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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Expo Dubai, que a segurança alimentar seja protagonista

Jovem indiano inicia atividades alimentares que nâo desperdiçam | Vatican News

Terá início, em 23 de novembro, a 15ª Conferência Internacional sobre Segurança Alimentar em Dubai, organizada junto com a Expo 2020 Dubai. O objetivo é destacar a ligação entre alimentos seguros e desenvolvimento sustentável.

Andrea De Angelis – Vatican News

A criatividade também está entre os assuntos da Conferência deste ano para propor soluções para os desafios da segurança alimentar. Em Dubai serão destacadas as melhores maneiras para expandir o fluxo do comércio de alimentos através do desenvolvimento e harmonização de padrões alimentares, além de apresentar os mais recentes métodos de inspeção e testes laboratoriais de alimentos. De 18 a 23 de novembro, a segurança alimentar será o foco da Expo Dubai 2020.

Segurança e qualidade

Dawoud Al Hajri, diretor-geral do Município de Dubai, destacou a importância de encontrar sistemas alimentares inovadores e de qualidade, lembrando o título do evento: "Soluções criativas para sistemas alimentares sustentáveis". Sultan Al Taher, presidente do Comitê Organizador da Conferência, disse que ao longo dos anos o número médio de participantes ultrapassou 3 mil, representando mais de 70 países. Formação, novas tecnologias e digitalização, capacitação e conscientização do consumidor serão alguns dos temas principais em Dubai. Além do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), e do Programa Alimentar Mundial (PAM) estão também presentes a Organização Árabe para o Desenvolvimento Agrícola, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a Autoridade Alimentar e Farmacêutica Saudita, o Centro Internacional de Agricultura Biosalina dos Emirados Árabes Unidos e várias autoridades regionais e locais que trabalham na área de segurança alimentar.

A definição

A segurança alimentar é entendida no seu sentido mais amplo como a possibilidade de garantir de forma constante e generalizada água e alimentos para satisfazer a necessidade energética de que o organismo necessita para a sua sobrevivência e a vida, em condições higiênicas adequadas. Portanto, o esforço é amplo, visando garantir uma alimentação segura e nutritiva para todos os cidadãos, em particular na satisfação de certos requisitos relativos à eliminação do risco de infecções alimentares, como a salmonela e a Escherichia coli.

Um pouco de história

No âmbito global, o órgão que mais se comprometeu com a segurança alimentar foi a FAO junto com a organização Mundial da Saúde (OMS). Há mais de meio século, em 1963, as duas organizações criaram o Codex Alimentarius, um programa criado para desenvolver normas e diretrizes destinadas a proteger a saúde dos consumidores. Na Europa, o conceito de segurança alimentar tornou-se uma prioridade nos tempos mais recentes. Ao apresentar o Livro Branco sobre Segurança Alimentar, encomendado pela Comissão em 2000, o Comissário Europeu para a Saúde e a Defesa do Consumidor, David Byrne, declarou que "a segurança alimentar é uma parte intrínseca da sua qualidade". Com o objetivo de adotar um plano de ação integrado, que combine qualidade e segurança respeitando os produtos típicos, a Europa criou uma única Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) criada em 2002, dotada de uma comissão de técnicos e cientistas independentes de seus respectivos governos, com sede na Itália, na cidade de Parma.

Vontade política além de tecnologias

“A solução existe, se chama agroecologia. Para apoiá-la, é necessário aumentar os investimentos que, por sua vez, dependem de vontade política”. Foi o que afirmou numa entrevista à Rádio Vaticano – Vatican News, Roberto Sensi, chefe do Programa Pobreza Alimentar da ActionAid Itália. Portanto, novas tecnologias são bem-vindas, mas “é preciso frisar que existem soluções antigas para os problemas habituais”, acrescentou. Soluções que devem ser adotadas de forma rápida e concreta.

“O problema dos últimos anos não foi tanto a falta de alternativas, mas a falta de vontade política de adotá-las e há uma tendência de buscar sempre oportunidades de lucro e não oportunidades de mudança”, continua Sensi. A pandemia levou então a um agravamento da situação. “A Covid-19 foi um acelerador da dinâmica das desigualdades que são estruturais. Por isso, é importante lembrar, por um lado, que os desafios da sustentabilidade também se referem ao tema de quanto seremos capazes de produzir diante das mudanças climáticas, e por outro,  é necessário garantir hoje a todos o acesso aos alimentos, que neste momento é suficiente para todos, mas não é distribuído de forma justa. Por isso, a resposta é mais política do que tecnológica”.

A fome no mundo está aumentando

Conflitos armados, mas também a pandemia e as mudanças climáticas correm o risco de prejudicar todos os progressos alcançados nos últimos tempos. Depois de anos com sinal negativo, em 2020, a porcentagem da população desnutrida no mundo voltou a aumentar: 155 milhões de pessoas estão em estado de insegurança alimentar aguda, 20 milhões a mais do que em 2019. A emergência atinge principalmente as nações mais pobres e segundo o Índice de Fome Global 2021, em 47 países a fome permanece alta, com poucas chances de reduzi-la a níveis baixos até o final da década. O Índice, apresentado pelo Cesvi no mês passado, sublinha como “é fundamental quebrar o círculo vicioso entre a fome e conflitos. Sem segurança alimentar, não haverá paz duradoura. Sem paz não eliminaremos a fome no mundo”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

São Frediano

S. Frediano | Mensagens Com Deus
18 de novembro
São Frediano

Origens

Frediano nasceu na Irlanda, no século VI. Os mais antigos registros sobre ele atestam seu nome como Frigdianus ou Frigianu. Cristão fervoroso e monge, ele saiu de sua terra natal, a Irlanda, como peregrino e também estudante. Seu destino era a cidade de Roma. Registros de sua presença foram encontrados perto da cidade de Luca, na região da Toscana, Itália. Tais registros contam que ele vivia como um ermitão.

Líder

O povo de Luca reconheceu logo que aquele monge estrangeiro tinha algo de especial. Camponeses que viviam às margens do rio Serchio, que passa na cidade, acostumados com o sofrimento por causa da pobreza e das enchentes do rio, encontraram nele um apoio, um exemplo de vida, uma liderança nas horas difíceis. Observavam sua vida austera, de oração, sacrifícios, trabalho aliados à sabedoria e grande cultura.

Bispo 

Por causa de todas as qualidades do Monge Frediano, os fiéis e o clero de Luca perceberam que ele era a pessoa mais indicada para se tornar o bispo local. Seu conhecimento, seus dons naturais e a vida de santidade foram determinantes. Assim, de maneira incomum na Igreja, ele foi eleito, aceitou e foi sagrado bispo de Luca. Era o ano 560.

Transformação da cidade e milagre do rio

O bispo Frediano usou todo o conhecimento que tinha nas áreas de engenharia, matemática, agricultura e até mesmo de hidrografia, e conseguiu ajudar bastante a população. Além disso, São Frediano tinha dons extraordinários e prodígios eram realizados por sua intercessão e oração. O mais famoso desses fatos foi o desvio milagroso do curso do rio Serchio livrando a área rural de Luca das enchentes. Contam que São Frediano, em oração, traçou um curso novo para o rio usando um rastelo e as águas obedeceram seguindo o curso traçado por ele.

Bom pastor

Daquele episódio em diante, espalhou-se a fama de santidade do bispo e santo Frediano. E ele passou a ser cada vez mais procurado pelo povo. O milagre do desvio do rio Serchio foi citado até mesmo num livro do Papa São Gregório Magno intitulado Diálogos. Como Jesus, o Bom Pastor, São Frediano conduziu sua diocese com extrema dedicação, sabedoria e amor. Nunca descuidou dos desamparados. Construiu hospitais, orfanatos, asilos num tempo em que a sociedade civil não se preocupava com os pobres. Além disso, construiu mosteiros e Igrejas.

Morte 

O bispo São Frediano faleceu em 18 de março de 588. Além de seu rastro de santidade, ele deixou uma comunidade monástica pequena, mas cheia de frutos, que ficou conhecida como

"Cônegos de São Frediano". Um dos grandes frutos dessa comunidade foi um bispo chamado Anselmo de Baggio. Ele veio a ser o Papa Alexandre II. A festa de São Frediano foi instituída para o dia em que suas relíquias foram trasladadas para a grande basílica que leva seu nome, na cidade de Luca.

Oração a São Frediano

“Pai de bondade e de amor, que escolhestes vosso servo Frediano para testemunhar a fé os povos, dai-nos seguir seus exemplos e viver com fidelidade nossa consagração batismal, levando aos homens e as mulheres vossa palavra de libertação. Amém.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

O que significa “construir a casa sobre a rocha”?

Iberieli/Wikipedia | Domena publiczna
Por Mário Scandiuzzi

Somos nós que construímos a nossa vida. Deus nos concede a graça, porém ele não realiza as obras para nós.

Os capítulos cinco a sete do Evangelho de São Mateus são conhecidos como o Sermão da Montanha. A narrativa começa com as bem-aventuranças, discurso no qual Jesus exalta o amor e a humildade e que, apesar das dificuldades desta vida, os que perseverarem na fé terão uma recompensa junto a Deus. Na sequência do capítulo cinco e nos dois seguintes, Jesus fala sobre a misericórdia do Pai e nos alerta sobre a vivência destes ensinamentos.

E na conclusão, Jesus diz:

“Aquele, pois, que ouve estas minha palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela porém não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, e ela caiu, e grande foi a sua ruína” (Mateus 7, 24-27).

A partir deste trecho, podemos aprender muito mais. Não basta ouvir as palavras de Jesus. É preciso fazer o que Ele ensinou para alcançarmos a vida plena.

As obras e a graça

Outro ponto importante é a forma como Jesus explica dos seus ensinamentos. Aqui ele deixa claro que somos nós que construímos a nossa vida. Deus nos concede a graça, porém ele não realiza as obras para nós.

Vale ressaltar que essa construção é feita com ações condizentes com o Evangelho, ou seja, praticando o amor e a misericórdia, assim como Jesus espera. Só assim teremos uma casa sólida, bem segura.

Colocar em prática os ensinamentos de Jesus também não é garantia de vida fácil, livre dos problemas. Tanto o homem sensato quanto o insensato deste trecho do Evangelho enfrentaram as mesmas dificuldades: “caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa”.

Recompensa

O que muda é o resultado final. A recompensa para quem ouve as palavras de Jesus e as põe em prática é superar as dificuldades e se aproximar da santidade. Já aquele que não praticar o amor, vai sofrer as consequências de uma vida longe de Deus.

E se restar alguma dúvida de qual seria a vontade de Deus, basta lembrar de um precioso conselho de Jesus:

“Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles” (Mateus 7,12).

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Coreia do Sul: Murais instalados em cemitério católico recordam perseguição aos cristãos

Guadium Press
Para o diretor do cemitério, Padre Andrew Heo Woo-yeong, a instalação desses murais ajudará os fiéis a conhecerem a história de perseguição aos cristãos da Igreja primitiva.

Redação (16/11/2021 15:41, Gaudium Press) Com o objetivo de ajudar os fiéis católicos a rezar e meditar, assim como aprender sobre os primeiros dias da Igreja e a perseguição aos cristãos, a Arquidiocese de Gwangju, na Coreia do Sul, instalou 14 murais em um cemitério católico.

Os murais feitos em azulejos baseiam-se em cenas da Bíblia: as do Antigo Testamento incluem a arca de Noé, o Êxodo e a história de Jonas; já entre as do Novo Testamento estão a parábola da ovelha perdida, o milagre dos cinco peixes e a ressurreição de Lázaro.

Ideia surgiu após visita às catacumbas romanas

A iniciativa dos murais das catacumbas partiu do Arcebispo de Gwangju, Dom Hyginus Kim Hee-joong, que presidiu a cerimônia de bênção dos mesmos no dia 2 de novembro, quando se celebrou o dia de finados.

Quando esteve em Roma, durante o período em que estudava para obter o título de doutor em história da igreja na Pontifícia Universidade Gregoriana, o prelado tirou fotos das catacumbas romanas. Suas imagens foram aprimoradas e transferidas para os azulejos.

Iniciativa ajudará fiéis a conhecerem a história da Igreja primitiva

O diretor do cemitério, Padre Andrew Heo Woo-yeong, acredita que os murais ajudarão os fiéis a conhecerem e se aprofundarem sobre os cristãos da Igreja primitiva e como eles se reuniam secretamente para evitar a perseguição dos governantes.

A instalação desses murais na Coreia tem grande significado, pois no final dos séculos 18 e 19 o catolicismo enfrentou perseguição por parte de governantes budistas. A história terminou com o martírio de milhares de católicos que se recusaram a renunciar a sua Fé. A maior perseguição em 1866 produziu cerca de 8 mil mártires. (EPC)

O Papa: José nos ensina a olhar para a periferia, para aquilo que o mundo não quer

Vatican News

Francisco iniciou o ciclo de catequeses sobre São José. "Nunca como hoje, neste tempo marcado por uma crise global com diferentes componentes, ele pode ser apoio, conforto e orientação para nós. Por isso decidi dedicar-lhe um ciclo de catequeses, que espero nos possa ajudar ulteriormente a deixar-nos iluminar pelo seu exemplo e pelo seu testemunho", disse o Papa na Audiência Geral.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco iniciou o ciclo de catequeses sobre São José, na Audiência Geral, desta quarta-feira (17/11), realizada na Sala Paulo VI, sobre o tema "São José e o ambiente em que viveu".

Francisco recordou que em "8 de dezembro de 1870, o Beato Pio IX proclamou São José padroeiro da Igreja universal".

Depois de 150 anos daquele evento, estamos vivendo um ano especial dedicado a São José, e na Carta Apostólica Patris corde recolhi algumas reflexões sobre a sua figura. Nunca como hoje, neste tempo marcado por uma crise global com diferentes componentes, ele pode ser apoio, conforto e orientação para nós. Por isso decidi dedicar-lhe um ciclo de catequeses, que espero nos possa ajudar ulteriormente a deixar-nos iluminar pelo seu exemplo e pelo seu testemunho.

A seguir, o Pontífice sublinhou que "na Bíblia há mais de dez personagens com o nome de José. O mais importante de todos é o filho de Jacó e Raquel, que, através de várias vicissitudes, de escravo, tornou-se a segunda pessoa mais importante no Egito depois do Faraó".

José tem fé na providência de Deus

O Papa explicou que "o nome José em hebraico significa “Deus aumente, Deus faça crescer”. É um desejo, uma bênção baseada na confiança na providência de Deus e refere-se especialmente à fecundidade e ao crescimento dos filhos. Este mesmo nome nos revela um aspecto essencial da personalidade de José de Nazaré. Ele é um homem cheio de fé em Deus, na sua providência. Ele crê na providência de Deus. Tem fé na providência de Deus. Toda a sua ação, narrada no Evangelho, é ditada pela certeza de que Deus “faz crescer”, “aumenta”, “acrescenta”, ou seja, que Deus providencia a continuação do seu plano de salvação. E nisto, José de Nazaré é muito parecido com José do Egito".

Segundo Francisco, "as principais referências geográficas que se referem a José, Belém e Nazaré, também desempenham um papel importante na compreensão de sua figura. O Filho de Deus não escolheu Jerusalém como o lugar de sua encarnação, mas Belém e Nazaré, duas aldeias periféricas, longe do clamor da crônica e do poder da época. Contudo, Jerusalém era a cidade amada pelo Senhor, a «cidade santa», escolhida por Deus para nela habitar. Ali, habitavam os doutores da Lei, os escribas e fariseus, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo".

Deus se manifesta nas periferias geográficas e existenciais

"É por isso que a escolha de Belém e Nazaré nos diz que a periferia e a marginalidade são prediletas a Deus. Jesus não nasceu em Jerusalém, com toda a corte. Não. Ele nasceu na periferia. Viveu a sua vida até 30 anos naquela periferia, trabalhando como carpinteiro. Como José. Para Jesus, as periferias e a marginalidade são prediletas", disse ainda o Papa, acrescentando:

Não levar esta realidade a sério equivale a não levar a sério o Evangelho e a obra de Deus, que continua se manifestando nas periferias geográficas e existenciais. O Senhor age sempre escondido nas periferias. Na periferia da alma, nos sentimentos, nos sentimentos que talvez nos envergonha. Mas, o Senhor está ali para nos ajudar a ir adiante. O Senhor continua se manifestando nas periferias, geográficas e existenciais. Em particular, Jesus vai em busca dos pecadores, entra nas suas casas, fala com eles, chama-os à conversão. Jesus é repreendido por isso. "Olhem esse mestre", dizem os doutores da lei, "esse mestre que come com os pecadores, se suja". Mas também vai em busca daqueles que não praticaram o mal, mas que o sofreram: os doentes, os famintos, os pobres, os últimos. Jesus vai sempre em direção à periferia. Isso deve nos dar muita confiança, pois o Senhor conhece as periferias do nosso coração, as periferias de nossa alma, as periferias de nossa sociedade, de nossa cidade, de nossa família, aquela parte um pouco escura que nós não mostramos talvez por vergonha.

Olhar para aquilo que o mundo não quer

Segundo o Papa, "sob este aspecto, a sociedade daquela época não é muito diferente da nossa. Hoje, também há um centro e uma periferia. E a Igreja sabe que é chamada a anunciar a boa nova a partir das periferias. José, que é um carpinteiro de Nazaré e que confia no plano de Deus para a sua jovem noiva e para si mesmo, recorda à Igreja para fixar o olhar naquilo que o mundo ignora deliberadamente".

“José nos ensina a não olhar muito para as coisas que o mundo louva, mas a olhar para o ângulo, olhar para as sombras, para a periferia, para aquilo que o mundo não quer. Lembra a cada um que devemos dar importância ao que os outros descartam.”

"Neste sentido, ele é um mestre do essencial: nos lembra que o que é realmente valioso não atrai a nossa atenção, mas requer um discernimento paciente para ser descoberto e valorizado. Peçamos-lhe que interceda para que toda a Igreja possa recuperar este discernimento, esta capacidade de discernir e avaliar o que é essencial. Comecemos de novo a partir de Belém, comecemos de novo a partir de Nazaré", disse ainda Francisco.

São José, testemunha e protetor

Por fim, o Papa transmitiu "uma mensagem a todos os homens e mulheres que vivem nas periferias geográficas mais esquecidas do mundo ou que experimentam situações de marginalidade existencial". "Que encontrem em São José a testemunha e o protetor para quem olhar", disse o Pontífice, fazendo a seguinte oração:

São José,

vós que sempre confiastes em Deus,

e fizestes as vossas escolhas

guiado pela sua providência

ensinai-nos a não contar tanto com os nossos projetos

mas com o seu desígnio de amor.

Vós que viestes das periferias

ajudai-nos a converter o nosso olhar

e a preferir o que o mundo descarta e marginaliza.

Confortai quantos se sentem sozinhos

e apoiai quantos se comprometem em silêncio

para defender a vida e a dignidade humana. Amém.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Sete atividades para aproveitar as últimas semanas do Ano de São José

São José / Crédito: Unsplash

DENVER, 16 nov. 21 / 03:12 pm (ACI).- O leigo dominicano e autor de livros para a formação espiritual dos católicos, Shaun McAfee, destacou algumas atividades que podem ajudar os fiéis a aproveitar as últimas semanas do ano especial dedicado a são José.

O papa Francisco decretou um Ano dedicado a São José de 8 de dezembro de 2020 a 8 de dezembro de 2021 para comemorar os 150 anos do Decreto Quemadmodum Deus, com o qual o beato Pio IX declarou são José padroeiro da Igreja universal.

McAfee disse em uma coluna do jornal National Catholic Register que "à luz de todos os outros acontecimentos em todo o mundo", percebeu-se a necessidade de ter “um santo paterno a quem imitar” e a quem pedir a intercessão “pelas necessidades de nossos tempos difíceis”.

“Não deixe que o Ano de São José chegue a um final abrupto. O primeiro domingo da quaresma chegará antes que percebamos. Você pode estar pensando: ‘Para onde foi o ano?’ Bem, agora é sua chance de agir”, acrescentou.

A seguir, uma lista de atividades para ajudar os fiéis a continuar crescendo na devoção a são José.

1. Leia a carta apostólica Patris Corde

McAfee disse que a carta apostólica do papa Francisco Patris Corde (Coração de Pai) deveria "estar no topo das listas de leitura para aqueles que desejam seguir o chamado do Santo Padre por uma maior devoção a São José, inclusive antes de terminar o ano”.

“O papa Francisco destaca os benefícios espirituais da imitação de um santo que personificou a alegria do trabalho, a abertura do coração à vontade de Deus e uma devoção amorosa à dignidade da paternidade”, destacou.

Você pode ler a carta apostólica AQUI.

2. Lucre uma indulgência plenária

Durante o Ano de São José, o papa deu a oportunidade de lucrar uma indulgência plenária especial de muitas maneiras.

McAfee disse que a indulgência plenária apaga “todo castigo temporal causado pelo pecado” e ressaltou que é “equivalente a um restabelecimento completo da alma”.

O autor disse que entre as ações que podem ser realizadas para lucrar indulgências neste ano estão: confiar o trabalho diário à proteção de são José Operário, fazer um retiro de meditação em são José, rezar para que os desempregados recebam um trabalho decente e rezar uma oração aprovada a são José em 19 de novembro.

“Recorda que, além das ações específicas e do completo desapego do pecado, as três obrigações que acompanham a indulgência são uma confissão sacramental, receber a sagrada comunhão e rezar pelas intenções do Santo Padre”, disse.

Você pode encontrar outras 15 maneiras de lucrar indulgências neste Ano de São José AQUI.

3. Faça um tour virtual por uma catedral dedicada a São José

McAfee disse que "a Catedral de São José de Nova Orleans está entre as mais históricas e belas de todos os Estados Unidos", e pode ser visitada virtualmente.

“Descubra o significado da arquitetura, das janelas, do altar e de todo o demais”, além de crescer “em uma amizade mais profunda com o santo padroeiro”, acrescentou.

Pode fazer a visita virtual AQUI.

4. Recite a oração de São José

O autor lembrou a oração que o papa Pio IX escreveu em honra ao padroeiro da Igreja Universal.

Oh! São José, cuja proteção é tão grande, tão forte, tão imediata diante do trono de Deus, coloco em vossas mãos todos os meus interesses e desejos.

Oh! São José, auxilie-me com sua poderosa intercessão, e obtenha para mim do seu divino Filho todas as bênçãos espirituais, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor, para que, tendo-me comprometido aqui, sob seu poder celestial, eu possa oferecer minhas graças e homenagens.

Oh São José, jamais me canso de contemplar a ti e a Jesus a dormir em seus braços. Não me atrevo a me aproximar enquanto Ele repousa junto do teu coração. Abraça-o em meu nome, beije seu rosto delicado por mim e peça-lhe que me beije de volta quando eu der meu último suspiro. São José, padroeiro das almas que partem, rogai por mim! Amém.

5. Reflita sobre São José

McAfee lembrou que o beato Guilherme José Chaminade dizia: “Nós nos perguntamos por que o Evangelho menciona tão pouco são José. Mas não disse tudo quando nos mostrou que era o esposo de Maria?"

“Esta citação é acertada e deveria proporcionar muito sobre o que refletir para aqueles que desejem aproximar-se mais a este maravilhoso pai e modelo a seguir para os esposos em todos os estados de vida”, destacou.

6. Siga o exemplo de paternidade de são José

O autor incentivou “os pais a redobrarem seu compromisso com o bem-estar espiritual de seus filhos. Rezem em família, sejam gentis, pacientes e perdoem as faltas, no silêncio se for necessário, em todo momento, mas especialmente quando as provações entrarem em casa”.

“O papa Francisco mostra José como o pai que 'sempre soube que seu filho não era seu, mas que simplesmente havia sido confiado a seus cuidados’”, destacou.

7. Memorize a oração Patris Corde

McAfee recordou as palavras de santa Teresa de Ávila que dizia que “quem se entrega à oração deve ter sempre uma devoção especial a são José; porque não conheço ninguém que possa pensar na Rainha dos anjos, durante o tempo em que tanto sofreu com o Menino Jesus, sem agradecer a são José pelos serviços que então lhes prestou”.

Por isso, McAfee encoraja a rezar a oração de Patris Corde:

Salve, guardião do Redentor
e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho;
em vós, Maria depositou a sua confiança;
convosco, Cristo tornou-Se homem.

Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós
e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,
e defendei-nos de todo o mal. Amém.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Igreja, comunidade de amor

Papa Francisco na Audiência Geral na
Sala Paulo VI em 27 de outubro de 2021  (AFP or licensors)

"O amor ao outro por ser quem é, impele-nos a procurar o melhor para a sua vida. Só cultivando esta forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos”.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

“A missão de Cristo e do Espírito Santo completa-se na Igreja, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Esta missão conjunta associa, doravante, os fiéis de Cristo à sua comunhão com o Pai no Espírito Santo” (CIC 737). A Igreja, instituída por Jesus Cristo, é o redil, cuja única e necessária porta é o próprio Cristo, é o campo, a construção de Deus, a “Jerusalém do Alto”. Ela está na história, mas ao mesmo tempo transcende-a, é visível e espiritual, “sociedade dotada de órgãos hierárquicos e corpo místico de Cristo”, “agrupamento visível e comunidade espiritual”. Na Igreja, a “comunhão dos homens com Deus pela «caridade, que não passa jamais» (1 Cor 13, 8), é o fim que comanda tudo quanto nela é meio sacramental, ligado a este mundo que passa”. Neste sentido, o Papa Francisco reiterou no Angelus do último domingo que “o coração pulsante da Palavra de Deus (...), o que dá solidez à vida e nunca acabará”, é a caridade. E “quem faz o bem, investe para a eternidade (...), porque o bem nunca se perde, o bem permanece para sempre (...). A cena deste mundo passa. E só o amor permanecerá.” "Igreja, comunidade de amor" é o tema da reflexão do padre Gerson Schmidt*:

"A Igreja sempre apareceu na sua caminhada e construção como uma comunidade de amor. O essencial do mistério da Igreja é ser ela uma comunhão com o Pai, o Filho, no Espírito Santo, e ela viver em comunhão fraterna. O amor é o mistério mais profundo da Igreja. Jesus mesmo disse: “Nisso conhecereis que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Ou seja, pelo amor nós revelamos que somos a Igreja de Cristo. O amor nos torna a verdadeira Igreja de Cristo. "A Igreja é comunidade de amor não apenas como associação de seus membros, mas por uma aliança decretada por Deus pelo amor de Deus que precede toda decisão humana” [1].

Lumen Gentium, no número 8, aponta assim: “Cristo, mediador único, estabelece e continuamente sustenta sobre a terra, como um todo visível, a Sua santa Igreja, comunidade de fé, esperança e amor, por meio da qual difunde em todos a verdade e a graça” (LG, 8). Na comunidade, o amor adquire a feição de um mandamento. Não se trata apenas de amar-nos por zelo, por afeição, por companhia e por agrado. Na Igreja não nos amamos por querermos agradar uns aos outros, mas para cumprir uma ordem, um mando, um mandamento de Cristo Jesus, na perfeita liberdade e reciprocidade. Amamo-nos por obediência a uma ordem do Mestre: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

Em todas as circunstâncias, o direito, as estruturas e as leis devem estar a serviço da caridade e não o contrário. “O direito ordena a execução do amor e da caridade em situações importantes da comunidade. Quanto mais complicadas se tornarem as estruturas sociais, quanto mais o amor esfriar, quanto mais impessoal se tornar a prática da existência cristã, quanto mais se perder o caráter pessoal e descambar para a ação objetiva, tanto mais serão necessárias as diretivas jurídico-eclesiásticas” [2].

O Papa Francisco, na Carta Encíclica Fratelli Tutti aponta, no número 92, assim: “ A estatura espiritual duma vida humana é medida pelo amor, que constitui «o critério para a decisão definitiva sobre o valor ou a inutilidade duma vida humana». Todavia há crentes que pensam que a sua grandeza está na imposição das suas ideologias aos outros, ou na defesa violenta da verdade, ou em grandes demonstrações de força.

Todos nós, crentes, devemos reconhecer isto: em primeiro lugar está o amor, o amor nunca deve ser colocado em risco, o maior perigo é não amar (cf. 1 Cor 13, 1-13).”  O Papa comenta o valor único de amor, expressando ainda assim no número 93: “Procurando especificar em que consiste a experiência de amar, que Deus torna possível com a sua graça, São Tomás de Aquino explicava-a como um movimento que centra a atenção no outro «considerando-o como um só comigo mesmo». A atenção afetiva prestada ao outro provoca uma orientação que leva a procurar o seu bem gratuitamente. Tudo isto parte duma estima, duma apreciação que, em última análise, é o que está por detrás da palavra «caridade»: o ser amado é «caro» para mim, ou seja, é estimado como de grande valor. E «do amor, pelo qual uma pessoa me agrada, depende que lhe dê algo grátis».

O amor não é apenas um solidarismo ou assistencialismo, mas “o amor implica algo mais do que uma série de ações benéficas. As ações derivam duma união que propende cada vez mais para o outro, considerando-o precioso, digno, aprazível e bom, independentemente das aparências físicas ou morais. O amor ao outro por ser quem é, impele-nos a procurar o melhor para a sua vida. Só cultivando esta forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos” (FT, 94)."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

______________________________

[1] SCHMAUS, Michael. A fé da Igreja, Volume IV, 2ª Edição, Vozes, Petrópolis, 1983, p.68. 

[2] Idem, 69.  

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Santa Isabel da Hungria

Santa Isabel da Hungria | Canção Nova
17 de novembro
SANTA ISABEL DA HUNGRIA

Isabel era filha de André, rei da Hungria, e nasceu num tempo em que os acordos das nações eram selados com o casamento. No caso de Isabel, ela fora prometida a Luís IV (duque hereditário da Turíngia) em matrimônio, um pouco depois de seu nascimento em 1207.

Santa Isabel foi morar na corte do futuro esposo, e lá começou a sofrer veladas perseguições por parte da sogra, que, invejando o amor do filho para com a santa, passou a caluniá-la como esbanjadora, já que tinha grande caridade para com os pobres. Mulher de oração e generosa em meio aos sofrimentos, Isabel sempre era em tudo socorrida por Deus. Quando já casada e com três filhos, perdeu o marido numa guerra e foi expulsa da corte pelo tio de seu falecido esposo, agora encarregado da regência.

Aconteceu que Isabel teve que se abrigar num curral de porcos com os filhos, até ser socorrida como pobre pelos franciscanos de Eisenach, uma vez que até mesmo os mendigos e enfermos ajudados por ela insultavam-na, por temerem desagradar o regente. Ajudada por um tio que era Bispo de Bamberga, Isabel logo foi chamada para voltar à corte, e seus direitos, como os de seus filhos, foram reconhecidos, isso porque os companheiros de cruzada do falecido rei tinham voltado com a missão de dar proteção à Isabel, pois nisso consistiu o último pedido de Luís IV.

Santa Isabel não quis retornar para Hungria; renunciou aos títulos, além de entrar na Ordem Terceira de São Francisco. Fundou um convento de franciscanas, em 1229, e pôs-se a servir os doentes e enfermos até morrer, em 1231, com apenas 24 anos num hospital construído com seus bens.

Santa Isabel da Hungria, rogai por nós!

Fonte: https://santo.cancaonova.com/

terça-feira, 16 de novembro de 2021

As parábolas do Sínodo

arqmariana
Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo de Palmas (TO)

AS PARÁBOLAS DO SÍNODO

“Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? (Mc 4,30). A parábola é um gênero literário preferido por Jesus, comprovadamente como um instrumento pedagógico funcional, prática, útil e eficaz. Muito utilizada pelos profetas, mestres e sábios, anteriores a Jesus, e pouco pelos sábios e entendidos de sua época. Este tipo de recurso pedagógico, aos poucos, cedeu espaço a ensinamentos mais voltados à doutrina, à norma, à regra, à lei, à obrigação e à proibição. Tanto assim, que o povo percebia que Jesus ensinava com autoridade, diferente dos mestres da lei (Mc1,22; Mt 7,29) e ficava admirado e maravilhado como este seu magistério.

Uma parábola não se lê com o olhar ao passado. Lê-se como se olha em um espelho. Vê-se mais o presente, o atual momento, a atualidade, o como estamos no momento. Não é contada em função do passado, mas do presente e do futuro. Assim como a Bíblia e Jesus têm as suas parábolas, a Igreja e o Sínodo também têm as suas. Nós também temos as nossas parábolas existenciais. Temos os nossos terrenos, nossas sementes, nossos semeadores, nossos grãos de mostardas, nossos fermentos, nossos joios, nossos trigos, nossos tesouros escondidos, nossas pérolas preciosas, nossas redes e nossas pescarias.

Sínodo e Igreja são sinônimos: ambos significam dar um passo avante, um caminhar para adiante, um processo, um método, um avançar. Este Sínodo é um sinal da providência de Deus, neste tempo de pandemia. Quando tudo parecia acabado, perdido, escuro e degenerado, o Papa Francisco teve a inspiração de convocar um Sínodo para abrirmos as portas e janelas: sair de casa, ir ao encontro dos irmãos, sentar-se ao seu lado, conversar, escutar, discernir, em espírito de comunhão, participação e missão. Este Sínodo é um sinal de Deus para a Igreja neste pós-pandemia. É isto que o Espírito Santo quer dizer à nossa Igreja.

Não queremos apenas fazer Sínodo. Queremos ser Sínodo. Queremos ser uma Igreja em saída, que marche juntos, sempre para a frente. O Sínodo é uma parábola para olharmos no espelho da atualidade, como estamos caminhando, com quem estamos caminhando, a quem deixamos de lado e para trás. O Sínodo tem as suas parábolas. Quais? Quantas? Com que poderemos comparar o Sínodo? Que parábola usaremos para representá-lo?

Parafraseando a Jesus, eu me pergunto: com que haveremos de comparar o Sínodo? São Marcos (4,1-34) e, sobretudo, São Mateus (13,1-52), condensou, no seu evangelho, o Sermão das parábolas do Reino. Eu comparo estas suas parábolas com as parábolas do Sínodo. Aliás, a começar pela introdução dessas parábolas, Jesus já imprimiu o seu estilo sinodal: saiu de casa e sentou-se junto ao mar, e uma grande multidão juntou-se ao seu redor (Mt 13,1-2; Mc 4,1-2). Em casa, explicava o sentido de suas parábolas aos seus discípulos (Mt 13,4; Mc 4,10). E ainda perguntava se compreenderam. E eles disseram que sim (Mt 13,36.51). Esta é a estrutura fundamental do estilo sinodal de Jesus. Os atores em jogo são sempre três: Jesus, a multidão e os apóstolos (Documento Preparatório, 17-20). E não o contrário, como costumamos pensar. É isto o que o Espírito Santo está dizendo à nossa Igreja.

Com que poderemos comparar o Sínodo? Que parábola usaremos para representá-lo? O Sínodo, “por uma Igreja Sinodal, comunhão, participação e missão”, é comparado ao semeador que saiu, pelo campo, a semear suas sementes (Mt 13,3.8; Mc 4,3-8). No caminho sinodal do semeador das sementes do Sínodo também haverá vários tipos de terrenos. Até porque fomos nós que produzimos estes tipos de terrenos inférteis, secos e pedregosos. Muitas sementes do Sínodo possivelmente cairão em terra boa e produzirão cem, sessenta e trinta frutos por um. Se as sementes do Sínodo forem lançadas em terra boa, mesmo não sendo o ideal, podemos até colher trinta por cento que estaremos satisfeitos com os bons resultados das escutas, neste Sínodo. Ou até mesmo sessenta. As sementes lançadas na terra só conseguiram produzir estas quantias. Os frutos das acolhidas, das escutas e dos discernimentos não poderão deixar de ser colhidos. É isto que o Espírito quer suscitar em nossa Igreja.

Com que poderemos comparar o Sínodo? Que parábola usaremos para representá-lo? O Sínodo, “por uma Igreja Sinodal, comunhão, participação e missão”, é comparado ao joio e ao trigo, convivendo conjuntamente. Joio e trigo são parentes próximos e parecidos, mas também são adversários e produzem frutos adversos. O bem e o mal coabitam no mundo e nos corações humanos. Ambos estão por toda a parte, juntos e misturados. E crescem juntos, no mesmo espaço e no mesmo campo. Esta parábola é o coração deste Sermão das parábolas de Jesus. A separação entre a Igreja e a sociedade, e seus ambientes, poderá ter criado este tipo de parábola para o nosso tempo. No nosso caminho sinodal precisamos saber conviver com os trigos e com os joios, e aprender a não excluir ninguém que é e que pensa diferente. No campo do Sínodo nascerão joios e trigos. O Sínodo será uma oportunidade para a Igreja ouvir o que não quer, o que não sabe e o que não aceita. Quem dá a palavra ao povo deve estar preparado para ouvir o que quer e o que não quer ouvir. O que fazer? O único caminho é a conversão. Haverá também a necessidade de se fazer o discernimento final para distinguir um do outro. O trigo irá para moinho e o joio para a reciclagem e a ressignificação. O Documento Preparatório do Sínodo fala de um quarto dialogante, denominado de “quarto ator”, de “ator extra” e de “antagonista”, além de Jesus, da multidão e dos apóstolos: o inimigo (DP 21). Quem são os nossos inimigos? E o que fazer com eles? É isto que o Espírito Santo está suscitando em nossa Igreja.

Com que poderemos comparar o Sínodo? Que parábola usaremos para representá-lo? O Sínodo, “por uma Igreja Sinodal, comunhão, participação e missão”, é comparado à semente de mostarda e ao fermento na massa (Mt 13,31-32; Mc 4,30-32).  Estas duas parábolas funcionam como um par. São parábolas gêmeas. São duas pequenas parábolas, como deve ser as reuniões das escutas do Sínodo. Mas com um poder interior transformador. A parábola do grão de mostarda fala do crescimento externo e a parábola do fermento fala do crescimento interno.  E preciso ficar atentos aos pequenos, aos menores gestos, às menores ações. A comissão de frente da Logomarca do Sínodo é formada por crianças e adolescentes. Temos que prestar atenção a estes pequenos. Se a Igreja, neste Sínodo, agir assim, será abrigo para os pássaros do céu. Estas duas pequenas parábolas são a grande profecia (Dn 4,12; Ez 17,23; Sl 1,3) do Sínodo, a qual tanto sonhamos. Pequenas iniciativas podem gerar grandes resultados. As grandes árvores nascem de pequenas sementes. Plante, que a semente nasce e cresce. É o que diz o Provérbio: “Muita gente pequena, em lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, estão mudando a face do mundo”. Em outras palavras: um pequeno grupo, em lugares simples e pequenos, pensando e sonhando com coisas grandes. Jesus, o filho do carpinteiro, da pequena Nazaré, morto pelo grande e potente Império Romano, ao terceiro dia, ressuscitou. Tudo indicava que a planta iria morrer. Mas ressurgiu. A parábola do fermento é a parábola mais feminina desta série de parábolas. Uma das insistências do Sínodo é a mulher. Que lugar a mulher ocupa na Igreja? É esta uma das perguntas a ser respondida. É neste Sínodo que estas profecias irão se realizar? Símbolo de todos os bolos, pães e tortas, esta parábola é para levedar, dar volume e qualidade ao Sínodo. Da mesma forma que o fermento penetra na massa, o Sínodo deve penetrar nos corações de todos na Igreja. Este Sínodo possui estas duas metáforas. A mostarda e o fermento são os remédios para as curas das feridas dos corpos, das almas e das mentes de todos nós. É isto que o Espírito Santo está oferecendo à sua Igreja.

Com que poderemos comparar o Sínodo? Que parábola usaremos para representá-lo? O Sínodo, “Por uma Igreja Sinodal, comunhão, participação e missão”, é comparado à descoberta de um tesouro escondido no campo e a compra de uma pérola preciosa (Mt 13,44-46). Jesus, seu Reino e a sua Igreja, são estes tesouros escondidos e esta pérola preciosa (Fl 3,8-9). É bem verdade que nem Jesus, nem o seu Reino e nem a sua Igreja estão à venda. Mas quem se encontra com Jesus encontrou um tesouro, uma pérola e um terreno incalculável. É preciso tempo para descobrir que na terra há um tesouro escondido. A parábola da pérola é mais fácil de ser descoberta. Nas plataformas do 5G e das fake news, o perigo é se acreditar em tudo o que se diz por aí. Às vezes, a verdade é a que menos importa. A descoberta de um tesouro faz mudar tudo na nossa vida. Quantos tesouros escondidos estão por aí, sem que se perceba e sem que se valorize. O Sínodo nos pede coragem para abandonar uma série de coisas e de estilo de vida eclesial e arriscar tudo porque se vislumbra e se encontra algo novo e melhor. Com outro olhar, o que parecia não ter mais valor, passa a ter um novo valor, melhor do que o anterior. Para isto precisamos de parresia, de encorajamento, de encantamento e de paixão. Tudo o que é valioso tem um preço embutido. Toda opção tem um preço a ser pago. O Sínodo possui este tipo de preço. Ele é um tesouro escondido e uma pérola de grande valor. Vamos descobri-lo e adquiri-la? A Igreja terá que vender muito do que possui para ganhar o que ainda não tem.  O que significa neste Sínodo vender tudo? Neste Sínodo iremos descobrir muitos tesouros escondidos e muitas pérolas preciosas, saídas das bocas dos que talvez não esperávamos. É isto que o Espírito pede à nossa Igreja.

Com que poderemos comparar o Sínodo? Que parábola usaremos para representá-lo? O Sínodo, “Por uma Igreja Sinodal, comunhão, participação e missão”, é comparado a um pescador que lança a sua rede ao mar, e recolhe peixes de todo tipo (Mt 13,47-50). É preciso puxar a rede para a praia e separar os peixes bons, nos cestos, e devolver os peixes que ainda não estão em condições de consumo para que voltem ao seu habitat natural. Eles precisarão de cuidados para que possam se desenvolver. Nas escutas, pesca-se tudo e de tudo. No entanto, um passo seguinte, é preciso selecionar, discernir. Tudo pode ser aproveitado. A rede, com seus emaranhados de fios simboliza as redes de comunidades, as reuniões sinodais, os louvores, as orações, os dons, os carismas, os testemunhos e os ministérios. Já afirmei, anteriormente, que muitas de nossas redes se romperam, e que é preciso levá-las ao conserto. O mar é o mundo em que viemos. O peixe é o homem ou a mulher que precisa ser pescado. O cesto são os nossos espaços eclesiais de acolhida, de escuta e de inclusão. É isto que o Espírito está mostrando à nossa Igreja.

Com que poderemos comparar o Sínodo? Que parábola usaremos para representá-lo? O Sínodo, “Por uma Igreja Sinodal, comunhão, participação e missão”, é o nosso “Saltério”. Não sei porque me veio esta ideia à cabeça. Sei apenas que o Sínodo é o nosso Saltério, seja enquanto instrumento musical, para ser dedilhado, tocado e escutado, seja enquanto Livro que contêm os 150 Salmos, para serem rezados e cantados nas nossas liturgias. O Hino do Jubileu da nossa Arquidiocese foi composto com base neste Salmo. Umas das dimensões singulares deste Sínodo são a liturgia, a celebração e a espiritualidade. Espiritualidade vem de Espírito. Muito se fale neste Sínodo do Espírito Santo. Cada ação, cada evento, cada encontro deste Sínodo deverão ser matizados pela liturgia, pela oração, pela celebração e pela espiritualidade. A conclusão a que chegamos é que o Sínodo é o nosso Laudato Si, nossa Querida Amazônia e nosso Fratelli Tutti. O Sínodo, enquanto Saltério, é um convite à louvação, ao som de vários instrumentos musicais, tocados juntos, afinados, em sintonia e harmonia. A figura do maestro, do tutor, do orientador, do guardião, do guia espiritual e do mistagogo é a condição sine qua non para o Sínodo. É isto que o Espírito Santo está revelando à nossa Igreja.

A Igreja nascente, na pessoa de Pedro, na casa de Cornélio, viveu a sua parábola, e teve que se aclimatar, adaptar e inculturar (At 10,1ss; DP 22-24). Eu aprendi no Seminário que devemos “comer o que passa na mesa do Convento!” E para finalizar, cai bem esta conclusão de Jesus: “Assim, pois, todo escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas” (Mt 13,52). Fiquemos atentos ao que o Espírito tem a nos dizer. Bom sínodo para todos! “Quem tem ouvidos, ouça!” (Mt 11,15; 13,9.43).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF