CF2022 | CNBB |
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Este tempo da Quaresma que estamos celebrando tem um forte apelo de conversão para a nossa vida pessoal. Precisamos acreditar que a conversão sempre é possível, lembrando que os tribunais humanos julgam sempre um homem que não existe mais: não consideram aquilo que ele pode tornar-se, mas o fixam no momento do seu crime. Deus pai misericordioso deixa sempre uma possibilidade de salvação àqueles que são considerados culpados. Ele é vida e amor, e quer que nós vivamos no amor. A todos ele dá a oportunidade da conversão pessoal; o pecador pode converter-se enquanto estiver vivo, e obter de Deus, pela sua misericórdia a justificação. Da mesma forma, o justo também pode pecar.
Deus respeita a liberdade de cada um, desde a criação do mundo. Mas com seu amor de Pai misericordioso, ele constantemente nos convida à conversão. Deus não nos julga por aquilo que fomos, mas por aquilo que somos. No seu tribunal é sempre possível libertar-se do peso do passado e salvar a vida, porque Deus quer que o homem viva. Por isso é importante a conversão. “Se o ímpio se arrepender de todos os pecados cometidos, e guardar todas as minhas leis, e praticar o direito e a justiça, viverá com certeza e não morrerá” (Ez 18,21).
Quando Jesus começou a anunciar o Reino de Deus, revelando o rosto da misericórdia do Pai, muitos se sentiram incomodados. O passar da antiga à nova aliança faz crescer a liberdade do homem, mas somente em função de um amor maior. Por isso, as exigências da caridade se tornam mais fortes. Sem ela o culto a Deus não pode ser autentico. “Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta” (Mt 2,24). Jesus afirma que por se tratar de uma nova justiça é necessário transcender ou superar aquela dos escribas e fariseus.
A Campanha da Fraternidade, com o tema: Fraternidade e Educação e o lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), nos convida a refletirmos sobre a realidade da educação. Mas não somente sobre a educação “instrução”, embora essa seja fundamental para a pessoa e a sociedade, mas também sobre a educação básica para um bom convívio social na família e na comunidade. O processo de educação, que prepara a pessoa para o convívio na comunidade, com direitos, deveres e responsabilidades, também precisa passar por um profundo processo de conversão. Todo processo de conversão e de reconciliação exige despojamento das vaidades, do orgulho e, ao mesmo tempo, atitude para dar o primeiro passo. “Quem dá o primeiro passo é sempre aquele que é bastante rico de espírito, de poder ser superior às ações dos homens, e é capaz de encontrar as palavras que possibilitam reatar uma relação, sem perder a própria dignidade” (Jean Baptiste Perrin). O cristão não é chamado a moldar-se à lei de Deus apenas com sua vida exterior, mas principalmente com o seu interior. Ele é um peregrino a caminho da casa do Pai. Um peregrino que no caminhar semeia vida e esperança. Deve proteger a vida e a criação, ao invés de deixar atrás de si um rastro de destruição e morte, que agride os irmãos e o próprio Criador.
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