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terça-feira, 1 de março de 2022

Carnaval e Quaresma

Crédito: Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

Vários autores explicam o nome Carnaval a partir do latim “carne vale”, isto é, “adeus carne” ou “despedida da carne”; o que significa que no Carnaval o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias de jejum quaresmal. Outros estudiosos recorrem à expressão “carnem levare”, suspender ou retirar a carne.

O Papa São Gregório Magno (590-604) teria dado ao último domingo antes da Quaresma (domingo da Quinquagésima), o título de “dominica ad carnes levandas”; o que teria gerado “carneval” ou carnaval. Um grupo de etimologistas apela para as origens pagãs do Carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se fazer um cortejo com uma nave, dedicado ao deus Dionísio ou Baco, festa que chamavam em latim de “currus navalis” (nave carruagem), de donde teria vindo a forma Carnavale. Não é fácil saber a real origem do nome.

As mais antigas notícias do que hoje chamamos “Carnaval” datam, como se crê, do séc. VI antes de Cristo, na Grécia: há pinturas gregas em vasos com figuras mascaradas desfilando em procissão ao som de músicas em honra do deus Dionísio, com fantasias e alegorias; são certamente anteriores à era cristã. Outras festas semelhantes aconteciam na entrada do novo ano civil (mês de janeiro) ou pela aproximação da primavera, na despedida do inverno.

Eram festas religiosas, dentro da concepção pagã e da mitologia com a intenção de com esses ritos expiar as faltas cometidas no inverno ou no ano anterior e pedir aos deuses a fecundidade da terra e a prosperidade para a primavera e o novo ano. Por exemplo, para exprimir o cancelamento das culpas passadas, encenava-se a morte de um boneco que, depois de haver feito seu testamento e um transporte fúnebre, era queimado ou destruído. Em alguns lugares havia a confissão pública dos vícios. A denúncia das culpas muitas vezes se tornava algo teatral, como por exemplo, o cômico Arlequim que, antes de ser entregue à morte confessava os seus pecados e os alheios.

Tudo isso parece ter gerado abusos estimulados com o uso de máscaras, fantasias, cortejos, peças de teatro, etc. As religiões ditas “de mistérios” provenientes do Oriente e muito difusas no Império Romano, concorreram para o fomento das festividades carnavalescas. Estas tomaram o nome de “pompas bacanais” ou “saturnais” ou “lupercais”. Como essas demonstrações de alegria tornaram-se subversivas da ordem pública, o Senado Romano, no séc. II a.C. resolveu combater os bacanais e os seus adeptos acusados de graves ofensas contra a moralidade e contra o Estado.

Essas festividades populares podiam ser no dia 25 de dezembro (dia em que os pagãos celebravam Mitra ou o Sol Invicto) ou o dia 1º de janeiro (começo do novo ano), ou outras datas religiosas pagãs.

Quando o Cristianismo surgiu já encontrou esses costumes pagãos. E como o Evangelho não é contra as demonstrações de alegria desde que não se tornem pecaminosas, os missionários ao invés de se oporem formalmente ao Carnaval, procuraram cristianiza-lo, no sentido de depura-lo das práticas supersticiosas e mitológico. Aos poucos as festas pagãs foram sendo substituídas por solenidade do Cristianismo (Natal, Epifania do Senhor ou a Purificação de Maria, dita “festa da Candelária”, em vez dos mitos pagãos celebrados a 25 de dezembro, 6 de janeiro ou 2 de fevereiro). Por fim, as autoridades da Igreja parecem ter conseguido restringir a celebração oficial do Carnaval aos três dias que precedem a quarta-feira de cinzas.

Portanto, a Igreja não instituiu o Carnaval; teve, porém, de o reconhecer como fenômeno existente, e procurou subordina-lo aos princípios do Evangelho. A Igreja procurou também incentivar os Retiros espirituais e a adoração das Quarenta Horas nos dias anteriores à quarta-feira de cinzas. Sobretudo a Igreja fortaleceu a Quaresma.

A Quaresma

“Quaresma” provém do latim “Quadragesima” e significa “quarenta dias”; é o período de preparação para a Páscoa do Senhor, cuja duração é de 40 dias. Inicia-se na Quarta-feira de Cinzas e se estende agora até a Quinta Feira Santa. É um tempo de “penitência, jejum e oração”, que a Igreja chama de “remédios contra o pecado”, para a busca da conversão da pessoa.

A Quaresma foi inspirada no período de tentação de Cristo no deserto, bem como os exemplos de Noé, em 40 dias na Arca, e Moisés, vagando por 40 anos no deserto do Sinai.

No início da Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas, os fiéis têm suas frontes marcadas com cinzas, como os primitivos penitentes públicos, excluídos temporariamente da assembleia (lembrando Adão expulso do Paraíso, de onde vem a fórmula litúrgica: “Lembra-te de que és pó…”).

Esse tempo de penitência é recordado pela liturgia: as vestes e os paramentos usados são da cor roxa (no quarto domingo da Quaresma, pode-se usar o rosa, representando a alegria pela proximidade do término da tristeza, pela Páscoa); o Glória não é cantado ou rezado; a aclamação do “Aleluia” também não é feita; não se enfeitam os templos com flores; o uso de instrumentos musicais torna-se moderado.

É um tempo também favorável para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações penitenciais. O mesmo pode-se aplicar a todas as sextas-feiras do ano, tidas como dias penitenciais como prescreve o cân. 1250 do Código de Direito Canônico.

O historiador Sócrates informa que já no séc. V, a Quaresma durava seis semanas em Roma, sendo três semanas dedicadas ao jejum: a primeira, a quarta e a sexta. Já no século IV a “Peregrinação de Etéria” fala de um jejum de oito semanas praticado pela comunidade de Jerusalém, excluídos os sábados e domingos; o que totaliza os 40 dias de jejum. No tempo de São Gregório Magno (590-604), Roma observava os 40 dias da Quaresma.

O Código de Direito Canônico afirma que:

Cân. 1250 – “Os dias e tempos penitenciais, em toda a Igreja, são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma”.

Cân. 1251 – “Observe-se a abstinência de carne ou de outro alimento, segundo as prescrições da Conferência dos Bispos, em todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; observem-se a abstinência e o jejum na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

Cân. 1252 – “Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade até os sessenta anos começados. Todavia, os pastores de almas e os pais cuidem que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei do jejum e da abstinência, em razão da pouca idade”.

Para o Brasil a CNBB determinou que, exceto na Sexta-feira Santa, todas as outras sextas-feiras, inclusive as da Quaresma, têm sua abstinência convertida em “outras formas de penitência, principalmente em obras de caridade e exercícios de piedade”.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Oração de João Paulo II a Nossa Senhora pela Ucrânia

Mariangeles Burger
Por Philip Kosloski

São João Paulo II usou esta oração para pedir que o manto de Nossa Senhora cobrisse todo o povo da Ucrânia.

Quando São João Paulo II visitou a Ucrânia, em 2001, ele começou sua peregrinação apostólica com uma oração a Nossa Senhora de Zarvanytsia, pedindo sua intercessão por toda a Ucrânia.

Ele rezou a oração na Igreja Greco-Católica de São Nicolau, em Kiev, e pediu que o ícone da Mãe de Deus fosse levado para a ocasião.

Aqui está a oração na qual ele invocou a ajuda de Nossa Senhora para cobrir a Ucrânia com seu seu manto. Rezemos neste momento tão delicado para o país:

“Ó bem-aventurada Virgem Maria, Senhora de Zarvanytsia,
dou-te graças pelo dom de me encontrar na Rus’ de Kiev,
de onde foi espalhada em toda a região a luz do Evangelho.
Frente ao teu ícone miraculoso,
guardado nesta igreja de São Nicolau,
A Ti, Mãe de Deus e Mãe da Igreja,
confio a minha viagem apostólica à Ucrânia.

Santa Mãe de Deus,
estende o teu manto maternal sobre todos os cristãos
e sobre todos os homens e mulheres de boa vontade,
que vivem nesta grande Nação.
Guia-os para o teu Filho Jesus,
que é para todos caminho, verdade e vida”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana envia mensagem no início da Quaresma

Arcebispo-Maior Sviattoslav Shevchuk | Guadium Press
“Continuamos de pé. Estamos em oração por nosso exército, por nossa pátria, por nosso sofredor povo ucraniano”, disse o Bispo Shevchuk.

Redação (28/02/2022 17:16Gaudium Press) O Arcebispo-Maior Sviatoslav Shevchuk, chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana, enviou uma mensagem aos fiéis no início do tempo da Quaresma, que segundo seu calendário litúrgico começa no dia 28 de fevereiro. Suas palavras têm um significado especial em um momento em que o país é vítima da invasão do exército russo e os cidadãos estão incertos sobre sua sobrevivência. O prelado permanece em sua sede em Kiev, cidade que se encontra quase completamente sitiada pelas forças invasoras.

“Hoje é segunda-feira, 28 de fevereiro, e envio-lhe palavras de bênção da nossa Sede, da capital da Ucrânia, minha terra natal, Kiev, Ucrânia”, anunciou Sua Beatitude, destacando o heroísmo de muitos cidadãos que fizeram o possível para impedir a invasão, às vezes até sem armas. “Continuamos de pé. Estamos em oração por nosso exército, por nossa pátria, por nosso sofredor povo ucraniano”.

O prelado anunciou o início do tempo quaresmal conforme o calendário litúrgico de rito grego. “Prometo a vocês que este jejum será especial para vocês, porque juntos chegaremos na Páscoa”, afirmou Mons. Shevchuk. “Será assim, porque nossa Páscoa é o Senhor Jesus Cristo ressuscitado.”

Pede orações

Sua Beatitude agradeceu ao Papa Francisco por condenar a guerra e por levantar a voz em favor do povo ucraniano, e também a todos os crentes que se uniram em oração atendendo a este apelo pela paz. “Quero pedir-lhes especialmente hoje: façamos todo o possível para parar esta agressão, parar a guerra”, exortou o prelado.

“Mesmo quando isso parece impossível, inclusive quando diplomatas, advogados e líderes estaduais dizem que é muito difícil, rezamos para que o Deus da paz dê sabedoria para parar a agressão através do diálogo”, concluiu.

Com informações do Departamento de Informação da Igreja Greco-Católica Ucraniana.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Conselhos para viver as três dimensões fundamentais da Quaresma

Imagem ilustrativa. Crédito: Pixabay

REDAÇÃO CENTRAL, 01 mar. 22 / 05:00 am (ACI).- O padre, escritor e funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, monsenhor Florian Kolfhaus, compartilhou alguns conselhos para viver as 3 dimensões fundamentais da Quaresma que são jejuar, rezar e dar esmola.

Em sua coluna publicada na Quaresma de 2017 em CNA Deutsh – agência alemã do Grupo ACI –, o sacerdote indicou que os cristãos “não somos mestres de ioga que devem realizar práticas ascéticas muito exigentes” nos 40 dias de preparação para a Páscoa.

Mas, pelo contrário, “somos discípulos de Jesus que devemos experimentar a pobreza espiritual e às vezes material, para deixar assim que o Senhor nos gratifique”.

A seguir, apresentamos vários conselhos de monsenhor Kolfhaus para que o Senhor nos cumule com sua graça, enquanto vivemos o jejum, a esmola e o oferecimento de obras.

1. Jejum

Monsenhor Florian Kolfhaus explica que quando se fala de jejum “não se trata apenas do que se refere à comida”, mas também da “renúncia à televisão, ao celular e ao rádio, deixar de usar o carro particular para usarmos transporte público”.

No entanto, o sacerdote assegurou que abster-se de alimentos tem um “significado especial” na Sagrada Escritura.

“Jesus mesmo jejuou 40 dias no deserto até sentir fome. Nós também não deveríamos nos assustarmos com a Quaresma, com o sentir fome, pois, através desse oferecimento, tal como promete o Senhor, podemos fazer com que nossa oração produza mais frutos”, detalhou.

Além disso, assegurou que o jejum “pode tomar diversas formas”, como uma só refeição forte e dois reforços pequenos (é a prescrição quaresmal da Igreja que a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa), comer apenas pão e água (ou talvez frutas e verduras) ou esperar até à noite para fazer uma refeição forte.

“É claro que a renúncia das guloseimas e doces, do café e do álcool é oferecimento que faz bem à saúde corporal e que, às vezes, pode nos representar maior dor do que o jejum propriamente dito”, acrescentou.

2. Oração

O presbítero indicou que a oração é “ponto central” deste tempo de preparação para a Páscoa, entendendo a oração como “encontro pessoal com Deus”.

Por esse motivo, recomendou levantar-se 10 minutos antes para começar o dia com Deus em oração; visitar a cada dia, ao menos de forma breve, uma Igreja e adorar o Santíssimo; rezar o terço diariamente ou a Via Sacra nas sextas-feiras; e agradecer a Deus a cada dia, inclusive nos momentos difíceis.

Do mesmo modo, para estar mais bem preparados para rezar, convidou a colocar sobre a escrivaninha uma imagem de Jesus ou um crucifixo para ter o Senhor sempre presente; ler diariamente as Sagradas Escrituras memorizando versículos; e ler um bom livro espiritual antes de ir dormir.

3. Esmola

“Quanto à ideia de esmola, entendemos as boas obras que fazemos pelos demais. A Quaresma é uma escola de amor ao próximo”, explica Monsenhor Kolfhaus.

Nesse sentido, exortou a fazer uma boa obra a cada dia. Por exemplo, rezando pelas vítimas das guerras e catástrofes naturais; dando esmola ao mendigo ou doando objetos que sejam importantes e valiosos.

Monsenhor Kolfhaus também se referiu à doação de tempo, ou seja, separar tempo no dia para conversar com algum vizinho, telefonar para antigos conhecidos, escrever cartas ou ser paciente com colegas de trabalho.

Oferecimentos ou mortificações

Segundo monsenhor Kolfhaus, Nosso Senhor Jesus, “que esteve sedento na Cruz, pode ser consolado por nós, quando lhe oferecemos nosso amor, manifestando ao carregar nossa própria Cruz”.

“Não se trata de grandes sofrimentos ou dores, mas de grandes manifestações de amor. Mais importante do que a oferta em si são o amor e a confiança”, destacou.

O presbítero sustentou que durante esta Quaresma, os fiéis podem “carregar sua cruz” suportando pacientemente as doenças ou os problemas.

Indicou também que é possível ser criativo com os oferecimentos, por exemplo, não falar mal dos demais, tomar banho com água fria, renunciar a comidas ou bebidas de que gosta, subir as escadas em vez de usar o elevador.

Na vida religiosa, Monsenhor Kolfhaus destacou algumas opções, como fazer longos percursos rezando o terço, rezar de joelhos, rezar abrindo os braços ou fazer peregrinações curtas a pé.

Fonte: https://www.acidigital.com/

As Igrejas Ortodoxas diante do conflito na Ucrânia

O Patriarca ortodoxo Kirill em celebração na Catedral de Cristo Salvador em
Moscou, em 27 de fevereiro de 2022

Diante da campanha militar lançada pela Rússia em território ucraniano e dos cenários trágicos e imprevisíveis da guerra, as palavras e os apelos expressos pelos Patriarcas e representantes oficiais de várias Igrejas Ortodoxas também tentam orientar as comunidades que se deparam com uma inevitável e dolorosa desorientação espiritual.

“As guerras são uma derrota para todas as partes envolvidas. O único a gozar é o diabo, que já dança sobre as cabeças dos cadáveres e brinca com a dor das viúvas, dos órfãos e das mães enlutadas”.

Com estas palavras, o bispo copta ortodoxo à frente da diocese que inclui a parte central do Cairo, Anba Raphael, captou a raiz da inquietação que abala os líderes e todas as comunidades das Igrejas Orientais diante do conflito em curso na Ucrânia.

Nos últimos anos, o presidente russo Vladimir Putin, pretendia creditar sua imagem como defensor das comunidades cristãs locais também no Oriente Médio. Também por isso assume importância a perplexidade unânime expressada pelos Patriarcas e expoentes das Igrejas Orientais diante de uma campanha militar envolvendo povos irmãos, intimamente marcados em sua identidade espiritual pelo cristianismo de tradição bizantina oriental.

Nos últimos anos, as lacerações mais graves no cristianismo ortodoxo tiveram a Ucrânia como epicentro. O embate que levou à cisão entre o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla e o Patriarcado de Moscou caracterizou-se desde o início por sua conexão com conflitos fomentados por sentimentos nacionalistas e desígnios de ordem geopolítica.

O conflito entre a Igreja de Constantinopla e a Igreja de Moscou assumiu formas e tons cada vez mais sérios depois que o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla concedeu o chamado "Tomos de autocefalia" à Igreja Ortodoxa Ucraniana em 6 de janeiro de 2018, legitimando do ponto de vista canônico o nascimento de uma estrutura eclesial ucraniana totalmente desvinculada de qualquer vínculo hierárquico de sujeição ao Patriarcado de Moscou.

Agora, diante da campanha militar lançada pela Rússia em território ucraniano e dos cenários trágicos e imprevisíveis da guerra, as palavras e os apelos expressos pelos Patriarcas e representantes oficiais de várias Igrejas Ortodoxas também tentam orientar as comunidades que se deparam com uma inevitável e dolorosa desorientação espiritual.

O Primaz da Igreja Ortodoxa autocéfala da Geórgia, Patriarca Ilya II, reza pelo povo ucraniano. "Sabemos, com base na amarga experiência da Geórgia, o quão importante é a integridade territorial de cada país" acrescentou o Patriarca da nação onde em 2008 as forças armadas russas intervieram com a justificativa de proteger as prerrogativas de autonomia das regiões da Ossétia e da Abecásia.

Já o Patriarca Daniel, Primaz da Igreja Ortodoxa da Romênia, em suas declarações relançadas pela mídia declarou que havia "tomado conhecimento" da campanha militar desencadeada pela Rússia contra "um Estado independente e soberano", fazendo votos que as diplomacias encontrem em breve uma maneira de reativar canais de diálogo para afastar o espectro da guerra da Ucrânia e de toda a Europa.

O Patriarca Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu I, primus inter pares entre os Primazes das Igrejas Ortodoxas, em mensagem divulgada na quinta-feira, 24 de fevereiro, expressou seu "profundo pesar" pelo que definiu como um ato de clara violação de qualquer noção de legitimidade. Bartolomeu também expressou apoio ao povo ucraniano e sua intenção de defender a integridade de sua pátria.

"Devemos rezar - acrescentou o Patriarca de Constantinopla - para que nosso Deus, o Deus do amor e da paz, ilumine a liderança da Federação Russa, para que possa reconhecer as consequências trágicas de suas decisões e ações, como desencadear até uma guerra mundial”.

Sentimentos análogos de proximidade espiritual com o povo ucraniano foram expressos pelo arcebispo Ieronymos de Atenas, líder da Igreja Ortodoxa Grega.

O próprio Metropolita Onofry, à frente da Igreja Ortodoxa Ucraniana - que permaneceu ligado ao Patriarcado de Moscou -, publicou uma mensagem inicial contra a campanha militar lançada pela Rússia em território ucraniano, definida como "invasão", mensagem agora retirada do site oficial desta Igreja.

Até agora, o Patriarca de Moscou e de todas as Rússias, Kirill, divulgou uma mensagem em 24 de fevereiro, na qual afirma compartilhar "com profunda e sentida dor" o sofrimento causado pelos "eventos em andamento".

Na mensagem, o líder da Igreja Ortodoxa Russa não entra no mérito das razões e responsabilidades do conflito. Kirill fala como Primaz "de uma Igreja cujo rebanho está na Rússia, Ucrânia e outros países", expressando proximidade com "todos os que foram afetados por esta tragédia". O Patriarca convida as partes em conflito a evitarem baixas civis" e recorda que os povos russo e ucraniano têm uma história comum de séculos, que remonta ao Batismo da Rus' pelo príncipe St. Vladimir.

"Acredito que esta afinidade dada por Deus ajudará a superar as divisões e desacordos que levaram ao conflito atual", acrescentou o Primaz da Igreja Ortodoxa Russa, convidando todos a prestarem toda ajuda às populações que sofrerão o conflito na carne das próprias vidas.”

*Com Agência Fides

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Eudóxia

Santa Eudóxia | arquisp
01 de março

Santa Eudóxia

Eudóxia nasceu na Samaria, Palestina, mas vivia na cidade de Heliópolis na Fenícia, atual Líbano. Era uma jovem de extraordinária beleza, cujo ímpeto pagão a fez abandonar a família para levar uma vida de libertina. Teve muitos noivos e admiradores ricos, que vinham de outros países à sua procura. Dessa maneira, enrriqueceu.

Certa vez, pernoitou na casa de um seu vizinho cristão um velho monge, chamado Germano. De madrugada, o monge levantou para fazer suas orações em voz alta, como de hábito, e ler o Evangelho, entoando cânticos ao Senhor. A leitura foi sobre a nova vinda do Redentor e o juízo final. Eudóxia, acordou com aquela voz, que vinha pela parede, da casa ao lado, e ficou escutando. O que ouviu, a impressionou e perturbou o seu espírito.

Bem cedo, foi procurar o homem, que ouvira rezando durante a noite e escutou por muito tempo a orientação do velho monge Germano, sentindo sua alma se encher com a alegria e o amor de Cristo. Ficou isolada com o monge durante vários dias, só ouvindo suas palavras e rezando. Ela teve uma visão de são Miguel Arcanjo, presenciada pelo monge, confirmando assim seu arrependimento e conversão. O monge contou ao bispo de Heliópolis, Teodotos, que batizou Eudóxia. Depois, ela doou os seus bens aos pobres, libertou seus escravos e ingressou no convento feminino, próximo da cidade, de onde só saiu para morrer.

Eudóxia viveu muitos anos, consagrando a sua vida inteiramente ao jejum, orações e purificação da alma. Abraçou a fé com tanta certeza que em pouco tempo alcançou a maturidade espiritual, recebendo muitos dons de prodígios. A tradição diz, que são Miguel Arcanjo, deixou seu dragão para guardar o convento onde Eudóxia estava. A sua fama e os seus prodígios eram tantos que o prefeito pagão Aureliano, mandou alguns soldados ao convento para prendê-la. Mas, foram impedidos pelo dragão que expelia fogo pela boca à medida que tentavam se aproximar do convento. Depois de três dias desistiram, voltaram e contaram tudo ao prefeito.

Irritado, mandou outro grupo liderado por seu filho. Porém o dragão assustou os cavalos e o jovem caiu e morreu na hora. O prefeito consternado decidiu mandar um tribuno pedir ajuda à santa prodigiosa. Eudóxia lhe respondeu com uma carta, que ao ser colocada em contato com o jovem, ele ressuscitou. Aureliano se converteu e com ele toda a família e os seus magistrados. A filha Gelásia foi envida ao convento, o jovem ressuscitado se tornou diácono e mais tarde, o bispo de Heliópolis.

Eudóxia, chegou a ser a superiora do convento. Nesta função, ela concentrou suas forças para auxiliar os pobres, curar os enfermos com seus dons pelas orações, convertendo os pagãos, rezando e jejuando. Na época do imperador Trajano, ela foi denunciada pela disseminação da fé cristã. Acusada de bruxaria e fraude, sem julgamento Eudóxia foi decapitada em 1o. de março de 114. Santa Eudóxia se tornou digna de ingressar no Reino dos Céus, também pelo testemunho da fé em Cristo. O seu culto se manteve ao longo dos séculos e foi mantido pela Igreja, no dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

O rádio ainda vive e pode ser uma ferramenta de fraternidade

Editora Cidade Nova

O rádio ainda vive e pode ser uma ferramenta de fraternidade.

Seja para educar, informar, divertir, evangelizar, formar ou ouvir a comunidade, o rádio permanece como uma forte ferramenta para levar a fraternidade aos quatro cantos do mundo.

por Teresa Breda   publicado em 14/02/2022, modificado em 16/02/2022

No dia 13 de fevereiro celebramos o Dia Mundial do Rádio. Há quem diga que esse meio de comunicação de massa tão único acabou. Nos últimos tempos, ficamos tão adaptados ao novo conceito de comunicação nichada como o podcast, que por vezes podemos nos esquecer de que esse meio tão prático, acessível, informativo e, até mesmo, divertido ainda vive - e permanece forte, de pé. 

Aqui no Brasil, a primeira voz a viajar pelas ondas radiofônicas foi a do então presidente Epitácio Pessoa durante o centenário da independência, em 07 de setembro de 1922. O aparelho chegou ao país pelas mãos do cientista Edgar Roquette Pinto, o Pai da Radiodifusão brasileira, como ficou conhecido. 

E foi em 1986 que Flávio Valente teve seu primeiro contato com o rádio e se apaixonou pelo meio. Ele ainda era estagiário na Rádio Bandeirantes, mas a partir daí construiu uma bela vida ao seu lado: trabalhou como repórter, produtor, em todos os setores da reportagem, e ganhou prêmios no Rio Grande do Sul de jornalismo econômico, de Direitos Humanos, Educação e da Associação Riograndense de Imprensa, em cobertura policial.

Atualmente, exerce outro serviço no jornalismo, mas sua rotina com o meio nunca cessou.

“Tomo banho conectado no aplicativo de uma rádio. Cozinho ouvindo rádio. Asso o churrasco conectado numa rádio local ou então em alguma rádio pelo mundo. O rádio é o companheiro de todas as horas.”

Para Flávio, mesmo com avanço tecnológico, o meio permanece com as suas características próprias que o fazem quase que insubstituível, como por exemplo a ausência de internet para que funcione, assim podemos ouví-lo em qualquer lugar. Além disso, por utilizar apenas a voz, ele se torna acessível para toda a população. O jornalista conclui que este aspecto prático e amplo concede ao rádio uma grande potência para que ele se torne uma ferramenta de fraternidade. 

“Eu mesmo faço essa experiência do programa Prisma, aqui em Porto Alegre. Todas as quartas, fazemos um programa de uma hora com diversas ações que signifiquem a construção de uma nova humanidade.”

Ronnaldh de Oliveira também enxerga o mesmo potencial. Jornalista, ele conta que uma das experiências mais fortes que teve foi poder levar instituições de jovens em conflito com a lei para dentro dos estúdios.

“Por meio dessa ferramenta poderosa de comunicação pudemos redirecionar socialmente muitos jovens presos. A autoestima deles foi crescendo através dos programas porque entendiam ali que eram sujeitos de muitos dons, que podiam fazer algo além do crime. O rádio é uma ferramenta de mudança de vidas, de encontro com os seus sonhos, com seus dons, com o seu próprio eu.”

Sobre o futuro do rádio ambos são enfáticos: ele ainda vive e não acabará. “O Podcast apesar de ser um streaming de áudio, segue uma lógica diferente do rádio. É como se os programas fossem disponibilizados para que o povo ouça. O rádio vai além, interage em  tempo real com seus ouvintes e a grade da emissora caminha durante o dia com o seu público”, conclui Ronnaldh. 

Seja para educar, informar, divertir, evangelizar, formar ou ouvir a comunidade, o rádio permanece como uma forte ferramenta para levar a fraternidade aos quatro cantos do mundo. 

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

O que Santo Agostinho pensava sobre as guerras

Santo Agostinho | Public domain
Por Ricardo Sanches

Santo Agostinho foi o percursor do conceito de "guerra justa". Mas, do ponto de vista racional e espiritual, o que faz um conflito ser "justificável"?

Santo Agostinho de Hipona foi um dos primeiros e grandes teólogos do Cristianismo. Em sua Suma Teológica, ele se dedicou a discutir filosoficamente os assuntos que davam um nó na cabeça dos cristãos. A guerra estava entre esses temas.

A ideia deste Doutor da Igreja era tentar entender por que “esse vício oposto à caridade” acontecia com tanta frequência.

No artigo “A guerra a partir dos olhos de Santo Tomás de Aquino”, Fernando Vasconcellos Sperle Musso Santos explica:

“O que move Agostinho para tentar definir a guerra é um impasse que ele tem com a própria fé, que proíbe assassinatos e prega a paz entre os povos, mas que está sofrendo ataques de inimigos externos”.

Santo Agostinho e o conceito da “guerra justa”

Dos pensamentos de Santo Agostinho surgiram o conceito de “guerra justa”, que também encontra bases em outros filósofos.

De forma resumida, Agostinho considerava duas questões acerca da guerra:

  1. Quando é permitido travar uma guerra? (o direito da guerra)
  2. Quais são os limites na maneira de travar uma guerra? (os direitos na guerra)

Agostinho, à sua época, via a guerra como um trágica necessidade entre os povos, mas nem todas eram justificadas moralmente.

Para ele, existiam três regras para que, esgotadas todas as possibilidades de paz, uma guerra fosse iniciada:

– a autoridade. Diz Agostinho: “A ordem natural, que é dirigida para a paz das coisas morais, requer que a autoridade e a deliberação para realizar uma guerra estejam sob o controle de um líder”;

– a causa justa. Este Doutor da Igreja abominava como motivos da guerra “o desejo de causar dano, a crueldade da vingança, uma mente implacável e insaciável, a selvageria da revolta e o orgulho da dominação”;

– a intenção correta. Agostinho escreveu: “uma intenção encaminha a promover o bem ou a evitar o mal. […]. Pode, entretanto, acontecer que, sendo legitima a autoridade de quem declara a guerra e também justa a causa, resulte, sem problemas, ilícita por causa da má intencionalidade.”

O legado de Santo Agostinho

Por seus embasamentos racionais e espirituais, os argumentos agostinianos acerca dos conflitos embasaram pensamentos de futuros teólogos e até de papas. O próprio Catecismo da Igreja Católica aborda o tema. O texto diz que as guerras só serão justas se:

-o prejuízo causado pelo agressor à nação ou comunidade de nações seja duradouro, grave e certo;

– que todos os outros meios de lhe pôr fim se tenham revelado impraticáveis ou ineficazes;

– que estejam reunidas condições sérias de êxito;

– que o emprego das armas não traga consigo males e desordens mais graves do que o mal a eliminar.

Assim, as guerras modernas, como a da Ucrânia, por exemplo, não podem, pelas óticas de Santo Agostinho e do Catecismo, ser consideradas “justas”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Há nove anos, Bento XVI se despedia dos fiéis como papa pela última vez

Bento XVI se despede dos fiéis em Castel Gandolfo, em 28 de fevereiro de 2013.
Foto: Vatican Media

REDAÇÃO CENTRAL, 28 fev. 22 / 05:00 am (ACI).- Depois de anunciar a sua decisão de renunciar ao ministério em 11 de fevereiro, 2013, o papa emérito Bento XVI fez a sua renúncia no dia 28 de fevereiro do mesmo ano e se transladou do Palácio Pontifício do Vaticano a Castel Gandolfo.

Em 28 de fevereiro de 2013, às 17h07 (hora local), Bento XVI deixou o Vaticano e seguiu de helicóptero até Castel Gandolfo. Na varanda da casa de verão dos pontífices, ele, que havia sido papa durante oito anos, se dirigiu aos peregrinos reunidos na praça para lhes dizer: "Eu sou simplesmente um peregrino que iniciou a última etapa da sua peregrinação nesta terra".

Logo depois de ser transladado a Castel Gandolfo, foram fechadas as portas do local, começou a Sede Vacante.

Bento XVI viveu em Castel Gandolfo durante dois meses, enquanto realizavam as adaptações apropriadas em sua nova residência, o antigo mosteiro "Mater Eclesiae".

Entretanto, durante esses 62 dias, não ficou sozinho. De fato, nas primeiras imagens "roubadas" do Pontífice, ele aparecia caminhando pelos jardins junto com o seu secretário, dom Georg Gänswein.

Além disso, recebeu algumas visitas, como a do seu sucessor papa Francisco, que visitou Castel Gandolfo em 23 de março. Naquele dia, as primeiras imagens de ambos se abraçando na frente do helicóptero e rezando na capela ajoelhados no mesmo banco deram a volta ao mundo.

Um pouco mais de um mês depois, Bento XVI voltou ao Vaticano, onde Francisco o esperava para lhe dar as boas-vindas. A partir disso, Bento XVI começou uma nova vida no mosteiro ‘Mater Ecclesiae’ junto das quatro ‘memores Domini’ (Rossella, Loredana, Carmela e Cristina), leigas consagradas do Movimento Comunhão e Libertação que o ajudam desde então e com o prefeito da Casa Pontifícia e secretário particular do papa emérito, dom Georg Gänswein.

Mas desde que vive no Vaticano, Joseph Ratzinger também visitou aquela que tinha sido sua casa durante os meses de verão e algumas semanas depois da sua renúncia; durante essas visitas, percorreu os jardins junto com dom Gänswein, rezou o rosário e participou de um concerto de piano.

Bento XVI em boa forma

Embora nas primeiras imagens divulgadas após a sua renúncia, Bento XVI foi visto usando uma bengala e movendo-se com dificuldade, ele mesmo disse durante os meses seguintes que queria deixar claro que está "muito bem". Assim assegurou o ator italiano Lino Banfi quando encontrou com ele no mosteiro ‘Mater Ecclesiae’, ocasião na qual também indicou que "toca piano, lê, estuda e reza".

Em outubro de 2017, Dom Gänswein desmentiu os rumores publicados no Facebook que Bento XVI estava à beira da morte.

Francisco visita Bento antes de cada viagem

Em meados de 2014, o Prefeito da Casa Pontifícia, Dom Georg Gaenswein, revelou que, antes de qualquer viagem internacional, o Papa Francisco visita Bento XVI, um gesto que mostra a boa relação que existe entre ambos e como o atual Pontífice continua a visão do seu antecessor.

Em 14 de fevereiro de 2015, Bento XVI participou da criação de 20 novos cardeais pelo Papa Francisco, e no dia 8 de dezembro do mesmo ano foi o primeiro peregrino a cruzar a Porta Santa da Basílica de São Pedro, durante a inauguração do Ano Santo da Misericórdia.

Do mesmo modo, em 28 de junho de 2016, Bento XVI pronunciou algumas palavras ao seu sucessor. Durante os 65 anos de ordenação sacerdotal do Papa Francisco, o Papa Emérito afirmou que “a sua bondade, desde o primeiro momento da eleição, em cada momento da minha vida aqui, me toca, me leva, realmente, interiormente”.

“Mais do que nos Jardins do Vaticano, com a sua beleza, a Sua bondade é o lugar onde eu moro: Sinto-me protegido”, acrescentou.

Uma vida de oração

Em 11 de fevereiro de 2017, quatro anos depois da renúncia de Bento XVI ao pontificado, o Pe. Federico Lombardi, ex porta-voz do Vaticano, afirmou que o Papa alemão vive em oração e com muita discrição o seu serviço de acompanhamento à Igreja e de solidariedade com seu sucessor, o Papa Francisco.

O sacerdote jesuíta, que foi Diretor da Sala de Imprensa durante o pontificado de Bento XVI, disse que, embora a força física de Joseph Ratzinger esteja debilitada devido à sua idade, "as forças mentais e espirituais estão perfeitas".

"Realmente é muito bonito ter o Papa Emérito que reza pela Igreja, pelo seu Sucessor. É uma presença que sentimos. Sabemos que ele está presente e, embora não o vejamos com frequência, quando o vemos, todos nós ficamos muito contentes, porque o amamos. Portanto, o sentimos como uma presença que nos acompanha, nos consola e nos tranquiliza", afirmou o sacerdote, atual presidente da Fundação Joseph Ratzinger.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa para a Quaresma: “Não nos cansemos de semear o bem"

"A seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecidos" | Vatican News

“A Quaresma vem recordar-nos que o bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam duma vez para sempre; hão de ser conquistados cada dia”. É o convite do Papa Francisco na sua mensagem para a Quaresma 2022, a partir de uma exortação do Apóstolo São Paulo.

Jane Nogara - Vatican News

Foi publicada nesta manhã (24/02) a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2022. A reflexão sugerida pelo Santo Padre é sobre a exortação de São Paulo aos Gálatas: “Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos” (Gal 6, 9-10a). É um convite para perseverarmos, na sua mensagem Francisco reflete sobre algumas palavras de São Paulo.

Quaresma tempo de semear

No trecho do Apóstolo sobre a sementeira e a colheita o Papa diz: “Temos uma imagem que Jesus muito prezava. São Paulo fala-nos dum kairós: um tempo propício para semear o bem tendo em vista uma colheita. Qual poderá ser para nós este tempo favorável? Certamente é a Quaresma, mas é-o também a nossa inteira existência terrena, de que a Quaresma constitui de certa forma uma imagem. Francisco recorda também que “o primeiro agricultor é o próprio Deus, que generosamente continua a espalhar sementes de bem na humanidade”. Ponderando por fim:

“Esta chamada para semear o bem deve ser vista, não como um peso, mas como uma graça pela qual o Criador nos quer ativamente unidos à sua fecunda magnanimidade”

Em Deus, nada se perde

E a colheita? Continua o Santo Padre: “Mas de que colheita se trata? Um primeiro fruto do bem semeado, temo-lo em nós mesmos e nas nossas relações diárias, incluindo os gestos mais insignificantes de bondade. Em Deus, nenhum ato de amor, por mais pequeno que seja, e nenhuma das nossas ‘generosas fadigas’ se perde”. E Francisco explica que na realidade, só nos é concedido ver uma pequena parte do fruto daquilo que semeamos, pois, “segundo o dito evangélico, um é o que semeia e outro o que ceifa”.

“É precisamente semeando para o bem do próximo que participamos na magnanimidade de Deus”

“Semear o bem para os outros - continua o Santo Padre - liberta-nos das lógicas mesquinhas do lucro pessoal e confere à nossa atividade a respiração ampla da gratuidade, inserindo-nos no horizonte maravilhoso dos desígnios benfazejos de Deus”.

Não nos cansemos de fazer o bem

O segundo ponto da expressão do Apóstolo analisada pelo Papa refere-se a “não nos cansarmos de fazer o bem”. Perante a amarga desilusão por tantos sonhos desfeitos, adverte “a tentação é fechar-se num egoísmo individualista” e “refugiar-se na indiferença”. Porém Deus anima “dá forças ao cansado e enche de vigor o fraco. (…) Aqueles que confiam no Senhor, renovam as suas forças”.

“Ninguém se salva sem Deus”

Por isso, “não nos cansemos de rezar. Precisamos de rezar, porque necessitamos de Deus. A ilusão de nos bastar a nós mesmos é perigosa. Neste ponto Francisco recorda o nosso sofrimento com a pandemia: “No meio das tempestades da história, encontramo-nos todos no mesmo barco, pelo que ninguém se salva sozinho; mas sobretudo ninguém se salva sem Deus, porque só o mistério pascal de Jesus Cristo nos dá a vitória sobre as vagas tenebrosas da morte".

E convida: “Não nos cansemos de extirpar o mal da nossa vida. Possa o jejum corporal, a que nos chama a Quaresma, fortalecer o nosso espírito para o combate contra o pecado. Não nos cansemos de pedir perdão no sacramento da Penitência e Reconciliação, sabendo que Deus nunca Se cansa de perdoar”. O Papa recorda também que não devemos nos cansar de fazer o bem “através duma operosa caridade para com o próximo. Durante esta Quaresma, exercitemo-nos na prática da esmola, dando com alegria”. “A Quaresma – disse ainda Francisco - é tempo propício para procurar, e não evitar, quem passa necessidade; para chamar, e não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra; para visitar, e não abandonar, quem sofre a solidão”.

A seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido

Quanto ao terceiro ponto das palavras do Apóstolo o Papa falou sobre “A seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido”, aqui Francisco nos pede perseverança, fé. Afirmando que “cada ano, a Quaresma vem recordar-nos que o bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam duma vez para sempre; hão de ser conquistados cada dia".

Dom da perseverança leva à salvação

“Neste tempo de conversão – explica ainda o Papa - buscando apoio na graça divina e na comunhão da Igreja, não nos cansemos de semear o bem. O jejum prepara o terreno, a oração rega, a caridade fecunda-o. Na fé, temos a certeza de que ‘a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido’, e obteremos, com o dom da perseverança, os bens prometidos para salvação nossa e do próximo”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF