarecimento: esta conferência estará centrada, fundamentalmente, no tema da Direção espiritual em si,  de modo que não trataremos da confissão, objeto de várias intervenções neste Curso [2].

A exposição estará subdividida em três partes:

1) Qual a finalidade da direção espiritual?

2) Quais as condições pessoais do diretor espiritual?

3) Como exercer a prática da direção espiritual?

I. Qual a finalidade da direção espiritual?

A finalidade da direção espiritual só pode ser bem compreendida à luz de alguns conceitos básicos da antropologia cristã e da teologia espiritual, que convém ter sempre presentes.

             A) A antropologia sobrenatural cristã evidencia que o cristão não pode ser compreendido nem ajudado apenas por meio das ciências humanas (psicologia, pedagogia, sociologia, etc.), uma vez que é, ontologicamente (não só moralmente), uma criatura nova (2 Cor 5,17), um homem novo (Ef 4,24), em quem foi restaurada, pelo batismo, a semelhança  com Deus (Catecismo da Igreja Católica [CEC], n. 734, 1701, etc.), pois foi feito, pela graça do Espírito Santo, participante da natureza divina (2 Ped 1,4 e CEC, n. 460).

É muito esclarecedor o processo que se observa – não de modo linear, mas quase que “em espiral ascendente” (como diria Romano Guardini) -, no Evangelho de São João, para ilustrar a vida nova do homem novo:

a) Já no prólogo, São João afirma que, aos que crêem em Cristo, Ele deu-lhes o poder de se tornarem [portanto, trata-se de uma transformação] filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus (Jo 1, 12-13). É uma “nova criação”;

b) No cap. 3, na conversa com Nicodemos, Jesus declara: Quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus (Jo 3,5). É uma referência evidente à necessidade do novo nascimento para a vida nova que se opera pelo Batismo;

c) No cap. 3, ao conversar com a Samaritana, Cristo dá mais um passo e ilustra essa vida nova com a imagem da água que não pára de jorrar e subir: O que beber da água que eu lhe der, virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna (Jo 4,14). É uma referência ao dinamismo da vida sobrenatural do cristão, chamada a crescer sem cessar, até desabrochar plenamente na vida eterna (cf. 1 Jo 3,2);

d) Finalmente, na festa dos Tabernáculos, o Evangelho de João explicita claramente que essa “água” é a graça do Espírito Santo. Jesus, de pé, clamou: Quem crê em mim, como diz a Escritura, “do seu interior manarão rios de água viva”. Dizia isso referindo-se ao Espírito Santo que haviam de receber os que cressem nele (Jo 7,38-39). Cf. também, por exemplo, Rm 5,5, Rm 6,4, etc, etc.

Essa nova vida brota, por assim dizer, da chaga do peito de Cristo crucificado (Jo 19,34), uma vez consumado o Sacrifício redentor, que tem como “fruto” o envio do Espírito Santo (emisit Spiritum: Mt 27,50), do “santificador” (Rm 1,4), daquele que – conforme gosta de frisar a tradição teológica oriental – nos “deifica”, nos “diviniza”, nos “cristifica” (cf. Rm 8,29; Gál 2,20). [3]

B) Por seu lado, a teologia espiritual, com base nos dados da antropologia cristã, entendida à luz da Revelação, explica que o Espírito Santo, ao criar em nós uma “vida nova”, impanta na nossa alma um “novo organismo”, o que a teologia ascética e mística clássica (p.e. Garrigou-Lagrange, Royo Marin), e também o Catecismo da Igreja (n. 1266), chamam “o organismo da vida sobrenatural do cristão”: a graça santificante é infundida na essência da alma, e as virtudes  e dons do Espírito Santo, nas potências da alma (inteligência, vontade…).

a) O Catecismo da Igreja Católica, no n. 1266, explica assim esse “organismo”:

«A Santíssima Trindade dá ao batizado a graça santificante, a graça da justificação, a qual

– torna-o capaz de crer em Deus, de esperar nele e de amá-lo por meio das virtudes teologais;

– concede-lhe o poder de viver e agir sob a moção do Espírito Santo, por seus dons;

– permite-lhe crescer no bem pelas virtudes morais.

Assim, todo o organismo da vida sobrenatural do cristão tem a sua raiz no santo Batismo».

Isso significa que a direção espiritual deve consistir, principalmente, em orientar e ajudar o dirigido a alimentar e aumentar a vida da graça, a cultivar as virtudes (teologais e morais ou humanas), e a buscar uma purificação e união com Deus cada vez maiores, de modo a se tornar capaz de secundar com delicadeza as moções do Espírito Santo, que não cessa de impelir para uma vida santa por meio dos seus dons.

b) Ao mesmo tempo, a teologia espiritual ensina que as fontes da graça, comunicada pelo Espírito Santo, resumem-se fundamentalmente em três:

1) Os sacramentos (particularmente, na prática da direção espiritual, os da Reconciliação e da Eucaristia);

2) A oração (pela sua eficácia impetratória e transformadora);

3) O mérito sobrenatural, ou seja, o amor sobrenatural com que se praticam os atos das virtudes e dos deveres (Cf. CCE nn. 2010 e 2011). Esses atos das virtudes e dos deveres abrangem, permeiam, todos e cada um dos aspectos da vida, desde os mais importantes até os mínimos.

Portanto: a direção espiritual deverá cuidar de que o dirigido:

– incremente e melhore a participação no Sacramento da Reconciliação, na Santa Missa, nas devoções eucarísticas;

– amadureça na vida de oração (oração vocal, mental, contemplativa, lectio divina, devoções sólidas);

– aprenda a viver as virtudes teologais e morais no seu próprio estado de vida, no dia a dia, e a santificar os seus deveres (familiares, profissionais, sociais etc.).

c) Finalmente, a teologia espiritual nos lembra que a meta da direção espiritual é, na realidade, a própria meta da vida cristã: a santidade.

Na Carta Apostólica Novo millennio ineunte, João Paulo II quis lembrar, com forte insistência, um ensinamento central do Concílio Vaticano II, ensinamento que Paulo VI considerava o “ponto central” desse Concílio: a chamada universal à santidade: «Os cristãos de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade» (Lumen gentium, n. 40).

Com base nessa proclamação do Concílio, João Paulo II , ao propor o “programa pastoral” da Igreja para o novo milênio quis destacar, com uma ênfase toda especial, essa “chamada universal à santidade”, salientando dois “princípios” que jamais se podem perder de vista, quer na luta pessoal, quer na direção de almas:

1) «O horizonte para o qual deve tender todo o caminho pastoral é a santidade» (Novo millennio ineunte, n. 30) [4];

2) «Não se trata de inventar um “programa novo”. O programa já existe: é o mesmo de sempre, expresso no Evangelho e na Tradição viva. Concentra-se, em última análise, no próprio Cristo, que temos de conhecer, amar e imitar » (Ibid., n. 29).

Notas:


[1] Cf. também: Congregação para o Clero, O Presbítero, mestre da Palavra, ministro dos Sacramentos e guia da comunidade, em vista do terceiro milênio (19/3/1999), cap. IV, par. 3; Instrução da Congregação para o Clero, O presbítero, pastor e guia da comunidade paroquial (14/8/2002), n. 27, etc.[2] As funções do diretor espiritual como pastor, médico, pai, mestre e juiz irão sendo focalizadas, em particular, de modo sintético, na última parte da exposição.

[3] «O Espírito Santo – explica São Josemaria Escrivá – é o Espírito enviado por Cristo para realizar em nós a santificação que Ele [Cristo] nos mereceu na terra» (É Cristo que passa, n. 130). E S. Cirilo de Alexandria diz: «O Espírito Santo não é um artista que desenhe em nós a divina substância como se fosse alheio a ela; não é assim que nos conduz à semelhança divina. Sendo Deus e procedendo de Deus, Ele mesmo se imprime nos corações que o recebem, como o selo sobre a cera e, dessa forma, pela comunicação de si mesmo e pela semelhança, restabelece a natureza consoante a beleza do modelo divino e restitui ao homem a imagem de Deus» (Tesouro da santa e consubstancial Trindade, 34).

[4] A Instrução da Congregação para o Clero O presbítero, pastor e guia da comunidade paroquial (14/8/2002), frisa insistentemente, na esteira da Carta Novo millennio ineunte, que a primeira prioridade pastoral é a santidade, sendo este «o principal desafio pastoral no contexto do tempo presente», de modo que se torna preciso ensinar e lembrar incansavelmente a todos que «a santidade constitui a meta da existência de cada cristão […]. A pedagogia da santidade é um desafio, tão exigente como atraente, para todos os que na Igreja detêm responsabilidade de guia e formação» (n. 28).

Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

O que é um eremita?

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Por Vanderlei de Lima

É um modelo belo de seguimento a Cristo mais de perto e está aberto a homens e mulheres de todos os tempos e lugares.

A palavra eremita vem do Latim eremus (= deserto) e designa, originalmente, aquele que se retirava para o deserto a fim de lá viver entregue a Deus na oração, no silêncio e na solidão. É considerado o primeiro tipo de vida consagrada masculina na Igreja. Depois, também mulheres o abraçaram.

Dois tipos

Podemos distinguir, para efeito de legislação canônica, dois tipos de eremitas: os ligados a uma Associação ou Instituto reconhecido pela autoridade eclesiástica competente, com sua Regra de vida própria, e os autônomos, regidos pelo cânon 603 do Código de Direito Canônico, de 1983.

Os ligados a uma Associação ou Instituto aprovado pela Igreja vivem de modo isolado, mas emitem seus votos (ato canônico juridicamente válido) aos superiores da instituição que entraram. Os chamados autônomos, por não estarem ligados a uma instituição que abriga esse tipo de vida, fazem seu compromisso (votos ou algo equivalente) nas mãos do Bispo Diocesano e seguem suas diretrizes. Diga-se que tanto uma como outra modalidade de eremitismo não deve ser vista como fuga da realidade (o que não seria sadio), mas, sim, como entrega a Deus em favor dos (as) irmãos(ãs).

Consagrado

O eremita é um consagrado (monge) que faz a profissão dos chamados conselhos evangélicos de pobrezacastidade e obediência ligando-se, assim, à vida de santidade da Igreja (cf. Lumen Gentium, n. 44).

Em comentário, notamos que esses três votos clássicos da consagração se opõem aos três obstáculos de santificação apresentados na Sagrada Escritura. Com efeito, diz São João: “O que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não vem de Deus” (1Jo 2,16). Ora, é a essa tríplice concupiscência que a Igreja oferece seus remédios eficazes: à concupiscência da carne, o voto de castidade; à concupiscência dos olhos, o voto de pobreza e à concupiscência da soberba da vida, o voto de obediência.

Estilo de vida

Isso posto, pergunta-se: como vive um eremita? – Vive na busca de perfeição a que todos os cristãos somos chamados (cf. Mt 5,48) por meio da oração pública da Igreja – a Santa Missa e a Liturgia das Horas distribuída nos vários momentos do dia – bem como da oração particular do fiel: o Rosário, a Meditação da Sagrada Escritura entre outras tantas formas de preces a Deus em favor dos necessitados (pobres, idosos, doentes, perseguidos etc.). Busca, ainda, na caridade, atender aos pedidos de orações ou de conselhos que lhe chega. Também estuda, trabalha e se exercita na sadia caridade pastoral.

No campo material, sustenta-se, dentro da simplicidade, com o que a Divina Providência lhe concede pelos frutos de um trabalho condizente com seu estado de vida e por meio das doações de todos aqueles que reconhecem nessa modalidade de viver um grande bem para a Igreja e para a Humanidade inteira. Afinal, a oração é a alma da alma.

É um modelo belo de seguimento a Cristo mais de perto e está aberto a homens e mulheres de todos os tempos e lugares.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF