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quarta-feira, 6 de outubro de 2021

A indústria do aborto

Editora Cléofas

A indústria do aborto

Vale a pena ler esta entrevista…

Há tempos, muitos estão interessados na aprovação do aborto no Brasil, para poderem se enriquecer com as chamadas “clínicas de aborto”, abundantes nos EUA e nos países onde ele é legalizado.

Abaixo você poderá ler uma entrevista um pouco antiga, mas que parece possuir o conteúdo um tanto atual. Continuamos vivendo essa luta contra o aborto. É preciso que conheça o que pode acontecer nessas clínicas abortistas e o quanto isso fere o coração humano e o coração de Deus.

A revista Pergunte e Responderemos (nº 349 – Ano 1991 – p. 277) trouxe o artigo “Tornei-me rica mediante o aborto”. Conta a história da Sra. Carol Everett, que foi proprietária de duas Clínicas de Aborto nos Estados Unidos e Diretora de duas outras desde 1977 até 1983, logo depois que se legalizou tal prática nos Estados Unidos. Deixou este ramo de trabalho, porque se converteu ao Cristianismo. Ela foi entrevistada por Marta Scheiber, e descreveu os procedimentos das Clínicas de Aborto, voltados principalmente para o lucro financeiro, iludindo e manipulando as suas clientes.

Ela conta os bárbaros métodos aplicados para eliminar as crianças, e os artifícios usados para que as mães superem a dor e o trauma do aborto.

Conheça as suas declarações:

Repórter: Qual foi o motivo que a envolveu na indústria do aborto?

Carol Everett: Eu estava procurando uma razão para justificar meu próprio aborto. Finalmente encontrei-me a trabalhar com um homem que se tornou proprietário de quatro Clínicas de Aborto. Rapidamente, mediante habilidade de mercado, os seus negócios se duplicaram. Cada vez que eu vendia a ideia do aborto, eu justificava o meu próprio aborto.

Notei que os rendimentos de meu patrão aumentaram de 25.000 para 125.000 dólares por ano em duas Clínicas. Eu desejava parte desse dinheiro, pois sabia que era resultado de meus esforços. Por isto entrei no escritório do patrão e lhe disse: “Eu dupliquei seus lucros, quero os juros dos negócios”. Ele, porém, muito delicadamente me respondeu: “Não!” Pus um anúncio nas páginas amarelas do catálogo telefônico oferecendo a minha própria Clínica de Abortos, que conseguiria abrir seis meses após a publicação desse anúncio.

R.: Por que você se refere ao aborto como indústria?

C.E.: Porque é a maior indústria não controlada do nosso país. A maioria das Clínicas trabalham em cadeia por causa do seu grande rendimento. Diga-me: em que outro lugar pode alguém como eu ganhar no mínimo 150.000 dólares por ano?

Eu lucrava 25 dólares por cada aborto, de tal modo que eu sabia exatamente quanto dinheiro produzíamos. No último mês em que trabalhei nessa indústria, realizaram-se 545 abortos, que trouxeram para o meu bolso a quantia de 13.625 dólares.

Vi três médicos repartirem entre si 4.500 dólares por três horas de trabalho. Imagino que o lucro é muito maior atualmente, mas tal quantia não ficava mal para três horas de trabalho num sábado de manhã.

R.: Você abria a Clínica nos dias de semana?

C.E.: Sim. Os domingos eram os dias mais rendosos. A maioria das mulheres deseja ser despachada e sair rapidamente.

Sabem que o aborto é algo de mau, principalmente quando praticado num domingo, de tal modo que não fazem perguntas nos domingos. Pode-se trabalhar com uma infraestrutura mínima, porque a mulher que vem para abortar num domingo, está decidida. Nós fazíamos de 15 a 20 abortos nos domingos em duas ou três horas! Enquanto todos estavam participando do culto na igreja, nós estávamos fazendo abortos.

R.: Quanto custava um aborto?

C.E.: Naquela época custava de 185 a 1.250 dólares o aborto no segundo ou no terceiro trimestre da gestação. O preço era calculado segundo o número de semanas da gestação. Quando menos de doze semanas, saía por 185 dólares; quando de treze a quatorze semanas, 250 dólares; e, de quatorze a quinze semanas, ficava por 375 dólares. Os abortos mais especializados, que exigiam anestesia geral, saiam por 1.250 dólares. Tais abortos eram realizados no segundo ou no terceiro trimestre de gestação. Os abortos podem ser provocados por medicamentos orais ou, se a pessoa tem dinheiro, são efetuados com anestesia geral. Nunca se fazem gratuitamente!

R.: Nas Clínicas negava-se o aborto às mulheres que não pudessem pagar o preço completo?

C.E.: Quando eu trabalhava na indústria do aborto, uma jovem de 18 anos queria submeter-se a um aborto, mas só possuía 50 dólares; tinha 18 ou 19 semanas de gestação, o que exigia 450 dólares para cobrir as despesas todas do aborto. Recorreu a várias Clínicas de Aborto em Dallas, mas nenhuma delas quis fazer o aborto gratuitamente, de modo que ela caiu nas mãos de um aborteiro ilegal, que todos supunham estar aposentado. Ele lhe praticou o aborto e ela morreu.

R.: Como você anunciava suas Clínicas?

C.E.: Investíamos 350.000 dólares por ano em anúncios de propaganda: 250.000 dólares nas páginas amarelas, 50.000 em publicidade de periódicos e o restante em propaganda direta pelo Correio, quando mandávamos cupons de desconto.

Nosso lema era: “Sonda o teu mercado, e faça tua propaganda onde o público a possa perceber”. Usávamos o método de cupons para comprovar os efeitos da publicidade…

R.: Que estratégia de mercado utilizavam?

C.E.: A mulher procurava a Clínica de Aborto para ser informada sobre as alternativas que estavam à disposição. Pagávamos a uma conselheira, para que vendesse o produto (a recomendação de aborto); era um processo simples, seguro e legal de “manipular o problema”. Que a mulher simplesmente trouxesse o seu dinheiro e viesse! Aos conselheiros de aborto paga-se melhor do que a outros tipos de conselheiro, e eles creem no produto que transmitem.

R.: Que tipo de conselhos se oferecia nas Clínicas?

C.E.: Nas Clínicas em que trabalhei, não dávamos conselhos. Apenas respondíamos às perguntas que as mulheres nos faziam, e tratávamos de “não revolver a terra”. Não discutíamos as alternativas do aborto senão quando as clientes o exigiam.

Todas as mulheres perguntavam a mesma coisa: “O que trago, é um bebê?” Respondíamos-lhes: “Não; é apenas um produto da concepção (um coágulo sanguíneo ou uma formação de tecidos)”. – “Vai doer?” – “Não; você sentirá apenas uma sensação leve de contrações ou câimbras”.

A maioria das mulheres sofreram dores e as sobrepujaram, de modo que julgam que tal procedimento não é demasiado doloroso. Não obstante, o aborto é extremamente doloroso!

Na entrevista a conselheira tratava de determinar a causa pela qual a mulher queria abortar, não tanto para ajudá-la, mas para justificar a decisão de abortar.

R.: Era proporcionada ajuda psicológica após o aborto?

C.E.: Dizíamos às clientes que tal ajuda estava à sua disposição, caso dela necessitassem; mas na sala de recuperação usávamos técnicas para desalentar todo contato futuro a menos que fosse para outro aborto. Dizíamos às clientes: “Dentro de sete a dez dias, você se sentirá deprimida; isto durará alguns dias. Mas não se preocupe com isso. Quando a mulher dá à luz uma criança, ela também passa por um período de depressão posterior ao parto”.

Em consequência, quando a mulher começa a tomar dolorosamente consciência de que “matou seu bebê”, pensa que esse sentimento é normal em virtude da atividade dos hormônios. Ela é induzida a reprimir esses sentimentos naturais.

Não obstante, uma menina de treze anos, certa vez, veio à Clínica para fazer o exame rotineiro de verificação duas semanas após ter abortado. Tal exame é feito não tanto para se chegar à certeza de que ela está passando bem, mas para averiguar se já não existe gravidez. Ora a menina não saía do quarto da consulta após muito tempo decorrido. Quando lá entramos, descobrimos que estava cortando as suas veias!

R.: Que métodos abortivos eram aplicados na sua Clínica?

C.E.: A maioria de nós que praticávamos a indústria do aborto, deixamos de usar os processos do sal e da prostaglandina, pois deixavam escapar muitas criancinhas ainda vivas. Uma criancinha eliminada ainda com vida implica que esperemos que morra, ou exige que nos desembaracemos dela de maneira muito grosseira.

A maioria dos que realizam abortos no segundo ou terceiro trimestre de gestação, utilizam o método de dilatação e evacuação. O aborteiro se serve de pinças grandes para despedaçar o bebê dentro do útero e retirá-lo em fragmentos.

Evita-se de todo modo o efeito secundário do nascimento da criança viva… Todavia tal processo é horrível, porque o bebê tem que ser reconstruído fora do seio materno para se ter certeza de que todos os seus pedaços foram extraídos.

R.: Como é que você eliminava o bebê abortado?

C.E.: Em nossas Clínicas nós o colocávamos num triturador de dejetos. Usávamos os modelos mais potentes. Algumas das estruturas do bebê no segundo e no terceiro trimestres são tão fortes que não se destruíam no triturador, de modo que tínhamos de jogá-las fora em bolsas de lixo.

R.: Conhece mulheres a quem o abortamento tenha sido aplicado sem que estivessem grávidas?

C.E.: Sim; acontecia que mulheres que não estavam grávidas, consultavam o médico antes de se praticar o aborto. Eram submetidas a uma sonografia, e se fixava o ponteiro do sonógrafo num ponto-chave do útero. Dizia então o médico: “Veja, você está grávida”. A mulher, que geralmente não sabe ler um sonograma, aceitava a opinião do perito e pedia o aborto de que ela não necessitava.

R.: Qual foi a menina mais jovem que você viu entrar na Clínica para abortar?

C.E.: A mais jovem que vi, foi uma menina de onze anos. A mais jovem de que tive notícia, tinha nove anos. Paralelamente, num Centro Clínico para atender a casos de gravidez, trataram de uma menina de dez anos, que depois deu à luz um bebê saudável.

R.: Qual é a última etapa da gestação na qual ainda se pode praticar o aborto?

C.E.: O bebê maior que vi abortado, tinha 32 semanas.

R.: Diz-se que praticar um aborto é experiência sem riscos. Conte alguns dos problemas que você presenciou em mulheres que procuraram a sua Clínica.

C.E.: Estávamos praticando a dilatação traumática de um dia, que tem elevado índice de complicação. Fazíamos 500 abortos por mês, matávamos ou mutilávamos uma mulher sobre quinhentas.

As complicações mais comuns eram as deformações ou os deslocamentos do útero. Muitas terminavam em ablação do útero. Às vezes o médico cortava o canal urinário, que requeria remodelação cirúrgica. Uma complicação que raramente se menciona, mas que ocorre, é a perfuração do intestino por parte da vagina – o que exige finalmente uma colostomia.

Em alguns casos, a colostomia é reversível, mas algumas mulheres têm que viver com ela para o resto da vida.

R.: Como as Clínicas de Aborto encobrem os óbitos que ocorrem durante um aborto?

C.E.: As Clínicas de Aborto nunca aceitam a responsabilidade pelas complicações ocorrentes. Limitam-se a dizer que não foram de sua culpa. A preocupação dos profissionais, no caso, não é a paciente; é, sim, proteger a reputação do médico e manter o nome da Clínica. Para se proteger, eles podem utilizar a família do paciente. Sentem-se culpados e sofrem as emoções decorrentes da situação criada; não querem passar pelo momento amargo de expor a verdade aos meios de comunicação social.

R.: Que motivo afastou você da indústria do aborto?

C.E.: Foi minha conversão religiosa. Viajo e converso com mulheres que cometeram aborto, nunca encontrei alguma que se tenha curado do aborto sem ter tido um encontro pessoal com Nosso Senhor Jesus Cristo. Entrei numa crise muito dolorosa. Mas Deus me enviou uma série de pessoas incrivelmente boas, que me ajudaram e instruíram durante todos estes anos.

R.: Que fez você com as Clínicas?

C.E.: Vendi-as, mas os compradores não me pagaram dentro dos prazos previstos. Denunciei-os à Justiça e entramos em acordo fora do Tribunal. Tudo o que recebi, doei ao Fundo Pró-Vida, a fim de ajudar as mulheres grávidas que têm problemas.

R.: Que conselhos daria você a uma mulher que pense em submeter-se a um aborto?

C.E.: Primeiramente eu a ajudaria a tomar consciência das mudanças que estão ocorrendo em seu corpo durante a gravidez. Ajuda-la-ia a compreender que o seu bebê é realmente uma pessoa.

Numa situação tal, é preciso tratar de equacionar o problema. Geralmente há uma só razão que impede de continuar a gestação no caso mais comum: é o medo de que se descubra o seu tipo de atividade sexual. Devemos apoiar e ajudar tal mulher, qualquer que seja sua necessidade. Temos que ser bons vendedores, como são os abortistas, com a única diferença de que temos a verdade em nosso favor. Estude com tal mulher todas as alternativas para evitar o aborto.

Retirado do livro: “Aborto? Nunca!”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Papa Francisco: o diabo será derrotado no fim do mundo

Antoine Mekary | ALETEIA
Por Francisco Vêneto

"Talvez alguém diga: mas isto é muito antiquado. Não: é a verdade, e a verdade não é moderna nem antiquada, é a verdade."

O diabo será derrotado no fim do mundo, recordou o Papa Francisco no último sábado, 2 de outubro, festa litúrgica dos santos Anjos da Guarda. Na ocasião, ele presidiu a Santa Missa na Gruta de Lourdes, dentro dos Jardins do Vaticano, para o Corpo da Gendarmaria do Vaticano.

Francisco tratou da luta final narrada no livro do Apocalipse entre o exército dos anjos fiéis a Deus, comandados por São Miguel Arcanjo, e o demônio, eterno inimigo que, porém, será derrotado definitivamente. O Papa reforçou:

“Ocorrerá a vitória definitiva de Deus sobre o mal e Ele estará guiando o exército de anjos nessa luta final”.

O Papa também recordou que essa batalha se deve a escolhas livres dos seres criados por Deus: alguns anjos se rebelaram contra Ele; depois também os homens optaram por caminhos que os afastavam de Deus.

“A destruição da nossa harmonia é obra do diabo”

“[No início da criação] tudo é harmonioso, tudo está em equilíbrio, mas num equilíbrio não matemático: um equilíbrio humano. Após esta harmonia, onde o homem encontra a mulher e eles são uma só carne, algo acontece: a serpente seduz. E essa harmonia entre homem e mulher é destruída. Sempre há uma serpente, ou seja, o diabo. O diabo sempre age contra o homem por inveja. A destruição da nossa harmonia é obra do diabo”.

Francisco deu exemplos:

“Tantas inimizades, tantas guerras que quebram a harmonia. Isso é obra do diabo. Esta é a ‘missão’ do diabo: destruir a harmonia, destruir a beleza que Deus criou para nós. E é por isso que Jesus veio, para dar a sua vida e resolver este problema, vencendo o diabo na cruz”.

O Papa prosseguiu:

“Quantas vezes temos ansiedades, problemas, perdemos o equilíbrio, perdemos a paz, perdemos a harmonia! Quantas vezes as pessoas gritam umas com as outras, nós gritamos e a paz se perde. As pessoas não ouvem as outras e a paz se perde. Quem sempre faz tudo isso? O diabo. As guerras são obra do diabo, não tenho medo de dizer isso. Talvez alguém diga: ‘Mas isto, padre, é muito antiquado’. Não: é a verdade, e a verdade não é moderna nem antiquada, é a verdade”.

O diabo será derrotado no fim do mundo

Francisco recordou que o diabo faz tudo o que faz por inveja. Mas enfatizou que ele não triunfará:

“Para nos defender, Deus nos deu os anjos que nos acompanham. E o chefe dos anjos é São Miguel. Ele combate a última batalha contra o diabo. Não podemos nos esquecer de rezar a ele e também a esse exército de anjos que tem um chefe valente, que é São Miguel. Em nossa luta de cada dia: todos os dias devemos lutar, porque não é fácil viver; a vida cristã não é fácil: sempre há dificuldades”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Polícia italiana recupera bula papal do século XVI desaparecida há mais de cem anos

Guadium Press
O documento, que havia sido emitido pelo Papa Bento XI no ano de 1304, estava em um catálogo de uma casa de leilões, sendo ofertado pelo valor 100 euros.

Itália – Sicília (05/10/2021 17:08, Gaudium Press) Após ficar por um longo período desaparecida, uma bula papal do século XIV dirigida ao Santuário carmelita de Nossa Senhora do Monte Carmelo em Messina, Sicília, foi recuperada pela polícia e devolvida aos frades carmelitas da Antiga Observância.

Bula Papal foi emitida pelo Papa Bento XI no ano de 1304

O documento, que havia sido emitido pelo Papa Bento XI no ano de 1304, estava em um catálogo de uma casa de leilões, sendo ofertado pelo valor 100 euros. Assim que o documento foi identificado, a polícia foi alertada e a divisão especial que lida com artefatos históricos roubados ou perdidos entrou em ação.

A bula papal foi oficialmente devolvida à congregação religiosa através de uma cerimônia solene no Santuário da Basílica Carmelita de Nossa Senhora da Anunciação em Trapani, Sicília. O ato contou com a presença Padre Mario Alfarano O.Carm, arquivista geral da Ordem; do Padre Roberto Toni O.Carm, prior provincial da Província italiana; e de outros religiosos.

Documento pontifício desapareceu após um terremoto em 1908

Atendendo ao pedido das Carmelitas para serem transferidas da Catedral de Messina para a Igreja de San Cataldo, o Papa da época emitiu esse documento. Segundo o Padre Alfarano, o pedido surgiu após os cónegos da catedral se queixarem de que o barulho do convento carmelita interrompia os seus serviços religiosos.

Depois de um terremoto que destruiu a Igreja e o convento das Carmelitas no ano de 1908, o documento foi considerado perdido. Por conta dos danos sofridos, a bula papal será enviada para restauração. Como suas cópias já existem, as partes onde as palavras esmaeceram também podem ser restauradas. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Direção espiritual (o sacerdote: pastor, pai, médico, mestre, juiz) (Parte 3/3)

Presbíteros
Pe. Francisco Faus

III. Como exercer a prática da direção espiritual?

Podemos refletir sobre este ponto lembrando o esquema clássico das funções do confessor, que também se aplicam ao diretor espiritual: pastor, pai, médico, mestre e juiz (prescindiremos agora da função de juiz, que é mais específica da administração do Sacramento da Penitência: Cf. Jo 20,22-23).

Pastor

A parábola do Bom Pastor (Jo 10,1 ss.), ensina-nos que este conhece as suas ovelhas e as chama pelo nome. Isso significa que cada alma, cada uma, é única aos olhos de Deus, e é um “universo“. Por isso, não há receitas genéricas e estereotipadas, válidas para todos, mas é preciso, tanto quanto possível, um esmerado atendimento pessoal. Já víamos, no início da conferência, que não basta a direção espiritual “coletiva”, por importante que seja (palestras, meditações pregadas, etc.).

Essa forma de proceder é um dos modos de dar a vida pelas ovelhas, porque assim, dispondo-se a um atendimento pessoal, o padre disponibiliza, em favor dos fiéis, o seu tempo, o seu lazer, os seus interesses particulares. Entrega-se. Concretamente, é preciso um empenho sacrificado do sacerdote para organizar os seus horários, de modo a reservar o tempo necessário ao atendimento personalizado (além de ser também generoso, sempre que possível, com os fiéis que o procuram fora de horas).

Cristo, o Bom Pastor, disse que veio para que tenham vida e a tenham em abundância. A direção espiritual, portanto:

a) deve alimentar abundantemente a “vida” espiritual do dirigido, facilitando-lhe as orientações concretas para que essa vida se renove e cresça. O dirigido deveria tirar de cada conversa com o diretor espiritual alguma coisa viva, “prática”, que possa encarnar no dia a dia;

b) a direção irá bem quando o interessado, em cada conversa, começar lembrando os propósitos que foram concretizados na conversa anterior;

c) neste sentido, o diretor espiritual deverá pedir luzes ao Espírito Santo para acompanhar o crescimento das almas pelo plano inclinado adequado a cada uma delas. Para cada alma, deverá  achar o ritmo, às vezes rápido, às vezes lento ou até muito lento (trabalho de anos e anos), que a faça crescer, sem desanimar nem desistir quando percebe que demoram a perceber-se os frutos da direção.

É importante que o diretor saiba convencer com alegria a pessoa dirigida, de modo que ela própria, livremente, deseje e queira fazer o que o diretor sugere (porque o diretor só sugere, não manda). Agindo assim, chegará um momento em que a alma que dirige já não se limitará a esperar passivamente os conselhos, mas se adiantará sugerindo “iniciativas”, consultando possíveis lutas, metas novas que sente que Deus lhe pede: sinal de que está tendo vida interior e tornando-se sensível às moções do Espírito Santo.

Convém recordar também que as almas, normalmente,  não crescem tanto por “acúmulo” (mais práticas, mais devoções, mais mortificações…), como por “intensidade“. Certamente, ao longo do tempo, muitas vezes será preciso “aumentar” as práticas e os horários dedicados à vida espiritual e ao apostolado, mas quase sempre o conselho mais eficaz consistirá em sugerir um modo bem concreto e prático de melhorar a qualidade e a intensidade de algum ponto de luta (aprofundar numa prática de piedade, pôr mais ordem no plano espiritual, melhorar o modo de orar, crescer na caridade com determinadas pessoas, santificar detalhes do trabalho diário, lutar contra defeitos do caráter, etc).

Como é lógico, convém examinar e comentar com frequência, na direção, como vão as grandes colunas que sustentam  edifício espiritual: sacramentos, vida de oração, “lectio divina”, virtudes fundamentais

Finalmente, a experiência indica que, para garantir a eficácia da direção, convém que o sacerdote, ao conversar com o irigido, se centre nos temas próprios, específicos, da direção espiritual. Poderia atrapalhar a eficácia da direção meter-se imprudentemente em problemas não espirituais nem morais da pessoa, como assuntos financeiros relativos à sua empresa, escola ou loja, aconselhamento sobre organização econômica familiar (investir nisso, aplicar naquilo, etc.), aconselhamento de medicinas alternativas, etc.

Pai

Como um bom pai [10], que quer o verdadeiro “bem” dos filhos, o diretor espiritual deve saber compaginar a compreensão com a exigência.

Um sacerdote bondoso, “paizão“, pode ser muito querido, mas quase com certeza vai “mal-criar” as almas, vai deixá-las enfraquecidas, com vida interior muito frágil. A típica “mãe condescendente” acaba sendo “cúmplice” dos erros e do fracasso moral do filho. Neste sentido, João Paulo II dizia que, hoje, os que se contentassem com uma «oração superficial» seriam «não apenas cristãos medíocres, mas cristãos em perigo» (Novo millennio ineunte, n. 34).

A experiência evidencia que o diretor que se limita a “consolar” e animar sentimentalmente as pessoas aflitas, sem elevá-las para Deus, com visão de fé, com energia e caridade, não só não ajuda, como faz mal. Quando se trata de mulheres, mais vulneráveis ao sentimentalismo, é preciso convencer-se de que as “lágrimas” não se resolvem com consolos afetuosos (que podem até tornar-se para o sacerdote uma armadilha do diabo), mas com a fé e a caridade de Cristo: ajudando a pessoa a orar mais e melhor, a meditar sobre o amor de Jesus crucificado, a se colocar junto da Mãe dolorosa, e – coisa muito importante nestes casos – a pensar menos em si e mais nos demais (este último ponto é essencial para sofredores e desanimados).

Lembremos que o pai do filho pródigo não se limita a ser compreensivo, acolhedor e carinhoso. Não é um pai que se limita a abraçar e chorar, e logo se despede do filho, dizendo-lhe: – «Meu filho, vá em paz (para onde?), mas não demore muito a voltar; não deixe de me visitar de vez em quando». Pelo contrário, o pai do pródigo aperta o filho no peito e o leva para dentro da casa paterna, a fim de que lá se instale permanentemente; dá-lhe a melhor veste (símbolo da graça), um anel no dedo (símbolo da dignidade filial recuperada), e prepara um banquete, façamos uma festa (símbolo do amor, da união com Deus): cf. Lc 15,20-24).

Além disso, para ser bom pai, o diretor precisa de ter a paciência e a misericórdia do pai do filho pródigo. Que as almas nunca vejam o sacerdote magoado, decepcionado, desesperançado, cansado delas. O pai do pródigo não se cansou de esperar.

Lembremo-nos ainda que a Carta aos Hebreus diz que o bom pai, à imitação de Deus, corrige o filho, para seu bem: Se permanecêsseis sem a correção, seríeis bastardos e não filhos legítimos (Heb 12,8). A correção, feita com caridade e clareza, dói, mas acaba produzindo frutos de aperfeiçoamento, que o filho agradecerá.

Médico

Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes (Mc 2,17). Todos somos “enfermos”. Mas a direção espiritual não pode limitar-se a ser um pronto-socorro, uma ajuda emergencial para problemas pontuais (crise conjugal, perda de um ser querido, filho drogado, desemprego, ruína econômica). A verdadeira direção – já o vimos – é uma orientação habitual, para o dia-a-dia, rumo à santidade.

É natural que muitas vezes os fiéis recorram a nós como “pronto-socorro” espiritual. Logicamente, atenderemos essas consultas e desabafos com dedicação e carinho, como um bom médico, mas mesmo os “acidentados” devem ser ajudados a enxergar mais longe, a compreender o que Deus lhes pede naquelas circunstâncias, a entender com fé a cruz e a abraçá-la.

Um bom médico nota-se pela capacidade de fazer, quanto antes, um diagnóstico, por ter “olho clínico“. O sacerdote, especialmente em relação às pessoas que começam a  amadurecer espiritualmente ou a assumir colaboração nas tarefas pastorais, deve ter olho clínico para detectar algumas “doenças” que influem em todo o “organismo”, como uma anemia profunda ou uma infecção generalizada. Dentre as principais:

a) a doença do sentimentalismo: ter uma religiosidade meramente emocional, que não sabe apoiar-se na cruz, na abnegação, na doação generosa, numa “vida em ordem”, com horários que garantam a fidelidade aos propósitos de orar, meditar, ler, conversar com a família, etc, tanto se a pessoa “sente” vontade e disposição de fazê-lo, como se não “sente”.

O que importa é viver de fé, de convicções. É a fé que arrasta o amor. Amor sem raízes de fé, é folha seca ao vento.  Na Encíclica Caritas in veritate, Bento XVI escreve: «Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade; acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos» (n. 3).

b) a doença do pietismo: muito relacionada com a anterior, que consiste em reduzir o progresso espiritual à simples melhora e incremento de atos de piedade e devoçãosem cuidar de ganhar formação doutrinal nem de se esforçar por adquirir virtudes.  Surge, então, a figura do beato: está metido(a) em mil coisas da igreja, mas que dá mau exemplo, por falta de critério e de virtudes; e assim se desprestigia, pois aparece antes todos como pessoa preguiçosa, maldizente, profissionalmente medíocre, cheia de amor-próprio, vaidade, mexerico, maledicência, inconstância, etc;

c) a doença do voluntarismo: é a dos fiéis que, de modo explícito ou implícito, pensam que, afinal, tudo depende de sua força de vontade. Esquecem-se de que Jesus afirmou: Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15, 5). Por causa desse engano, essas pessoas lutam e trabalham sem pedir a ajuda a Deus, sem rezar com constância, sem viver cada vez mais intensamente os sacramentos da Reconciliação e a Eucaristia, sem oferecer mortificações pela sua melhora espiritual e pelo apostolado. Não devemos esquecer o «primado da graça», que tanto frisou João Paulo II na Novo millennio ineunte (n. 38).

Há ainda situações especiais, que exigem o que poderíamos chamar de medicina especializada: p.e., atendimento de casais em situação irregular (cf. Familiaris consortio, n. 84 e Catecismo da Igreja católica, n. 1651); ou atendimento de viciados em drogas, em pornografia da Internet e da tv, ou obsessivos-compulsivos  com desvios sexuais, etc. Não é possível aqui descer a essa casuística, mas o diretor espiritual deve estar preparado, e, concretamente, ter informações seguras sobre alguns médicos e psiquiatras ou psicólogos católicos de absoluta confiança, para os quais possa encaminhar essas almas.

Finalmente, um bom médico deve saber agir com pulso quando se torna necessário intervir prontamente com uma cirurgia (Cf. Mt 5,29-30). Por exemplo, de cortar uma ocasião próxima de pecado grave ou de escândalo. Não fazê-lo, equivaleria a deixar que um câncer progredisse ou que um membro fosse sendo tomado pela gangrena: deve agir, porém, com uma clareza e uma energia que estejam impregnadas de caridade, de apoio fraterno, e que não humilhem.

Mestre

O diretor espiritual deve ser mestre de almas. Deve, portanto, “ensinar” a adquirir doutrina sólida e a vivê-la na prática, a  formar a consciência, a aprender a orar. Para isso, é necessário que o diretor de almas se prepare e se esforce por ser:

A) Mestre de doutrina, em primeiro lugar.

a)  É evidente que hoje, entre os católicos, há um enorme -por vezes, completo – déficit de doutrina: de fé fundamentada em idéias claras e convicções sólidas [11]. Essa carência de doutrina torna a espiritualidade tão frágil como um castelo de papelão. Qualquer vento, na hora da dificuldade ou do cansaço, o derruba (Cf. Mt 7,24 ss);

b) Hoje é frequente, mesmo em católicos convictos, piedosos e apostólicos, uma falta, por vezes espantosa, de conceitos claros acerca das verdades em que acreditam (Trindade, Cristo Deus-Homem, Santa Missa, Igreja, Confissão, pecado, etc.). Falta-lhes uma visão de conjunto, coerente, das verdades da fé, de verdades conhecidas claramente e harmonizadas como as peças que compõem um maravilhoso mosaico (essa é a perspectiva que “deveriam” ter, se a catequese e a orientação espiritual tivessem sido sérias). Sua fé, pelo contrário, pode ser comparada a uma sacola em que se foram jogando e misturando em desordem fragmentos quebrados do mosaico da verdade, juntamente com cacos e pedregulho de erros e interpretações confusas ou até  “heréticas” acerca de muitos pontos da fé;

c) Daí a responsabilidade do sacerdote por estar muito preparado para dar doutrina: ler com constância, aconselhar-se com colegas experientes sobre os diversos tipos de obras de doutrina (de dogma, moral, ascética e mística, etc.), que, pouco a pouco, poderá ir aconselhando aos seus dirigidos, a começar pelos pequenos catecismos, pelo “Compêndio do Catecismo da Igreja Católica” e pelo próprio “Catecismo da Igreja Católica, edição típica”, valorizando também muito as exposições sistemáticas e pedagógicas da fé e da moral, do tipo da “A fé explicada”, de Leo Trese, etc.

B) Mestre de virtudes e da arte da luta ascética.

a)  Cristão sem virtudes morais, sem virtudes humanas, é um ser “invertebrado“. Na época atual, todos percebemos as conseqüências negativas de muitas vidas de “gente boa”, que foi “instruída”, mas não foi “formada” na prática das virtudes: falta de fortaleza, de constância, de paciência, de disciplina, de ordem, de autodomínio (gula, castidade), de delicadeza, de abnegação, de mansidão, de espírito de serviço, de desprendimento, etc. (Cf., por exemplo, Catecismo da Igreja Católica, nn. 1803 e 1804);

b) Não poucos fiéis, e também seminaristas e sacerdotes, acabam sendo, por causa desse déficit, pessoas problemáticas, despreparadas para enfrentar as responsabilidades, as tentações e os embates da vida [12]. Esqueceram, ou nunca aprenderam, que «onde não há mortificação, não há virtude» [13];

c) Talvez hoje, mais do que em outras épocas, seja importante aprofundar – lendo bons livros – na vida e na luta ascética dos santos, bem como nas obras dos autores espirituais clássicos, que são válidas para todas as épocas (Sta. Teresinha, S. Afonso Maria de Ligório, S. Francisco de Sales [Filotéia], Imitação de Cristo, Sta. Teresa de Ávila, S. Josemaria Escrivá, etc, etc.) [14].

C) Mestre de oração.

a) Eis uma tarefa que a Novo millenio ineunte considera prioritária: «Para essa pedagogia de santidade, há a necessidade de um  cristianismo que se destaque principalmente pela arte da oração […]. A oração cristã, vivendo-a plenamente – sobretudo na liturgia, meta e fonte da vida eclesial, mas também na experiência pessoal -, é o segredo de um cristianismo verdadeiramente vital» (n. 32);

b) Daí que o sacerdote, começando por aprofundar ele próprio na oração, deve ficar em condições de poder ensinar, de modo prático, a orar: oração vocal, meditação, oração contemplativa, enfim, as diversas formas de oração maravilhosamente explicadas na quarta parte do Catecismo da Igreja Católica;

c) Naturalmente, para isso, é necessário que o diretor espiritual seja homem de oração, homem de adoração, homem de vivência diária da “lectio divina”;

                         d) Enfim, concluindo, vale a pena citar, a esse respeito, umas palavras da Instrução da Congregação para o Clero, O Presbítero, Pastor e Guia da comunidade paroquial, (14/8,2002), n. 27: «Guiar os fiéis a uma vida interior sólida, sobre o fundamento dos princípios da doutrina cristã, como foram vividos e ensinados pelos santos, é obra pastoral muito mais relevante e fundamental [do que planejar e debater planos, novidades e mudanças superficiais]. Nos planos pastorais é precisamente esse aspecto que deveria ser privilegiado. Hoje, mais do que nunca, é necessário descobrir a oração, a vida sacramental, a meditação, o silêncio adorante, o coração a coração com Nosso Senhor, o exercício cotidiano das virtudes que a Ele configuram; tudo isso é  muito mais produtivo do que qualquer discussão e é, de qualquer forma, a condição para a sua eficácia».

Bibliografia

– João Paulo II: Exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores dabo vobis, de 25/3/1992

– João Paulo II: Carta Apostólica Novo millennio ineunte, de 6/1/2001

– Congregação para o Clero: Diretório para o Ministério e a Vida do Presbítero, de 31/1/1994

– Congregação para o Clero: O Presbítero, mestre da Palavra, ministro dos Sacramentos e guia da comunidade em vista do terceiro milênio, de 19/3/1999

– Congregação para o Clero: O Presbítero, Pastor e Guia da Comunidade paroquial, de 14/8/2002

– Bento XVI: Homilias sobre o sacerdócio, nas diversas Missas Crismais

– São Josemaria Escrivá: Amar a Igreja, Ed. Quadrante 2004


Notas:

[10] De fato, mesmo que tenhais milhares de educadores em Cristo, não tendes muitos pais. Pois fui eu que […] vos gerei no Cristo Jesus (1 Cor 4,15).

[11] «Sempre houve ignorância. Mas hoje em dia a ignorância mais brutal em matérias de fé e de moral disfarça-se, por vezes, com altissonantes nomes aparentemente teológicos. Por isso, o mandato de Cristo aos Apóstolos cobra uma premente atualidade: Ide, e instruí todas as gentes (Mt 8,19)» (São Josemaria Escrivá, Amar a Igreja, Quadrante 2004, p. 69).

[12] Entende-se, por isso, o tom categórico com que a Exortação Apostólica Pastores dabo vobis, no n. 43, afirma referindo-se aos seminaristas: «Sem uma oportuna formação humana, toda a formação sacerdotal ficaria privada do seu necessário fundamento»

[13] São Josemaria Escrivá, Caminho, n. 180

[14] Cf. Congregação para o Clero, O Presbítero, mestre da Palavra,ministro dos Sacramentos e Guia da comunidade, em vista do terceiro milênio, cap. II, n.2


Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

A liberdade só é apreciada quando se perde, diz papa Francisco

O Papa chega à Sala Paulo VI / Foto: Daniel Ibáñez, ACI Prensa
Por Miguel Pérez Pichel

Vaticano, 06 out. 21 / 08:43 am (ACI).- O papa Francisco exortou os cristãos a permanecerem na liberdade que Cristo concedeu através de sua morte e ressurreição. “A liberdade é um tesouro que só é verdadeiramente apreciado quando o perdemos”, disse ele na catequese da quarta-feira, 6 de outubro, durante a Audiência Geral na Aula Paulo VI do Vaticano.

“Para muitos de nós, habituados a viver em liberdade, muitas vezes parece mais um direito adquirido do que um dom e uma herança a ser preservada”, disse Francisco. “Quantos desentendimentos em torno do tema da liberdade, e quantas visões diferentes se confrontaram ao longo dos séculos!".

O papa comentava a Carta de São Paulo aos Gálatas, em que, segundo ele, se diz que “o apóstolo não podia suportar que esses cristãos, depois de terem conhecido e aceitado a verdade de Cristo, se deixassem atrair por propostas enganosas, passando da liberdade à escravidão: da presença libertadora de Jesus à escravidão do pecado, do legalismo”.

Nesse sentido, advertiu que “ainda hoje o legalismo é um nosso problema, o problema de muitos cristãos que se refugiam no legalismo”. Em vez disso, “o cristão é livre, deve ser livre e é chamado a não voltar a ser escravo de preceitos, de coisas estranhas”.

Portanto, Paulo “convida os cristãos a permanecerem firmes na liberdade que receberam através do batismo, sem se deixarem colocar de novo sob o ‘jugo da escravidão’. Ele é justamente ciumento da liberdade”.

Para Francisco, uma “pregação que impede a liberdade em Cristo nunca seria evangélica. Nunca se pode forçar em nome de Jesus, não se pode fazer de ninguém um escravo em nome de Jesus que nos liberta”.

“Mas o ensinamento de São Paulo sobre a liberdade é sobretudo positivo”, disse o papa. O apelo de Paulo é, antes de tudo, “permanecer em Jesus, fonte da verdade que nos liberta. Portanto, a liberdade cristã baseia-se em dois pilares fundamentais: primeiro, a graça do Senhor Jesus; segundo, a verdade que Cristo nos revela e que é Ele próprio”.

A liberdade, em primeiro lugar, “é o dom do Senhor. A liberdade que os Gálatas receberam – e nós como eles através do batismo – é o fruto da morte e ressurreição de Jesus”.

“Precisamente nela, onde Jesus se deixou pregar, onde se fez escravo, Deus colocou a fonte da libertação do homem. Isto nunca deixa de nos surpreender: que o lugar onde somos despojados de toda a liberdade, nomeadamente a morte, pode tornar-se a fonte da liberdade. Mas este é o mistério do amor de Deus”.

“Jesus realiza a sua plena liberdade ao entregar-se à morte; ele sabe que só desta forma pode obter vida para todos”.

O segundo pilar da liberdade é a verdade. “Também neste caso é necessário recordar que a verdade da fé não é uma teoria abstrata, mas a realidade do Cristo vivo, que toca diretamente o significado quotidiano e global da vida pessoal”.

O papa Francisco destacou “quantas pessoas que não estudaram, nem sequer sabem ler nem escrever, mas compreenderam bem a mensagem de Cristo, têm esta sabedoria que as liberta. É a sabedoria de Cristo que entrou através do Espírito Santo no batismo. Quantos humildes, quantas pessoas encontramos que vivem a vida de Cristo mais do que os grandes teólogos, por exemplo, oferecendo um testemunho precioso da liberdade do Evangelho”.

Porque “a liberdade torna-nos livres na medida em que transforma a vida de uma pessoa e a encaminha para o bem”.

Por último, o papa convidou-nos a deixar-nos criar inquietação pelo Espírito. Ele garantiu que a inquietação é uma palavra muito cristã porque “é o sinal de que o Espírito Santo age dentro de nós, e a liberdade é ativa, suscitada pela graça do Espírito Santo”.

“A liberdade deve inquietar-nos, deve continuamente fazer-nos perguntas, para que possamos ir cada vez mais a fundo no que realmente somos. Desta forma, descobrimos que o caminho para a verdade e a liberdade é cansativo e dura a vida inteira”.

“É um caminho no qual somos guiados e apoiados pelo Amor que vem da Cruz: o Amor que nos revela a verdade e nos dá liberdade. E este é o caminho para a felicidade. A liberdade torna-nos livres, torna-nos alegres, torna-nos felizes”, concluiu o Francisco.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF