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segunda-feira, 14 de março de 2022

Obras de irmã Dulce enfrentam crise financeira por falta de reajuste em contrato com SUS

Obras Sociais Irmã Dulce. Foto: Wikimedia (CC BY 2.0)
Por Natalia Zimbrão

SALVADOR, 12 mar. 22 / 06:00 am (ACI).- No domingo, 13 de março, a morte de santa Dulce dos Pobres faz 30 anos. Em meio à programação festiva preparada em Salvador (BA) para esta data, a instituição fundada pela primeira santa brasileira, as Obras Sociais Irmã Dulce, enfrenta uma crise financeira. Para o final deste ano, a instituição prevê um déficit acumulado de R$ 44 milhões, devido à insuficiência dos valores recebidos por serviços prestados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

As Obras Sociais Irmã Dulce foram fundadas em 26 de maio de 1959, por santa Dulce dos Pobres. O projeto é fruto da trajetória da religiosa, que durante mais uma década peregrinou em busca de um local para abrigar pobres e doentes recolhidos das ruas de Salvador. As raízes da instituição datam de 1949, quando irmã Dulce, sem ter para onde ir com 70 doentes, pediu autorização a sua superiora para abrigar os enfermos em um galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio, na capital baiana. O episódio fez surgir a tradição de que o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um simples galinheiro.

“As Obras Sociais Irmã Dulce são uma instituição privada filantrópica, sem fins lucrativos. Atuamos na área da saúde, assistência social, ensino e pesquisa, educação de crianças e adolescentes. Temos uma gama de atuações, sendo que a preponderante é a saúde”, disse o assessor corporativo da OSID, Sérgio Lopes.

A OSID é conhecida como um dos maiores complexos de saúde do Brasil com atendimento 100% gratuito. A instituição é responsável pela realização de 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais, 23 mil cirurgias e 43 mil internamentos por ano na Bahia. Só na sede em Salvador, são 954 leitos hospitalares. Na capital baiana, são feitos 10,8 mil atendimentos por mês a pessoas com deficiência e 9 mil para tratamento do câncer. Entre o público acolhido pela OSID, estão pacientes oncológicos, idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, crianças e adolescentes em situação de risco social, dependentes de substâncias psicoativas, pessoas em situação de rua e demais usuários do SUS.

Atualmente, porém, a OSID tem um déficit operacional de R$ 24 milhões, valor que ainda pode ser acrescido em R$ 20 milhões até o final do exercício de 2022, resultando em um déficit acumulado da ordem de R$ 44 milhões.

“Na saúde, nossa atuação 100% SUS se dá através de um contrato que, no nosso caso, é junto ao Estado da Bahia, com recursos do Ministério da Saúde”, disse Lopes. “A grande questão da crise advém justamente deste contrato, que não prevê cláusula de reajuste”.

Lopes contou que o contrato possui metas quantitativas e qualitativas que a instituição deve atingir para receber o valor acordado, além de uma parcela variável, “vinculada a procedimentos de alta complexidade, que é por produção”. Mas, a remuneração é feita com base na tabela SUS, “que há muito tempo não sofre reajuste”.

Para se ter uma ideia do aumento de gastos que a instituição enfrentou nos últimos anos, Lopes citou o caso das luvas de procedimento, que antes da pandemia em 2019 tinham custo anual de R$ 690 mil e, em 2021, o custo foi de R$ 3,4 milhões.

Além do repasse do SUS, a OSID conta também com doações. Segundo Lopes, as pequenas doações de pessoas físicas acabam “somando um valor que hoje corresponde a cerca de 10% de nossa fatura”. Na prática, essas doações deveriam ser usadas para “melhoria do parque de equipamentos, algumas ampliações”. Mas, por causa da crise financeira, os recursos estão tendo que ser usados para “suprir essa falta da relação com o SUS”.

Lopes admitiu que, enquanto instituição, a OSID poderia optar por ter um contrato com o SUS e também, eventualmente, um atendimento privado. “Mas, isso fere completamente a missão da obra e o propósito dela desde a sua fundação por irmã Dulce. O compromisso dela [santa Dulce] sempre foi com as pessoas mais humildes e é algo que é um conceito basilar nosso e não vamos mudar nunca: tudo o que ofertamos aqui tem caráter de gratuidade para a comunidade”.

O assessor corporativo afirmou que há um risco de diminuição dos serviços prestados pela OSID. “Estamos neste momento utilizando recursos de conta garantida [um tipo de linha de crédito] junto ao banco, que é um recurso caro para nós, porque tem juros envolvidos. Não vamos ter como suportar isso por muito mais tempo”, disse.

Por isso, a instituição tem adotado medidas para reduzir gastos, como renegociação de contratos, suspensão de investimentos, corte de gastos administrativos. Também está tentando “aumentar a receita, sensibilizando principalmente o poder público, buscando um aporte, e alertando a sociedade pedindo que apoie neste momento mais do antes”.

Apesar da crise, Sérgio Lopes declarou que os funcionários da OSID têm “uma crença muito grande de que a providência vai chegar”. “Estamos vivendo este momento com muita apreensão, mas ao mesmo tempo com muita fé. Santa Dulce sempre dizia que esta obra é de Deus e o que é de Deus não fecha”, afirmou.

Como um gesto simbólico, no dia 4 de março, profissionais, voluntários, pacientes, religiosos e amigos da OSID promoveram um abraço na sede da entidade, em Salvador, para alertar a população sobre a crise financeira que ameaça a continuidade dos atendimentos.

A celebração dos 30 anos da morte de santa Dulce no dia 13 de março também será marcada por este alerta e pedido de ajuda à sociedade. Durante o dia, haverá missas às 7h, 10h30, 12h e 16h. E, às 8h30, a missa festiva será celebrada pelo arcebispo de Salvador, cardeal Sérgio da Rocha.

Para colaborar com a OSID, é possível doar qualquer quantia através do PIX deuslhepague@irmadulce.org.br, ou efetuar uma doação a partir do site www.irmadulce.org.br/doeagora.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Apelo do Papa pela Ucrânia: Em nome de Deus, parem o massacre!

Refugiados chegam à estação de trem de Lviv, na Ucrânia | Vatican News

Mais um apelo: Francisco não poupa palavras para condenar o massacre de civis indefesos vítimas da guerra na Ucrânia. "Diante da barbárie da matança de crianças, de inocentes e de civis indefesos não existem razões estratégicas plausíveis", afirmou.

Vatican News

Com voz e mãos firmes, o Papa foi contundente ao pedir, mais uma vez, o fim imediato da guerra na Ucrânia ao final da oração mariana do Angelus deste domingo (13/03):

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2022/03/13/14/136472157_F136472157.mp3

"Acabamos de rezar para Nossa Senhora. Esta semana, a cidade que leva seu nome, Mariupol, se tornou uma cidade mártir da guerra desoladora que está devastando a Ucrânia. Diante da barbárie da matança de crianças, de inocentes e de civis indefesos não existem razões estratégicas plausíveis: deve-se somente cessar a inaceitável agressão armada, antes que reduza as cidades em cemitérios."

"Com dor no coração, uno a minha voz àquela das pessoas comuns, que imploram o fim da guerra. Em nome de Deus, se ouça o grito de quem sofre e se ponha fim aos bombardeios e aos ataques! Invista-se real e decididamente na negociação, e os corredores humanitários sejam efetivos e seguros."

“Em nome de Deus, eu peço: parem este massacre!”

Deus é só Deus da paz, não da guerra

O Papa pediu também um maior esforço para acolher os quem foge da guerra e que os fiéis intensifiquem as orações:

Gostaria ainda, mais uma vez, exortar ao acolhimento dos muitos refugiados, nos quais Cristo está presente, e agradecer pela grande rede de solidariedade que se formou. Peço a todas as comunidades diocesanas e religiosas que aumentem os momentos de oração pela paz. Aumentar os momentos de oração pela paz. Deus é só Deus da paz, não é Deus da guerra, e quem apoia a violência profana o seu nome. Vamos agora rezar em silêncio por quem sofre e para que Deus converta os corações a uma firme vontade de paz."

O Pontífice está acompanhando de perto tudo o que está acontecendo na Ucrânia. A seu pedido, esta semana dois cardeais, Konrad Krajewski e Michael Czerny, estiveram entre os refugiados na Polônia e na Hungria para levar a solidariedade do Papa e ajudas materiais. O esmoleiro, card. Krajewski, inclusive conseguiu ir até Lviv, cidade que os russos bombardearam nas últimas horas. Na frente diplomática o secretário de Estado, Pietro Parolin, conversou no decorrer da semana com o ministro das relações exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, para pedir o fim imediato dos bombardeiros e oferecendo a mediação da Santa Sé.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Matilde

Santa Matilde | arquisp
14 de março

Santa Matilde

Matilde era filha de nobres saxões. Nasceu em Westfalia, por volta do ano 895 e foi educada pela avó, também Matilde, abadessa de um convento de beneditinas em Herford. Por isso, aprendeu a ler, a escrever e estudou teologia e filosofia, fato pouco comum para as nobres da época, inclusive gostava de assuntos políticos. Constatamos nos registros da época que associada à brilhante inteligência estava uma impressionante beleza física e de alma. Casou-se aos catorze anos com Henrique, duque da Saxônia, que em pouco tempo se tornou Henrique I, rei da Alemanha, com o qual viveu um matrimônio feliz por vinte anos.

Foi um reinado justo e feliz também para o povo. Segundo os relatos, muito dessa justiça recheada de bondade se deveu à rainha que, desde o início, mostrou-se extremamente generosa com os súditos pobres e doentes. Enquanto a ela assistia à população e erguia conventos, escolas e hospitais, o rei tornava a Alemanha líder da Europa, salvando-a da invasão dos húngaros, regularizando a situação de seu país com a Itália e a França e exercendo ainda domínio sobre os eslavos e dinamarqueses. Havia paz em sua nação, graças à rainha, e por isso, ele podia se dedicar aos problemas externos, fortalecendo cada vez mais o seu reinado.

Mas essa bonança chegou ao fim. Henrique I faleceu e começou o sofrimento de Matilde. Antes de morrer, o rei indicou para o trono seu primogênito Oton, mas seu irmão Henrique queria o trono para si. As forças aliadas de cada um dos príncipes entraram em guerra, para desgosto de sua mãe. O exército do príncipe Henrique foi derrotado e Oton foi coroado rei assumindo o trono. Em seguida, os filhos se voltaram contra a mãe, alegando que ela esbanjava os bens da coroa, com a Igreja e os pobres. Tiraram toda sua fortuna e ordenaram que deixasse a corte, exilando-a.

Matilde, triste, infeliz e sofrendo muito, retirou-se para o convento de Engerm. Contudo, muitos anos mais tarde, Oton e Henrique se arrependeram do gesto terrível de ingratidão e devolveram à mãe tudo o que lhe pertencia. De posse dos seus bens, Matilde distribuiu tudo o que tinha para os pobres.

Preferindo continuar sua vida como religiosa permaneceu no convento onde, depois de muitas penitências e orações, desenvolveu o dom das profecias. Matilde faleceu em 968, sendo sepultada ao lado do marido, no convento de Quedlinburgo. Logo foi venerada como Santa pelo povo que propagou rapidamente a fama de sua santidade por todo mundo católico do Ocidente ao Oriente. Especialmente na Alemanha, Itália e Mônaco ainda hoje sua festa, autorizada pela Igreja, é largamente celebrada no dia 14 de março.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

domingo, 13 de março de 2022

Como proteger-nos do Mal?

Crédito: Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

O Papa Paulo VI fez uma alocução, no dia 15 de novembro de 1972 (“Livrai-nos do Mal”), falando sobre o demônio, a sua realidade, perigo e maldade. O Papa afirmou: “O mal já não é apenas uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, espiritual, pervertido e perversor. Trata-se de uma realidade terrível, misteriosa e medonha”.

Quando fala do demônio, o Catecismo diz: “A Escritura atesta a influência nefasta daquele que Jesus chama de “o homicida desde o princípio” (Jo 8,44) e que até chegou a tentar desviar Jesus da missão recebida do Pai. Para isto é que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo” (1 Jo 3,9) (n.394).

Sem meias-palavras, Papa Paulo VI reafirma a existência do demônio e da sua perversidade. Ele é o mal, o maligno, e enfatiza: “Sai do âmbito dos ensinamentos bíblicos e eclesiásticos (da Igreja) quem se recusa a reconhecer a existência desta realidade”.

O próprio Jesus foi tentado três vezes pelo demônio no deserto, e o venceu com o jejum, a oração e a força da Palavra de Deus. (cf. Mt 4,3-10). Jesus se referiu a ele como Seu adversário e o chamou de “príncipe deste mundo” (cf. Jo 12,31; 14,30; 16,11). São Paulo chamou-o “deus deste mundo” (cf. II Cor 4,4) e preveniu-nos contra as lutas ocultas que devemos travar contra sua pluralidade: “Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio”. Ele recomenda ter “a cintura cingida com o cinto da verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, os pés calçados para anunciar o Evangelho da paz. Sobretudo abraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dados inflamados do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é a Palavra de Deus” (Ef 6,11-12).

Essas são as armas poderosas para vencer o Mal. A maior arma do maligno é mascarar sua ação e fingir que não existe. São Paulo afirmou: “O próprio satanás se transfigura em anjo de luz. Por conseguinte, não é de estranhar que os seus servidores se transfigurem em servidores de justiça” (2 Cor 11,14-15). Quem tem Deus como Senhor, o ama e foge do pecado, não precisa temer o Mal. São João garante: “Sabemos que aquele que é gerado de Deus se acautela, e o Maligno não o toca” (1 Jo 5,18).

O principal remédio contra Deus é culpado do mal que há no mundo?a ação diabólica é dado pelo próprio Cristo aos discípulos: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26,41). É pelo pecado que o demônio introduziu o sofrimento e a morte no mundo. “O salário do pecado é a morte” (Rm 6,3). Abandonar o pecado e cultivar a graça de Deus. “A graça é a defesa decisiva”, diz o Papa Paulo VI. Cultivar as virtudes, principalmente a caridade. “Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé” (1 Pd 5,8-9).

Na Eucaristia está o grande remédio contra Satanás. E nossa mãe Maria Santíssima foi aquela que massacrou a cabeça da serpente maligna. É ela que protege cada um de nós, seus filhos a ela consagrados. Refugiemo-nos debaixo de sua proteção materna, consagrando-se a ela e rezando o Terço, o Ofício da Imaculada, a sua Ladainha e outras práticas. Também aos Anjos e Santos precisamos recorrer para nos defender das insídias do Mal. O Anjo da Guarda nos protege, quando nos colocamos debaixo de sua custódia.

O nosso Catecismo ensina algo muito importante sobre o Mal:

“O poder de Satanás não é infinito. Ele não passa de uma criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas sempre criatura: não é capaz de impedir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás atue no mundo por ódio contra Deus e seu Reino em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves danos – de natureza espiritual e, indiretamente, até de natureza física – para cada homem e para a sociedade, esta ação é permitida pela Divina Providência, que com vigor e doçura dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério, mas nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam” (Rm 8,28). (n.395)

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

CF 2022, COM O TEMA “FRATERNIDADE E EDUCAÇÃO”

CNBB

CF 2022, COM O TEMA “FRATERNIDADE E EDUCAÇÃO”, GANHA DESTAQUE EM JORNAIS E REPERCUTE BRASIL AFORA

POR IMPRENSA CNBB

Desde o lançamento virtual da Campanha da Fraternidade (CF), realizado pela CNBB na quarta-feira de cinzas, 2 de março, a iniciativa vem ganhando ainda mais destaque nas manchetes dos jornais e em sessões solenes Brasil afora. Este ano, a CF tem como tema “Fraternidade e Educação” e o lema bíblico, extraído de Provérbios 31, 26: “Fala com sabedoria, ensina com amor”

Na última quarta-feira, dia 9 de março, por exemplo, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou uma sessão solene, presencial, em homenagem à Campanha da Fraternidade. A iniciativa foi transmitida ao vivo pela TV Câmara Distrital, no canal 9.3, e pelo YouTube.

Padre Patriky Samuel Batista, secretário executivo de Campanhas da CNBB, esteve presente e relatou que a sessão fazia parte de um reconhecimento a tantos homens e mulheres de boa vontade, que não somente no Distrito Federal, mas em todo o Brasil promoviam diversas iniciativas nascidas das Campanhas da Fraternidade há quase 60 anos.

“Esse ano ao tratar o tema da educação, o episcopado brasileiro nos dá a oportunidade de refletir a partir de três enfoques específicos – pensar a educação de forma integral; valorizar as iniciativas do Pacto Educativo Global e redescobrir a pedagogia de Jesus. Isso significa olhar a educação em seu conjunto e não pensá-la somente em vista da projeção de uma carreira profissional, mas a uma educação que atinja a todos os âmbitos da pessoa humana”, salientou o padre.

Segundo o padre, o poder legislativo deve legislar com sabedoria e servir com amor rejeitando toda e qualquer forma de corrupção, tendo os olhos fixos na construção do bem comum. Citando São João Bosco, padre Patriky salientou que ambos focos do tema é formar um bom cristão e honesto cidadão. Relembrou, ainda, que a CF está em profunda comunhão com o Pacto Educativo Global, do Papa Francisco, e que “recupera a pedagogia de Cristo, que educava pela proximidade, pelo testemunho e qualidade da sua presença”.

O padre enfatizou, também, que o contexto pandêmico é o marco temporal da Campanha da Fraternidade e que a ocasião também trazia uma reflexão muito pertinente sobre a importância de se construir projetos de vida em vista de um projeto de sociedade.

“Qual é o modelo de educação que nós queremos? Qual é o papel de cada cidadão nesse contexto e quais as narrativas que ouvíamos no que diz respeito a educação hoje? E aí vem esse grande horizonte da Campanha da Fraternidade – Falar com sabedoria e ensinar com amor – que é, na verdade, um estilo de vida daqueles que se pautam também por um serviço à comunidade. O verdadeiro serviço à educação é a educação à serviço da comunidade, do bem comum”, disse o padre.

Confira a sessão na íntegra:

https://youtu.be/Y_v_SZmCrE4

Senado Federal – Agência Senado também divulgou que o Senado Federal vai realizar uma sessão especial para comemorar a Campanha da Fraternidade 2022. O plenário aprovou na quarta-feira, dia 9, o requerimento propondo a sessão. A data da sessão ainda será marcada.

“Nos dizeres das autoridades que promovem a campanha, a versão de 2022 deve nos recordar que ‘educar não é um ato isolado. É encontro no qual todos são educadores e educandos. É tarefa da própria pessoa, da família, da escola, da igreja e de toda a sociedade’”, afirma o senador na justificativa para o requerimento.

Repercussão nos jornais

A CF de 2022 também teve repercussão nas maiores mídias e veículos de comunicação do Brasil.

A agência Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), deu destaque ao lançamento oficial da CF, na quarta-feira de cinzas, com a fala do presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, que enfatizava que a “Educação é pilar da paz e por isso precisa receber sempre mais investimento significativos de governantes, empreendedores, instituições, todos os setores”.

O jornal O Globo também enfatizou a fala de dom Walmor, no lançamento, alegando que o presidente da CNBB disse que a educação precisa sempre receber mais investimentos de todos. “Ele não se limitou a citar os governantes, mencionando também a necessidade de investimentos por parte de empreendedores, instituições e outros segmentos”.

O Globo salientou, ainda, o posicionamento do secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, com relação ao significado de “educação integral”, termo usado na Campanha.

“Educação integral, e integral aqui num sentido mais amplo que ela pode vir a ter. Não restringir a educação aos aspectos cognitivos e mercadológicos, mas perceber que o ser humano, além de razão e inserção no mercado de trabalho, é também por exemplo sentimento, ele é solidariedade, ele é compromisso socioambiental, e assim por diante. Que o processo educacional não forme apenas máquinas racionais para inserção no mercado. Se isso é importante, não é exclusivo. É preciso alargar. E alargar o horizonte para a fraternidade e solidariedade — afirmou dom Joel.

Jornal Nacional destacou que, no lançamento, a CNBB exibiu uma mensagem do Papa Francisco em que ele defende a adoção de ações transformadoras na educação para a fraternidade universal e o humanismo integral. O vídeo na íntegra pode ser conferido em: https://globoplay.globo.com/v/10351890/.

Correio Braziliense deu destaque para a fala de dom Joel sobre a guerra na Ucrânia, feita durante a coletiva de lançamento da CF. O jornal salientou que o secretário-geral da CNBB refletiu ser preciso trabalhar pela paz e que, “se há guerra, é preciso se manifestar com indignação”.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Arquidiocese de Brasília comunica o uso facultativo do uso das máscaras

www.bossoroca.rs

Em Carta Circular nº 01/2022 enviada ao clero de Brasília na manhã desta sexta-feira (11), o Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar, suspende a obrigatoriedade tornando facultativo o uso das máscaras faciais em ambientes fechados. A decisão foi tomada com base no decreto do GDF, nº 43.072, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF).

 “Visando o bem comum de toda a Igreja, o decreto retira a obrigatoriedade da utilização das máscaras, mas não exclui a utilização da mesma. Quero contar com a prudência e zelo de todos”, diz Dom Paulo, arcebispo de Brasília.

Leia na íntegra a Carta:

O porquê do sofrimento

Crédito: www.familia.com.br
Revista: PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb.
Nº 297 – Ano 1987 – Pág. 61.

Em síntese: O sofrimento parece a alguns ser um argumento contra o poder ou a bondade de Deus. A mensagem cristã responde que Deus não é – nem pode ser – o autor de algum mal; mas Ele permite que as criaturas, limitadas como são, cometam males físicos e morais; Ele não quer “policiar” o mundo artificialmente, mas se encarrega de tirar dos males produzidos pelas criaturas bens ainda maiores. Isto em vários casos é evidente, pois se verifica que, para muitas pessoas, o sofrimento é uma escola que converte e transfigura. Em outros casos, os frutos positivos do sofrimento não são tão perceptíveis; não obstante, o cristão tem certeza de que a Providência Divina não falha e um dia ele compreenderá plenamente o plano de Deus, do qual atualmente ele só percebe segmentos e facetas.

Mais: a figura do Filho de Deus, que, feito homem, assumiu a dor e a morte a fim de fazê-las passagem para a ressurreição e a glória, é o testemunho mais eloqüente de que o sofrimento não é mera sentença da justiça ou castigo, mas está intimamente associado ao amor que Deus tem para conosco. Aceito em união com Cristo, o sofrimento vem a ser fonte de salvação para o paciente e de expiação dos pecados do mundo.

Um dos temas que mais vêm à tona nos círculos filosóficos e religiosos de nossos dias, é o do sofrimento. Quanto mais se alastra e intensifica a dor dos homens provocada pela fome, o terrorismo, as guerras…, tanto mais indagam a respeito do sentido do sofrimento. Freqüentemente nasce daí a objeção; se Deus existe, como pode permitir tanta desgraça, especialmente quando afeta pessoas inocentes? Se tanto mal acontece, ou Deus não pode ou não quer evitá-lo. No primeiro caso, Ele não é todo-poderoso (então não é Deus); no segundo caso, Ele não ama seus filhos, pois nenhum pai assiste indiferente ao sofrimento dos seus filhos. Em conseqüência de tais raciocínios, parece lógico a muitos negar a existência do próprio Deus.

Eis por que as páginas subseqüentes serão dedicadas ao estudo de tal problema. Pode-se-lhe apresentar solução?… ou ao menos alguma luz que o esclareça? – Aliás, também o último Sínodo Mundial dos Bispos, encerrado em dezembro de 1985, chamou a atenção para a recrudescência do mal em nossos dias (tão marcados pela fome e pela ameaça de catástrofes nucleares) e solicitou especial atenção para a Teologia da Cruz:

“Percebemos que os sinais dos tempos são, em parte, diferentes daqueles dos tempos do Concílio, com problemas e angústias ainda mais graves. Com efeito; assistimos em toda parte ao aumento da fome, da opressão, da injustiça; a guerra domina em vários lugares, com os sofrimentos que ela acarreta, enquanto o terrorismo e a violência, sob mil formas, se manifestam um pouco por toda parte. Isto nos obriga a nova e mais profunda reflexão teológica para interpretar esses sinais à luz do Evangelho…

Parece que nas atuais dificuldades Deus nos quer ensinar mais profundamente o valor, a importância e a centralidade da Cruz de Jesus Cristo” (D, nº. 1 e 2).

Examinemos agora as objeções que, em vista do sofrimento da humanidade, são atualmente levantadas contra a existência ou os atributos de Deus.

1.    Se o mal existe, Deus existe?

Eis quatro objeções que a opinião pública não raro formula:

1.1.        Deus sem poder ou sem amor

“Diante do sofrimento no mundo, Deus não pode ou não quer intervir. No primeiro caso, Ele é fraco ou destituído de poder; no segundo caso, Ele carece de amor para com seus filhos”.

– Esta objeção já foi longamente desenvolvida por Voltaire após o terremoto de Lisboa em 1755 e pelo filósofo Arthur Schopenhauer (+1860). Houve quem lhe respondesse, admitindo que Deus é muito sábio e muito poderoso, mas não todo-poderoso (assim Voltaire, Stuart Mill, M. Schiller). – Todavia quem assim pensa, está praticamente negando a existência de Deus, pois, por definição, ou Deus é a Suma Perfeição, sem limites, ou simplesmente não existe.

A resposta católica a tal objeção já foi formulada por S. Agostinho (+ 430), ao qual S. Tomás de Aquino (+ 1274) fez eco: “A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem. – Nulo modo sineret aliquid mali esse in operibus suis, nisi esset adeo omnipotens et bonus ut bene faceret etiam de malo” (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2). Estas palavras, aliás, sintetizam toda a doutrina católica relativa à origem do mal:

1) O mal não é uma entidade positiva; mas uma carência do ser (ou do bem) devido. Assim a cegueira é a falta de olhos (é um mal nas criaturas às quais a natureza concede olhos); o pecado é a falta de concordância do ato humano com o Fim Supremo da moralidade, que é Deus.

2) Ora o não ser ou a carência como tal não tem causa. Só pode ser indiretamente causado por um agente falível ou uma criatura que, ao agir, seja capaz de produzir um efeito incompleto, carente de sua perfeição.

3) Por conseguinte, Deus, sendo por definição o Ser Perfeitíssimo, não pode ser causa do mal, Esta há de ser a criatura, que pode falhar ao agir no plano físico (um desastre de automóvel, uma enchente, uma seca…) ou no plano moral (o pecado).

4)  Deus permite que as criaturas exerçam a sua atividade conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Ele não fez um mundo artificialmente policiado ou de marionetes. Todavia em sua sabedoria e bondade. Ele se compromete a aproveitar o próprio mal cometido pelas criaturas para daí tirar bens maiores.

5) Não raro é-nos dado perceber os bens que se seguem aos males decorrentes da ação das criaturas. Com efeito, sabemos que muitas e muitas pessoas se transformaram e nobilitaram em conseqüência de uma moléstia grave, de um baque ou insucesso na vida. Em outros casos não nos é possível indicar os frutos positivos procedentes de algum mal; mas o cristão tem a certeza de que, no final dos tempos, lhe será concedido contemplar o plano de Deus e as ligações existentes entre os fatos que ele abrange.

A resposta teológica aqui esboçada será mais amplamente explanada sob o título 2 deste artigo. Importa aqui mostrar apenas que a existência do mal no mundo não significa falta de poder ou de bondade em Deus. Os caminhos de Deus não são os dos homens, diz o Profeta (Is 55,8); a visão que Deus tem das criaturas e da história, é muito mais extensa do que a que nós temos. Por causa de nossas perspectivas limitadas, corremos o risco de apontar sem mais um mal ou um desastre onde há apenas o preâmbulo de um grande benefício arquitetado sobre a própria falibilidade das criaturas.

1.2.        Insistindo…

“Não aceito a explicação, pois freqüentemente me parece que a desgraça é tão-somente desgraça, longe de qualquer plano providencial de Deus”.

A propósito formularemos três observações:

1) É preciso  que a criatura não faça de si mesma o padrão ou o critério para avaliar felicidade ou desventura. Não diga: “Se eu não vejo o lado positivo de uma desgraça, tal lado positivo não existe”. Somente Aquele cujo olhar abarca toda a história da humanidade pode definir o sentindo real que cada acontecimento tem nesse conjunto.

2) Se determinado mal não tem realmente uma contra-parte positiva ou valiosa, isto se deve muitas vezes ao endurecimento ou à indisposição do ser humano. Deus não constrange ninguém a acolher a sua graça. Com outras palavras: a pessoa que sofre, pode fechar-se numa atitude de revolta, que a torna impermeável à ação  do Espírito de Deus.

3) Se alguém insiste em negar a existência de Deus por causa das desgraças existentes no mundo, elimina do seu horizonte um fator de esperança e coragem, e não resolve o problema do sofrimento. Ao contrário, cria para si um novo problema. Com efeito, verifica-se que muitas e muitas pessoas, quando sofrem, apelam espontaneamente para Deus; assim nos cárceres, nos hospitais, nas trincheiras de guerra… é mais freqüente o clamor que pede ajuda, do que a blasfêmia. Quem sofre, experimenta muitas vezes a necessidade de um auxílio mais do que humano para tirá-lo da sua dor e salvar da desgraça os seus semelhantes.

Mais: se alguém nega a existência de Deus, vê-se diante de um mundo marcado pela injustiça e retido pelas leis do mais forte que esmaga o mais fraco… sem que possa haver esperança de restauração da ordem ou do reconhecimento dos verdadeiros valores. Já Platão (+ 347 a.C.), diante da injusta morte de Sócrates, afirmava a necessidade de haver uma justiça superior ou divina para que a morte de Sócrates não fosse um mero absurdo ou o triunfo do mal sobre o bem (ver os diálogos República e Fedon).

1.3.        Só para os maus…

“Somente os criminosos deveriam sofrer, ao passo que os justos haveriam de gozar de paz e felicidade. Ora às vezes parece que se dá contrário”.

A respeito ponderamos:

1) Todos os seres humanos são portadores de pecado. Não os dividamos em criminosos, de um lado, e inocentes, de outro lado. Os que não cometem graves faltas morais, trazem dentro de si a potencialidade ou a capacidade de as cometer.

2) O sofrimento não deve ser considerado apenas como punição ou sanção devida a um réu. Ao contrário, o sofrimento tem significado muito mais largo e nobre. Com efeito.

a) o sofrimento físico é decorrente da própria natureza do homem. A dor é sinal de alarme que torna o homem consciente de uma moléstia ou um distúrbio do seu organismo; se não fosse a dor, o mal progrediria sem que o paciente pudesse perceber adequadamente. O natural desgaste dos órgãos (coração, pulmões, fígado…) provoca dores que vêm a ser salutar advertência ou ensinamento para o homem.

b) O sofrimento está também muito ligado ao amor e à nobreza de caráter. Longe de ser castigo, o sofrimento decorre muitas vezes do fato de que alguém ama outra pessoa e compartilha as dores desta. Pode-se mesmo dizer: quanto mais alguém é digno e magnânimo, tanto mais sofre; quanto mais mesquinho ou desnaturado, tanto menos sofre. Qual a mãe que não sofre por causa da dor de seu filho?

c) De modo geral, o sofrimento é escola para o ser humano. Contribui para vencer o egoísmo e tornar a pessoa mais voltada para o próximo; torna atuantes muitas energias e potencialidades que  nunca desabrochariam se não fosse o sofrimento. Esta verdade é tão óbvia que já os antigos gregos a formularam no trocadilho: pathos mathos (sofrimento é ensinamento ou aprendizagem). Quem não passa pelo cadinho do sofrimento, muitas vezes é egocêntrico, e insensível para com os outros; desfigura-se no plano da personalidade.

1.4.        Ao menos, não seja excessivo!

Dirá alguém: “Se  o sofrimento tem suas vantagens, é para desejar que não se torne excessivo. Deus deveria saber moderá-lo”.

–  Respondemos que as expressões “excessivo” e “pouco demais” são relativas. Quem gosta de trabalhar, se dá por feliz quando desempenha uma tarefa grande e importante, que a pessoa vadia rejeitaria como “excessiva”. Caminhar um quilômetro, para uns, é excessivo, enquanto para outros é insuficiente. – Por conseguinte, é difícil levar em consideração a reivindicação do sofrimento não excessivo, já que este termo é vago ou genérico demais. Como dito, não devo fazer de minhas categorias de pensamento e afeto os critérios de aferição do que acontece aos outros principalmente se não conheço esses outros.

Passemos agora à explanação da resposta cristã ao problema do sofrimento.

2.    A resposta cristã

2.1.        Observação prévia

A fé ajuda o cristão a esclarecer o problema do sofrimento, mas não dissipa todo enigma a tal propósito. Especialmente quando se consideram casos particulares, como a morte desta mãe ou deste pai, que deixam crianças pequenas, não é possível oferecer explicação cabal e precisa para o ocorrido; nem nos é possível dizer por que tal desgaste de automóvel se deu precisamente em tal dia de festa. O livro de Jó nos recorda a insondabilidade do sofrimento, quando, referindo-se às tentativas de explicar o sofrimento, põe nos lábios de Jó as seguintes palavras:

“Eis que falei levianamente; poderei responder-te? Porei minha mão sobre a boca; Falei uma vez, não replicarei… Falei de coisas que não entendia, de maravilhas que me ultrapassam. Conhecia-te só de ouvido, mas agora viram-te os meus olhos; por isto retrato-me e faço penitência no pó e na cinza” (Jó 40, 4s; 42, 3-6).

Todavia a fé cristã projeta o mistério do sofrimento a perspectiva do amor de Deus; como é difícil dar explicação cabal para o mistério do amor, também é árduo explicar o mistério do sofrimento. A fé católica enquadra o mistério do sofrimento dentro do mistério  maior do amor. Com efeito, o amor de Deus, que criou o homem num misterioso ato de benevolência, jamais o abandona; certamente exerce seus planos através dos percalços da caminhada que a criatura percorre na terra. Todas as respectivas ocorrências estão sob o signo desse amor primeiro gratuito e irreversível (cf. 1Jo 4, 10, 19).

Examinemos agora, de mais perto, a explicação teológica.

2.2.        A origem do mal no mundo

A S. Escritura refere que o mal no mundo teve origem por violação (por parte dos primeiros pais) da ordem instaurada pelo Criador.

Com efeito. Deus quis dotar os primeiros homens de grande riqueza interior: 1) a graça santificante, que lhes comunicava a filiação divina e 2)  os dons preternaturais (a isenção da morte, do sofrimento, da desordem de tendências interiores…). Tal era o estado de justiça original.

Estes dons estavam condicionados à fidelidade do homem ao plano de Deus. Sim; deviam ser livremente aceitos pela criatura. Por isto o Criador propôs a esta um modelo de vida (figurado pela proibição da fruta da árvore da ciência do bem e do mal, Gn 2,16s). Aceitando-o, o homem significaria sua entrega ao desígnio de Deus; recusando-o, exprimiria o seu Não e sua auto-suficiência. Ora na verdade os primeiros pais rejeitaram o modelo de vida apresentado pelo Senhor Deus; pecaram por soberba, que os levou à desobediência. Em conseqüência, perderam a chamada “justiça original” e caíram num estado em que existem a morte, o sofrimento, as tendências desregradas… Verdade é que tanto a morte como o sofrimento e os apetites instintivos são algo de natural; todavia após o pecado dos primeiros pais trazem a marca da desordem e da desobediência. O mundo que, por dom de Deus, estava harmoniosamente sujeito ao homem, já não é tal; enquanto o homem se mantinha submisso e fiel a Deus, o mundo inferior estava subordinado ao homem; todavia, rompida a sujeição do homem ao Criador, rompe-se a serventia das criaturas irracionais ao homem; estas o maltratam e esmagam, negam-lhe os frutos da terra e, não raro, as condições de sobrevivência.

Por conseguinte, conforme o texto sagrado e a doutrina da fé, a origem do mal no mundo está no pecado ou no plano moral. Este suscitou o mal físico (doenças, mortes, catástrofes, calamidades…).

A doutrina do pecado original assim concebida tem sido questionada ou posta em dúvida por parte de alguns teólogos e exegetas. Estes afirmam que o pecado começou sua história no mundo sem o quadro ou a moldura que o texto sagrado lhe assinala; não importaria o modo de suas origens. Tal teoria destrói a cosmovisão cristã. Por isto o S. Padre João Paulo II, em suas audiências de Quarta-feira, tem insistido no assunto, incutindo a doutrina de fé na Igreja; tenha-se em vista L’Osservatore Romano, edições semanais de setembro-outubro 1986.

Eis, porém, que, na história das relações do homem com Deus, a última palavra não foi a do pecado nem a da desordem. O Senhor Deus não se quis deixar vencer pelo mal, mas venceu o mal com o bem (cf. Rm 12,21). É o que veremos a seguir.

2.3.        O resgate da dor

Diz São Paulo: “Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2,4s). Ou ainda: “Onde abundou o pecado, aí superabundou a graça” (Rm 5,20). Com outras palavras: Deus não ficou indiferente à desgraça na qual o homem se atirou pelo pecado; não assistiu “friamente” à tragédia; mas houve por bem assumi-la em toda a sua realidade concreta.

O testemunho do amor de Deus foi precisamente a obra de Cristo. Enviando seu Filho ao mundo, o Pai constituiu um segundo Adão ou um novo Cabeça da humanidade. Este assumiu a dor e a morte do homem até as últimas conseqüências, numa atitude de entrega e de amor ao Pai. Desta maneira mudou o significado do sofrimento humano; este já não é mera conseqüência do pecado ou sanção da justiça divina; ele foi redimido vindo a ser a vida de volta do homem a Deus. O homem sofre e, sofrendo, se encaminha para o Pai com Cristo.

Os teólogos costumam deter-se na explanação do valor do sacrifício de Cristo, valendo-se do texto de São Paulo: “Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por nós a fim de que nos tornássemos justiça de Deus por Ele” (2Cor 5,21). Estes dizeres significam que Cristo foi constituído sacrifício pelo pecado; Ele fez partir da própria natureza humana o amor e a dedicação ao Pai que o primeiro Adão recusou.

O cristão, sofrendo com Cristo, pode até mesmo tornar-se corredentor com Jesus, expiando em sua carne os pecados da humanidade, como lembra o S. Padre Pio XII na encíclica Mystici Corporis Christi. Desta maneira, o sofrimento, além de ser escola benéfica (como foi dito à p. 65 deste artigo), é também ocasião de derramamento de graças sobre o mundo. O sofrimento dos inocentes há de ser visto à luz desta verdade: como Cristo inocente padeceu transfigurando a dor, assim o cristão santamente configurado a Cristo, padece oferecendo ao Pai o repúdio ao pecado e o amor que os pecadores deveriam tributar a Deus. O Pai celeste dispôs salvar os homens mediante Cristo e aqueles que se unem a Cristo pela santidade de sua vida. Assim a própria dor das pessoas retas e justas toma sentido. São Paulo dizia: “Completo em minha carne o que falta à Paixão de Cristo em favor do seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24). Quando o cristão sofre, não é simplesmente um ser biológico que sofre, mas é o próprio Redentor que estende a sua Paixão aos membros do seu Corpo Místico, associando-os à sua obra redentora: na verdade, o sacrifício de Cristo na Cruz foi infinitamente meritório, mas cada cristão pode dar-lhe o suporte ou a moldura da sua vida pessoal…, suporte que a Paixão de Cristo não teria se não fosse a vida de cada discípulo de Cristo.

O valor do sacrifício do cristão unido ao de Cristo foi realçado pelo Cardeal Frantisek Tomasek, de Praga, numa entrevista concedida ao periódico italiano II Sabato. O prelado falou então dos graves problemas que o regime comunista suscita para a Igreja na Tchecoslováquia (cerceamento de atividades pastorais, dificuldades para a nomeação de Bispos, encarceramento de sacerdotes e leigos…). O repórter então lhe perguntou:

“Eminência, não está cansado de combater uma batalha sem êxito?”

Respondeu o Cardeal: “A situação é difícil; não se vê como e quando possa melhorar. Mas tenho sempre esperança. Digo sempre uma coisa: quem trabalha pelo Reino de Deus, faz muito, quem reza, faz mais; quem sofre, faz tudo. Este tudo é exatamente o pouco que fazemos entre nós, na Tchecoslováquia”.

Quem sofre, faz tudo, desde que unido a Cristo, pois toma parte íntima na Paixão Redentora do Senhor, fonte de salvação para o mundo inteiro.

3.    Conclusão

Eis a maneira como a mensagem cristã responde ao problema do sofrimento humano. Aos olhos da fé, é plenamente satisfatória; tem suscitado grandes heróis e heroínas através dos séculos. O que esta explicação possui de mais típico, é o fato de conjugar entre si justiça e amor. Sim; o sofrimento, de um lado, é a justa conseqüência do Não dito pelo homem a Deus no início da sua história; por outro lado, é o testemunho do amor de Deus que, assumindo o sofrimento e a morte, demonstra ao homem que lhe quer bem e não desiste de o chamar à Vida; Cristo transfigurou o sofrimento e o fez caminho de conversão ou de retorno ao Pai.

A propósito citamos:
John M. McDermott S.J., ll sensi dela sofferenza, em La Civiltà Catolica nº 3272, 18/10/1986, pp. 112-126.


Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF