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Magistério e Polêmicas do Sínodo da Amazônia
O material está estruturado de acordo com os títulos, sendo que cada um corresponde a uma polêmica ou controvérsia específica. Em sequência, os destaques em itálico apresentam uma síntese do assunto. Por fim, seguem citações de documentos oficiais, links correspondentes a cada uma das posições apresentadas.
O que é o Sínodo dos Bispos
O Sínodo dos Bispos foi instituído por São Paulo VI. Foi previsto no Concílio Vaticano II. Trata-se de organismo que busca auxiliar o Papa no Governo da Igreja. Possui caráter expressamente consultivo e não deliberativo. Dito em outras palavras, apenas aconselha. Não toma qualquer decisão. Ou seja, mesmo que haja uma conclusão por parte dos bispos, o Papa não está obrigado a acatá-las.
O caráter deliberativo permanece restrito ao Santo Padre. A estrutura de funcionamento foi sucessivamente reformada. Como modificado pelo Papa Francisco, possui, atualmente, três fases: a) fase preparatória, em que o Povo de Deus é diretamente consultado, b) a fase celebrativa, em desenvolvimento, referente à reunião da assembleia dos bispos e, c) finalmente, a fase de implementação, quando as conclusões que são aprovadas de acordo com o entendimento do Papa são aceitas ou não pela Igreja.
Características do Sínodo da Amazônia
O Sínodo da Amazônia tem como linha principal a evangelização que abrange todas as esferas de atuação da Igreja Católica. Essa reunião não tem nenhuma finalidade política, nem ideológica. O Papa Francisco critica a colonização ideológica na Amazônia, especialmente o desenvolvimentismo e o indigenismo.
“Podemos dizer que o Sínodo da Amazônia tem quatro dimensões: a pastoral, a cultural, a social e a ecológica. A primeira, a dimensão pastoral é a essencial, que engloba tudo.”
Discurso do Papa Francisco na abertura do Sínodo da Amazônia
“O objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta.”
Papa em discurso de anúncio da uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-amazônica.
O anúncio do Sínodo aconteceu no dia 15 de outubro de 2017, na Praça São Pedro, em Roma, logo após a canonização dos protomártires brasileiros de Cunhaú e Uruaçu e de dois adolescentes indígenas mexicanos mártires.
“As ideologias são uma arma perigosa, sempre tendemos a agarrar uma ideologia para interpretar um povo. As ideologias são reducionistas, e nos levam a exageros em nossa pretensão de compreender intelectualmente, mas sem aceitar, compreender sem admirar, compreender sem assumir, e então se recebe a realidade em categorias, as mais comuns são as categorias dos “ismos”. Então quando temos que aproximarmos da realidade de algum povo originário falamos de indigenismos, e quando queremos dar-lhes alguma alguma pista de como viver melhor, não lhes perguntamos, falamos de desenvolvimentismo. Estes “ismos” reformulam a vida desde o laboratório iluminista.”
Discurso do Papa Francisco na abertura do Sínodo da Amazônia
O Papa Francisco já tinha criticado o desenvolvimentismo e o indigenismo em 2018:
“Provavelmente, nunca os povos originários amazônicos estiveram tão ameaçados nos seus territórios como o estão agora. A Amazônia é uma terra disputada em várias frentes: por um lado, a nova ideologia extrativa e a forte pressão de grandes interesses econômicos cuja avidez se centra no petróleo, gás, madeira, ouro e monoculturas agroindustriais; por outro, a ameaça contra os vossos territórios vem da perversão de certas políticas que promovem a «conservação» da natureza sem ter em conta o ser humano, nomeadamente vós irmãos amazônicos que a habitais. Temos conhecimento de movimentos que, em nome da conservação da floresta, se apropriam de grandes extensões da mesma e negociam com elas gerando situações de opressão sobre os povos nativos, para quem, assim, o território e os recursos naturais que há nele se tornam inacessíveis. Este problema sufoca os vossos povos, e causa a migração das novas gerações devido à falta de alternativas locais.”
Encontro Com Os Povos Da Amazônia – Discurso do Santo Padre – Viagem Apostólica Do Papa Francisco Ao Chile E Peru
Puerto Maldonado – Coliseu Madre de Dios
Sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
Evangelização dos índios
A preocupação com as populações indígenas e a evangelização destas é presente em toda a Igreja Latino-Americana, conforme demonstrado no Documento de Aparecida. O Papa Francisco estimula “a compreensão e exposição da verdade de Cristo partindo das tradições e culturas locais”.
“530. Como discípulos e missionários a serviço da vida, acompanhamos os povos indígenas e originários no fortalecimento de suas identidades e organizações próprias, na defesa do território e em uma educação intercultural bilíngüe e na defesa de seus direitos. Comprometemo-nos também a criar consciência na sociedade a respeito da realidade indígena e seus valores, através dos meios de comunicação social e outros espaços de opinião. A partir dos princípios do Evangelho, apoiamos a denúncia de atitudes contrárias à vida plena em nossos povos de origem e nos comprometemos a prosseguir na obra de evangelização dos indígenas, assim como a procurar as aprendizagens educativas e de trabalho com as transformações culturais que isso implica.“
https://img.cancaonova.com/noticias/pdf/DocumentoDeAparecida-VCelam.pdf – Documento de Aparecida
“118. Os Bispos da Oceânia pediram que a Igreja neste continente «desenvolva uma compreensão e exposição da verdade de Cristo partindo das tradições e culturas locais», e instaram todos os missionários «a trabalhar de harmonia com os cristãos indígenas para garantir que a doutrina e a vida da Igreja sejam expressas em formas legítimas e apropriadas a cada cultura». Não podemos pretender que todos os povos dos vários continentes, ao exprimir a fé cristã, imitem as modalidades adotadas pelos povos europeus num determinado momento da história, porque a fé não se pode confinar dentro dos limites de compreensão e expressão duma cultura. É indiscutível que uma única cultura não esgota o mistério da redenção de Cristo.”
Cristianismo e a proteção ao meio ambiente
A defesa do meio ambiente e a condenação de um uso irresponsável da natureza são preocupações recorrentes de todos os papas desde que a sociedade tomou consciência da questão ecológica.
197. Notamos com tristeza que uma das contradições que mais perturbam e atormentam a nossa época é a seguinte: enquanto, por um lado, salientam-se as situações de mal-estar, e apresenta-se o espectro da miséria e da fome; por outro, utilizam-se, muitas vezes em grande escala, as descobertas da ciência, as realizações da técnica e os recursos econômicos, para criar terríveis instrumentos de ruína e de morte.
Papa João XXIII – Mater et Magistra
https://w2.vatican.va/content/john-xxiii/pt/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_15051961_mater.html
21. Por motivo da exploração inconsiderada da natureza, começa a correr o risco de destruí-la e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação. Não só já o ambiente material se torna uma ameaça permanente, poluições e lixo, novas doenças, poder destruidor absoluto; é mesmo o quadro humano que o homem não consegue dominar, criando assim, para o dia de amanhã, um ambiente global, que poderá tornar-se-lhe insuportável. Problema social de envergadura, este, que diz respeito à inteira família humana.
Papa Paulo VI – Octogesima Adveniens
Este estado de ameaça contra o homem, da parte dos seus mesmos produtos, tem várias direcções e vários graus de intensidade. Parece que estamos cada vez mais cônscios do fato de a exploração da terra, do planeta em que vivemos, exigir um planeamento racional e honesto. Ao mesmo tempo, tal exploração para fins não somente industriais mas também militares, o desenvolvimento da técnica não controlado nem enquadrado num plano com perspectivas universais e autenticamente humanístico, trazem muitas vezes consigo a ameaça para o ambiente natural do homem, alienam-no nas suas relações com a natureza e apartam-no da mesma natureza. E o homem parece muitas vezes não dar-se conta de outros significados do seu ambiente natural, para além daqueles somente que servem para os fins de um uso ou consumo imediatos. Quando, ao contrário, era vontade do Criador que o homem comunicasse com a natureza como « senhor » e «guarda » inteligente e nobre, e não como um « desfrutador » e « destrutor » sem respeito algum.
João Paulo II – Redemptor hominis, n. 15
A Igreja sente o seu peso de responsabilidade pela criação e deve fazer valer esta responsabilidade também em público. Ao fazê-lo, não tem apenas de defender a terra, a água e o ar como dons da criação que pertencem a todos, mas deve sobretudo proteger o homem da destruição de si mesmo. Requer-se uma espécie de ecologia do homem, entendida no justo sentido. De facto, a degradação da natureza está estreitamente ligada à cultura que molda a convivência humana: quando a « ecologia humana » [124] é respeitada dentro da sociedade, beneficia também a ecologia ambiental. Tal como as virtudes humanas são intercomunicantes, de modo que o enfraquecimento de uma põe em risco também as outras, assim também o sistema ecológico se rege sobre o respeito de um projecto que se refere tanto à sã convivência em sociedade como ao bom relacionamento com a natureza.
Para preservar a natureza não basta intervir com incentivos ou penalizações económicas, nem é suficiente uma instrução adequada. Trata-se de instrumentos importantes, mas o problema decisivo é a solidez moral da sociedade em geral. Se não é respeitado o direito à vida e à morte natural, se se tornam artificiais a concepção, a gestação e o nascimento do homem, se são sacrificados embriões humanos na pesquisa, a consciência comum acaba por perder o conceito de ecologia humana e, com ele, o de ecologia ambiental.
Bento XVI – Caritas in Veritate
13. O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projecto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum.
124. Em qualquer abordagem de ecologia integral que não exclua o ser humano, é indispensável incluir o valor do trabalho, tão sabiamente desenvolvido por São João Paulo II na sua encíclica Laborem excercens. Recordemos que, segundo a narração bíblica da criação, Deus colocou o ser humano no jardim recém-criado (cf. Gn2, 15), não só para cuidar do existente (guardar), mas também para trabalhar nele a fim de que produzisse frutos (cultivar). Assim, os operários e os artesãos «asseguram uma criação perpétua» (Sir 38, 34). Na realidade, a intervenção humana que favorece o desenvolvimento prudente da criação é a forma mais adequada de cuidar dela, porque implica colocar-se como instrumento de Deus para ajudar a fazer desabrochar as potencialidades que Ele mesmo inseriu nas coisas: «O Senhor produziu da terra os medicamentos; e o homem sensato não os desprezará» (Sir 38, 4).
Ponto 225. Uma ecologia integral exige que se dedique algum tempo para recuperar a harmonia serena com a criação, reflectir sobre o nosso estilo de vida e os nossos ideais, contemplar o Criador, que vive entre nós e naquilo que nos rodeia e cuja presença «não precisa de ser criada, mas descoberta, desvendada».[155]
Polêmica: Críticas ao Instrumentum laboris do Sínodo da Amazônia como sendo um documento que expressa a visão do Papa Francisco
Instrumentum laboris não é um documento escrito pelo Papa, mas sim uma proposta de alguns bispos com temas para serem estudados. O Papa Francisco afirmou: “o Instrumentum Laboris, que, como sabem, é um texto mártir, destinado a ser destruído, porque é ponto de partida”.
A reflexão final do Magistério da Igreja sobre o tema só ficará disponível em março de 2020, se o Papa Francisco seguir a mesma postura dos sínodos anteriores, em que escreveu a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, em 19 de março de 2018, depois do Sínodo no segundo semestre de 2017, bem como a publicação da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, em 19 de março de 2016, depois do Sínodo no segundo semestre de 2015.
Foram feitas consultas, discutiram as Conferências Episcopais, em Conselho Pré-Sinodal, foi elaborado o Instrumentum Laboris, que, como sabem, é um texto mártir, destinado a ser destruído, porque é ponto de partida para o que o Espírito vai fazer em nós e, agora, caminharemos juntos sob a guia do Espírito Santo. Agora temos que deixar que o Espírito Santo se expresse nesta Assembleia, se expresse entre nós, se expresse conosco, através de nós e se expresse “apesar de nós”, apesar de nossas resistências, que é normal que existam, porque a vida do cristão é assim mesmo.
Ordenação de homens casados e a possibilidade do Celibato dos sacerdotes acabar depois do Sínodo da Amazônia
O Papa Francisco deixa claro que não deseja mudar a lei do celibato, mas reconhece o problema de escassez de sacerdotes em regiões remotas e que pode ser estudada a ordenação de homens casados. Todavia, o Papa Francisco salienta que o fato de ser discutido, não quer dizer que deve ser feito, essa é a lógica do Papa Francisco e isso se aplica em várias situações.
“Na Igreja católica de rito oriental eles podem fazer isso se fazem a opção celibatária ou de esposo antes do diaconato. Quanto ao rito latino, lembro-me de uma frase de São Paulo VI: “Prefiro dar a vida antes de mudar a lei do celibato”. Isso me veio em mente e quero afirmá-lo porque é uma frase corajosa. Ele disse isso em 1968-1970, num momento mais difícil do que o atual. Pessoalmente, penso que o celibato seja um dom para a Igreja e não concordo em permitir o celibato opcional. Não. Permaneceria alguma possibilidade nos lugares mais distantes, penso nas ilhas do Pacífico, mas é algo em que pensar quando há necessidade pastoral. O pastor deve pensar nos fiéis. Existe um livro do pe. Lobinger, interessante. É algo em discussão entre os teólogos, não há uma decisão minha. A minha decisão é: não ao celibato opcional antes do diaconato. É uma coisa minha, pessoal. Eu não o farei, isso é claro. Sou fechado? Talvez, mas não me sinto de colocar-me diante de Deus com esta decisão. Padre Lobinger diz: “A Igreja faz a eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja. Mas onde não há Eucaristia há comunidade, pense nas ilhas do Pacífico. Lobinger pergunta: quem faz a Eucaristia? Os diretores e organizadores dessas comunidades são diáconos, religiosas ou leigos. Lobinger diz ainda: se poderia ordenar sacerdote um idoso casado, esta é a sua tese. Mas que exercite apenas o munus sanctificandi, isto é, celebre a missa, administre o Sacramento da Reconciliação e dê a unção dos enfermos. A ordenação sacerdotal dá os três munera: o munus regendi (o pastor que guia), o munus docendi (o pastor que ensina) e o munus sanctificandi. O bispo só lhe daria a licença para o munus sanctificandi. Esta é a tese. O livro é interessante e talvez isso possa ajudar a responder o problema. Acredito que o tema deve ser aberto nesse sentido para os lugares onde existe um problema pastoral, por falta de sacerdotes. Não digo que deve ser feito, eu não refleti, não rezei o suficiente sobre isso. Mas os teólogos debatem sobre isso, devem estudar. Estava conversando com um oficial da Secretaria de Estado, um bispo que teve que trabalhar num país comunista no início da revolução. Quando viram como essa revolução chegava nos anos 50, os bispos ordenaram secretamente camponeses, bons e religiosos. Depois que a crise passou, trinta anos depois, a coisa se resolveu. Ele me contou a emoção que sentiu quando numa celebração viu esses camponeses com mãos de camponeses colocarem suas vestes para concelebrar com os bispos. Na história da Igreja isso se verificou. É algo a ser pensado e sobre o qual rezar. Por fim, me esqueci de citar o Anglicanorum coetibus, de Bento XVI, para os sacerdotes anglicanos que se tornaram católicos, mantendo suas vidas como se fossem orientais. Lembro-me ter visto muitos deles com o colarinho clerical e com mulheres e crianças numa audiência de quarta-feira.
Há em algumas pessoas uma visão confusa do clericalismo que para ser e fazer a Igreja é preciso ser padre ou religioso. A dificuldade de entender que os leigos são chamados para viver plenamente sua vocação batismal buscando ser santo e ajudar na santificação das pessoas e do mundo, como afirma o concílio Vaticano II e todos os Papas até o Papa Francisco.
Padre Martín Lasarte, missionário Salesiano e padre sinodal, que tem 47 comunidades religiosas na região amazônica, 25 delas em áreas rurais ou na selva. Abaixo alguns comentários do Pe. Lasarte:
“A Igreja, na Coréia, nasceu graças a um leigo, batizado na China, e durante seu primeiro meio século de vida, até 1835, se estendeu apenas com leigos, até que pudesse haver uma presença estável de sacerdotes.
Também no Japão, a Igreja Católica permaneceu viva por mais de duzentos anos sem padres, em comunidades que tinham catequistas, batizantes e pregadores, todos leigos. “É interessante o lembrete que os cristãos guardaram até a chegada dos novos sacerdotes no século XIX: a igreja voltará ao Japão e vocês saberão por esses três sinais, os sacerdotes serão celibatários, haverá uma imagem de Maria e obedecerão ao Papa de Roma”.
Ordenação de mulheres
Há três níveis do Sacramento da Ordem: diaconal (o homem se torna diácono), sacerdotal (o homem se torna padre), episcopal (o homem se torna bispo e pode ordenar outros padres).
Em 2 de agosto de 2016, o Papa Francisco criou a Comissão de Estudo sobre o Diaconato da Mulher. Por mais de dois anos essa comissão se reuniu, por fim apresentou um relatório sem aparentemente chegar a um consenso e depois a comissão foi encerrada. Em maio, o Papa Francisco disse: “Eu não tenho medo do estudo. Contudo, até agora, nada se concluiu.”. O Papa Francisco salienta que o fato de ser estudado, não quer dizer que deve ser feito, essa é a lógica do Papa Francisco e isso se aplica em várias situações.
A possibilidade de ordenação sacerdotal e episcopal feminina foi fechada definitivamente por São João Paulo II.
“Havia diaconisas, ao princípio; mas era ordenação sacramental ou não? É sobre isto que se discute, e não se vê claro. É verdade que ajudavam, por exemplo, na liturgia dos Batismos: como os Batismos eram por imersão, quando se batizava uma mulher, as diaconisas ajudavam; inclusive para a unção do corpo da mulher. Depois veio fora um documento, onde se via que as diaconisas eram chamadas pelo bispo, quando havia um litígio matrimonial, para a dissolução do matrimónio através do divórcio ou da separação. Quando a mulher acusava o marido de a espancar, as diaconisas eram enviadas pelo bispo para verificarem as contusões no corpo da mulher e poderem assim testemunhar no julgamento. Estas são as coisas que recordo. Fundamental, porém, é que não há certeza de que se tratasse duma ordenação com a mesma forma e finalidade da ordenação masculina. Alguns dizem: permanece a dúvida, vamos continuar a estudar. Eu não tenho medo do estudo. Contudo, até agora, nada se concluiu.”
4. Embora a doutrina sobre a ordenação sacerdotal que deve reservar-se somente aos homens, se mantenha na Tradição constante e universal da Igreja e seja firmemente ensinada pelo Magistério nos documentos mais recentes, todavia actualmente em diversos lugares continua-se a retê-la como discutível, ou atribui-se um valor meramente disciplinar à decisão da Igreja de não admitir as mulheres à ordenação sacerdotal.
Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja.
São João Paulo II – Ordinatio Sacerdotalis – 22 de maio de 1994.
Influência e intromissão na soberania nacional do Brasil. O Sínodo apoiaria ou consentiria com a tentativa de internacionalização da Amazônia por meio de ONGs. O Sínodo teria como objetivo o desmembramento de territórios do Brasil, ingerindo diretamente em temas da política brasileira. O Sínodo proporia um conjunto de direitos que, em última análise, equivaleria à independência dos territórios ocupados por índios na Amazônia
O Sínodo não pretende qualquer ingerência em assuntos da soberania do Brasil ou de países cujo território abrange a Floresta Amazônica. Em realidade, a Igreja aborda termos gerais e não com um foco na política estrita, cuja atuação é própria dos governos dos Estados. O Papa Francisco tem preocupação com o desenvolvimento integral dos povos indígenas e a região amazônica.
Ponto 38: Mencionemos, por exemplo, os pulmões do planeta repletos de biodiversidade que são a Amazônia e a bacia fluvial do Congo, ou os grandes lençóis freáticos e os glaciares. A importância destes lugares para o conjunto do planeta e para o futuro da humanidade não se pode ignorar. Os ecossistemas das florestas tropicais possuem uma biodiversidade de enorme complexidade, quase impossível de conhecer completamente, mas quando estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se em áridos desertos. Todavia, ao falar sobre estes lugares, impõe-se um delicado equilíbrio, porque não é possível ignorar também os enormes interesses económicos internacionais que, a pretexto de cuidar deles, podem atentar contra as soberanias nacionais. Com efeito, há «propostas de internacionalização da Amazónia que só servem aos interesses económicos das corporações internacionais».
Papa Francisco – Laudato Si
Por este Sínodo da Amazônia, querem transformar a Igreja Católica em uma espécie de ONG.
O Papa Francisco valoriza o trabalho das ONGs, mas afirma que a Igreja não é uma ONG ou iniciativa filantrópica porque é uma história de amor guiada pelo Espírito Santo
“E quando a Igreja quer se vangloriar da sua quantidade e cria organizações, escritórios e se torna um pouco burocrática, a Igreja perde a sua principal substância, e corre o perigo de se transformar numa organização não-governamental, numa ong. E a Igreja não é uma ong. É uma história de amor … Os escritórios são necessários, mas até um certo ponto: o importante é como ajudo esta história de amor. Mas quando a organização fica em primeiro lugar, o amor desaparece e a Igreja, coitada, se torna uma ong. E este não é o caminho… E a Igreja é mãe. E nós, com a força do Espírito, todos unidos, somos uma família na Igreja que é a nossa mãe.”