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domingo, 13 de março de 2022

O porquê do sofrimento

Crédito: www.familia.com.br
Revista: PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb.
Nº 297 – Ano 1987 – Pág. 61.

Em síntese: O sofrimento parece a alguns ser um argumento contra o poder ou a bondade de Deus. A mensagem cristã responde que Deus não é – nem pode ser – o autor de algum mal; mas Ele permite que as criaturas, limitadas como são, cometam males físicos e morais; Ele não quer “policiar” o mundo artificialmente, mas se encarrega de tirar dos males produzidos pelas criaturas bens ainda maiores. Isto em vários casos é evidente, pois se verifica que, para muitas pessoas, o sofrimento é uma escola que converte e transfigura. Em outros casos, os frutos positivos do sofrimento não são tão perceptíveis; não obstante, o cristão tem certeza de que a Providência Divina não falha e um dia ele compreenderá plenamente o plano de Deus, do qual atualmente ele só percebe segmentos e facetas.

Mais: a figura do Filho de Deus, que, feito homem, assumiu a dor e a morte a fim de fazê-las passagem para a ressurreição e a glória, é o testemunho mais eloqüente de que o sofrimento não é mera sentença da justiça ou castigo, mas está intimamente associado ao amor que Deus tem para conosco. Aceito em união com Cristo, o sofrimento vem a ser fonte de salvação para o paciente e de expiação dos pecados do mundo.

Um dos temas que mais vêm à tona nos círculos filosóficos e religiosos de nossos dias, é o do sofrimento. Quanto mais se alastra e intensifica a dor dos homens provocada pela fome, o terrorismo, as guerras…, tanto mais indagam a respeito do sentido do sofrimento. Freqüentemente nasce daí a objeção; se Deus existe, como pode permitir tanta desgraça, especialmente quando afeta pessoas inocentes? Se tanto mal acontece, ou Deus não pode ou não quer evitá-lo. No primeiro caso, Ele não é todo-poderoso (então não é Deus); no segundo caso, Ele não ama seus filhos, pois nenhum pai assiste indiferente ao sofrimento dos seus filhos. Em conseqüência de tais raciocínios, parece lógico a muitos negar a existência do próprio Deus.

Eis por que as páginas subseqüentes serão dedicadas ao estudo de tal problema. Pode-se-lhe apresentar solução?… ou ao menos alguma luz que o esclareça? – Aliás, também o último Sínodo Mundial dos Bispos, encerrado em dezembro de 1985, chamou a atenção para a recrudescência do mal em nossos dias (tão marcados pela fome e pela ameaça de catástrofes nucleares) e solicitou especial atenção para a Teologia da Cruz:

“Percebemos que os sinais dos tempos são, em parte, diferentes daqueles dos tempos do Concílio, com problemas e angústias ainda mais graves. Com efeito; assistimos em toda parte ao aumento da fome, da opressão, da injustiça; a guerra domina em vários lugares, com os sofrimentos que ela acarreta, enquanto o terrorismo e a violência, sob mil formas, se manifestam um pouco por toda parte. Isto nos obriga a nova e mais profunda reflexão teológica para interpretar esses sinais à luz do Evangelho…

Parece que nas atuais dificuldades Deus nos quer ensinar mais profundamente o valor, a importância e a centralidade da Cruz de Jesus Cristo” (D, nº. 1 e 2).

Examinemos agora as objeções que, em vista do sofrimento da humanidade, são atualmente levantadas contra a existência ou os atributos de Deus.

1.    Se o mal existe, Deus existe?

Eis quatro objeções que a opinião pública não raro formula:

1.1.        Deus sem poder ou sem amor

“Diante do sofrimento no mundo, Deus não pode ou não quer intervir. No primeiro caso, Ele é fraco ou destituído de poder; no segundo caso, Ele carece de amor para com seus filhos”.

– Esta objeção já foi longamente desenvolvida por Voltaire após o terremoto de Lisboa em 1755 e pelo filósofo Arthur Schopenhauer (+1860). Houve quem lhe respondesse, admitindo que Deus é muito sábio e muito poderoso, mas não todo-poderoso (assim Voltaire, Stuart Mill, M. Schiller). – Todavia quem assim pensa, está praticamente negando a existência de Deus, pois, por definição, ou Deus é a Suma Perfeição, sem limites, ou simplesmente não existe.

A resposta católica a tal objeção já foi formulada por S. Agostinho (+ 430), ao qual S. Tomás de Aquino (+ 1274) fez eco: “A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem. – Nulo modo sineret aliquid mali esse in operibus suis, nisi esset adeo omnipotens et bonus ut bene faceret etiam de malo” (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2). Estas palavras, aliás, sintetizam toda a doutrina católica relativa à origem do mal:

1) O mal não é uma entidade positiva; mas uma carência do ser (ou do bem) devido. Assim a cegueira é a falta de olhos (é um mal nas criaturas às quais a natureza concede olhos); o pecado é a falta de concordância do ato humano com o Fim Supremo da moralidade, que é Deus.

2) Ora o não ser ou a carência como tal não tem causa. Só pode ser indiretamente causado por um agente falível ou uma criatura que, ao agir, seja capaz de produzir um efeito incompleto, carente de sua perfeição.

3) Por conseguinte, Deus, sendo por definição o Ser Perfeitíssimo, não pode ser causa do mal, Esta há de ser a criatura, que pode falhar ao agir no plano físico (um desastre de automóvel, uma enchente, uma seca…) ou no plano moral (o pecado).

4)  Deus permite que as criaturas exerçam a sua atividade conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Ele não fez um mundo artificialmente policiado ou de marionetes. Todavia em sua sabedoria e bondade. Ele se compromete a aproveitar o próprio mal cometido pelas criaturas para daí tirar bens maiores.

5) Não raro é-nos dado perceber os bens que se seguem aos males decorrentes da ação das criaturas. Com efeito, sabemos que muitas e muitas pessoas se transformaram e nobilitaram em conseqüência de uma moléstia grave, de um baque ou insucesso na vida. Em outros casos não nos é possível indicar os frutos positivos procedentes de algum mal; mas o cristão tem a certeza de que, no final dos tempos, lhe será concedido contemplar o plano de Deus e as ligações existentes entre os fatos que ele abrange.

A resposta teológica aqui esboçada será mais amplamente explanada sob o título 2 deste artigo. Importa aqui mostrar apenas que a existência do mal no mundo não significa falta de poder ou de bondade em Deus. Os caminhos de Deus não são os dos homens, diz o Profeta (Is 55,8); a visão que Deus tem das criaturas e da história, é muito mais extensa do que a que nós temos. Por causa de nossas perspectivas limitadas, corremos o risco de apontar sem mais um mal ou um desastre onde há apenas o preâmbulo de um grande benefício arquitetado sobre a própria falibilidade das criaturas.

1.2.        Insistindo…

“Não aceito a explicação, pois freqüentemente me parece que a desgraça é tão-somente desgraça, longe de qualquer plano providencial de Deus”.

A propósito formularemos três observações:

1) É preciso  que a criatura não faça de si mesma o padrão ou o critério para avaliar felicidade ou desventura. Não diga: “Se eu não vejo o lado positivo de uma desgraça, tal lado positivo não existe”. Somente Aquele cujo olhar abarca toda a história da humanidade pode definir o sentindo real que cada acontecimento tem nesse conjunto.

2) Se determinado mal não tem realmente uma contra-parte positiva ou valiosa, isto se deve muitas vezes ao endurecimento ou à indisposição do ser humano. Deus não constrange ninguém a acolher a sua graça. Com outras palavras: a pessoa que sofre, pode fechar-se numa atitude de revolta, que a torna impermeável à ação  do Espírito de Deus.

3) Se alguém insiste em negar a existência de Deus por causa das desgraças existentes no mundo, elimina do seu horizonte um fator de esperança e coragem, e não resolve o problema do sofrimento. Ao contrário, cria para si um novo problema. Com efeito, verifica-se que muitas e muitas pessoas, quando sofrem, apelam espontaneamente para Deus; assim nos cárceres, nos hospitais, nas trincheiras de guerra… é mais freqüente o clamor que pede ajuda, do que a blasfêmia. Quem sofre, experimenta muitas vezes a necessidade de um auxílio mais do que humano para tirá-lo da sua dor e salvar da desgraça os seus semelhantes.

Mais: se alguém nega a existência de Deus, vê-se diante de um mundo marcado pela injustiça e retido pelas leis do mais forte que esmaga o mais fraco… sem que possa haver esperança de restauração da ordem ou do reconhecimento dos verdadeiros valores. Já Platão (+ 347 a.C.), diante da injusta morte de Sócrates, afirmava a necessidade de haver uma justiça superior ou divina para que a morte de Sócrates não fosse um mero absurdo ou o triunfo do mal sobre o bem (ver os diálogos República e Fedon).

1.3.        Só para os maus…

“Somente os criminosos deveriam sofrer, ao passo que os justos haveriam de gozar de paz e felicidade. Ora às vezes parece que se dá contrário”.

A respeito ponderamos:

1) Todos os seres humanos são portadores de pecado. Não os dividamos em criminosos, de um lado, e inocentes, de outro lado. Os que não cometem graves faltas morais, trazem dentro de si a potencialidade ou a capacidade de as cometer.

2) O sofrimento não deve ser considerado apenas como punição ou sanção devida a um réu. Ao contrário, o sofrimento tem significado muito mais largo e nobre. Com efeito.

a) o sofrimento físico é decorrente da própria natureza do homem. A dor é sinal de alarme que torna o homem consciente de uma moléstia ou um distúrbio do seu organismo; se não fosse a dor, o mal progrediria sem que o paciente pudesse perceber adequadamente. O natural desgaste dos órgãos (coração, pulmões, fígado…) provoca dores que vêm a ser salutar advertência ou ensinamento para o homem.

b) O sofrimento está também muito ligado ao amor e à nobreza de caráter. Longe de ser castigo, o sofrimento decorre muitas vezes do fato de que alguém ama outra pessoa e compartilha as dores desta. Pode-se mesmo dizer: quanto mais alguém é digno e magnânimo, tanto mais sofre; quanto mais mesquinho ou desnaturado, tanto menos sofre. Qual a mãe que não sofre por causa da dor de seu filho?

c) De modo geral, o sofrimento é escola para o ser humano. Contribui para vencer o egoísmo e tornar a pessoa mais voltada para o próximo; torna atuantes muitas energias e potencialidades que  nunca desabrochariam se não fosse o sofrimento. Esta verdade é tão óbvia que já os antigos gregos a formularam no trocadilho: pathos mathos (sofrimento é ensinamento ou aprendizagem). Quem não passa pelo cadinho do sofrimento, muitas vezes é egocêntrico, e insensível para com os outros; desfigura-se no plano da personalidade.

1.4.        Ao menos, não seja excessivo!

Dirá alguém: “Se  o sofrimento tem suas vantagens, é para desejar que não se torne excessivo. Deus deveria saber moderá-lo”.

–  Respondemos que as expressões “excessivo” e “pouco demais” são relativas. Quem gosta de trabalhar, se dá por feliz quando desempenha uma tarefa grande e importante, que a pessoa vadia rejeitaria como “excessiva”. Caminhar um quilômetro, para uns, é excessivo, enquanto para outros é insuficiente. – Por conseguinte, é difícil levar em consideração a reivindicação do sofrimento não excessivo, já que este termo é vago ou genérico demais. Como dito, não devo fazer de minhas categorias de pensamento e afeto os critérios de aferição do que acontece aos outros principalmente se não conheço esses outros.

Passemos agora à explanação da resposta cristã ao problema do sofrimento.

2.    A resposta cristã

2.1.        Observação prévia

A fé ajuda o cristão a esclarecer o problema do sofrimento, mas não dissipa todo enigma a tal propósito. Especialmente quando se consideram casos particulares, como a morte desta mãe ou deste pai, que deixam crianças pequenas, não é possível oferecer explicação cabal e precisa para o ocorrido; nem nos é possível dizer por que tal desgaste de automóvel se deu precisamente em tal dia de festa. O livro de Jó nos recorda a insondabilidade do sofrimento, quando, referindo-se às tentativas de explicar o sofrimento, põe nos lábios de Jó as seguintes palavras:

“Eis que falei levianamente; poderei responder-te? Porei minha mão sobre a boca; Falei uma vez, não replicarei… Falei de coisas que não entendia, de maravilhas que me ultrapassam. Conhecia-te só de ouvido, mas agora viram-te os meus olhos; por isto retrato-me e faço penitência no pó e na cinza” (Jó 40, 4s; 42, 3-6).

Todavia a fé cristã projeta o mistério do sofrimento a perspectiva do amor de Deus; como é difícil dar explicação cabal para o mistério do amor, também é árduo explicar o mistério do sofrimento. A fé católica enquadra o mistério do sofrimento dentro do mistério  maior do amor. Com efeito, o amor de Deus, que criou o homem num misterioso ato de benevolência, jamais o abandona; certamente exerce seus planos através dos percalços da caminhada que a criatura percorre na terra. Todas as respectivas ocorrências estão sob o signo desse amor primeiro gratuito e irreversível (cf. 1Jo 4, 10, 19).

Examinemos agora, de mais perto, a explicação teológica.

2.2.        A origem do mal no mundo

A S. Escritura refere que o mal no mundo teve origem por violação (por parte dos primeiros pais) da ordem instaurada pelo Criador.

Com efeito. Deus quis dotar os primeiros homens de grande riqueza interior: 1) a graça santificante, que lhes comunicava a filiação divina e 2)  os dons preternaturais (a isenção da morte, do sofrimento, da desordem de tendências interiores…). Tal era o estado de justiça original.

Estes dons estavam condicionados à fidelidade do homem ao plano de Deus. Sim; deviam ser livremente aceitos pela criatura. Por isto o Criador propôs a esta um modelo de vida (figurado pela proibição da fruta da árvore da ciência do bem e do mal, Gn 2,16s). Aceitando-o, o homem significaria sua entrega ao desígnio de Deus; recusando-o, exprimiria o seu Não e sua auto-suficiência. Ora na verdade os primeiros pais rejeitaram o modelo de vida apresentado pelo Senhor Deus; pecaram por soberba, que os levou à desobediência. Em conseqüência, perderam a chamada “justiça original” e caíram num estado em que existem a morte, o sofrimento, as tendências desregradas… Verdade é que tanto a morte como o sofrimento e os apetites instintivos são algo de natural; todavia após o pecado dos primeiros pais trazem a marca da desordem e da desobediência. O mundo que, por dom de Deus, estava harmoniosamente sujeito ao homem, já não é tal; enquanto o homem se mantinha submisso e fiel a Deus, o mundo inferior estava subordinado ao homem; todavia, rompida a sujeição do homem ao Criador, rompe-se a serventia das criaturas irracionais ao homem; estas o maltratam e esmagam, negam-lhe os frutos da terra e, não raro, as condições de sobrevivência.

Por conseguinte, conforme o texto sagrado e a doutrina da fé, a origem do mal no mundo está no pecado ou no plano moral. Este suscitou o mal físico (doenças, mortes, catástrofes, calamidades…).

A doutrina do pecado original assim concebida tem sido questionada ou posta em dúvida por parte de alguns teólogos e exegetas. Estes afirmam que o pecado começou sua história no mundo sem o quadro ou a moldura que o texto sagrado lhe assinala; não importaria o modo de suas origens. Tal teoria destrói a cosmovisão cristã. Por isto o S. Padre João Paulo II, em suas audiências de Quarta-feira, tem insistido no assunto, incutindo a doutrina de fé na Igreja; tenha-se em vista L’Osservatore Romano, edições semanais de setembro-outubro 1986.

Eis, porém, que, na história das relações do homem com Deus, a última palavra não foi a do pecado nem a da desordem. O Senhor Deus não se quis deixar vencer pelo mal, mas venceu o mal com o bem (cf. Rm 12,21). É o que veremos a seguir.

2.3.        O resgate da dor

Diz São Paulo: “Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2,4s). Ou ainda: “Onde abundou o pecado, aí superabundou a graça” (Rm 5,20). Com outras palavras: Deus não ficou indiferente à desgraça na qual o homem se atirou pelo pecado; não assistiu “friamente” à tragédia; mas houve por bem assumi-la em toda a sua realidade concreta.

O testemunho do amor de Deus foi precisamente a obra de Cristo. Enviando seu Filho ao mundo, o Pai constituiu um segundo Adão ou um novo Cabeça da humanidade. Este assumiu a dor e a morte do homem até as últimas conseqüências, numa atitude de entrega e de amor ao Pai. Desta maneira mudou o significado do sofrimento humano; este já não é mera conseqüência do pecado ou sanção da justiça divina; ele foi redimido vindo a ser a vida de volta do homem a Deus. O homem sofre e, sofrendo, se encaminha para o Pai com Cristo.

Os teólogos costumam deter-se na explanação do valor do sacrifício de Cristo, valendo-se do texto de São Paulo: “Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por nós a fim de que nos tornássemos justiça de Deus por Ele” (2Cor 5,21). Estes dizeres significam que Cristo foi constituído sacrifício pelo pecado; Ele fez partir da própria natureza humana o amor e a dedicação ao Pai que o primeiro Adão recusou.

O cristão, sofrendo com Cristo, pode até mesmo tornar-se corredentor com Jesus, expiando em sua carne os pecados da humanidade, como lembra o S. Padre Pio XII na encíclica Mystici Corporis Christi. Desta maneira, o sofrimento, além de ser escola benéfica (como foi dito à p. 65 deste artigo), é também ocasião de derramamento de graças sobre o mundo. O sofrimento dos inocentes há de ser visto à luz desta verdade: como Cristo inocente padeceu transfigurando a dor, assim o cristão santamente configurado a Cristo, padece oferecendo ao Pai o repúdio ao pecado e o amor que os pecadores deveriam tributar a Deus. O Pai celeste dispôs salvar os homens mediante Cristo e aqueles que se unem a Cristo pela santidade de sua vida. Assim a própria dor das pessoas retas e justas toma sentido. São Paulo dizia: “Completo em minha carne o que falta à Paixão de Cristo em favor do seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24). Quando o cristão sofre, não é simplesmente um ser biológico que sofre, mas é o próprio Redentor que estende a sua Paixão aos membros do seu Corpo Místico, associando-os à sua obra redentora: na verdade, o sacrifício de Cristo na Cruz foi infinitamente meritório, mas cada cristão pode dar-lhe o suporte ou a moldura da sua vida pessoal…, suporte que a Paixão de Cristo não teria se não fosse a vida de cada discípulo de Cristo.

O valor do sacrifício do cristão unido ao de Cristo foi realçado pelo Cardeal Frantisek Tomasek, de Praga, numa entrevista concedida ao periódico italiano II Sabato. O prelado falou então dos graves problemas que o regime comunista suscita para a Igreja na Tchecoslováquia (cerceamento de atividades pastorais, dificuldades para a nomeação de Bispos, encarceramento de sacerdotes e leigos…). O repórter então lhe perguntou:

“Eminência, não está cansado de combater uma batalha sem êxito?”

Respondeu o Cardeal: “A situação é difícil; não se vê como e quando possa melhorar. Mas tenho sempre esperança. Digo sempre uma coisa: quem trabalha pelo Reino de Deus, faz muito, quem reza, faz mais; quem sofre, faz tudo. Este tudo é exatamente o pouco que fazemos entre nós, na Tchecoslováquia”.

Quem sofre, faz tudo, desde que unido a Cristo, pois toma parte íntima na Paixão Redentora do Senhor, fonte de salvação para o mundo inteiro.

3.    Conclusão

Eis a maneira como a mensagem cristã responde ao problema do sofrimento humano. Aos olhos da fé, é plenamente satisfatória; tem suscitado grandes heróis e heroínas através dos séculos. O que esta explicação possui de mais típico, é o fato de conjugar entre si justiça e amor. Sim; o sofrimento, de um lado, é a justa conseqüência do Não dito pelo homem a Deus no início da sua história; por outro lado, é o testemunho do amor de Deus que, assumindo o sofrimento e a morte, demonstra ao homem que lhe quer bem e não desiste de o chamar à Vida; Cristo transfigurou o sofrimento e o fez caminho de conversão ou de retorno ao Pai.

A propósito citamos:
John M. McDermott S.J., ll sensi dela sofferenza, em La Civiltà Catolica nº 3272, 18/10/1986, pp. 112-126.


Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

Papa celebrará Missa pelos 400 anos da canonização de Santo Inácio de Loyola

S. Inácio de Loyola | Guadium Press
Papa Francisco celebrará uma Missa na Igreja de Gesù, em Roma, em comemoração dos 400 anos da canonização de Santo Inácio de Loyola.

Redação (12/03/2022 09:30, Gaudium Press) O Papa Francisco presidirá a Missa que comemora os 400 anos da canonização de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus.

A celebração acontecerá neste sábado, 12 de março às 17 horas do horário de Roma (13 horas do horário de Brasília).

Em 1622, o Papa Gregório XV reconheceu oficialmente as virtudes heroicas de 5 pessoas: Inácio de Loyola, Francisco Xavier, Teresa de Ávila, Filipe Néri e Isidoro Lavrador.

A Santa Missa de hoje que vai comemorar a canonização, quatro vezes secular, desses santos e santa será celebrada na Igreja de Gesù, primeira igreja dos jesuítas construída em Roma.

S. Inácio de Loyola | Guadium Press

Celebrações em São Paulo

Afim de comemorar o dia 12 de março, a equipe do Pateo do Collegio, em São Paulo, preparou uma programação especial na qual conta a história e a canonização do Fundador dos Jesuítas.

O horário de início será às 12h deste sábado (12 de março), no horário de Brasília e pode ser acompanhado pelo youtube.

Uma Missa de Ação de Graças será celebrada pelo Arcebispo de São Paulo Dom Odilo Scherer no domingo, 13 de março.

O Ano Inaciano começou no dia 20 de maio de 2021 e continua com programações e eventos até o encerramento no dia 21 de julho, festa oficial de Santo Inácio de Loyola. (FM)

Quando a mão que balança o berço deixa o carrinho do bebê na estação

@GrzegorzLaguna | Twitter
Por Francisco Vêneto

A surpreendente verdade sobre o que são, de quem são e para quem são esses carrinhos deixados na estação.

A mão que balança o berço é a mão que governa o mundo“, declarou em 1865 o poeta William Ross Wallace, cunhando, talvez sem imaginar, uma das frases mais emblemáticas da história da literatura – e do cinema, da sociologia, da psicologia…

O que o poeta afirma, em suma, é que a forma como se trata uma criança influenciará para sempre a vida dessa criança. E como normalmente são as mães as que mais convivem com os filhos pequenos, são elas, em tese, as que mais têm a oportunidade de moldar os comportamentos que as crianças assimilarão e guardarão ao longo da vida. São as mães, neste sentido, que governam o mundo: são principalmente elas, afinal, que moldam os comportamentos dos futuros governantes, legisladores, juízes, líderes intelectuais, sociais, econômicos, religiosos.

É claro que não se pode minimizar o peso decisivo do livre arbítrio, nem menosprezar a miríade de outras influências que uma criança terá na vida: é evidente que até mesmo uma criança muito amada e bem educada pela mãe e pelo pai poderá optar, à medida que for se tornando adulta, por comportamentos muito distantes daqueles que aprendeu na infância. É gritantemente injusto culpar as mães, necessariamente, pelos crimes dos filhos que se desviaram ao longo do caminho – assim como não necessariamente se deverão a elas todos os comportamentos heroicos que os filhos venham a praticar no futuro.

Como quer que seja, reside muita verdade na poesia que intui que “a mão que balança o berço é a mão que governa o mundo”. Há, sim, muito poder nas mãos das mães que embalam seus bebês.

Os carrinhos de bebê vazios na estação

Mas e quando a vida nega às mães o mínimo de paz para balançarem o berço? E quando a mão que balança o berço é obrigada a abandonar o carrinho do bebê na plataforma da estação para fugir da própria terra com o bebê no colo, enquanto o marido é obrigado a ficar para trás, convocado às linhas de combate?

Um dos desdobramentos mais pungentes da guerra fratricida movida pelo regime de Vladimir Putin contra o povo da Ucrânia fica plasmado em uma das fotos mais silenciosas e ao mesmo tempo eloquentes dos últimos 15 dias: a dos carrinhos de bebê, vazios, na plataforma de uma estação de trem.

À primeira vista, pareceriam carrinhos de bebês abandonados em alguma estação da Ucrânia.

Mas são carrinhos de bebês deixados numa estação da Polônia como um gesto de boas-vindas: eles foram doados por mães polonesas a mães ucranianas que chegam ao país vizinho como refugiadas de guerra com seus bebês nos braços.

Quando se descobre o que são, de quem são e para quem são esses carrinhos, é espontâneo desejar que essas mãos, que balançam esses berços, venham a ser, de fato, as mãos que governam o mundo: que elas embalem bebês que, ao se tornarem governantes, legisladores, juízes, líderes intelectuais, sociais, econômicos, religiosos, se vinguem da guerra que lhes foi imposta abraçando vitoriosamente a paz que lhes foi negada.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O que é a Transfiguração do Senhor?

Foto: A12
Por Padre Evaldo César Souza, C.Ss.R

Monte Tabor, uma pequena elevação de terra em Israel, se comparado às mais altas montanhas do mundo. Mas para uma terra de geografia com poucos altos e baixos, o Tabor se projeta destacado no Vale de Jizreel, com seus quase 600 metros de altitude. 

Seria mais uma montanha entre tantas com as quais convivemos no nosso dia a dia, não fora o episódio extraordinário que ali, em seu cume, aconteceu: o Tabor é chamado de Monte da Transfiguração. 

Segundo os Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), Jesus convidou três de seus apóstolos, Pedro, Tiago e João, e com eles subiu ao Monte TaborEnquanto reza, Jesus se transfigura e se mostra glorioso, tendo diante dele Moisés e Elias (entendidos aqui com a Lei e os Profetas).

Essa manifestação de glória precede as dores da Paixão e, de certa forma, foi um bálsamo dado previamente para que os discípulos pudessem compreender com mais clareza o qual era o projeto de Jesus Cristo. Mas, como veremos, os discípulos ainda estavam despreparados para entender os planos de Deus nesse momento e, somente depois da Ressurreição, eles iriam recordar tudo o que viveram no Tabor.

Há dois modos de compreender a Transfiguração de Jesus. Uma coisa é certa: Ele se mostrou de modo completamente diferente do cotidiano. Era luminoso, claro, resplandecente. A questão que hoje a Teologia tenta desvendar é se Jesus tornou-se resplandecente ou se os apóstolos, livres de preconceitos, conseguiram ver o que ele realmente já era, o Divino escondido no Humano.

De qualquer forma, ali no Tabor, Deus testemunhou novamente que Jesus – homem/Deus – era de fato o enviado para resgatar os homens da torpeza e nos garantir a Salvação. Assim como no dia de seu batismo, a voz de Deus atesta a divindade de Jesus: Este é meu Filho amado, escutai-o”.

Monte Tabor em Israel | Shutterstock
O episódio da Transfiguração tem, então, conotação altamente teológica nas narrativas evangélicas. Como fato, podemos afirmar que era corrente entre os cristãos esse evento, já que o atestam três evangelistas.

Como teologia, o fato transparece a certeza cristã de que, em Jesus, subsistia, desde sua concepção em Maria, o aspecto humano e a substância divina. Ao revelar-se aos discípulos, aos três de maior intimidade, Jesus quer garantir que a memória de sua glorificação seja testemunhada a todos os que o seguirão futuramente.

Há que se notar que essa relação homem-Deus, em Jesus, foi lida de maneira extraordinária pelo catolicismo popular. O dia da festa da Transfiguração é também a festa do Senhor Bom Jesus, imagem venerada pelo povo que retrata, em suas diferenças regionais, sempre o Senhor Jesus sofredor, flagelado, açoitado, coroado de espinhos, preso e torturado.

A divindade do Senhor Jesus nunca o exime de sua humanidade na carne. Transfigurado, ele segue sendo humano, revelando sua Glória.

Não permanece nela, mas desce a montanha, ao encontro dos mais pobres. Transfigura-se para se humanizar ainda mais!

Fonte: https://www.a12.com/

Papa: na Quaresma, pedir a graça de despertar do nosso letargo interior

Papa Francisco - Angelus  (Vatican Media)

"O tempo forte da Quaresma é uma oportunidade", disse o Papa no Angelus deste domingo. "É um período em que Deus quer nos acordar do letargo interior. Porque – lembremo-nos bem – manter acordado o coração não depende somente de nós: é uma graça e deve ser pedida."

Vatican News

O episódio da Transfiguração proposto pelo Evangelho deste II Domingo da Quaresma foi o tema da reflexão do Papa Francisco no Angelus dominical. Numa Praça São Pedro ensolarada, com temperatura quase primaveril, o Pontífice comentou um detalhe da cena em que Jesus sobre o monte com Pedro Tiago e João: a sonolência dos discípulos num momento tão importante, diante de um espetáculo único de ver Jesus mudar de aspecto.

Lendo com atenção o Evangelho, explica o Papa, Pedro, João e Tiago adormecem antes que tenha início a Transfiguração, isto é, enquanto Jesus estava em oração. Tratou-se evidentemente de uma oração que se prolongou por muito tempo e os discípulos foram vencidos pelo cansaço. Francisco então questiona: este sono fora de lugar não se parece talvez com muitos de nossos sonos que nos vêm durante momentos que sabemos ser importantes, como o convívio familiar depois de um dia de intenso trabalho?

"O tempo forte da Quaresma é uma oportunidade neste sentido. É um período em que Deus quer nos acordar do letargo interior. Porque – lembremo-nos bem – manter acordado o coração não depende somente de nós: é uma graça e deve ser pedida."

Superar o cansaço com a força do Espírito

Os discípulos acordam justamente durante a Transfiguração, talvez devido à luz que emanava de Cristo. Assim como eles, acrescentou o Papa, também nós precisamos da luz de Deus, que nos faz ver as coisas de modo diferente; nos atrai, nos desperta, reacende o desejo e a força de rezar, de olhar para dentro de nós mesmos e de dedicar tempo aos outros. "Podemos superar o cansaço do corpo com a força do Espírito de Deus."

Eis então a exortação do Pontífice a dar ao Senhor a possibilidade de nos surpreender e reavivar o nosso coração. Isso pode ser feito concretamente abrindo o Evangelho e deixando-se surpreender pela Palavra ou contemplando o Crucifixo e maravilhar-se com o seu amor, que nunca se cansa de nós. 

“Que a Virgem Maria nos ajude a manter desperto o nosso coração para acolher este tempo de graça que Deus nos oferece.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

II Domingo da Quaresma - Ano C

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

II Domingo da Quaresma

Dom Paulo Cezar Costa

Arcebispo de Brasília

Contempladores da Beleza que Salva

Hoje, neste segundo domingo da Quaresma, contemplamos a cena da transfiguração (Lc 9, 28-36). Na montanha, com Pedro, Tiago e João, contemplamos a beleza do Senhor. Contemplamos uma beleza que salva, que dá sentido à nossa vida pessoal e ao nosso caminho de Igreja. Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e sobe à montanha para orar. Lucas nos apresenta Jesus rezando, significando, para o evangelista, que este é um momento importante do ministério de Jesus.  “Enquanto orava, o aspecto do seu rosto se alterou, suas vestes tornaram-se de fulgurante brancura”. O rosto de Jesus se torna bonito, radioso. É a beleza de Jesus que contemplamos.

São João Paulo II, na Novo Millenium Ineunte pergunta: “Não é porventura, papel da Igreja refletir a luz de Cristo em cada época da história, fazer resplandecer o seu rosto diante das novas gerações do novo milênio?” A cena que contemplamos apresenta um rosto radiante e bonito de Cristo. Cabe aqui a pergunta: Que face de Cristo estamos apresentando? São João Paulo II diz que “o nosso testemunho será pobre se não formos, antes, contempladores do rosto de Cristo”. Sermos contempladores do rosto de Cristo: aqui está o segredo para o nosso caminho de Igreja, para o nosso caminho pessoal.  Contemplando a beleza de Cristo, encontramos Nele o verdadeiro sentido da vida humana. Nele, o ser humano encontra o seu caminho, pois o mistério de Cristo revela ao homem o que é ser homem, pois Cristo é o homem segundo o projeto de Deus. A um homem que corre o risco de perder o sentido do que é ser homem, pois vai perdendo a sua origem e o seu destino, a Igreja lhe apresenta Cristo, ele é o sentido do homem. Somente Nele encontramos a nossa verdadeira vocação.

Um segundo aspecto é a transformação da veste de Jesus que se tornou de fulgurante brancura.  A veste de Jesus, para os Padres da Igreja, simbolizava a Igreja, veste de um tecido só, como se lê em Jo 19, 23. Diz São Cipriano, falando da Igreja: “Este sacramento da unidade, este vínculo de concórdia inviolada e sem rachadura, é figurado também pela túnica do Senhor Jesus Cristo. Os apóstolos contemplam esta veste bonita, resplandecente. É a Igreja na sua santidade, que será mais radiante ou não de acordo com o nosso testemunho, com a nossa doação”.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

sábado, 12 de março de 2022

6 práticas que podem nos ajudar a alcançar a santidade

Imagem referencial / Foto: Flickr David Dennis (CC-BY-SA-2.0) | ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 08 mar. 19 / 04:00 pm (ACI).- O Arcebispo de Los Angeles, Dom José Gomez fez uma recopilação, baseada na vida dos santos e mestres da vida espiritual, de seis práticas que podem nos ajudar a alcançar a santidade.

Em uma carta pastoral intitulada “Fomos criados para grandes coisas”, o Prelado indicou que, para ser semelhantes a Cristo, “é necessário um plano de vida” e ter “um propósito”.

“Nossas vidas devem ser conduzidas por um alegre desejo de trabalhar com a graça de Deus para ser mais parecidos a Cristo a cada dia, a cada ano”, assinalou.

Para alcançar esse objetivo, Dom Gomez recomendou trabalhar os “bons hábitos” e apresentou estas seis práticas recomendadas pelos santos e mestres da vida espiritual. Assegurou: “Deram frutos na minha própria vida espiritual”.

1. Ser conscientes da presença de Deus

O Prelado indicou que é necessário se comunicar com Deus através de uma oração simples no começo e no final do dia. De manhã, oferece-se o dia ao Senhor e à tarde reflete-se sobre o que foi realizado durante o dia.

“Ao longo do dia, tentem ser conscientes do ‘sacramento do momento presente’. O nosso objetivo é ter a certeza de que vivemos sob o olhar amoroso de Deus e que com a sua graça é possível fazer tudo por amor a Ele”, assinalou.

2. Organizar um tempo para rezar todos os dias

Dom Gomez recomendou que ao longo do dia é bom parar durante os trabalhos diários para rezar. Explicou que o propósito da oração é levar o homem à presença do Deus vivo em uma atitude de humildade, amor e louvor.

O Prelado aconselhou conversar com Deus de maneira honesta e simples. “Conte para o teu Pai o que te deixa ansioso, o que você quer fazer por Ele. Fale sobre as áreas da vida que você quer melhorar. Diga que o ama e quer amá-lo mais. Diga que quer fazer a sua vontade, como Maria, nossa mãe”.

Também assinalou que “a única oração que precisamos” é repetir o nome de Jesus durante o dia. “É uma oração bonita e poderosa”.

3. Ler uma passagem evangélica todos os dias

Outra prática que Dom Gomez propõe é rezar a lectio divina. Trata-se de ler uma passagem dos Evangelhos e meditá-la na oração perguntando: “O que Deus me diz nesta passagem? O que está me pedindo para fazer?”.

O Prelado assegurou que só se pode conhecer Jesus através dos seus ensinamentos e da sua vida que estão refletidos no Evangelho.

“Quanto mais rezemos com os Evangelhos, teremos mais a ‘mente de Cristo’. Seus pensamentos e sentimentos, vendo a realidade através dos seus olhos”, afirmou.

4. Participar da Eucaristia com frequência

O Arcebispo de Los Angeles recomendou buscar todas as oportunidades para se encontrar com Cristo e adorá-lo na Missa e no Santíssimo Sacramento.

Segundo Dom Gomez, o ideal é frequentar a Eucaristia durante os dias da semana, além do domingo. Recordou que, quando ele começou a ir à Missa diária, tornou-se mais consciente da presença de Deus. A sua relação pessoal com Ele foi crescendo cada vez mais e se tornou uma amizade profunda.

5. Fazer um exame de consciência diário e confessar-se com frequência

O Prelado afirmou que a confissão frequente oferece “uma sensação de libertação e paz” na alma quando os pecados são perdoados.

Dom Gomez comentou que ao longo do seu ministério pastoral, surpreendeu-se de como “a graça de Deus age na vida das pessoas” através desse sacramento.

“Participar do sacramento que cura de Cristo é uma graça. Poder pronunciar a sua palavra de perdão, para perdoar os pecados em seu nome. Não há maior privilégio que possa imaginar, nem algo mais bonito na terra”, sublinhou.

6. Realizar obras espirituais e materiais de misericórdia

“O amor é a forma de imitar Cristo. Precisamos amar os outros como Jesus os ama, começando pelas pessoas mais próximas. Começar pelas nossas famílias e depois com os outros”, sublinhou o Arcebispo de Los Angeles.

Deste modo, recomendou servir a Deus através dos pobres, abandonados e vulneráveis.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Arcebispo faz lectio divina com 500 jovens na catedral de Brasília

Lectio divina com jovens na Catedral de Brasília | ACI Digital

BRASILIA, 11 mar. 22 / 12:15 pm (ACI).- Mais de 500 jovens com idade de 15 a 29 anos da arquidiocese de Brasília se reuniram na catedral metropolitana Nossa Senhora Aparecida no último sábado, 5 de março, para uma lectio divina com o arcebispo, dom Paulo Cezar Costa. O evento foi organizado pelo Setor Juventude da Arquidiocese.

lectio divina é um momento de reflexão e oração baseado na Palavra de Deus. Para o encontro, foi escolhida a passagem sobre as tentações de Jesus no deserto, na narratição do Evangelho Segundo são Lucas. Depois da leitura, seguem-se a meditação, a oração e a contemplação do texto lido.

Ao fazer a leitura da passagem, imersa na realidade juvenil, dom Paulo comentou que “talvez a imagem do deserto nos ajude a entender a cultura pós-moderna. Onde as possibilidades são tantas, mas vive-se uma grande solidão. O eu vai se afirmando cada vez mais, o ser humano vive na grande cidade em meio a tantas pessoas, mas a solidão tornou-se uma experiência que toca o coração humano”, e continuou, falando da realidade do deserto: “o deserto não é um tempo definitivo, ele é passagem. É no deserto que caem os fracos, os despreparados, mas também, no deserto é forjado o coração do homem de Deus. No deserto se experimenta a precariedade, a fragilidade da vida e se aprende a experimentar e viver o essencial.”

Depois, rezando com os jovens, o arcebispo afirmou que “o ser humano se encontra incapaz de superar, por si mesmo, os assaltos do mal, do tentador, assim que cada um se sente como que acorrentado. Mas quando contemplarmos o Salvador tentado, o ser humano entende que a tentação faz parte da vida humana, do caminho de fé, mas que o Salvador, Jesus Cristo, venceu o tentador definitivamente, com sua morte de cruz.”

De acordo com padre Silas César, coordenador do Setor Juventude, a ideia de realizar a lectio divina com a juventude veio do arcebispo. Segundo o sacerdote, além de querer estar mais próximo dos jovens, inclusive por ser o bispo referencial para a pastoral juvenil do Regional Centro-Oeste, dom Paulo tem trabalhado para que a Palavra de Deus seja o centro da vida arquidiocesana.

“A motivação para fazer este encontro, além de alimentar a comunhão entre os jovens dos diversos movimentos, grupos, serviços e carismas, visa também levá-los a terem um contato mais próximo com o pastor, o arcebispo, escutando dele e rezando com ele a partir da Palavra de Deus. Um outro empenho é colocar a Palavra de Deus no centro da vida do jovem que, por vezes, é bombardeado por inúmeras influências advindas do mundo com leituras poucos confiáveis. Ler, meditar e rezar com a Palavra de Deus é o melhor caminho para que cresçam em virtude e na fé”, explica o padre.

Victor Hugo Rodrigues, de 24 anos de idade, da paróquia Nossa Senhora da Esperança (Vicente Pires/DF), esteve na Catedral para a lectio. Ele foi com o grupo de jovens com média de 16 anos de idade que coordena, o Ide e Evangelizai, e afirma ter sido marcado pela alegria do encontro.   

“Através da abertura do coração e da mente, os jovens conseguem compreender e acolher o que foi dito na Palavra. A compreensão e o trazer a Palavra para sua realidade faz com que tudo fique mais suave e tranquilo e mostra a eles que são fortes para enfrentar todas as barreiras e tentações que enfrentamos diariamente. Além disso, a Palavra mostra para todos eles que o amor de Deus é incondicional e para todos”, sublinha.

Ao final da lectio divina, dom Paulo perguntou aos jovens se eles gostaram da nova experiência que foi feita de leitura orante da Palavra. Os jovens responderam com um caloroso ‘sim’. Por isso, já ficou acertado entre dom Paulo e os jovens que, no tempo pascal, o Setor Juventude irá promover a segunda lectio divina com o arcebispo.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Cardeal Czerny e a dor das mulheres ucranianas, vítimas da crueldade da guerra

O Cardeal Czerny abençoa Tamara que fugiu de Kharkiv | Vatican News

Concluiu-se a missão, na Hungria, do prefeito interino do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral entre os refugiados ucranianos. O cardeal visitou o Serviço Jesuíta para Refugiados em Budapeste, a estação de Nyugati e o centro de acolhimento da Ordem de Malta, onde ouviu as dramáticas histórias de Natália, Tamara e outras pessoas que fugiram da Ucrânia. Por fim, saudou os jovens equatorianos que fugiram de Kiev.

Salvatore Cernuzio - Budapeste

Marina e Nadja pegaram um táxi até a fronteira com a Moldávia para fugir das bombas em Kharkiv. Natália usou uma mesa de restaurante como cama. Em sua pressa para escapar, Tamara esqueceu seu celular em casa e durante semanas não teve contato com seus filhos que ficaram em Kiev. Dana e Danjra viajaram sozinhas, aos 18 anos, durante quinze horas de carro.

Histórias de vida

Num salão de uma estrutura na periferia de Budapeste, a dor que esta guerra "cruel" está causando ao povo ucraniano pode ser tocada com as mãos. Seis refugiadas, todas mulheres, agora seguras graças à ajuda recebida das equipes da Ordem de Malta, aguardam um novo destino. O cardeal Michael Czerny, prefeito interino do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, em seu terceiro e último dia de missão na Hungria, encontrou-se com elas na tarde de 10 de março, num centro esportivo transformado em poucos dias num centro de acolhimento. Ajudado por um intérprete, o cardeal parou para ouvir estas histórias, fez perguntas e olhou as imagens nos celulares.  Fotos de bunker, acomodações improvisadas, bebês e pais idosos.

Natália e as lágrimas por seus pais idosos

Pais como os de Natália aos quais a guerra não tem dado trégua desde 2014. Originária de Donetsk, de onde fugiu em 2015, agora ela se encontra novamente em meio ao medo e à destruição e desde 5 de março está viajando com outra jovem de 29 anos, para depois se separarem: uma para a Alemanha, a outra para a França. Quando o cardeal chegou, ela foi a única que não ergueu a cabeça para olhar, sempre fixada em seu celular. Depois, ouvindo as histórias dos outros compatriotas, ela se aproximou e fez questão de mostrar a Czerny as etapas de sua viagem, documentadas em seu celular: o subterrâneo de seu prédio, com a filha de vizinhos de poucos meses, dormindo debaixo dos canos de água, as noites passadas em sacos de dormir, o restaurante de um hotel abandonado com uma mesa usada como cama. A foto dos pais aparece então na galeria de fotos e Natália irrompe em lágrimas: "Eles não têm comida, não têm remédios. Morrerão mesmo sem bombas". 

Natália mostra ao cardeal a foto de seus pais idosos que ficaram na Ucrânia | Vatian News

Marina fugiu de Kharkiv num táxi

Marina, 62 anos, é uma ex-empregada numa fábrica para a construção de nave espacial de um edifício industrial. Ela fugiu de Kharkiv com sua filha deficiente intelectual. "Pegamos um táxi até o centro da Ucrânia". "E quanto vocês pagaram?" "Nada, o taxista quis apenas uma contribuição para a gasolina". Agora, Marina está esperando para ser transferida para a Alemanha. Ela não viu sua casa desmoronar por causa dos bombardeios, mas houve um "ponto de não retorno": "A trigésima primeira vez que fomos obrigados a descer para o porão. Eu não suportava mais o som constante da sirene, isso me fazia enlouquecer. Eu decidi partir". Ela não se arrepende desta decisão, embora tenha deixado seu marido e seu pai "em casa". Em vez disso, ela chora pelo "calor humano" que recebeu em Budapeste: "Sou realmente grata", repete ao cardeal que a abençoa e lhe dá uma pequena imagem com uma oração do Papa Francisco.

O celular esquecido de Tamara

"Eu também quero", intervém Tamara. Ela é uma senhora pequena na casa dos 60 anos, com o rosto abatido e os olhos cansados da viagem de cinco dias. Ela ri quando diz que em sua pressa de arrumar sua mala para fugir de Kiev, ela deixou seu telefone em algum lugar da casa. Mas é um riso histérico que se transforma rapidamente em lágrimas: "Durante quase uma semana perambulei sem conseguir me comunicar. Meus filhos estão na cidade. Pude ouvi-los graças aos voluntários. Eles estão seguros com a comunidade batista num bunker".

Czerny abençoa uma refugiada ucraniana | Vatican News

Na estação oeste de Nyugati

As mulheres são uma pequena parte dos 54 refugiados atualmente assistidos pela Ordem de Malta, que também oferece um serviço de ambulância ("um hospital em quatro rodas") até as fronteiras. A única realidade caritativa a fazê-lo. Trabalha também ao lado da Caritas diocesana, na estação Keleti, a leste de Budapeste. Czerny a visitou no primeiro dia da viagem. Na quinta-feira (10/03) de manhã, depois de uma longa parada no Serviço Jesuíta para Refugiados, guiado pelo padre Sajgó Szabolcś, ele quis visitar a estação a oeste, Nyugati pálayauvdar. Um cenário totalmente diferente em relação a Keleti, com refugiados em massa e má harmonização de serviços. O problema é que as pessoas que descem em Nyugati são o dobro: quase 3-4 mil por dia. Pouco antes da chegada de Czerny, um e-mail da fronteira anuncia um trem com 125 pessoas de Zahony. Muitas, muitas pessoas da etnia cigana olham com indiferença a passagem do cardeal, depois, ao seu primeiro convite para se aproximarem, ficam curiosas e contam a sua história. Miriana, por exemplo, conta que em Odessa com sua família eram comerciantes ou empregados de fábrica. Eles foram evacuados de uma hora para outra: "Queremos chegar a Berlim, mas não há meios". Na Alemanha não têm ninguém que os espere e possa recebê-los, mas querem tentar a sorte "porque lá há mais possibilidades".

Saudação a alguns jovens nigerianos que fugiram de Kiev, na estação de Nyugati |
Vatican News

Saudações aos jovens equatorianos evacuados de Kiev

A última parada do terceiro dia de missão do cardeal foi a paróquia de Szent József, em Esztergom, guiada pelo pe. András Szili. O sacerdote tem 35 anos, é padre há dez e há três anos é pároco e capelão dos hispano-americanos. Há semanas vive em meio a telefonemas como: "Pe. András, hoje mais 42!". São os jovens refugiados equatorianos evacuados de Kiev que, enquanto esperam voltar para casa graças ao Consulado, ficam no oratório ou nas salas de catecismo. Eles ficam por algumas noites e dividem em 56 um computador e dois banheiros, com apenas um chuveiro, tanto que os moradores do bairro disponibilizaram os banheiros de suas casas. Sentados em círculo numa sala, eles recebem o emissário papal, acompanhados pelo arcebispo de Budapeste, cardeal Pedro Ërdo. "Estou aqui porque o Papa quer expressar proximidade e esperança para a Ucrânia", disse Czerny. "O Santo Padre pede que rezem e se unam para contribuir para a paz". Duas crianças se aproximam do cardeal oferecendo biscoitos. Seguem-se histórias e um aperto de mão e, por fim, uma foto de grupo. Por fim, o emissário do Papa se despede com uma recomendação: "Não se esqueçam a caridade recebida aqui, quando vocês voltarem ao seu país. Vocês deverão oferecê-la aos outros".

O cardeal Czerny voltou para Roma na manhã desta sexta-feira.

Duas crianças oferecem biscoitos ao cardeal | Vatican News

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Em toda a guerra fazemos Caim renascer!

CNBB

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

Assistir, diariamente, a noticiários que nos trazem as cenas mais recentes de vítimas ou da destruição da guerra pode-nos anestesiar e levar-nos até banalizar o sentido do sofrimento e perder a capacidade de indignar-se profundamente. Longe de ser um fato natural, corriqueiro ou espetaculoso, a guerra faz renascer Caim.

Os irmãos que sofrem as guerras e todo ser humano, é da nossa família, não são estatísticas ou personagens secundários de dramas externos, que pouco significam, mas demonstram como a violência reproduzida e repetida em flashbacks, nos entorpeceu e nos insensibilizou. Nunca podemos nos resignar diante de populações inteiras reféns da matança, da miséria e da exploração, e até comentar que as mulheres se tornam fáceis porque estão pobres.

Não podemos, de nenhuma maneira, aceitar assistir indiferentes ou encolher os ombros, alegando impotência ou distanciamento dos lugares onde acontecem os conflitos. Para começar digamos, de forma vigorosa e categórica, que não existe justificativa religiosa, política ou militar para a violência que agride pessoas indefesas, independente do modo como ela se manifesta.

De imediato, se somos pessoas do bem, crentes em valores éticos ou religiosos, sejamos conscientes que podemos fazer muito e, certamente, a diferença. Rezar pela paz, trabalhar pela paz, gritar e fazer ressoar o clamor pela paz, tornar-se rosto, símbolo, palavra, pensamento e luta, das pessoas sacrificadas e atropeladas pelo rolo compressor da guerra. Fazer emergir o diálogo, pois o diálogo sempre gera consenso e esperança, apontar saídas e alternativas não violentas.

O diálogo é o caminho da paz, porque opta pelo entendimento, a concórdia e a harmonia, com ele começamos a trama e o tecido dos acordos e dos pactos. Construamos nossa rede de paz, canais de compreensão e corredores humanitários, para fazer acontecer a corrente de Abel, do bem, do perdão e da reconciliação.

Não desistamos nunca de interceder como Abrahão e Moisés, a humanidade está interligada pela consciência e pela pertença, acreditemos que todos levamos a marca da imago Dei e da fraternidade, que aflora quando despertamos ao amor e à gratuidade compassiva. Unamo-nos ao Deus da Vida e da Paz, para sermos, com Ele e para Ele, barreiras de contenção e neutralização da violência e proteção e amparo para as pessoas envolvidas e ameaçadas. Deus seja louvado!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF