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quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Cardeal Stella: o milagre do Papa João Paulo I, a cura de uma menina argentina

Papa João Paulo II | Vatican News

O postulador da causa de beatificação de João Paulo I, o Cardeal Beniamino Stella, Prefeito Emérito da Congregação para o Clero e natural da Diocese de Vittorio Vêneto, fala do milagre ocorrido há 10 anos em Buenos Aires, da simplicidade e humanidade, mas também da "forte identidade cristã e sacerdotal" de seu bispo. Também recorda seu amor pela sua terra natal Canale D'Agordo.

Alessandro Di Bussolo – Vatican News

"Um milagre que devemos à fé dos que rezaram ao redor do leito desta criança doente" com graves problemas neurológicos, "em condições praticamente desesperadas". É assim que o postulador da causa de beatificação de João Paulo I, o Cardeal Beniamino Stella, fala do milagre que logo permitirá que o "Papa do sorriso" seja venerado como beato. Prefeito Emérito da Congregação para o Clero e originário da diocese de Vittorio Veneto, Cardeal Stella teve Albino Luciani como bispo de 1959 a 1969.

Cardeal Beniamino Stella, como Vêneto, quais são seus sentimentos sobre esta grande notícia, tão ansiosamente aguardada, e como o senhor acha que será recebida em sua terra natal?

Conheci o bispo, Dom Albino Luciani, participei da sua ordenação episcopal na minha primeira viagem a Roma em 1958. Ele era um bispo amado pelo povo, amado pelos sacerdotes, e permaneceu praticamente o tempo todo no Vêneto, primeiro como bispo em Vittorio Veneto, cerca de dez anos, depois quase nove como Patriarca de Veneza. Sua formação familiar, a região de Belluno de onde ele veio, sempre fez com que fosse muito querido por nós, também por causa de seu estilo de vida muito simples, muito humano e muito sóbrio, e acima de tudo com uma forte identidade cristã e sacerdotal. Ainda hoje encontro pessoas que me dizem: "ele me crismou, eu o conheci", e todos falam bem deste bispo, porque se lembram dele com um sorriso, com grande humanidade. Este decreto papal é certamente uma esplêndida notícia. Imagino que haverá o badalar dos sinos, mas sobretudo será fonte de alegria no coração de muitos sacerdotes e muitos fiéis no Vêneto, porque ele é um sacerdote, é considerado verdadeiramente um bispo na terra vêneta. É lembrado precisamente por estas características: um trabalhador generoso, dedicado a seu ministério, uma pessoa que era muito apreciada precisamente por causa de sua grande humanidade e de sua vida como padre e bispo.

O senhor pode nos dizer algo sobre o milagre que logo nos permitirá venerar João Paulo I como Beato?

É um milagre que ocorreu na Argentina, em Buenos Aires, há cerca de dez anos. Naquela época uma menina, hoje uma moça de vinte e poucos anos, foi curada em circunstâncias extraordinárias de problemas neurológicos muito graves, em condições praticamente desesperadas. Ainda hoje eu vi vídeos dela andando, falando, e pode-se ver uma moça de vinte e poucos anos praticamente normal. Devemos isto à fé dos que rezaram ao redor desta pessoa quando ela estava doente. É um evento que certamente tem características extraordinárias, porque houve muito trabalho médico, mas sobretudo em uma noite em particular, um longo momento de oração, de intercessão, que é o que em última análise qualifica um evento deste tipo.

Missa no início de seu Pontificado | Vatican News

Depois de 43 anos do retorno do Papa João Paulo I à casa do Pai, que sugestão o senhor daria aos fiéis que gostariam de saber mais sobre sua vida e seu testemunho? De quais escritos que ele nos deixou pode-se começar?

Há seus famosos escritos de catequese, porque como sacerdote e bispo ele foi um catequista, um comunicador. Ele não era uma pessoa em busca de audiência, mas com o microfone em mãos, nascia seu carisma de bom comunicador, com palavras simples, de grande humanidade. Depois há o famoso livro "Illustrissimi": dezenas de cartas, vamos chamá-las de fictícias, que ele escreveu para grandes figuras da história, autores, poetas, contadores de histórias, romancistas e filósofos. Ele escreveu estas cartas nas quais destacou sua formação literária e histórica. É um livro que foi republicado recentemente e que dá a ideia de como o Papa Luciani era um homem de grande cultura, de grande profundidade literária. E depois eu gostaria de mencionar a positio que foi reescrita para circulação pública, que é a biografia oficial da postulação. Há também um artigo escrito sobre a morte do Papa. Depois há suas homilias, que também podem ser ouvidas, porque muitas delas foram registradas, e o arquivo em suas homilias e discursos como Papa. É um pequeno livreto de 100-130 páginas, e também ali vemos um Papa muito, muito simples, com um considerável conhecimento teológico, que fala ao povo de Deus, se faz entender, se faz amar. Esta é uma forma de conhecê-lo: ele é um Pontífice que pode ser lido e que também será amado pelas leituras que deixou, em forma de escritos, homilias e também áudios e vídeos da época de seu pontificado.

Como postulador ou como pessoa que deve muito ao Papa Luciani, o senhor quis fazer este presente para Canale d'Agordo, a cidade natal, de comprar a casa onde nasceu Albino Luciani?

A casa, três anos atrás, foi comprada pela Diocese de Vittorio Veneto. Consegui disponibilizar a soma necessária e aceitei que a compra seria anunciada em agosto deste ano, quando fiz 80 anos. Disse que quando se tem 80 anos de idade, também se deve ser leve diante de Deus, então disse que se poderia contar sobre esta transação entre a diocese e os sobrinhos do Papa Luciani. A casa estava à venda e era necessário fazê-lo rapidamente, pois era bastante claro o itinerário rumo aos altares e por isso achei importante que pudéssemos comprar aquela casa. Ajudei à minha diocese, que agora a possui, e também fiz trabalhos de restauração. Agora eu acho que também se está organizando o jardim em frente à casa, precisamente para torná-lo visível e utilizável por ocasião da futura beatificação. Acredito que esta casa será visitada por muitos peregrinos, porque Canale d'Agordo é uma cidadezinha que tem uma forte memória de seu concidadão, e por isso penso que a futura beatificação aumentará o interesse do povo cristão pelas raízes deste Pontífice, João Paulo I.

Casa do Papa João Paulo I | Vatican News

Aqueles quartos pequenos, mas confortáveis e a casa inteira também dizem muito sobre suas raízes, sobre sua simplicidade, mas também sobre a força da família que ele tinha atrás de si...

Certamente, ele viveu intensamente sua história familiar, com seus pais, depois com seus irmãos, irmãs e sobrinhos. Ele sempre voltou, mesmo quando era bispo, patriarca e cardeal, para ver a casa onde nasceu. Os visitantes ainda encontrarão o quarto onde ele nasceu. Ainda tem a estufa, e muitas outras lembranças e também o quarto onde ele ia às vezes descansar em uma breve estadia como bispo e cardeal. Canale d'Agordo é uma meta turística, mas acima de tudo é um destino de peregrinação que, creio, fará renascer a fé de muitos peregrinos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Bem-aventurados mártires espanhois

Bem-aventurados mártires espanhois | arquisp
13 de outubro
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A BEATIFICAÇÃO DE 522 MÁRTIRES ESPANHÓIS DO SÉCULO XX

Tarragona, Espanha
Domingo, 13 de Outubro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Uno-me de coração a todos os participantes na celebração, que tem lugar em Tarragona, na qual um grande número de Pastores, pessoas consagradas e fiéis leigos são proclamados Beatos mártires.

Quem são os mártires? São cristãos conquistados por Cristo, discípulos que aprenderam bem o sentido daquele «amar até ao extremo» que levou Jesus à Cruz. Não existe o amor por entregas, o amor em doses. O amor total: e quando se ama, ama-se até ao extremo. Na Cruz, Jesus sentiu o peso da morte, o peso do pecado, mas entregou-se totalmente ao Pai, e perdoou. Pronunciou apenas palavras, mas entregou a vida. Cristo «anticipa-nos» no amor; os mártires imitaram-no no amor até ao fim.

Dizem os Santos Padres: «Imitemos os mártires»! É preciso morrer sempre um pouco para sairmos de nós mesmos, do nosso egoísmo, do nosso bem-estar, da nossa preguiça, das nossas tristezas, e abrir-nos a Deus, aos outros, sobretudo aos que mais precisam.

Imploremos a intercessão dos mártires para sermos cristãos concretos, cristãos com obras e não com palavras; para não sermos cristãos medíocres, cristãos envernizados de cristianismo mas sem substância, eles não eram envernizados, eram cristãos verdadeiros, peçamos-lhe a sua ajuda para manter firme a fé, mesmo que haja dificuldades, e sejamos assim fermento de esperança e artífices de fraternidade e de solidariedade. Peço-vos que rezeis por mim. Jesus vos abençoe e a Virgem vos proteja.

Fonte: www.vatican.va

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

http://arquisp.org.br/

terça-feira, 12 de outubro de 2021

“Fratelli tutti”, o apelo de Francisco à fraternidade

Encíclica do Papa foi publicada em outubro de 2020 | Vatican News

Assinala-se neste mês de outubro o primeiro ano da publicação da Encíclica “Fratelli tutti” do Papa Francisco”. Recordamos aqui o comentário de dois bispos portugueses aquando da publicação do texto do Santo Padre.

Rui Saraiva - Portugal

Foi a 3 de outubro de 2020 que o Papa Francisco assinou a Encíclica “Fratelli Tutti”. Francisco de Roma deixou-se inspirar por Francisco de Assis e colocou-se na esteira do futuro propondo um caminho de fraternidade. Um texto no qual o Papa propõe “uma forma de vida com sabor a Evangelho”. O Evangelho de Jesus: amar o próximo como a ti mesmo.

Anseio mundial de fraternidade

A terceira Encíclica do pontificado de Francisco é um texto dedicado à fraternidade e à amizade social que procura acender uma luz de esperança numa humanidade sofrida. Especialmente neste tempo de pandemia.

O Papa Francisco refere-se, precisamente à covid-19, logo no número 7 da sua Encíclica afirmando que esta doença “irrompeu de forma inesperada” tendo deixado “a descoberto as nossas falsas seguranças”.

“Desejo ardentemente que, neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade” – escreve Francisco na sua Encíclica.

Sem fraternidade não há liberdade e igualdade

Nas semanas após a publicação deste texto papal fomos publicando aqui comentários de vários bispos portugueses partindo da Encíclica do Papa. Nesta edição recordamos as opiniões de dois deles em entrevista ao Vatican News: D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda.

“Sem fraternidade nunca nos encontraremos em experiência de autêntica liberdade e igualdade” – disse o arcebispo de Braga. D. Jorge Ortiga refere que na Encíclica, o Santo Padre apresenta a fraternidade como um “princípio político de ação”:

“Parece-me que o essencial está na proposta da fraternidade como princípio político de ação situando-se fora do âmbito estritamente eclesial. Sabemos todos nós que o mundo moderno nasceu da revolução francesa e esta foi orientada pela liberdade, igualdade e fraternidade. Se olharmos um bocadinho para aquilo que norteia hoje a vida pública da comunidade internacional, a fraternidade não foi verdadeiramente assumida. E daí as dificuldades em interpretar, justamente, a liberdade e a igualdade. Falta a raiz, falta o fundamento, falta o suporte. Sem fraternidade nunca nos encontraremos em experiência de autêntica liberdade e igualdade. Creio que este é o princípio fundamental e o alicerce de toda esta Encíclica.”

Igreja não pode silenciar-se

Mas será que as grandes potências do mundo ouvem o apelo do Santo Padre à fraternidade? O arcebispo de Braga identifica alguns problemas que impedem a fraternidade e que a Igreja deverá denunciar: 

“O mundo admira o Papa Francisco, mas parece que o ouve muito pouco. A sua voz é a voz da Igreja e, muitas vezes, parece que a voz da Igreja brada no deserto. Só que a Igreja seguindo a voz do Papa não pode silenciar-se. Alguns exemplos do que nesta Encíclica é sublinhado e que a Igreja não pode esquecer: no plano político, as relações internacionais terão de mostrar uma colaboração efetiva e não uma soma de interesses nacionais. Continua a haver nações ricas e nações pobres e a fraternidade tem que passar por aqui. E a Igreja tem que o denunciar; a obrigação de proteger os débeis, os mais frágeis, os idosos e os deficientes. Nós sabemos que estes são aqueles a quem Deus mais ama; o problema dos refugiados e dos migrantes; os problemas contra a fraternidade, com tantos conflitos e guerras; o reacendimento dos populismos, o racismo e a campanha do ódio.”

Uma enorme função social

Por sua vez D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda destacou que o texto do Santo Padre tem uma enorme função social sendo um “dom semeador de mudança e de esperança”:

“A terceira Encíclica do Papa Francisco, “Fratelli tutti”, sobre a fraternidade e a amizade social é um dom semeador de mudança e de esperança à Igreja e ao mundo contemporâneo. E, como diz o Papa, é uma resposta aos sinais dos tempos que solicitam um desenvolvimento humano integral e a paz. S. Francisco de Assis continua a inspirar o Papa Francisco nas desafiantes propostas de uma forma de vida com sabor a Evangelho. A sabedoria do pobre de Assis exortava assim os seus irmãos à imitação de Jesus Cristo: ‘irmãos ponhamos todos diante dos olhos o Bom Pastor que para salvar as suas ovelhas sofreu a Paixão da Cruz’. Eu diria que a novidade também está aqui em traduzir, até com uma maior simplicidade, o Evangelho, dizendo que Deus dá sempre de graça. E é também interpelante o testemunho do beato Charles de Foucauld, o irmão universal, na conclusão deste caminho humano e espiritual. Por isso, esta Encíclica tem uma enorme função social.”

Cultura do diálogo e política pelo bem comum

Para D. José Cordeiro é necessário responder ao apelo do Papa a um “testemunho real da cultura do diálogo inter-religioso”. Porque “a fraternidade tem muito para oferecer à liberdade e à igualdade” – afirmou:

“A fraternidade tem muito para oferecer à liberdade e à igualdade. O dom da fraternidade humana universal compromete uma cultura consciente e constante desta mesma fraternidade universal, não num sentido geográfico, mas existencial do bem comum, da solidariedade e da gratuidade. O desafio maior é para uma cultura do diálogo e do encontro. A vida é a arte do encontro e a Encíclica é um grande apelo e um testemunho real da cultura do diálogo inter-religioso. O Papa referindo-se àquele grande texto do encontro entre as religiões e as culturas que pareciam tão distantes diz em nome de Deus que declaramos adotar a cultura do diálogo como caminho, a colaboração comum como conduta, o conhecimento mútuo como método e critério. E temos de curar as feridas e restabelecer a paz. Um outro grande Papa, S. Gregório Magno, dizia que nós temos que ‘amar os amigos em Deus e amar os inimigos por Deus’. E é desafiante o tempo que vivemos”.

Recordamos aqui os comentários de D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda aquando da publicação em outubro do ano passado da Encíclica do Papa Francisco “Fratelli tutti”, “Todos irmãos”.

Na sua Encíclica o Santo Padre indica o caminho da fraternidade, de “uma única humanidade”. Um caminho onde cada um deve trazer o que tem para partilhar, “cada qual com a própria voz, mas todos irmãos” – escreve o Papa.

Laudetur Iesus Christus 

Fonte: https://www.vaticannews.va/

As virtudes de Nossa Senhora Aparecida

Shutterstock / Davi Correa
Por Pe. Reginaldo Manzotti

São muitas as virtudes de Nossa Senhora. Mas duas, em especial, inspiram o povo brasileiro.

Nesta semana somos todos filhos entusiasmados por celebrar o dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Digo que somos filhos, porque celebramos o dia da nossa Mãe, que com todo amor, estende seu manto por todos os brasileiros e brasileiras.

Tenho um grande amor por Nossa Senhora, você que me acompanha há mais tempo, sabe disso. E faço questão de celebrar e exaltar Nossa Senhora Aparecida, pois sou fruto e testemunha viva do seu poder intercessor. Nessa mensagem destaco duas, entre tantas, virtudes de Nossa Senhora Aparecida que creio mais inspiram o povo brasileiro: a ESPERANÇA e a FORTALEZA.

Aparecida e a virtude da Esperança

Maria é modelo da perfeita Esperança. Demonstrou isso desde sua juventude, quando ardentemente desejou a vinda do Messias. Depois, ao guardar o segredo da filiação divina de Jesus, esperançosa de que José a compreenderia assim que o próprio Deus lhe explicasse.

Teve esperança em Deus quando precisou fugir para o Egito e salvar o Menino Jesus do extermínio imposto por Herodes aos recém-nascidos (Mt 2, 13-14), e novamente durante as Bodas de Caná, ao pedir para fazerem o que Jesus dissesse (Jo 2,5).

Imitar a esperança de Maria é esperar em Deus, não se desesperar nem desanimar diante das dificuldades e sofrimentos, mas, como Ela, voltar para Deus na oração, com a convicção de que Ele nos ajudará e só quer o nosso bem.

A virtude da Fortaleza

Maria nos ensina a Fortaleza, quando, ao ver todo o sofrimento do seu Filho, manteve-se firme, de é junto à cruz (Jo 19,25), acompanhando-O em todas as suas provações. Essa presença silenciosa de Maria na hora da dor que devemos ter como exemplo em nossa vida.

Às vezes nos deparamos com pessoas que estão sofrendo, por doença ou acidente, e pelas quais já não podemos fazer mais nada, não encontrando palavras que confortem. Contudo, mesmo sem verbalizar, nossa presença é de grande ajuda, pois aquele que sofre sabe estar acompanhado em seu calvário.

Maria entendeu isso e, diante da cruz, não pronunciou uma palavra sequer. Pelos Evangelhos sabemos que Jesus falou, enquanto Maria permaneceu de pé, forte, perseverante. Não precisa estar escrito para sabermos que seu coração dizia: “Estou aqui, filho, estou ao Teu lado”.

Perseverança

Certamente não é fácil. Muitas vezes, dá até vontade de “dormir hoje e acordar apenas quando tudo passar”, como se diz popularmente, mas o exemplo de Maria ensina-nos a perseverar, mantendo-nos firmar em meio a pequenos e grandes sofrimentos.

São muitas virtudes que Maria tem, inúmeras, mas nessa semana da padroeira do Brasil, destaco essas duas, para que seja inspiração para o povo brasileiro. E pedindo a intercessão da Mãe, que tenhamos esperança de dias melhores para nossa nação e fortaleza para, juntos, construir um país justo e fraterno.

Que Deus, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, abençoe a todos nós. Amém!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Dia das Crianças: Cinco pequenos brasileiros que são modelo de santidade

Serva de Deus Odetinha. Foto: Arquidiocese do Rio de Janeiro

REDAÇÃO CENTRAL, 12 out. 21 / 12:00 pm (ACI).- “O Brasil precisa de santos, de muitos santos”, disse o papa São João Paulo II, em 1991, durante a beatificação de Madre Paulina, hoje Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Atualmente, no país, há várias pessoas que são modelos de santidade, entre as quais algumas crianças que inclusive entregaram sua vida por amor a Deus. Hoje, ao celebrar no Brasil o Dia das Crianças, apresentamos cinco desses pequenos brasileiros.

1. Bem-aventurada Albertina Berkenbrock

Albertina Berkenbrock foi martirizada aos 12 anos por defender a sua virgindade. Nasceu em 11 de abril de 1919, em Imaruí (SC). Filha de agricultores, recebeu desde cedo uma formação católica. Costumava dizer que o dia de sua primeira comunhão foi o mais belo de sua vida. Confessava-se com frequência e sempre participava da Missa. Também cultivou especial devoção a Nossa Senhora.

Em 15 de junho de 1931, Albertina obedeceu a um pedido de seu pai e foi procurar um animal que estava perdido. No caminho, encontrou seu malfeitor, apelidado “Maneco Palhoça”. Perguntou se ele sabia onde estava o animal que procurava e o homem lhe indicou uma pista falsa, enviando a menina para o local onde tentou violentá-la. Albertina resistiu. Sem conseguir derrotá-la, Maneco degolou Albertina com um canivete.

Em seguida, o homem escondeu o canivete e foi avisar à família da menina que ela tinha sido assassinada. Maneco acusou um outro homem, chamado João Cândido, que chegou a ser preso. Segundo relatos, Maneco não parava de ir e vir na sala do velório e, ao aproximar-se do caixão, a ferida no pescoço de Albertina começou a sangrar novamente. Então, o prefeito da cidade mandou soltar João Cândido e, com ele, pegou um crucifixo na capela. A cruz foi colocada sobre o peito de Albertina, João se ajoelhou e, com as mãos no crucifixo, jurou ser inocente. Naquele momento a ferida teria parado de sangrar. Após ser preso, Maneco confessou o crime e deixou claro que Albertina não cedeu à sua intenção de manter relações sexuais com ela porque não queria pecar.

Albertina Berkenbrock foi proclamada Bem-Aventurada em 20 de outubro de 2007 pelo papa Bento XVI.

2. Beato Adílio Daronch

O Beato Adílio Daronch também foi um mártir da fé. Nasceu em 25 de outubro de 1908, perto de Dona Francisca, na zona de Cachoeira do Sul (RS). Seus pais, Pedro Daronch e Judite Segabinazzi, tinham oito filhos. A família se mudou para Passo Fundo (RS) em 1911 e, em 1913, para Nonoai (RS). O menino fazia parte do grupo de adolescentes que acompanhava padre Manuel Gómez González em suas viagens pastorais, ajudando-o como coroinha.

Certa vez, o bispo de Santa Maria (RS), dom Ático Eusébio da Rocha, pediu que padre Manuel fosse visitar um grupo de colonos instalados na floresta de Três Passos (RS), viagem que o sacerdote realizou na companhia do jovem Adílio. Nesta época, o Rio Grande do Sul vivia a Revolução de 1923, a disputa armada entre partidários do então presidente do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros, conhecidos como Ximangos, e os revolucionários aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil, chamados de Maragatos. Mesmo assim, padre Manuel não deixava de pregar e ensinar os valores cristãos.

Durante a viagem, padre Manuel e o coroinha Adílio pararam em Palmeiras (RS), onde o sacerdote administrou os sacramentos exortou os revolucionários ao dever da paz. Os revolucionários, porém, não gostaram das palavras do sacerdote nem do fato de ter dado sepultura cristã às vítimas dos bandos locais. Apesar dos riscos, padre Manuel seguiu a viagem. Adílio decidiu continuar o acompanhando, embora soubesse das ameaças sofridas pelo sacerdote.

Os dois caíram em uma emboscada e foram levados para uma zona de floresta, onde foram amarrados em duas árvores e fuzilados, morrendo por ódio à fé e à Igreja Católica, em 21 de maio de 1924. Adílio tinha apenas 15 anos. Os dois foram beatificados em 21 de outubro de 2007.

3. Venerável Nelsinho Santana

O Venerável Nelson Santana, conhecido como Nelsinho, foi um menino brasileiro que teve seu braço amputado e sofreu muitas dores, mas suportou tudo por Jesus. Em um hospital, previu que morreria na noite da véspera de Natal.

Nelsinho nasceu em Ibitinga (SP), em 31 de julho de 1955, sendo o terceiro dos oito filhos do casal João Joaquim Santana e Ocrécia Santana. Certo dia, aos 7 anos, enquanto brincava na fazenda onde vivia com sua família, machucou gravemente o braço e precisou ser levado à Santa Casa de Misericórdia de Araraquara (SP). No hospital, conheceu irmã Genarina, que lhe propôs que aproveitasse o tempo que passaria internado para fazer uma boa catequese, algo que logo aceitou.

Tempos depois, recebeu alta hospitalar e retornou para casa de seus pais. Mas, por causa de fortes dores no braço, precisou ser internado novamente. Desta vez, o médico avisou que não havia outra solução a não ser amputar o braço da criança. Quando irmã Genarina foi contar para o menino que precisaria amputar o braço, disse-lhe que Jesus ia lhe pedir “bem mais do que sua dor”. Para a surpresa da religiosa, o menino respondeu: “Mesmo que seja meu braço por inteiro, Jesus pode levar, pois que tudo o que é meu também é Dele”.

Em 1964, o missionário redentorista Gerhard Rudolfo Anderer chegou a Araraquara para um curso dos novos padres e conheceu Nelsinho durante uma visita ao hospital. O menino lhe contou que estava ali há oito meses e que gostaria de comungar todos os dias. Padre Gerhard, então, se comprometeu a levar Jesus Eucarístico diariamente para Nelsinho.

Quando chegou o período do retiro dos redentoristas, padre Gerhard foi avisar a Nelsinho que ficaria fora por um tempo e o menino lhe revelou que gostaria de passar o Natal no Céu, se Jesus também quisesse. Como o Natal ainda estava longe, afirmou que assim teria mais tempo para se preparar.

Na véspera de Natal, padre Gerhard foi escalado para auxiliar na celebração na cidade de Fernando Prestes (SP).  Antes de viajar, foi dar a comunhão a Nelsinho e o menino lhe disse que naquela noite Jesus o levaria para o céu. Disse ainda com o padre: “Todos os dias, na hora da Santa Missa, após a Consagração, quando o padre levantar Jesus Hóstia, diga com poucas palavras a Ele o que quer, pois eu estarei bem atento ao lado dele para insistir, com confiança, puxando Sua manga, dizendo: ‘Jesus, atende o padre, atende toda esta gente’”.

Depois desse que seria o último encontro entre os dois, padre Gerhard foi para Fernando Prestes, onde presidiu a missa às 19h, mesmo hora em que Nelsinho morreu, em 24 de dezembro de 1964. O papa Francisco reconheceu as virtudes heroicas de Nelsinho Santana em 2019.

4. Venerável Benigna Cardoso da Silva

A Venerável Benigna Cardoso é também conhecida como a “heroína da castidade”. Foi assassinada aos 13 anos, defendendo a sua virgindade. Seu martírio foi reconhecido pelo papa Francisco em outubro de 2019. Inicialmente sua beatificação havia sido marcada para 21 de outubro de 2020, mas foi adiada por causa da pandemia de covid-19. Ainda não há uma data prevista para a beatificação da menina que se tornará a primeira beata cearense.

Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928, em Santana do Cariri (CE). Era muito religiosa e temente a Deus. A menina era assediada por um colega de escola, mas rejeitou as propostas dele. Então, em uma tarde de sexta-feira, Raul Alves, sabendo que a menina costumava buscar água perto de casa, escondeu-se atrás do mato e a abordou, tentando abusar dela. Como Benigna resistiu e dizia “não” com veemência, o rapaz a golpeou com um facão e a matou.

Na época do assassinato, padre Cristiano Coelho Rodrigues, que foi mentor espiritual da menina, escreveu a seguinte nota ao lado do seu registro de batismo: “Morreu martirizada, às 4 horas da tarde, no dia 24 de outubro de 1941, no sitio Oiti. Heroína da Castidade, que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da Paróquia. São os votos que faço à nossa santinha”.

5. Serva de Deus Odetinha

Odette Vidal de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 15 de setembro de 1930. Seu pai morreu de tuberculose antes que ela nascesse e sua mãe, Alice, se casou novamente com o rico Francisco Oliveira, que adotou a pequena e a educou na fé católica.

A menina ficou conhecida pelo seu amor à Eucaristia e pela caridade, sendo um testemunho de fé, simplicidade e humildade. Recebeu sua primeira comunhão em 15 de agosto de 1937, no Colégio São Marcelo, da Paróquia Imaculada Conceição, em Botafogo. Desde então, ao receber a comunhão, dizia: “Oh meu Jesus, vinde agora ao meu coração!”. Seu confessor atestou sua fé viva, confiança inabalável, intenso amor a Deus e ao próximo.

Dedicada à caridade com os que mais precisavam, gostava de ajudar sua mãe, que fazia uma feijoada aos sábados para os pobres. A menina, então, colocava seu avental e servia a todos alegremente. Rezava o terço diariamente, revelando sua total confiança em Nossa Senhora. Também se queixava pelo fato de São José, que tanto trabalhou e sofreu por Jesus e Nossa Senhora, ser tão pouco honrado.

Nos últimos quarenta e nove dias de sua vida sofreu dolorosa enfermidade, paratifo, suportada com paciência cristã. Dizia: “Eu vos ofereço, ó meu Jesus, todos os meus sofrimentos pelas missões e pelas crianças pobres”. Em 25 de novembro de 1939, recebeu a Sagrada Comunhão de manhã e, em ação de graças, disse: “Meu Jesus, meu amor, minha vida, meu tudo”. Pouco depois, a menina morreu.

Seu processo de beatificação teve início em 2013. No início de 2015 foi encaminhada à Santa Sé a documentação reunida pelo Tribunal Eclesiástico da arquidiocese do Rio, que recebeu parecer favorável pela Congregação da Causa dos Santos, em 2016.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Cristo Redentor: 90 anos de um símbolo do Brasil

Cristo Redentor | Vatican News

Cristo Redentor do Corcovado tornou-se destino oficial de peregrinações do Brasil e do mundo inteiro. Anualmente, o Santuário Cristo Redentor acolhe aproximadamente dois milhões de visitantes. O complexo formado pelo cume do Monte Corcovado e pela imagem do Redentor constitui o primeiro santuário católico a céu aberto no mundo, em contemplação perene de Deus, da natureza e do próximo.

Alexandre Pinheiro*

No dia 12 de outubro de 2021, o monumento do Cristo Redentor completa 90 anos de inauguração, reconhecido em nosso país e internacionalmente como um dos mais importantes símbolos do Brasil. A história da Humanidade assim como a história do Monte Corcovado divide-se em duas partes: antes do Cristo e depois do Cristo. Muitas pessoas têm dificuldade em imaginar a montanha cartão-postal da cidade do Rio de Janeiro sem a estátua do Cristo Redentor, tamanha a unidade entre o sinal da criação e o famoso símbolo da redenção. Ainda assim, as pinturas do Rio Antigo e as fotografias da cidade no início do século passado atestam que antes da construção da estátua havia apenas a montanha. Então, houve um momento em que a estátua do Cristo Redentor surgiu sobre o Monte Corcovado, passando a fazer parte visível e perene da nossa existência humana.

Esta analogia entre o simbolismo do monumento e a existência de Jesus ajuda-nos a entender a encarnação do Verbo de Deus na história humana, para nos redimir por sua morte e ressurreição, o mistério da Páscoa.  De fato, o passado e o futuro da história do Brasil estão representados no alto do Monte Corcovado, na estátua do Cristo ressuscitado em forma de cruz. Numa quarta-feira após a Páscoa, no dia 22 de abril de 1500, as naus portuguesas avistaram um monte, que foi batizado ‘Pascoal’. O primeiro nome do Brasil, ‘Terra de Santa Cruz’, era um prelúdio ao monumento do Corcovado, que também pode ser compreendido como um ‘Monte Pascoal’. Ali foi inaugurado, em 12 de outubro de 1931, o monumento que representa a morte e a ressurreição de Jesus.

Papa João Paulo II celebrando no Cristo Redentor | Vatican News

Em 1934, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Cerejeira, vislumbrou a imagem do Monte Corcovado, e teve a ideia de construir um monumento similar, de braços abertos, abençoando Lisboa. A estátua do Cristo Rei, inaugurada em 1959, se ergue a 113 metros de altura e assim como o Cristo do Corcovado, também é dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. A evangelização portuguesa deu bons frutos no Brasil, entre os quais está a estátua do Cristo Redentor. O Brasil recebeu a fé cristã da Península Ibérica, e a estátua do Cristo Redentor levou o fruto desta fé de volta a Portugal.

Dom Sebastião Leme faleceu em 1942, aos 60 anos de idade, após três décadas de fecundo episcopado. Dentre seus legados para a Arquidiocese do Rio de Janeiro e para a Igreja no Brasil, além da estátua do Cristo Redentor, estão a criação do Centro Dom Vital, da Pontifícia Universidade Católica e dezenas de paróquias. Seu sucessor, Dom Jaime de Barros Câmara, inaugurou as longas escadarias entre a estação do Corcovado e o monumento em 1945. Mas foi o Cardeal Eugenio de Araújo Sales o responsável pela organização da primeira visita de uma Papa ao monumento do Cristo Redentor, em 1980.  Antes de subir as escadarias do Monte Corcovado, o Papa João Paulo II desejou conhecer a realidade carente da Favela do Vidigal, na zona sul do Rio de Janeiro.

Naquela época, a comunidade do Vidigal enfrentava a ameaça da remoção de 320 barracos, sob a alegação de que havia risco de deslizamentos da encosta do morro na Avenida Niemeyer. Na verdade, havia o interesse comercial da construção de apartamentos de luxo no morro do Vidigal. Por isso, o Cardeal Eugênio de Araujo Sales posicionou-se em defesa dos pobres. O arcebispo do Rio de Janeiro iniciou o trabalho da Pastoral das Favelas na comunidade e contratou engenheiros para um novo estudo do terreno, que concluiu que não havia risco de desabamento.

Em 1989, a censura à imagem do Cristo Redentor para o desfile da escola de samba Beija-Flor, do carnavalesco Joãozinho Trinta, entre os foliões vestidos de mendigos, denotava desde os limites do diálogo até a fragmentação da experiência religiosa, enquanto os símbolos do monumento, embora encobertos, ainda se impunham para dar vez à voz de quem dizia: ‘mesmo proibido, rogai por nós’. Naquele episódio, surgiu o retrato equivocado de uma Igreja distante, que ignorava a miséria social e se afastava dos pobres.

Dom Eusébio Oscar Scheid foi responsável pela construção das escadas rolantes e dos elevadores panorâmicos do monumento do Cristo Redentor, em 2003, com apoio da prefeitura e da Fundação Roberto Marinho. A união entre a Arquidiocese do Rio de Janeiro e a sociedade civil demonstrava que o monumento adquiriu um significado que vai além do catolicismo, representando também o Rio de Janeiro e a cultura brasileira para o mundo. Também a Igreja Católica, segundo o espírito do Concílio Vaticano II, desejava se apresentar de ‘braços abertos’ para o mundo, para anunciar o Evangelho ‘a toda criatura’ (Mc 16,15).

O Papa Bento XVI alertava sobre ‘uma preocupante perda do sentido do sagrado’, que se refletia também no alto do Monte Corcovado, onde o turismo se impunha sobre o sentimento religioso. A própria administração do monumento exigia um novo impulso para a presença da Igreja no Monte Corcovado. Diante de tantos desafios, numa sociedade que deixava gradativamente de ser predominantemente católica, Dom Eusébio Oscar Scheid decidiu erigir, através de decreto arquidiocesano, o Santuário do Cristo Redentor do Corcovado, por ocasião do 75° aniversário de inauguração do monumento.

A construção do Cristo Redentor | Vatican News

Com esta medida pastoral, o Cristo Redentor do Corcovado tornou-se destino oficial de peregrinações do Brasil e do mundo inteiro. Anualmente, o Santuário Cristo Redentor acolhe aproximadamente dois milhões de visitantes. O complexo formado pelo cume do Monte Corcovado e pela imagem do Redentor constitui o primeiro santuário católico a céu aberto no mundo, em contemplação perene de Deus, da natureza e do próximo. Assim, o Santuário Cristo Redentor é um verdadeiro lugar teológico, onde Deus fala com a Humanidade e onde a Humanidade pode falar com Deus.

Em 2007, o monumento do Corcovado foi eleito uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo Moderno, numa eleição que contabilizou por volta de 100 milhões de votos no mundo inteiro. Em 2009, foi assinado acordo de geminação entre o Santuário Cristo Redentor e o Santuário Cristo Rei, de Portugal, para a partilha das experiências pastorais e o incentivo às peregrinações. Naquela ocasião, os reitores dos santuários, padre Omar Raposo e padre Sezinando Alberto, presentearam-se com esculturas das respectivas estátuas, para que fossem guardadas nas capelas dos santuários.

Em 2011, o calendário do ano jubilar da inauguração do Cristo do Corcovado foi intenso, até as comemorações do dia 12 de outubro. O designer Hans Donner produziu a logomarca comemorativa dos 80 anos. Em fevereiro daquele ano, houve a inauguração da nova iluminação do monumento, assinada pelo iluminador Peter Gasper. A iluminação computadorizada permite um diálogo criativo do Santuário Cristo Redentor com a sociedade, possibilitando cores e imagens específicas para ocasiões especiais. Em março de 2011, o santuário também recebeu a visita do então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com sua esposa Michelle e as duas filhas do casal, que passaram a integrar a longa lista de visitantes ilustres do monumento.

No ano jubilar dos 80 anos de inauguração, o monumento do Cristo Redentor também foi escolhido como símbolo e embaixador da Jornada Mundial da Juventude de 2013. Com este objetivo, foram confeccionadas 40 réplicas do monumento com 3,80m de altura, 1,10 da estátua real, que tem 38m desde o pedestal até a cabeça.  Naquela ocasião, padre Omar Raposo afirmou que ‘o Cristo é o símbolo maior do Rio de Janeiro e, dessa maneira, ele não é somente um receptor de todos os turistas e peregrinos, mas, com os seus braços abertos, vai ao encontro das demais culturas e países, mostrando que o Rio é uma cidade aberta e acolhedora.

As réplicas do Cristo Redentor percorreram os bairros do Rio de Janeiro, diversos estados brasileiros e vários países do mundo, como Argentina, Espanha, Itália, França, Portugal, Moçambique, Estados Unidos, Japão, Canadá e o Vaticano. Esta iniciativa integrava a exposição itinerante ‘Cristo Redentor para todos’, numa experiência audiovisual que contava a história dos 80 anos do monumento. O Santuário Cristo Redentor permaneceu aberto 24 horas durante a Jornada Mundial da Juventude de 2013, recebendo um número recorde de 74.021 visitantes durante o evento.

A parceria entre o Santuário Cristo Redentor e várias empresas da sociedade civil possibilita iniciativas de ações sociais, como a campanha Ação de amor do Cristo Redentor, iniciada em 2011. Esta ação pastoral hoje é dividida nos eixos da cidadania e assistência social, do apoio ao refugiado, do apoio à mulher, do apoio à criança e ao adolescente, da sustentabilidade e meio ambiente e da iluminação do monumento como apoio a grandes causas sociais.

As ações sociais desenvolvidas são norteadas pelos objetivos da Agenda 2030 da ONU, como plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade da população, em benefício da fraternidade e da paz universal. A Agenda 2030 indica objetivos de desenvolvimento sustentável e metas para erradicar a pobreza e promover a vida plena para todos. Neste sentido, o Santuário Cristo Redentor firmou uma parceria com o Centro Dom Vital para a promoção da educação, e também com a Fundação Getúlio Vargas, para análise do impacto socioeconômico do monumento.

Em 2021, a campanha social Cristo Redentor, eu quero doar, em parceria com a Associação Tarde com Maria, vem atendendo centenas de famílias necessitadas de todo o Estado do Rio de Janeiro. São milhares de pessoas atendidas em cerca de 200 comunidades carentes, com a distribuição de aproximadamente 400 toneladas de alimentos, itens de higiene pessoal, limpeza e proteção facial. De forma particular, a parceria entre o Santuário Cristo Redentor e a padaria solidária do Santuário de Nossa Senhora de Fátima registra a doação de mais de 2 milhões de pães aos pobres.

O início da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Estado do Rio de Janeiro aconteceu no Monte Corcovado, na tarde do dia 18 de janeiro de 2021, e foi precedido por um momento inter-religioso de oração aos pés da estátua do Cristo Redentor. Estavam presentes o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, o reitor do santuário, padre Omar Raposo, o governador do estado, Cláudio Castro, o prefeito da cidade, Eduardo Paes, e agentes da Secretaria Municipal de Saúde, além de vários líderes religiosos. Após a saudação inicial do arcebispo, cada representante proferiu uma mensagem de esperança e de paz para a sociedade, e o encontro foi concluído com a Oração de São Francisco.

O ato simbólico de vacinação atesta a importância do Santuário Cristo Redentor no diálogo entre a Igreja e a sociedade. O evento teve grande visibilidade na imprensa, e representou um alento de esperança para a população. Assim, o cume do Monte Corcovado fica caracterizado como um púlpito, através do qual a Igreja Católica pode anunciar o Evangelho a todas as nações, em diálogo ecumênico com as demais denominações cristãs, e em diálogo inter-religioso com as diversas religiões.

A estátua do Cristo Redentor apresenta a Igreja Católica em postura de acolhimento, abertura e diálogo com a sociedade, como característica dos caminhos traçados pelo Concílio Vaticano II e pelo Papa Francisco na encíclica "Laudato Si"’, para a preservação de nossa casa comum. O rosto do Cristo Redentor, sereno e bondoso no alto do Monte Corcovado, voltado para a natureza do Rio de Janeiro, representa a harmonia do Verbo encarnado com toda a criação e um convite para que o ser humano construa uma sociedade mais justa e fraterna.

Seminarista, doutorado em teologia sistemática pela PUC-Rio, coordenador do Núcleo de Acervo e Memória do Santuário Cristo Redentor e autor do livro "90 anos de braços abertos para os grandes eventos”

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Nossa Senhora Aparecida, Mãe da Esperança

Nossa Senhora Aparecida | Guadium Press
12 de outubro
NOSSA SENHORA APARECIDA

Redação (09/10/2020 15:00, Gaudium Press) No dia 12 de outubro celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida. A data é tão importante que se tornou feriado nacional. Mas como essa invocação mariana alcançou o patamar de padroeira do Brasil?

A imagem de terracota encontrada em outubro de 1717, por três pescadores no Rio Paraíba do Sul em São Paulo, foi conservada em uma pequena capela. Entretanto, a quantidade de romeiros atraídos pelos inúmeros relatos de milagres da imagem de Nossa Senhora foi tão grande que em pouco tempo o local se transformou em uma cidade: Aparecida do Norte.

Santuário de Aparecida: o principal ponto de turismo religioso do Brasil

Atualmente Aparecida é o principal ponto de turismo religioso do país, reunindo anualmente por volta de 12 milhões de romeiros. O Santuário Nacional já foi visitado pelos três últimos Papas: João Paulo II, Bento XVI e Francisco.

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Mas nem sempre foi assim. Segundo alguns historiadores, a devoção a Nossa Senhora Aparecida demorou para efetivamente se espalhar pelo Brasil. Os missionários da Congregação Redentorista, que se instalaram em Aparecida em 1895, tiveram grande papel na divulgação nacional dessa devoção.

Como Nossa Senhora Aparecida se tornou Rainha do Brasil?

Em 1868, a Princesa Isabel, que estava tendo dificuldades para ter um filho, foi até Aparecida pedir a intercessão da Mãe de Deus. Pouco tempo depois suas orações foram atendidas de forma abundante: a princesa teve três filhos, que garantiriam a sucessão imperial.

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Como forma de agradecer a graça alcançada, a princesa retornou a Aparecida em novembro de 1888 e doou uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis e um manto azul. Esta mesma coroa foi utilizada em 1904 durante uma cerimônia oficial na qual um representante do Papa a coroou oficialmente como Rainha do Brasil. Alguns historiadores acreditam que o ocorrido teve forte influência da Princesa Isabel junto ao Vaticano.

Quando Nossa Senhora Aparecida foi proclamada oficialmente como padroeira do Brasil?

Entretanto, essa coroação não tornou Nossa Senhora Aparecida padroeira oficial do Brasil. Isso só ocorreu no 16 de julho de 1930, através de um decreto do Papa Pio XI. O ato apenas legitimou algo que os brasileiros já levavam no coração. Em 31 de maio de 1931, a imagem foi em romaria até o Rio de Janeiro, então capital federal, onde foi realizada uma Missa Solene na qual se oficializou o decreto papal.

No dia 30 de junho de 1980, data na qual João Paulo II desembarcava pela primeira vez no Brasil, o presidente João Figueiredo declarou, a partir do decreto de Lei n° 6.802, 12 de outubro como feriado nacional para culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.

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Consagração Oficial à Nossa Senhora Aparecida

“Ó Maria Santíssima, pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, em vossa querida imagem de Aparecida, espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil.

Eu, embora indigno de pertencer ao número de vossos filhos e filhas, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis; consagro-vos a minha língua, para que sempre vos louve e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas.

Recebei-me, ó Rainha incomparável, vós que o Cristo crucificado deu-nos por Mãe, no ditoso número de vossos filhos e filhas; acolhei-me debaixo de vossa proteção; socorrei-me em todas as minhas necessidades espirituais e temporais, sobretudo na hora de minha morte.

Abençoai-me, ó celestial cooperadora, e com vossa poderosa intercessão, fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda eternidade. Assim seja!”. (EPC)

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF