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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Caminho das Missões como fator de integração

Detalhe da Igreja de São Miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões.
(Foto: José Roberto de Oliveira)

Esse caminho, que se insere no âmbito de um trabalho de resgate histórico, também desempenha um importante papel no aspecto da integração, não só local e regional, mas também sul-americana, visto que o trabalho dos jesuítas e os 30 Povos se espalhava.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Reduções jesuítico-guaranis, uma riqueza histórica que deve não só ser melhor conhecida, mas acima de tudo ser redescoberta por um público mais vasto, visto sua grande importância. E uma das iniciativas que contribui para tal escopo é o "Caminho das Missões", que oferece aos peregrinos – ou caminhantes – a possibilidade de percorrer os contextos histórico-geográficos onde nos séculos XVII e XVIII se concretizou aquela que foi definida por muitos como “triunfo da humanidade” ou “utopia da humanidade”, região também considerada como o berço do cooperativismo.

Esse Caminho, que se insere no âmbito do grande projeto chamado Camino de los jesuítas, e que tem o apoio do BID, também desempenha um importante papel no aspecto da integração, não só local e regional, mas também sul-americana, visto que o trabalho dos jesuítas e os 30 Povos se espalhavam pelo Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. O trajeto internacional  do Caminho das Missões, por exemplo, é de 750 km e é percorrido em 30 dias.

No mesmo sentido, e buscando valorizar esse imenso patrimônio, m setembro de 2020 foi enviado ao Papa Francisco o “Grande Projeto Missões”, acompanhado por um convite para o Pontífice jesuíta visitar a região das Missões, convite este referendado posteriormente pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, e mais recentemente pelo governador do Estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Em 2026, de fato, serão celebrados os 400 anos das Missões no Rio Grande do Sul.

Mas quem volta a conversar conosco sobre essa iniciativa de resgate histórico e turismo religioso é o historiador e escritor santo-angelense, José Roberto de Oliveira*, que recentemente lançou na Feira do Livro de Porto Alegre o livro “Relatório da Guerra Guaranítica (1754-1756), escrito pelos jesuítas”, que oferece uma nova visão – a dos guaranis e dos jesuítas – sobre este importante acontecimento. Em breve, o historiador lançará o livro “M’Bororé, a Batalha”, que foi travada entre 11 e 18 de março de 1641, onde é hoje o município de Porto Vera Cruz, no Rio Grande do Sul.

Após percorrer o Caminho das Missões, grupo de peregrinos faz uma oração
diante da Catedral de Santo Ângelo (Foto: José Roberto de Oliveira)

Retomada das peregrinações

Com o pós-vacina, as pessoas passaram a procurar novas condições de fazer o turismo religioso, a pé as peregrinações. Então, ainda com as fronteiras fechadas, os brasileiros têm procurado, em muito maior volume do que antes, o Caminho das Missões, que é um caminho de peregrinações, ainda nesse momento dentro do Brasil, que são 15 dias de ações, desde São Borja, passando por toda aquela região pampeana, e chegando à Redução de São Nicolau, depois indo até  São Luiz Gonzaga, São Lourenço, Caaraó, que é um lugar extremamente importante para a religiosidade, local da morte de dois dos três Santos da Igreja que morreram nessa região, Roque González e Afonso Rodrigues, depois indo até o Patrimônio Cultural da Humanidade do Sul do Brasil, que é São Miguel, e dali vindo pelo vendo pelo Carajazinho até São João Batista e Santo Ângelo. Então essa caminhada é uma caminhada em torno de 15 dias, completa praticamente 320 km e é um aprofundamento de toda essa questão religiosa, espiritual, as pessoas que cruzam por toda essa caminhada dizem muito de sentir coisas, é um algo muito arrepiante, as experiências milenares dos Guaranis - mais lá embaixo, lá perto de São Borja também Charruas - e que vem nesse construto de contar a história, essa multi-centenária. Agora, em 2026, estaremos completando os 400 anos das Missões do Rio Grande do Sul, a partir da presença dos jesuítas aqui no território. Então o Caminho das Missões aqui nesse tramo brasileiro, então nesses 15 dias de ações, tem sido muito procurado.

Agora, nos próximos dias estarão abrindo as fronteiras do Brasil com Argentina e da Argentina com Paraguai, e daí já com muitos e muitos pedidos o Caminho internacional das Missões, que vem dentro desse grande projeto agora chamado o Caminho de Los jesuítas, que é um caminho de integração de cinco países, mas que tem no Caminho das Missões essa integração importante dos 30 Povos, que pega então os povos desde a primeira Redução Jesuítica que é San Ignácio Guazú, que é de 1609, daí vem por aquele conjunto das Reduções, das 8 Reduções no Paraguai, daí o conjunto depois passa para a Argentina, partir de Corpos, e daí todo o conjunto dos Patrimônios Mundiais que estão ali na Argentina e na entrada no Brasil, San Javier, Porto Xavier, e daí vindo até Santo Ângelo, que é o local onde todos os tramos chegam. Aqui aquelas pessoas também, que não querem fazer caminhas tão largas - então tem aquele que a gente falou primeiro, de 15 dias no lado brasileiro, e também oito dias ou quatro dias, que também tem sido muito procurado pessoas que não caminham tanto, e que caminham de São Miguel das Missões que é o Patrimônio Mundial, sempre todas chegando em Santo Ângelo, que é o San Ángel Custodio, que é o Santo Anjo da Guarda, que é um momento muito especial, aonde as pessoas fazem o encontro com o seu Anjo da Guarda. Aqui é o lugar aonde toda essa espiritualidade relacionada ao nosso Anjo da Guarda está tão presente, então o sentimento, as coisas que as pessoas vivem e vivenciam mesmo nessa chegada é algo extraordinário, dito por todos que caminham. Ali é como se você fizesse um encontro com o teu Anjo da Guarda, esse ser que cuida de nós desde antes do nosso nascimento e que muitas vezes nós fechamos os olhos para eles e que na religiosidade se tem símbolo da presença de Deus junto de nós muito importante.

Então Santo Ângelo é esse local que todos tramos esses, desde o tramo internacional, ou o brasileiro de 15, 8, 4 dias é o lugar onde as pessoas fazem esse grande encontro. Então o Caminho das Missões é isso e tem sido muito procurado no pós-vacina, exatamente porque são lugares abertos, livres, nas antigas estradas estabelecidas pelos jesuítas e Guaranis, então o lugar onde as pessoas podem conhecer, digamos, esse mundo gaúcho, a formação cultural dessa grande região e obviamente vivenciar a religiosidade, e o turismo religioso está crescendo muito nesse pós-vacina. É muito importante que também do ponto de vista do turismo, as chegadas aeroportuárias, mesmo a chegada por ônibus, os que chegam de Porto Alegre, de São Paulo, tem aumentado muito o número de turistas, o que sempre é uma alegria para nós mostrar essa história da formação da América Latina, mas também importante para a geração de emprego e renda, que o turismo religioso, permite através desse grande plano, desse grande projeto, chamado Missões Jesuítico-Guaranis na nossa América próxima aqui.

Pausa para descanso de grupo das pessoas que fazem essa caminhada.
(Foto: José Roberto de Oliveira)

O que mais chama atenção das pessoas que fazem essa caminhada?

Cada lugar, por exemplo, vamos pegar lá, São Borja, é a primeira Redução deste segundo ciclo missioneiro, sempre lembrando aquele primeiro ciclo missioneiro de 3 de maio de 1626 até 1638, nós tivemos 18 Reduções no Rio Grande do Sul e que foram atacadas pelos Bandeirantes. Então os Sete Povos vêm muito depois, em 1682 e vai até 1788. Em cada um desses lugares é como se tivesse uma espiritualidade diferente, as pessoas contam coisas diferentes, que elas sentem em cada um dos lugares. Por exemplo, São Borja. Então São Borja é uma cidade que não teve destruição, ela permaneceu viva e o conjunto dos museus, o conjunto dos lugares que as pessoas visitam, inclusive antes de começar a caminhada, ali tem, digamos, todo um jeito de ver essa história, através dos bens vivos, materiais, esculturas, locais importantes que estão ali localizados. Então ali tem uma espécie de sentimento, que é o sentimento do início da caminhada. Depois pelo conjunto da Pampa, que vem ali através de Garruchos, ao lado do Rio Uruguai, com todas essas questões das divisas do Brasil com Argentina, como se constrói isso, então tudo isso é contado, se vive este mundo também da pecuária, especialmente daquela região, que é uma região ainda muito pecuária. Então as pessoas que elas dormem em fazendas, almoçam e jantam nessas fazendas, então é um verdadeiro mergulho nesse mundo, digamos, da criação do gado, dessa cultura gaúcha da América Latina. Então são outros sentimentos que se vive naqueles lugares, naquelas áreas fronteiriças do Rio Uruguai e dos outros rios maiores que compõem o Rio Uruguai. Depois vem São Nicolau, que é aquele mesmo lugar lá de 1626 e que ali tem muito escrito, todo processo histórico e cultural é muito profundo o que tem nesses lugares, a primeira presença de um arquiteto na América, todo esse processo da construção, ali você entende bem o que é esse primeiro contato dos jesuítas com um povo que vivia no Neolítico. Então imagina dois jesuítas chegando, como conectar - o filme “A Missão”, você lembra - como era isso naquele primeiro contato de um mundo europeu, chegando para falar com um mundo do Neolítico....só de falar nisso, eu fico todo arrepiado aqui! Então tem algo importante atrás disso também para conceber as relações humanísticas dessas milenaridades e dessas presenças da Igreja na América, nesses lugares todos.

Bom, depois de São Nicolau, daí vem pelos interiores até São Luiz Gonzaga, que é um importante local reducional, então ali a cidade se pôs em cima, então inclusive agora domingo eu estava com os turistas lá, então ali tem todo um conjunto importante de museu, de arqueologia, de imaginária dentro da igreja, exatamente no mesmo local onde era a Redução e depois, vindo a São Lourenço, que é um lugar extraordinário, ainda com a presença inclusive das ovelhas lá que estão sendo criadas, as velhas ovelhas missioneiras que estão sendo criadas pela Embrapa, dentro do processo reducional, ali dentro da área. Ali é o local onde estava o padre Henis, que é quem escreve o relatório de guerra – é o livro que eu lancei agora na Feira do Livro - ali também é um lugar muito especial, onde as pessoas se arrepiam, onde há todo um conjunto energético extremamente interessante de ser vivenciado. Bom, e dali se vai ao Caaró, que é o local da morte de dois Santos da Igreja Católica, que é Roque González e Afonso Rodrigues - e João de Castilhos um pouquinho mais adiante – daí no tramo internacional a gente passa lá por Assunção de Ijuí, que é onde morreu o João de Castilhos, então esse processo todo – aí é um lugar de milagres, de cura de câncer, de outras doenças, aonde vem, além da peregrinação, vem gente diariamente de vários lugares do mundo, buscar a água que é considerada santa, curadora, então ali é um lugar de muita percepção energética, tem algo muito importante naquele lugar de espiritualidade. E desse ponto se vai a São Miguel, que é o Patrimônio Mundial, e que possivelmente seja dos lugares de importância mundial. São Miguel é o Patrimônio Cultural da Humanidade, o único do Rio de Janeiro para baixo, no Brasil, então ali é um lugar muito importante e também, ali eu te diria, que 90% das pessoas que vão a São Miguel dizem isso: “Este é um lugar para sentir coisas”, tanto no turismo de peregrinação como no turismo rodoviário.

Saindo dali se vai a São João Batista que é um lugar magnífico, Antônio Sepp von Rechegg, que na verdade era um príncipe, o Antônio Sepp ele é filho do rei de Kaltern – hoje é Itália, mas naquele tempo era sul da Áustria, naquele Condado -. Então ali a primeira fundição de aço da América, o lugar onde se criou a harpa paraguaia, nunca esquecendo essa macrorregião toda, era a Província jesuítica do Paraguai, famosa nos escritos europeus, pelos grandes filósofos, Voltaire, Montesquieu, Muratori, que é o principal filósofo italiano dos 1.700, ele escreveu “O cristianismo dos jesuítas na América”, que é um livro magnífico, o sonho do cristianismo, digamos, feliz, onde todos viviam de forma integrada, unida, cooperada – o início do cooperativismo no mundo, nesse processo todo escrito por muitos escritores – então São João é isso. E depois daí, vindo pelos interiores, até Santo Ângelo, que é aqui a capital das Missões, como é chamada, e que é o local, digamos, desse grande encontro, e aonde de fato as pessoas fazem seu grande encontro espiritual, é o momento de você prosear, diríamos nós aqui, com o teu Anjo da Guarda, onde você faz aquele encontro extremamente interessante. Então tudo isso, tudo isso, é vivenciar, digamos, esse conjunto das experiências e que tem trazido tanta gente para região, especialmente para isso, para mais do que ver coisas, sentir coisas, da espiritualidade aqui nas Missões.

Descendentes de guaranis ao longo do Caminho das Missões.
(Foto: José Roberto de Oliveira)

Integração regional e sul-americana

Com esses trabalhos todos que vem sendo feitos desde 93, eu venho trabalhando isso já há muito tempo, nessa interação. Em 94 nós fizemos o primeiro convênio do Mercosul na área do Turismo, aonde integramos os 30 Povos - Brasil, Argentina e Paraguai. Depois, muito trabalho de integração, lançamento de produtos integrados na Europa – eu lembro bem que 98 a gente foi a Londres fazer o primeiro lançamento no WTM, que é o principal evento de turismo do mundo - então esse processo todo de integração veio em 2012, nós criamos a Nação Missioneira, que é a integração dos Povos do Brasil, Argentina e Paraguai, ligados a essa questão missioneira, e agora com todos esses trabalhos de integração, o BID  - de um trabalho também já de seis anos que a gente vem integrando – se interessou em fazer uma grande promoção mundial disso tudo e daí integrou cinco países. Esses dos 30 Povos – Brasil, Argentina e Paraguai -, mas também Uruguai, que também tem coisas missioneiros do Rio Negro para cima e a Bolívia, quem tem todo aquele trabalho lá da Tiquitania, que também é muito importante.

Então dentro desse grande conjunto que é o financiamento do BID, então agora com um modelo de promoção internacional muito interessante. Eles têm, e os escritórios que estão cuidando disso estão na Espanha, estão aí na Europa, e fazendo um trabalho muito grande de promoção, utilizando as redes sociais, todas elas, e divulgando isso para o mundo. Eu particularmente estou muito contente, a quantidade de gente comentando nos posts que eles têm feito, tanto Facebook, como Instagram, algo inimaginável o movimento que está dando esse processo todo. Então é muito importante com relação aos povos nossos, especialmente lindeiros, aqui uma integração muito importante, o mundo empresarial, de hotelaria, gastronomia, agências, também trabalhando de forma integrada, recebendo as pessoas. Então é um momento muito especial. Eu vejo assim, por exemplo, as próprias reportagens que nós fizemos anteriormente, as pessoas dizendo que ouviram as matérias aí na Rádio Vaticano. Então tudo isto é muito importante o que está acontecendo, e muitas vezes a gente nem imagina o que acontece. Por exemplo, eu recebi ligações por causa das nossas matérias, de vários países do mundo de gente que escutou você e que diz “olha, eu escutei, que beleza, que coisa boa”. Então a gente às vezes faz algo, nem imagina a reverberação que isso pode causar e que é verdade que essas coisas é que colaboram, digamos, para o desiderato de grandes coisas que a gente às vezes nem imagina.

Caminhantes em frente à Igreja de São Miguel Arcanjo.
(Foto: José Roberto de Oliveira)

A Guerra Guaranítica sob a ótica dos jesuítas e dos Guaranis

Faz parte da história das Missões a Guerra Guaranítica, que foi tema de um livro que lançaste recentemente na Feira do Livro de Porto Alegre. O que foi essa Guerra Guaranítica, quem envolveu, quais os interesses envolvidos e a motivação...

O Tratado de Madri, que é o Tratado de 1750 entre Espanha e Portugal, ele entregava as terras do lado aonde depois ficou Brasil, que é os Sete Povos das Missões, mais as Estâncias jesuíticas, entregava ela para Portugal e a Colônia de Sacramento, lá na Barra do Rio Uruguai, lá no Rio La Plata, essa que era portuguesa, iria para a Espanha. Então esse é o Tratado. Os índios obviamente não aceitam - porque estavam aqui milenarmente, viviam os tupis-guaranis mais de 1500 anos neste território - não aceitam e ocorre a Guerra Guaranítica, os índios contrapõe, aparece essa figura do Sepé Tiaraju como líder desse processo todo, que é um capitão e corregedor da Redução Jesuítica de São Miguel Arcanjo e que lidera esse processo todo. Então nesse momento, alguns jesuítas ficam com os guaranis, ainda segue isso, e o padre Henis, Tadei Javier Renis, relata em nome dos jesuítas esse processo. Então nós não tínhamos esse relato, não sabíamos desse relato aqui do lado brasileiro, e eu encontrei ele em Madrid e com isso eu passei um relato que originalmente era em latim, passei ele para português e comentei o relatório nos principais elementos, digamos, de confronto às vezes até de ideias. E esse conjunto então se transformou em um livro, que é o “Relatório da Guerra Guaranítica 1754-1756, escrito pelos jesuítas”, assim que eu chamei ele, e que foi lançado então na Feira do Livro em Porto Alegre, que foi muito interessante, reverberou muito e que conta então toda essa saga, toda essa luta, obviamente a morte de Sepé Tiaraju, a grande batalha de Caiboaté, que é 7 de fevereiro de 1756 com a morte do Sepé e três dias depois a morte de 1500 dos principais guerreiros daquele período, em um ato praticamente de traição, aonde tinha acertado com os dois exércitos de Portugal e de Espanha que não sairia luta naquele dia, que os índios iam buscar os padres e quando os Guaranis soltaram os cavalos e as armas, foram atacados aí pelos dois exércitos e em 1 hora e 15 minutos morreram 1500 dos principais caciques e guerreiros. Então conta aquilo micro metricamente, o relatório de guerra conta isso e esse, digamos, é o livro que foi lançado na Feira do Livro e que é super importante, porque se conta, digamos, uma nova visão. Dentro do Brasil, até então, somente tinha sido exposto as ideias dos dois relatórios portugueses e do relatório do Grael, que é um relatório espanhol. Então agora aparece um quarto relatório, que é a visão dos guaranis e dos jesuítas no relatório do Henis e é esse o livro que foi lançado.

Poder-se-ia dizer que essa Guerra Guaranítica colocou um fim definitivo naquela que era considerada como a grande utopia?

Eu diria que não! Esse é um equívoco nosso muito grande, porque as hegemonias históricas, quiseram dizer isso, mas não é verdade. Em 1756, no final do ano, eles foram expulsos no outro lado do rio Uruguai e lá ficaram de 56 até 1761. Ou seja, aqueles cinco anos. E o rei de Espanha faz um destrato do Tratado Madri – Destrato del Pardo - e esse destrato dizia que os jesuítas poderiam voltar para o lado da onde depois ficou o Rio Grande do Sul, que é aqui o lado brasileiro, e eles voltam e reiniciam todo o processo de organização, da criação do gado, das orquestras, das fundições, das 50 indústrias que tinha cada uma das Reduções, tudo isso recomeça (em 61). Porém, em 67, o rei decreta a expulsão dos jesuítas (67), e que esse documento só chega efetivamente em 68. Em 1768 os padres foram levados presos a Buenos Aires e os índios, então, ficam nos lugares onde eram as Reduções. Veja, que índios são esses?

Eu tenho dito que eu já não chamaria eles mais de índios. Por quê? Eram gente que tinha 130, 140 anos de cristãos. As pessoas ainda criam uma ideia de uns índios de tanguinha, uma visão amazônica, vamos dizer assim, do que é indígena. E na verdade, aquela gente que vivia nesses nossos locais de Redução, eram pessoas que já viviam desde 1632, antes um pouquinho, um pouquinho depois, eram famílias e estavam reduzidas. Então esses guaranis lá daquele período, já tinham muitos, muitos anos de cristãos, e ninguém mais voltou a ser índio de mato. Por exemplo, aquele que tocava órgão, aquele que tocava violoncelo, ou violino, ou aquele que era o fundidor de sinos, imagina que essa pessoa ia voltar a ser índio de mato, jamais! Aquele que era um especialista, por exemplo, em pecuária, criação de gado, o que ele foi fazer? Ele foi daí, a partir de 1768, aos pouquinhos ainda, ficou naquela área reducional, mas depois foi trabalhar nas estâncias dos primeiros portugueses ou dos espanhóis ali do outro lado do rio, onde é Argentina hoje, Missiones e Corrientes, ou mesmo descendo a Buenos Aires, onde foi a Asunción, dependendo do que ele fazia, então é preciso romper com essa ideia de que os índios morreram todos. Isso número 1. E número 2 de que eram indígenas desse modelo amazônico, que a gente pensa. Não! Essa gente já estava no estágio de cristão de muitos, muitos anos, as famílias já estavam 130 anos cristãs, e por isso é preciso a gente renovar essas nossas ideias, e eu tenho dito isso nos últimos dias agora com mais veemência, porque o relatório de guerra ele mostra muito claramente isso, o nível daqueles guaranis já era um nível extraordinário, todo mundo usava roupa de algodão no verão e de lã no inverno, e eram invernos frios aqui. Por exemplo, tem uma cena no relatório em que o Sepé Tiarajú, saindo a campo e aquele dia neva, cai neve naquele dia. Então imagina, por exemplo, que alguém, num dia de neve, ia andar com pouca roupa ou quase sem roupa pelos campos sulinos. Obviamente que não. Então tudo isso mostra que havia tecnologias - as melhores europeias daquele período aqui nas Reduções - e aquela gente toda estava muito qualificada do ponto de vista da mão de obra, da leitura, da matemática, e de todas as ciências que os jesuítas ensinavam aos Guaranis. Então é preciso que a gente comece a falar das realidades, digamos, lá em 1750-60, 68 que é o ano da expulsão dos jesuítas e quem foram prá Prússia e prá Praga na Europa aquele expulsos daqui, e que também aí começaram a contar sobre os modelos que se usava nas Missões, que eram modelos comunais de como se vivia, de como se faziam as coisas e que foi chamado de o cristianismo feliz dos jesuítas na América, o melhor que o cristianismo tinha produzido no mundo por muitos escritores naquele período, foi dito isso.

Ao final da caminhada, peregrinos chegam à Catedral de Santo Ângelo.
(Foto: José Roberto de Oliveira)

A Batalha de M'Bororé

Além do tema da Guerra Guaranítica, José Roberto também antecipou o lançamento de um livro sobre outra batalha travada naquele período......

No dia 10 de dezembro agora, nós estaremos lançando o novo livro chamado “M’Bororé. A Batalha”. Essa Batalha de M’Bororé é uma batalha que aconteceu em 1641, no Rio Uruguai -exatamente aqui na divisa do Brasil com a Argentina – um pouquinho para baixo de Porto Mauá e um pouquinho para cima de Porto Xavier, digamos o principal da batalha, aonde hoje é Porto Vera Cruz do lado brasileiro e Panambi do lado Argentino. Ali então se embateram 11 mil pessoas, num tempo, lá em 1641, que Buenos Aires - entre homens mulheres e crianças - tinha três mil pessoas, só para tu teres ideia do tamanho dessa batalha para aquele período, então foi algo realmente muito importante. Os Bandeirantes já vinham atacando muito poderosamente as Missões desde 1628 e eles tinham levado muitos milhares e milhares e milhares de Guaranis como escravos para São Paulo e Rio de Janeiro, para venda deles no mercado escravo desses locais. 

E então o que ocorre? Em 1639, há uma primeira batalha que os guaranis conseguem refrear essas ações, e em 1640 então os bandeirantes organizam uma grande Bandeira, com 6800 pessoas, entre, digamos, caboclos ali da região São Paulo, gente de Portugal, e de outras nações, que viviam por ali, e fazem um grande ataque e os guaranis conseguiram se organizar com os jesuítas, trazendo alguns jesuítas que eram militares aí da Europa e que trouxeram eles para treinar aquela gente para fazer guerra, que eles não sabiam dessas coisas, então esse cenário todo do treinamento, de um ano de treinamento, do ataque que aconteceu em 1641, e da verdadeira primeira e única grande vitória dos guaranis frente a essas forças exógenas, aonde lá em 1641, foram dois grandes ataques e aonde as forças Bandeirantes foram praticamente destruídas. 

Então esse processo todo, ele é contado nesse livro, que é um livro desenhado, é um livro capa dura, é um livro importante, e que mostra exatamente todo esse cenário. Eu estou mostrando no livro desde o povo do Paleolítico, passando muito rapidamente pelo Neolítico, e mostrando toda aquela primeira fase das 18 Reduções do lado de cá, que foram praticamente desconhecidas da nossa gente, pouquíssimas pessoas sabem sobre a primeira fase que é aquela dos 18 Povos aqui onde é o Rio Grande do Sul hoje. Então vou estar contando isso e todo o cenário da guerra, o desenhista que é o Cleiton Cardoso, ele conseguiu abstrair bem essa ideia do que era a guerra, e a gente foi debatendo cada quadro, cada cena, cada diálogo. E esse livro então, nós estaremos lançando no dia 10 lá no local da batalha, do lado brasileiro, então lá em Porto Vera Cruz, aonde a gente quer trazer também a comunidade da Igreja aqui da nossa região, aonde a gente vai estar contando essa história através desse novo livro que é “M’Bororé, a Batalha”, aonde a gente vai estar mostrando então essa história do nosso passado.

Um convite para visitar as Missões

Nas considerações finais, José Roberto, faz um convite...

Então, agradecer e convidar a sociedade brasileira e internacional que te escuta, que venha às Missões, venha ver isso que foi chamado de “triunfo da humanidade” pelos grandes escritores do mundo, primeiro estado industrial da América lá por Montesquieu, Voltaire que chamou de “triunfo da humanidade”, Muratori esse filósofo italiano lá dos 1700, que disse que o melhor do cristianismo no mundo aconteceu aqui, então é importante que as pessoas saibam da grandiosidade, da herança magnífica que nós temos aqui para mostrar para todo mundo. Então convidamos que venham para cá, e você nas férias volte para cá também. Obrigado!

Peregrinos recebendo certificado de caminhada realizada.
(Foto: José Roberto de Oliveira)

Um guia sobre os municípios que fazem parte do Caminho das Missões: https://bit.ly/3l79dac

*José Roberto de Oliveira é de Santo Ângelo (RS), engenheiro de formação, na área da Topografia e Cartografia; foi por longo tempo docente na URI (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões); diretor de desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Sul; um dos fundadores do Ministério do Turismo; criador em 2012, junto com os jesuítas, mais argentinos e paraguaios, da “Nação Missioneira”; foi criador do Circuito Internacional Missões Jesuíticas e representante brasileiro no Mercosul, também em função de seu envolvimento no tema das Missões.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Quatro histórias mostram a importância do testemunho pró-vida da oração

ACI Prensa

DENVER, 25 nov. 21 / 09:20 am (ACI).- Patty Knap é conselheira em um centro de crises de gravidez. Num artigo escrito para o jornal National Catholic Register, Knap contou histórias de pessoas que decidiram lutar pela vida graças aos grupos que rezam em frente aos centros da Planned Parenthood, multinacional de clínicas de aborto.

Knap faz parte de um grupo que reza o rosário e o terço da misericórdia em frente a clínicas de aborto em Long Island, EUA.

“Há cerca de dois anos, estávamos terminando o terço, quando uma mulher atravessou a rua com um jovem ao seu lado”, contou.

Knap disse que a mulher agradeceu por rezarem em frente a essas clínicas, contando que "dezessete anos atrás eu vim a um lugar como este, planejando fazer um aborto, e havia muitas pessoas rezando do lado de fora naquele dia".

“Os cartazes eram tão bonitos. Lembro-me de um que dizia: ‘A vida é sagrada’. Isso me fez pensar e decidi ir para casa e refletir. Eu simplesmente desisti do aborto depois disso. Assim, tive esse bebê, e está aqui, disse a mulher enquanto apresentava o seu filho de 17 anos.

Knap disse que ambos ficaram para rezar com o grupo em frente à clínica.

Uma vez um homem parou para rezar com eles. Ele se aproximava sempre de modo especial dos homens que acompanhavam mulheres aos centros de aborto.

“Nenhum de nós o conhecia e um dia perguntamos o que o levou a entrar no grupo. Dan, de 30 anos, contou que havia pressionado uma namorada a abortar seu filho na faculdade. Começou a beber muito e a agir com raiva, sem relacionar nada disso com o aborto”, comentou Knap.

Muitos anos depois, quando sua irmã mais velha mostrou as imagens de ultrassom de seu bebê para a família, o jovem conseguiu aceitar a vida de seu filho abortado.

“Isso o levou a pesquisar os efeitos do aborto nos homens e, finalmente, a participar de um retiro de cura para homens depois do aborto”, disse Knap.

Segundo Knao, muitos jovens pressionam para abortar seus filhos sem saber as consequências. Dan decidiu "que a melhor coisa que ele poderia fazer com seu arrependimento era tentar chegar a algum" desses homens que, como ele, tentam fazer um aborto, disse. "Foi assim que ele começou a rezar na Planned Parenthood uma ou duas horas por semana". Knap disse que os homens que vão a clínicas de aborto com suas namoradas escutam Dan de uma forma muito diferente de como escutariam uma mulher.

A terceira história que Knap conta é de uma mulher que estava no estacionamento de uma das clínicas.

Ela contou que um dos conselheiros se aproximou e pediu-lhe que baixasse a janela do carro para poder falar. Disse-lhe que poderiam ajudá-la em tudo o que ela precisasse; mas a mulher começou a chorar e disse: “É tarde demais! Fiz semana passada”.

“Pedimos a ela que parasse e um dos conselheiros se ofereceu para sentar e conversar com ela. Em um restaurante a alguns metros de distância, a mulher angustiada disse havia ficado arrasada por uma terceira gravidez e que o pai do bebê a estava pressionando para fazer um aborto", acrescentou.

Knap disse que quando questionada sobre seu aborto, ela disse a eles que a clínica "nunca mencionou nenhum dos aspectos negativos de se fazer um aborto e removeu a tela de ultrassom para que ela não pudesse ver seu próprio bebê se mexer".

“Essa tática é terrivelmente hipócrita com o mantra da 'escolha', com os ultrassons feitos só com o propósito do abortista ver o tamanho do bebê e, portanto, quanto vão cobrar. A mulher falou sobre o seu arrependimento porque agora seu filho de três anos não teria um irmão”. Knap disse que a mulher concordou em falar com um padre que tem experiência em acompanhar pessoas que sofrem de traumas pós-aborto.

Por fim, contou a história de um homem que passava perto da clínica onde ela rezava. “É muito bom que estejam aqui. Minha filha quase foi uma das vítimas” da clínica, disse o homem.

O homem explicou que 25 anos antes sua filha engravidou, mas o homem com quem ela morava não queria que tivesse o bebê.

A filha tentou fazer seu namorado ver as imagens dos ultrassons para mudar sua decisão, mas ele dizia que não estava nos seus planos ter um filho. Iria contra os seus sonhos de “se tornar chef de um restaurante de primeira classe e viajar pelo mundo”.

“A filha desse homem ficou desconsolada porque achava que iriam se casar. Agora, tinha que escolher entre ele e seu filho”, lamentou Knap.

O homem disse que sua filha “sabia que era errado terminar com a vida de uma criança, e seguiu em frente e teve esse bebê que agora tem 25 anos e é uma alegria total para todos na família”.

Ele disse que o pai nunca procurou seu filho, mas sua filha “nunca se arrependeu de ter tido seu filho”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Campanha para a Evangelização

CNBB

Campanha para a Evangelização teve início com a Solenidade de Cristo Rei

Vinculadas ao pilar da Caridade estão as diversas campanhas promovidas pela Igreja no Brasil, das quais se destacam a Campanha da Fraternidade e a Campanha para a Evangelização, promovidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Um dos seus grandes objetivos é despertar os fiéis para o compromisso evangelizador e para a corresponsabilidade pelo sustento das atividades pastorais e evangelizadoras da Igreja no Brasil.

A Campanha para a Evangelização teve início com a Solenidade de Cristo Rei, no dia 21 de novembro de 2021, e se estende ao longo do tempo do Advento, momento em que se inicia o caminho de um novo ano litúrgico na vida da Igreja.

Em 2021, o tema da Campanha da Evangelização é: “Ide, sem medo, para servir”. Uma expressão do Papa Francisco em sua homilia de encerramento na Jornada Mundial da Juventude, em 2013, no Brasil.

Neste envio missionário, o Papa nos convida a ir além do medo, enraizados na fé, sem nos deixar esquecer que, quem evangeliza é também evangelizado. Quem transmite a fé recebe mais alegria. Quem assume a alegria de evangelizar como estilo de vida se compromete com a construção de uma nova realidade e, por meio do testemunho, dá visibilidade ao Reino de Deus.

            “Levar o Evangelho é levar a força de Deus, para extirpar e destruir o mal e a violência; para devastar e derrubar as barreiras do egoísmo, da intolerância e do ódio; para construir um mundo novo” (Papa Francisco, Rio de Janeiro, 28 de julho de 2013).

Participando da Campanha da Evangelização todos são enviados a serviço da Palavra, da Comunidade e da Caridade. O grande objetivo é que Jesus Cristo seja anunciado a todas as pessoas e, de um modo especial, fazer com que consigamos cumprir aquele mandato do Senhor: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15).

A coleta da Campanha para a Evangelização

Uma colaboração que repercute em cada comunidade por meio de um gesto concreto, a coleta para a Evangelização, é realizada todos os anos no 3º Domingo do Advento que, em 2021, será no fim de semana dos dias 11 e 12 de dezembro.

Despertando o compromisso evangelizador em cada fiel e promovendo uma coleta em âmbito nacional, a Campanha para a Evangelização destina os seus recursos para a dinamização e manutenção dos 19 regionais da CNBB visando à execução das atividades evangelizadoras, programadas a partir das DGAE.

Do total arrecadado, 45% permanecem na própria Diocese, 20% são destinados aos Regionais da CNBB e 35% são destinados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Os recursos da Coleta para a Evangelização garantem que a Igreja no Brasil dê continuidade ao anúncio e testemunho do Evangelho desde as áreas missionárias até às periferias das grandes cidades, passando pelas ações pastorais e pela articulação das comunidades eclesiais missionárias, além de contribuir para a manutenção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Fonte: cnbb.org

https://arqbrasilia.com.br/

Enquanto a leitura melhora o cérebro, a internet nos deixa menos atentos

Alohaflaminggo | Shutterstock
Por Octavio Messias

A chamada leitura profunda favorece a formação de novas estruturas cerebrais, enquanto a leitura fragmentada das redes sociais debilita a chamada atenção executiva.

“Quem mal lê mal fala, mal ouve, mal vê.” A frase de Ênio Silveira, falecido editor da Civilização Brasileira, expõe como a leitura (ou a falta de) é determinante de nossa visão de mundo e daquilo que somos. Através da leitura ganhamos repertório de vida, conseguimos entender melhor a realidade, relativizar as questões do nosso tempo com as do passado e desenvolver senso crítico, pensamento analítico e abstrato, assim como a empatia pelo próximo. 

Mais do que isso, como falaremos a seguir, a leitura ajuda positivamente a moldar nosso cérebro. No entanto, com o surgimento da internet, a leitura de livros começou a cair em desuso e a maneira desatenta como navegamos pelas novas mídias está afetando nossa memória e nossa capacidade de atenção. E o resultado disso pode ser devastador para as próximas gerações.

Leitura profunda

Quando estamos imersos em um texto longo, estamos praticando o que se chama de leitura profunda, usamos 99% da nossa atenção, o que gera uma retenção muito maior daquele conteúdo em nossa memória do que quando passamos por várias informações sem o mesmo foco.

Ler é uma ação ativa, que requer um processamento do nosso cérebro para processar, dar significado e armazenar o que está sendo lido. Ao atingirmos tal estágio de leitura, o cérebro em estado meditativo, um processo que reduz os batimentos cardíacos assim como a ansiedade, nos deixando mais relaxados – por isso costuma-se ler livros antes de dormir. 

Mais do que isso, ler afeta a nossa estrutura cerebral, principalmente na segunda infância e na adolescência, quando acontece uma profusão de novas sinapses e nos tornamos uma esponja de conhecimento. O próprio ato de ler altera a física e a química do cérebro em formação, favorecendo o surgimento de novas conexões neuronais que se conectam com mais áreas do cérebro. Esta é a explicação neurológica de um fato incontestável: quanto mais se lê, mais inteligente se fica. 

Atenção executiva

Como ler livros requer uma atenção sustentada, repousada e um foco contínuo, com o hábito desenvolvemos uma habilidade chamada atenção executiva, a mesma que empregamos em um trabalho intelectual ou ao estudar. E neste estágio de atenção absorvemos muito mais o que é lido. 

Já a leitura na internet, ágil e fragmentada, não estimula a atenção e, em consequência, a formaçao de novas memórias. O que tem preocupado neurocientistas, uma vez que a leitura no meio digital não estimula da mesma maneira o pensamento abstrato, que envolve mais sinapses e regiões cerebrais. E como o cérebro é plástico e muda ao longo de toda a vida, o hábito da leitura favorece o pleno funcionamento de faculdades mentais como a memória e atenção. 

A importância da literatura

Quem quiser um incentivo a mais para cultivar o hábito da leitura, basta recordar algumas palavras do Papa João Paulo II em sua famosa Carta aos Artistas. Em seu texto, o Papa destaca a “grande importância” da literatura e das artes na vida das pessoas.

“Elas procuram dar expressão à natureza do homem, aos seus problemas e à experiência das suas tentativas para conhecer-se e aperfeiçoar-se a si mesmo e ao mundo; e tentam identificar a sua situação na história e no universo, dar a conhecer as suas misérias e alegrias, necessidades e energias, e desvendar um futuro melhor”, escreve o Papa, citando a Gaudium et spes.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Novos sacerdotes católicos são ordenados em diversas Dioceses da China

Guadium Press
A alegria e a esperança no crescimento da Igreja no país só cresceram diante destas novas vocações ao sacerdócio que foram concretizadas.

Redação (23/11/2021 16:59, Gaudium Press) A comunidade católica presente na China está em festa, e com muitos motivos, pois durante o mês de outubro deste ano foram realizadas diversas ordenações sacerdotais em várias Dioceses espalhadas pelo país.

Apesar das restrições impostas pela pandemia terem restringido o número de participantes nas celebrações religiosas e festas em todas as comunidades, a alegria e a esperança no crescimento da Igreja no país só cresceram diante destas novas vocações ao sacerdócio que foram concretizadas.

Não tenha medo de escolher e seguir a Jesus

No dia 28 de outubro, festa dos Santos Simão e Judas, Dom Paul Pei Junmin, ordinário da Diocese de Liaoning (Shenyang), realizou a ordenação sacerdotal de Paul Li Hongdong na catedral dedicada ao Sagrado Coração.

Em sua homilia, o prelado incentivou ao novo sacerdote para que desça do altar para se colocar a caminho para a missão, até o povo de Deus, para anunciar o Evangelho”. Além disso, exortou ainda para que ele “não tenha medo de escolher e seguir a Jesus. Porque o Senhor já nivelou o caminho”.

Mais sacerdotes ordenados na China

Já no dia 1º de outubro, festa da padroeira das missões, Santa Teresinha do Menino Jesus, Dom Joseph Shen Bin, Bispo da Diocese de Haimen, província de Jiangsu, ordenou Joseph Liu Xingfeng como novo sacerdote para a Diocese. Uma curiosidade, é que o neo-sacerdote possui duas irmãs religiosas em sua família.

A Diocese de Wanxian, localizada na província de Yunnan, também recebeu os frutos de sua colheita de vocações sacerdotais e religiosas. Na comunidade de Yunnan, especificamente, foram ordenados dois sacerdotes da etnia jingpo, um grupo étnico que vive no oeste da China continental. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

ESPIRITUALIDADE: Amor sem limites (Parte 2/19)

Capa: Fragmento de um ícone de meados de
século XVII atribuída a Emanuel lombardos

Um Monge da Igreja do Oriente

AMOR SEM LIMITES

Tradução para o português:
Pe. André Sperandio

Ecclesia

3. Mas, eu sei que te conheço

Meu filho, tu não sabes quem és. Tu não te conheces ainda.

Quero dizer: não te conheceste, verdadeiramente, como o objeto de meu amor que és. Por conseguuinte, não conheceste o que tu és em mim, e todas as possibilidades que há em ti.

Desperta-te deste sonho, deste pesadelo. Em certos momentos de sinceridade tú só enxergas em ti mesmo os fracassos e as faltas, as quedas e as manchas, quem sabe, os crimes. Mas, tu não és nada disso. Este não é o teu "eu" verdadeiro, o teu "eu" mais profundo.

Sob tudo isso, por detrás de tudo isso, sob o teu pecado, por detrás de todas as tuas transgressões e de todos os teus defeitos e faltas, eu vejo a ti, verdadeiramente.

Vejo-te e te amo. É a ti mesmo que eu amo. Não ao mal que tu fazes. Esse mal que não se pode ignorar nem negar ou atenuar. Pode ser branco ou negro?

Mas, por debaixo, há uma profundidade maior, vejo outra coisa que ainda vive.

As máscaras que usas, os disfarces que vestes, podem dissimular-te aos olhos de outros, inclusive aos teus próprios olhos, mas não podem esconder-te diante de mim. Sigo-te até mesmo lá onde jamais alguém ousou te seguir.

Esse olhar ... teu olhar que não é límpido, e essa tua avidez febril, cheia de desejos pelo que te parece intenso, e todas as tuas precárias convulsões, a dureza e a avareza do teu coração... tudo isso eu percebo como estando separado de ti... eu separo tudo isso de ti e lanço todas essas coisas para bem longe de ti.

Escuta bem... ninguém te compreeende verdadeiramente. Eu, porém, te compreeendo. Poderia dizer de ti coisas tão grandiosas e tão belas! poderia dize-las de ti: não desse "tu" que o poder das trevas frequentemente descarrilha, mas do "tu", tal como desejarias que fosses, do "tu" que permanece em meu pensamento e intenção de amor; do "tu" que pode ainda fazer-se visível.

Torna-te visível o que tu és em meu pensamento. Sê a última realidade de ti mesmo. Torna ativa toda a potência que depositei em ti.

Não há em nenhum homem, em nenhuma mulher, qualquer possibilidade de beleza interior e de bondade que não esteja também em ti. Não há nenhum dom divino ao que não possas aspirar. E tu os receberás todos juntos se amas comigo e em mim.

Seja o que for que tenhas feito em teu passado, sou eu o que rompe as ataduras. E se quebro os grilhões, o que ou quem pode te impedir de te levantar e andar?

4. Uma nova criação

Meu filho, não esperes por uma nova revelação. Não te falarei mais que das coisas que desde o princípio tem sido ditas. O que poderia ser novo é uma especial atenção a certos aspectos da verdade eterna.

Tempos virão em que a profundeza do amor fará um chamado que será irresistível à piedade de muitos. Descobrirão o amor, o Senhor-amor, o amor universal, sem limites. Não será uma mensagem nova, uma nova revelação. Mas aqueles que se abrirem a esta visão, colocando nela todo o seu coração, irão me ajudar a formar os novos céus e a nova terra pelos quais não me canso de trabalhar.

Assim, a descoberta do amor, a recepção em nós do amor infinito, vai ser uma nova criação. O amor, em cada instante, quer em vocês mais amor.

® NARCEA, S.A. EDIÇÕES
Dr. Federico Rubio e Galí, 9. 28039 - Madrid
® EDITIONS ET LIBRAIRIE DE CHEVETOGNE Bélgica
Título original: Amour sans limite
Tradução (para o espanhol): CARLOS CASTRO CUBELLS
Tradução para o português: Pe. André Sperandio
Capa: Fragmento de um ícone de meados de século XVII atribuída a Emanuel lombardos
ISBN: 84-277-0758-4
Depósito Legal: M-26455-1987
Impressão: Notigraf, S. A. San Dalmácio, 8. 28021 - Madrid

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/

Papa Francisco apresenta as bem-aventuranças do bispo

Papa Francisco e imagem do Bom Pastor no folheto entregue
aos bispos / Crédito: Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

Vaticano, 23 nov. 21 / 08:55 am (ACI).- Nesta segunda-feira, 22 de novembro, o papa Francisco distribuiu aos bispos italianos um folheto com a imagem de Jesus Bom Pastor e as "Bem-aventuranças do Bispo".

O diário Avvenire, da Conferência Episcopal Italiana (CEI), informou que o texto foi retirado de uma homilia do arcebispo de Nápoles, dom Domenico Battaglia.

O texto foi entregue pelo papa no início do diálogo com os bispos no Ergife Palace Hotel, em Roma, onde, até 25 de novembro, se realiza a 75ª assembleia geral extraordinária da CEI com o tema "Caminho sinodal da Igreja na Itália".

Ao chegar ao local, o papa foi recebido pelo cardeal Gualtiero Bassetti, presidente da CEI, e por outros membros da direção da entidade.

Vatican News em italiano falou brevemente com dom Stefano Russo, secretário-geral da CEI, que comentou que o encontro foi "muito belo e familiar".

“O folheto que ele nos deu é uma exortação para que o bispo seja sempre uma testemunha de misericórdia. O tema desta assembleia é o caminho sinodal das Igrejas na Itália”, disse o bispo.

“Vivemos o tempo da escuta e como sempre o papa, antes de mais ninguém, dá o testemunho. Hoje ele está entre nós, bispos, e se pôs a escutar”.

As "Bem-aventuranças do bispo", escritas em italiano e que o papa Francisco deu aos bispos presentes, são as seguintes:

Bem-aventurado o bispo que faz da pobreza e da partilha o seu estilo de vida, porque com o seu testemunho está construindo o Reino dos céus.

Bem-aventurado o bispo que não tem medo de molhar o rosto com lágrimas, para que nelas possam se refletir as dores do povo, o cansaço dos presbíteros, encontrando no abraço com quem sofre a consolação de Deus.

Bem-aventurado o bispo que considera o seu ministério um serviço e não um poder, fazendo da mansidão a sua força, dando a cada um o direito de cidadania no seu próprio coração, de habitar na terra prometida aos mansos.

Bem-aventurado o bispo que não se fecha nos palácios do governo, que não se torna um burocrata atento mais às estatísticas do que aos rostos, aos procedimentos do que às histórias, procurando lutar ao lado do homem pelo sonho de justiça de Deus, porque o Senhor, encontrado no silêncio da oração cotidiana, será seu alimento.

Bem-aventurado o bispo que tem coração para a miséria do mundo, que não tem medo de sujar as mãos com o esterco da alma humana para encontrar o ouro de Deus, que não se escandaliza com o pecado e a fragilidade, porque é ciente da própria miséria, porque o olhar do Crucifixo Ressuscitado será para ele um selo de perdão infinito.

Bem-aventurado o bispo que afasta o coração duplo, que evita toda dinâmica ambígua, que sonha com o bem também em meio ao mal, porque poderá alegrar-se com o rosto de Deus em cada pântano da cidade dos homens.

Bem-aventurado o bispo que trabalha para a paz, que acompanha os caminhos da reconciliação, que semeia no seio do presbitério a semente da comunhão, que acompanha uma sociedade dividida pelo caminho da reconciliação, que segura a mão de cada homem e de cada mulher de boa vontade para construir fraternidade. Deus o reconhecerá como seu filho.

Bem-aventurado o bispo que pelo Evangelho não tem medo de ir contra a corrente, endurecendo o seu rosto como o de Cristo a caminho de Jerusalém, sem se deixar deter por incompreensões e obstáculos, porque sabe que o Reino de Deus avança na contradição do mundo.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Simplesmente José

"Simplesmente José" do Irmão paulino brasileiro Darlei Zanon-
Vatican News

Já tentou imaginar o que São José nos contaria se um dia rompesse o silêncio que o caracteriza nas Escrituras e na Tradição? Foi exatamente esse exercício de criatividade e imaginação que fez o frei Darlei Zanon na obra “Simplesmente José”, publicada por ocasião do Ano de São José que estamos celebrando.

Nesta narrativa em forma de romance histórico, José é o protagonista que nos conduz pela sua vida e missão. O carpinteiro de Nazaré abre o seu coração e descreve cada uma das suas experiências, o que viu e sentiu em cada momento da sua vida: sua infância, o primeiro encontro com Maria, o florescer de uma paixão, os questionamentos ao descobrir que ela estava grávida, a alegria de acompanhar o parto do menino Jesus, as incertezas e descobertas ao receber a visita de pastores, magos e anjos, a dor e sofrimento ao longo do caminho para o Egito e durante os anos que ali passou, as surpresas e encantos do menino que crescia sob o seu olhar e proteção... Enfim, uma vida de escuta mais do que silêncio, plena de ação e doação, de revelações e delicadezas.

No período em que o Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses, exatamente dedicadas a São José, conversamos com o frei Darlei para conhecer as suas motivações e também um pouco mais sobre este livro editado em Portugal e no Brasil pela PAULUS Editora.

Como nasceu a ideia de escrever este romance?

Este livro é na verdade um projeto que iniciei há muito tempo, mas quando o Papa Francisco convocou o Ano de São José vi como um sinal de que ele deveria ser concluído. Comecei a pesquisar porque queria conhecer mais essa figura que o nosso Fundador nos propôs como “modelo” (São José é o patrono dos irmãos Paulinos). Neste sentido, posso dizer que o livro nasceu da minha ânsia por respostas. Todas as leituras que fiz traziam basicamente os mesmos elementos sobre São José, deixando muitas lacunas, muitas perguntas sem respostas sobre a sua vida e missão. A certo momento tentei buscar novas faces de José, lendo sobretudo os evangelhos apócrifos e diversos livros menos conhecidos de josefologia. Passei a identificar elementos que me iluminaram e descobri um José extremamente ativo, decidido, confiante, forte, dedicado, afetuoso, capaz de qualquer sacrifício... E assim nasceu a ideia de escrever sobre São José, para mostrar essas suas dimensões menos conhecidas ou menos valorizadas.

É pura ficção ou tem elementos de pesquisa histórica e teológica? Em que se baseou nessas partes?

Inicialmente pensei em escrever uma obra de hagiografia, mas vi que já existem muitos livros semelhantes no mercado. Daí nasceu a ideia de escrever um romance, ao estilo do livro do escritor polaco Jan Dobraczyńsk citado pelo próprio Papa no documento Patris corde, sobre o Ano de São José. Pensei que essa seria a forma mais leve e envolvente de apresentar o José que descobri depois de tantas leituras e reflexões. A novidade é a narrativa em primeira pessoa, espécie de autobiografia, a forma que imaginei ser a melhor para transportar o leitor no tempo e no espaço, fazer o leitor ver pelos olhos de José, acompanhando o pai adotivo de Jesus em diversos momentos da sua vida. Simplesmente José é uma ficção, um romance histórico, mas que respeita todos os textos bíblicos referentes a José e à infância de Jesus, assim como respeita a tradição da Igreja. A fantasia ou ficção surge para preencher as imensas lacunas existentes na tradição Josefina, como por exemplo a questão dos irmãos de José, a sua idade, porque a sua família se mudou de Belém para Nazaré, como e quando ele conheceu Maria, o que fez no tempo que passaram no Egito, o que ele ensinou a Jesus, o que sentiu ao acompanhar o nascimento do menino, ao ouvir a sua primeira palavra, acompanhar os seus primeiros passos e assim por diante. A inspiração vem sempre da própria Bíblia e de estudos bíblicos, dos livros apócrifos e de estudos clássico sobre São José, como a teoria da “sombra do Pai” que foi proposta já em 1680 pelo teólogo francês Louis-François d’Argentan. Também pesquisei livros de arqueologia, de história de Israel e de cultura hebraica de onde extraio muitos elementos que me pareceram fundamentais para compor um romance histórico.

Não apresenta apenas José nas fases da sua vida que aparecem nos Evangelhos relativas ao noivado com Maria e nascimento de Jesus. Por que decidiu ir à sua infância?

O objetivo dos Evangelhos é apresentar o Messias, o Filho de Deus, e por isso José aparece apenas brevemente na sua relação com Jesus. No meu livro quis ir além e apresentar um panorama completo que ajudasse o leitor a se aproximar mais do pai adotivo de Jesus, a se encantar com essa figura especial que foi escolhida para ser a imagem humana e visível de pai para o Filho de Deus. O ponto de partida do livro (capítulo 1) é um momento crucial na relação entre José e Jesus, um evento específico que faz José reler e reinterpretar toda a sua vida, desde a sua infância, passando sobretudo pela relação com a sua família e com Maria, por isso era importante apresentar todos esses momentos. Minha intenção foi escrever um livro não apenas sobre a biografia de José, mas um livro sobre as suas experiências, os seus sonhos de infância, os seus valores familiares, a sua fé hebraica, as suas dores, dúvidas, questionamentos. Queria que fosse um livro em que cada leitor pudesse se identificar e aprender com esta busca constante de José em compreender a própria vocação e o seu papel no projeto divino.

O que se pode descobrir neste livro? É um livro teológico sobre São José? Que olhar apresenta sobre São José?

Como romance, tentei construir uma narrativa muito leve e dinâmica, com uma trama envolvente. José abre o seu coração e descreve cada uma das suas experiências, o que viu e sentiu em cada momento da sua vida. Penso que seja para o leitor um belo caminho de descoberta, de imersão no tempo e no espaço de José, com toda a poesia de uma vida marcada pelo Mistério. Uma proposta para se emocionar, rir e chorar, questionar e acompanhar o nosso protagonista em cada viagem, cada experiência, cada inquietação que marcou a sua história: uma história caracterizada pela escuta, a entrega, a dedicação, mas sobretudo pelo amor. Ao mesmo tempo em cada capítulo procuro desenvolver algum elemento de espiritualidade e teologia, como por exemplo o valor da oração e da fé, a centralidade da família e da Escritura, a importância da acolhida e da comunhão, o sentido da revelação, da encarnação do Verbo, da salvação etc. Uma leitura que espero provoque e surpreenda com os seus imensos detalhes, descrições, diálogos, personagens paralelos. Simplesmente José propõe-se a responder algumas questões sobre a vida do santo carpinteiro de Nazaré, mas sobretudo provoca muitas outras interrogações que normalmente nos passam despercebidas na vida de um santo que é extremamente humano. Um homem que sente medo, angústias, dúvidas, mas que também se alegra, ama, encontra a realização como ser humano, como esposo e como pai. José rompe o silêncio e nos convida a acompanhá-lo nesse itinerário de descobertas.

A escrita deste livro e todo o processo mudaram a sua perspectiva e relação com São José? Gostaria que isso acontecesse com os leitores?

Escrever este livro me fez admirar ainda mais São José e é esta estima ao pai adotivo de Jesus que gostaria de semear em cada leitor. Simplesmente José nasceu com o objetivo de mostrar o rosto extremamente humano de José, próximo de cada um de nós, de cada pai de família, de cada esposo, de cada filho. Um santo com o qual podemos nos identificar e que pode nos inspirar. Um José que se diverte quando criança, se apaixona na adolescência, se preocupa e se emociona na vida adulta... Um José que se alegra e sofre. Que sente medo, mas confia. Que não entende, mas escuta e obedece. Um José humilde e simples, ao mesmo tempo profundo, corajoso, atento aos sinais divinos e humanos. Um José que ama e porque ama alimenta relações profundas: com os avós, pais, irmãos, amigos, com Maria e Jesus, com Deus. Talvez este seja o centro de toda a narrativa: as diversas formas de amar de José, a sua entrega total. E é isso que pode nos inspirar a viver melhor a nossa fé e as nossas relações.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Santos André Dung-Lac e Companheiros (mártires do Vietnã)

SS. André Dung-Lac e Companheiros | arquisp
24 de novembro

Santo André Dung-Lac e companheiros

A evangelização do Vietnã começou no século XVI, através de missionários europeus de diversas ordens e congregações religiosas. São quatro séculos de perseguições sangrentas que levaram ao martírio milhares de cristãos massacrados nas montanhas, florestas e em regiões insalubres. Enfim, em todos os lugares onde buscaram refúgio. Foram bispos, sacerdotes e leigos de diversas idades e condições sociais, na maioria pais e mães de família e alguns deles catequistas, seminaristas ou militares.

Hoje, homenageamos um grupo de cento e dezessete mártires vietnamitas, beatificados no ano jubilar de 1900 pelo papa Leão XIII. A maioria viveu e pregou entre os anos 1830 e 1870. Dentre eles muito se destacou o padre dominicano André Dung-Lac, tomado como exemplo maior dessas sementes da Igreja Católica vietnamita.

Filho de pais muito pobres, que o confiaram desde pequeno à guarda de um catequista, ordenou-se sacerdote em 1823. Durante seu apostolado, foi cura e missionário em diversas partes do país. Também foi salvo da prisão diversas vezes, graças a resgates pagos pelos fiéis, mas nunca concordou com esse patrocínio.

Uma citação sua mostra claramente o que pensava destes resgates: "Aqueles que morrem pela fé sobem ao céu. Ao contrário, nós que nos escondemos continuamente gastamos dinheiro para fugir dos perseguidores. Seria melhor deixar-nos prender e morrer". Finalmente, foi decapitado em 24 de novembro de 1839, em Hanói, Vietnã.

Passada essa fase tenebrosa, veio um período de calma, que durou cerca de setenta anos. Os anos de paz permitiram à Igreja que se reorganizasse em numerosas dioceses que reuniam centenas de milhares de fiéis. Mas os martírios recomeçaram com a chegada do comunismo à região.

A partir de 1955, os chineses e os russos aniquilaram todas as instituições religiosas, dispersando os cristãos, prendendo, condenando e matando bispos, padres e fiéis, de maneira arrasadora. A única fuga possível era através de embarcações precárias, que sucumbiam nas águas que poderiam significar a liberdade, mas que levavam, invariavelmente, à morte.

Entretanto o evangelho de Cristo permaneceu no coração do povo vietnamita, pois quanto mais perseguido maior se tornou seu fervor cristão, sabendo que o resultado seria um elevadíssimo número de mártires. O papa João Paulo II, em 1988, inscreveu esses heróis de Cristo no livro dos santos da Igreja, para serem comemorados juntos e como companheiros de santo André Dung-Lac no dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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terça-feira, 23 de novembro de 2021

COMODISMO E MEDIOCRIDADE

Foto: CONTI outra |

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

O comodista é a pessoa que deseja ficar na mediocridade, sempre no meio do caminho e na espera de que outro realize o que deveria ser sua tarefa. É aquele que coloca peso nas costas dos outros e não luta para vencer os obstáculos da vida. É pessoa sem esperança e mergulhada no desânimo. Para quem age dessa forma, não existe remédio e fica desencantado com o progresso pessoal.

Na chegada do fim de mais um ano litúrgico e o início de um novo, as forças precisam ser recuperadas e renovadas para construir o bem e o otimismo sem comodismo. Um caminho para isto, no dizer do Papa Francisco, está no seguimento de Jesus Cristo, onde cada indivíduo vai encontrar forças e vigor para construir um mundo mais saudável, superando todo tipo de mediocridade infrutífera.

Celebrar o Advento é despertar a consciência para o sentido do existir e do comprometimento, que envolve a causa do bem. Jesus nasce historicamente no Natal como luz para iluminar o caminho das pessoas e motivá-las para que coloquem em ação os dons naturais e cristãos, na espera de uma vida melhor. Essa prática e motivação têm sustentação na escuta e reflexão da Palavra de Deus.

Mudar de ano mais uma vez significa transformar as antigas realidades do dia a dia e ceder lugar aos novos tempos com atitudes de dinamismo e confiança, principalmente com abertura do coração para Deus e seus ensinamentos. Não ficar refém dos pensamentos derrotistas, porque é a chegada de novos tempos, de vida nova, de cura das feridas para proporcionar paz e segurança.

O propósito primeiro do nascimento de Jesus Cristo foi a restauração da justiça na terra. As injustiças, que não importa por quem são praticadas, causam muito desânimo e contribuem para as atitudes do comodismo e da mediocridade, porque desmotivam as pessoas para a vivência da esperança. Nesta situação, aproximar-se de Cristo é a via mais indicada para superar a baixa autoestima.

A liturgia de fim do ano litúrgico fala de catástrofes no sol, na lua e nos astros. Na terra não está sendo diferente com o aquecimento global, quando vemos queimadas, enchentes, tornados, vento de areia e poeira, que podemos interpretar como naturais, mas frutos de desgaste da criação. São sinais de que alguma coisa precisa ser restaurada com urgência, com ânimo e determinação.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF