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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

“Não discutir com idiotas”: uma armadilha para nos tornar idiotas…

Mangostar | Shutterstock
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Estejamos sempre abertos a buscar a verdade com todos. A ninguém desqualifiquemos como idiotas.

“Não discutir com idiotas”, a frase – dita com essas palavras ou com outras semelhantes – foi invocada nos últimos tempos em artigos e livros. Diante de eleições muito polarizadas e com posições extremistas em jogo, que dividem famílias e grupos sociais, parece uma ideia muito sensata. Mas oculta um problema: como saber quem é o idiota com o qual não discutir?

Aqueles que rotulam facilmente os outros como idiotas estão mais interessados em se autoafirmar e conseguir seguidores nos debates sociais do que realmente interessados na verdade. A estratégia corresponde a dizer “eu digo quem são os idiotas, então se me seguir você será inteligente”. Quem está interessado realmente na verdade, discute ideias sem rotular pessoas. Além disso, o primeiro sinal de idiotice é justamente acusar os outros de serem idiotas e assim nos furtarmos da necessidade de analisar seriamente os argumentos que apresentam, contrários a nossas posições.

O bom cristão, habituado a um exame de consciência sério, sabe que deve se perguntar sobre os seus pecados antes de acusar os pecados dos outros (quem tem dúvidas, leia Mt 7, 3-5). Antes de acusar o outro de idiota, temos que conhecer suas ideias e motivações e buscar entendê-lo. Antes de dizer que uma ideia é idiota, temos que analisar nossas próprias convicções sobre aquele tema, para ver se nós também não estamos pensando idiotices.

Dialogar, não discutir

Na Fratelli tutti (FT 215), Papa Francisco faz uma proposta radical: “Uma sociedade onde as diferenças convivem integrando-se, enriquecendo-se e iluminando-se reciprocamente, embora isso envolva discussões e desconfianças. Na realidade, de todos se pode aprender alguma coisa, ninguém é inútil, ninguém é supérfluo”. De todos se pode aprender alguma coisa! Portanto é necessário dialogar com todos. Pouco antes, o Papa afirma que “O diálogo social autêntico pressupõe a capacidade de respeitar o ponto de vista do outro, aceitando como possível que contenha convicções ou interesses legítimos. A partir da própria identidade, o outro tem algo para dar, e é desejável que aprofunde e exponha a sua posição para que o debate público seja ainda mais completo” (FT 203). Não é uma posição relativista ou medrosa, pois “num verdadeiro espírito de diálogo, nutre-se a capacidade de entender o sentido daquilo que o outro diz e faz, embora não se possa assumi-lo como uma convicção própria. Deste modo torna-se possível ser sincero, sem dissimular o que acreditamos, nem deixar de dialogar, procurar pontos de contacto e sobretudo trabalhar e lutar juntos” (Querida Amazonia, QA 108).

O diálogo, praticado num clima de abertura e amizade, deve evoluir para o debate construtivo, onde dados e argumentos racionais são expostos por ambas as partes. Desse debate surgem as soluções consensuais e os acordos realmente comprometidos com o bem comum. Muitas vezes, nossos interlocutores não estão interessados nesse debate e se tornam mais agressivos e irracionais à medida que perdem seus argumentos e sua lógica. Nesse momento, apelam e nos acusam de idiotas. Temos que tomar muito cuidado, porém, para que nós mesmos não nos tornemos esse tipo de pessoa. Muitas vezes, sem nos darmos conta, esquecemos as razões de nossos posicionamentos (que consideramos óbvios demais) ou não percebemos aspectos problemáticos de nossas propostas (que só iremos compreender se ouvimos os argumentos do outro).

Em ano eleitoral…

Posições ideológicas, baseadas em argumentos de autoridade ou no apelo fácil a nossa instintividade, serão cada vez mais comuns nesse ano eleitoral. Também aparecerão cada vez mais ideólogos, em ambos os lados do espectro partidário, usando citações incompletas ou descontextualizadas da doutrina social da Igreja para nos convencer a segui-los. É um tempo em que teremos de dialogar muito, entre nós e com os que pensam diferente, para conseguirmos o justo discernimento cristão.

Estejamos sempre abertos a buscar a verdade com todos. A ninguém desqualifiquemos como idiotas. É difícil ir contra os erros do pensamento hegemônico, ainda que necessário. Contudo, é mais difícil e mais necessário não só ir contra os erros do pensamento hegemônico, mas buscar a verdade – esteja onde estiver – juntamente com os que pensam e com os que não pensam como nós.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

PAPA FRANCISCO CONFIRMA KIKO ARGÜELLO "AD VITAM"

Papa Francisco e Kiko Argüello | Vatican Media

Quando um carisma ou uma realidade eclesial se encontra em estado fundacional, “o fundador não é reempossado, continua à frente… por isso se fala de ‘fundador em vida’ no Decreto”.

É o que o Santo Padre declarou no encontro com todas as associações de fieis, movimentos eclesiais e novas comunidades, organizado pelo Dicastério para Leigos, Família e Vida, em 16 de setembro de 2021.

Com estas palavras o Santo Padre confirmou o que já havia declarado à Equipe Internacional do Caminho Neocatecumenal, Kiko Argüello, Padre Mario Pezzi e Ascensión Romero, na audiência que lhes concedeu no último 3 de setembro.

Em tal ocasião, o Papa havia reconhecido que a natureza do Caminho Neocatecumenal não é a de ser uma Associação ou ser um Movimento, senão uma Iniciação Cristã, que leva ao redescobrimento do Batismo e da vida divina em nós.

Também no encontro com o Dicastério, o Papa sublinhou: “Nós temos que entender que a evangelização é um mandato que vem do Batismo… quem recebeu o Batismo tem a missão de evangelizar”.

Na audiência do último dia 3 de setembro, o Santo Padre renovou sua confiança em Kiko e em sua equipe, animando-os a prosseguir  a missão que o Senhor lhes confiou e também se alegrou pelo início do processo de canonização de Carmen Hernández na arquidiocese de Madri.

Fonte: https://neocatechumenaleiter.org/pt-br

Como o extremismo ideológico pode levar a teorias conspiratórias

AuntSpray | Shutterstock
Por Octavio Messias

Pesquisa com mais de 100 mil participantes mostra que quanto mais distante do centro no espectro político, maiores chances de acreditar em informações sem fundamento.

Em sua tradicional mensagem Urbi et Orbi, no último Natal, Papa Francisco lamentou o cenário de polarização e extremismos que vivemos hoje e, ao longo de apenas duas páginas de discurso, usou a palavra “diálogo” 11 vezes e expôs como a pandemia intensificou a intolerância no mundo. “A nível internacional, corre-se o risco de que esta complexa crise conduza a atalhos em vez de caminhos mais longos de diálogo. No entanto, são esses, na realidade, os únicos que levam à resolução de conflitos e a benefícios compartilhados e duradouros”, afirmou o Pontífice. 

Além dos conflitos, tensões e crises citados pelo Papa, da Síria à Ucrânia, a pandemia também intensificou o radicalismo político e mostrou como isso tende a levar à desinformação e à crença em teorias que não correspondem à realidade. É isso que prova uma pesquisa quantitativa – conduzida com 104.253 pessoas de 26 países – recentemente publicada na revista Nature Human Behaviour.

Arco ideológico

O questionário pedia aos voluntários que se situassem no espectro político (esquerda e direita, de moderada a extema, além do centro), revelassem em quem pretendiam votar nas próximas eleições e que se posicionassem em afirmações como “acredito que eventos aparentemente desconexos são muitas vezes o resultado de atividades encobertas” ou “existem organizações secretas que têm grande influência nas decisões políticas”. Com base nas respostas, os pesquisadores observaram que, quanto mais distantes do centro estivessem os participantes, maior a probabilidade de acreditarem em teorias conspiratórias. O que não faltou na pandemia. 

Teorias de que a ex-chanceler alemã Angela Merkel seria uma alienígena reptiliana, assim como os ex-presidentes norte-americanos George W. Bush e Barack Obama, terraplanismo, o conspiratório movimento QAnon e informações deturpadas ou fictícias a respeito dos efeitos da vacina (colocando a vida de milhares de pessoas em risco) circularam muito além do razoável. Vale lembrar que 80% das internações por Covid-19 no Brasil são de pessoas que não se vacinaram. O estudo salienta que a maioria das pessoas crentes em teorias conspiratórias é de ultradireita. O que não significa que fake news também não circule no outro extremo. 

Validação

No livro A Natureza das Teorias da Conspiração, de Michael Butter, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, o autor explica como esse tipo de teoria conspiratória circula desde a Grécia Antiga, vindo a ganhar força e disseminação no momento presente graças à internet e às mídias sociais. 

Como os algorítimos, que são programados para pregar para convertidos e nos mostrar apenas publicações que correspondem ao nosso arco ideológico, essa pesquisa demontra que, ainda que muitos recorram à razão ao se posicionarem politicamente, o lado emocional muitas vezes fala mais alto. 

Como se estivéssemos constantemente em busca de validação para aquilo que já queremos acreditar. O que é uma atitude perigosa, que gera apenas conflito e desinformação, diminuindo consideravelmente a possibilidade de qualquer diálogo. Como defende Papa Francisco, o diálogo é fundamental para uma convivência social harmoniosa. Assim como nos atermos aos fatos e não a delírios, por mais tentadores que eles possam parecer. 

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Consciência Negra - tarefa de todos

Protestos contra o assassinato de Moise Kabangambe  (AFP or licensors)

Combater o racismo estrutural no Brasil é tarefa de todos, sem exclusão de ninguém. É a posição de Gislaine Marins, expressa no artigo "Consciência Negra, não Consciência de Melanina" a propósito do recente assassinato, no Rio de Janeiro, do jovem refugiado congolês, Moïse Kabagambe.

Dulce Araújo - Vatican News

O Brasil é um país com um alto índice de assassinato de pessoas negras, ao ponto de se falar em genocídio de jovens negros. E a sociedade quase que se habituou a isso. Já quase nem reage. Mas o brutal assassinato à pancada do jovem refugiado congolês, Moïse Kabagambe, a 24 do mês passado, no Rio de Janeiro, provocou várias reações de condenação da parte de muitos organismos.

A Rede CLAMOR Brasil, a Rede Solidária para Migrantes e Refugiados e a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Transformadora, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil emitiram – segundo o Programa Brasileiro da Rádio Vaticano  – uma nota assinada em conjunto por mais de 120 entidades pastorais, em que manifestam a sua solidariedade à família de Moïse e à comunidade congolesa no Brasil.

Moïse que fugiu com a família da guerra na RDC, vivia há mais de uma década no Brasil. Tinha 24 anos e foi morto violentamente à pancada em frente dum quiosque na Barra do Tijuca (Rio de Janeiro), onde tinha ido pedir o pagamento de alguns dias de trabalho.

Mas porque é que a sua morte causou, de algum modo, e felizmente, mais reações do que o quotidiano assassinato de jovens negros no Brasil?

Segundo a  Drª Gislaine Marins, professora, que a respeito do caso Moíse escreveu  um artigo intitulado “Consciência Negra, não Consciência de Melanina”, é que há no país há maior sensibilidade em relação a estrangeiros.

De qualquer modo, ela considera que a raiz da discriminação racial no Brasil tem a ver com o passado colonial e a exploração económica (que se estende ainda hoje aos migrantes) e que é preciso conhecer a História do país e pôr a tónica na educação para se combater eficazmente o fenómeno. E não se trata apenas de tarefa dos negros, mas a Consciência Negra deve envolver todos, independentemente da cor da pele, a fim de se poder construir uma sociedade realmente livre do racismo. 

A Doutora Gislaine Marins é formada em Letras, tradutora, professora, com participação no Dicionário de Figuras e Mitos Literários das Américas e autora do Blog “Palavras Debulhadas” para a divulgação da língua portuguesa. O seu artigo “Consciência Negra, não Consciência de Melanina” foi publicado no dia 4 de fevereiro no site da emissora brasileira “Tua Radio Alvorada”. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Beato Pio IX

Beato Pio IX | arquisp
07 de fevereiro

Beato Pio IX

O Papa Pio IX nasceu na Itália aos 13 de maio de 1792. Seus pais pertenciam à nobreza local e o batizaram com o nome de Giovanni (João) Maria Mastai Ferretti. Em 1809, transferiu-se para Roma a fim de continuar os estudos, sem ter se definido pelo sacerdócio. Sua saúde era muito débil, tanto que, devido a uma enfermidade, teve de abandonar os estudos em 1812, sendo também dispensado do serviço militar obrigatório.

O jovem Mastai teve um encontro com São Vicente Pallotti em 1815, que lhe profetizou o pontificado. Nessa época, João fazia parte da Guarda nobre pontifícia, mas teve que deixá-la por motivo de saúde. A partir daí, a Virgem de Loreto o curou, gradual e definitivamente, da enfermidade.

Mastai resolveu optar pelo estudo eclesiástico em 1816, sendo ordenado sacerdote em 1819. Celebrou sua primeira Missa na igreja de Santa Ana dos Carpinteiros, do Instituto Tata Giovanni, para o qual fora nomeado reitor, permanecendo na função até 1823. Acompanhou o núncio apostólico ao Chile, onde ficou por dois anos.

Aos trinta e seis anos de idade, o sacerdote Giovanni Maria Mastai foi nomeado Bispo e destinado à arquidiocese da cidade de Espoleto, Itália. Durante os anos 1831 e 1832, ocorreram revoluções nas cidades de Espoleto e Ìmola. O então bispo Mastai não quis derramamento de sangue e reparou os destruidores efeitos da violência, com a paz, concedendo o perdão para todos os envolvidos.

Foi nomeado Cardeal em 1840. Na tarde do dia 16 de junho de 1846, o cardeal Mastai, que fugia de todas as honrarias, foi eleito Papa escolhendo o nome Pio IX. Começou seu governo com um ato de generosidade: concedeu uma anistia para delitos políticos e, já em 1847, promulgou um decreto de ampla e surpreendente liberdade de imprensa.

Entre as realizações do seu pontificado, podemos destacar o restabelecimento da hierarquia católica na Inglaterra, Holanda e Escócia; a condenação das doutrinas galicanas; a definição solene, a 08 de dezembro de 1854, do dogma da Imaculada Conceição; o envio de missionários ao Pólo Norte, Índia, Birmânia, China e Japão; a criação de um Dicastério para as questões relativas aos orientais; a promulgação do "Syllabus errorum", no qual condenou os erros do Modernismo; a celebração, com particular solenidade, do 18º centenário do martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo; a celebração do Concílio Ecumênico Vaticano I , ápice do seu pontificado, iniciado em 1869 e concluído em 1870.

Com a queda de Roma, em 20 de setembro de 1870, e o fim do poder temporal, Pio IX encerrou-se no Vaticano, por se considerar prisioneiro. No dia 07 de fevereiro de 1878, com a sua piedosa morte, chegou ao fim o pontificado mais longo, e um dos mais difíceis da História da Igreja. Pio IX foi um grande Papa, certamente um dos maiores, cumpriu sua missão de "Vigário de Cristo", responsável dos direitos de Deus e da Igreja, foi sempre claro e direto: soube unir firmeza e compreensão, fidelidade e abertura. Com a comprovação de inúmeras graças por intercessão do Papa Pio IX, Giovanni Maria Mastai Ferretti, foi beatificado no ano 2000 pelo Papa João Paulo II, em Roma.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

domingo, 6 de fevereiro de 2022

“CREIO, SENHOR!”

Santíssimo Sacramento | ACI Digital

 “CREIO, SENHOR!” 

         Jesus é o primeiro a garantir-me a Sua presença no Sacrário; e as Suas palavras são tão sublimes, singulares, peremptórias, que só podem ter sido pronunciadas por Quem é a Verdade e a Onipotência. Um louco não teria podido exprimir-se como Ele: por mais desequilibrado que fosse, ele só poderia fazer uso dos elementos do seu delírio, apenas daquilo que se costuma pensar e dizer no mundo. Mas no mundo, quem alguma vez teria podido imaginar o oferecer carne e sangue do seu próprio corpo, a fim de conquistar para os outros a vida eterna? E assegurar-lhe a ressurreição?

 

         Em Cafarnaum, alguns ouviram as Suas palavras com horror, e muito dos Seus próprios discípulos chegaram mesmo a abandoná-Lo, absolutamente desiludidos por um Mestre que já não compreendiam.

         Mas Jesus insiste, fala a sério, e as Suas respostas a tantas insistências dos presentes fazem-se ou dão-se de forma a cada vez mais deixarem os Seus ouvintes apavorados: Ele não hesita em apresentar-Se a Si e à Sua missão, como ninguém alguma vez o poderia ter imaginado. As Suas afirmações, de fato, instam ou avançam num crescendo que faz cada vez mais entrever a mais oculta verdade do seu mistério.

 

         De um modo bem diferente de tudo quanto tinha acontecido no deserto por meio de Moisés, o PAI, n’Ele, dá o verdadeiro Pão do Céu. É Pão de Deus, é Aquele que desce do Céu e dá a vida ao mundo: Ele é o Pão da Vida. Quem O acolhe não mais tem fome e quem acredita n’Ele, não mais tem sede. Os pais, que comeram o maná, morreram; mas quem se alimenta d’Ele viverá eternamente.

 

         A partir deste momento, o discurso toma o rumo ou sentido mais surpreendente. Compreende-se que Ele, Verbo de Verdade, alimenta e sacia por Si Mesmo a inteligência humana; como é fácil de compreender que a Verdade é comparada ao pão, como fundamental elemento alimentício do homem.

 

         Mas Jesus, além disso, insinua que n’Ele o Verbo Se fez carne, assumindo a natureza humana...; que a Sua carne é destinada a ser sacrificada pela salvação do mundo...; carne, a Sua, oferecida a todos sob as aparências do pão; pão que o homem deve comer, para ser assimilado a Cristo e , por Seu intermédio, viver da Sua Verdade: aquela que procura e dá a Vida ou Bem-Aventurança Eterna.

         E, então, quem não come a carne do Filho do Homem e não bebe o Seu Sangue, não pode ter a vida em si; quem, pelo contrário, acolhe o Seu convite, tem o privilégio de estar em Cristo e de ter em si Cristo, sim, de viver por toda a eternidade.

 

         Linguagem dura, motivo de escândalo? Apenas o é para quem não tem em si a Luz do Espírito, apavorado como está com a recordação da carne lançada como simples pasto aos animais ou consumida por antropófagos...; enquanto afinal se trata de uma realidade que oferece aos sentidos nada mais que as propriedades do pão, mesmo se apenas pão – quanto ao seu ser em si – se torna o Corpo de Cristo, ou seja, a natureza humana, assumida pelo Verbo, único e divino Caminho para o Pai. Precisamente o Pai que revela o mistério do Filho, feito carne, feito pão, feito vida do mundo.

 

         O discurso que se realizou na sinagoga de Cafrnaum, não podia dizer mais, como solene anúncio do maior e mais supremo dos prodígios, realizado na Última Ceia.

 

         O relato dos Sinópticos, integrado na catequese de São Paulo aos Coríntios, descreve a cena que se realizou naquela noite no Cenáculo com uma sobriedade que leva a supor nos comensais um certo conhecimento do evento: nenhum deles pede ao Mestre que explique esse Seu misterioso modo de Se exprimir. Declarando que o Pão é o Seu Corpo e que o vinho é o Seu Sangue, Jesus não faz senão retomar e concluir o discurso feito em Cafarnaum... Os Apóstolos tinham-Lhe permanecido fiéis e tinham acreditado n’Ele; e, agora, esperavam d’Ele algo de insolitamente grande.

 

         Precisamente isto: a Sua palavra criadora transforma inteiramente o pão no Seu Corpo.  O adjetivo demonstrativo “isto” refere-se a tudo quanto caía ou entrava no domínio dos sentidos dos Apóstolos, ou seja, às qualidades sensíveis que indicam a realidade substancial do pão. Ora, o verbo ser conjugado no presente revela que uma nova substância toma o seu lugar, sem anular essas qualidades, que continuam a ser o “o sinal” natural de um outro Pão: o Corpo de Cristo.

 

         Tudo fez excluir que o verbo ser possa entender-se em sentido metafísico, se atribuído ao Corpo: nessa solene vigília da morte, Jesus não poderia permitir-Se a Si Mesmo linguagem figurada, dirigindo-Se a homens rudes, incultos, a quem noutras circunstancias tinha sentido o dever de explicar o sentido das parábolas... Poderiam eles agradecer, como supremo dom do seu Mestre um vazio símbolo do Seu Corpo?

 

         Serão os seus fiéis, amanhã, a descobrir de que modo o pão pode parecer pão, apenas porque conserva as qualidades naturais que o tornam capaz de se comer...; e o Corpo, embora sendo rivalíssimo quando à sua substância, não apresenta nada daquilo que o tornaria repugnante aos sentidos. Os Apóstolos, entretanto, não teriam posto qualquer problema. Acreditaram na palavra do Mestre, e a Igreja seguiu a esteira da sua tradição, evitando os dois excessos do realismo grosseiro e ingênuo e do simbolismo gnóstico.

         Ele está verdadeiramente presente, mas sob espécies que não são Suas: são precisamente as mais adequadas para fazer-Se comer com toda a avidez do amor.

Fonte: www.obradoespiritosanto.com

O Papa aos prefeitos: os pobres são a riqueza de uma cidade

O Papa com os prefeitos italianos | Vatican News

O precioso trabalho das instituições municipais ao lado do povo neste tempo de pandemia foi o ponto de partida para o Papa Francisco incentivar os prefeitos a ouvirem sempre o povo, a interessarem-se pelas periferias, criar empregos e favorecer o diálogo entre as diferentes realidades sociais e culturais.

Tiziana Campisi/Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência neste sábado (05/02), na Sala Clementina, no Vaticano, a Associação Nacional de Municípios Italianos, para um momento de reflexão sobre seu serviço de defesa e promoção do bem comum nas cidades e comunidades que administram. O encontro foi uma ocasião para Francisco agradecer a todos os prefeitos por seu trabalho nestes dois anos de pandemia.

Ao lado dos cidadãos com redes solidárias

O Pontífice reconheceu a complexidade da tarefa para a qual os prefeitos são chamados: estar perto das pessoas a serviço do bem comum, mas ao mesmo tempo sentir "a solidão da responsabilidade". Ele observou que muitas vezes "a democracia se reduz a delegar com voto, esquecendo o princípio da participação, essencial para que uma cidade seja bem administrada". Pretende-se "que os prefeitos tenham a solução para todos os problemas", que "não se resolvem apenas recorrendo aos recursos financeiros". O Papa sublinhou a importância de contar com a presença de redes de solidariedade.

A pandemia fez emergir muitas fragilidades, mas também a generosidade de voluntários, vizinhos, agentes de saúde e administradores que se esforçaram para aliviar o sofrimento e a solidão dos pobres e idosos. Esta rede de relações solidárias é uma riqueza que deve ser preservada e fortalecida.

O olhar diversificado para as necessidades

Francisco citou três palavras de incentivo aos prefeitos: paternidade ou maternidade, periferias e paz. Ele destacou, em primeiro lugar, que "o serviço ao bem comum é uma alta caridade, comparável à dos pais numa família" e disse que "mesmo numa cidade, diferentes situações devem ser respondidas com atenção diversificada", escutando os problemas das pessoas e tentando “entender as prioridades sobre as quais intervir, sem focar na necessidade de financiamentos adequados.

Na realidade, precisamos também de um projeto de convivência civil e de cidadania: precisamos investir na beleza onde há mais degradação, na educação onde reina o mal-estar social, em lugares de agregação social onde se observam reações violentas, na formação para a legalidade onde reina a corrupção. Saber sonhar com uma cidade melhor e compartilhar o sonho com os outros administradores locais, com os membros eleitos do conselho municipal e com todos os cidadãos de boa vontade é um índice de cuidado social.

Atenção para as periferias

A seguir, o olhar do Papa se voltou para as periferias. Francisco destacou sua centralidade evangélica, lembrando que Jesus nasceu num estábulo em Belém e morreu fora dos muros de Jerusalém no Calvário. E se os prefeitos muitas vezes se encontram com "periferias degradadas, onde o descaso social gera violência e formas de exclusão", iniciar das periferias, de onde se vê melhor o todo, e "não significa excluir alguém", mas "iniciar dos pobres para servir o bem de todos".

Não existe cidade sem os pobres. Eu acrescentaria que os pobres são a riqueza de uma cidade. Isto pode parecer cínico para alguns: não, não é assim. Os pobres nos lembram as nossas fragilidades e que precisamos uns dos outros. Eles nos chamam à solidariedade, que é um valor cardinal da doutrina social da Igreja, particularmente desenvolvido por São João Paulo II.

Trabalho "unção de dignidade"

Em seguida, o Papa citou o que emergiu em tempos de pandemia: "solidão e conflitos dentro dos lares", "o drama de quem teve que fechar sua atividade econômica, o isolamento dos idosos, a depressão de adolescentes e jovens, o aumento de suicídios, desigualdades sociais que favoreceram aqueles que já desfrutavam de boas condições econômicas, as fadigas das famílias que não chegam ao final do mês”, o risco de acabar nas mãos de agiotas. O Papa convidou os prefeitos a ajudarem as periferias para que se transformem "em laboratórios de uma economia e uma sociedade diferentes". "Não basta dar um pacote de comida", ressaltou Francisco. A dignidade dos necessitados exige um trabalho, “um projeto em que cada um seja valorizado pelo que pode oferecer aos outros, pois o trabalho” é uma unção de dignidade”.

Política, academia de diálogo entre culturas

"Há uma tarefa histórica que envolve a todos", observou o Pontífice: "Criar um tecido comum de valores que leve a desarmar as tensões entre diferenças culturais e sociais", disse ainda Francisco, indicando aos prefeitos que a política "pode ​​ser uma academia de diálogo entre as culturas", e que "a paz não é a ausência de conflito, mas a capacidade de fazê-lo evoluir para uma nova forma de encontro e convivência com o outro". Para Francisco, é possível enfrentar um conflito antes de tudo aceitando-o, resolvendo-o e transformando-o "no elo de um novo processo".

A paz social é fruto da capacidade de colocar em comum vocações, competências e recursos. É fundamental favorecer a iniciativa e a criatividade das pessoas, para que possam tecer relações significativas dentro dos bairros. Muitas pequenas responsabilidades são a premissa de uma pacificação concreta que se constrói diariamente.

No contexto das relações entre os vários órgãos institucionais, o Papa recordou "o princípio da subsidiariedade, que valoriza os entes intermediários e não mortifica a livre iniciativa pessoal".

O ensinamento de São João Crisóstomo

Ao final de seu discurso, Francisco encorajou os prefeitos a "ficarem perto do povo", vencendo a tentação de fugir das responsabilidades diante das quais São João Crisóstomo "exortou a gastar-se pelos outros, em vez de permanecer nas montanhas a olhá-los com indiferença". “Um ensinamento a ser guardado”, concluiu o Papa, sobretudo quando há desânimo e desilusão.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O ódio dos adolescentes pelos pais

CarlosDavid | Shutterstock
Por Mar Dorrio

Chega um dia em que aquele menininho ou menininha que você viu crescer e te abraçar se volta contra você. Como agir?

Nas revistas que dizem nos preparar para ter filhos, ninguém fala disso. Trata-se daquele ódio que entra sorrateiramente em sua casa. Um ódio que acampa na sua vida. Ele se instala em sua casa, sem licença, sem permissão, sem que você o tenha procurado.

Isso geralmente acontece quando seus filhos crescem e você tem que protegê-los de si mesmos: de suas más decisões, de suas ações desajeitadas, de seus objetivos inviáveis etc. Quando você tem de protegê-los de erros que os deixariam com grandes cicatrizes. É quando aquele sentimento se instala, quando o ódio chega.

De repente, aquele menino(a) que você viu crescer, que teve tantas noites de um sono tranquilo na casa que você estruturou para ele, começa o confronto. Ao invés de ver a casa da família como um local de proteção, passam a vê-la como uma prisão.

Seus maiores sinais de amor

Você já percebeu que ele(a) não apenas derrama sua raiva nas quatro paredes da sua casa. Mas passa a rejeitar seu abraço, seus conselhos e, acima de tudo, seus maiores sinais de amor: suas proibições. E então você entende o quão ligados estão o ódio e a paternidade/maternidade.

Aleteia

Somente um pai ou mãe pode aceitar o ódio que seu filho(a) professa contra eles como um pequeno preço para mantê-lo(a) seguro(a). Nós os amamos, e é por isso que queremos o bem deles, embora o efeito colateral do tratamento para alcançar esse bem seja receber seu ódio.

Não é fácil

Dói, dói muito. Que ninguém pense que é fácil, que ninguém pense que esse ódio não arrasa um pai e uma mãe por dentro. Mas o amor, quando é Amor com letra maiúscula, dá um passo à frente e diz, do fundo daquele coração partido: pode se revoltar contra mim, mas eu continuarei aqui para orientá-lo(a).

Tudo isso, em algum momento, acontece em muitas famílias, seja qual for o tipo. Mas chega a ocorrer com mais virulência em famílias que sabem que o bem, a melhor versão da vida de seus filhos, anda de mãos dadas com o exemplo de Jesus.

Acima de tudo, estamos em uma sociedade que aperta a mão do próprio diabo, o enganador. Assim, seu filho(a) encontrará amizades que o confortarão com o estilo vivido em casa.

Se a tempestade for grande, pode parecer uma batalha perdida. Mas o mesmo desânimo que leva esta sociedade pela mão na direção oposta dos planos de Deus, é aquele que quer que você afunde no poço do desespero. Então, o que podemos fazer?

Ferramentas infalíveis

Primeiro, quero lembrar que, nesta batalha, temos duas ferramentas infalíveis, que seu filho(a), embora não queira reconhecê-las, sente em seu coração: amor e afeto.

ZŁOTY TRON KAROLA WIELKIEGO
fot. materiały wydawnictwa

– Reze pedindo a Deus que a dor não invada tudo dentro de você. O tempo diário de oração fará com que você possa construir pontes sem ceder ao que é importante. Se você estiver nessa situação de dificuldade grave, terá que rezar mais do que nunca.

– Os exorcistas nos dizem que os demônios são preguiçosos. Dificulte. Reze diariamente o Santo Rosário pelo seu filho(a), ore pelas pessoas que o(a) distanciam de você e de seus conselhos.

– Ofereça seu sofrimento pela sua família. Não se esqueça de meditar sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

– Espere pacientemente. A graça tem seus tempos. E lembre-se de que, não importa o quão ruim vejamos as coisas, a batalha foi vencida: só temos que perseverar.

Confiando-nos à Virgem Santíssima e a Santa Mônica, trilharemos cada vez mais os caminhos de Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

V Domingo do Tempo Comum - Ano C

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

Palavra do Pastor

Dom Paulo Cezar Costa

Arcebispo de Brasília

Afasta-te de mim, Senhor, porque sou pecador

A Palavra de Deus, neste domingo, coloca diante de nós a vocação de Isaías (Is 6, 1-2. 3-8), a vocação de Pedro (Lc 5, 1-11) e o credo primitivo sobre a ressurreição (1Cor 15, 1-11). Nas duas narrativas de vocação estão a consciência da situação humana diante da grandeza do mistério de Deus. É a experiência que o homem bíblico tem diante do mistério de Deus, mistério transcendente e glorioso, tremendum et fascinans. Tremendo porque é santidade, absoluta superioridade e inacessibilidade.  Fascinante porque o mistério atrai e a criatura humana sente a necessidade de aproximar-se. (M. GRILLI, Sulla via dell`Incontro, 61). Mas o Deus que Se revela no Antigo Testamento e em Jesus de Nazaré vai além, pois é Ele quem desce e vem ao encontro da criatura humana. É Ele mesmo que, em Jesus de Nazaré, torna-Se um de nós, que Se aproxima dos mais perdidos da sociedade para salvar-nos. Deus rompe a oposição entre Sua glória e santidade e o pecado humano, vindo Ele mesmo ao encontro do homem para salvá-lo e o libertar.

Isaías, no templo, faz uma profunda experiência da beleza do mistério de Deus. A beleza de Deus fascina o ser humano. Ela, num primeiro momento causa medo, mas, ao mesmo tempo, fascina o coração, pois o ser humano foi criado para a beleza. E a beleza de Deus não elimina a feiúra da vida humana, mas a salva, pois a acolhe, a encontra lá onde ela está. A beleza de Deus é a beleza do amor, que só pode amar. O amor não pode deixar de amar.

Pedro faz a mesma experiência.  Já tinha trabalhado a noite inteira. Agora há uma Palavra nova: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”. Tinham trabalhado a noite inteira e não tinham apanhado nada. Mas em atenção à Palavra de Jesus, lançam as redes. Apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Somos sempre convidados a pescar com Jesus, obedecendo à Palavra de Jesus. Quando fazemos as coisas humanamente, às vezes nos deparamos com o insucesso. Mas quando escutamos a Palavra de Jesus e fazemos obedecendo à Sua palavra, a pesca será sempre abundante. Assim deve ser na vida da Igreja, na caminhada de nossas comunidades e também na nossa vida pessoal: fazer sempre ouvindo e obedecendo a Palavra de Jesus, fazer com Jesus no nosso barco.

Depois do sucesso da pesca, diante daquilo que o Senhor fizera, Pedro se dá conta da sua realidade de ser um homem pecador: “Senhor afasta-te de mim, porque sou um pecador”. Isaías tem a mesma experiência no templo: “… sou apenas um homem de lábios impuros”. Mas Jesus quer transformar aquele pescador de peixes em pescador de homens: “Não tenhas medo! De agora em diante serás pescador de homens”.  Pedro, entretanto, deve vencer o medo. O medo é aquilo que nos aprisiona e nos impede de perceber que Aquele que nos chama vence a nossa incapacidade, a nossa limitação, o nosso pecado. Quando ficamos olhando demasiadamente para nós mesmos, para a argila da qual somos feitos, deixamos de realizar grandes coisas, pois a confiança é colocada nas nossas pobres forças que são incapazes, não no poder da graça de Deus que, mesmo com instrumentos inadequados, realiza grandes obras.

Que a força da ressurreição, que os discípulos experimentaram (1 Cor 15, 3-8), ajude-nos a perceber que Deus quer vencer também as nossas mortes e os nossos pecados, transformando-os em vida, em ressurreição.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Antonio Cardoso em: a Canção e a Prece – "A Barca”

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Antônio Cardoso em: a Canção e a Prece. O cantor, compositor e catequista está presente no Programa Brasileiro da Rádio Vaticano todos os domingos com o espaço especial intitulado "A Canção e a Prece". No programa de hoje: assumir uma vocação...

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https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2022/02/04/13/136418109_F136418109.mp3

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF