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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Santo Onésimo

S. Onésimo | cruzterrasanta
16 de fevereiro
Santo Onésimo

Santo Onésimo – ex-ladrão e escravo

Protetor dos que se encontram na condição de escravidão

Onésimo, o escravo

Onésimo era literalmente escravo de um homem rico importante da Frígia, atual Turquia, no final do Século I. Seu “dono” chamava-se o Filemon. A bela história de Filemon e Onésimo se cruzam com a história de São Paulo formando uma das mais belas páginas do Novo Testamento.

Ladrão

Aconteceu que Filemon (o “dono), sua esposa e filho ouviram uma pregação do Apóstolo Paulo e, tocados pelo poder da Palavra de Deus, converteram-se. São Paulo ministrou o batismo a toda a família de Filemon e os dois passaram a ser grandes amigos. Onésimo, por sua vez, não se sabe porque, roubou dinheiro de Filemon, seu amo. Por isso, temendo ser duramente castigado, como de fato acontecia, resolveu fugir. Por uma ironia, o nome Onésimo, em Grego, significa “útil”.

Preso em Roma

Temendo por seu destino, Onésimo fugiu para Roma. Ele sabia que o castigo para os escravos infratores e recapturados era uma marca definitiva: eles tinham a letra "F" marcada com brasa na testa. Para os ladrões, isso era quase como a morte, pois passavam a ser rejeitados e cruelmente hostilizados. Por isso, Onésimo fugiu para Roma. Lá, porém, deve ter cometido algum outro delito, pois foi preso.

O inesperado encontro com Paulo

Na prisão, um presente inesperado de Deus: Onésimo conheceu o apóstolo Paulo que, na ocasião, estava preso por perseguição dos judeus, sob o poder da justiça romana. Este encontro mudou a vida de Onésimo. Ao conhecer a história de Jesus Cristo e o poder de sua paixão e ressurreição através do ardoroso Paulo, Onésimo se converteu e descobriu uma nova vida nova jamais sonhada. Nesse processo de conversão, Onésimo caiu em si, reconheceu seu pecado, confessou-o a Paulo e foi perdoado. Uma nova jornada começava para Onésimo.

Onésimo: motivo de uma carta que entrou para a história

Na prisão, Paulo ministrou a Onésimo o batismo. E, tendo Onésimo cumprido sua pena, recebeu a liberdade. Mas Paulo o enviou de volta a seu amo, o também amigo e irmão na fé Filemon. E enviou-o com uma carta. Essa carta, escrita de próprio punho, é uma das páginas mais lindas do Novo Testamento. Nela, Paulo mostra seu coração misericordioso e cheio de amor para com seus filhos espirituais, especialmente Onésimo.

A carta

Na carta a Filemon, Paulo explica que está disposto a pagar pelo erro do escravo, caso Filemon não o perdoe, pois tem a convicção de que Onésimo convertera-se radicalmente e tornara-se um cristão firme e forte. Ele conta como foi a conversão de Onésimo e, cheio do Espírito Santo, escreve: "Venho suplicar-te por Onésimo, meu filho, que eu gerei na prisão. Ele outrora não te foi de grande utilidade, mas agora será muito útil, tanto a mim como a ti. Eu envio-o a ti como se fosse o meu próprio coração....Portanto, se me consideras teu irmão na fé, recebe-o como a mim próprio". (Filemon 18 e 19)

De escravo a apóstolo

Conhecedor da santidade de Paulo e do poder da Palavra de Deus, que é capaz de transformar pessoas, Filemon não só perdoou Onésimo como, também, deu a ele a liberdade. Depois, reconhecendo a vocação apostólica de Onésimo, Filemon apoiou totalmente seu ex-escravo. Este que passou a ser um pregador da Palavra de Deus tanto oralmente quanto pelo seu exemplo de vida.

Apóstolo enviado por Paulo

Onésimo, como filho espiritual de Paulo ficou muito ligado a seu pai espiritual (Paulo). Paulo, por sua vez, certo da vocação de Onésimo, mesmo da prisão enviou-o à cidade de Colossos como pregador. Depois da maravilhosa experiência em Colossos, Onésimo foi para Éfeso. Lá, foi sagrado bispo, substituindo outro santo e discípulo de Paulo chamado Timóteo.

Mártir

A missão episcopal de Santo Onésimo na cidade de Éfeso foi promissora. Seu ardor missionário e virtudes cristãs ultrapassaram Éfeso e sua fama se espalhou. Por causa disso e de sua liderança cristã fortemente reconhecida, Onésimo foi preso pelas forças do imperador romano Domiciano. Levado a Roma, foi julgado e condenado a morrer apedrejado. Santo Onésimo entregou sua vida por causa de Jesus Cristo e do Evangelho.

Oração a Santo Onésimo

“Ó Deus, que destes a Santo Onésimo a graça de conhecer-vos quando estava na prisão, já sem esperança de uma vida melhor, Por intercessão de Santo Onésimo dai também a nós a graça de conhecer-vos, mesmo estando em nossas prisões interiores. Liberta-nos de toda escravidão como fizestes a Santo Onésimo e fazei de nós evangelizadores pela Palavra e pelo testemunho de vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, amém. Santo Onésimo, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Papa: o sucesso mundano é fracasso, pois se baseia no egoísmo

Antoine Mekary | ALETEIA

O discípulo de Jesus não encontra sua alegria no dinheiro, no poder ou em outros bens materiais, mas em algo diferente.

OPapa Francisco comentou no Angelus deste domingo as bem-aventuranças. Segundo o Papa, a primeira bem-aventurança é a base de todas as outras.

“Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus”. Ou seja, Jesus diz que seus discípulos “são bem-aventurados e pobres; que são bem-aventurados porque são pobres”. Mas em que sentido?

“No sentido de que o discípulo de Jesus não encontra a sua alegria no dinheiro, no poder ou em outros bens materiais, mas nos dons que recebe de Deus todos os dias: a vida, a criação, os irmãos e as irmãs, e assim por diante: são dons da vida”, disse Francisco.

A lógica de Deus

Segundo o Papa, mesmo os bens que o discípulo de Jesus possui, ele se sente- feliz em partilhá-los, porque vive na lógica de Deus: a gratuidade.

O discípulo aprendeu a viver na gratuidade. Esta pobreza é também uma atitude em relação ao sentido da vida, porque o discípulo de Jesus não pensa que o possui, que já sabe tudo, mas sabe que deve aprender todos os dias. E essa é uma pobreza: a consciência de ter que aprender a cada dia (…). Por isso é uma pessoa humilde, aberta, livre de preconceitos e rigidez.

Apego

Recordando o Evangelho do domingo passado, em que Pedro aceita o convite de Jesus para lançar as redes em uma hora inusitada, e admirado com a prodigiosa pesca, deixa tudo para seguir o Senhor, o Papa comentou:

Pedro mostra-se dócil deixando tudo, tornando-se assim discípulo. Por outro lado, quem é muito apegado às próprias ideias e às próprias seguranças, dificilmente segue realmente Jesus. Segue-o um pouco – somente nas coisas com as quais eu concordo e que Ele está de acordo comigo – nas outras não. E este não é um discípulo. E assim cai na tristeza.

Fica triste porque as contas não fecham, porque a realidade escapa aos seus esquemas mentais e ele se vê insatisfeito. O discípulo, por outro lado, sabe questionar-se, sabe buscar humildemente a Deus todos os dias, e isso lhe permite mergulhar na realidade, apreendendo dela a riqueza e a complexidade.

Riqueza, pensamento mundano

O Papa Francisco explicou que o discípulo de Jesus “aceita o paradoxo das Bem-aventuranças”. Elas declaram que é bem-aventurado, isto é, feliz, “quem é pobre, quem carece de tantas coisas e reconhece isso”.

Humanamente, somos levados a pensar de outra forma: é feliz quem é rico, quem é saciado de bens, quem recebe aplausos e é invejado por muitos, quem tem todas as seguranças. E este é um pensamento mundano, não é pensamento das Bem-aventuranças. Jesus, ao contrário, declara um fracasso o sucesso mundano, pois se baseia em um egoísmo que infla e depois deixa o vazio no coração.

Assim – prosseguiu o Papa –, perante o paradoxo das Bem-aventuranças, “o discípulo deixa-se pôr em crise, consciente de que não é Deus quem deve entrar nas nossas lógicas, mas nós nas suas”.

E isso requer um caminho, às vezes cansativo, mas sempre acompanhado pela alegria. Porque o discípulo de Jesus é alegre com a alegria que lhe vem de Jesus. Porque, recordemo-nos, a primeira palavra que Jesus diz é: bem-aventurados. Disto o nome das Bem-aventuranças. Este é o sinônimo de ser discípulo de Jesus.

O Senhor, libertando-nos da escravidão do egocentrismo, desfaz nossos fechamentos, dissipando a nossa dureza, e nos revela a verdadeira felicidade, que muitas vezes se encontra onde nós não pensamos. É Ele a guiar a nossa vida, não nós, com os nossos preconceitos ou com as nossas exigências. O discípulo, por fim, é aquele que se deixa guiar por Jesus, que abre o coração a Jesus, escuta-O e segue o caminho.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

“Bem-aventurados os perseguidos”

Guadium Press

A liturgia de hoje nos convida a estarmos mais próximos de Nosso Senhor. Acolhamos com atenção as palavras que ele quer nos transmitir neste 6º Domingo do Tempo Comum.

Redação (Gaudium PressO Evangelho de hoje nos pinta uma cena magnífica: uma pregação de Nosso Senhor.

“Naquele tempo, Jesus desceu da montanha com os discípulos e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia” (Lc 6,17-18).

Ora, por que não subiram todos para ouvir a pregação do Divino Mestre? É São Beda quem nos responde: “Raras são as vezes em que se observará as turbas seguindo a Jesus até as alturas, ou que ele tenha curado algum enfermo no cimo do monte; senão que, uma vez acurada a febre das paixões e acesa a luz da ciência, devagar sobe-se até o cume da perfeição evangélica”[1]. De fato, havia algo em suas almas que os impedia de subir não só ao monte onde Nosso Senhor estava, mas, sobretudo, a alta montanha da santidade.

Um vício que nos afasta de Jesus

Nessa pregação que nos narra o Evangelho – conhecida como “Sermão das bem-aventuranças” – Nosso Senhor diz: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus” (Lc 6,20). Mas, o que vem a ser tal pobreza? Significa viver na miséria? É necessário entendermos bem isso.

Algo que vale a pena ressaltar é o que vem antes da mencionada afirmação: “E, levantando os olhos para os seus discípulos” (Lc 6,20). Ou seja, era a respeito deles que Nosso Senhor falava! Como vimos no início do evangelho, eles desceram a montanha junto com Jesus (Cf. Lc 6,17). De fato, eles tinham deixado tudo para seguir o Mestre. E era isto o que faltava àquela multidão: desapegar-se do reino do mundo para entregar-se ao Reino de Deus.

Quem faz deste mundo seu fim último se afasta de Nosso Senhor e bem poderá ouvir as palavras do profeta Jeremias na primeira leitura de hoje:

“Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor” (Jr 17, 5).

É indispensável que, embora vivendo neste mundo – afinal, somos homens –, estejamos sempre voltados para as coisas do céu e só em Deus coloquemos nossa esperança, pois, como diz o salmo de hoje:

“É feliz quem a Deus se confia” (Cf. Sl 1).

Ou Deus ou o mundo

A liturgia de hoje nos coloca, portanto, diante de duas opções: ou o Reino do Céu, ou o reino deste mundo. Deus é quem reina no primeiro, como sabemos. Já no segundo… creio não ser preciso dizer.

É absoluta a oposição entre estes dois reinos, e é difícil calcular até onde pode chegar a aversão e o ódio dos que vivem para este mundo em relação aos verdadeiros filhos de Deus. Contudo, isso não deve ser causa de tristeza, mas sim de maior alegria, como Nosso Senhor nos diz no Evangelho de hoje:

“Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome por causa do Filho do Homem! Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, pois será grande a vossa recompensa no céu; porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas” (Lc 6,22-23).

Rezemos para alcançar essa pobreza de que nos aconselha a liturgia de hoje. Estejamos sempre com o coração voltado para Deus e nunca nos esqueçamos de que não fomos feitos para este mundo, mas sim para o Reino dos Céus. Procedendo assim, ainda que odiados pelo mundo, seremos amados por Deus!

Por Lucas Rezende


[1] SÃO BEDA, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO. Catena Aurea. In Lucam, c. VI, v. 17-19.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Carmem Hernández Barreira - Biografia

Carmem Hernández | cn.org.br

BIOGRAFIA

24 DE NOVEMBRO DE 1930,
† MADRI, 19 DE JULHO DE 2016

Carmen foi, junto com Kiko, a iniciadora do Caminho. Nasceu em Ólvega (Soria, Espanha) em 24 de novembro de 1930. Foi a quinta de nove filhos - quatro homens e cinco mulheres - e viveu sua infância em Tudela (Navarra, Espanha).

Em Tudela estudou na Compañía de María e teve contacto com a Compañía de Jesús (jesuítas). Influenciado pelo espírito missionário de São Francisco Xavier, desde muito jovem sentiu a vocação de ir em missão na Índia. Por vontade do pai, em 1948 começou a estudar Química em Madrid, onde se formou com as notas mais altas em 1954.

Durante algum tempo trabalhou com o pai na indústria alimentar numa fábrica que a família possuía em Andújar (Jaén), mas decidiu partir para Javier, onde passou a fazer parte de um novo instituto missionário: os Missionários de Cristo Jesus . Depois do noviciado, estudou teologia na casa de formação teológica para religiosos em Valência. Em 1960 ela foi enviada para a Índia. Para esta missão teve que se preparar em Londres (na época o país asiático pertencia à Commonwealth), onde permaneceu por um ano. Naquela época, houve uma mudança de direção nos Missionários de Cristo Jesus que limitou sua abertura à missão, então Carmen voltou de Londres para Barcelona. Lá conhece o padre Pedro Farnés Scherer, que acabara de concluir seus estudos no Instituto de Liturgia de Paris,

Nas suas aulas, o P. Farnés apresentou as fontes pascais da Eucaristia e uma eclesiologia renovada que mostrava a Igreja como a luz das nações. O animado contato de Carmen com os autores dessa renovação conciliar teve grande influência, posteriormente, na formação das catequeses do Caminho Neocatecumenal.

De meados de 1963 a meados de 1964, Carmen viajou pela Terra Santa com a Bíblia, aprendendo sobre os Lugares Santos. Ao retornar a Madri, começou a trabalhar no quartel da periferia pensando em ir para a Bolívia como missionária com outros leigos celibatários. No entanto, lá conhece Kiko Argüello, que morava no quartel de Palomeras Altas, e decide ficar na mesma área. No meio dos pobres, ambos descobriram o poder do mistério pascal e da pregação do Kerygma (Boa Nova de Cristo morto e ressuscitado) e viram nascer a primeira comunidade. Gracias a la confirmación de esta nueva realidad por el entonces arzobispo de Madrid, Mons. Casimiro Morcillo, Carmen colabora con Kiko llevando a las parroquias –primero a Madrid, después a Roma ya partir de entonces a otras ciudades y naciones– esta obra de renovación da Igreja.

Carmen Hernández faleceu em 19 de julho de 2016 em Madrid. No seu funeral, presidido pelo Cardeal Arcebispo de Madrid Carlos Osoro Sierra, e com a presença de milhares de pessoas, Pe. Mario Pezzi sublinhou que com o Caminho é “a primeira vez na história que uma realidade eclesial é fundada por um homem e uma mulher que colabora constantemente há mais de 50 anos”. Além disso, o Papa enviou uma mensagem na qual afirma receber "com emoção" a notícia da morte de Carmen e destacou sua "longa existência marcada pelo amor a Jesus e por um grande entusiasmo missionário". "Agradeço ao Senhor o testemunho desta mulher, animada por um amor sincero à Igreja, que passou a vida anunciando a Boa Nova em todos os lugares, mesmo nos mais distantes, sem esquecer as pessoas mais marginalizadas".

Fonte: https://neocatechumenaleiter.org/pt-br/

Um querer divino

Foto: Dimitri Conejo Sanz
Sétimo artigo da série “Como as mãos de Deus”, com textos da pregação de São Josemaria sobre a família.

Tradução de textos da pregação de São Josemaria sobre a família publicados no livro “Como las manos de Dios” de Antonio Vázquez (Ed. Palabra).

Não havia passado nenhum ano do falecimento de São Josemaria quando, em um ato in memoriam celebrado na Universidade de Navarra, o Bem-aventurado Álvaro del Portillo, a pessoa que conheceu o Fundador mais de perto, ao descrever a sua condição de instrumento de Deus, começou dizendo: Duas profundíssimas convicções emolduram a personalidade humana e sobrenatural de Mons. Escrivá: uma renovada e verdadeira humildade – a consciência plena de todo dom que vem de Deus – e, ao mesmo tempo, uma clara percepção da sua vocação. Dois conceitos intimamente unidos de forma permanente.

O Fundador da obra detalha a gratuidade desses dons em uma homilia sobre a vocação cristã: Realmente, na base da nossa vocação está o conhecimento da nossa miséria, a consciência de que as luzes que iluminam a alma  a fé  o amor com que amamos  a caridade  e o desejo que nos mantém  a esperança  são dons gratuitos de Deus. Tudo o que somos e temos é obra de Deus.

Antes de aproximar-nos à compreensão do que é o amor humano, é urgente colocar as coisas no seu devido lugar. Tudo o que o homem possui, recebeu de Deus: inclusive a capacidade de amar. Sem esse conceito bem estabelecido, é possível introduzir tal desvio na origem das coisas, que nos enganemos sobre o nosso destino e, portanto, sobre a trajetória de nossas vidas.

Voltando ao texto da homilia de São Josemaria no campus da Universidade de Navarra, em outubro de 1967, sobre o qual fiz uma glosa no capítulo anterior, evidencia-se a ideia de que todo dom que sai das mãos de Deus é santo. Neste contexto, não é surpreendente que, quando o Fundador do Opus Dei se referisse ao amor humano, qualificasse essa realidade como algo particularmente entranhável da vida ordinária. Refiro-me – foram as suas palavras – ao amor humano, ao amor limpo entre um homem e uma mulher, ao noivado, ao matrimônio. Devo dizer uma vez mais que esse santo amor humano não é algo permitido, tolerado, ao lado das verdadeiras atividades do espírito, como poderiam insinuar os falsos espiritualismos. Mais adiante, acrescentou: eu encomendei os amores de todos a Santa Maria, Mãe do Amor Formoso.

Santo amor humano. Ou seja, se não é santo, é um amor passageiro, incompleto, fraco, empobrecido, mutilado, também humanamente, porque desconhece a sua origem e seu fim. Nem o amor humano nem o casamento foram inventados pelos homens. Somente Deus é seu autor. Deus, que criou o homem por amor, também o chamou para o amor, vocação fundamental e inata de todo ser humano (...).Tendo-os Deus criado homem e mulher, seu amor mútuo se torna uma imagem do amor absoluto e indefectível de Deus pelo homem[1].

E, para que não caibam dúvidas, o Catecismo da Igreja Católica ressalta que este amor é bom, muito bom, aos olhos do Criador.

Pode-se pensar que, para descrever como deve ser o amor entre os cônjuges, foi estabelecido um modelo muito sublime, intransponível, mas exato: amar o outro como Deus os ama. Porque a medida do amor cristão não está no coração do homem, mas no coração de Deus.

Quando um casal quer abordar seu amor nas dimensões que lhe correspondem, deve esforçar-se por aprender a amar-se, dentro dos seus limites, com um amor que se assemelhe, nas suas qualidades, ao amor de Deus: isto é, que exista “uma razão de similaridade”. A partir dessa abordagem, superam-se qualquer monotonia, estagnação ou rotina. Sempre é possível mais. Não importam as circunstâncias, o passar dos anos ou os obstáculos que com certeza virão, de dentro e de fora.

Enfrentamos um desafio de dimensões cada vez maiores. São Josemaria oferecia, sobre esta possibilidade, múltiplas sugestões em encontros com milhares de pessoas. Eram encontros familiares, nos quais, apesar do número de participantes e da variedade de condições, se estabelecia uma comunicação pessoal simples e natural. Ao mesmo tempo, essas palavras poderiam ser traduzidas com significado próprio por cada um dos presentes. Que vocês se amem muito”, exortava aos casais em São Paulo. O amor dos cônjuges cristãos – sobretudo se são filhos de Deus no Opus Dei –, é como o vinho, que melhora com os anos e ganha valor… Porque o seu amor é muito mais importante que o melhor vinho do mundo. É um tesouro esplêndido que o Senhor quis conceder a vocês. Conservem-no bem. Não o joguem fora!”

Este é o elixir da juventude eterna que todos nós buscamos para nossos amores. Um anseio que somente o nosso excesso de cobiça e a nossa falta de ambição puderam diminuir. Não devemos permitir que os atritos cotidianos reduzam nosso amor a algo raquítico e anêmico, quando se espera que alcancemos uma estatura de maior dimensão.

São Josemaria foi um mestre na difícil arte de amar, enquanto se esforçava por nos ensinar a colocar o nosso coração no amor a Deus. Visto assim, quanto vale um pequeno ato, feito por Amor! Muitas vezes, com certa perspicácia, ele sugeria aos casais exemplos de amor simples, mas eloquentes. Assim, quando uma mulher lhe perguntou como manter vivo o amor ao marido, além de outras considerações de ordem sobrenatural, não deixou de lhe oferecer um detalhe tão natural quanto prático: tentar cuidar da comida de uma maneira especial quando sabia que seu esposo retornaria para casa especialmente cansado. Não são receitas, são parábolas, que servem para reter uma ideia. Mais tarde será uma imagem que, guardada na memória, aparecerá contra a luz, convertida em flash, ante uma situação semelhante. Não é arriscado afirmar que, de seu amor transbordante, sem efeitos facilmente emocionais, surgia todo o valor significativo e atraente de seus ensinamentos.

Tudo entra em jogo nessa constante aprendizagem de amor. O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se o não experimenta e se o não torna algo seu próprio, se nele não participa vivamente[2]. O plano de Deus para o casamento foi feito à medida do Seu amor, e não dos nossos limites. Aprofundar e ampliar horizontes é uma tarefa que não tem fronteiras. Para realizá-la, é essencial segurarmos na mão de Deus que é o Único que conhece as possibilidades e fragilidades do coração humano, e perguntar-nos a cada passo, na intimidade do nosso relacionamento com Ele, o que espera de nós. Como devemos fazer isso? Em que? De que maneira podemos atravessar nossa vida por aquele nervo substancial de onde tudo se enraíza e se expande? Dessa perspectiva, uma nova luz aparece para avaliar até os menores detalhes de nossa caminhada diária. Não são nuvens de algodão, nem enfeites cor de rosa: são fatos. Fatos que exigem esforço, às vezes heroico. O fundador do Opus Dei referia-se a eles ao insistir que é missão muito nossa transformar a prosa desta vida em decassílabos, em poesia heroica. Heroica – porque requer luta e esforço, mas poesia: porque é a única forma de expressar o inefável. O amor assim entendido gera a força transformadora e criativa que prolonga o poema até o crepúsculo de uma existência sem rotinas, nem desvios, embora não faltem dor e cansaço. Venha o que vier e aconteça o que acontecer, porque cada episódio será apenas uma passagem, um recomeçar em um caminho com um fim esperado.

São inúmeras as tentativas humanas, recolhidas pela literatura de todas as épocas, de tentar apresentar o amor humano honesto das maneiras mais multifacetadas. Bem-vindas sejam, pois todas são fagulhas instantâneas que saem da mesma fogueira e algumas fazem vibrar a alma ao mostrar a variedade de registros que o ser humano entesoura. Junto com isso, muitas vezes, essas impressões brilhantes transmitidas limitam-se a contar-nos o anseio de satisfação e a nostalgia do infinito, quando não revelam como é fácil que nos enganemos em nossas aspirações mais elevadas terminando em degradantes escoadouros. Não há mais amor do que aquele que vem do Amor. O resto, no máximo, converte-se em pseudo-amores ou aventuras românticas, por mais ruídos que produzam nos alto-falantes. Ao aprofundar nisso, devemos nos remeter a Santo Agostinho: Como é então, Senhor, que eu Te procuro? De fato, quando Te procuro, ó meu Deus, é a vida feliz que eu procuro. Faz com que Te procure, para que a minha alma viva! Porque tal como o meu corpo vive da minha alma, assim a minha alma vive de Ti[3].

Em última análise, o amor é um mistério, que nunca acabamos de compreender e o amor humano mostra claramente essa evidência. Por que me apaixonei por essa pessoa? Por que devo entregar parte da minha vida a um ser com essas qualidades e limitações? Como é possível que eu ame esta criatura, apesar do seu nada, por causa de seu nada, e a ame com um amor mais forte do que tenho por mim mesmo e por minha felicidade? Isso só é possível se o amor humano estiver combinado e amalgamado com o amor eterno. Não são devaneios românticos. É preciso compreender e aceitar que o que o amor humano tem de plenitude e de limitação, não é obstáculo para chegar a Deus. Muito pelo contrário: é a ocasião para se aproximar Dele. Assim nos fazia ver o fundador do Opus Dei ao recordar que o matrimônio cristão é sinal sagrado que santifica, ação de Jesus que se apossa da alma dos que se casam e os convida a segui-Lo, transformando toda a vida matrimonial em um caminhar divino sobre a terra.

Foi Deus quem, na criação, antecipando-se a todo amor humano imaginável, disse: “Eu quero que você seja ... é muito bom que você exista” (cfr. Gen 1,31) (...), Portanto, se Deus amou essa criatura a ponto de dar-lhe existência ... que posso fazer senão repetir e tentar imitar esse amor divino? Em virtude da sua própria natureza e irreversivelmente, o amor humano não pode ser mais do que uma imitação, uma espécie de repetição desse amor de Deus. Temos certeza de que nunca o conseguiremos, mas na determinação por alcançá-lo já existe um valor agregado de felicidade para a pessoa que amamos, e um olhar compassivo de Deus que recompensa até um copo de água que dermos em Seu nome.

Amar o cônjuge como Deus ama. Aqui está uma tarefa sugestiva o suficiente para preencher toda a vida e mil vidas que tivéssemos. Verdadeiramente, é curto o nosso tempo para amar, para dar, para desagravar repetia o fundador do Opus Dei na última etapa de sua vida terrena.

Uma das qualidades desse amor é a totalidade. Deus nos ama como somos, não prescinde de aspectos ou parcelas de nossa personalidade. Ainda que tenhamos o rosto sujo e o coração desgrenhado, Ele continua amando cada um de nós com um amor de predileção, como se os outros não existissem. Aceita-nos como somos, ainda que nos prefira melhores. Por isso, São Josemaria insistia muitas vezes que amássemos os defeitos de nossos cônjuges, quando não são ofensa a Deus. E se fossem, seria com o exemplo e o carinho que conseguiríamos fazê-los mudar:

Além disso, independentemente dessas fraquezas, contribuirás para remediar as grandes deficiências dos outros, sempre que te empenhares em corresponder à graça de Deus. Reconhecendo-te tão fraco como eles – capaz de todos os erros e de todos os horrores – serás mais compreensivo, mais delicado.

Nada pode nos surpreender ou assustar. Nem o amor de Deus nem o amor humano são uma enteléquia. Não amamos um ente ideal, nem um produto de fantasia resplandecendo luzes e cores. O objeto do nosso amor são criaturas de carne e osso. O amor humano está enervado com realidades que são vistas, ouvidas e tocadas. É uma dedicação total a alguém, no que é grande e pequeno, na presença e na lembrança. É um amor intuitivo e racional, inteligente, criativo e tão madrugador que se antecipa. Mas acima de tudo é operacional, se cristaliza em obras.

Se realmente pretendemos viver de amor, se queremos superar a confusão ou as desorientações teóricas e práticas que podem surgir ao tornar realidade esta vocação fundamental do ser humano, devemos aprender a amar.

(Extraído do livro de Antonio Vázquez “Como las manos de Deus”, edições Palabra, Madri)

Tradução: Mônica Diez

[1] Catecismo da Igreja Católica, 1604.

[2] São João Paulo II, Redemptor Hominis,10.

[3] Santo Agostinho, Confissões, 10, 20, 29: CCL 27, 170 (PL 32, 791).

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Papa reforma estrutura da Congregação para a Doutrina da Fé

Praça de São Pedro, no Vaticano / Daniel Ibáñez (ACI)

Vaticano, 14 fev. 22 / 02:19 pm (ACI).- O papa Francisco modificou a estrutura interna da Congregação para a Doutrina da Fé com o motu proprio Fidem servare publicado pela Santa Sé, em 14 de fevereiro.

Na carta apostólica em forma de motu proprio, o papa Francisco instituiu duas seçõesm separando questões doutrinárias de questões disciplinares, e designou um secretário para cada uma. As mudanças entraram em vigor hoje, 14 de fevereiro.

Segundo o Vatican News, serviço de informação da Santa Sé, “o objetivo da reforma é dar a devida importância também à seção doutrinal e ao seu papel fundamental na promoção da fé, sem descuidar da atividade disciplinar, depois de décadas em que muito esforço e muitos recursos humanos foram empregados no exame de casos de abuso. Dessa forma, com um secretario próprio, cada seção terá mais força e mais autonomia.”

O papa destacou em seu motu proprio Fidem servare que proteger a fé “é a tarefa principal, bem como o critério último a ser seguido na vida da Igreja”. Como estabeleceram são Paulo VI e são João Paulo II, a Congregação para a Doutrina da Fé “assume este importante compromisso, assumindo competências doutrinais e disciplinares”. Agora, em duas seções, "cada uma coordenada por um secretário que coadjuva o prefeito no âmbito específico de sua competência, com a colaboração do subsecretário e dos respectivos chefes de gabinete”.

Seção Doutrinal “trata de assuntos que dizem respeito à promoção e proteção da doutrina da fé e da moral. Além disso, favorece os estudos que visam aumentar a inteligência e a transmissão da fé a serviço da evangelização, para que a sua luz seja um critério para compreender o significado da existência, especialmente diante das questões colocadas pelo progresso das ciências e pelo desenvolvimento da sociedade”.

A seção examina os documentos a serem publicados pelos outros dicastérios e os escritos e opiniões “que parecem problemáticos para a fé reta, favorecendo o diálogo com seus autores e propondo soluções adequadas a serem tomadas”. 

A esta seção é confiada também a tarefa de estudar as questões relativas aos ordinariatos pessoais de ex-anglicanos e a gestão do Cartório Matrimonial, que diz respeito ao chamado privilegium fidei e examina a dissolução de matrimônios entre dois não-batizados ou entre um batizado e um não batizado.

Seção Disciplinar

Seção Disciplinar é responsável pelos crimes reservados à congregação e tratados através do Supremo Tribunal Apostólico. Tem a tarefa de “preparar e elaborar os procedimentos previstos pela normativa canônica para que a congregação, em suas diversas instâncias (prefeito, secretário, promotor de Justiça, congresso, sessão ordinária, colégio para examinar recursos de delicta graviora), possa promover uma correta administração da justiça”.

Além disso, a Seção Disciplinar promove “iniciativas de formação” para bispos e juristas, a fim de “favorecer uma correta compreensão e aplicação das normas canônicas relacionadas ao próprio âmbito de competência”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa transfere para os bispos competências reservadas à Santa Sé

Bispos durante uma Missa na Basílica de São Pedro |
Vatican Media

Com um motu próprio, Francisco estabelece que os ordinários das Igrejas locais poderão intervir na gestão dos seminários, na formação sacerdotal, na redação de catecismos e em outras áreas sem requerer aprovação do Vaticano, mas uma confirmação mais simples.

Alessandro De Carolis – Vatican News

Não mais uma "aprovação", mas uma "confirmação". Essa é a novidade essencial do motu próprio com o qual o Papa decidiu modificar a atribuição de algumas competências previstas pelo Código de Direito Canônico, tanto da Igreja latina como das Igrejas orientais. Estas incluem a competência das Conferências Episcopais para publicar catecismos. Uma das primeiras novidades diz respeito à transferência da Santa Sé para o bispo diocesano da faculdade de criar um seminário em seu território, sem ter que esperar pela aprovação de Roma, mas simplesmente pela sua confirmação. O objetivo, como definido na introdução ao motu próprio, é favorecer uma "descentralização salutar" que torna as decisões no campo eclesial mais dinâmicas.

Uma possibilidade análoga é concedida aos bispos em relação à formação sacerdotal (os bispos podem adaptá-la "às necessidades pastorais de cada região ou província") e à incardinação dos sacerdotes, que a partir de agora podem ser incardinados – para além de em uma Igreja particular ou um em um Instituto religioso - também em uma "associação  pública clerical", reconhecida pela Santa Sé, a fim de evitar "clérigos acéfalos e vagantes". O critério de descentralização, mas também de "proximidade", também se reflete no alongamento de 3 para 5 anos do período de "exclaustração", ou seja, a possibilidade que autoriza um religioso a viver fora de seu próprio Instituto por razões sérias. O motu próprio, assim como sobre a competência das Conferências episcopais para publicar catecismos, intervém transferindo da Santa Sé para a responsabilidade das Igrejas locais as decisões sobre possíveis reduções no número de Missas a serem celebradas com relação às intenções e recebimentos.

bispo dom Marco Mellino, secretário do Conselho de Cardeais e membro do Pontifício Conselho dos Textos Legislativos, explica os princípios gerais que inspiraram o motu próprio do Papa:

O Motu próprio, com o qual algumas normas dos dois Códigos da Igreja católica - o Código de Direito Canônico para a Igreja latina e o Código dos Cânones das Igrejas Orientais para a Igreja oriental - são alteradas, é mais uma peça que se une ao trabalho de reforma que o Papa Francisco começou desde o início de seu pontificado e está prosseguindo.

Responde ao espírito de "descentralização salutar" indicado na Exortação apostólica Evangelii Gaudium, n. 32, com o objetivo de favorecer e valorizar a dinâmica de proximidade na Igreja, sem com isso comprometer a comunhão hierárquica.

A intenção que o anima é profundamente pastoral e está bem delineada no proêmio introdutório do texto, no qual se diz que, tendo em conta a cultura eclesial e a mentalidade jurídica própria de cada Código, certas competências até então atribuídas à Santa Sé, e portanto exercidas pelo governo central, estão sendo "descentralizadas", ou seja, designadas aos Bispos (diocesanos/eparquiais ou unidos em Conferências episcopais ou segundo Estruturas hierárquicas orientais) e aos Superiores Maiores dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica com a intenção precisa de fomentar sobretudo o sentido da colegialidade e da responsabilidade pastoral, bem como de satisfazer os princípios da racionalidade, da eficácia e da eficiência.

É evidente, de fato, que quando a autoridade tem um conhecimento direto e mais próximo das pessoas e dos casos que exigem uma ação pastoral de governo, esta ação, em virtude da própria proximidade, pode ser de mais rápida eficácia.

Neste sentido, portanto, as mudanças normativas que estão sendo feitas com este Motu Próprio refletem ainda mais a universalidade compartilhada e plural da Igreja, que inclui as diferenças sem homologá-las, garantida, no que diz respeito à sua unidade, pelo ministério petrino próprio do Bispo de Roma.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Teotônio

S. Teotônio | arquisp
15 de fevereiro

São Teotônio

Teotônio nasceu em 1082, na aldeia de Tartinhade, em Ganfei, próxima a Valença do Minho, Portugal. Na infância estudou no mosteiro beneditino de Ganfei.

Aos dez anos, mostrando inclinação religiosa, foi entregue ao tio, bispo de Coimbra, que assumiu sua educação. Na capital, o bispo o colocou no colégio anexo à sua Catedral designando o diretor padre Telo para orientador espiritual do sobrinho. Teotônio se formou em teologia e filosofia. Quando seu tio morreu , padre Telo o enviou aos cuidados de um outro tio, que era o prior do mosteiro em Viseu, para completar sua formação eclesiástica.

Em Viseu, ele tomou a ordem sacerdotal e sucedeu seu tio, como prior do mosteiro, em 1112. Teotônio fez então sua primeira peregrinação a Jerusalém e, ao voltar, recusou ser o bispo de Viseu. Preferiu continuar um simples missionário e voltou para a Terra Santa, pela segunda vez, onde pretendia ficar. Entretanto padre Telo, seu antigo orientador, mandou chamá-lo, porque precisava de sua ajuda para criar uma comunidade religiosa, sendo prontamente atendido.

Assim, Teotônio foi o co-fundador, junto com onze religiosos, e primeiro superior do mosteiro da Santa Cruz de Coimbra, sede da nova Ordem, criada em 1131, sob a Regra de Santo Agostinho. Todos os fundadores receberam o hábito agostiniano. Depois, pediram ao papa Inocêncio II que tomasse sob sua proteção o mosteiro da Santa Cruz de Coimbra. Ele aceitou o pedido pela Bula Desiderium quod, de 26 de maio de 1135.

Sua atuação foi marcada por uma dinâmica missionária relevante durante a reconquista cristã no território português. Cedo compreendeu que as nações não se forjam nos campos de batalhas, mas nas escolas de formação de sua juventude. Era um missionário notável e um homem de visão moderna para o seu tempo. Foi conselheiro espiritual do rei Afonso Henrique, que o estimava e muito auxiliou a Ordem. Manteve contatos amistosos com personagens importantes do seu tempo, como São Bernardo.

Aos setenta anos Teotônio renunciou ao cargo de prior, voltando a ser um simples religioso. Um ano depois o papa Anastásio IV quis consagrá-lo bispo de Coimbra, mas ele recusou, consagrando seus últimos anos à oração. Morreu em 18 de fevereiro de 1162. Seu corpo repousa numa capela da igreja do mosteiro que fundou. Um ano depois, no aniversário de sua morte o papa Alexandre III o canonizou.

São Teotônio se tornou o primeiro santo da nação portuguesa a ser canonizado, sendo celebrado pela Igreja como o reformador da vida religiosa em Portugal. O seu culto celebrado no dia 18 de fevereiro foi difundido pelos agostinianos espalhados no mundo todo. Em 1602, foi proclamado Padroeiro da cidade e diocese de Viseu.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Freira faz 118 anos e é a segunda pessoa mais velha do mundo

DW

PARIS, 14 fev. 22 / 11:03 am (ACI).- No dia 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, a freira francesa Irmã André Randon fez 118 anos, tornando-se a segunda pessoa mais velha do mundo e a mais velha da Europa segundo o Grupo de Pesquisa em Gerontologia, encarregado de validar informações de pessoas com 110 anos de idade ou mais.

O presidente da França, Emmanuel Macron, enviou uma saudação especial à freira.

A mensagem do presidente foi compartilhada através das redes sociais da casa de repouso Sainte Catherine Labouré, onde a freira mora.

A irmã André Randon nasceu no dia 11 de fevereiro de 1904 em Alés, França. Antes de entrar na vida religiosa, seu nome era Lucile Randon.

Aos 19 anos Lucile abandonou o protestantismo e se converteu ao catolicismo. Ela cuidou de crianças pequenas e idosos em um hospital francês até os 40 anos, quando entrou na vida religiosa.

Em 1944, Lucile entrou para a Congregação das Filhas da Caridade, fundada por são Vicente de Paulo, e adotou o nome de irmã André em homenagem a seu irmão.

Após 76 anos, irmã André mudou-se para Toulon, no sul da França, onde mora atualmente na casa de repouso Sainte Catherine Labouré.

A freira viralizou em 2021, pois apesar de ter testado positivo para covid-19 na casa de repouso e estar isolada dos demais moradores, não teve sintomas da doença.

Em 2019, quando fez 115 anos, a freira recebeu um cartão e um terço abençoado pelo papa Francisco, que ela usa todos os dias desde então.

Em seu aniversário de 116 anos, irmã André compartilhou com o mundo a sua “receita para uma vida feliz”: oração e uma xícara de chocolate quente todos os dias.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF