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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Descoberto local do martírio de São João Batista na Jordânia

A descoberta arqueológica de Machareus | Vatican News

O palácio-fortaleza de Herodes Antipas foi identificado e reconstruído. O sítio da prisão e da decapitação de São João Batista é o foco de um projeto de estudo de vinte anos liderado pelo arqueólogo Győző Vörös. No dia 1° de fevereiro o acadêmico recebeu a Medalha de Ouro do Pontificado das Pontifícias Academias.

Paolo Ondarza e Christopher Wells – Vatican News

Ressurgiu da terra, inacreditavelmente: é o local da prisão e do martírio de São João Batista, encontra-se no Palácio-fortaleza do rei Herodes Antipas localizada na colina de Macheronte ao leste do Mar Morto na Jordânia atual.

Medalha de Ouro do Pontificado

A reconstrução do antigo sítio bíblico de Machaerus fez com que o Professor Győző Vörös - arqueólogo e arquiteto, membro da Academia Húngara de Artes - recebesse a Medalha de Ouro 2020 do Pontificado da Pontifícia Academia Romana de Arqueologia e da Pontifícia Academia Cultorum Martyrum. O prestigioso reconhecimento foi concedido ao projeto "As escavações arqueológicas de Machaerus", documentado em três volumes publicados pelas Edições Terra Santa.

A entrega da medalha a Győző Vörös | Vatican News

O Palácio perdido

"Incrível, quase milagroso". É assim que o Professor Vörös descreve a descoberta do sítio arqueológico Macheronte, um testemunho encapsulado de uma época histórica da qual nenhum outro vestígio tinha sido encontrado até agora. O local onde se encontrava o palácio, de fato, tinha desaparecido após a destruição pelos romanos no final da Primeira Revolta Judaica em 71/72 d.C. Em 1968, o estudioso alemão August Strobel descobriu os restos de um muro erguido pelas legiões romanas e formulou a hipótese de que a antiga cidade herodiana se encontrava no local.

A reconstrução da fortaleza de Macheronte | Vatican News

Um projeto de 20 anos

Desde então têm sido realizados estudos significativos. Entre eles, os conduzidos pelos arqueólogos franciscanos Virginio Canio Corbo e Michele Piccirillo, que faleceram sem publicar nada. Depois de um desejo expresso durante a viagem apostólica do Papa Bento XVI à Jordânia, em 2009 o Departamento Real de Antiguidades de Amã confiou a Győző Vörös um estudo de 20 anos sobre o sítio arqueológico. O projeto foi realizado em estreita colaboração científica com o Jerusalem Studium Biblicum Franciscanum, a École biblique et archéologique française de Jérusalem e o Cobb Institute of Archaeology da Universidade Estadual do Mississippi.

Os cem mil fragmentos

Mais de cem mil elementos arquitetônicos foram remontados como em um mosaico e permitiram ao arqueólogo devolver à humanidade a reconstrução gráfica de um sítio rico de significado e atração pela história e pela fé.

A reconstrução da fortaleza de Macheronte | Vatican News

Um presente de Deus para o século XXI

“Macheronte", declara, "é um presente que Deus Todo-Poderoso ao século XXI. Somos capazes de reconstruir arquitetonicamente o interior de um lugar, o palácio herodiano, descrito no Evangelho. Hoje podemos dar às novas gerações uma imagem fiel do que os textos sagrados nos dizem: não uma ilustração bíblica, baseada na imaginação ou na fantasia, mas um documento histórico. Este é o coração e o sentido da missão da arqueologia".

Terra Santa, quinto Evangelho

"Como disse o Papa Francisco", continua Győző Vörös, "a Terra Santa é o quinto Evangelho que nos ajuda a entender os quatro primeiros. Em Macheronte, do grego makhaira, que significa espada, estamos diante do Gólgota de João Batista, 'precursor' com seu martírio, do Calvário, do sacrifício de Cristo". O evento é narrado pelos evangelistas Marcos e Mateus: um fato histórico que foi confirmado no século I dentro das narrações de Antiquitates Judaicae do historiador judeu Josephus Flavius e, 250 anos depois, na História Eclesiástica de Eusébio de Cesareia.

Profecia e martírio

Dentro do palácio estava sendo realizado um banquete durante o qual a princesa Salomé dançou para Herodes e lhe pedia, ilegitimamente casado com sua mãe Herodíades, a cabeça de João Batista. Desconfortável por ter falado a verdade sobre o adultério do rei e odiado por Herodíades por isso, João foi preso e depois decapitado na fortaleza de Macheronte.

História e fé

Com a dupla emoção de estudioso e crente, Győző Vörös diz estar particularmente feliz porque, nas vésperas dos dois mil anos do martírio de João Batista, que ocorreu entre 28 e 29 d.C., Macheronte tenha descoberto sua localização geográfica no mapa da Terra Santa.

Macheronte no mapa da Terra Santa | Vatican News

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Nunca vi atrás de um carro fúnebre um caminhão de mudanças, diz o papa

Papa Francisco / Vatican Media

Vaticano, 09 fev. 22 / 09:47 am (ACI).- “Nunca vi atrás de um carro fúnebre um caminhão de mudanças! Não tem sentido acumular se um dia morreremos. O que precisamos acumular é caridade, a capacidade de partilhar, a capacidade de não ficar indiferentes às necessidades dos demais”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje, 9 de fevereiro.

“Para que serve discutir com um irmão, uma irmã, um amigo, um membro da família, ou um irmão ou irmã na fé, se um dia morreremos?  Para que serve enraivecer-se, zangar-se com os outros? Perante a morte, tantas questões são redimensionadas. É bom morrer reconciliado, sem deixar ressentimentos e sem arrependimentos!”, disse o papa na catequese.

Francisco falou da carta do papa emérito Bento XVI sobre o relatório sobre os abusos na arquidiocese de Munique e Freising na qual escreveu "ser cristão me dá o conhecimento e, mais ainda, a amizade com o juiz da minha vida e me permite atravessar com confiança a porta escura da morte”. Segundo Francisco, é um “bom conselho” que Bento XVI aos 95 anos deu ao dizer: “Estou diante da obscuridade da morte”.

“Gostaria de dizer uma verdade: todos nós estamos a caminho rumo àquela porta, todos. O Evangelho diz-nos que a morte vem como um ladrão, assim diz Jesus: chega como um ladrão, e por muito que procuremos manter a sua chegada sob controle, talvez mesmo planejando a própria morte, ela continua a ser um acontecimento com o qual temos de nos confrontar e perante o qual também temos de fazer escolhas”, acrescentou o papa Francisco.

Francisco explicou o ensinamento do Catecismo da Igreja Católica que descreve que "não podemos evitar a morte, e é precisamente por esta razão que, depois de ter feito tudo o que era humanamente possível para curar a pessoa doente, é imoral envolver-se numa obstinação terapêutica”.

O papa também se referiu "à qualidade da própria morte, da dor, do sofrimento" e encorajou a "estar gratos por toda a ajuda que a medicina procura dar, para que através das chamadas ‘curas paliativas’, cada pessoa que se está a preparar para viver a última parte da sua vida o possa fazer da forma mais humana possível”.

Em seguida, Francisco disse que “devemos ter o cuidado de não confundir esta ajuda com desvios inaceitáveis que levam a matar” porque “devemos acompanhar as pessoas até à morte, mas não provocar a morte nem ajudar qualquer forma de suicídio”.

“O direito a cuidados e tratamentos para todos deve ser sempre uma prioridade, de modo a que os mais débeis, particularmente os idosos e os doentes, nunca sejam descartados. A vida é um direito, não a morte, que deve ser acolhida, não administrada. E este princípio ético diz respeito a todos, e não apenas aos cristãos ou crentes", disse o papa.

Da mesma forma, Francisco rezou pelas pessoas que "perderam entes queridos sem poderem estar ao lado deles, e isto tornou a morte ainda mais difícil de aceitar e de elaborar".

Em seguida, o papa encorajou a não ter medo da morte e a lembrar que “há uma certeza: Cristo ressuscitou, Cristo ressurgiu, Cristo está vivo no meio de nós. E esta é a luz que nos espera por detrás da porta obscura da morte”.

“Prezados irmãos e irmãs, é apenas através da fé na ressurreição que podemos olhar para o abismo da morte sem nos deixarmos dominar pelo medo. Não só: mas também podemos atribuir à morte um papel positivo. De facto, pensar na morte, iluminada pelo mistério de Cristo, ajuda-nos a olhar para toda a vida com olhos novos”, afirmou o papa.

O papa convidou a rezar a são José para que " ajude a viver o mistério da morte da melhor maneira possível. Para um cristão, a boa morte é uma experiência da misericórdia de Deus, que se aproxima de nós, até naquele último momento da nossa vida”.

O papa concluiu sua catequese recitando a oração da Ave-Maria, para pedir a Nossa Senhora “para estar perto de nós na hora da nossa morte” e pedir em particular “pelos moribundos, por quantos estão a viver este momento de passagem por aquela porta obscura, e pelos familiares que estão a viver o luto".

Nossa Senhora de Lourdes

O papa recordou que no próximo dia 11 de fevereiro a Igreja Católica celebra a memória de Nossa Senhora de Lourdes e encorajou cada um a “imitar a Virgem Santa em sua plena disponibilidade à vontade divina”.

"Que seu exemplo e sua intercessão sejam um incentivo para fortalecer seu testemunho do Evangelho", pediu.

Paz na Ucrânia

Por fim, o papa Francisco agradeceu a "a todas as pessoas e comunidades que a 26 de janeiro se uniram em oração pela paz na Ucrânia".

“Continuemos a implorar o Deus da paz, a fim de que tensões e ameaças de guerra possam ser superadas através de um diálogo sério, e para que a esta finalidade possam contribuir também os colóquios no “Formato Normandia”. Não esqueçamos: a guerra é uma loucura!”, concluiu o papa.

Fonte: https://www.acidigital.com/

São Miguel Febres Cordero Munhoz

S. Miguel Febres Cordero Munhoz | arquisp
09 de fevereiro

São Miguel Febres Cordero Munhoz

Miguel Febres Cordero Munhoz nasceu em Cuenca, Equador, em 7 de novembro de 1854, foi filho de um professor universitário e seu avô foi um general do exército, venerado como herói nacional. Aos cinco anos de idade, Nossa Senhora lhe apareceu durante um sonho e desde então decidiu que seria um sacerdote. Três anos depois, sentiu novamente a presença da Virgem Maria quando foi protegido milagrosamente de ser morto por um touro selvagem.

Aos nove anos ingressou no colégio da congregação dos Irmãos da Escola Cristãs de la Sale, que chegara recentemente ao Equador. Quatro anos mais tarde, se juntou aos irmãos iniciando seu noviciado, com a benção dos seus pais, que de imediato fizeram oposição. Tornou-se um sacerdote educador famoso, dotado de notável inteligência. Aos dezessete anos publicou seu primeiro livro pedagógico, que acabou sendo adotado pelo governo. Esta função considerada a mais nobre e rendosa missão para a Igreja e para a pátria, ele exerceu durante trinta e dois anos, na cidade de Quito.

Padre Miguel se firmou no meio intelectual como filósofo, pedagogo, teólogo e escritor de vários livros de gramática, manuais de geografia, história, religião e literatura. Foi eleito em 1892, membro da Academia Equatoriana da Língua, em seguida foi agraciado também pelas Academias da Espanha, França e Venezuela, chegando a trabalhar em Paris, Bélgica e Espanha.

Entre 1901 e 1904 foi diretor dos noviços de sua congregação, quando foi transferido para a Europa, onde trabalhou como tradutor para os Lassaristas em Paris e Bélgica. A partir de 1908, já com a saúde fragilizada por uma persistente pneumonia, foi enviado para uma escola perto de Barcelona, na Espanha. Continuou trabalhando, mas lentamente e cada vez mais debilitado acabou falecendo no dia 9 de fevereiro de 1910, na cidade Superior Del Estragar onde foi sepultado.

A fama de eminente santidade o acompanhou durante toda a vida e perdurou depois da sua morte. Vinte anos depois, durante a Revolução Espanhola, seus restos mortais foram transladados para o Equador, onde seu corpo incorrupto foi recebido com honras de herói nacional . Amado pelo povo, como tal, mas principalmente como modelo de religioso a ser seguido, foi enterrado em Quito, cidade em que passou maior parte de sua vida.

O seu culto se espalhou rapidamente e seu túmulo se tornou meta de peregrinação. Ele foi beatificado em 1977 e, mais tarde, canonizado pelo papa João Paulo II em 1984. O padre Miguel Febres Cordero Munhoz se tornou o primeiro Santo equatoriano.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Empresa de Elon Musk para chips no cérebro, Neuralink preocupa cientistas

TED Conference-CC
Por Francisco Vêneto

Há questionamentos sobre bioética, segurança, uso de dados e o próprio futuro dos chips implantados depois que os testes terminarem.

Cientistas manifestam preocupação com a Neuralink, empresa de Elon Musk para chips no cérebro. Segundo o megaempresário, que disputa com Jeff Bezos o título de homem mais rico do planeta na atualidade, os implantes cerebrais em voluntários humanos vão começar ainda este ano.

Entre as dúvidas já manifestadas explicitamente por cientistas, há questionamentos sobre bioética, segurança, uso de dados e o próprio futuro dos chips implantados depois que os testes terminarem.

promessa fundamental de Elon Musk para justificar a existência da Neuralink é ajudar no tratamento de pessoas com deficiências, particularmente as vitimadas pela paralisia: graças ao chip implantado no cérebro, elas poderiam, potencialmente, usar sua atividade neural para operar computadores e smartphones “com facilidade”. O bilionário já complementou que os microchips também ajudariam a tratar pessoas com autismo e com esquizofrenia.

Em janeiro de 2022, o jornal britânico The Times noticiou que a companhia criada pelo mesmo fundador da Tesla e da SpaceX está recrutando grandes talentos da medicina e da engenharia. Os testes da Neuralink em voluntários humanos teriam duração aproximada de três anos e consistiriam na implantação de microchips de inteligência artificial no crânio dos participantes. Caso o paciente não deseje mais utilizar o equipamento, que tem o “tamanho de uma moeda grande” e é conectado ao cérebro por fios ultrafinos, poderá “facilmente” removê-lo, segundo afirmações da empresa.

A Neuralink informou ainda que já realizou testes num macaco chamado Pager, que conseguiu mexer um cursor numa tela de computador graças ao uso do chip, e que teria “coletado dados” de uma porca chamada Gertrude, em cuja cabeça também havia sido implantado o chip.

Chips no cérebro: cientistas preocupados

De acordo com matéria do site The Daily Beast, a especialista em neuroética Laura Cabrera, da Universidade Estadual da Pensilvânia, questiona como serão removidos os implantes sem danificar o cérebro. “Se der errado, não temos a tecnologia para ‘explantá-los’”. Ela pergunta ainda qual é a vida útil do chip e se a Neuralink oferecerá atualizações posteriores aos participantes nos testes.

Karola Keritmair, professora de história médica e bioética na Universidade de Wisconsin-Madison, se preocupa com futuros dilemas comerciais dessa tecnologia: se o objetivo do implante é ajudar pessoas com deficiência, então se trata de um universo de usuários relativamente pequeno, em termos de viabilidade comercial. Se houver problemas de lucratividade e a empresa encerrar as atividades, o que acontece com quem implantou o chip?

No caso de se usar o chip para controlar outros dispositivos apenas com o cérebro, como, por exemplo, carros elétricos da própria Tesla, surge então o problema ético de usar pessoas com necessidades reais para o ganho comercial de terceiros, como observa L. Syd Johnson, do Centro de Bioética e Humanidades da Suny Upstate Medical University. Ele também se pergunta se os alegados objetivos terapêuticos da empresa são de fato viáveis ou não passam de “promessas irreais”, já que, a seu ver, a tecnologia está “longe de ter a capacidade” de curar a paralisia, por exemplo.

Outra pergunta recorrente entre os críticos da Neuralink diz respeito ao uso dos dados coletados a partir do cérebro dos usuários e o
que vai acontecer com esses dados em caso de aquisição da Neuralink, falência ou até invasão do dispositivo por hackers.

No geral os cientistas que se manifestaram com esses questionamentos afirmam que não são necessariamente contrários a essa tecnologia, mas sim cautelosos quanto a possíveis abusos e lacunas de segurança. De fato, o potencial desse tipo de implante para melhorar a vida de pessoas paralisadas é relevante – e a Neuralink não é a única empresa que está trabalhando em interfaces neurais. As implicações éticas, no entanto, não podem ser negligenciadas.

Empresas dispostas a reformular a biologia humana?

Dentro do que parece ser uma tendência de investidores bilionários a interferir na genética e nas funcionalidades naturais do corpo humano, o homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, também divulgou recentemente um investimento de 3 bilhões de dólares na startup Altos Labs, que anunciou o objetivo de desenvolver tecnologias para retardar drasticamente o envelhecimento e até mesmo “derrotar a morte”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Uma doença que afeta o corpo e a alma

Guadium Press
Esse mal espiritual age tirando o desejo de viver de quem não está sendo chamado para a morte.

Redação (06/02/2022 08:51Gaudium Press) Não podemos dizer que tudo caminhava bem, mas, ao menos, caminhava, até os primeiros meses do ano de 2020, quando o mundo foi surpreendido pela disseminação planetária de um vírus e tudo parou. Hospitais construídos às pressas, médicos, enfermeiros e outros profissionais da Saúde usando trajes semelhantes aos dos astronautas, UTIs lotadas, pessoas morrendo e sendo empilhadas, diante da incapacidade dos sistemas funerários de darem conta de todos os sepultamentos. Corpos sendo enterrados em valas comuns, sem flores, sem velas, sem exéquias, sem despedidas. E as pessoas aprisionadas dentro de suas casas.

Fábricas, comércio, igrejas, escolas, restaurantes, terminais rodoviários, estádios, aeroportos, tudo fechado. Farmácias e supermercados semiabertos para a venda dos artigos básicos e imprescindíveis. As poucas pessoas que precisavam sair de casa por algum motivo, com os rostos cobertos por máscaras, em muitos casos, eram paradas pela polícia, tendo que justificar aonde iam. E, ao chegar da rua, higienização do corpo, das roupas, dos calçados e de qualquer coisa que se trouxesse para dentro de casa.

Milhões de litros de álcool em gel circulando em pequenos frascos com preços escandalosos. Sim, porque sempre há os que se dão bem nas crises e, nesta, muitos se deram muito bem, desde a costureira do bairro, que se especializou em confeccionar máscaras, artigo que se tornou de primeira necessidade, até os fornecedores de remédios e de vacinas, cuja eficácia – de ambos – ainda é posta em dúvida. Isso, sem falar dos fornecedores de cilindros de oxigênio e de outros equipamentos hospitalares, e sem entrarmos na consideração dos muitos desvios de verbas, velados ou escancarados.

Sim, o mundo parou e a solidão nunca foi tão sentida na história da humanidade. Uma solidão que revelou que as pessoas já não sabem estar juntas, por isso, aumentou a violência doméstica, muitos casamentos acabaram, mães entraram em parafuso quando tiveram de conciliar trabalho em home office e os cuidados com os filhos, que, no cômputo geral, foram os que mais se beneficiaram, pois tiveram de volta um aconchego em muitos casos já esquecido.

Claro, da mesma maneira que muitos se afastaram, outros tantos conseguiram se reaproximar e resgatar relacionamentos desgastados pela falta de tempo e pela correria da vida. Famílias há, e não poucas, que reaprenderam a conviver e tiraram muito proveito disso. Outras tantas tiveram de lidar com as perdas e verem seus entes queridos indo embora, sem nem poderem se despedir.

Entramos na era das lives. Foram feitas lives de tudo, creio que até lives ensinando a fazer lives. Isso também foi bom, pois muita gente aprendeu coisas para as quais antes não tinha tempo, não conhecia direito ou nem sabia que existia.

E assim, passaram-se dois anos. Nunca o tempo pareceu tão lento e tão terrível. Vivemos sob o império do medo. Todos sabíamos que a economia não aguentaria tanto tempo e as pessoas, trancadas em suas casas, também não. Assim, aos poucos, os locais fechados foram reabrindo, as pessoas foram retornando ao trabalho, as crianças à escola, os fiéis aos templos e, claro, não demorou para se retomarem as festas.

Consequentemente, não demorou também para que a mensageira do inferno, que já foi AlfaBetaGamaDeltaLambda, travestida com um brilho fugaz, se transformasse em Ômicron e infectasse a quem quis, como quis e quando quis.

“Eu não sou”

Todas as barreiras foram derrubadas por essa insignificante coisa, que não podemos nem mesmo chamar de ser, pois não há entendimento na ciência sobre o vírus ser ou não um ser vivo, tanto é que ele não pertence ao reino animal e a nenhum outro que classifica os seres vivos. Assim ele é referido nos livros de Biologia: “os vírus estão no limiar entre a matéria bruta e os seres vivos, apresentando características de ambos os tipos. Não há consenso se devemos incluir os vírus nos seres vivos como um todo. Por isso, esses seres não são classificados de acordo com o padrão proposto por Lineu. Consequentemente, não possuem reino, filo, classe ou ordem.”

Dessa forma, apesar de tão poderosamente mutantes e destruidores, eles são algo que não chega a ser. Podemos dizer que, em oposição a Deus, o “Eu Sou”, os vírus estão no extremo oposto, o “eu não sou” e, disso, podemos tirar muitas conclusões…

Contudo, esse “não ser” deixa por onde passa – ultimamente passa por tudo e por todos – um terrível rastro de destruição. Quando ele afeta uma pessoa, ele afeta a muitas: a família, os vizinhos, o bairro, a cidade, o país, o globo. Com máscara ou sem máscara, festejando ou reclusos, trabalhando ou se escondendo do trabalho, já não se sabe quem pegou e quem não pegou a tal Covid. Os sintomas mudaram, enlanguesceram e se perderam na multidão de traços de uma gripe comum, de um mal-estar gastrointestinal passageiro e de uma dor na alma que ninguém sabe como explicar.

O que, de fato, essa coisa é capaz de fazer dentro dos organismos que visita, ninguém sabe ao certo e, repetimos, poucos há que ainda não receberam tão indesejado hóspede, mesmo que não tenham dado por isso.

Novo fenômeno psicológico

A ciência já classifica uma nova espécie de adoecimento, um fenômeno psicológico que foi batizado de languishing, termo cunhado pelo psicólogo e sociólogo americano Corey Keyes, cuja tradução literal seria “definhando”.

Alguns estudiosos classificam como a “quarta onda” da pandemia a esse transtorno que produz uma espécie de entorpecimento da vida, uma sensação de vazio, desânimo, apatia, falta de motivação. Não chega a ser uma depressão, embora possa encaminhar a pessoa acometida para tal. Trata-se mais de um fenômeno, uma sensação íntima, mas de aspecto coletivo, que entristece as pessoas de uma maneira diferente.

Uma lâmpada, quando acesa, ilumina tudo ao redor e, quando apagada, envolve igualmente a todos na escuridão. É esse o poder do coronavírus, o poder da escuridão. Matou a muitos, desempregou a muitos, faliu e desestabilizou a muitos, e agora, mesmo que já não nos adoeça com a força que tinha no princípio – embora ainda conserve o seu poder letal e ande provocando um bom número de mortes por aí –, esse “não ser” vai apagando a vontade de viver, não apenas daqueles que contraem fisicamente a doença em sua versão mais forte ou mais fraca, mas, de todos, de um modo geral.

A médica psiquiatra Christiane Ribeiro se referiu a esse novo transtorno que “não é tristeza, não é cansaço, não é depressão… É mais um desânimo, uma desmotivação, a sensação de carregar um peso invisível e constante, um coração apertado, respiração difícil e uma alma vazia em um corpo que luta para se reencontrar.”

Quantos de nós já experimentaram ou estão experimentando isso? Algo que não está restrito a classe social, não tem idade e nem estado civil: pobres, ricos, solteiros, casados, homens, mulheres, religiosos, leigos, jovens, idosos, pessoas cultas ou ignorantes, sem nem se dar conta, sem saber exatamente como se referir ao que sentem e, certamente, se não derem um nome melhor a essa coisa, sem nem mesmo saber pronunciar languishing, estão experimentando isso.

Vírus que afeta o corpo e a alma

Uma doença que afetou os corpos e agora está afetando as almas das pessoas, mesmo das que não adoeceram.

Um artigo recentemente publicado em uma revista de Psicologia sobre esse novo transtorno o define como “uma sensação que não passa, perdura dia após dia. É como se a pessoa estivesse no limbo, num estado de indecisão, incerteza, indefinição e nada a movesse para sair desse lugar. É viver o desalento e o desamparo.”

E não se trata de um esgotamento, pois as pessoas ainda apresentam energia, trabalham, tocam as suas vidas, mas se sentem sem alegria, sem objetivo, desmotivadas, estagnadas. É um problema de fundo de alma…

O mais preocupante é que, embora na hora da dor física ou da perda dos entes queridos para uma doença como a Covid, alguns se revoltem; muitos tentam se apegar a Deus, repensar as suas vidas, mas, com esse lado obscuro, que se esgueira entre as pessoas como um vulto, uma sombra quase imperceptível, e as envolve tão completamente, é mais difícil.

Muitas pessoas com quem conversei, algumas delas verdadeiramente cristãs e praticantes da religião, relataram a sensação de um abandono de Deus. Um “não ser”, algo que sequer possui vida e que só se reproduz dentro de outra vida, está tirando muito mais do que a saúde das pessoas, está tirando delas o poder da fé.

E isso, meus caros, é tremendamente mais perigoso do que algo que tira a vida de quem está desejando viver, porque esse mal espiritual age tirando o desejo de viver de quem não está sendo chamado para a morte.

Ainda não sabemos o que fazer, como agir e quando isso tudo vai acabar, mas, nessas horas, mesmo que nada pareça fazer sentido, é o momento em que devemos agarrar mais fortemente nas mãos de Maria e nas mãos de Jesus, porque tudo passa e isso também vai passar, porque o Senhor está no controle de tudo, o tempo todo.

Afonso Pessoa

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Batismos de padre americano que serviu 20 anos em Salvador são inválidos

Imagem ilustrativa / Vatican News

PHOENIX, 08 fev. 22 / 12:00 pm (ACI).- Um padre de Phoenix, Arizona, EUA, desculpou-se, pediu perdão e renunciou ao cargo de pároco após ficar estabelecido que os batizados que fez ao longo de duas décadas de serviço sacerdotal na diocese de Salvador (BA), na diocese de San Diego e na diocese de Phoenix.

Em uma carta de 14 de janeiro aos fiéis da diocese, o bispo Thomas Olmsted, de Phoenix, disse que a informação é “tão difícil de ouvir quanto é um desafio para mim anunciar”.

“É com sincera preocupação pastoral que informo aos fiéis que os batismos realizados pelo reverendo Andrés Arango, sacerdote da diocese de Phoenix, são inválidos”, disse.

Olmsted citou a nota doutrinária da Congregação para a Doutrina da Fé de 6 de agosto de 2020, que dizia que o batismo conferido com a fórmula “Nós vos batizamos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” é inválido. Arango usava essa fórmula.

“O problema de usar 'nós' é que não é a comunidade que batiza uma pessoa, mas sim Cristo, e somente Ele, que preside a todos os sacramentos, então é Cristo Jesus quem batiza”, explicou Olmsted.

“Não acredito que o padre Andrés tivesse qualquer intenção de prejudicar os fiéis ou privá-los da graça do batismo e dos sacramentos”, continuou o bispo. “Em nome de nossa Igreja local, também lamento sinceramente que esse erro tenha resultado na interrupção da vida sacramental de vários fiéis. É por isso que me comprometo a tomar todas as medidas necessárias para remediar a situação de todos os afetados”.

Arango é um ex-membro da Congregação de Jesus e Maria. Ele respondeu à notícia em sua própria carta, dizendo: “Me entristece saber que realizei batismos inválidos em todo o meu ministério como sacerdote usando regularmente uma fórmula incorreta. Lamento profundamente meu erro e como isso afetou muitas pessoas. Com a ajuda do Espírito Santo e em comunhão com a Diocese de Phoenix, dedicarei minha energia e ministério em tempo integral para ajudar a remediar isso e curar os afetados”.

“Peço sinceras desculpas por qualquer inconveniente que minhas ações tenham causado e peço genuinamente suas orações, perdão e compreensão”, disse Arango.

Arango serviu na Diocese de São Salvador da Bahia, no Brasil, no final da década de 1990. Depois atuou na Califórnia como diretor do Newman Center da San Diego State University de 2001 a 2005. Ele se mudou para a paróquia de São Jerônimo em Phoenix, Arizona, onde foi pároco de 2005 a 2013, segundo a diocese de Phoenix. Ele foi vigário paroquial em Sant’Ana em Gilbert, Arizona, de 2013 a 2015, depois vigário paroquial e depois pastor na paróquia de São Gregório em Phoenix de 2015 a 1º de fevereiro, quando renunciou.

A diocese de Phoenix publicou em seu site uma explicação e um formulário de contato para quem acredita ter sido afetado pela fórmula inválida de batismo usada pelo padre. Quem não tem certeza de qual padre estava envolvido em um batismo devem olhar em sua certidão de batismo. Fotos ou vídeos de um batismo também podem ajudar a determinar quem era o sacerdote administrador. Se alguma dessas evidências estiver faltando, uma pessoa deve entrar em contato com sua paróquia para obter ajuda.

“Se você foi batizado usando as palavras erradas, isso significa que seu batismo é inválido e você não é batizado. Você precisará ser batizado”, informou a diocese de Phoenix. Qualquer pessoa que tenha conhecimento de um padre ou diácono usando uma fórmula batismal inválida na diocese deve entrar em contato com os funcionários diocesanos. Um batismo inválido invalidaria o sacramento da confirmação e da ordem, para a pessoa que tentou receber esses sacramentos. Aqueles que não são validamente batizados não devem receber a Sagrada Comunhão até que sejam batizados. Não há “uma única resposta clara” sobre se a falta de um batismo válido afetaria o matrimônio, e aqueles cujos casamentos poderiam ser afetados dessa maneira devem entrar em contato com o tribunal diocesano.

A diocese de Phoenix disse que Arango “não se desqualificou” de seu ministério e ainda está em boas condições.

“A diocese está trabalhando em estreita colaboração com o padre Andrés e as paróquias nas quais ele foi designado anteriormente para notificar qualquer pessoa que possa ter sido batizada inválida. Padre Andrés dedicará seu tempo a ajudar e curar os afetados”, disse a diocese em seu site.

A carta de Olmsted pediu orações pelo padre e “por todos aqueles que sofrerem os impactos por essa situação infeliz”.

“Prometo trabalhar diligente e rapidamente para trazer a paz àqueles que foram afetados, e garanto que eu e nossa equipe diocesana estamos comprometidos de todo o coração em ajudar aqueles que têm dúvidas sobre a recepção dos sacramentos”, disse o bispo.

Olmsted observou seu próprio dever de ser “vigilante” na supervisão da celebração dos sacramentos e garantir que eles sejam “conferidos de maneira que esteja de acordo com os mandamentos de Jesus Cristo no Evangelho e os requisitos da tradição sagrada”.

“Pode parecer legalismo, mas as palavras que são ditas (a forma sacramental), junto com as ações que são realizadas e os materiais usados ​​(a matéria sacramental) são um aspecto crucial de todo sacramento”, disse a diocese. Assim como um sacerdote não pode substituir o vinho durante a consagração da Eucaristia, não pode mudar as palavras do batismo ou de qualquer outro sacramento.

“O batismo é um requisito para a salvação”, disse a diocese de Phoenix, relatando a instituição do sacramento de Cristo e o Catecismo da Igreja Católica.

Ao mesmo tempo, a diocese procurou explicar que a graça de Deus ainda pode funcionar se os sacramentos não forem administrados validamente.

“É importante notar que, embora Deus tenha instituído os sacramentos para nós, Ele não está vinculado a eles”, disse a diocese, reiterando a teologia sacramental católica. “Embora sejam nosso acesso mais seguro à graça, Deus pode conceder Sua graça de maneiras conhecidas apenas por Ele.”

Os católicos podem ter certeza de que Deus trabalha por meio dos sacramentos quando conferidos adequadamente, mas “podemos ter certeza de que todos os que se aproximaram de Deus, nosso Pai, de boa fé para receber os sacramentos, não saíram de mãos vazias”, disse a diocese.

A falha em batizar validamente causou grandes problemas para um homem de Oklahoma que pensava ter sido ordenado padre católico. Ele assistiu a um vídeo de seu batismo infantil e descobriu que havia sido batizado de forma inválida por um diácono do Texas que usava a fórmula “nós batizamos”. O homem foi posteriormente batizado, confirmado, recebeu a primeira comunhão e foi ordenado diácono e depois sacerdote.

Em setembro de 2020, o bispo Michael Olson, de Fort Worth, tornou público que o clérigo responsável pelos batismos inválidos era o diácono Philip Webb, um diácono permanente agora aposentado ordenado para a Diocese de Dallas, mas designado para a igreja de Santa Catarina de Siena em Carrollton, Texas , na Diocese de Fort Worth.

O bispo do Texas disse que os padres e diáconos que cometeram esses “graves erros de julgamento” agiram “sem malícia”, mas não cumpriram seus deveres de administrar os sacramentos corretamente.

“É errado e enganoso afirmar que se tem a intenção de fazer o que a Igreja pretende que o Batismo faça usando palavras diferentes da fórmula válida prescrita pela Igreja – e no caso do Batismo, prescrita pelo próprio Senhor”, Olson disse.

O padre Matthew Hood, da Arquidiocese de Detroit, também descobriu que não havia sido batizado validamente quando criança e teve que voltar à pia batismal quando adulto e receber os demais sacramentos.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Abusos, Ratzinger: vergonha, dor e sincero pedido de perdão

O Papa emérito Bento XVI | Vatican News

Em uma carta aos fiéis em Munique, na Alemanha, o Papa emérito fala sobre a pedofilia clerical, recorrendo às palavras "mea maxima culpa" repetidas na missa: "Nós mesmos somos arrastados para esta grande culpa quando não a enfrentamos com a decisão e responsabilidade necessárias".

Vatican News

O Papa emérito Bento XVI intervém direta e pessoalmente por ter uma palavra a dizer acerca do relatório sobre abusos na Arquidiocese de Munique e Freising, sul da Alemanha, onde foi arcebispo por menos de cinco anos. Ele o faz em um texto com sabor penitencial, contendo sua "confissão" pessoal e um olhar de fé sobre a "grandíssima culpa" dos abusos e dos acobertamentos.

Na primeira parte da carta, Ratzinger agradece àqueles que colaboraram com ele na visualização do material documental e na preparação das respostas enviadas à comissão. Como já havia feito dias atrás, ele pede desculpas novamente pelo erro, absolutamente não intencional, de sua presença na reunião de 15 de janeiro de 1980, durante a qual foi decidido acolher na arquidiocese um padre que precisava de tratamento. Ele também diz estar "particularmente grato pela confiança, apoio e orações que o Papa Francisco expressou para mim pessoalmente".

Na segunda parte da missiva, o emérito se diz impressionado com o fato de que todos os dias a Igreja coloca no centro de cada celebração da Missa, "a confissão de nossa culpa e o pedido de perdão. Rezamos publicamente ao Deus vivo para perdoar nossa culpa, nossa grande e grandíssima culpa". É claro, continua Bento XVI, que "a palavra 'grandíssima' não se refere da mesma maneira a cada dia, a cada dia singularmente considerado". Mas a cada dia me pergunta se também hoje não devo falar grandíssima culpa. E me diz de forma consoladora que por maior que seja minha culpa hoje, o Senhor me perdoa, se com sinceridade me deixo ser escrutado por Ele e estou verdadeiramente disposto a mudar a mim mesmo".

Joseph Ratzinger recorda, em seguida, suas conversas cara-a-cara com as vítimas de abusos cometidos por clérigos. "Em todos os meus encontros, sobretudo durante minhas muitas viagens apostólicas, com vítimas de abuso sexual por parte de padres, olhei nos olhos as consequências de uma grandíssima culpa e aprendi a entender que nós mesmos somos arrastados para esta grande culpa quando a negligenciamos ou quando não a enfrentamos com a decisão e responsabilidade necessárias, como muitas vezes tem acontecido e acontece."

"Como naqueles encontros - afirma o Papa emérito -, mais uma vez só posso expressar a todas as vítimas de abuso sexual minha profunda vergonha, minha grande dor e meu sincero pedido de perdão. Tive grandes responsabilidades na Igreja católica. Tanto maior é minha dor pelos abusos e erros que ocorreram durante o tempo de meu mandato nos respectivos lugares. Cada caso de abuso sexual é terrível e irreparável. Para as vítimas de abusos sexuais vai minha mais profunda compaixão e lamento cada caso."

Em seguida, Bento XVI diz que compreende cada vez mais "a aversão e o medo que Cristo experimentou no Monte das Oliveiras quando viu todas as coisas terríveis que teria que superar interiormente. O fato de que naquele momento os discípulos estavam dormindo infelizmente representa a situação que também hoje ocorre novamente e pela qual também me sinto interpelado. E por isso só posso rezar ao Senhor e a todos os anjos e santos, e a vós, queridos irmãos e irmãs, que rogueis por mim a Deus nosso Senhor".

Ratzinger conclui sua carta com estas palavras: "Muito em breve me encontrarei perante o juiz supremo de minha vida. Embora eu possa ter muitos motivos de temor e medo quando olho para trás em minha longa vida, sinto-me, em todo caso, com ânimo alegre porque confio firmemente que o Senhor não é apenas o juiz justo, mas ao mesmo tempo o amigo e irmão que já sofreu Ele mesmo minhas insuficiências e é, portanto, como juiz, ao mesmo tempo meu defensor (Paracleto). Em vista da hora do julgamento, a graça de ser cristão torna-se clara para mim. Ser cristão me dá o conhecimento, mais que isso, a amizade com o juiz da minha vida e me permite atravessar a porta escura da morte com confiança".

Junto com a carta de Bento XVI, também foi publicado um pequeno anexo de três páginas, redigido pelos quatro especialistas em direito - Stefan Mückl, Helmuth Pree, Stefan Korta e Carsten Brennecke - que já tinham sido envolvidos na elaboração das 82 páginas de resposta às perguntas da comissão. Essas respostas, que foram anexadas ao relatório sobre abusos em Munique, suscitaram polêmicas e continham um erro de transcrição que levou à afirmação de que o arcebispo Ratzinger estava ausente da reunião na qual foi decidido aceitar um padre envolvido em abusos.

Em suas novas respostas, os especialistas em direito reiteram que o cardeal Ratzinger, ao receber o padre que deveria ser tratado em Munique, não estava ciente de que o mesmo fosse um autor de abusos. E na reunião de janeiro de 1980, não foi mencionado por que ele deveria ser tratado, nem foi decidido empregá-lo no trabalho pastoral. Os documentos confirmam o que Ratzinger tinha firmado.

O motivo do erro relativo à presença inicialmente negada de Ratzinger é em seguida explicado em detalhes: Somente o professor Mückl foi autorizado a ver a versão eletrônica das atas, sem ser concedida a possibilidade de salvar, imprimir ou fotocopiar documentos. Na fase subsequente do processamento, o doutor Korta cometeu inadvertidamente um erro de transcrição considerando que Ratzinger estava ausente em 15 de janeiro de 1980. Este erro de transcrição não pode, portanto, ser imputado a Bento XVI como uma falsa deposição consciente ou "mentira". A propósito, já em 2010 vários artigos de imprensa, nunca negados, falavam da presença de Ratzinger naquela reunião e o próprio Papa emérito, na biografia escrita por Peter Seewald e publicada em 2020, afirma ter estado presente.

Os especialistas afirmam que em nenhum dos casos analisados pelo relatório Joseph Ratzinger teve conhecimento de qualquer abuso sexual cometido ou suspeito de ter sido cometido por padres. A documentação não fornece nenhuma prova em contrário e, de fato, em resposta a perguntas específicas sobre este ponto durante a coletiva de imprensa, os mesmos advogados que redigiram o relatório declararam que presumiam com probabilidade que Ratzinger sabia, mas sem que esta alegação fosse corroborada por testemunhos ou documentos.

Por fim, os especialistas negam que as respostas que elaboraram em nome do Papa emérito tenham minimizado a gravidade do comportamento exibicionista de um padre. "Na memória, Bento XVI não minimizou o comportamento exibicionista, mas o condenou expressamente. A frase usada como suposta evidência da minimização do exibicionismo é retirada do contexto." Em sua resposta, Bento XVI disse que os abusos, incluindo o exibicionismo, são "terríveis", "pecaminosos", "moralmente repreensíveis" e "irreparáveis". Na avaliação do direito canônico, "se quis unicamente afirmar que, de acordo com o direito então em vigor, no juízo dos conselheiros do direito canônico, o exibicionismo não era um delito de direito canônico, porque a norma penal pertinente não incluía comportamentos desse tipo no caso em questão".

O anexo assinado pelos quatro consultores especialistas em direito, por cujo trabalho o Papa emérito assumiu a responsabilidade, contribui assim para esclarecer o que saiu da mente e do coração de Ratzinger, e o que é o resultado da pesquisa de seus consultores. Bento XVI reitera que não tinha conhecimento dos abusos cometidos pelos padres durante seu breve episcopado. Mas com palavras humildes e profundamente cristãs, ele pede perdão pela "grandíssima culpa" dos abusos e pelos erros e subestimações que ocorreram durante seu mandato.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Josefina Bakhita

Santa Josefina Bakhita | arquisp
08 de fevereiro

Santa Josefina Bakhita

Bakhita nasceu no Sudão, África, em 1869. Este nome, que significa "afortunada", não recebeu de seus pais ao nascer, lhe foi imposto por seus raptores. Esta flor africana conheceu as humilhações, os sofrimentos físicos e morais da escravidão, sendo vendida e comprada várias vezes. A terrível experiência e o susto, provado naquele dia, causaram profundos danos em sua memória, inclusive o esquecimento do próprio nome.

Na capital do Sudão, Bakhita foi finalmente comprada por um cônsul italiano, que depois a levou consigo para a Itália. Durante a viagem, ele a entregou para viver com a família de um amigo, que residia em Veneza, e cuja esposa, havia se afeiçoado à ela.Depois, com o nascimento da filha do casal, Bakhita se tornou sua babá e amiga.

Os negócios desta família, na África, exigiam que retornassem. Mas, aconselhado pelo administrador, o casal confiou as duas, às irmãs da congregação de Santa Madalena de Canossa, em Schio, também em Veneza. Alí, Bakhita, conheceu o Evangelho. Era 1890 e ela tinha vinte e um anos quando foi batizada recebendo o nome de Josefina.

Após algum tempo, quando vieram buscá-las, Bakhita ficou. Queria se tornar uma irmã canossiana, para servir a Deus que lhe havia dado tantas provas do seu amor. Depois de sentir muita clareza do chamado para a vida religiosa, em 1896, Josefina Bakhita se consagrou para sempre a Deus, que ela chamava com carinho "o meu Patrão!".

Por mais de cinqüenta anos, esta humilde Filha da Caridade, se dedicou às diversas ocupações na congregação, sendo chamada por todos de "Irmã Morena". Ela foi cozinheira, responsável do guarda-roupa, bordadeira, sacristã e porteira. As irmãs a estimavam pela generosidade, bondade e pelo seu profundo desejo de tornar Jesus conhecido. "Sedes boas, amem a Deus, rezai por aqueles que não O conhecem. Se soubésseis que grande graça é conhecer a Deus!".

A sua humildade, a sua simplicidade e o seu constante sorriso, conquistaram o coração de toda população. Com a idade, chegou a doença longa e dolorosa. Ela continuou a oferecer o seu testemunho de fé, expressando com estas simples palavras, escondidas detrás de um sorriso, a odisséia da sua vida: "Vou devagar, passo a passo, porque levo duas grandes malas: numa vão os meus pecados, e na outra, muito mais pesada, os méritos infinitos de Jesus. Quando chegar ao céu abrirei as malas e direi a Deus: Pai eterno, agora podes julgar. E a São Pedro: fecha a porta, porque fico".

Na agonia reviveu os terríveis anos de escravidão e foi a Santa Virgem que a libertou dos sofrimentos. As suas últimas palavras foram: "Nossa Senhora!". Irmã Josefina Bakhita faleceu no dia 8 de fevereiro de 1947, na congregação em Schio, Itália. Muitos foram os milagres alcançados por sua intercessão. Em 1992, foi beatificada pelo Papa João Paulo II e elevada à honra dos altares em 2000, pelo mesmo Sumo Pontífice. O dia para o culto de "Santa Irmã Morena" foi determinado o mesmo de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF