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segunda-feira, 7 de março de 2022

Em defesa da Amazônia

Barcos de garimpeiros ilegais no Rio Madeira  (AFP or licensors)

“Há em curso um ataque frontal e articulado aos povos indígenas, às comunidades tradicionais da Amazônia, à integridade da floresta amazônica, à segurança hídrica de todos os brasileiros e à estabilidade do sistema climático planetário “. Essa é a denúncia de Comissões e Organismos vinculados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em artigo divulgado neste Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro.

Preocupados com a onda de ataques à Amazônia neste final de ano, as Comissões para a Ecologia Integral e para a Amazônia da CNBB, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP) chamam atenção sobre as ameaças organizadas contra o bioma. 

“Os interesses colonizadores que, legal e ilegalmente, fizeram – e fazem – aumentar o corte de madeira e a indústria minerária e que foram expulsando e encurralando os povos indígenas, ribeirinhos e afrodescendentes, provocam um clamor que brada ao céu (Querida Amazônia, 9).”

Há em curso um ataque frontal e articulado aos povos indígenas, às comunidades tradicionais da Amazônia, à integridade da floresta amazônica, à segurança hídrica de todos os brasileiros e à estabilidade do sistema climático planetário, dos quais dependemos todos existencialmente como sociedade e como espécie. Nos dois últimos anos, a floresta amazônica foi entregue pelo governo federal aos desmatadores, incendiários e garimpeiros. O efeito primeiro desse incentivo ao crime é claro: um salto de 7.536 km2 em 2018 do desmatamento por corte raso para 13.235 km2 entre Agosto de 2020 e Julho de 2021 (a média histórica dos últimos dez anos é de 6.493,8 km2). Os incêndios criminosos se propagam como nunca e até 30 de Novembro de 2021 o bioma amazônico acumulava 73.494 focos de calor.[1] Estima-se que esses incêndios tenham atingido, apenas no século XXI, cerca de 95% das espécies de plantas e animais vertebrados conhecidos na Amazônia, bioma que ostenta cerca de 10% da biodiversidade do planeta, e já afetaram o habitat de 85% das espécies de plantas e vertebrados ameaçados de extinção na região.[2]

Papa Francisco nos recorda, na exortação depois do Sínodo da Amazônia, que a Amazônia não é “um enorme vazio que deve ser preenchido”, ou “uma vastidão selvagem que precisa ser domada” (QA 12).

Mas os ataques à Amazônia, em vez de diminuir, vêm se intensificando! Outra frente desta guerra relâmpago é o garimpo ilegal, atividade que ocupa um dos centros da agenda governamental. Mancomunados com o narcotráfico e financiados por grupos não identificados, os garimpeiros invadem comunidades, matam e aterrorizam as populações indígenas, destroem florestas, poluem os rios e intoxicam gravemente com mercúrio os organismos. Os direitos humanos e as salvaguardas socioambientais, conquistas democráticas dos brasileiros, foram mais uma vez gravemente ameaçados pelo assentimento prévio outorgado a sete projetos de garimpo pelo general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional da Presidência da República, onde têm assento Ministros de Estado e os três comandantes das Forças Armadas.

[3] Essas autorizações atendem, frequentemente, a pedidos de políticos e de donos de garimpos que destroem a vida e poluem as águas de diversos rios da Amazônia, inclusive recentemente as do rio Madeira, com dragas de sucção. As áreas agora ameaçadas estendem-se por 12,7 mil hectares e ao menos duas delas são Territórios Indígenas. Todas se encontram em São Gabriel da Cachoeira, no Noroeste do estado do Amazonas, uma das regiões mais preservadas da Amazônia, abrigando 23 etnias indígenas, entre as quais os Baniwa, os Wanano, os Tukano e os Yanomâmi. Trata-se de um ataque frontal aos direitos dos indígenas, consagrados na Constituição de 1988, e até mesmo de um ataque simbólico, pois São Gabriel da Cachoeira é o município com maior densidade populacional de indígenas no Brasil.

Outra vítima dessa guerra contra os indígenas, direta ou indiretamente apoiada pelo governo federal, é a etnia Parakanã. Seus caciques protocolaram dois ofícios no STF nos quais afirmam aceitar a “proposta” de abrir mão, em favor de três associações de agricultores, de 392 mil hectares, ou mais da metade do Território Indígena Apyterewa (PA), não obstante ser este demarcado e homologado pelo governo federal desde 2007. Na prática, esse território já não mais pertencia aos indígenas, invadido que foi, impunemente, por devastadores da floresta, apoiados pelos políticos locais e pela prefeitura de São Félix do Xingu.[4]

Os indígenas, os povos da floresta em geral, a própria floresta e, portanto, os povos da América do Sul como um todo estão igualmente na mira de outras pressões e agressões de parte dos grileiros, garimpeiros, grandes mineradoras e, sobretudo, do agronegócio, fortemente amparados no Congresso Nacional. Três Projetos de Lei tramitam no Congresso, visando completar o desmonte da legislação protetiva do patrimônio étnico, cultural e natural do país.

O primeiro é o PL 191/2020, de iniciativa do Poder Executivo. Ele regulamenta o § 1º do art. 176 e o § 3º do art. 231 da Constituição, visando, em última instância, a liberação da mineração e do garimpo, bem como a construção de usinas hidrelétricas, em terras indígenas. Além de ser apresentado sem consulta prévia às populações afetadas, esse PL foi considerado inconstitucional pela 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público. Apesar disso, ele continua sendo apreciado pelo Congresso Nacional.

O segundo é o PL 2159/21, que propõe a “flexibilização” do licenciamento ambiental. Leia-se sob o termo “flexibilização” a liberação irrestrita e automática de quaisquer projetos não considerados “de significativo impacto ambiental”, os quais se beneficiariam de uma “licença por adesão de compromisso”, simplesmente autodeclaratória.

O terceiro é o PL 510/21, que trata da chamada regularização fundiária. Ele não apenas anistia os desmatamentos e invasões ilegais de terras feitas até 2014, mas abre caminho para a ocupação de 37 milhões de hectares, 24 milhões do quais de florestas situadas em terras da União. Esse PL 510/21 interage com o PL 4843/2019, já aprovado pelo Senado, permitindo a aplicabilidade do PL 510/21 às áreas já destinadas aos assentamentos da reforma agrária, ou seja, “aos 66 milhões de hectares ocupados pelos assentamentos rurais nos estados da Amazônia Legal, permitindo a titulação de médios e grandes imóveis e retirando os pequenos produtores dessas áreas.”[5]

A Comissão Episcopal para a Amazônia, a Comissão Ecologia Integral e Mineração da CNBB, a rede Eclesial Panamazônica (REPAM-Brasil), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) atuam na Amazônia e junto com ela e seus povos, em solidariedade a seu clamor. O Cacique caiapó Raoni Metuktire nos ensina: “Se eles desmatarem toda a floresta, o tempo vai mudar, o sol vai ficar muito quente, os ventos vão ficar muito fortes. Eu me preocupo com todos, porque é a floresta que segura o mundo”.[6] Ir. Dorothy Stang, morta em Anapu (PA), declarou: “A morte da floresta é o fim de nossa vida”.

Papa Francisco afirma que os povos nativos, especialmente os mais excluídos, “são os principais interlocutores, dos quais devemos primeiro aprender, a quem temos de escutar por um dever de justiça e a quem devemos pedir autorização para poder apresentar nossas propostas”.

10 de dezembro de 2021

Dom Sebastião Lima Duarte – Presidente da Comissão Ecologia Integral e Mineração

Cardeal Cláudio Hummes – Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia

Dom Erwin Kräutler – Presidente da REPAM-Brasil

Dom Roque Paloschi – Presidente do Conselho Indigenista Missionário – CIMI

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira – Presidente da Comissão Pastoral da Terra – CPT

Daniel Seidel – Secretário executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz

________________________

[1] Cf. Cristiane Prizibisczky, “Amazônia acumula 73 mil focos de incêndio em 2021, segundo dados do INPE”. ((o)) eco, 1/XII/2021.

[2] Cf. Samuel Fernandes, “Queimadas na Amazônia impactam 90% das espécies de animais e plantas da floresta”. Folha de São Paulo, 1/IX/2021.

[3] Cf. Vinicius Sassine, “General Heleno autoriza avanço de garimpo em áreas preservadas na Amazônia”. Folha de São Paulo, 5/XII/2021.

[4] Cf. Rubens Valente, “Caciques cedem à invasão e aceitam abrir mão de 392 mil hectares no Pará”. UOL, 2/XII/2021.

[5] Cf. Duda Menegassi, “PL 510 abrirá caminho para ocupação de 24 milhões de hectares de florestas públicas”. ((o)) eco, 4/V/2021.

[6] Cf. Nicole Oliveira, “Cacique Raoni: ‘É a floresta que segura o mundo. Se acabarem com tudo, não é só índio que vai sofrer’.” Arayara.org, 20/XI/2019.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Aumenta o apreço pela Igreja Católica na Ucrânia

Ana Oliveira | Facebook
Por Francisco Vêneto

O país é majoritariamente ortodoxo, mas tem reconhecido a bravura dos padres, religiosos e freiras católicos que se recusam a abandonar o povo.

Está aumentando o apreço pela Igreja Católica na Ucrânia durante a guerra iniciada no último dia 24 de fevereiro, data em que tropas da Rússia invadiram o país de 40 milhões de habitantes e que, assim como a própria Rússia, é de religião predominantemente ortodoxa.

Os fiéis ortodoxos ucranianos se dividem entre os cerca de 25 milhões que seguem a Igreja Ortodoxa Autocéfala da Ucrânia, reconhecida canonicamente pelo Patriarcado de Constantinopla em 2019; os 5 a 7 milhões que continuam aderindo à Igreja Ortodoxa Ucraniana, ligada desde 1696 ao Patriarcado de Moscou, e os que se identificam como ortodoxos sem especificar nenhuma jurisdição ou afiliação.

Os católicos são 6 milhões e tem como líder local Sua Beatitude Sviastoslav Schevchuk, Arcebispo Maior da Igreja Greco-Católica da Ucrânia, sediada em Kiev. Trata-se de uma tradição em plena comunhão com a Igreja Católica.

De acordo com o pe. Antonio Vatseba, superior do Instituto do Verbo Encarnado na Ucrânia, muitos residentes na área de Donbas sob controle ucraniano se mostram gratos à Igreja Católica:

“Por meio do trabalho da Cáritas, muitos residentes de Donetsk e Luhansk conheceram a Igreja Greco-Católica da Ucrânia. Aliás, graças aos atos de caridade, muita gente na Ucrânia começou a ver com bons olhos a Igreja Católica”.

O sacerdote considera, também, que as relações são muito boas entre a Igreja Greco-Católica da Ucrânia e a Igreja Ortodoxa Autocéfala da Ucrânia – mas permanece um maior distanciamento de parte da Igreja Ortodoxa liderada pelo Patriarcado de Moscou.

O historiador ortodoxo Antoine Arjakovsky, fundador do Instituto de Estudos Ecumênicos de Lviv e codiretor do departamento de Política e Religiões do Collège des Bernardins de Paris, também destaca a respeitabilidade da Igreja Católica no país de maioria ortodoxa. De acordo com Arjakovsky, os ucranianos mantêm “lembranças muito vivas da visita de João Paulo II em 2001 e sonham em ver o Papa Francisco em seu país”. Ele considera, porém, que essa visita “não parece estar na agenda”, independentemente da guerra, devido ao delicado empenho do Vaticano em manter um diálogo respeitoso com o Patriarcado de Moscou, que, por sua vez, considera cismática a Igreja Ortodoxa Autocéfala da Ucrânia.

Apesar desses meandros diplomáticos, a Igreja Católica na Ucrânia tem se destacado junto à população pela firmeza dos seus padres, religiosos e freiras que se recusam a abandonar o país durante a guerra e mantêm corajosamente as suas atividades tanto espirituais e pastorais quanto de apoio heroico à população – inclusive abrigando muitas pessoas dentro de igrejas, conventos e mosteiros.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O GRITO NO MUNDO EM FAVOR DA PAZ

diocesedemaraba

Dom Vital Corbellini

Bispo de Marabá (PA) 

Nós vemos um grito quase unânime pela paz que sobe aos céus pela grande maioria da humanidade que está fazendo nestes dias. A impressão é que a guerra está perto também de cada um de nós, deixando-nos angustiados. Mas nós não desanimemos na busca do diálogo, lutando pela paz que vem de Deus e passa pela responsabilidade humana. Nós tivemos também o dia de oração pela paz na Ucrânia, na quarta-feira de cinzas, dia dois de março, convocado pelo Papa Francisco. A paz é dom divino, é graça de Deus. Cristo ressuscitado transmitiu aos seus discípulos, a paz (Jo 20,19). É próprio do ser humano este clamor pela paz, porque a guerra traz divisões no seio familiar, como nós estamos vendo, comunitário e social. A guerra mata pessoas inocentes, pessoas vulneráveis, mulheres, idosos, crianças, jovens. Nós vemos pelos meios de comunicação social, cenas de destruição da parte dos russos nas casas e instituições sociais e religiosas ucranianas. As casas e os prédios foram destruídos, queimados. Muitas pessoas civis, crianças foram atingidas. São milhares os refugiados ucranianos que fogem da guerra, indo para outros países. Existem as rodadas de negociações pela paz para dar fim a esta guerra na Ucrânia e também a pressão internacional para que cesse a guerra. Rezemos e lutemos pela paz. “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5, 9).

            Cristo é a nossa paz.

            São Paulo ao escrever aos Efésios, ressaltou a importância da obra salvadora de Cristo, como a nossa paz (Ef 2,14). Ele fez a reconciliação entre os judeus e os gentios, os pagãos, entre si e com Deus. Com Cristo, as pessoas que estavam longe, foram trazidas para perto, pelo sangue de Cristo. Ele derrubou o muro de separação entre os povos dando a todos, a paz.

            O apelo de São Paulo VI.

            Na Organização das Nações Unidas (ONU), em 04 de Outubro de 1965, São Paulo VI fez um apelo muito importante a todas as nações para que nunca mais tivessem a guerra. “Não são necessários longos discursos para proclamar a finalidade suprema da vossa Instituição. Basta recordar que o sangue de milhões de homens, os sofrimentos espantosos e inumeráveis, os inúteis massacres e as aterradoras ruínas sancionam o pacto que vos une, num juramento que deve mudar a história futura do mundo: nunca mais a guerra, nunca mais a guerra. É a paz, a paz que deve guiar o destino dos povos e de toda a humanidade”[1]. Nós vimos o clamor de São Paulo VI para que cessassem as guerras, porque elas levariam à realidade de muitas mortes de pessoas, sobretudo inocentes, pobres, mulheres, pais e mães de famílias, além de jovens que morrem nos combates. Este apelo para não ter mais a guerra, continua no mundo atual, onde há a guerra no Leste Europeu e também em algumas partes do mundo.

            Uma nova mentalidade construída pela paz.

            São Paulo VI disse também que é preciso construir uma nova mentalidade no mundo, não mais pela guerra, mas pela paz: “A paz, vós o sabeis, não se constrói somente por meio da política e do equilíbrio das forças e dos interesses. Ela constrói-se com o espírito, as ideias, as obras da paz. Vós trabalhais nesta grande obra. Mas não estais ainda senão no começo da vossa tarefa. Chegará um dia o mundo a mudar a mentalidade particularista e belicosa que até agora tem tecido uma tão grande parte da sua história? É difícil prevê-lo. Mas é fácil afirmar que é necessário meter-se resolutamente a caminho para a nova história, a história pacífica, aquela que será verdadeiramente e plenamente humana, aquela que Deus prometeu aos homens de boa vontade. Os caminhos estão traçados diante de vós: o primeiro é o desarmamento”[2].

            Dia mundial da paz.

            Ainda São Paulo VI criou em 1967, para ser comemorado no dia 01 de Janeiro de 1968, o dia mundial da paz. Na ocasião ele dizia: “Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o “Dia da Paz”, em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1 de Janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a repetir, como augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro”[3]. O Papa afirmou também que a comemoração não alteraria a festa da Maternidade divina de Maria e também do Santíssimo Nome de Jesus: “Esta celebração não há de alterar o calendário litúrgico, que reserva o dia de “Ano Bom” ao culto da Maternidade Divina de Maria e ao Santíssimo Nome de Jesus; pelo contrário, estas santas e suaves comemorações religiosas devem projetar a sua luz de bondade, de sabedoria e de esperança sobre o modo de pedirmos, de meditarmos e de promovermos o grande e desejado dom da Paz, de que o mundo tem tanta necessidade”[4].

            Papa Francisco e a paz.

            O Papa Francisco colocou na Encíclica Fratelli Tutti, a paz em vista do bem comum, onde todas as pessoas se empenhem a construí-la: “O percurso para a paz não implica homogeneizar a sociedade, mas permite-nos trabalhar juntos. Pode unir muitos nas pesquisas comuns, onde todos ganham. Perante um certo objetivo comum, poder-se-á contribuir com diferentes propostas técnicas, distintas experiências, e trabalhar em prol do bem comum”[5]. A paz é fruto do bem comum, do amor entre as pessoas e com Deus.

            As conseqüências danosas da guerra.

            Nesta mesma Encíclica faz o Papa Francisco duras críticas em relação para quem promove a guerra, porque ela traz desordens, mata pessoas, faz um mundo de refugiados: “Toda a guerra deixa o mundo pior do que o encontrou. A guerra é um fracasso da política e da humanidade, uma rendição vergonhosa, uma derrota perante as forças do mal. Não fiquemos em discussões teóricas, tomemos contacto com as feridas, toquemos a carne de quem paga os danos. Voltemos o olhar para tantos civis massacrados como “danos colaterais”. Interroguemos as vítimas. Prestemos atenção aos prófugos, àqueles que sofreram as radiações atômicas ou os ataques químicos, às mulheres que perderam os filhos, às crianças mutiladas ou privadas da sua infância. Consideremos a verdade destas vítimas da violência, olhemos a realidade com os seus olhos e escutemos as suas histórias com o coração aberto. Assim poderemos reconhecer o abismo do mal no coração da guerra, e não nos turvará o fato de nos tratarem como ingênuos porque escolhemos a paz”[6].

            O grito pela paz que está em toda a humanidade chegue até as autoridades russas com as ucranianas para que haja acordo de paz e todos se coloquem em situação de vida, sobre a morte de inocentes. Nós temos presentes outras situações de guerras pelo mundo. A oração não pode faltar neste momento difícil, mas esperançoso pelo fim do conflito bélico. Nós rezamos ao Senhor Deus Uno e Trino para que cessem as guerras que estão matando milhares de pessoas, ocasionando também milhões de refugiados. Rezemos pela paz. O Senhor Jesus é a paz entre as pessoas e entre os povos.

[1] Cfr. Discurso do Papa Paulo VI na sede da ONU, 04 de Outubro de 1965, 5. Disponível:  https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/speeches/1965/documents/hf_p-vi_spe_19651004_united-nations.html.

[2] Cfr. Idem.

[3] Cfr. Mensagem de sua santidade: Paulo VI para a celebração do I dia mundial da paz, 1 de janeiro de 1968.Disponível em:https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/messages/peace/documents/hf_p-vi_mes_19671208_i-world-day-for-peace.html

[4] Cfr. Idem.

[5] Cfr. Carta Encíclica Fratelli Tutti do Santo Padre Francisco sobre a Fraternidade e a Amizade Social,, n. 228. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.html

[6] Cfr. Idem, n. 261.

Fonte: https://diocesedemaraba.com.br/

Antonio Cardoso em: a Canção e a Prece – "Onde Deus te levar”

Caminho nas montanhas - escada | Vatican News

Antônio Cardoso em: a Canção e a Prece. O cantor, compositor e catequista está presente no Programa Brasileiro da Rádio Vaticano todos os domingos com o espaço especial intitulado "A Canção e a Prece". No programa de hoje: as escolhas...

Vatican News

Aqui aparentemente poderíamos estar falando apenas de tentações, mas neste Evangelho trata-se de escolhas; se queremos ser guiados pelo Espírito Santo ou pelas fantasias do mundo. “Não só de pão vive o homem”. Nossas buscas, nossas estradas estão cheias de armadilhas. “Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás” ...

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2022/03/04/12/136454747_F136454747.mp3

ONDE DEUS TE LEVAR (Maria Durão e Luís Roquete)

Uma canção muito cantada pelos jovens em Portugal

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Perpétua e Santa Felicidade

Sta. Perpétua e Sta. Felicidade | Canção Nova
07 de março
Santa Perpétua e Santa Felicidade

Origens

Uma nobre e uma escrava. O que sabemos sobre as origens das duas é pouco, porém digno de nota. Perpétua era nobre da cidade de Car­tago, no Norte da África. Felicida­de era escrava de Perpétua, também de Cartago. As duas tinham por volta de 20 anos e eram cristãs numa região dominada pelo império romano, em tempos de perseguição contra os cristãos.

Escrava e senhora unidas pela fé

Perpétua era rica, de família tradicional e nobre. Seu pai era pagão. Quando da prisão, ela tinha apenas vinte e dois anos e era mãe de um bebê recém-nascido. Felicidade, sua escrava, estava com oito meses de gravidez.

Prisão

As duas foram presas no ano 203, por ordem do imperador romano Severo, pelo simples fato de serem cristãs. Severo, cujas origens familiares também estavam na África, tinha emitido um decreto de pena de morte aos cristãos. As duas sofreram as atrocidades da prisão unidas pela fé, em oração e dando força uma a outra.

O diário da prisão

Estando na prisão, Perpétua escreveu um diário que está entre os mais comoventes e realistas da história da Igreja. Nesse diário ela narra todo o sofrimento porque passaram e descreve a fé e a esperança cristã na vida eterna de maneira maravilhosa. No diário ela conta que seu pai foi visita-la na prisão para pedir que ela renunciasse à fé cristã e salvasse sua vida. Ela, porém, preferiu a morte a negar o Senhor de sua vida, Jesus Cristo.

Um parto na prisão

Temendo a pena de morte, Felicidade pedia diariamente a Deus que seu filho nascesse antes que ela fosse executada. Assim aconteceu. Embora tivesse um parto muito sofrido, seu filho nasceu livre. O filho de Santa Felicidade nasceu apenas dois dias antes de seu martírio na arena.

Batismo na prisão

As Santas Perpétua e Felicidade, senhora e escrava, mantinham-se firmes na oração e no sustento da fé, apoiadas por outros seis cristãos também presos. Estes tornaram-se seus companheiros de vida, de morte e de testemunho para o mundo. Perpétua e Felicidade, mesmo demonstrando tanta fé, ainda não tinham sido batizadas. Por isso, receberam o batismo na prisão. Isso fortaleceu ainda mais a fé dessas duas santas.

Torturas e martírio

Segundo os relatos oficiais da época, que completam o diário de Santa Perpétua, os cristãos homens foram martirizados primeiro, tendo sido jogados aos leopardos famintos. Estes os despedaçaram. Perpétua e Felicidade foram jogadas a touros selvagens. Perpétua viu sua amiga e irmã ser atingida pelos animais e ainda conseguiu amparar sua irmã de fé em seus braços e recompor sua roupa estraçalhada, numa demonstração de respeito, dignidade e amor. Os pagãos que assistiam ao “espetáculo” se emocionaram por um curto espaço de tempo. Porém, logo começaram a gritar pedindo a morte de Perpétua. Então, os touros atingiram as duas e, logo em seguida, elas foram degoladas. Aconteceu no dia 07 de março do ano 203. Pelo fato de terem sido martirizadas, ou seja, morreram por causa da fé em jesus Cristo, as duas foram canonizadas e se tornaram exemplo de fé e coragem, fazendo aumentar bastante o número dos cristãos.

Oração a Santas Perpétua e Felicidade

“Deus todo-poderoso, que destes às mártires Santas Perpétua e Felicidade a graça de sofrer pelo Cristo, ajudai também a nossa fraqueza, para que possamos viver firmes em nossa fé, como eles não hesitaram em morrer por vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. Santas Perpétua e Felicidade, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

domingo, 6 de março de 2022

O centro da confissão não é o nosso pecado, mas a misericórdia de Deus

A volta do filho pródigo, Rembrandt, água-forte, Pierpont  Morgan 
LibraryNova York
Arquivo 30Dias - 01/02, 2012
No final de janeiro, junto ao santuário da Santa Casa de Loreto, realizou-se o terceiro simpósio para os penitenciários organizado pelo Centro de Estudos Lauretanos. Publicamos alguns trechos do pronunciamento de dom Gianfranco Girotti, bispo regente da Penitenciaria Apostólica, publicado no L’Osservatore Romano de 28 de janeiro. “Fico sempre impressionado com o comportamento que o Santo Cura d’Ars tinha para com os vários penitentes. Os que vinham ao seu confessionário atraídos por uma íntima e humilde necessidade do perdão de Deus, encontravam nele o encorajamento para se imergir na ‘torrente da divina misericórdia’ que arrastava tudo com o seu ímpeto. E se alguém ficava aflito ao pensamento da própria fraqueza e inconstância, com temor de futuras recaídas, ele lhes revelava o segredo de Deus com uma expressão de tocante beleza: ‘O bom Deus sabe tudo. Antes mesmo da sua confissão, já sabe que você pecará novamente e todavia lhe perdoa. Como é grande o amor do nosso Deus que chega até a esquecer voluntariamente o futuro, só para nos perdoar!’. Sabemos que o Cura d’Ars, no seu tempo, soube transformar o coração e a vida de muitas pessoas, porque conseguiu fazer-lhes perceber, com a capacidade de ouvir, o amor misericordioso do Senhor. O que mais importa na celebração do sacramento da Reconciliação é o encontro pessoal com Cristo Salvador e, nele, com o Pai misericordioso. Nesta perspectiva talvez devemos rever muitos sedimentos e acréscimos relativos a certos modos de entender e de celebrar o sacramento da Reconciliação. Não é verdade que às vezes a confissão assume o aspecto de um tribunal de acusação, mais do que de uma festa do perdão? Não é verdade que algumas vezes o diálogo penitencial assume tons inquisitórios ou mesmo pouco delicados? Um certo modo de entender o sacramento da Reconciliação levou, com efeito, a superestimar unilateralmente o momento da acusação e da lista dos pecados, com o resultado de relegar em segundo plano aquilo que – ao invés – é absolutamente central ao ouvir os pecados, ou seja, o abraço abençoado do Pai misericordioso. Muitas vezes nós consideramos primeiro o pecado e depois a graça. Mas ao invés, antes de tudo há o gratuito de Deus, há o seu amor misericordioso, sem limites. No centro da celebração sacramental não está o nosso pecado, no centro do sacramento está a misericórdia de Deus, que é infinitivamente maior do que cada um dos nossos pecados [...]. 
O sacramento da Penitência não é uma ‘psicanálise’; é um sacramento, um sinal eficaz de perdão a quem está arrependido, não a quem decidiu submeter-se à análise ou a um tratamento da sua psique. O confessor sabe que só Deus percebe até o fundo do coração e que o objetivo juízo e o dom da misericórdia pertencem a Ele, que originariamente absolve e de cuja graça o confessor é somente o portador. Aquilo que mais importa não é a análise e a confissão, mas o arrependimento que reside na alma [...]. 
É preciso lembrar sempre que o confessor nunca deve manifestar espanto, qualquer que seja a gravidade dos pecados confessados pelo penitente; jamais deve pronunciar palavras que soem como uma condenação à pessoa, e não ao pecado, jamais deve inculcar terror no lugar de temor; jamais deve indagar sobre aspectos da vida do penitente, cujo conhecimento não seja necessário para a avaliação dos seus atos; jamais deve usar termos que firam mesmo apenas a delicadeza do sentimento, mesmo se, falando propriamente, não violam a justiça e a caridade; jamais um sacerdote deve mostrar-se impaciente e ciumento do seu tempo, mortificando o penitente com o convite a apressar-se (com exceção da hipótese em que a confissão seja feita com inútil verbosidade) [...]. 
Concluindo, ‘acolhida e verdade’ deveriam distinguir a atitude do confessor – que é juiz, médico e mestre por conta da Igreja – naquele que é um momento de reconciliação com Deus. E cada sacerdote que vai a um confessionário deve ser imagem da benevolência de Cristo, porque, colocando o penitente em relação com o coração misericordioso de Deus, através do seu rosto bondoso e amigo, ele redescubra com alegria e confiança este sacramento e compreenda cada vez mais que o amor que Deus tem por nós não se detém diante do nosso pecado, não recua diante das nossas ofensas”.

Como se há de resistir às tentações

A estrada real | derradeirasgracas

IMITAÇÃO DE CRISTO.

www.obradoespiritosanto.com

Como se há de resistir às tentações

 

1. Enquanto vivemos neste mundo, não podemos estar sem trabalhos e tentações. Por isso lemos no livro de (Jó 7,1): É um combate a vida do homem sobre a terra. Cada qual, pois, deve estar acautelado contra as tentações, mediante a vigilância e a oraçãopara não dar azo às ilusões do demônio, que nunca dormemas anda por toda parte em busca de quem possa devorar (1Pd 5,8). Ninguém há tão perfeito e santo, que não tenha, às vezes, tentações, e não podemos ser delas totalmente isentos.

 

2. São, todavia, utilíssimas ao homem as tentações, posto que sejam modestas e graves, porque nos humilham, purificam e instruem. Todos os santos passaram por muitas tribulações e tentações, e com elas aproveitaram; aqueles, porém, que não as puderam suportar foram reprovados e pereceram. Não há Ordem tão santa nem lugar tão retirado, em que não haja tentações e adversidades.

 

3. Nenhum homem está totalmente livre das tentações, enquanto vive, porque em nós mesmos está a causa donde procedem: a concupiscência em que nascemos. Mal acaba uma tentação ou tribulação, outra sobrevém, e sempre teremos que sofrer, porque perdemos o dom da primitiva felicidade. Muitos procuram fugir às tentações, e outras piores encontram. Não basta a fuga para vencê-las; é pela paciência e verdadeira humildade que nos tornamos mais fortes que todos os nossos inimigos.

 

4. Pouco adianta quem somente evita as ocasiões exteriores, sem arrancar as raízes; antes lhe voltarão mais depressa as tentações, e se achará pior. Vencê-las-á melhor com o auxílio de Deus, a pouco e pouco com paciência e resignação, que com importuna violência e esforço próprio. Toma a miúdo conselho na tentação e não sejas desabrido e áspero para o que é tentado, trata antes de o consolar, como desejas ser consolado.

 

O princípio de todas a más tentações é a inconstância do espírito e a pouca confiança em Deus; pois, assim como as ondas lançam de uma parte a outra o navio sem leme, assim as tentações combatem o homem descuidado e inconstante em seus propósitos. O ferro é provado pelo fogo, e o justo pela tentação. Ignoramos muitas vezes o que podemos, mas a tentação manifesta o que somos. Todavia, devemos vigiar, principalmente no princípio da tentação; porque mais fácil nos será vencer o inimigo, quando não o deixarmos entrar na alma, enfrentando-o logo que bater no limiar. Por isso disse alguém: Resiste desde o princípio, que vem tarde o remédio, quando cresceu o mal com a muita demora (Ovídio).

 

Porque primeiro ocorre à mente um simples pensamento, donde nasce a importuna imaginação, depois o deleite, o movimento; e assim, pouco a pouco, entra de todo na alma o malvado inimigo. E quanto mais alguém for indolente em lhe resistir, tanto mais fraco se tornará cada dia, e mais forte o seu adversário.

 

Uns padecem maiores tentações no começo de sua conversão, outros, no fim; outros por quase toda a vida são molestados por elas. Alguns são tentados levemente, segundo a sabedoria da divina Providência, que pondera as circunstâncias e o merecimento dos homens, e tudo predispõe para a salvação de seus eleitos. Por isso não devemos desesperar, quando somos tentados; mas até, com maior fervor, pedir a Deus que se digne ajudar-nos em toda provação, pois que, no dizer de S. Paulo, nos dará graça suficiente na tentação para que a possamos vencer (1Cor 10,13). Humilhemos, portanto, nossas almas, debaixo da mão de Deus, em qualquer tentação e tribulação porque ELE há de salvar e engrandecer os que são humildes de coração.

 

Nas tentações e adversidades se vê quanto cada um tem aproveitado; nelas consiste o maior merecimento e se patenteia melhor a virtude. Não é lá grande coisa ser o homem devoto e fervoroso quando tudo lhe corre bem; mas, se no tempo da adversidade conserva a paciência, pode-se esperar grande progresso. Alguns há que vencem as grandes tentações e, nas pequenas, caem freqüentemente, para que, humilhados, não presumam de si grandes coisas, visto que com tão pequenas sucumbem.


Qual penitência escolher para viver este período da Quaresma?

Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

Conheça algumas sugestões…

Com a chegada da Quaresma, muitos católicos sentem-se perdidos sobre quais penitências devem adotar neste tempo de reflexão e preparação para a Páscoa.

Pensando nisso, o Padre José Eduardo separou algumas sugestões de mortificação:

1. Penitências gastronômicas:

– Trocar a carne por peixe, ovos ou queijo (ou mesmo comer puro);
– Comer menos arroz, feijão, pão, macarrão, para sair da mesa com um pouco de apetite;
– Eliminar todos doces, refrigerantes, chocolate e demais guloseimas;
– Nas refeições, acrescentar algo que seja desagradável, como diminuir a quantidade de sal ou colocar um condimento que quebre um pouco o sabor;
– Comer algum legume ou verdura que não se goste muito;
– Diminuir ou mesmo tirar as refeições intermediárias (como o lanche da tarde);
– Tomar café sem açúcar, ou água numa temperatura menos agradável;
– Reservar algum dia para o jejum total ou parcial.

2. Penitências corporais:

(Apenas para ajudarem a não perdermos o sentido do sacrifício ao longo do dia, a não sermos relaxados, devendo ser pequenas e discretas).
– Dormir sem travesseiro;
– Sentar-se apenas em cadeiras duras;
– Rezar alguma oração mais prolongada de joelhos;
– Não usar elevadores ou escadas rolantes;
– Trabalhar sem se encostar na cadeira;
– Cuidar da postura corporal;
– Descer um ponto antes do ônibus e fazer uma parte do caminho à pé;
– Deixar de usar o carro e pegar um transporte coletivo.

3. Penitências Morais:

(São as mais importantes)
– Não reclamar das contrariedades do dia, mas agradecer e louvar a Deus;
– Sorrir sempre, mesmo quando haja um nervoso;
– Moderar a frequência às redes sociais, celular e computador (reduzir a poucas vezes ao dia);
– Desligar as notificações do celular;
– Fazer os serviços mais incômodos na casa e no trabalho, ajudando os outros;
– Acordar mais cedo para fazer oração;
– Não ouvir música no carro;
– Não assistir TV, mas dedicar este tempo à leitura;
– Não usar jogos eletrônicos, caso seja viciado;
– Fazer algum trabalho voluntário;
– Rezar mais pelos outros, do que por si mesmo;
– Reservar dinheiro para dar esmolas, mas sobretudo, atenção aos mendigos;
– Não se defender quando alguém lhe acusa;
– Falar bem das pessoas que se gostaria de criticar;
– Ouvir as pessoas incômodas sem as interromper;
– Dormir no horário, mesmo sem vontade.

Padre José Eduardo
Sacerdote da Diocese de Osasco. Pároco da Paróquia São Domingos. Doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma).
https://www.facebook.com/Pe.JoseEduardo

Fonte: https://cleofas.com.br/

I Domingo da Quaresma - Ano C

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia (Crédito: Renascidos em Pentecostes)

I Domingo da Quaresma

Dom Paulo Cezar Costa

Arcebispo de Brasília

Tentação de Jesus, tentação do discípulo

            Estamos iniciando a Quaresma, período de quarenta dias em que somos chamados a entrar no deserto da nossa vida, da nossa existência com Jesus, sob a condução do Espírito SantoDiante de Jesus e seu projeto salvífico, somos chamados a olharmos para a nossa vida, a da sociedade, a da educação de nossas crianças e respondermos à pergunta: quais as grande tentações do nosso tempo?  O texto do Evangelho (Lc 4, 1-13) nos ajuda neste exame de consciência quaresmal.

Jesus tinha se submetido ao rito batismal de João Batista e tinha sido ungido pelo Espírito (Lc 3, 21-22). O Evangelista sublinha grandemente este fato: “Jesus, pleno do Espírito Santo, voltou do Jordão; era conduzido pelo Espírito através do deserto durante quarenta dias, e tentado pelo diabo” (Lc 4, 1-2). O deserto rememorava a experiência de Israel que passou quarenta anos no deserto e foi tentado. O deserto é memória, faz-nos reviver o passado e, ao mesmo tempo, projeta-nos para o futuro, pois o Filho de Deus venceu o tentador no deserto e na cruz. Jesus, no deserto, superou as tentações e a Sua vitória tornou-se, para o cristão, certeza de que, conduzido pelo Espírito, nós podemos vencer também as tentações no deserto da vida e da história. A Quaresma deve ser este tempo forte de deixar-se conduzir pelo Espírito.

Jesus sofre três tentações, e nelas estão resumidas as grandes possibilidades de tentação de cada ser humano. Jesus é tentado a um messianismo fácil, a usar de seus poderes messiânicos em benefício próprio: “Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão”. Seu messianismo é para ser dom, Ele é o Messias servo, que deverá servir a ponto de doar a própria vida. Jesus rebate o diabo mostrando que o homem não vive só do pão material, das coisas materiais, que a referência última da vida de cada ser humano deve ser a vontade de Deus.

Na segunda tentação, Jesus é tentado quanto ao poder: “… te darei todo este poder com a glória destes reinos (…) se te prostrares diante de mim…”. É a tentação do poder e da idolatria, adorando alguém que não é Deus.  A resposta de Jesus será: “Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a ele prestarás culto”. Tudo aquilo que colocamos no centro da nossa vida que não seja Deus é idolatria, que pode ser dinheiro, ídolos, ideologias etc. A idolatria é um perigo real na vida humana e na nossa sociedade.

A terceira tentação se coloca no plano do messianismo espetaculoso. No pináculo do templo, Jesus é tentado a se atirar para baixo, porque Deus mandará Seus anjos para segurá-lo. É a tentação ao abuso de Deus, de manipular Deus, de querer que Deus responda às nossas necessidades. Tanto que a resposta de Jesus é: “Não tentarás o Senhor, teu Deus”.

Ao contemplarmos o Salvador tentado, o ser humano entende que a tentação faz parte da vida humana, do caminho de fé, mas que o Salvador, Jesus Cristo, venceu o tentador e nos deu a possibilidade de vivermos na amizade de Deus e seguirmos o projeto de Deus. Que conduzidos pelo Espírito de Deus, vençamos as tentações, também aquela de uma educação parcial, que não leva em conta a grandeza do mistério da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF