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domingo, 21 de novembro de 2021

Apresentação de Nossa Senhora

Apresentação de Nossa Senhora | arquisp
21 de novembro

Apresentação de Nossa Senhora

O episódio da apresentação no templo não é narrado nas Sagradas Escrituras, mas em evangelhos apócrifos, em particular no Proto-evangelho de são Tiago, que a Igreja não considera inspirado por Deus.

No entanto, a celebração deste dia é antiga. Era celebrada já no século VI em Jerusalém, e a Igreja do Oriente, que acolheu e conservou zelosamente as tradicionais festas marianas, reserva à apresentação de Maria uma memória particular, como um dos mistérios da vida daquela que Deus escolheu para Mãe de seu Unigênito.

A Igreja do Ocidente, ao manter essa festividade também com a reforma do calendário litúrgico, entendeu praticar um gesto “ecumênico”.

Na Liturgia das Horas, lê-se: “Neste dia da solene consagração da igreja de Santa Maria Nova, construída junto ao templo de Jerusalém, celebramos com os cristãos do Oriente aquela consagração que Maria fez a Deus de si mesma desde a infância, movida pelo Espírito Santo, de cuja graça ficara plena na sua imaculada conceição”.

Se bem que não se encontre na tradição hebraica a oferta de meninas ao templo (e menos ainda na tenra idade de três anos, como se lê nos aprócrifos, segundo os quais “Maria morou no templo do Senhor como uma pomba, recebendo o alimento das mãos de um anjo”), os cristãos celebram hoje aquele particular oferecimento de Maria a Deus, feito no segredo de sua alma, que a preparou para acolher o Filho de Deus.

Esta menininha — diz são Germano de Constantinopla na homilia sobre a Apresentação — prepara o aposento para acolher a Deus, “mas não é o templo que a santifica e purifica, e sim a sua presença que purifica inteiramente o templo”.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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São Gelásio I. papa

S. Gelásio I | Guadium Press
21 de novembro
SÃO GELÁSIO I, PAPA

Origens

Gelásio nasceu na cidade de Roma, por volta do ano 450. Sabe-se que a origem de sua família era africana, provavelmente do norte da África. Gelário era bastante culto, de inteligência brilhante, e tinha uma personalidade forte. Enquanto leito, era cristão praticante e atuante nas comunidades cristãs de Roma. Como leigo, foi conselheiro do Papa que o antecedeu, chamado Félix III.

Sonho de conciliação e ascensão ao Papado

O papa Felix III vinha, há tempos, tentando promover a conciliação entre as igrejas católicas do Oriente e do Ocidente. Aconteceu que ano de 492 o papa Félix III faleceu. Com isso, Gelásio foi indicado e eleito o sucessor na Cátedra de São Pedro. Sua missão e sonho inicial era continuar a missão restauração da união entre as Igrejas. Porém, o imperador Anastácio I fez forte oposição a essa propostas e o papa Gelásio não conseguiu realizar seu intento.

Escritos de Dionísio, o Menor

Dionísio (470-544), conhecido como “o Menor”, foi um monge romeno que viveu em Roma. Foi um grande escritor, criador da tabela para calcular a data da Páscoa, vigente até hoje e da ideia do “Ano do Senhor”, que é a contagem dos anos a partir do nascimento de Jesus Cristo. Dionísio escreveu sobre o Papa Gelásio I no Martirológio Romano- Monástico dizendo que ele “procurou mais servir do que exercer a sua autoridade, associou a castidade aos méritos da doutrina, e morreu pobre, após ter enriquecido os indigentes”.

Combatendo heresias

O Papa Gelásio I combateu e tentou acabar com a heresia pelagiana, desenvolvida por dois padres chamados Mane e Pelágio. Esses defendiam que a salvação dependia exclusivamente do esforço do homem, dispensando a graça divina. Graças ao papa Gelásio I essa heresia, isto é, uma ideia distorcida e errônea da fé, não prosseguiu dentro da Igreja.

Frutos do seu papado

Além de combater heresias, São Gelásio I foi o primeiro Papa que expressou a autoridade máxima do Papa, ou, do bispo de Roma, sobre toda a Igreja Católica. Ele desenvolveu também um enorme trabalho que visou a renovação litúrgica da Igreja. Neste sentido, ele pôs em ação to Sacramentário Gelasiano, visando uniformizar os ritos e as funções entre as igrejas. O Sacramentário Gelasiano é um decreto que contém perto de cinquenta prefácios litúrgicos e uma bela coletânea de orações para serem recitadas na santa missa. Atualmente, alguns dos decretos assinados por ele encontram-se no Museu Britânico.

Seguindo a Cristo

São Gelásio I viveu uma vida de oração e insistia sempre que os padres e os religiosos fizessem o mesmo. Segundo o monge e escritor Dionísio, o Pequeno, São Gelásio I procurou, em seu papado, muito mais ser um servidor de todos do que um dominador. Dedicava tempo especial de sua vida, mesmo como Papa, para visitar e socorrer os pobres em suas necessidades.

Viveu e morreu pobre

São Gelásio I viveu a pobreza evangélica mesmo sendo o líder máximo da Igreja. E, também, quando faleceu, era um pobre, não possuindo nenhum bem em seu nome. Sua caridade praticada para com os pobres mereceu destaque em sua vida. Por causa dessa caridade, ele foi apelidado de o "Papa dos pobres". São Gelásio I faleceu no dia 21 de novembro de 496, na cidade de Roma.

Oração a São Gelásio I

“Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Gelásio Primeiro governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. São Gelásio, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

sábado, 20 de novembro de 2021

90 anos após ser tomada pelos comunistas, catedral de Kiev é devolvida à Igreja Católica

Konstantin Brizhnichenko, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons
Por Francisco Vêneto

Com a proibição da religião durante a ditadura comunista soviética, a catedral foi usada como arquivo e sala de concertos.

Passados 90 anos desde que foi tomada pelo regime comunista, a catedral de Kiev está sendo finalmente devolvida à Igreja Católica. A entrega definitiva do templo está agendada para 1º de junho de 2022.

Dedicada a São Nicolau, a catedral da capital ucraniana havia sido fechada na década de 1930, em decorrência da proibição do culto cristão e do ódio à religião em geral, característico da ideologia comunista impositivamente ateia. O mesmo ocorria em todos os territórios subjugados pela União Soviética.

Durante a Segunda Guerra Mundial, vários ataques danificaram seriamente a catedral, que também era a principal igreja da Ucrânia. Ela foi restaurada, mas o regime a designou para abrigar os Arquivos da Região de Kiev e para ser usada como sala de concertos.

A partir de 1992, com a queda do comunismo soviético e a gradual restauração da liberdade, celebrações católicas foram sendo permitidas pontualmente na catedral, que, no entanto, não foi devolvida à Igreja por conta de um litígio a respeito da propriedade do órgão que tinha sido especialmente encomendado para a sala de concertos.

Segundo informações do site Vida Nueva Digital, o Ministério da Cultura da Ucrânia finalmente concordou em transferir a catedral de volta para a Igreja Católica depois de muitos e longos anos de negociações – infelizmente, foi preciso ocorrer um incêndio, no último mês de setembro, para que as negociações fossem finalizadas.

A Igreja Católica na Ucrânia divulgou nota no portal religioso Risu.ua declarando que, “graças aos esforços de muitos crentes, a justiça histórica será restabelecida e o santuário cristão poderá regressar ao seio da Igreja”.

Espera-se que esta medida seja a primeira das muitas devoluções ainda pendentes no país.

Enquanto isso, temos na Ucrânia o caso de católicos como Mykola Horbal, que, por própria iniciativa, restaurou uma igreja deixada em ruínas pelos comunistas soviéticos durante a sua trágica e mortífera aventura no poder.

Konstantin Brizhnichenko, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons
Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pastoral Afro-Brasileira celebra mês de novembro e quer refletir sobre mandato evangelizador

arqbrasilia

Pastoral Afro-Brasileira celebra mês de novembro e quer refletir sobre mandato evangelizador

Celebração e reflexão sobre o mandato evangelizador a partir da realidade do povo negro do Brasil. A Pastoral Afro-Brasileira celebrou no início deste mês a 25ª Romaria das Comunidades Negras Católicas ao Santuário Nacional de Aparecida. Junto com a missa inculturada na casa da Mãe Aparecida, a Negra Mariama, há a proposta apoiada pelos bispos do Brasil de se aprofundar a reflexão sobre o trabalho evangelizador a partir da realidade concreta das comunidades afro-brasileiras.

https://youtu.be/vGsRLXGbbRQ

Aparecida

A celebração da 25ª Romaria das Comunidades Negras Católicas foi no último 6 de novembro, em Aparecida. Bispos, padres, comunidades quilombolas, irmandades negras católicas estiveram no Santuário de Aparecida representando mais de 54% da população brasileira, que tem consciência da sua afro-descendência, de acordo com a Pastoral Afro-Brasileira.

O arcebispo de Feira de Santana (BA) e referencial da Pastoral, dom Zanoni Demettino Castro, avaliou a celebração da romaria como “um momento bonito, uma festa significativa para nosso povo” sob o manto de Nossa Senhora Aparecida, aclamada como a soberana quilombola.

Dom Zanoni agradeceu a oportunidade de “colocar a nossa vida, vida do nosso povo, as dores, as tristezas, as esperanças, as alegrias da nossa gente” aos pés da padroeira do Brasil. “E nesse dia fizemos memória dos 40 anos da missa dos quilombos, que lembrou que aos 20 de novembro de 1695 tombava Zumbi dos Palmares, grande ícone da resistência do povo negro, um grande ícone da luta contra toda a escravidão”, destacou.

“Essa celebração para nós, esse momento de Deus, esse grande kairós, é oportunidade de ter esse mistério de Deus em nossa vida. Compreender que esse Deus não nos abandona e que a vida concreta, a realidade segura dos nossos povos, sobretudo do povo negro, faz parte da caminhada e do projeto evangelizador da Igreja no Brasil. Essa missa foi um momento bastante bonito, celebrando de maneira católica, seguindo as tradições, as normas, as orientações da liturgia, vendo a beleza, a riqueza, o modo tão bonito e expressivo de manifestar a nossa fé. Não de qualquer jeito, não de qualquer maneira, mas na alegria e na beleza de ser negro”, partilhou o arcebispo.

A Missa dos Quilombos, recordada durante a celebração, foi celebrada no dia 22 de novembro de 1981, na praça em frente à Igreja do Carmo, no Recife (PE). Dom Helder Câmara foi um dos idealizadores da celebração, junto com dom Pedro Casaldáliga, prelado de São Félix do Araguaia, que a escreveu junto com o poeta Pedro Tierra. As músicas são Milton Nascimento, que tem um álbum com o título da missa presidida há 40 anos pelo então arcebispo da Paraíba, dom José Maria Pires.

Refletir sobre o mandato evangelizador

Outra iniciativa da Pastoral neste mês de novembro foi a apresentação de dom Zanoni ao Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da CNBB da proposta de revisar e reeditar o texto de Estudos 85 da Conferência, sobre a Pastoral Afro-Brasileira. Os bispos deram apoio para que dom Zanoni inicie a mobilização de modo a construir o novo texto para ser apreciado pelo conjunto do episcopado.

“Nós nos perguntamos como ser fiel ao mandato evangelizador do Mestre Jesus, tendo em vista que a missão nossa é evangelizar, como ser fiel a esse mandato tendo em vista a realidade concreta da nossa gente, a maioria absoluta de afrodescendentes, sem nos esquecer da sua história, da sua origem, dessa realidade traçada pela escravidão, pelo sofrimento, pela dor?”

A partir dessa reflexão, a Pastoral Afro-Brasileira pretende ajudar na compreensão de sua missão evangelizadora, tendo o povo negro “como protagonista na construção de um mundo de paz”. O momento da Igreja, com a vivência de um caminho sinodal convocado pelo Papa Francisco, e as celebrações da Consciência Negra revelam como é considerado oportuno para “compreender a nossa missão e ter presente o nosso protagonismo”, segundo dom Zanoni.

Fonte: CNBB

Foto de capa: Janice Santos de Carvalho/reprodução Facebook

https://arqbrasilia.com.br/

Santo Agostinho e Santa Bakhita: o que eles têm em comum?

Public Domain
Por Hozana

Algo que pode ser uma surpresa para muitas pessoas, é que esses dois santos eram africanos e negros. Sim! Santo Agostinho foi um homem negro! 

No Dia 1º de novembro a Igreja celebra a Solenidade de Todos os Santos. Trata-se de uma festa muito antiga, iniciada no século IV para comemorar os fiéis mártires. Conforme pesquisa realizada pelo Vatican News, há indícios de que essa celebração ocorreu em Antioquia, no primeiro domingo após o Pentecostes. Depois, a festa toma maiores proporções e começa a ser vivenciada também na Europa e em Roma. Esta data foi instituída pelo Papa Gregório III (731-741) para coincidir “com a consagração de uma capela, na Basílica de São Pedro, dedicada às relíquias dos santos Apóstolos e de todos os Santos mártires e confessores, e a todos os justos, que descansam em paz no mundo”. 

Inúmeras foram as pessoas que, acolhendo os ensinamentos de Cristo e buscando assemelhar-se a Ele na prática do bem, vivendo a radicalidade as bem-aventuranças, tornaram-se santos e santas. Sendo canonizados ou não, conhecidos ou não, todos (as) são recordados (as) pela igreja nessa festa litúrgica. Nas palavras do Papa Francisco, “a Solenidade de Todos os Santos, recorda-nos a vocação pessoal e universal à santidade, propondo-nos os modelos certos para esse caminho, que cada um percorre de modo único e irrepetível”. Todos somos chamados a santidade! Todos os filhos e filhas de Deus!

No decorrer da história da igreja, popularizou-se a devoção de alguns santos e santas, que se tornaram mais conhecidos, como o tão venerado São Francisco, Santo Antônio, Santa Teresinha do Menino Jesus, São Padre Pio, São Benedito, Santa Rita de Cássia, São Bento, Santo Agostinho, Santa Bakhita, dentre outros.

Santo Agostinho e Santa Bakhita

Além de todo amor dedicado a Nosso Senhor Jesus Cristo, após se deixarem tocar por Sua graça, outras características em comum entre alguns santos e santas podem nos passar desapercebidas, ou porque não são citadas, ou porque realmente não nos atentamos para elas. E foi a partir de reflexões sobre essas duas possibilidades, que surgiu a questão: Santo Agostinho e Santa Bakhita: o que estes santos têm em comum?

Algo que pode ser uma surpresa para muitas pessoas, é que esses dois santos eram africanos e negros. Sim! Santo Agostinho foi um homem negro! 

Essa informação é uma novidade para você? É bastante comum a surpresa dessa descoberta para muitas pessoas. Afinal de contas, é raridade encontrarmos imagens que representem Santo Agostinho com as características do homem negro que ele realmente foi, não é mesmo?

Por que alguns santos como ele, que foram negros, normalmente são representados nas imagens com traços europeus? Quantos santos negros existem na igreja? Quais você conhece? Você já ouviu falar em São Martinho de Lima?

Alguma vez você já parou para refletir sobre essas questões?

Consciência negra

No mesmo mês em que a igreja celebra todos os santos, concidentemente no Brasil, no dia 20 de novembro, é celebrado o Dia da Consciência Negra, data que foi oficialmente instituída, após sancionada a Lei 12.519 de 10 de novembro de 2011. 

A data dessa celebração, faz referência ao dia do falecimento de um grande líder negro, Zumbi do Palmares. Conforme informações da Fundação Cultural Palmares, Zumbi foi capturado quando tinha apenas sete anos de idade e entregue a um padre. Recebeu o sacramento do batismo, aprendeu a língua portuguesa e sobre a religião católica. Aos 15 anos, volta a viver no Quilombo dos Palmares. Sua missão, foi lutar, até o dia de sua morte, pela liberdade de seus irmãos negros também escravizados, tornando-se um símbolo da resistência negra.

Segundo apontamentos da Pastoral Afro-brasileira, o projeto colonial baseado na economia escravagista hegemônica, durou por três séculos. A Igreja, por não ter conseguindo encontrar um outro caminho de ruptura com esse projeto, acabou compactuando com ele de muitas formas. Atualmente, um dos reflexos da adesão da Igreja à escravidão, naquele período, está demonstrado “pelas poucas vocações sacerdotais e religiosas da cultura afro-brasileira. Há uma causa histórica para esta dificuldade. Não há como negar certo estranhamento entre os afro-brasileiros e a Igreja, mesmo que os negros tenham sido os primeiros batizados do continente latino-americano e do Brasil”. (Sugiro que você relembre as questões levantadas no texto, no decorrer da sua leitura).

Caminhos de reparação

Com a chegada do mês de novembro e aproximação dessa importante celebração no Brasil, somos todos convidados, especialmente nós cristãos-católicos, a refletir sobre a cruel e desumana história da escravidão que, após um longo período de colonização europeia, deixou uma pesada herança para a população negra, como: o racismo, discriminação, desigualdades e exclusão social.

Algumas lideranças da igreja, tem se posicionado a esse respeito, na busca por caminhos de reparação e superação dessa realidade. O bispo de Maringá (PR) Dom Severino Clasen, na celebração do Dia da Consciência Negra no ano de 2020, através do site da CNBB, refletiu sobre a questão racial no País:

“É preciso olhar para a vida de tantas pessoas que foram escravizadas, que foram arrancadas das suas terras, da sua cultura, da sua nação, de suas famílias, da sua religião e aqui vieram sem receber troco nenhum para servir aos senhores. Hoje, ainda nós estamos devendo de apurar, de crescer nesta consciência da dignidade da valorização de todas as raças, de todas as culturas, é ali que o evangelho entra”.

Conforme informações do Vatican News, por ocasião do Dia Internacional para eliminação da discriminação racial, o Papa Francisco escreveu em seu perfil no twitter:

“O racismo é um vírus que se transforma facilmente e, em vez de desaparecer, se esconde, mas está sempre à espreita. As manifestações de racismo renovam em nós a vergonha, demonstrando que os progressos da sociedade não estão assegurados de uma vez por todas”.

Após o assassinado de George Floyd, afro-americano de 40 anos, esposo e pai, que foi brutalmente estrangulado por um policial branco nos Estados Unidos no dia 25 de maio de 2020, o Pontífice se posicionou enfaticamente na Audiência Geral, do dia 03 de junho de 2020, ao dizer que não deve haver nenhuma tolerância ao racismo. Rogou pela alma de George Floyd e por todos aqueles que perderam a vida por causa do pecado do racismo.

“Queridos amigos, não podemos tolerar nem fechar os olhos para qualquer tipo de racismo ou de exclusão e pretender defender a sacralidade de cada vida humana.” 

Rezar pelas vítimas da escravidão

Todos nós católicos somos chamados, através do diálogo, da fé e da oração em “comum unidade” de filhos amados e irmãos em Cristo, a buscar reparar os erros do passado e rezar por todas as vítimas da escravidão e do racismo estrutural desses tempos. 

Inspirados pelas palavras do Papa Francisco, convidamos você, a participar da novena organizada pela rede social de oração Hozana, em parceria com o movimento SINclua, com o tema: “Nove dias, com nove santos: um caminho de (des) construção”. Junto com nove santos negros da igreja, iremos buscar conhecer suas histórias, perceber o amor e presença de Deus em suas vidas e aprender com eles, sobre a beleza das diferenças na diversidade da criação de Deus. Buscaremos ainda, em oração, reconhecer os preconceitos raciais enraizados em nós e pediremos a ajuda do Espírito Santo para que, a transformação do nosso interior aconteça constantemente nesse processo necessário de caminhada do nosso “eu” em (des)construção e para que também alcance toda a igreja. Clique aqui para participar.

Renata Cardoso Barreto, idealizadora do SINclua, pelo Hozana.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Patriarca dos monges do Ocidente

S. Bento | Guadium Press
São Bento teve uma irmã chamada Escolástica que desenvolveu uma obra que é entrelaçada com a de São Bento, a fundação das beneditinas.

Redação (19/11/2021 10:21Gaudium Press) O convento no qual ela se instalou ficava numa colina situada ao lado de Monte Cassino. Entre ambos, havia um vale e ali foi erigido um pequeno oratório, onde São Bento mantinha um colóquio com sua irmã uma vez por ano.

Certo dia, acompanhado de alguns monges, ele foi até o oratório para conversar com Santa Escolástica. Após horas de colóquio, percebendo que seu irmão iria encerrá-lo, ela lhe disse:

       – Eu vos rogo que não me deixeis esta noite para podermos continuar a falar das alegrias do Paraíso.

       – Que me pedis, minha irmã? Não me é possível passar a noite fora de minha cela…

Então, ela colocou os cotovelos sobre a mesa, curvou a cabeça apoiada pelas mãos com os dedos entrelaçados e se pôs a rezar, derramando torrentes de lágrimas. De repente, o céu, que estava radioso até aquele momento, se toldou e desatou-se uma violenta tempestade. Tal era a quantidade de água, raios e trovões que se tornou impossível sair do local.

 Voltando-se para sua irmã, São Bento disse:

       – Que fizestes?

       – Eu vos pedi e me recusastes. Então, voltei-me a Deus e Ele me atendeu.

Assim, a conversa continuou pela noite inteira e, de manhã, eles se despediram.

Guadium Press

Papel insubstituível e incomparável de Santa Escolástica

Três dias depois, da janela de sua cela São Bento viu a alma de Santa Escolástica, sob a forma de uma pomba, voar ao céu. Mandou que buscassem o venerável corpo e o colocassem na sepultura que ele havia providenciado para si mesmo, em Monte Cassino.

Transcorrido algum tempo, o Santo reuniu seus monges e anunciou-lhes que se aproximava a hora em que iria deixá-los. Tendo sido tomado por uma intensa febre, ele recebeu a Sagrada Eucaristia; depois ficou de pé, abriu suas veneráveis mãos, se pôs a rezar e sua alma foi levada ao Céu. Era o dia 21 de março de 547.

Enterraram-no ao lado de sua irmã, no túmulo que ele mandara edificar no mesmo local onde existia o altar de Apolo, destruído pelo varão de Deus .

       Sobre Santa Escolástica, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira afirmou que ela “desenvolveu uma obra entrelaçada com a [de São Bento], fundando as beneditinas.

“Numa época em que a ação social destas religiosas pareceria tão necessária, elas se empenharam em algo muito mais importante: rezavam e se sacrificavam. E, pelo seu exemplo, deixaram bem claro que a fecundidade do ramo masculino se devia ao fato de haver um ramo feminino que rezava e se imolava.

“Vemos, assim, o papel admirável, insubstituível e incomparável de Santa Escolástica.”

Perfume do bom feudalismo medieval

A respeito de São Bento e da obra que ele realizou, disse Dr. Plinio:

Esse varão de Deus “foi o Patriarca dos monges do Ocidente, pois o monaquismo ocidental nasceu dele. Ele fundou uma Ordem religiosa gloriosa que se estendeu por toda a Europa, e produziu a conversão de bárbaros numa das situações mais duras da vida da Igreja Católica, que se encontrava internamente devorada por germes de corrupção do paganismo romano, ao qual ela mesma havia combatido.

“Ademais, esse próprio mundo pagão era hostilizado pelos bárbaros invasores do Império Romano do Ocidente, os quais eram arianos pervertidos por um bispo, Úlfilas, ou completamente pagãos; mas a um ou outro título ambos inimigos da Igreja.

“Quando se deu o estrépito tremendo da invasão do Império do Ocidente pelas hordas bárbaras, foram os frades beneditinos que trabalharam para a conversão dos bárbaros, sobretudo na parte mais difícil, ou seja, onde não houvera Império Romano, o Cristianismo não tinha penetrado e se tratava de trabalhar em plena selva.”

“São Bento teve um número incontável de filhos espirituais, os religiosos beneditinos, que se expandiram pelo continente e deitaram uma prodigiosa influência na formação e na difusão da Idade Média. […]

“Inglaterra, Alemanha, Suécia, Noruega, Dinamarca, Boêmia, Áustria e também parte da Hungria se converteram graças ao impulso dessa imensa família religiosa dos beneditinos, que empreendiam sua gesta apostólica de modo altamente prestigioso.

Aliás, seja dito de passagem que prestígio e beneditinismo são coisas quase que indissociáveis. Em toda a vida da Igreja, a Ordem de São Bento conservou uma espécie de influência e de categoria que ainda guardam um perfume do bom feudalismo medieval.

Os povos iam ao encalço dos beneditinos

“Mas como agiam os filhos do santo Patriarca?

“Eles se dirigiam até os povos infiéis, pregavam missões e fundavam um mosteiro. Este, em geral, edificado num lugar ermo. Ali começavam a cantar, a praticar a Liturgia, a distribuir esmola aos pobres que se apresentavam, a derrubar florestas, a fazer plantações regulares, a secar pântanos, etc.

“Por causa da influência que adquiriam sobre as almas, especialmente por suas virtudes, as populações e as cidades iam se constituindo em torno de seus mosteiros. Quando permaneciam solitários, das cidades ia-se visitá-los, e sua ação se irradiava à distância, auxiliando a atuação do clero secular.

“Tornou-se uma preciosidade para qualquer povoação ter um mosteiro beneditino instalado nas suas vizinhanças. Na verdade, não era o próprio desses conventos e abadias existirem nos limites urbanos. Mantinham-se sempre afastados, até o momento em que não mais podiam se subtrair ao afluxo da gente que desejava estar cada vez mais próxima deles, e então os cercava.

“Seu apostolado característico, porém, era esse que, de longe, se punha a refulgir com todo o seu brilho, a atrair com todo o seu perfume, fazendo com que os povos viessem ao seu encalço. O que não deixa de ser uma linda forma de atuar em benefício das almas.”

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja

ESPIRITUALIDADE: Sacerdote para eternidade (Parte 2/4)

Sacerdote para eternidade | Opus Dei
Sacerdote para eternidade

Dignidade do Sacerdócio

O sacerdócio leva a servir a Deus num estado que, em si mesmo, não é melhor nem pior do que os outros; é diferente. Mas a vocação de sacerdote aparece revestida duma dignidade e duma grandeza que nada na terra supera. Santa Catarina de Sena põe na boca de Jesus Cristo estas palavras: não quero que diminua a reverência que se deve professar aos sacerdotes, porque a reverência e o respeito que se lhes manifesta, não se dirige a eles, mas a Mim, em virtude do Sangue que lhes dei para que o administrem. Se não fosse isso, deveríeis dedicar-lhes a mesma reverência que aos leigos e não mais… Não devem ser ofendidos: ofendendo-os ofende-se a Mim e não a eles. Por isso o proibi e estabeleci que não admito que toqueis nos meus Cristos.

Alguns afadigam-se à procura, como dizem, da identidade do sacerdote. Que claras resultam estas palavras da Santa de Sena! Qual é a identidade do sacerdote? A de Cristo. Todos os cristãos podem e devem ser, não já alter Christus, mas ipse Christus: outros Cristos, o próprio Cristo! Mas no sacerdote isto dá-se imediatamente, de forma sacramental.

Para realizar uma obra tão grande – a da Redenção – Cristo está sempre presente na Igreja, principalmente nas ações litúrgicas. Está presente no sacrifício da Missa, tanto na pessoa do Ministro – “oferecendo-se agora por ministério dos sacerdotes O mesmo que se ofereceu a si mesmo na cruz” -, como, sobretudo, sob as espécies eucarísticas. Pelo sacramento da Ordem, o sacerdote torna-se efetivamente apto para emprestar a Nosso Senhor a voz, as mãos, todo o seu ser: é Jesus Cristo quem, na Santa Missa, com as palavras da consagração, transforma a substância do pão e do vinho no Seu Corpo, Alma, Sangue e Divindade.

Nisto se fundamenta a incomparável dignidade do sacerdote. Uma grandeza emprestada, compatível com a minha pequenez. Eu peço a Deus Nosso Senhor que nos dê, a todos os sacerdotes, a graça de realizar santamente as coisas santas, e de refletir também na nossa vida as maravilhas das grandezas do Senhor. Nós, que celebramos os mistérios da Paixão do Senhor, temos de imitar o que fazemos. E então a hóstia ocupará o nosso lugar diante de Deus, se nós mesmos nos fizermos hóstias.

Se alguma vez encontrais um sacerdote que, exteriormente, não parece viver de acordo com o Evangelho – não o julgueis, Deus o julga – sabei que, se celebrar validamente a Santa Missa, com intenção de consagrar, Nosso Senhor não deixa de descer até àquelas mãos, ainda que sejam indignas. Pode haver maior entrega, maior aniquilamento? Mais do que em Belém e no Calvário! Por quê? Porque Jesus Cristo tem o Coração oprimido pelas suas ânsias redentoras, porque não quer que ninguém possa dizer que não foi chamado, porque se faz encontrar pelos que não O procuram.

É amor? Não há outra explicação. Que insuficientes se tornam as palavras, para falar do Amor de Cristo! Ele baixa-se a tudo, admite tudo, expõe-se a tudo – a sacrilégios, a blasfémias, à frieza da indiferença de tantos – com o fim de oferecer, ainda que seja a um único homem, a possibilidade de descobrir o bater de um Coração que salta no Seu peito chagado. Esta é a identidade do sacerdote: instrumento imediato e diário da graça salvadora que Cristo ganhou para nós. Se se compreende isto, se isto é meditado no silêncio ativo da oração, como se pode considerar o sacerdócio uma renúncia? É um ganho impossível de calcular. A Nossa Mãe Santa Maria, a mais santa das criaturas – mais do que Ela, só Deus – trouxe uma vez Jesus ao mundo; os sacerdotes trazem-no à nossa terra, ao nosso corpo e à nossa alma, todos os dias: Cristo vem para nos alimentar, para no vivificar, para ser, desde já, penhor da vida futura.

São Josemaria Escrivá.

© 2002 Fundação Studium


Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

Dom Vital: A festa de Cristo Rei e o Dia Nacional dos Leigos e das Leigas

Jesus Cristo | Vatican News 

O ano litúrgico encerra com a festa do Cristo Rei do Universo, sendo Ele também o nosso Rei. Jesus foi o Rei dos reis, porque ele deu a sua vida pela salvação de toda a humanidade, e pela sua ressurreição ele nos levou até a eternidade.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA

O seu reinado teve como trono, a cruz, como prova máxima do amor de Deus para a humanidade. Toda a liturgia celebra o mistério pascal de Cristo, de sua paixão, morte e ressurreição. Vivenciamos esta festa importante na vida da Igreja, de nosso seguimento a Jesus Cristo, de discípulos, discípulas, missionários, missionárias no mundo de hoje.

Neste domingo comemoramos também o dia nacional dos leigos e das leigas, pessoas batizadas que vivem os seus compromissos na família, na comunidade e na sociedade. O Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) propôs como tema: “Testemunhas de Jesus Libertador no compromisso com a vida” e quer levar a todos fiéis, para serem testemunhas do Senhor Jesus visando sempre o compromisso com a vida, o dom de Deus. Os leigos e as Leigas estão presentes nas comunidades, nas pastorais, nos movimentos, nos serviços e também no mundo, vivendo o amor do Senhor, neste tempo de polarizações e de muitas esperanças por um mundo mais humano e mais fraterno. O Concílio Vaticano II afirmou a vocação universal à santidade, para todo o povo de Deus, que advém de Cristo, fonte de toda santidade. Se nem todos são chamados a assumirem os mesmos caminhos, ministérios e trabalhos, no entanto, todos são chamados à santidade (cfr. LG n.32, 39-40) [1]. É importante ver como esta missão foi vivida na Igreja antiga, pelos primeiros escritores cristãos, a importância dos leigos e das leigas que atuaram em suas comunidades pela vivencia da fé, da esperança e da caridade.

A definição do ser leigo e ser leiga

O termo leigo vem do grego laikus, cujo significado é povo [2]. É aquele que recebe o batismo, segue a Cristo e não pertence ao ministério ordenado [3]. A realidade dos leigos e das leigas já estava presente no povo da antiga aliança, quando o Senhor pediu ao povo no deserto de ouvir a sua voz, guardar a sua aliança, para assim ser sua propriedade peculiar entre todos os povos e também para pertencer ao Senhor, um reino de sacerdotes e uma nação santa (cfr. Ex 19, 5-6). Já no Novo Testamento leigo, constitui um dinamismo de participação e de comunhão. Cristo se faz próximo das pessoas, de modo que todos constituem um povo de sacerdotes, de profetas e de reis (cfr. Ap 1,6). Pelo batismo os leigos e as leigas participam do sacerdócio, da profecia e do pastoreio de Cristo Jesus na qual assumem uma missão na família, na comunidade e na sociedade (cfr. Mt 28,19-20). Há o ministério ordenado e o ministério dos leigos e das leigas, a serviço da Igreja e do mundo.

Os deveres das virtudes

As Constituições Apostólicas, escrito do século IV colocou a valorização das virtudes para os leigos e para as leigas, que devem ser postos a serviço da comunidade cristã. O fiel coloca o seu carisma em vista de um fim útil, que é a salvação de todas as pessoas. As pessoas que receberam carismas tenham o uso discreto para assim não se considerarem superiores aquelas nas quais não os receberam. São diversos os carismas que o Senhor Deus concede às pessoas de modo que um recebe um dom e o outro recebe outro dom, e, Deus é glorificado pelos dons dados. Toda a missão depende de Deus porque ele é quem concede os carismas [4].

A necessidade da unidade

São Clemente Romano, bispo de Roma, no final do século I afirmou a necessidade da unidade entre o clero e os fiéis na comunidade de Coríntios. O fato ocorrido de uma forma inconveniente foi uma revolta da comunidade em relação aos seus pastores, bispos, presbíteros e diáconos, de modo que o Papa Clemente pediu a unidade para que em tudo se fizesse à vontade Deus. Ele levantava a questão da superação das brigas, dos ódios, das disputas, das divisões e das guerras entre eles. Existe um só Deus, um só Cristo e um só Espírito de graça e uma só vocação em Cristo [5]. Como os apóstolos vem de Cristo e Cristo vem de Deus, São Clemente exortava a unidade entre os pastores e o povo de Deus porque isto manifestava o amor e a vontade Deus [6].

Leigos e Leigas a serviço da Igreja do Senhor e do mundo

São Justino, Padre da Igreja de Roma, do II século tinha presentes os leigos e as leigas que serviam a Igreja de Cristo e estavam no mundo testemunhando o amor do Senhor. Ele também falava do processo do catecumenato, dos sacramentos da iniciação à vida cristã, na qual exortava aos leigos e às leigas dizendo que após conduzir as pessoas a um lugar onde havia água e com o mesmo banho em que ele tinha sido regenerado, eles também seriam regenerados ao tomar na água o banho em nome de Deus, o Pai soberano do universo, e do Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo [7].

Segundo São Justino, os cristãos, leigos e leigas, eram também os melhores ajudantes e aliados para a manutenção da paz no Império Romano, pois professavam doutrinas conforme o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo, e almejavam a superação da condenação pela salvação eterna, conforme o mérito de suas ações [8].

O testemunho dos cristãos leigos e leigas

Aristides de Atenas, Padre apologista do século II afirmou que os cristãos leigos e leigas confessavam no mundo Jesus, Filho do Deus Altíssimo no Espírito Santo, descido do céu para a salvação dos seres humanos. Eles tinham os mandamentos do Senhor Jesus Cristo gravados em seus corações e os guardavam esperando a ressurreição dos mortos e a vida do século futuro. A sua atuação era importante porque se empenhavam em fazer o bem aos inimigos, não desprezavam a viúva e não entristeciam o órfão, forneciam aquele que não tinha e se eles viam um forasteiro acolhiam-no sob o seu teto, porque se chamavam irmãos segundo a alma. Estavam dispostos a dar a vida por Cristo [9].

Eles estão em comunhão com todas as pessoas

A Carta a Diogneto, escrito do século II, colocou a comunhão de vida dos leigos e das leigas com todas as outras pessoas no mundo. Eles não faziam distinções das outras pessoas, nem por sua terra, nem por língua ou por costumes. Os cristãos leigos e leigas viviam em cidades gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptavam-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e testemunhavam um modo de vida social admirável e, sem dúvida, paradoxal. Viviam na sua pátria, mas como forasteiros; participavam de tudo como cristãos e suportavam tudo como estrangeiros. Toda pátria que não era deles era pátria deles e cada pátria era estrangeira [10].

Vede como eles se amam

A descrição dos leigos e das leigas em Tertuliano, padre do Norte da África, séculos II e III, poderia se afirmar num aspecto de amor verdadeiro às pessoas e a Deus. O afeto fraterno na qual os tornavam solícitos um com o outro, chamava a atenção dos pagãos para a exultação na qual diziam: “vejam como eles se amam entre eles” (Vide, inquint, ut invicem se diligant) [11]. Tertuliano colocou claramente o testemunho de vida dos cristãos que possibilitavam os outros a fazerem comentários bonitos porque a comunidade se queria bem e realizava obras de caridade.

Líderes eclesiais, leigos e leigas no tempo de perseguição

Eusébio de Cesaréia, bispo, século IV, afirmou na sua História Eclesiástica que na perseguição de Diocleciano no final dos séculos III e início do século IV muitos chefes das Igrejas sofreram martírio, mas também muitos leigos e leigas que deram as suas vidas pelo Senhor Jesus Cristo. Nesses combates brilharam em toda a terra os magníficos mártires de Cristo na qual testemunharam a sua coragem e amor pelo Senhor. Apresentaram em si provas evidentes do poder verdadeiramente divino e inefável de nosso Salvador. A menção deles e delas seria longa, para não dizer impossível, de modo que todos deram um testemunho de vida admirável em Cristo Jesus [12].

Nós percebemos a importância dos leigos e das leigas em nossas comunidades, paróquias e dioceses, de modo que a sua atuação merece o respeito e a dignidade. Eles e Elas estão também presentes na política, na economia, nas relações internacionais, no mundo, anunciando o Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Nós pedimos a benção sobre todos eles e elas, para que continuem firmes na caminhada de fé, de esperança e de caridade, testemunhando o mandamento da lei de Deus, no amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

[1] Cfr. Documentos da CNBB, 105. Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade, II,2,117. Paulinas, 2016, SP, pg. 80.

[2] Cfr. P. Siniscalco. Laico. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristianediretto da Angealo Di Berardino, F-O. Marietti, Genova, 2007, pg. 2725.

[3] Cfr. Laico. In: Il vocabolario treccaniIl Conciso. Milano, Trento, 1998, pg. 824.

[4] Cfr. Costituzioni Apostoliche, 8,1,3-21. In: La teologia dei padri, v. 1. Città Nuova Editrice, Roma, 1981, pgs. 297-298.

[5] Cfr. Clemente aos Romanos, 46, 5-6. In: Padres Apostólicos. Paulus, São Paulo, 1995, pg. 56.

[6] Cfr. Clemente aos Romanos, 42, 1-2, pg. 53.

[7] Cfr. I Apologia 61,3. In: Justino de Roma, Paulus, São Paulo, 1995, pg. 76.

[8] Cfr. Idem, 12,1, pg. 27.

[9] Cfr. Aristides de Atenas. Apologia segundo os fragmentos gregos, 15, 1. 5-8. In: Padres Apologistas, Paulus, SP, 1995, pgs. 51-52.

[10] Cfr. Carta a Diogneto, 5, 1-6. In: Idem, pgs. 22-23.

[11] Cfr. Tertulliano, ApologeticoXXXIX, 7, a cura di A. Resta Barrile,. Oscar Mondadori, Bologna, 2005, pg. 139.

[12] Cfr. Eusébio de Cesaréia. História Eclesiástica, VIII, 3,1; 12;11. Paulus, SP, 2000, pgs. 401; 419.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF