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segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Magistério da Igreja e Polêmicas do Sínodo da Amazônia

Crédito: Presbíteros

Magistério e Polêmicas do Sínodo da Amazônia

O material está estruturado de acordo com os títulos, sendo que cada um corresponde a uma polêmica ou controvérsia específica. Em sequência, os destaques em itálico apresentam uma síntese do assunto. Por fim, seguem citações de documentos oficiais, links correspondentes a cada uma das posições apresentadas.

  1. O que é o Sínodo dos Bispos

O Sínodo dos Bispos foi instituído por São Paulo VI. Foi previsto no Concílio Vaticano II. Trata-se de organismo que busca auxiliar o Papa no Governo da Igreja. Possui caráter expressamente consultivo e não deliberativo. Dito em outras palavras, apenas aconselha. Não toma qualquer decisão. Ou seja, mesmo que haja uma conclusão por parte dos bispos, o Papa não está obrigado a acatá-las.

O caráter deliberativo permanece restrito ao Santo Padre. A estrutura de funcionamento foi sucessivamente reformada. Como modificado pelo Papa Francisco, possui, atualmente, três fases: a) fase preparatória, em que o Povo de Deus é diretamente consultado, b) a fase celebrativa, em desenvolvimento, referente à reunião da assembleia dos bispos e, c) finalmente, a fase de implementação, quando as conclusões que são aprovadas de acordo com o entendimento do Papa são aceitas ou não pela Igreja.

http://www.sinodoamazonico.va/content/sinodoamazonico/pt/noticias/perguntas-frequentes-sobre-o-sinodo-dos-bispos–sinodoamazonico.html

  1. Características do Sínodo da Amazônia

O Sínodo da Amazônia tem como linha principal a evangelização que abrange todas as esferas de atuação da Igreja Católica. Essa reunião não tem nenhuma finalidade política, nem ideológica. O Papa Francisco critica a colonização ideológica na Amazônia, especialmente o desenvolvimentismo e o indigenismo.

“Podemos dizer que o Sínodo da Amazônia tem quatro dimensões: a pastoral, a cultural, a social e a ecológica. A primeira, a dimensão pastoral é a essencial, que engloba tudo.”

Discurso do Papa Francisco na abertura do Sínodo da Amazônia

http://w2.vatican.va/content/francesco/es/speeches/2019/october/documents/papa-francesco_20191007_apertura-sinodo.html

“O objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta.”

Papa em discurso de anúncio da uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-amazônica.

O anúncio do Sínodo aconteceu no dia 15 de outubro de 2017, na Praça São Pedro, em Roma, logo após a canonização dos protomártires brasileiros de Cunhaú e Uruaçu e de dois adolescentes indígenas mexicanos mártires.

https://youtu.be/XxcOpVDzuec

“As ideologias são uma arma perigosa, sempre tendemos a agarrar uma ideologia para interpretar um povo. As ideologias são reducionistas, e nos levam a exageros em nossa pretensão de compreender intelectualmente, mas sem aceitar, compreender sem admirar, compreender sem assumir, e então se recebe a realidade em categorias, as mais comuns são as categorias dos “ismos”. Então quando temos que aproximarmos da realidade de algum povo originário falamos de indigenismos, e quando queremos dar-lhes alguma alguma pista de como viver melhor, não lhes perguntamos, falamos de desenvolvimentismo. Estes “ismos” reformulam a vida desde o laboratório iluminista.”

Discurso do Papa Francisco na abertura do Sínodo da Amazônia

http://w2.vatican.va/content/francesco/es/speeches/2019/october/documents/papa-francesco_20191007_apertura-sinodo.html

O Papa Francisco já tinha criticado o desenvolvimentismo e o indigenismo em 2018:

“Provavelmente, nunca os povos originários amazônicos estiveram tão ameaçados nos seus territórios como o estão agora. A Amazônia é uma terra disputada em várias frentes: por um lado, a nova ideologia extrativa e a forte pressão de grandes interesses econômicos cuja avidez se centra no petróleo, gás, madeira, ouro e monoculturas agroindustriais; por outro, a ameaça contra os vossos territórios vem da perversão de certas políticas que promovem a «conservação» da natureza sem ter em conta o ser humano, nomeadamente vós irmãos amazônicos que a habitais. Temos conhecimento de movimentos que, em nome da conservação da floresta, se apropriam de grandes extensões da mesma e negociam com elas gerando situações de opressão sobre os povos nativos, para quem, assim, o território e os recursos naturais que há nele se tornam inacessíveis. Este problema sufoca os vossos povos, e causa a migração das novas gerações devido à falta de alternativas locais.”

Encontro Com Os Povos Da Amazônia – Discurso do Santo Padre – Viagem Apostólica Do Papa Francisco Ao Chile E Peru

Puerto Maldonado – Coliseu Madre de Dios

Sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

  1. Evangelização dos índios

A preocupação com as populações indígenas e a evangelização destas é presente em toda a Igreja Latino-Americana, conforme demonstrado no Documento de Aparecida. O Papa Francisco estimula “a compreensão e exposição da verdade de Cristo partindo das tradições e culturas locais”.

“530. Como discípulos e missionários a serviço da vida, acompanhamos os povos indígenas e originários no fortalecimento de suas identidades e organizações próprias, na defesa do território e em uma educação intercultural bilíngüe e na defesa de seus direitos. Comprometemo-nos também a criar consciência na sociedade a respeito da realidade indígena e seus valores, através dos meios de comunicação social e outros espaços de opinião. A partir dos princípios do Evangelho, apoiamos a denúncia de atitudes contrárias à vida plena em nossos povos de origem e nos comprometemos a prosseguir na obra de evangelização dos indígenas, assim como a procurar as aprendizagens educativas e de trabalho com as transformações culturais que isso implica.“

https://img.cancaonova.com/noticias/pdf/DocumentoDeAparecida-VCelam.pdf – Documento de Aparecida

118. Os Bispos da Oceânia pediram que a Igreja neste continente «desenvolva uma compreensão e exposição da verdade de Cristo partindo das tradições e culturas locais», e instaram todos os missionários «a trabalhar de harmonia com os cristãos indígenas para garantir que a doutrina e a vida da Igreja sejam expressas em formas legítimas e apropriadas a cada cultura». Não podemos pretender que todos os povos dos vários continentes, ao exprimir a fé cristã, imitem as modalidades adotadas pelos povos europeus num determinado momento da história, porque a fé não se pode confinar dentro dos limites de compreensão e expressão duma cultura. É indiscutível que uma única cultura não esgota o mistério da redenção de Cristo.”

http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html

  1. Cristianismo e a proteção ao meio ambiente

A defesa do meio ambiente e a condenação de um uso irresponsável da natureza são preocupações recorrentes de todos os papas desde que a sociedade tomou consciência da questão ecológica.

197. Notamos com tristeza que uma das contradições que mais perturbam e atormentam a nossa época é a seguinte: enquanto, por um lado, salientam-se as situações de mal-estar, e apresenta-se o espectro da miséria e da fome; por outro, utilizam-se, muitas vezes em grande escala, as descobertas da ciência, as realizações da técnica e os recursos econômicos, para criar terríveis instrumentos de ruína e de morte.

Papa João XXIII – Mater et Magistra

https://w2.vatican.va/content/john-xxiii/pt/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_15051961_mater.html

21. Por motivo da exploração inconsiderada da natureza, começa a correr o risco de destruí-la e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação. Não só já o ambiente material se torna uma ameaça permanente, poluições e lixo, novas doenças, poder destruidor absoluto; é mesmo o quadro humano que o homem não consegue dominar, criando assim, para o dia de amanhã, um ambiente global, que poderá tornar-se-lhe insuportável. Problema social de envergadura, este, que diz respeito à inteira família humana.

Papa Paulo VI – Octogesima Adveniens

http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/apost_letters/documents/hf_p-vi_apl_19710514_octogesima-adveniens.html

Este estado de ameaça contra o homem, da parte dos seus mesmos produtos, tem várias direcções e vários graus de intensidade. Parece que estamos cada vez mais cônscios do fato de a exploração da terra, do planeta em que vivemos, exigir um planeamento racional e honesto. Ao mesmo tempo, tal exploração para fins não somente industriais mas também militares, o desenvolvimento da técnica não controlado nem enquadrado num plano com perspectivas universais e autenticamente humanístico, trazem muitas vezes consigo a ameaça para o ambiente natural do homem, alienam-no nas suas relações com a natureza e apartam-no da mesma natureza. E o homem parece muitas vezes não dar-se conta de outros significados do seu ambiente natural, para além daqueles somente que servem para os fins de um uso ou consumo imediatos. Quando, ao contrário, era vontade do Criador que o homem comunicasse com a natureza como « senhor » e «guarda » inteligente e nobre, e não como um « desfrutador » e « destrutor » sem respeito algum.

João Paulo II – Redemptor hominis, n. 15

http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_04031979_redemptor-hominis.html 

A Igreja sente o seu peso de responsabilidade pela criação e deve fazer valer esta responsabilidade também em público. Ao fazê-lo, não tem apenas de defender a terra, a água e o ar como dons da criação que pertencem a todos, mas deve sobretudo proteger o homem da destruição de si mesmo. Requer-se uma espécie de ecologia do homem, entendida no justo sentido. De facto, a degradação da natureza está estreitamente ligada à cultura que molda a convivência humana: quando a « ecologia humana » [124] é respeitada dentro da sociedade, beneficia também a ecologia ambiental. Tal como as virtudes humanas são intercomunicantes, de modo que o enfraquecimento de uma põe em risco também as outras, assim também o sistema ecológico se rege sobre o respeito de um projecto que se refere tanto à sã convivência em sociedade como ao bom relacionamento com a natureza.

Para preservar a natureza não basta intervir com incentivos ou penalizações económicas, nem é suficiente uma instrução adequada. Trata-se de instrumentos importantes, mas o problema decisivo é a solidez moral da sociedade em geral. Se não é respeitado o direito à vida e à morte natural, se se tornam artificiais a concepção, a gestação e o nascimento do homem, se são sacrificados embriões humanos na pesquisa, a consciência comum acaba por perder o conceito de ecologia humana e, com ele, o de ecologia ambiental.

Bento XVI – Caritas in Veritate

http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20090629_caritas-in-veritate.html

13. O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projecto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum.

124. Em qualquer abordagem de ecologia integral que não exclua o ser humano, é indispensável incluir o valor do trabalho, tão sabiamente desenvolvido por São João Paulo II na sua encíclica Laborem excercens. Recordemos que, segundo a narração bíblica da criação, Deus colocou o ser humano no jardim recém-criado (cf. Gn2, 15), não só para cuidar do existente (guardar), mas também para trabalhar nele a fim de que produzisse frutos (cultivar). Assim, os operários e os artesãos «asseguram uma criação perpétua» (Sir 38, 34). Na realidade, a intervenção humana que favorece o desenvolvimento prudente da criação é a forma mais adequada de cuidar dela, porque implica colocar-se como instrumento de Deus para ajudar a fazer desabrochar as potencialidades que Ele mesmo inseriu nas coisas: «O Senhor produziu da terra os medicamentos; e o homem sensato não os desprezará» (Sir 38, 4).

Ponto 225. Uma ecologia integral exige que se dedique algum tempo para recuperar a harmonia serena com a criação, reflectir sobre o nosso estilo de vida e os nossos ideais, contemplar o Criador, que vive entre nós e naquilo que nos rodeia e cuja presença «não precisa de ser criada, mas descoberta, desvendada».[155]

  1. Polêmica: Críticas ao Instrumentum laboris do Sínodo da Amazônia como sendo um documento que expressa a visão do Papa Francisco

Instrumentum laboris não é um documento escrito pelo Papa, mas sim uma proposta de alguns bispos com temas para serem estudados. O Papa Francisco afirmou: “o Instrumentum Laboris, que, como sabem, é um texto mártir, destinado a ser destruído, porque é ponto de partida”.

A reflexão final do Magistério da Igreja sobre o tema só ficará disponível em março de 2020, se o Papa Francisco seguir a mesma postura dos sínodos anteriores, em que escreveu a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, em 19 de março de 2018, depois do Sínodo no segundo semestre de 2017, bem como a publicação da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, em 19 de março de 2016, depois do Sínodo no segundo semestre de 2015.

Foram feitas consultas, discutiram as Conferências Episcopais, em Conselho Pré-Sinodal, foi elaborado o Instrumentum Laboris, que, como sabem, é um texto mártir, destinado a ser destruído, porque é ponto de partida para o que o Espírito vai fazer em nós e, agora, caminharemos juntos sob a guia do Espírito Santo. Agora temos que deixar que o Espírito Santo se expresse nesta Assembleia, se expresse entre nós, se expresse conosco, através de nós e se expresse “apesar de nós”, apesar de nossas resistências, que é normal que existam, porque a vida do cristão é assim mesmo.

  1. Ordenação de homens casados e a possibilidade do Celibato dos sacerdotes acabar depois do Sínodo da Amazônia

O Papa Francisco deixa claro que não deseja mudar a lei do celibato, mas reconhece o problema de escassez de sacerdotes em regiões remotas e que pode ser estudada a ordenação de homens casados. Todavia, o Papa Francisco salienta que o fato de ser discutido, não quer dizer que deve ser feito, essa é a lógica do Papa Francisco e isso se aplica em várias situações.

Na Igreja católica de rito oriental eles podem fazer isso se fazem a opção celibatária ou de esposo antes do diaconato. Quanto ao rito latino, lembro-me de uma frase de São Paulo VI: “Prefiro dar a vida antes de mudar a lei do celibato”. Isso me veio em mente e quero afirmá-lo porque é uma frase corajosa. Ele disse isso em 1968-1970, num momento mais difícil do que o atual. Pessoalmente, penso que o celibato seja um dom para a Igreja e não concordo em permitir o celibato opcional. Não. Permaneceria alguma possibilidade nos lugares mais distantes, penso nas ilhas do Pacífico, mas é algo em que pensar quando há necessidade pastoral. O pastor deve pensar nos fiéis. Existe um livro do pe. Lobinger, interessante. É algo em discussão entre os teólogos, não há uma decisão minha. A minha decisão é: não ao celibato opcional antes do diaconato. É uma coisa minha, pessoal. Eu não o farei, isso é claro. Sou fechado? Talvez, mas não me sinto de colocar-me diante de Deus com esta decisão. Padre Lobinger diz: “A Igreja faz a eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja. Mas onde não há Eucaristia há comunidade, pense nas ilhas do Pacífico. Lobinger pergunta: quem faz a Eucaristia? Os diretores e organizadores dessas comunidades são diáconos, religiosas ou leigos. Lobinger diz ainda: se poderia ordenar sacerdote um idoso casado, esta é a sua tese. Mas que exercite apenas o munus sanctificandi, isto é, celebre a missa, administre o Sacramento da Reconciliação e dê a unção dos enfermos. A ordenação sacerdotal dá os três munera: o munus regendi (o pastor que guia), o munus docendi (o pastor que ensina) e o munus sanctificandi. O bispo só lhe daria a licença para o munus sanctificandi. Esta é a tese. O livro é interessante e talvez isso possa ajudar a responder o problema. Acredito que o tema deve ser aberto nesse sentido para os lugares onde existe um problema pastoral, por falta de sacerdotes. Não digo que deve ser feito, eu não refleti, não rezei o suficiente sobre isso. Mas os teólogos debatem sobre isso, devem estudar. Estava conversando com um oficial da Secretaria de Estado, um bispo que teve que trabalhar num país comunista no início da revolução. Quando viram como essa revolução chegava nos anos 50, os bispos ordenaram secretamente camponeses, bons e religiosos. Depois que a crise passou, trinta anos depois, a coisa se resolveu. Ele me contou a emoção que sentiu quando numa celebração viu esses camponeses com mãos de camponeses colocarem suas vestes para concelebrar com os bispos. Na história da Igreja isso se verificou. É algo a ser pensado e sobre o qual rezar. Por fim, me esqueci de citar o Anglicanorum coetibus, de Bento XVI, para os sacerdotes anglicanos que se tornaram católicos, mantendo suas vidas como se fossem orientais. Lembro-me ter visto muitos deles com o colarinho clerical e com mulheres e crianças numa audiência de quarta-feira.

Há em algumas pessoas uma visão confusa do clericalismo que para ser e fazer a Igreja é preciso ser padre ou religioso. A dificuldade de entender que os leigos são chamados para viver plenamente sua vocação batismal buscando ser santo e ajudar na santificação das pessoas e do mundo, como afirma o concílio Vaticano II e todos os Papas até o Papa Francisco.

Padre Martín Lasarte, missionário Salesiano e padre sinodal, que tem 47 comunidades religiosas na região amazônica, 25 delas em áreas rurais ou na selva. Abaixo alguns comentários do Pe. Lasarte:

“A Igreja, na Coréia, nasceu graças a um leigo, batizado na China, e durante seu primeiro meio século de vida, até 1835, se estendeu apenas com leigos, até que pudesse haver uma presença estável de sacerdotes.

Também no Japão, a Igreja Católica permaneceu viva por mais de duzentos anos sem padres, em comunidades que tinham catequistas, batizantes e pregadores, todos leigos. “É interessante o lembrete que os cristãos guardaram até a chegada dos novos sacerdotes no século XIX: a igreja voltará ao Japão e vocês saberão por esses três sinais, os sacerdotes serão celibatários, haverá uma imagem de Maria e obedecerão ao Papa de Roma”.

  1. Ordenação de mulheres

Há três níveis do Sacramento da Ordem: diaconal (o homem se torna diácono), sacerdotal (o homem se torna padre), episcopal (o homem se torna bispo e pode ordenar outros padres).

Em 2 de agosto de 2016, o Papa Francisco criou a Comissão de Estudo sobre o Diaconato da Mulher. Por mais de dois anos essa comissão se reuniu, por fim apresentou um relatório sem aparentemente chegar a um consenso e depois a comissão foi encerrada. Em maio, o Papa Francisco disse: “Eu não tenho medo do estudo. Contudo, até agora, nada se concluiu.”. O Papa Francisco salienta que o fato de ser estudado, não quer dizer que deve ser feito, essa é a lógica do Papa Francisco e isso se aplica em várias situações.

A possibilidade de ordenação sacerdotal e episcopal feminina foi fechada definitivamente por São João Paulo II.

“Havia diaconisas, ao princípio; mas era ordenação sacramental ou não? É sobre isto que se discute, e não se vê claro. É verdade que ajudavam, por exemplo, na liturgia dos Batismos: como os Batismos eram por imersão, quando se batizava uma mulher, as diaconisas ajudavam; inclusive para a unção do corpo da mulher. Depois veio fora um documento, onde se via que as diaconisas eram chamadas pelo bispo, quando havia um litígio matrimonial, para a dissolução do matrimónio através do divórcio ou da separação. Quando a mulher acusava o marido de a espancar, as diaconisas eram enviadas pelo bispo para verificarem as contusões no corpo da mulher e poderem assim testemunhar no julgamento. Estas são as coisas que recordo. Fundamental, porém, é que não há certeza de que se tratasse duma ordenação com a mesma forma e finalidade da ordenação masculina. Alguns dizem: permanece a dúvida, vamos continuar a estudar. Eu não tenho medo do estudo. Contudo, até agora, nada se concluiu.”

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-05/papa-francisco-viagem-bulgaria-macedonia-norte-coletiva-imprensa.html

4. Embora a doutrina sobre a ordenação sacerdotal que deve reservar-se somente aos homens, se mantenha na Tradição constante e universal da Igreja e seja firmemente ensinada pelo Magistério nos documentos mais recentes, todavia actualmente em diversos lugares continua-se a retê-la como discutível, ou atribui-se um valor meramente disciplinar à decisão da Igreja de não admitir as mulheres à ordenação sacerdotal.

Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja.

São João Paulo II – Ordinatio Sacerdotalis – 22 de maio de 1994.

https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_letters/1994/documents/hf_jp-ii_apl_19940522_ordinatio-sacerdotalis.html

  1. Influência e intromissão na soberania nacional do Brasil. O Sínodo apoiaria ou consentiria com a tentativa de internacionalização da Amazônia por meio de ONGs. O Sínodo teria como objetivo o desmembramento de territórios do Brasil, ingerindo diretamente em temas da política brasileira. O Sínodo proporia um conjunto de direitos que, em última análise, equivaleria à independência dos territórios ocupados por índios na Amazônia

O Sínodo não pretende qualquer ingerência em assuntos da soberania do Brasil ou de países cujo território abrange a Floresta Amazônica. Em realidade, a Igreja aborda termos gerais e não com um foco na política estrita, cuja atuação é própria dos governos dos Estados. O Papa Francisco tem preocupação com o desenvolvimento integral dos povos indígenas e a região amazônica.

Ponto 38: Mencionemos, por exemplo, os pulmões do planeta repletos de biodiversidade que são a Amazônia e a bacia fluvial do Congo, ou os grandes lençóis freáticos e os glaciares. A importância destes lugares para o conjunto do planeta e para o futuro da humanidade não se pode ignorar. Os ecossistemas das florestas tropicais possuem uma biodiversidade de enorme complexidade, quase impossível de conhecer completamente, mas quando estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se em áridos desertos. Todavia, ao falar sobre estes lugares, impõe-se um delicado equilíbrio, porque não é possível ignorar também os enormes interesses económicos internacionais que, a pretexto de cuidar deles, podem atentar contra as soberanias nacionais. Com efeito, há «propostas de internacionalização da Amazónia que só servem aos interesses económicos das corporações internacionais».

Papa Francisco – Laudato Si

http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html

  1. Por este Sínodo da Amazônia, querem transformar a Igreja Católica em uma espécie de ONG.

O Papa Francisco valoriza o trabalho das ONGs, mas afirma que a Igreja não é uma ONG ou iniciativa filantrópica porque é uma história de amor guiada pelo Espírito Santo

“E quando a Igreja quer se vangloriar da sua quantidade e cria organizações, escritórios e se torna um pouco burocrática, a Igreja perde a sua principal substância, e corre o perigo de se transformar numa organização não-governamental, numa ong. E a Igreja não é uma ong. É uma história de amor … Os escritórios são necessários, mas até um certo ponto: o importante é como ajudo esta história de amor. Mas quando a organização fica em primeiro lugar, o amor desaparece e a Igreja, coitada, se torna uma ong. E este não é o caminho… E a Igreja é mãe. E nós, com a força do Espírito, todos unidos, somos uma família na Igreja que é a nossa mãe.”

Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

O que fazer se a hóstia cair no chão durante a Missa?

wideonet | Shutterstock
Por Philip Kosloski

As diretrizes da Igreja levam em conta o respeito que devemos ter em relação à presença de Jesus na Eucaristia.

Infelizmente, durante a distribuição da hóstia na Missa, pode acontecer da hóstia pode cair no chão. Isso nunca seria algo intencional de um católico(a). Assim, nessa hora, é preciso manter a serenidade e o respeito.

O padre, o diácono e o ministro encarregam-se de velar para que o Corpo e o Sangue de Cristo sejam tratados com a devida reverência. A Instrução Geral do Missal Romano determina o que eles devem fazer caso a hóstia sagrada caia no chão:

“Se cair no chão alguma hóstia ou partícula, recolhe-se reverentemente. Se acaso se derramar o Sangue do Senhor, lava-se com água o local em que tenha caído e deita-se depois essa água no sumidouro colocado na sacristia” (IGMR, 280).

O que é o sumidouro?

O sumidouro, também chamado de sacrarium, em latim, é uma pia especial, cuja água vai diretamente para o solo. Deste modo, os resíduos de elementos sagrados que precisam ser descartados pela igreja regressam à terra de forma digna e respeitosa.

Geralmente, não é possível completar todas as orientações durante a celebração da Missa. Por isso, é comum que o padre coloque um pano branco sobre o lugar em que a hóstia caiu e o limpe adequadamente depois da Missa.

Por que tanto cuidado?

Mas por que tanto cuidado com as espécies sagradas? Porque a Igreja acredita veementemente nas palavras de Jesus: “este é o meu corpo e este é o meu sangue”.

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica,

“Pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue; a esta mudança, a Igreja católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação” (CIC 1376).

Com isso em mente, acreditamos que o que cai no chão não é só o pão ou o vinho, mas o corpo e o sangue de nosso Salvador. Essa crença transmite tudo o que a Igreja faz em conexão com a Eucaristia, reconhecendo que Deus está realmente presente nessas espécies e que nossa resposta a estes acidentes deveria ser baseada no amor que temos ao nosso Criador.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Como rezar?

Guadium Press
A liturgia deste 30° domingo do Tempo Comum nos mostra o quanto a oração é indispensável em nossa vida. Contudo, é necessário saber pedir.

Redação (09:33:33Gaudium Press) Imaginemos uma cena: um pai, que possui toda a sorte de bens: imóveis, terras, empresas, fortunas, e – o seu mais precioso tesouro – uma família muito unida e coesa. Ele tem um filho muito dileto, ao qual tributa um amor incalculável a tal ponto que deseja lhe dar tudo o que possui. Muitas vezes levou-o para ver seus próprios tesouros e posses, a fim de que houvesse uma ocasião de pedir o que quisesse; todavia, isso nunca acontecia…

Então, perplexo, pensava:

– Por que meu filho não me pede nada? Tenho tudo para lhe oferecer! É verdade que, após minha morte, ele receberá tudo isso como herança; mas, eu o amo tanto, que queria presenteá-lo muito já agora, acumular mais tesouros e, assim, fazer crescer aquilo que ele herdará de mim. Dar-lhe-ia muito agora e ainda mais no futuro!

E o pai esperava, com santa ansiedade, o dia em que seu filho lhe dissesse:

– Papai, dai-me algo de vosso tesouro.

Bastava apenas o seu pedido para receber tudo em abundância!

Ora, quem é este pai? E quem é este filho?

Humildade: predisposição à oração

Acaso o mais excelente dos pais, possuidor de todas as riquezas e virtudes imagináveis, pode ser comparado ao nosso Pai Celeste, que vela por cada um de nós como a filhos únicos? Pois bem, se não compreendemos a atitude deste filho que nada ousa pedir ao seu pai, com muito mais razão deveríamos nos espantar por ter a Deus por nosso Rei e Pai e não Lhe pedir o que Ele tanto nos quer dar.

Vemos no Evangelho de hoje a cura de um cego, que recebeu o dom da vista por uma razão muito simples: porque pediu. Mas, com que disposição?!

Naquele tempo, Jesus saiu de Jericó junto com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mt 10, 46-48).

Guadium Press

Em geral, o orgulho é um dos principais empecilhos para que a alma faça uma súplica. De fato, quem julga muito possuir, não se vê na contingência de fazer um pedido, já que este é um ato de humildade, no qual nos rebaixamos e reconhecemos nossas debilidades. E, quando – por uma raridade – um orgulhoso faz um pedido ao seu Criador, é muito difícil que seja atendido; não porque Deus Se negue a escutá-lo, mas porque sua alma não está apta para receber as dádivas do céu.

Já para a alma humilde, pedir algo a Deus é muito simples, pois afinal, Ele é nosso pai. Quando o Criador vê uma alma curvar-se diante de Si, seu Coração enche-Se de tanto amor que Se vê quase “obrigado” a atender. De fato, a humildade é a chave do Coração de Deus e nos faz obter o que pedimos, como diz São João Maria Vianney: “A primeira das virtudes é a humildade, a segunda, a humildade, a terceira, a humildade. Oh! Bela virtude! Os Santos se julgavam nada, mas Deus os estimava e lhes concedia tudo o que pediam.”[1]

É o que vemos no Evangelho de hoje. Que diz Bartimeu? Porventura afirma suas qualidades? Muito pelo contrário; ele diz: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim” (Mt 10, 47). “Tem piedade”… quão raro é ouvir tais palavras de lábios presunçosos! Mais raro ainda é serem atendidos em seus desejos, ou melhor, em suas ambições. Se este cego não fosse humilde, não teria pedido, e não seria curado…

Fé: garantia de sermos atendidos

Com a humildade, a alma já está predisposta à oração e preparada para receber aquilo que deseja. Entretanto, Nosso Senhor nos pede mais. Para que sejamos realmente atendidos, Ele não quer somente que reconheçamos nossas misérias, mas também que confiemos em seu Poder, com uma Fé inabalável. É o que faz Bartimeu no evangelho de hoje:

Então Jesus lhe perguntou: “O que queres que Eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!” Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho. (Mt 10, 51-52) 

Seu pedido é categórico: “Domine, ut videam”.[2] São esses os pedidos cheios de Fé que movem a Deus. O que mais impressiona é o fato de Nosso Senhor ter atribuído a cura à Fé daquele cego: “Tua fé te curou” (Mt 10, 52). Não é sem razão que São Tomás afirma que o Salvador condicionava a realização do milagre à Fé – sólida ou apoucada – que encontrava nas almas.[3]

Deus premeia os insistentes

Há mais outra lição que o Evangelho de hoje nos dá: a perseverança e a insistência na oração. Às vezes, Deus demora em conceder-nos o que desejamos para provar a nossa perseverança. É natural, pois, se recebêssemos logo depois de pedirmos, não daríamos o devido valor aos bens concedidos por Deus. Foi tal insistência que levou Bartimeu a ser curado:

Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mt 10, 48)

Muitas vezes o mesmo se passa conosco: quanto mais pedimos, mais o mundo, as tentações e as nossas paixões e más inclinações nos “repreendem para que nos calemos”. Neste momento, não paremos de implorar, mas imitemos a Bartimeu, gritemos ainda com mais força: “Filho de Davi, tem piedade de mim”. Sem dúvida, seremos atendidos!

Portanto, rezemos. Mas com humildade, fé e insistência.

Por Lucas Rezende


[1] FOURREY, René (Org.). Ce que prêchait le Curé d’Ars. Dijon: L’échelle de Jacob, 2009, p.267-268.

[2] Do latim: “Senhor, que eu veja.”

[3] Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. III, q.43, a.2, ad 1.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Doutorado Honoris Causa concedido a Kiko Arqüello e ao Rabino David Rosen na Universidade Francisco de Vitoria de Madri

Regnum Christi España

NOTA DE IMPRENSA

Na segunda-feira dia 25 de outubro, a Universidade Francisco de Vitoria de Madri, universidade católica que conta com mais de 8 mil estudantes, investirá Kiko Argüello, iniciador, com Carmen Hernández, do Caminho Neocatecumenal, e o Rabino David Rosen, Diretor Internacional de Assuntos Religiosos do American Jewish Commitee, com o Doutorado Honoris Causa por sua grande contribuição ao diálogo judaico-católico, promovendo uma histórica aproximação entre judeus e cristãos como não ocorria há séculos.

Este ato é o reconhecimento, não somente a Kiko, mas também a Carmen Hernández, como iniciadores de um caminho de iniciação cristã, que na metade do último século levou milhares de católicos de todo o mundo a redescobrir as raízes judaicas da fé cristã. Deste redescobrimento nasceu um grande amor para com nossos irmãos mais velhos e pais na fé, o povo de Israel, ao que centenas de rabinos ortodoxos responderam com uma declaração histórica sobre o cristianismo como aliança de Deus com os gentios. Para entender o verdadeiro sentido deste ato é necessário fazer um pouco de história.

Em 1964, em torno de Kiko e Carmen se formou uma comunidade na favela de Palomeras Altas na periferia de Madri, que reuniu as pessoas mais pobres em todos os sentidos. Kiko, que vinha de uma experiência de existencialismo, através dos sofrimento dos inocentes, viu aparecer o Servo do Senhor, descrito por Isaías: “Diante de quem se vira o rosto”, e graças a Carmen, que havia redescoberto em sua vida o mistério pascal, apareceu com uma força enorme a ressurreição: o cumprimento em Jesus Cristo de toda espera de cada liturgia judaica, a vitória sobre a morte. Carmen sempre afirmou que o centro da renovação litúrgica e teológica do Concílio Vaticano II é o redescobrimento do mistério pascal e a volta às primeiríssimas fontes e, portanto, ao mistério de Israel. Por isso é necessário ler a Escritura, Antigo e Novo Testamento, à luz do mistério pascal e do contexto histórico, geográfico, litúrgico e moral de Israel.

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O redescobrimento do patrimônio espiritual do judaísmo em cada ato de Jesus e o permanente papel salvífico e escatológico de Israel, com a experiência antes recordada, começaram a configurar um Caminho de tipo catecumenal que preparasse para receber o dom gratuito da vida divina mostrada no Sermão da Montanha. Monsenhor Casimiro Morcillo, o então arcebispo de Madri, convidou Kiko e Carmen a levar este Caminho a todas as paróquias.

Desses inícios escondidos, este Caminho foi se difundindo pouco a pouco em todo o mundo, ajudando a redescobrir o cristianismo, vivido em uma comunidade cristã, não como um moralismo, mas como um dom que se realiza na Palavra de Deus e nos Sacramentos, que transmitem a vida divina, um coração de carne, cumprimento de todas as promessas de Israel.

Em 2010, Kiko compôs uma sinfonia sobre “O sofrimento dos inocentes”, que em 2011 foi apresentada no Centro Internacional Domus Galilaeae, sobre o Monte das Bem-Aventuranças (Galileia, Israel), diante de um grupo de bispos americanos e numerosos rabinos. A reação foi enormemente favorável e Kiko viu a importância de “fazer conhecer também em Nova York, através da música, esta relação de amor que Deus nos deu com o povo judeu”. 

Em 2012, esta oração e homenagem sinfônica pelo sofrimento do povo judeu na Shoah e pelo sofrimento de cada inocente, foi interpretada no Lincoln Center de Nova York diante de uns três mil judeus, vários cardeais e dezenas de rabinos.

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Naquela ocasião, Rabbí Yitz Greenberg reconheceu o cristianismo não como uma idolatria, mas como uma intervenção providencial de Deus para levar os pagãos ao conhecimento da Torá: “Passaram mais de 3150 anos desde que o Santo, o Bendito, fez uma aliança com o povo de Israel, uma aliança de redenção para o mundo. São quase 2000 anos desde que o Deus de Amor abriu esta aliança de redenção a outras nações através do cristianismo. Durante 2000 anos, Deus tem esperado e desejado que os povos das alianças de redenção trabalhem juntos”. 

Esta declaração revolucionária preparou um encontro em Auschwitz no ano seguinte onde, diante de muitos rabinos, dezenas de bispos e milhares de pessoas, a sinfonia foi interpretada. Kiko começou o encontro com estas palavras: “Entrei em um destes barracões de Auschwitz e me coloquei de joelhos; abri a Escritura e a passagem que me saiu ao acaso foi: “Um rabino pergunta a nossa Senhor Jesus: ‘Mestre, qual é o primeiro mandamento da Lei?’, e Cristo responde: ‘Shemá, Israel, Adonai Elohenu, Adonai Ehad. O Senhor é o Único: amarás a Deus com todo o coração, com toda a mente, com todas as forças, e ao próximo como a ti mesmo…’. E o rabino: ‘Dizes bem, Mestre, que amar a Deus com todo o coração… é o primeiro e o maior de todos os mandamentos’. Enquanto o rabino diz isso, Jesus lhe responde: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. Então, vocês, rabinos que estão aqui em Auschwitz e amam o Shemá: Não estão longe do Reino de Deus”».

Em 2015, a pedido de numerosos rabinos, entre os quais Rosenbaum de Nova York, Rosen do Grande Rabinato de Israel e Greenberg, foi organizado um encontro entre rabinos, bispos e catequistas itinerantes na Domus Galilaeae. Rosen, dirigindo-se aos irmãos do Caminho presentes, disse que naquela música havia intuído “que vocês sentem o que nos faz sofrer”. 

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O rabino Broadman, comovido, viu naquele encontro de comunhão e amor entre rabinos e cristãos que juntos cantavam o Shemá, um sinal de que o Messias estava chegando: « A Bíblia nos diz que quando o Messias está a ponto de chegar, o mundo estará cheio de conhecimento do Onipotente. E eu lhes digo: Obrigado! Obrigado! Judeus e cristãos que juntos servimos ao Onipotente, ao mesmo Onipotente, temos mais coisas em comum que diferenças. Temos que proclamar desde os telhados que o Messias está chegando. Quando digo que me encontro com cristãos, muitos me dizem: “Mas, está louco?”. E, no entanto, todos devem saber que isto ocorre para que possamos estar preparados para a vinda do Messias».

Kiko também naquela ocasião disse: Há aqui um interrogante, ou seja, algo novo está começando. A aproximação do Messias? Nós pensamos que a sinagoga sustenta a Igreja. É a verdadeira oliva, nós estamos enxertados. Os judeus são o povo eleito, tem a aliança, as promessas, a Torá… São Paulo diz que Deus, tendo dado tudo a seu povo, enquanto os goyim (os gentios) não tinham nada além de pecados, ódios e guerras, quer agora levar esta Torá aos goyim. O Concílio marcou uma linha distinta na relação entre o povo judeu e a Igreja Católica, mas é necessário levar adiante o Concílio, porque muita gente não o entendeu, são poucos os que conhecem Nostra Aetate. Nesta batalha, penso que necessitamos ajudar-nos mutuamente, cristãos e judeus, estreitar profundamente nossos laços para fazer a vontade de Deus, para salvar e redimir esta sociedade. 

Em 2017, os rabinos pediram para se encontrarem novamente na Domus, e centenas deles assinaram esta declaração oficial: «Depois de quase dois milênios de recíproca hostilidade e alienação, instituições e seminários em Israel, nos Estados Unidos e na Europa, reconhecemos a oportunidade histórica que temos diante de nós… reconhecemos que o cristianismo não é nem um contratempo nem um erro, mas algo querido por Deus, um dom para as nações… Já não somos inimigos, mas companheiros para a sobrevivência e o bem-estar da humanidade… Judeus e cristãos estão destinados pelo Senhor a ser companheiros amando-se».

Esta é a história do redescobrimento recíproco, entre estes dois representantes dos povos da aliança, que hoje vem reconhecida com este doutorado Honoris Causa.

Fonte: https://neocatechumenaleiter.org/

Papa Francisco anuncia suas próximas viagens

Papa Francisco / Crédito: Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

Vaticano, 22 out. 21 / 04:02 pm (ACI).- O papa Francisco anunciou que vai à Grécia e a Chipre em dezembro de 2021 e que quer visitar o Congo e a Hungria em 2022.

Francisco disse à agência argentina de notícias Télam que a Santa Sé já está “trabalhando” na agenda final da viagem, que pode incluir uma visita à ilha de Lesbos, um lugar marcado pelas migrações e refugiados. O papa esteve em Lesbos em abril de 2016 e, quando voltou a Roma, levou consigo 12 refugiados de três famílias sírias no avião papal.

À Télam, Francisco disse que em 2022 pretende visitar alguns países da África e da Europa e realizar uma viagem à Oceania, que seria sua primeira visita a esse continente.

"No momento, tenho na cabeça duas viagens que ainda não fiz, para o Congo e a Hungria", disse Francisco.

A última visita de Francisco a um país africano foi em 2019, quando visitou Madagáscar, Moçambique e Maurício.

Em setembro de 2021, ele visitou a capital húngara, Budapeste, por algumas horas para presidir a missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional.

"Além disso, ainda tenho que pagar a conta atrasada da viagem a Papua Nova Guiné e Timor Leste", disse o papa Francisco à agência argentina, referindo-se à visita originalmente programada para 2020, mas que foi suspensa devido à pandemia do coronavírus.

Em 2021, o papa Francisco, além de estar em Budapeste, fez uma visita de três dias à vizinha Eslováquia nessa mesma viagem.

Em março deste ano, o papa fez uma viagem histórica ao Iraque, sendo o primeiro papa a visitar este país do Oriente Médio.

Foi também sua primeira viagem internacional após a pandemia do coronavírus, com a qual também realizou o sonho de são João Paulo II de visitar o Iraque.

Durante sua visita, Francisco confirmou a fé dos católicos do país que durante anos sofreram a perseguição por parte dos terroristas do Estado Islâmico.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Há 76 anos nascia a ONU com o objetivo da paz mundial

Papa Francisco na ONU | Vatican News

Em 24 de outubro de 1945, após a devastadora Segunda Guerra Mundial, nascia a Organização das Nações Unidas, com o objetivo de trabalhar pela paz no planeta após os horrores do conflito. Luciano Bozzo, professor de Relações Internacionais na Universidade de Florença, fala sobre a relevância das motivações que levaram à criação da ONU.

Giancarlo La Vella – Vatican News

Assim que a dor e a destruição causadas pela Segunda Guerra Mundial terminaram, a comunidade internacional perguntou-se como garantir ao planeta um futuro pacífico e como promover os valores liberal-democráticos. Com base na experiência anterior da Sociedade das Nações pós Primeira Guerra Mundial, que infelizmente falhou, as potências vencedoras iniciaram o processo de criação da ONU, a maior organização intergovernamental da atualidade, em 24 de outubro de 1945. Fazem parte 193 Estados membros, com dois observadores permanentes: a Santa Sé e o Estado da Palestina. O último a aderir é o Sudão do Sul, em 14 de julho de 2011. Foi nesse período imediato do pós-guerra que a paz foi encarada como um bem essencial a ser concretizado, a fim de olhar para um futuro de bem-estar para o mundo inteiro. Todo 24 de outubro marca o Dia das Nações Unidas, para não esquecermos os objetivos para os quais o organismo, sediado no “Palácio de Vidro” em Nova Iorque, foi fundado.

O sonho da paz global

Olhando para trás, 76 anos sob a égide das Nações Unidas, deve ter-se em mente que não houve novos conflitos generalizados, mas a ONU continua empenhada em trabalhar pela paz face às dezenas de micro-conflitos de magnitude variável que ocorrem no nosso tempo. A "guerra mundial em pedaços", como definida várias vezes pelo Papa Francisco, requer um esforço ainda maior da ONU, que deve ultrapassar novos obstáculos para afirmar o seu papel de mediador nas crises internacionais. Segundo Luciano Bozzo, professor de Relações Internacionais na Universidade de Florença, entrevistado pela Rádio Vaticano – Vatican News, as dificuldades da ONU em ter um impacto positivo nas crises atuais residem no fato de que "hoje quase praticamente não existem conflitos entre Estados, mas os conflitos globais não desapareceram", ou seja, as situações que põem a paz em risco ocorrem dentro dos Estados. Vários países da América Latina, Etiópia, Afeganistão, Somália e Nigéria são apenas alguns exemplos. Para as Nações Unidas, portanto, diz o professor Bozzo, "é muito complexo entrar no corpo das estruturas estatais", a fim de reduzir a intensidade dos conflitos sem entrar em conflito com a soberania dos próprios Estados.

Os novos desafios

E hoje, a manutenção da paz não depende apenas de evitar o uso de armas, dando lugar aos instrumentos diplomáticos que a comunidade internacional possui, mas também de enfrentar outras emergências que, por sua vez, podem ser uma causa direta ou indireta de conflito. Luciano Bozzo recorda os conceitos expressos pelo Papa Paulo VI, tais como "o novo nome da paz é desenvolvimento". Esta frase salientou o fato de as guerras terem sido frequentemente o resultado do subdesenvolvimento e de condições econômicas difíceis. Ao mesmo tempo, hoje, a salvaguarda do planeta", diz o professor, "tem laços estreitos com a segurança e a paz globais. Se condições climáticas extremas ocorrem em algumas áreas da Terra, condicionando a vida produtiva de um povo e causando fome e migração, é evidente que estas eventualidades produzem conflitos que também se repercutem na estabilidade das relações entre Estados. Não é por acaso que, em 2015, no 70º aniversário do nascimento das Nações Unidas,  falando à Onu, o Papa Francisco salientou que "uma ofensa contra o ambiente é uma ofensa contra a humanidade". A proteção da casa comum é também um tema ligado, portanto, à paz.

Uma reforma difícil

O mundo mudou nas últimas sete décadas. Os equilíbrios políticos e econômicos são diferentes dos de meados do século passado. Já não existe uma guerra fria, e os países que antes estavam em lados opostos são agora aliados. Mas entretanto, a ONU ainda está organizada com base nos resultados da Segunda Guerra Mundial. Os poderes que venceram o conflito são membros permanentes do Conselho de Segurança com direito de veto, mas outros países pedem para se juntarem ao grupo. A Alemanha e o Japão, por exemplo, fizeram-no sem sucesso. As decisões da Assembleia Geral não são vinculativas, uma vez que o órgão tem principalmente funções consultivas. Mas uma reforma mais democrática da ONU, de acordo com Luciano Bozzo, não é fácil de conseguir. Um exemplo é a União Europeia, onde se aplica o princípio da unanimidade, onde mesmo um país pequeno pode bloquear uma decisão que é útil para a maioria dos estados membros. A transferência deste procedimento para o nível da ONU - conclui Bozzo - correria o risco de bloquear e complicar o trabalho dos órgãos de decisão da ONU.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

São Frei Galvão e Aparecida: histórias entrelaçadas

Shutterstock

Talvez poucos saibam, mas perto do local onde teve origem a devoção à Nossa Senhora Aparecida nasceu um garotinho que se tornou um grande santo.

São Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, e Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, são duas figuras muito queridas pelos fiéis brasileiros.

E o mais curioso é que a história do santo e a devoção à Aparecida estão meio que entrelaças.

Foi o que abordou João Antônio Johas Leão em artigo no site A12.com. O autor lembra que Santo Antônio de Sant´Ana Galvão nasceu no ano de 1739 na cidade de Guaratinguetá, São Paulo, que fica muito perto da cidade de Aparecida, onde tal devoção mariana, que começara 22 anos, crescia a cada dia. Diz o artigo:

“Parece muito providencial que essas duas figuras, hoje tão queridas pelos brasileiros, Nossa Senhora Aparecida e Frei Galvão, tenham suas histórias entrelaçadas. Não sabemos se isso realmente aconteceu, mas não seria nada estranho que Antônio visitasse Nossa Senhora com sua família, que era profundamente religiosa.”

Frei Galvão e a devoção mariana

Antônio de Sant’Ana Galvão estudou em um colégio jesuíta na Bahia. Depois, entrou para a comunidade franciscana. Fundou (e ajudou a construir com as próprias mãos) o mosteiro da Luz, em São Paulo. Por isso, em 2002, ganhou o título de padroeirodos pedreiros, serventes, arquitetos, engenheiros e todos os profissionais da construção civil.

Além disso, ele ficou muito conhecido por sua forte devoção mariana. Tudo começou quando Frei Galvão enviou algumas pílulas de papel com a inscrição “Após o parto, permaneceste virgem: Ó Mãe de Deus, intercedei por nós”, em latim, a uma mulher com dificuldades para engravidar. Depois de ingerir as pílulas, ela conseguiu um parto bem sucedido.

Sobre essa devoção à Mãe Santíssima, o já referido artigo diz:

“Mas os dois fatos, a devoção a Nossa Senhora e a santidade de Frei Galvão, estão relacionados. Não se pode ser santo se não se é um verdadeiro filho de Maria. E Frei Galvão me parece um exemplar filho de Maria. O que Maria faz com aqueles que, com docilidade, se aproximam d’Ela é simplesmente ajudar a que se conformem a seu Filho Jesus, ou seja, os ajuda a que sejam Santos como o Senhor é Santo.

Morte de Frei Galvão e devoção à Aparecida

Frei Galvão morreu em 23 de dezembro de 1822. Naquele ano, a devoção a Nossa Senhora Aparecida já era grande e atraía inúmeros fiéis ao Vale do Paraíba.

“Talvez poucos soubessem, naquele momento, que ali pertinho havia nascido um pequeno garoto que agora era um grande Santo aos olhos de Deus“, finaliza o autor.

 Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF