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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Sínodo e Missão

CNBB

SÍNODO E MISSÃO

Dom Fernando Areas Rifam
Bispo de São João Maria Vianey

O dia mundial das Missões, que será no próximo domingo (24), data criada em 1926 pelo Papa Pio XI, é celebrado anualmente em toda a Igreja, para recordar o caráter missionário que deve sempre estar presente na ação eclesial, incentivando a todos os cristãos a se comprometerem como missionários, emissários da evangelização. O mês de outubro é o Mês das Missões. Missão é o mandato que Jesus deu à sua Igreja: “Ide e fazei discípulos todos os povos…” (Mt 28, 19).

Domingo passado, tivemos a abertura da fase do Sínodo dos Bispos em todas as dioceses, como preparação para a grande assembleia do Sínodo dos Bispos no Vaticano, em outubro de 2023, com o tema “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”.

Em sua mensagem para o Dia das Missões deste ano, o Papa Francisco usou como lema a frase dos Apóstolos: “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4, 20).

“Quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos. A relação de Jesus com os seus discípulos, a sua humanidade que nos é revelada no mistério da Encarnação, no seu Evangelho e na sua Páscoa mostram-nos até que ponto Deus ama a nossa humanidade e assume as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos anseios e angústias (cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. past. Gaudium et spes, 22). Tudo, em Cristo, nos lembra que o mundo em que vivemos e a sua necessidade de redenção não Lhe são estranhos e também nos chama a sentirmo-nos parte ativa desta missão: ‘Ide às saídas dos caminhos e convidai todos quantos encontrardes’ (cf. Mt 22, 9). Ninguém é estranho, ninguém pode sentir-se estranho ou afastado deste amor de compaixão”.

“A história da evangelização tem início com uma busca apaixonada do Senhor, que chama e quer estabelecer com cada pessoa, onde quer que esteja, um diálogo de amizade (cf. Jo 15, 12-17). Os Apóstolos são os primeiros que nos referem isso, lembrando inclusive a hora do dia em que O encontraram: ‘Eram as quatro da tarde’ (Jo 1, 39). A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-Se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados, fazer apelo às bem-aventuranças, ensinar de maneira nova e cheia de autoridade, deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter. Como dizia o profeta Jeremias, esta experiência é o fogo ardente da sua presença ativa no nosso coração que nos impele à missão, mesmo que às vezes implique sacrifícios e incompreensões (cf. 20, 7-9). O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: ‘Encontramos o Messias’ (Jo 1, 41)”.

“Como os apóstolos e os primeiros cristãos, também nós exclamamos com todas as nossas forças: ‘não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos’ (At 4, 20)”.

*Em sua mensagem para o Dia das Missões deste ano, o Papa Francisco usou como lema a frase dos Apóstolos: “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4, 20).

“Quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos. A relação de Jesus com os seus discípulos, a sua humanidade que nos é revelada no mistério da Encarnação, no seu Evangelho e na sua Páscoa mostram-nos até que ponto Deus ama a nossa humanidade e assume as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos anseios e angústias (cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. past. Gaudium et spes, 22). Tudo, em Cristo, nos lembra que o mundo em que vivemos e a sua necessidade de redenção não Lhe são estranhos e também nos chama a sentirmo-nos parte ativa desta missão: ‘Ide às saídas dos caminhos e convidai todos quantos encontrardes’ (cf. Mt 22, 9). Ninguém é estranho, ninguém pode sentir-se estranho ou afastado deste amor de compaixão”.

“A história da evangelização tem início com uma busca apaixonada do Senhor, que chama e quer estabelecer com cada pessoa, onde quer que esteja, um diálogo de amizade (cf. Jo 15, 12-17). Os Apóstolos são os primeiros que nos referem isso, lembrando inclusive a hora do dia em que O encontraram: ‘Eram as quatro da tarde’ (Jo 1, 39). A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-Se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados, fazer apelo às bem-aventuranças, ensinar de maneira nova e cheia de autoridade, deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter. Como dizia o profeta Jeremias, esta experiência é o fogo ardente da sua presença ativa no nosso coração que nos impele à missão, mesmo que às vezes implique sacrifícios e incompreensões (cf. 20, 7-9). O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: ‘Encontramos o Messias’ (Jo 1, 41)”.

“Como os apóstolos e os primeiros cristãos, também nós exclamamos com todas as nossas forças: ‘não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos’ (At 4, 20)”.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Qual é a diferença entre confissão e direção espiritual?

SeventyFour | Shutterstock

São dois ministérios distintos, embora a direção espiritual possa fazer parte da confissão em alguns casos.

Para a Igreja Católica, a confissão é distinta da direção espiritual.

A confissão é um dos sete sacramentos da Igreja, enquanto a direção espiritual é uma reunião ou série de encontros entre um diretor espiritual – um sacerdote, um leigo ou religioso – e uma pessoa que busca conselho para se aproximar de Deus.

A confissão

Jesus Cristo instituiu o sacramento da confissão, estendendo seu ministério de perdão por meio do ministério de seus apóstolos. O Catecismo da Igreja Católica resume este sacramento da misericórdia de Deus:

“Ao tornar os Apóstolos participantes do seu próprio poder de perdoar os pecados, o Senhor dá-lhes também autoridade para reconciliar os pecadores com a Igreja. Esta dimensão eclesial do seu ministério exprime-se, nomeadamente, na palavra solene de Cristo a Simão Pedro: «Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus; tudo o que ligares na terra ficará ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra ficará desligado nos céus» (Mt 16, 19). «Este mesmo encargo de ligar e desligar, conferido a Pedro, foi também atribuído ao colégio dos Apóstolos unidos à sua cabeça” (Mt 18,18; 28, 16-20)”.

CIC 1444

Para ser claro, é Deus quem perdoa os pecados, por meio do ministério sacerdotal. No sacramento da confissão, o penitente se aproxima do sacerdote e lhe relata os pecados.

A confissão das faltas cotidianas foi encorajada pela Igreja, mas não é uma parte necessária do sacramento.

No rito romano, a confissão normalmente deve ser breve e direta, focando apenas nos pecados graves. O padre pode oferecer algumas palavras de conselho e encorajamento, mas qualquer conversa longa deve ser reservada para a direção espiritual.

Além disso, o Direito Canônico estabelece que a confissão deve acontecer em uma igreja ou oratório sempre que possível, a menos que por justa causa.

A direção espiritual

Aqui está como o  Centro João Paulo II para a Nova Evangelização descreve a direção espiritual:

A direção espiritual é se reunir com um diretor treinado e experiente para refletir sobre como Deus está presente e ativo em sua vida agora, e como Deus pode chamar você para um relacionamento mais profundo. Deus é o Diretor; o diretor humano serve como o vaso através do qual o Espírito trabalha para descobrir o Divino em ação em suas experiências cotidianas. O conteúdo da sessão de direção é simplesmente a sua vida: qualquer aspecto, história ou experiência que você se sinta motivado a trazer para a oração e reflexão. Você, o dirigido, seu diretor e o Espírito Santo se encontram em uma conversa sagrada para que ‘você possa ter vida e tê-la com mais abundância’. (João 10,10). Acima de tudo, seu diretor espiritual o ouve e o ajuda a esclarecer as dicas e palpites, os convites e as ‘cutucadas’ do Espírito em sua vida.

A direção espiritual, portanto, não é psicoterapia ou aconselhamento. Além disso, o melhor diretor espiritual normalmente não lhe dirá o que fazer. Em vez disso, um bom diretor espiritual o ajudará a encontrar o Espírito Santo em sua vida e lhe dará dicas sobre como discernir o melhor curso de ação.

Às vezes, a direção espiritual com um sacerdote pode incluir a confissão sacramental, mas normalmente são ministérios diferentes.

Frequentemente, a direção espiritual ocorre em um escritório e por um longo período de tempo. É durante a direção espiritual que um padre pode oferecer conselhos e apoio extensos, para os quais ele não teria tempo durante a confissão.

Confissão ou direção espiritual?

Enfim, é importante saber a distinção entre confissão e direção espiritual, pois assim você poderá saber o que é que você busca. Se você deseja, por exemplo, ajuda em sua vida espiritual, marque uma reunião com um diretor espiritual.

Por outro lado, se você deseja ser absolvido de seus pecados, vá à sua paróquia e encontre os horários de confissão.

Envolver-se em uma extensa sessão de direção espiritual durante a confissão pode causar complicações adicionais, especialmente se o sacerdote estiver se preparando para a missa ou se houver uma longa fila de penitentes atrás de você. É por isso que é melhor mantê-las separadas e programar um tempo de direção espiritual diferente de um tempo de confissão.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Prudência e radicalidade: uma contradição?

Guadium Press
Ao longo de sua vida pública, Nosso Senhor enfrentou grandes embates e lutas contra os erros de seu tempo, com vistas a ser exemplo para todos os séculos. Hoje em dia, qual a atitude do católico frente aos erros de nossa época: condescendência ou intolerância?

Redação (20/10/2021 09:42Gaudium Press): Frequentemente, quando estamos em face de determinada situação decisiva, nos deparamos diante de pensamentos como: “julgue bem”, “analise adequadamente”, ou “seja prudente”.

Entretanto, o que vem a ser a prudência?

Ela pode ser entendida como uma qualidade adquirida através do raciocínio ajuizado e excelente, notadamente diante de circunstâncias decisivas, quando se é capaz de distinguir quais são as consequências favoráveis ou não ao sujeito. Em decorrência, os argumentos são sensatos, as palavras acertadas, e até os mínimos gestos são regulados com a devida cautela, evitando os possíveis desacordos, desavenças e confusões que possam vir a ser desfavoráveis.

Todavia, dir-se-ia que isto se aplica mais propriamente a certos fatos em que se apresenta clara ou veladamente um erro, ou perante aqueles casos em que se mostram ideologias desviadas da verdade. Nestes momentos, segundo uma concepção unilateral, a “prudência” parece sempre aconselhar a não atacar ou denunciar as falhas e deficiências de outrem. Porquanto, lançar-se de encontro às dificuldades ou ser demasiadamente exigente não são atitudes de um homem prudente; quando não haveria necessidade de se expor com palavras duras e severas, geradoras da desarmonia, optando pelo caminho do diálogo. Afinal de contas, tudo entra em seus eixos com palavras suaves e afáveis…

É este realmente o seu autêntico significado?

Santo Tomás de Aquino, esteado em Aristóteles, define a prudência como “a reta razão do agir,[1] daquilo que deve ser feito”.[2] Ele explica ser uma virtude que capacita o homem a raciocinar sobre os meios bons e úteis para a consecução de um determinado fim bom.[3] Segundo expõe o Aquinense, qualquer falha que haja em relação à realização deste fim será soberanamente contrária à prudência; pois, como o fim é, em cada ordem de coisas, o que há de mais importante, assim é péssima a falha relativamente ao fim.[4]

Porém, o relativismo mais do que nunca impera em nossa época. Para o estabelecimento de uma suposta “paz mundial”, julga-se que os meios para alcançar esta ordem, este consenso e entendimento entre todos os homens, obrigue a permitir e a ceder na maioria dos casos a certos erros e falhas, e, por assim dizer, “condescender com o mal” em benefício desta “paz” tão almejada.

É esta a via que o católico deve abraçar?

A radicalidade de Jesus

Constam nos Santos Evangelhos, as longas jornadas da vida pública de Nosso Senhor. Diversas são as situações em que o Divino Mestre se depara com intrincadas conjunturas, como por exemplo, na ocasião em que os cobradores de impostos Lhe cobraram o tributo do didracma; Jesus ordenou a São Pedro que lançasse o anzol ao mar e recolhesse a moeda que estaria na boca do primeiro peixe encontrado, a fim de pagar o imposto dos dois, pois conforme dizia: “Não convém escandalizar esta gente” (Mt 17, 24-27). Contudo, a sua prudência não se manifestava apenas em sua divina astúcia, mas também em sua radicalidade.

Esta radicalidade, expressa na aliança entre a prudência, a fortaleza e a justiça, não permitia de nenhuma maneira, da parte de Jesus, laivos de condescendência com os maus, mas denotava uma completa intransigência e beligerância contra os vícios e iniquidades de seu tempo.

Vemos nos ensinamentos de Jesus, uma radical intolerância contra o pecado: “Se a tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a; melhor te é entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o fogo inextinguível do inferno” (Mc 9, 43). No episódio da expulsão dos vendilhões do templo, Jesus tece um chicote, derruba as mesas dos cambistas, expulsa a todos do recinto e profere rígidas palavras: “Tirai isto daqui, e não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio” (Jo 2, 13). Vemos ainda os fariseus e saduceus sendo alvos de constantes repreensões por parte de Jesus, que os trata de “raça adúltera e perversa” (Mt 16, 4), “hipócritas”, pois O honravam apenas com os lábios (cf. Mt 15, 7), “sepulcros caiados” (Mt 23, 27), “serpentes e raça de víboras”: “como escapareis ao castigo do inferno?” (Mt 23, 33). Os incessantes “ais”, símbolo da maldição divina, são proferidos contra eles ao longo do capítulo 23 de São Mateus: “Ai de vós mestres da lei e fariseus hipócritas, limpais o copo e o prato por fora, mas por dentro estais cheios de roubo e de intemperança” (Mt 23, 25- 28). “Em verdade vos digo, eles já receberam a sua recompensa” (Mt 6, 16).

Enfim, inúmeras seriam as passagens que descrevem a radicalidade e intolerância de Nosso Senhor em relação ao pecado e aos maus.

Não vim trazer a paz…

Contudo, em muitos ambientes, não soaria como uma imprudência esta radicalidade? Não seria mais adequado tomar atitudes mais benevolentes, conciliadoras e menos contundentes do que estas?

Eis as palavras de Jesus: “Julgais que vim trazer paz à terra? Não vim trazer a paz, mas a divisão” (Lc 12, 51). “Divisão”, por quê?

Porque “todo o que proclama o amor de Deus, irá por começar dividindo e rompendo”.[5] A virtude da justiça exige da prudência que seja tributado a Deus o que Lhe pertence, ou seja, que a verdade não seja dita às meias, mas proclamada. E a fortaleza clama à prudência para que o pecado e o erro sejam denunciados sem temores e sem receios, pois “o reino de Deus em Jesus, manifestado pela expulsão de demônios e a luta contra seus ferozes inimigos, já não permite haver uma neutralidade. É necessário escolher”.[6]

Portanto, não deve recear o católico de seguir as pegadas de seu Pastor, pois com a Sua vinda à terra, “o radicalismo passou a abarcar toda a existência cristã”.[7]

Por Guilherme Motta


[1] Recta ratio agibilium.

[2] TOMÁS DE AQUINO. Comentario a la Ética a Nicómaco de Aristóteles liv. VI, lec. IV, 852. Navarra: EUNSA, 2010, p. 372.

[3] Cf. S. Th. II-II, q. 47, a. 4. In: Ibid. Suma Teológica. São Paulo: Edições Loyola, 2005, v. 5, p. 591-592.

[4] Cf. S. Th. II-II, q. 47, a. 1. In: Ibid., p. 587.

[5] MATURA, Tadeo. El radicalismo evangélico. Retorno a las fuentes de vida cristiana. Madrid: Publicaciones Claretianas, 1980, p. 190.

[6] Ibid., p. 187.

[7] Ibid., p. 18.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Hoje é o Dia Nacional de Valorização da Família: Reze com esta oração

Imagem ilustrativa: Crédito: Istockphoto.com

REDAÇÃO CENTRAL, 21 out. 21 / 06:00 am (ACI).- O Brasil recorda neste 21 de outubro o Dia Nacional de Valorização da Família. Para esta data, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propôs uma oração a fim de pedir a Deus a graça de “valorizar o dom que é a família”.

Esta data tem como objetivo chamar a atenção dos governos e da sociedade para a importância da família como instituição fundamental do desenvolvimento humano.

O Dia Nacional de Valorização da Família foi criado pela Lei n. 12.647, sancionada em 2012. Foi celebrado pela primeira vez em 2013.

Naquela ocasião, o então secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, destacou que “este dia pode se tornar um precioso recurso para promover a Família como espaço privilegiado e insubstituível para que um homem e uma mulher possam, através do matrimônio, gerar e educar seus filhos no exercício da família cidadã”.

Confira a seguir, a oração para o Dia Nacional de Valorização da Família:

Senhor Deus, nosso Pai amoroso e misericordioso, criastes-nos à Vossa imagem e semelhança, para a plenitude da vida em comunhão. Sabemos por experiência que a família constituída por um homem e uma mulher unidos por um vínculo indissolúvel e seus filhos, fundada sobre o matrimônio, é a melhor maneira de viver o amor humano, a maternidade e a paternidade.

Ela é o caminho da plena realização humana e, ao mesmo tempo, constitui o bem mais decisivo para que a sociedade cresça na verdade e na paz, porque ela corresponde ao Vosso desígnio de amor.

Senhor Deus, Verbo Encarnado na família de Nazaré, escolhestes uma família como a nossa para habitar entre nós e compartilhar em tudo a nossa condição humana, menos o pecado. Viestes até nós para ser o nosso Redentor, para salvar a nós e a nossos filhos de atitudes e decisões insensatas, de caminhos de destruição e de morte, dos dramas que acompanham cada existência humana.

Vinde para reavivar em nós o amor que se doa e fortalecer os vínculos de afeto recíproco, para que juntos construamos um mundo de gratuidade amorosa e de vida fraterna. Assim veremos florescer uma sociedade justa e solidária, que valoriza e ama a família, onde seja possível experimentar a felicidade verdadeira, até o dia em que chegaremos junto de Vós, no Vosso Reino de Paz definitiva.

Nossa família, que constitui o bem mais precioso na nossa vida e o maior recurso da nação brasileira, está sendo descaracterizada e desvalorizada por diversas forças sociais e políticas, querendo assemelhá-la a qualquer união que ofereça afeto e cuidados. Até os pais correm perigo de serem desapropriados de sua responsabilidade educativa.

Senhor Deus, Divino Espírito Santo, vinde fortalecer nosso ardor evangélico, para sermos discípulos missionários de Jesus, portadores do seu amor e da sua potência divina que vence a morte.

Pedimos-vos que nossa família se torne cada vez mais casa de comunhão, capaz de vencer os conflitos, escola da fé e dos valores humanos e sociais, lugar onde se partilham as esperanças e as lutas e se acompanha o crescimento de cada filho. Assim, nossa família será fonte de alegria e de beleza, nascente de satisfação e de força para construir positivamente o horizonte de realização de cada pessoa e o bem de toda a sociedade.

Ajudai-nos, Senhor a valorizar o grande dom que é a família, preservando-a dos males que a ameaçam e iluminai nosso caminho para superar os conflitos entre o trabalho a família e a festa, para promover a família cidadã, que auxilia a sociedade a superar a violência e a corrupção, a encontrar caminhos da paz.

Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, abençoai as nossas famílias brasileiras!

Fonte: https://www.acidigital.com/

Terra Santa. Belém: celebrada na Gruta do Leite a fuga da Sagrada Família para o Egito

Representação da fuga da Sagrada Família de Nazaré para o Egito | Vatican News

Celebrar aqui em Belém, neste lugar da primeira parada da Sagrada Família a caminho do Egito, deve "nos tornar mais sensíveis àqueles que hoje se encontram na situação de José, que é obrigado a tomar consigo o Menino Jesus e sua mãe Maria e fugir", disse Pe. Patton, observando que José estava na mesma situação em que se encontram muitos cristãos na Terra Santa, Gaza, Belém, Síria, Líbano, Iraque e muitos outros países na Ásia, África e América Latina: fugindo não por escolha, mas por necessidade.

Vatican News

Lembrando a fuga da Sagrada Família para o Egito, a Custódia da Terra Santa rezou na terça-feira (19/10), no Santuário da Gruta do Leite em Belém, por aqueles "que se veem forçados a percorrer os caminhos do exílio".

Foi o que ressaltou o custódio da Terra Santa, padre frei Francesco Patton, que na terça-feira presidiu uma celebração no local onde Maria e José teriam feito parada a caminho do Egito para escapar do massacre dos inocentes.

A missa, relata o portal da Custódia franciscana da Terra Santa, estava programada entre as liturgias especiais a serem celebradas ao longo de 2021 nos lugares santos ligados à vida de São José, no Ano dedicado ao patrono universal da Igreja.

Como a Sagrada Família, fugindo por necessidade

Em sua homilia, o religioso franciscano sublinhou três características fundamentais da história de São José que emergem no Evangelho de Mateus: sua constante capacidade de confiar em Deus, traduzida em obediência ao Senhor; seu cuidado amoroso por Jesus e Maria; e o cumprimento das Escrituras, graças a sua obediência que tornou concreta a Salvação de Deus, através de Jesus.

"Estes elementos devem nos fazer refletir sobre os ensinamentos que São José deixou para todos nós e depois nos levar a atualizar sua história em nosso próprio tempo", acrescentou o custódio da Terra Santa.

Frei Patton observou que José estava na mesma situação em que se encontram muitos cristãos na Terra Santa, Gaza, Belém, Síria, Líbano, Iraque e muitos outros países na Ásia, África e América Latina: fugindo não por escolha, mas por necessidade.

Tradições e devoções ligadas ao Santuário da Gruta do Leite

"Celebrar aqui em Belém, neste lugar da primeira parada da Sagrada Família a caminho do Egito - continuou o custódio da Terra Santa -, deve, portanto, nos tornar mais sensíveis àqueles que hoje se encontram na situação de José, que é obrigado a tomar consigo o Menino Jesus e sua mãe Maria e fugir."

O santuário da Gruta do Leite, a poucos passos da Basílica da Natividade, tem sido venerado durante séculos. Duas tradições estão ligadas a este lugar: a primeira data do século VI e afirma que Maria se escondeu ali durante o massacre dos Inocentes; a segunda diz que, na pressa de partir para o Egito, algumas gotas de leite da Virgem, que estava amamentando Jesus, caíram no chão, mudando a tonalidade da rocha de rosa para a cor branca.

O pó da rocha da Gruta do Leite em Belém é venerado desde pelo menos o início do século IX, quando Carlos Magno o teria recebido de presente. Segundo a devoção popular, se diz que o pó ajuda a dar leite a mulheres que deram à luz recentemente ou para curar problemas de infertilidade.  A Gruta é hoje um santuário custodiado pelos frades franciscanos da Custódia da Terra Santa, e foi restaurada pela última vez em 2007.

Vatican News – TC/RL

Fonte: https://www.vaticannews.va/

São Gaspar Del Búfalo

S. Gaspar Del Búfalo | santose beatos catolicos.com
21 de outubro
SÃO GASPAR DEL BÚFALO

Gaspar de Búfalo nasceu em Roma no dia 6 de janeiro de 1786. Seus pais — Antonio, chefe de cozinha da família Altiere, e Anunciata Quartieroni — eram excelentes católicos. Como nasceu com a saúde muito delicada, sua mãe obteve que fosse crismado com um ano e meio de idade. O menino esteve várias vezes a ponto de morrer. Anunciata recorreu então a São Francisco Xavier, pedindo-lhe a cura do filho. Tendo sido milagrosamente curado, Gaspar teve até o fim da vida profunda devoção ao Apóstolo da Índia e do Japão, que se tornou o patrono da congregação religiosa que ele fundaria mais tarde.

“Candor de alma, vivacidade de espírito”.

Gaspar demonstrou desde cedo inclinação à virtude e horror ao pecado. “Admirava-se nele o candor de sua alma, a vivacidade de seu espírito, sua amável timidez, seu caráter franco e aberto, sua modéstia, sua amabilidade e sua perfeita obediência a seus pais”. (1) Tinha horror ao pecado, mesmo ao venial, pois julgava acertadamente que, sendo uma ofensa a Deus, mesmo em matéria de menor gravidade não deixava por isso de ser ofensa.

A mãe incutiu-lhe ardente devoção à Santíssima Virgem e a São Luís Gonzaga. O menino costumava reunir a seus amiguinhos em torno de uma imagem da Mãe de Deus, para louvá-la com orações e cânticos. A Ela recorria frequentemente para suplicar que lhe desse controle sobre suas más inclinações, principalmente sua tendência à cólera. Gaspar teve também, desde pequeno, um amor heroico aos pobres e miseráveis.

Mereceu o epíteto de “Pequeno Apóstolo de Roma”

Aos 12 anos Gaspar foi matriculado no Colégio Romano, recebendo a primeira tonsura. Alguns anos depois, também precocemente, receberam as quatro ordens menores.

Foi então encarregado da instrução catequética na igreja de São Marcos. A dedicação e eficiência com que se desempenhou do cargo foi tal, que lhe mereceu o epíteto de o “Pequeno Apóstolo de Roma”. Por isso, ao completar 19 anos, foi nomeado presidente da recém-instituída Escola Catequética de Santa Maria Del Pianto.

Gaspar costumava reunir certo número de jovens para dedicar-se com eles à vida de piedade. Exortava-os sempre a progredir na vida espiritual e no amor à Igreja.

         Em 1807 foi-lhe concedido um canonicato em São Marcos. E no ano seguinte – com dispensa, pois tinha apenas 22 anos de idade – recebeu a ordenação sacerdotal.

Arquiconfraria do Precioso Sangue

         Às noites, por meio de reuniões, Gaspar começou a ocupar-se em São Marcos com os homens da vizinhança, após ter-se dedicado durante o dia às crianças que se preparavam para fazer a Primeira Comunhão. Obtinha esmolas para vestir nesse dia solene as que eram pobres. O tempo que lhe restava empregava-o em pregar nos subúrbios pobres de Roma, incitando todos a uma reforma de vida.

Foi companheiro de Vicente Strambi nas missões, o qual o definia como “terremoto espiritual”. O povo o chamava de “anjo da paz”, devido suas pregações serem pacíficas e caridosas. 

O Papa João XXIII definiu-lhe como: “Glória toda resplandecente do clero romano, verdadeiro e maior apóstolo da devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus no mundo”. Em 1810 uma piedosa religiosa dizia que surgiria um zeloso sacerdote que sacudiria o povo da sua indiferença, mediante a propagação de devoção ao Precioso Sangue.

         Tomou então como diretor espiritual ao Padre Francisco Albertini, pároco de São Nicolau in Cárcere, também na Cidade Eterna, e depois bispo. Profundamente entristecido pelas misérias espirituais e temporais causadas pela nefanda Revolução Francesa, o Padre Albertini reuniu em sociedade todos os que estavam dispostos a meditar frequentemente na Paixão de Cristo oferecendo ao Eterno Padre o Sangue de seu Filho em expiação dos próprios pecados, pela conversão dos pecadores, pelas necessidades da Igreja e pelas almas do Purgatório. São Gaspar assistiu-o nessa iniciativa, nascendo assim a Arquiconfraria do Preciosíssimo Sangue.

“Non posso, non debbo, non voglio”

 No auge de sua ambição, Napoleão Bonaparte fez-se coroar imperador dos franceses em 1804. Muito favorecido pelas armas, tornou-se senhor da Europa, julgando-se acima de tudo e de todos, tanto na ordem temporal quanto na espiritual. Já havia obrigado o Papa Pio VII a estar presente em sua coroação. Mas não o considerava senão um joguete em suas mãos. Por isso, em carta ao Príncipe Eugênio, que como vice-rei governava Milão em seu nome, “o Corso” escreveu em 22 de julho de 1807: “Qualquer Papa que me denunciasse à Cristandade, cessaria de ser Papa aos meus olhos. Eu o olharia como o Anticristo”.

Ele chegou mesmo a escrever ao Papa: “Vossa Santidade é o soberano de Roma, mas eu sou seu Imperador. Portanto, todos os meus inimigos têm que ser os vossos”.

O relacionamento entre o Papa e Napoleão só piorou quando este quis anular seu casamento com Josefina para casar-se com a arquiduquesa Maria Luísa d’Áustria.

Depois de muitos agravos recebidos do tirano – a invasão de Roma, inclusive – Pio VII acabou por excomungá-lo. Na noite de 05 para 06 de julho de 1809, “o Corso”, furioso, mandou aprisionar o Papa e alguns cardeais.

Tendo já anexado ao Império os Estados Pontifícios, Napoleão exigiu do clero desses Estados um juramento de fidelidade. Assim, em 1810, São Gaspar de Búfalo foi intimado a comparecer diante do general Miollis, representante de Napoleão em Roma, para jurar fidelidade ao imperador. O santo respondeu com as palavras que se tornaram célebres: “Non posso, non debbo, non voglio”. O general o ameaçou então com o exílio. Como pai verdadeiramente cristão, Antonio de Búfalo, que estava junto ao filho, respondeu que preferia ver seu filho cortado em pedaços que faltar a seu dever.

Depois de uma segunda recusa, São Gaspar foi encarcerado e levado de prisão em prisão, até a queda de Napoleão em 1814.

Fundação da Congregação do Preciosíssimo Sangue

 Ao retornar a Roma, Gaspar pensou em ingressar na Companhia de Jesus, então restabelecida. Entretanto, Pio VII – que também retornava do exílio –, angustiado pelo calamitoso estado espiritual existente, sobretudo de Roma e dos Estados Pontifícios depois dos anos das guerras e desordens napoleônicas, desejava que neles se realizassem missões. Escolheu então São Gaspar de Búfalo e outros zelosos sacerdotes para essa obra, cedendo-lhes para se reunirem o convento de São Felix, em Giano.

São Gaspar fundou então, no dia 15 de agosto de 1815, uma congregação de sacerdotes seculares para pregar as missões e difundir a devoção ao Preciosíssimo Sangue. Seus membros não fariam os três votos religiosos, mas uma promessa de “não deixar a comunidade sem permissão do superior legal”.

Sua fama como pregador difundiu-se por toda a Itália, porque ele tinha um talento prodigioso para expor a palavra divina. O povo o chamava de “o Santo”, “Apóstolo de Roma” e de “Martelo dos carbonários” (a franco-maçonaria italiana). Poucos podiam resistir à força e unção de suas palavras. Só na cidade de Sanseverino, por exemplo, 50 sacerdotes não foram suficientes para ouvirem confissões depois de sua missão.

São Gaspar pregava para todos, não escolhendo lugar nem pessoas. Por exemplo, ele foi até os antros dos famosos “briganti”, escondidos nas montanhas, pregar-lhes a doutrina da salvação. E o que se viu foi uma multidão deles depor suas armas aos pés do santo depois de o ouvirem.

O Papa Leão XII recorreu a Gaspar de Búfalo devido à proliferação do banditismo, o qual, conseguiu amansar os mais temíveis bandidos. Com estas armas da paz e da caridade conseguiu conter os bandidos que proliferavam nas periferias de Roma

Entretanto, esse ato heroico de caridade excitou a ira de alguns oficiais, que lucravam com o banditismo por meio de propinas e conluios. Estes “sem Deus” ousaram denunciá-lo ao Papa Leão XII, que se impressionou com as denúncias. Tanto mais quanto o Pontífice já tinha objeções ao nome da congregação – “Preciosíssimo Sangue” – que julgava uma novidade. São Gaspar de Búfalo foi então intimado a explicar-se em sua presença, enquanto o Padre Betti justificava o nome da congregação com argumentos das Sagradas Escrituras e dos Padres da Igreja. Após ouvi-los, Leão XII exclamou: “De Búfalo é um anjo”. E a Congregação encontrou livre trânsito na Igreja.

Cavaleiros do Preciosíssimo Sangue

É interessante notar que a devoção ao Preciosíssimo Sangue não era inteiramente nova. Havia várias arquiconfrarias a ele dedicadas na Espanha no século XVI; e em 1608 o duque de Mântua, Vicente de Gonzaga, já fundara em seus domínios uma ordem militar do Preciosíssimo Sangue, cujo objetivo era proteger uma sagrada relíquia do Preciosíssimo Sangue.

A aprovação de Leão XII não acalmou os inimigos do santo. A pretexto de promoção, quiseram afastá-lo, enviando-o como internúncio ao Brasil. Mas ele se recusou. Outra tentativa foi feita junto ao Papa Pio VIII em 1830. Este chegou a suspender o santo de suas funções e ameaçou extinguir sua congregação. Mas sua heroica humildade prevaleceu de novo e a suspensão foi levantada.

A congregação começou a florescer com casas em Giano, Albano e, apesar de muitas dificuldades, no Reino de Nápoles; depois, na Alsácia, na Baviera, chegando até a Índia.

Em 1834, junto com a venerável Maria de Mattia, São Gaspar fundou o ramo feminino de sua congregação, as Irmãs da Adoração do Preciosíssimo Sangue.

Finalmente, em 1836, sua saúde sempre frágil começou a declinar a olhos vistos. Mesmo assim ele continuou seu apostolado. Indo a Roma atender às necessidades dos empestados durante a terrível peste que se abateu sobre a Cidade Eterna, foi atacado pela moléstia, falecendo no dia 28 de dezembro de 1837.

Faleceu em Roma a 28 de dezembro de 1837, em um quarto em cima do Teatro Marcelo, São Vicente Palloti, seu contemporâneo, teve a visão de sua alma que subia ao encontro de Cristo, como uma estrela luminosa. A fama de sua santidade não demorou a atingir o mundo todo.

São Gaspar de Búfalo foi beatificado pelo glorioso São Pio X em 1904, e canonizado por Pio XII em 1954. Sua festa é celebrada em 02 de janeiro.

Fonte: http://www.santosebeatoscatolicos.com/

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Por que a Bíblia católica é diferente da protestante?

Crédito: Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

A bíblia protestante tem apenas 66 livros porque Lutero e, principalmente os seus seguidores, rejeitaram os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14. A razão disso vem de longe.

No ano 100 da era cristã os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definirem a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começava a surgir o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os Judeus não aceitaram. Nesse Sínodo os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte:

1. deveria ter sido escrito na Terra Santa;

2. escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego;

3. escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);

4. sem contradição com a Torá ou lei de Moisés.

Esses critérios eram nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia protestante, citados antes.

Acontece que em Alexandria no Egito, cerca de 200 anos antes de Cristo, já havia uma forte colônia de judeus, vivendo em terra estrangeira e falando o grego. Os judeus de Alexandria, através de 70 sábios judeus, traduziram os livros sagrados hebraicos para o grego, entre os anos 250 e 100 a.C, antes do Sínodo de Jâmnia (100 d.C). Surgiu assim a versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta. E essa versão dos Setenta, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram.

Havia então no início do Cristianismo duas Bíblias judaicas: uma da Palestina (restrita) e a Alexandrina (completa – Versão dos LXX). Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando canônicos os livros rejeitados
em Jâmnia. Ao escreverem o Novo Testamento usaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico.

O texto grego “dos Setenta” tornou-se comum entre os cristãos; e portanto, o cânon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester e Daniel, passou para o uso dos cristãos.

Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos apóstolos. Verificamos também que nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram.

Por exemplo: Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9; Rom 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11; Mt 11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb 12,15.

Nos séculos II a IV houve dúvidas na Igreja sobre os sete livros por causa da dificuldade do diálogo com os judeus. Finalmente a Igreja, ficou com a Bíblia completa da Versão dos Setenta, incluindo os sete livros.

Por outro lado, é importante saber também que muitos outros livros que todos os cristãos têm como canônicos, não são citados nem mesmo implicitamente no Novo Testamento. Por exemplo: Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute.

Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (Patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura. Assim, São Clemente de Roma, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes.

Ora, será que o Papa S. Clemente se enganou, e com ele a Igreja? É claro que não. Da mesma forma, o conhecido Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do 2 Macabeus; Santo Hipólito (?234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus.

Fica assim, muito claro, que a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo.

Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870) confirmaram a escolha.

No século XVI, Martinho Lutero (1483-1546) para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses, adotou o cânon da Palestina e deixou de lado os sete livros conhecidos, com os fragmentos de Esdras e Daniel.

Sabemos que é o Espírito Santo quem guia a Igreja e fez com que na hesitação dos séculos II a IV a Igreja optasse pela Bíblia completa, a versão dos Setenta de Alexandria, o que vale até hoje para nós católicos.

Lutero, ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as sociedades bíblicas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia.

Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Disse o último Concílio:

“Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes. Assim o Deus que outrora falou, mantém um permanente diálogo com a Esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através da Igreja no mundo, leva os fiéis à verdade toda e faz habitar neles copiosamente a Palavra de Cristo” (DV,8).

Por fim, é preciso compreender que a Bíblia não define, ela mesma, o seu catálogo; isto é, não há um livro da Bíblia que diga qual é o Índice dela. Assim, este só pôde ter sido feito pela Tradição Apostólica oral que de geração em geração chegou até nós.

Se negarmos o valor indispensável da Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia.

Prof. Felipe Aquino

7 conselhos que te ajudarão a aperfeiçoar a oração do terço

Terço / Fotot: Flickr - FotoKatolik (CC-BY-SA-2.0)

REDAÇÃO CENTRAL, 20 out. 21 / 05:00 am (ACI).- Outubro é o mês dedicado ao terço e muitos católicos redescobrem na oração predileta da Virgem Maria sua força espiritual. Para seguir aperfeiçoando o hábito desta oração, apresentamos sete conselhos práticos tirados do livro “O Rosário: Teologia de joelhos”, do sacerdote, escritor e funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, monsenhor Florian Kolfhaus:

1. Dedicar tempo

Nossos calendários estão cheios de compromissos. Entretanto, é bom reservar de 20 a 30 minutos por dia para a oração do terço. Este encontro com Jesus e Maria é muito mais importante que as demais atividades agendadas.

Este tempo de oração é reservado para nós mesmos, porque é um tempo no qual devemos nos dedicar somente para amar.

É possível reservar dois ou três dias da semana para a oração do terço e, desta forma, será cada vez mais fácil fazer esta oração, até finalmente poder rezá-la todos os dias.

2. Saber que reza para alguém

Uma boa oração está baseada em orientar completamente à vontade a agradar o nosso querido amigo, Cristo, e não a nós mesmos.

3. Fazer pausas

Santo Ignácio de Loyola recomenda a chamada “terceira forma de rezar” para adaptar as palavras ao ritmo da própria respiração.

Normalmente, é suficiente interromper um mistério do terço para voltar a ser consciente de que Jesus e Maria nos olham cheios de alegria e amor. Para isto, pode ser útil respirar duas ou três vezes, antes de voltar a retomar a oração.

4. Dirigir os pensamentos

Pode-se e deve-se “desviar” os pensamentos para encontrar o mistério que devemos visualizar na nossa mente antes de cada dezena do terço.

É pouco provável que a repetição seja útil se não for encaminhada várias vezes para o essencial, que é a vida de Jesus e de Maria.

5. Fazer da oração um momento para compartilhar com Cristo

Um dos primeiros e mais importantes passos para a oração interior é não só nos dedicarmos a pensar e a meditar, mas olhar paa aquele a quem está dirigida a nossa prece.

Saber que, aquele a quem nos dirigimos nos ama infinitamente e despertará em nós diversos e espontâneos sentimentos, assim como quando desfrutamos e nos alegramos com uma pessoa que gostamos muito.

6. Fechar os olhos ou simplesmente fixá-los em um só lugar

Algumas pessoas fecham os olhos a fim de se concentrar e rezar melhor. Isso pode ser uma ajuda, mas normalmente é suficiente fixar o olhar em um só lugar e evitar olhar ao redor. De qualquer maneira, é importante que os olhos do coração estejam sempre abertos.

O terço é como uma visita ao cinema. Trata-se de ver imagens. Algumas perguntas básicas podem ser de utilidade: o que, quem, como, quando, onde? Como vejo o nascimento de Jesus, sua crucificação, sua ascensão.

Às vezes, posso – como se tivesse uma câmara – aproximar elementos ou detalhes e procurar um primeiro plano: a mão de Cristo transpassada pelos pregos, as lágrimas nos olhos do apóstolo João enquanto o Senhor subia aos céus, etc.

7. Que a intenção de rezar sempre seja o amor

As palavras acompanham, nossa mente se dispõe, mas o nosso coração deve dominar a oração.

Todos os grandes escritores espirituais concordam que a oração interior atinge principalmente nossos sentimentos e emoções.

Santa Teresa D’Ávila explica de maneira simples: “Não pense muito, ame muito!”. Em uma ocasião, uma senhora me contou que não conseguia pensar em rezar o terço todos os dias, mas a única coisa que conseguia dizer interiormente era: ‘Jesus, Maria, eu os amo!’. Parabenizo a esta mulher, pois a tal resultado a oração do terço nos deve levar.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF