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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Dom Vital: A caridade, pilar importante na ação evangelizadora

A caridade | Vatican News

O Senhor diz que o Reino dos céus será dado pelo amor dado ao próximo, sobretudo para os mais necessitados.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

Nós meditamos o terceiro pilar que é caridade ponto presente nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023, da CNBB. O texto coloca que a espiritualidade cristã centraliza-se na capacidade de amar a Deus e ao próximo, de modo que rezar e amar são realidades indispensáveis para os discípulos e as discípulas de Jesus Cristo. A oração e a caridade andam juntas na vida cristã [1]. São Paulo disse aos Coríntios que sem o amor, a caridade, as coisas não possuem o seu devido valor, porque o amor é magnânimo, é benfazejo, não é arrogante, não leva em conta o mal sofrido (1 Cor 13, 4-5). As virtudes teologais da fé e da esperança possuem o seu devido valor, mas a maior delas é caridade (1 Cor 13,13). São Pedro fala que a caridade, o amor cobrem uma multidão de pecados (1 Pd 4,8). O Senhor diz que o Reino dos céus será dado pelo amor dado ao próximo, sobretudo para os mais necessitados (Mt 25, 31-46). Vejamos como o Império romano e as Igrejas antigas contribuíram com a prática da caridade, proveniente da palavra de Deus junto às suas populações, sobretudo as mais necessitadas de ajuda.

A caridade no Império romano

É possível ver ações de caridade por parte das autoridades e povo do Império romano para com os pobres. Pela Lex Clodia Frumentária, de 58 a.C. consentia que os pobres romanos recebessem grãos com um preço bom ou de uma forma gratuita. O fato era que alguns imperadores romanos ajudaram os mais necessitados. O Imperador Trajano, séculos I e II foi um dos primeiros a organizar segundo Plínio, o Jovem Governador da Bitínia, uma assistência pública aos meninos abandonados em Roma, e tal ação se estendeu depois em toda a Itália, sendo uma das obras sociais mais dignas de louvor de seu governo [2]. Outros dois Imperadores como Septímio Severo e Aureliano ajudaram também os pobres com grãos de trigo e com alimentos [3]. Algumas doações em alimentos eram presentes em quase todos os lugares das províncias do Império, de modo que, as autoridades imperiais supriram com os parcos meios aqueles que passavam necessidades distribuindo alimento aos carentes, especialmente, com o trigo. Havia pessoas que ajudavam os seus concidadãos com roupas, mas, sobretudo com alimentos tentando abafar o mar dos pedidos de muitas comunidades [4].

A caridade na tradição judaica e cristã

A caridade para com os mais necessitados estava presente também na tradição judaica. Mas é, sobretudo com Jesus Cristo, e a tradição cristã que se implementaram sempre mais a ação caritativa nas famílias e nas comunidades necessitadas. A palavra de Cristo colocava a ação de misericórdia para com os famintos, outras categorias de necessidades (Mt 25, 35-36) e também a Igreja primitiva seguia os passos do Senhor. No fim do primeiro século, a prática da comunhão de bens, que havia caracterizada a comunidade primitiva de Jerusalém (At 2,42-47), estava ainda presente em muitas comunidades cristãs, de modo que as ofertas dos fiéis eram a fonte principal da qual a Igreja alcançava as próprias atividades caritativas [5].

Os cristãos olhavam às classes humildes

Aristides de Atenas, padre da Igreja, século II, colocava as ações dos cristãos diante dos pagãos no sentido que eles olhavam mais às classes humildes. Eles não desprezavam a viúva, não entristeciam o órfão. A pessoa que possuía fornecia abundantemente para aquela que nada tinha. Ao encontrar um forasteiro, eles o acolhiam sob o seu teto e alegravam-se com ele como verdadeiro irmão, porque os cristãos não se chamavam se chamavam de irmãos ou irmãs segundo a carne, mas segundo a alma em Cristo Jesus [6].

Depósito da comum piedade

Tertuliano, padre da Igreja, séculos II e III, norte da África, afirmou a preocupação na sua comunidade cristã pela existência dos pobres de modo que havia uma espécie de caixa comum. Cada um trazia quando queria e tivesse condição na sua modesta contribuição mensal, e tudo se oferecia de uma forma espontânea. Eram estes os depósitos da comum piedade. Este dinheiro não era usado para banquetes, bebidas, mas para dar alimento aos necessitados, para socorrer meninos e meninas privados de sustentação e dos pais, e também aos idosos e aos náufragos. Além disto, a comunidade cristã socorria em nome da religião os condenados, os deportados nas prisões [7].

A caridade da Igreja romana

Eusébio de Cesaréia, bispo na Palestina, século IV teve presente uma Carta de Dionísio, bispo de Corinto, século II, que o bispo de Roma, Papa Sotero, século II, beneficiou de várias maneiras a todos os irmãos, enviando auxílios a muitas Igrejas em cada cidade. Ele aliviou a penúria dos necessitados, sustentou as pessoas que trabalhavam nas minas através de recursos, enviados desde o começo. Ele enviou abundantes esmolas aos santos e consolando com felizes expressões as pessoas que o procuravam, conforme um pai ternamente amoroso faz para com os seus filhos [8].

Deus é o autor das coisas boas

São Gregório de Nissa, bispo, século IV afirmou que é o próprio Deus o autor das obras de bondade e de misericórdia que as pessoas faziam para com os pobres. A criação da terra, o ornamento do céu, a sucessão ordenada das estações, o calor, o frio todas as outras coisas foram criadas por Ele para o bem humano. O Senhor mesmo dá o alimento aos sofredores através de suas obras criadas. Ele dá a caridade concebida de tudo o que é necessário ao ser humano. É claro que ele deseja que as pessoas ajudem os mais necessitados uma vez que também eles receberam do Senhor os bens necessários para a sua sobrevivência [9].

A presença de Cristo nas pessoas pobres

São Gregório de Nazianzo, bispo, século IV atestou a presença de Cristo Jesus nos pobres. Seguindo a Sagrada Escritura que diz que quem despreza o pobre insulta quem o criou (Pr 17,5), ele disse também que a honra dada ao Criador parte daquele que há o cuidado de sua criatura, a necessitada. São Gregório seguiu outro trecho da Sagrada Escritura falando que quem se compadece do pobre empresta ao Senhor, e Ele o recompensará pelo bem que fez (Pr 19, 17), de modo que o cristão é chamado à compaixão e à fraternidade. Descrita por Mateus, a vida eterna é dada pelo amor aos pobres, já a condenação eterna, refere-se pelas pessoas que não tiveram cuidado de Cristo pelos necessitados (Mt 25, 35-46). Assim São Gregório ressaltou que enquanto os fieis tiveram tempo, visita-se, cuida-se, nutre-se, veste-se, hospede-se e fazem-se honras a Cristo, para que um dia eles e, sobretudo o Senhor Jesus acolham os justos e as justas nas moradas eternas [10].

O amor aos pobres

São Fulgêncio de Ruspe, bispo, século V, norte da África, afirmou que o amor que se recebe de Deus deve ser dado a todas as pessoas, mas, sobretudo aos pobres. Quem recebeu do Senhor muitas virtudes, possa se desprender das coisas e dá-las aos mais necessitados. O bispo exortava aos seus fiéis para que não fossem lentos, nas boas obras, nenhum seja estéril, ninguém por amor dos bens presentes despreze os futuros [11]. Ele dizia que a caridade aos pobres é essencial no seguimento a Jesus Cristo.

A felicidade dada na ajuda

A Carta a Diogneto, autor desconhecido, século II, colocou a doutrina que a felicidade é dada na ajuda aos mais necessitados. Esta não consiste na opressão ao próximo, ou querer estar por cima dos mais fracos, ou enriquecer-se e praticar a violência contra os inferiores. A imitação a Deus, a sua grandeza consiste na ajuda a quem for mais necessitado. Desta forma quem toma sobre si o peso do próximo, quem é superior beneficie o inferior. Aquele que dá aos necessitados as coisas que recebeu de Deus é como Deus para os que receberam de sua mão, tornando-se imitador de Deus [12].

Nós percebemos a importância da caridade, como pilar importante de nossa ação evangelizadora na qual possibilite muitas obras boas em favor do povo sofredor, sobretudo dos pobres e necessitados da sociedade. Cristo Jesus está presente neles de modo que é feito em nome dele. Ele mesmo nos julgará a respeito da caridade feita com as pessoas mais necessitadas que nós.

[1] Cfr. Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023. Brasília, Edições CNBB, 2019, pg. 58.

[2] Cfr. Plínio, Panegyr., 25-27; Cfr. A. G. Hamman, Le prime comunità cristiane, Milano 1998, 213. Grant afirma que Trajano fez a introdução dos alimenta, um sistema de subsídios econômicos para os meninos pobres. Cfr. M. Grant, Gli Imperatori Romani. Storia e Segreti. Milano, Grandi Tascabili Economici Newton, 1984, 71.

[3] Cfr. Ugo Falesiedi. Le Diaconie. I servizi assitenziali nella Chiesa antica. Roma, Istituto Patristico Augustinianum, 1885, pg. 35.

[4] Diz-se que Plínio, o Jovem, Governador da Bitinia e do Ponto, Ásia Menor, fez doações em favor dos meninos abandonados em diversas cidades, e particularmente na sua cidade de origem, Como. (Cfr. Plínio, Ep., VIII, 18 ).

[5] Cfr. Cfr. Ugo Falesiedi. Le Diaconie. Idem, pgs. 32, 38.

[6] Cfr. Aristides de Atenas, Apologia 15, 7. In: In: Padres Apologistas. São Paulo, Paulus, 1995, pgs. 29-30. pg. 52.

[7] Cfr. Tertulliano, ApologeticoXXXIX, 5-6, a cura di A. Resta Barrile. Bologna, Oscar Mondadori, Bologna, 2005, pg. 137.

[8] Eusébio de Cesaréia. História Eclesiástica, Livro Quarto, capítulo 23, 10. SP, Paulus, 2000, pgs. 209-210.

[9][9][9] Cfr. Gregorio di Nissa. L´amore per i poveri, 1. In: La teologia dei padri, v. 3. Città Nuova Editrice, Roma, 1982, pgs. 270-271.

[10] Cfr. Gregorio di Nazianzo. L´amore per i poveri, 36, 39-40. In: Idem, pgs. 271-271.

[11] Cfr. Fulgenzio di Ruspe. Prediche, 1, 7-8. In: Idem, pgs. 273-274.

[12] Cfr. Carta a Diogneto, 10, 5-6. In: Padres Apologistas, pgs. 29-30. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Abertura do Ano Jubilar Missionário 2022 na Arquidiocese de Brasília

Ano Jubilar Missionário | arqbrasilia

A coordenação do  Conselho Missionário da Arquidiocese de Brasília (COMIDI) convida todo o povo fiel para a missa de abertura do Ano Jubilar Missionário no próximo dia 20 de fevereiro, às 10h30, na Catedral de Brasília.

No dia 20 de novembro de 2021, as Pontifícias Obras Missionárias completaram 43 anos de atuação no Brasil, e nesta mesma ocasião, foi lançado o Ano Jubilar Missionário, a ser vivido em 2022.

O Ano Jubilar Missionário terá como tema “A Igreja em estado permanente de missão”, e o lema, tirado de At 1,8, é “Sereis minhas testemunhas”, ao qual foi escolhido como centro da mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2022.

Com efeito, o ano de 1972 marcou um novo impulso missionário que houve no Brasil, com a criação de diversos organismos, que têm como objetivo a maior e melhor articulação da atividade missionária na Igreja.

No vídeo, a identidade visual do Ano Jubilar Missionário:

 https://youtu.be/Q98AimtzJRU

O objetivo do Ano Jubilar Missionário

O objetivo do Ano Jubilar Missionário é expandir a consciência missionária, orientando-a à universalidade da Igreja, sobretudo através dos projetos Ad Gentes e Igrejas-irmãs. De fato, buscar uma Igreja em estado permanente de missão, é compreender que a missão não é algo optativo, ou pertencente apenas a um grupo na vida eclesial, mas é a sua própria natureza (cf. AG 2).

A programação do Ano Jubilar Missionário em 2022

No âmbito nacional, os motivos jubilares são:

·         50 anos de criação do Conselho Missionário Nacional (COMINA);

·         50 anos das Campanhas Missionárias;

·         50 anos dos Projetos Igrejas Irmãs;

·         50 anos do Conselho Missionário Indigenista (CIMI);

·         50 anos do Documento de Santarém;

·         60 anos do Centro Cultural Missionário (CCM);

·         70 anos da criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

No âmbito internacional vamos celebrar:

·         400 anos de criação da Congregação para Evangelização dos Povos;

·         200 anos do nascimento da Pontifícia Obra da Propagação da Fé (POPF), fundada em 1822 pela venerável Paulina Jaricot;

·         150 anos do nascimento do beato Paolo Manna, PIME, fundador da Pontifícia União Missionária;

·         100 anos do motu próprio Romanorum Pontificum do Papa Pio XI, com o qual, em 1922, designou as Obras Missionárias como Pontifícias.

Com informações do Assessor do COMIDI da Arquidiocese de Brasília

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Praça São Pedro em silêncio na oração pela Ucrânia: todos esforços pela paz

Praça São Pedro durante o Angelus  (Vatican Media)

O Papa nos convidou a rezar em silêncio pela crise no país do Leste Europeu, de onde chegam "notícias muito preocupantes". Enquanto isso, aumenta a tensão sobre uma iminente invasão russa. A diplomacia não mede esforços para evitar confrontos armados, mas até agora nenhuma abertura veio de contatos entre Biden e Putin. Para Kiev, os EUA provocam um alarmismo que só causa pânico.

Francesca Sabatinelli - Cidade do Vaticano

"As notícias que chegam da Ucrânia são preocupantes. Confio à intercessão da Virgem Maria e à consciência dos líderes políticos, para que sejam feitos todos os esforços pela paz. Rezemos em silêncio".

Francisco, ao final do Angelus deste domingo, volta seu pensamento novamente à atual crise no país do Leste Europeu para expressar seus temores sobre uma situação que parece se agravar a cada dia.

A conversa entre Biden e Putin

A intensa atividade diplomática, bem como ligações telefônicas de alto nível entre líderes ocidentais e Moscou, não conseguem diminuir o nível de risco de uma iminente invasão da Ucrânia pela Rússia, que denuncia a "histeria" dos Estados Unidos, que, por sua vez, como fez o presidente Joe Biden em um telefonema com seu colega russo Vladimir Putin, ameaçou os russos com "retaliações sérias e rápidas" no caso de um ataque. Biden e Putin, no entanto, também garantiram que continuarão os contatos e continuarão comprometidos com a diplomacia.

As advertências de Blinken

Em uma reunião com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Lavrov, o secretário de Estado dos EUA, Blinken, alertou os russos sobre uma "resposta transatlântica resoluta e massiva" no caso de novas agressões russas. Blinken repetiu as mesmas ameaças na conclusão de uma cúpula trilateral com homólogos do Japão e da Coreia do Sul: no caso de uma invasão, a resposta será rápida, unida e pesada. O secretário de Estado também alertou que Moscou poderia usar uma provocação ou incidente pré-fabricado para justificar um ataque a Kiev.

As manobras da Rússia e dos EUA

O Kremlin, entretanto, continua a enviar soldados perto da fronteira - fala-se em mais de 100 mil unidades - e lançou manobras militares no Mar Negro e na Belarus, enquanto os Estados Unidos retiraram quase todos os militares presentes na Ucrânia, e fortaleceu a frente polonesa enviando novas tropas. Enquanto isso, Washington negou a presença de um de seus submarinos em águas territoriais russas, conforme denunciado pelos russos.

A crise mais perigosa desde a Guerra Fria

Para muitos observadores, esta é a crise mais perigosa na Europa desde o fim da Guerra Fria. Os russos estão mais uma vez pedindo a suspensão do que chamam de expansão da OTAN, bem como do apoio ocidental à Ucrânia, que Moscou nunca deixou de ver como parte de sua esfera de influência.

No último telefonema com seu colega francês Macron, o presidente russo Putin criticou o fornecimento de armas a Kiev, uma possível condição para ações “agressivas por parte de forças ucranianas", na área oriental, onde a Rússia apoia separatistas armados, zona da qual a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) está fazendo sair todos os seus observadores.

E a evacuação continua também por parte de muitos países, que estão retirando seus compatriotas da Ucrânia, assim como feito também por Moscou, que retirou parte de seu pessoal diplomático. Além dos Estados Unidos, Alemanha, Itália, Reino Unido, Holanda, Canadá, Noruega, Austrália, Japão e Israel, há também os países do Golfo Pérsico, incluindo Arábia Saudita, Catar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, pois – advertiram os Estados Unidos - a ofensiva russa pode começar a qualquer momento e sem aviso prévio.

Para diminuir o tom, as declarações do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, para quem as "declarações alarmistas estadunidenses não ajudam e só causam pânico".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Valentim

S. Valentim | arquisp
14 de fevereiro

São Valentim

No século III, em Roma, Valentim, era um sacerdote e o imperador era Cláudio II, o Gótico. O Império enfrentava muitos problemas, com inúmeras batalhas perdidas. O imperador deduziu que a culpa era dos soldados solteiros, que segundo ele, eram os menos destemidos ou ousados nas lutas. E, mais, que depois de se ferirem levemente, pediam dispensa das frentes. Mas, o que era pior, retornavam para o exército, casados e nesta condição queriam voltar vivos, enfraquecendo os exércitos. Por isto, proibiu a celebração dos casamentos.

Valentim, que considerava essa medida injusta, continuou a celebrar os casamentos, mas secretamente. Quando soube das ações do sacerdote, Cláudio mandou que fosse preso e o interrogou publicamente. Suas respostas foram elogiadas pelo soberano que disse: "Escutem a sábia doutrina deste homem". E, de fato, parece que a pregação de Valentim, o tinha impressionado, pois o mandou para uma prisão domiciliar, indicando a residência do prefeito romano Asterio, onde todos eram pagãos.

Logo que chegou na casa, o sacerdote ficou sabendo que o prefeito tinha uma filha cega. Disse aos familiares que iria rezar e pedir para Jesus Cristo pela cura da jovem, o que ocorreu alguns dias depois. Mas, nesta altura dos fatos, Valentim havia convertido a família interia do prefeito. Isto agravou sua pena, sendo condenado a morte.

No dia 14 de fevereiro de 286 foi levado para a chamada via Flaminia, onde foi morto a pauladas e depois decapitado.

A sepultura de Valentim foi encontrada em 346, numa capela subterrânea na via Flaminia. Dez séculos depois, antigos registros o indicaram como irmão de São Zenão. Hoje, as suas relíquias estão na Igreja de São Praxedes num oratório dedicado a São Zenão e São Valentim.
 
O mártir Valentim, se tornou santo porque morreu pelo testemunho de seu sacerdócio. A Igreja o considera padroeiro dos namorados por ter defendido com sua vida o Sacramento do Casamento.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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São Metódio

S. Metódio | arquisp
14 de fevereiro

São Metódio. bispo

Miguel, primogênito dos sete filhos do juiz grego Leão, nasceu em 814 na Tessalonica, atual Salonico, Grécia. Tinha vinte e seis anos e era prefeito de Constantinopla, capital do Império Bizantino, quando seu pai morreu. Irmão de Constantino, foi aluno de Fócio, que assumiu a educação dos órfãos. Miguel e Constantino mudaram o nome para Metódio e Cirilo, ao se consagrarem sacerdotes.

Com a morte do pai, em 840, abandonou tudo e se recolheu no convento de Policron, no monte Olímpio, e se fez monge. Foi o imperador Miguel III quem o convocou para a missão evangelizadora da Morávia, da qual participou também seu irmão. Depois os dois foram para Roma, onde Cirilo, doente, acabou falecendo.

Metódio foi ordenado sacerdote pelo papa AdrianoII em 868 e, depois da cerimônia do sepultamento do irmão, foi nomeado delegado apostólico, consagrado bispo, e estabelecido como arcebispo para a Iugoslávia e Morávia. Uma carta, que o credenciava junto aos principados eslavos, continha a aprovação sem reservas para a liturgia na língua eslava.

Os acontecimentos políticos impediram que Metódio retornasse a Morávia. Ficou, então nos domínios do principado iugoslavo, que tinham sido evangelizados até Áustria. Alí foram inevitáveis os desencontros entre o clero latino e o novo clero eslavo. Inclusive, Metódio foi preso, traído diante do concílio de Ratisbona e condenado ao exílio na Suécia.
O então papa João VIII, em 878, interveio energicamente e ele foi solto, mas reprovou as suas novidades lingüísticas na liturgia. Porém, Metódio, estava fortalecido pela aprovação do papa anterior, podendo dar continuidade à evangelização iniciada. Depois de um ano de tranqüilidade, novos protestos se elevaram contra ele, sendo acusado de heresia.

Convocado a se apresentar em Roma pelo papa João VIII, não só se justificou como o convenceu a lhe dar seu apoio. Com uma carta oficial da Santa Sé, ele foi confirmado nas funções, e autorizado a usar o eslavo na liturgia, mas pedindo que o Evangelho fosse lido em latim antes que em eslavo. Porém o imperador germânico preferia outro bispo, que celebrava a liturgia em latim. A confusão estava formada. Tudo se complicou quando surgiu uma falsa carta do papa, que dizia o oposto da anterior apresentada por Metódio.

Em 881 a Santa Sé, negou formalmente a falsa carta. Mas isto não pôs fim à dificuldade, o clero alemão continuou sua oposição. Nesta época, Metódio, foi para Constantinopla a convite do imperador, para se juntar ao então patriarca Fócio, seu antigo professor e amigo da família. Assim, continuou com seus discípulos o seu apostolado e a tradução da Bíblia e dos Livros Litúrgicos a quem precisasse.

Morreu em 6 de abril de 885 em Velehrad, Tchecoslováquia, onde foi sepultado na igreja da Catedral. Atualmente se ignora o local exato onde foram colocadas suas relíquias. Metódio e Cirilo são considerados pela Igreja como "apóstolos dos eslavos" e venerados no dia 14 de fevereiro, dia da morte de Cirilo. Em 1980, o papa João Paulo II os proclamou "Patronos da Europa" ao lado de São Bento.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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São Cirilo

S. Cirilo | arquisp
14 de fevereiro

São Cirilo, monge

Constantino nasceu em 826 na Tessalonica, atualmente Salonico,Grécia. Seu pai era Leão, um rico juiz grego, que teve sete filhos. Constantino o caçula e Miguel o mais velho, que mudaram o nome para Cirilo e Metódio respectivamente, ao abraçarem a vida religiosa.

Cirilo tinha catorze anos quando o pai faleceu. Um amigo da família, professor Fócio, que mais tarde ajudou seu irmão acusado de heresia, assumiu a educação dos órfãos em Constantinopla, capital do Império Bizantino. Cirilo aproveitou para aprender línguas, literatura, geometria, dialética e filosofia. De inteligência brilhante, se formou em tudo.

Rejeitando um casamento vantajoso, ingressou para a vida espiritual, fazendo votos particulares, se tornou bibliotecário do ex-patriarca. Em seguida foi cartorário e recebeu o diaconato. Mas sentiu necessidade de se afastar, indo para um mosteiro, em Bosforo. Seis meses depois foi descoberto e designado para lecionar filosofia. Em seguida, convocado como diplomata para a polemica questão sobre o culto das imagens junto ao ex-patriarca João VII, o Gramático. Depois foi resolver outra questão delicada junto aos árabes sarracenos que tratava da Santíssima Trindade. Obteve sucesso em ambas.

Seu irmão mais velho, que era o prefeito de Constantinopla, abandonou tudo para se dedicar à vida religiosa. Em 861, Cirilo foi se juntar a ele, numa missão evangelizadora, a pedido do imperador Miguel III, para atender o rei da Morávia. Este rei precisava de missionários que conhecessem a língua eslava, pois queria que o povo aprendesse corretamente a religião. Os irmãos foram para Querson aprender hebraico e samaritano.

Nesta ocasião, Cirilo encontrou um corpo boiando, que reconheceu ser o papa Clemente I, que tinha sido exilado de Roma e atirado ao mar. Conservaram as relíquias numa urna, que depois da missão foi entregue em Roma. Assim, Cirilo continuou estudando o idioma e criou um alfabeto, chamado "cirílico", hoje conhecido por "russo". Traduziu a Bíblia, os Livros Sagrados e os missais, para esse dialeto. Alfabetizou a equipe dos padres missionários, que começou a evangelizar, alfabetizar e celebrar as missas em eslavo.

Isto gerou uma grande divergência no meio eclesiástico, pois os ritos eram realizados em grego ou latim, apenas. Iniciando o cisma da Igreja, que foi combatido pelo então patriarca Fócio com o reforço de seu irmão. Os dois foram chamados por Roma, onde o papa Adriano II, solenemente recebeu as relíquias de São Clemente, que eles transportavam. Conseguiram o apoio do Sumo Pontífice, que aprovava a evangelização e tiveram os Livros traduzidos abençoados.

Mas, Cirilo que estava doente, piorou. Pressentido sua morte, tomou o hábito definitivo de monge e o nome de Cirilo, cinqüenta dias depois, faleceu em Roma no dia 14 de fevereiro de 868. A celebração fúnebre foi rezada na língua eslava, pelo papa Adriano II, sendo sepultado com grande solenidade na igreja de São Clemente. Cirilo e Metódio foram declarados pela Igreja como "apóstolos dos eslavos". O papa João Paulo II, em 1980, os proclamou junto com São Bento de "Patronos da Europa".

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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domingo, 13 de fevereiro de 2022

Face reconstruída de São Vicente de Paulo será apresentada neste domingo

O rosto aproximado de São Vicente de Paulo quando de sua morte em 1660.
"Podemos afirmar com certeza? Não, não podemos, porque nós não temos
acesso ao material (crânio)", explica o designer 3D Cícero Moraes

A ideia surgiu em 2015, mas foi em 2016, com as fotografias do crânio em mãos, que a equipe de pesquisadores e peritos brasileiros de medicina e odontologia começou a trabalhar efetivamente para reconstruir de forma mais aproximada a face do Santo Padroeiro das Obras de Caridade. O resultado será apresentado no domingo, 13 de fevereiro, na Catedral Nossa Senhora da Penha, em Crato.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Como seria realmente o rosto de tantos Santos e Santas, e mesmo de personagens da história, que viveram antes do advento da fotografia, e cujas imagens chegam até nós principalmente por meio de desenhos ou pinturas? De fato, eram essas as técnicas e expressões usadas que, dependendo da sensibilidade e leitura do artista, retratavam com maior ou menor fidelidade determinado rosto.

Com o uso da tecnologia atualmente disponível, por outro lado, é possível conhecer de forma mais aproximada o rosto de alguém que viveu nos séculos precedentes. Este é o caso, por exemplo, de São Vicente de Paulo - nascido em 24 de abril de 1581 na aldeia Pouy, na França, e falecido em Paris, em 27 de setembro de 1660 – cuja face reconstruída a partir de fotografias do crânio será apresentada às 17 horas deste 13 de fevereiro, na Catedral Nossa Senhora da Penha, em Crato, Ceará. O trabalho detalhado da reconstrução foi publicado com o título "A Aproximação Facial 3D de São Vicente de Paulo".

“Ficou muito interessante, o que de certo modo vai revelar uma face um pouco diferenciada da face que nós conhecemos de São Vicente, com alguns realismos, e até mesmo porque a única imagem que tem dele feita em vida, essa imagem não é do tempo que ele morreu, não é próximo à morte dele, e com essa técnica ele consegue levar a imagem à data próxima do falecimento do Santo”, disse o idealizador do projeto, o hagiólogo José Luís Araújo Lira*, que recebeu a autorização para o uso das imagens do crânio, passando-as então ao designer 3D Cícero Moraes*.

“O que nós sabemos – disse o designer - é que a reconstrução é muito compatível com o indivíduo, cuja imagem é atribuída a São Vicente de Paulo. Podemos afirmar com certeza? Não, não podemos, porque nós não temos acesso ao material. Então talvez, futuramente, se façam outros projetos e tenha acesso a este crânio e outras construções, outras análises podem contribuir futuramente para esse projeto, quem sabe".

À esquerda, a face do Santo conhecida até então. À direita, a face reconstruída com a
tecnologia atual

A ideia da reconstrução, de fato, surgiu em 2015, nos 435 anos do nascimento de São Vicente. Mas foi a partir de 2016 que a equipe formada por pesquisadores e peritos de medicina e odontologia começou a trabalhar no projeto propriamente dito. Tomaram parte Paulo Miamoto, perito odontolegista da Polícia Científica de Santa Catarina, Florianópolis-SC; Marcos Paulo Salles Machado, perito legista cirurgião-dentista, vice-diretor do Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto- RJ, professor da Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro-RJ; Thiago Beaini, cirurgião dentista, professor assistente na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG; Marco Aurélio Guimarães, médico, professor associado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Ribeirão Preto – SP; Rodrigo Dornelles, cirurgião plástico, núcleo de Plástica Avançada - NPA, São Paulo-SP; Paulo Henrique Bueno, cirurgião dentista, Sinop-MT; Ricardo Henrique Alves da Silva, docente da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FORP-USP), Ribeirão Preto-SP e Everton da Rosa Cirurgião BMF, do Hospital de Base, Brasília-DF.

Um projeto que nasce da paixão pela vida dos Santos

José Luís é um apaixonado pela vida dos Santos, “figuras iluminadas para nossa história e para nossa Igreja”, tanto que é um dos fundadores da Academia Brasileira de Hagiologia, com sede no Colégio Vicentino em Fortaleza, dirigido pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Ao Vatican News, ele falou sobre o porquê justamente da escolha do Santo Padroeiro da Caridade e sobre o caminho percorrido para a reconstrução facial, desde a busca das fotografias até o resultado final a ser apresentado neste domingo:

Na minha igreja natal também tinha uma imagem de São Vicente, que a gente rezava sempre diante dela, ainda existe, não no mesmo altar, porque houve uma reforma na igreja, mas a gente observa sempre essa imagem do Santo lá. E ele sempre me atraiu pela questão da caridade, pela modificação que ele fez na própria história da Igreja, quando ele criou as Vicentinas, ou as Filhas da Caridade. Naquela época os monastérios eram apenas fechados e ele abriu os monastérios para a rua, as irmãs passavam a atender as pessoas nas ruas, os necessitados, eram as Filhas da Caridade. Então eu sempre tive esse fascínio por São Vicente. E em 2015 seriam os 435 anos do nascimento dele. Então em uma pesquisa de rotina - até para fazer um artigo - eu encontrei fotos da exumação dele de 1960. Até me surpreendi, porque até aquela ocasião, eu julgava o corpo dele incorrupto ou semi-incorrupto, porque nós fomos acostumados a ver aquela imagem de cera que foi feita, onde estão os restos mortais dele, e às vezes a gente é tentado a acreditar que aquilo ali é o próprio corpo do Santo, mas na realidade ele passou uns 57 anos incorrupto, com pequenos sinais de decomposição na face, nos olhos, principalmente. Mas depois, quando foi para a canonização dele, foi aberta novamente a sepultura e ele já estava decomposto. Então eu me surpreendi com aquelas imagens, eu já conhecia o trabalho do meu amigo e colega de pesquisa Cícero Moraes. O Cícero não é um católico praticante, digamos assim, mas ele contribui muito com a fé das pessoas através das reconstruções faciais. Então eu procurei o Cícero para saber - sem dizer de quem era a imagem –. 'Cícero eu encontrei essa imagem aqui de um Santo, é possível uma reconstrução?' Ele disse sim, eu vou só analisar, vou pedir um parecer dos peritos, mas eu acredito que seja possível. Aí ele pediu, os peritos todos foram unânimes em afirmar que era possível, e então eu me propus - eu expliquei ao Cícero quem era, que era São Vicente de Paulo, o Santo da caridade, ele tinha conhecimento do Santo e sabia da importância dele no cenário mundial, porque São Vicente não é importante apenas para os católicos, mas para todo o mundo, porque as obras de caridade alcançam a todas as religiões, pessoas, enfim, a educação também que as Irmãs de Caridade promovem, os Padres da Missão.

Então eu me informei, conheço o pessoal da administração da Congregação das Irmãs de São Vicente de Paulo e eles me informaram que os detentores das imagens e de todos os direitos a respeito de São Vicente, eram os Padres da Missão. Eu  localizei na internet o e-mail da Cúria Geral, que está em Roma, dos Padres da missão e mandei uma correspondência ao então o superior geral, que era o padre Gregory George - e isso eu mandei num dia, falando de todo esse trabalho, mandei até algumas fotos das reconstruções anteriores, como Santo Antônio, que foi feita pelo Cícero, Santa Madalena, que eu participei, e outros Santos -  e então o padre nos respondeu logo no dia seguinte, via secretário geral,  o padre Giuseppe Duraccio, ele nos mandou uma correspondência dizendo, que em nome do padre geral, avisava que ele não se opunha ao uso das imagens, no entanto, nós tínhamos que procurar a pessoa responsável pelo site. Ele desejou também um bom trabalho. E como eu não sou muito bom - eu falo razoavelmente o italiano e o espanhol e um pouquinho de francês, mas não sou muito bom no inglês, o Cícero é bem melhor do que eu - então eu falei com o Cícero - nem sei se eu disse inicialmente, é um dos maiores designers 3D, aqui no Brasil seguramente o maior - e falei com ele a resposta do padre e mandei o endereço da Universidade, DePaul University, em Chicago, nos Estados Unidos, e mandei os contatos e a foto, e ele escreveu para lá, sem destinatário, simplesmente a universidade, e ele recebeu a resposta de um dos maiores investigadores de São Vicente, ex-reitor daquela Universidade, que é o Pe. John E. Rybolt. Então ele disse que dava autorização e queria ter conhecimento do trabalho final com a reconstrução facial de São Vicente.  Mas o tempo foi passando e nós tivemos outros projetos e passou também, a gente chegou a contactar alguns setores da Congregação da Missão, alguns religiosos, mas não foi possível a reconstrução naquele momento, passou, e nesse ano nós temos uma data fechada que são os 285 anos da canonização do Santo, e nós decidimos tornar realidade essa reconstrução que será apresentada na Diocese de Crato, aqui no Ceará, é a diocese que a gente chama Diocese do Padre Cícero, e que esse ano ainda vai ter a primeira Beata em solo cearense, que é a Beata Benigna.

Apresentação será em Crato no domingo, 13 de fevereiro

O valor do testemunho de São Vicente de Paulo para os dias de hoje...

Se a gente olhar lá no início, ele era filho de camponeses, ele foi ordenado sacerdote muito novo, São Vicente chegou a ser escravo, ele foi à Marselha pegar uma doação que foi feita para as obras dele, e o navio foi atacado por piratas e ele chegou a ser, digamos, sequestrado e se tornou escravo, foi vendido como escravo, uma coisa assim impressionante - foi por turcos  - e ele acaba, depois de tudo isso, ele consegue voltar para a França, passa na Itália, leva uma mensagem do Papa, uma mensagem particular do Papa de então para o rei francês, o rei gosta de São Vicente e o integra como capelão na Corte e São Vicente se dedica com todas essas oportunidades, ele teria, primeiro, a tristeza de ter sido escravo, de ter sido escravizado. Isso não serviu de descrença para ele, foi fortaleza. E depois ele se dedicar aos mais necessitados, porque ele podia ter levado uma vida confortável na Corte, como capelão, e progredido como muitos outros contemporâneos, ou como pessoas de diversas épocas poderiam ter feito, mas ele se dedica aos pobres, e o mais interessante - eu me emocionei muito quando vi a imagem dele, o Cícero vai me mostrando passo a passo, a gente fica acompanhando quase que automaticamente - e quando eu vi a imagem de São Vicente, o que eu mais me emocionei, é que vendo São Vicente, a gente vê uma Madre Teresa de Calcutá, uma Santa Dulce dos Pobres e muitos outros Santos que não eram assim um protótipo de beleza física, mas de uma beleza que vem do fundo do coração, da vontade de fazer o que está na palavra de Cristo, o que está na Sagrada Escritura, que é acolher o mais necessitado, que deixa muito claro isso nos Evangelhos. Então o que me fascina muito no São Vicente é essa capacidade que ele teve de renunciar a uma vida relativamente confortável, a mendigar pelas ruas de Paris, pedindo ajuda para os mais necessitados, a acolher os necessitados, coisa que Santos atuais continuam, fazem, fizeram, uma Santa Teresa de Calcutá, uma Santa Dulce dos Pobres - eu não vou dizer aqueles que eu penso que são Santos, que estão vivos, porque eu estou cometendo uma infidelidade, porque isso cabe ao Santo Padre e só depois do falecimento de um cristão, mas a Igreja Católica dá esse exemplo a todo o mundo e coloca São Vicente como o patrono de todas as filantropias, de todas as obras de caridade, o que é magnífico e fascina qualquer um que leia o Evangelho, que tente seguir os passos desse Santo.

O trabalho digital nas imagens do crânio de São Vicente

Com a tecnologia, reconstrução "compatível com o indivíduo cuja imagem é atribuída a São Vicente de Paulo"

A reconstrução facial de São Vicente foi feita a partir das fotografias do crânio. “Quando eu mostrei ao doutor Cícero esse material - conta José Luís Lira – ele me disse: “Olha, parece que essa pessoa estava preparando o material para uma reconstrução, porque está muito bom, está muito fiel e está muito contextualizada a questão da fotografia”.

O designer 3D Cícero Moraes fala com conhecimento de causa. Ele é responsável por mais de 70 reconstrução faciais, entre as quais 2 Beatos e com esta de São Vicente, 18 Santos.  Ele nos falou sobre as técnicas usadas nesta reconstrução:

A reconstrução facial de São Vicente de Paulo utilizou três abordagens clássicas de aproximação forense, que seria a abordagem russa, americana e inglesa. Além disso a gente utilizou um melhoramento que nós estudamos há pouco para o traçado do nariz, baseado em 150 tomografias de indivíduos vivos, que aumentou a precisão dessa região importante da face. A reconstrução facial no geral utiliza duas abordagens: uma é anatômica - por exemplo, a gente coloca os músculos principais do rosto - e a outra abordagem é uma abordagem mais estatística, que entra essa parte da projeção do nariz, dos lábios, o posicionamento do globo ocular dentro da órbita. E a gente também saber qual que é a massa em determinados pontos da face que, lembre-se, a gente tem apenas o crânio. Então dentro desse contexto, não teve nada de diferente nessa reconstrução, nós seguimos a metodologia clássica.

O que diferenciou esta reconstrução de trabalhos precedentes?

O grande diferencial desse projeto é que ele nasceu de um âmbito puramente digital. Nós tomamos fotos que foram tiradas na década de 1960, extraímos a parte do crânio que aparece nessa foto, o que resultou imagens de média resolução. Essas imagens - mais ou menos umas seis ou sete do crânio de posições diferentes -, elas foram enviadas para oito especialistas da área de medicina e odontologia - majoritariamente no campo forense -, eles observaram sem saber de quem se tratava e identificaram, a partir dessas imagens, alguns aspectos que permitiram a reconstrução facial, como por exemplo, o sexo do indivíduo – masculino -, a idade avançada, ancestralidade europeia e algumas deficiências, como por exemplo, a deficiência na parte da maxila, e uma leve projeção da mandíbula, o que definiria a classe 3 de prognatismo mandibular. E com esses dados todos extraídos de um campo puramente digital, foi possível saber que imagens de média resolução permitem esse tipo de abordagem, o que pode evoluir, até por uma inteligência artificial futura, onde você faz várias fotografias de um crânio e a própria inteligência já consegue identificar aspectos de quem foi esse indivíduo e pode ser muito útil em campos onde tem muitos crânios e uma visualização puramente humana seria inviável. Então a grande evolução é nesse contexto, a participação de todos esses especialistas, que culminou na publicação de um capítulo de livro, onde nós explicamos todo o processo, desde o início em 2015, até a apresentação.

A evolução do trabalho: do crânio à face reconstruída

Cícero enfatiza que o mérito de idealizar e viabilizar a reconstrução é do Dr. José Luís Lira, mas que teve a honra de participar na etapa inicial e “angariar também a participação desses oito especialistas que vieram posteriormente a fazer parte desse projeto. Então foi um projeto único nesse sentido, bem documentado, e que vai permitir, talvez, desdobramentos futuros bem interessantes no campo da área forense, da medicina forense e da inteligência artificial”.

A cada novo trabalho, um novo desafio....

Em relação às dificuldades, é claro que sempre é melhor você ter acesso ao crânio real, fazer uma análise in loco, um especialista pegar esse crânio, observar, tomar ele nas mãos e também, se possível, fazer a extração do DNA e ver se os dados batem com o indivíduo e também fazer uma datação, para saber se esse crânio pertenceu à época que o indivíduo viveu. Só que uma - eu não tenho conhecimento dessas áreas - e duas não era possível fazer, e mesmo que a gente tivesse acesso profissionais não seria possível, posto que nós tivemos grande dificuldade até de encontrar as imagens, imagine ter acesso a esses restos mortais. Então a dificuldade maior foi analisar imagens de média resolução - que é sempre um desafio -, mas felizmente mesmo com essa limitação, a gente conseguiu proceder com o objetivo principal que era a reconstrução facial.

Satisfeito com o resultado, o designer 3D diz que a reconstrução facial de São Vicente se mostrou "bastante compatível com a imagem clássica"....

Em relação à acurácia dessa reconstrução em relação ao rosto de São Vicente de Paulo, nós temos algumas situações que impedem a gente ter total certeza dessa compatibilidade. Explico: a face clássica dele que é distribuída nas publicações, que está amplamente disponível na internet, não se tem uma clareza, uma certeza - pelo menos o que a gente pesquisou - que a pessoa pintou com ele em vida. Os relatos, eles são indiretos, a vida do pintor que fez essa obra ela é um tanto nebulosa, não tem detalhes sobre a biografia dele, o que nos impede então de saber maiores detalhes sobre como, em qual situação ele pintou essa face, se ele pintou ela observando ele, se pintou ela em cima de indicações, ou de outras pessoas, ou se ele pintou posteriormente a ter entrado em contato com o santo, então é muito difícil saber. No entanto, a reconstrução facial se mostrou bastante compatível com essa imagem clássica. E um outro desafio que nós temos é da certeza do crânio ter pertencido mesmo ao indivíduo. As informações que nós temos é que foi feita essa observação dos restos mortais dele, são informações institucionais, então a gente leva em consideração isso ou seja, toma como um crânio de São Vicente de Paula por conta dessas informações advindas da instituição e o que nós sabemos é que a reconstrução é muito compatível com o indivíduo cuja imagem é atribuída a São Vicente de Paulo. Podemos afirmar com certeza? Não, não podemos, porque nós não temos acesso ao material. Então talvez, futuramente, se façam outros projetos e tenha acesso a este crânio e outras construções, outras análises podem contribuir futuramente para esse projeto, quem sabe.

As fotos do crânio de São Vicente que permitiram a reconstrução facial

José Luís Araújo Lira* é cearense de Guaraciaba do Norte, hagiólogo, escritor, professor universitário com mestrado, doutorado e pós doutorado na área do Direito, além de co-fundador da Academia Brasileira de Hagiologia.

Cícero André da Costa Moraes* é o nome completo, é natural de Chapecó (SC) e reside atualmente em Sinop (MT). Tem formação em marketing e cursa pós-graduação em metodologia do ensino. É especializado em computação gráfica 3D para as Ciências da saúde e forense e responsável por mais de 70 reconstruções faciais de Santos, Santas e personagens históricos. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF