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sexta-feira, 18 de março de 2022

II Pregação da Quaresma do cardeal Cantalamessa

Vatican News

"Para compreender o papel do sacerdote na consagração, é de vital importância conhecer a natureza do sacrifício e do sacerdócio de Cristo, pois é deles que deriva o sacerdócio cristão, seja o batismal comum a todos, seja o dos ministros ordenados."

Fr. Raniero Cantalamessa, OFMCap.

“TOMAI, COMEI: ISTO É O MEU CORPO”

Segunda Pregação, Quaresma de 2022

O assunto da nossa catequese mistagógica de hoje é a parte central da Missa, a Oração eucarística, ou Anáfora, que tem em seu cento a consagração. Sobre ela, façamos dois tipos de consideração: uma litúrgica e ritual, a outra, teológica e existencial.

Do ponto de vista ritual e litúrgico, hoje temos um novo recurso que não tinham os Padres da Igreja e os doutores medievais. O recurso novo de que dispomos hoje é a reaproximação entre cristãos e judeus. Desde os primeiríssimos dias da Igreja, diversos fatores históricos levaram a acentuar a diferença entre cristianismo e judaísmo, até a contrapô-los entre si, como o faz já Inácio de Antioquia [1]. Distinguir-se dos judeus ‒ sobre a data da Pasqua, os dias de jejum e em várias outras coisas ‒ tonar-se uma espécie de palavra de ordem. Uma acusação frequentemente dirigida aos próprios adversários e aos hereges é a de “judaizar”.

A tragédia do povo hebreu e o novo clima de diálogo com o judaísmo, iniciado a partir do Concílio Vaticano II, tornaram possível um melhor conhecimento da matriz hebraica da Eucaristia. Como não se entende a Páscoa cristã se não é considerada como o cumprimento daquilo que a Páscoa hebraica preanunciava, assim não se entende a fundo a Eucaristia se não é vista como o cumprimento daquilo que os hebreus faziam e diziam no curso da sua refeição ritual. Um primeiro resultado importante desta retomada foi que nenhum estudioso sério, hoje, avança mais na hipótese de que a Eucaristia cristã seja explicada à luz da ceia em voga em alguns cultos mistéricos do helenismo, como se tentou fazer por mais de um século.

Os Padres da Igreja consideraram as Escrituras do povo hebreu, mas não a sua liturgia, à qual não tinham mais acesso, após a separação da Igreja da Sinagoga. por isso, eles utilizaram as figuras contidas nas Escrituras ‒ o cordeiro pascal, o sacrifício de Isaac, o de Melquisedec, o maná ‒, mas não o contexto litúrgico concreto em que o povo hebreu celebrava todas essas recordações, isto é, a refeição ritual celebrada, uma vez por ano, na ceia pascal (o Seder) e, semanalmente, no culto sinagogal. O primeiro nome com que a Eucaristia é designada no Novo Testamento por Paulo é o de “ceia do Senhor” (kuriakon deipnon) (1Cor 11,20), com referência evidente à ceia hebraica, da qual já se diferencia pela fé em Jesus. A Eucaristia é o sacramento da continuidade entre Antigo e Novo Testamento, entre judaísmo e cristianismo.

A Eucaristia e a Beraká hebraica

É esta a perspectiva em que se situa Bento XVI, no capítulo dedicado à instituição da Eucaristia em seu segundo volume sobre Jesus de Nazaré. Seguindo a opinião já predominante entre os estudiosos, ele aceita a cronologia joanina, segundo a qual a última ceia de Jesus não foi uma ceia pascal, mas foi uma solene refeição de despedida (a “última ceia”!) e considera que se possa “traçar o desenvolvimento da eucharistia cristã, isto é, do cânon, a partir da beraká hebraica” [2].

Por várias razões culturais e históricas, a partir da Escolástica em diante, buscou-se explicar a Eucaristia à luz da filosofia, particularmente, das noções aristotélicas de substância e de acidentes. Isto era também um pôr a serviço da fé os novos conhecimentos do momento e, portanto, um imitar o método dos Padres. Em nossos dias, devemos fazer o mesmo com os novos conhecimentos, desta vez, de ordens históricas e litúrgicas, mais do que filosóficas. Eles têm a vantagem de ser as categorias com que pensava e falava Jesus, que não eram, certamente, os conceitos aristotélicos de matéria e forma, substância e acidentes, mas as de sinal e realidade e de memorial.

Na linha de alguns estudos recentes, sobretudo o de L. Bouyer, gostaria de mostrar a vívida luz que é lançada sobre a Eucaristia cristã quando colocamos as narrativas evangélicas da instituição como pano de fundo do que sabemos da refeição ritual hebraica. A novidade do gesto de Jesus não parecerá diminuída, mas exaltada ao máximo.

O elo entre o antigo e o novo rito é dado pela Didaké, um escrito da era apostólica, que podemos considerar o primeiro esboço de anáfora eucarística. O rito sinagogal era composto por uma série de orações chamadas de “berakah”, que em grego é traduzido por “Eucarestia”. No início da refeição, cada um, à sua vez, tomava em mãos um cálice de vinho e, antes de levá-lo aos lábios, repetia uma bênção que a liturgia atual nos faz repetir quase literalmente no momento do ofertório: “Sê bendito, Senhor, nosso Deus, Rei dos séculos, que nos deste este fruto da videira”.

Mas a refeição começava oficialmente apenas quando o pai de família, ou o chefe da comunidade, tivesse partido o pão que devia ser distribuído entre os comensais. E, de fato, Jesus toma o pão, recita a bênção e o distribui dizendo: “Isto é o meu corpo...” E aqui, o rito ‒ que era apenas uma preparação ‒ torna-se a realidade.

Depois da bênção do pão, eram servidos os pratos de costume. Quando a refeição está prestes a terminar, os comensais estão prontos para o grande ato ritual que conclui a celebração e lhe dá o significado mais profundo. Todos lavam as mãos, como no início. Feito isto, tendo diante de si um cálice de vinho misturado com água, quem preside convida a fazer as três orações de agradecimento: a primeira a Deus criador, a segunda pela libertação do Egito, a terceira porque a sua obra continua no presente. Terminada a oração, o cálice passava de mão em mão e cada um bebia. Este, o rito antigo realizado por Jesus em vida.

Lucas afirma que, após ter ceado, Jesus tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova Aliança no meu Sangue, que é derramado por vós”. Algo de decisivo acontece no momento em que Jesus acrescenta estas palavras à fórmula das orações de agradecimentos, isto é, à beraká hebraica. Aquele rito era um banquete sagrado, no qual se celebrava e se agradecia a um Deus salvador, que tinha redimido o seu povo para estreitar com ele uma aliança de amor, concluída no sangue de um cordeiro. A refeição diária bendizia Deus por aquela Aliança, mas agora, no momento e, que Jesus decide dar a vida pelos seus como o verdadeiro cordeiro, ele declarou concluída aquela velha Aliança que todos juntos estavam celebrando liturgicamente.

Naquele momento, com poucas e simples palavras, ele estreita com os seus a nova e eterna Aliança no seu Sangue. Acrescentando as palavras “fazei isto em memória de mim”, Jesus confere um alcance duradouro ao seu dom. Do passado, o olhar se projeta ao futuro. Tudo quanto ele fez até agora na ceia é posto em nossas mãos. Repetindo aquilo que ele fez, renova-se aquele ato central da história humana, que é a sua morte pelo mundo. A figura do cordeiro pascal que, na cruz, torna-se evento, na ceia nos é dado como sacramento, isto é, como memorial perene do evento.

Sacerdote e vítima

Isto, dizia eu, no que se refere ao aspecto litúrgico e ritual. Passemos agora à outra consideração, àquela de tipo pessoal e existencial, em outras palavras, ao papel que desempenhamos nós, sacerdotes e fiéis, em tal momento da Missa. Para compreender o papel do sacerdote na consagração, é de vital importância conhecer a natureza do sacrifício e do sacerdócio de Cristo, pois é deles que deriva o sacerdócio cristão, seja o batismal comum a todos, seja o dos ministros ordenados.

Nós não somos mais, na realidade, “sacerdotes segundo a ordem de Melquisedec”; sosmos sacerdotes “segundo a ordem de Jesus Cristo”; sobre o altar, agimos “in persona Christi”, isto é, representamos Sumo Sacerdote que é Cristo. Sobre este tema, o Simpósio sobre o sacerdócio, acontecido nesta Sala no mês passado, disse infinitamente mais do que eu posso dizer nesta minha breve reflexão (preparada, além do mais, antes daquela data), mas é também necessário dizer algo aqui para a compreensão da Eucaristia.

A Carta aos Hebreus explica em que consiste a novidade e a unicidade do sacerdócio de Cristo: “Ele entrou no Santuário, não com o sangue de bodes e bezerros, mas com seu próprio sangue, e isto, uma vez por todas, obtendo uma redenção eterna” (Hb 9,12). Todo sacerdote oferece algo de exterior a si mesmo, Cristo ofereceu a si mesmo; todo outro sacerdote oferece vítimas, Cristo se ofereceu vítima!

Santo Agostinho encerrou em poucas palavras a natureza deste novo gênero de sacerdócio, em que sacerdote e vítima são a mesma pessoa: “Ideo sacerdos quia sacrificium”, sacerdote porque vítima [3]. Um notável estudioso definiu esta novidade do sacrifício de Cristo como “o fato central na história religiosa da humanidade”, que pôs fim para sempre à intrínseca aliança entre o sacro e a violência [4].

Em Cristo, é Deus quem se faz vítima. Não são mais os seres humanos que oferecem sacrifícios a Deus para aplacá-lo e torná-lo favorável; é Deus quem sacrifica a si mesmo pela humanidade, entregando à morte por nós o seu Filho unigênito (cf. Jo 3,16). Jesus não veio com o sangue alheio, mas com o próprio sangue; não pôs os seus pecados sobre as costas de outros – animais ou criaturas humanas –, mas pôs os pecados dos outros sobre as suas costas: “Carregou nossos pecados em seu próprio corpo, sobre o lenho da cruz” (1Pd 2,24). Tudo isso significa que, na Missa, nós devemos ser ao mesmo tempo sacerdotes e vítimas.

À luz disso, reflitamos sobre as palavras da consagração: “Tomai, comei: isto é o meu corpo, que será entregue por vós”. Quero dizer, a este propósito, a minha pequena experiência, isto é, como cheguei a descobrir o alcance eclesial e pessoal da consagração eucarística. Eis como eu vivia o momento da consagração na santa Missa nos primeiros anos do meu sacerdócio: eu fechava os olhos, inclinava a cabeça, buscava alienar-me de tudo o que me circundava, para me identificar em Jesus que, no Cenáculo, pronunciou pela primeira vez aquelas palavras: “Accipite et manducate: Tomai, comei...”. A própria liturgia inculcava esta postura, fazendo pronunciar as palavras da consagração a baixa voz e em latim, inclinado sobre as espécies.

Em seguida, houve a reforma litúrgica do Vaticano II. Começou-se a celebrar a Missa olhando a assembleia; não mais em latim, mas na língua do povo. Isto me ajudou a entender que aquela minha postura, sozinho, não exprimia todo o significado da minha participação na consagração. Aquele Jesus do Cenáculo não existe mais! Existe o Cristo ressuscitado: o Cristo, para sermos exatos, que morreu, mas agora vive para sempre (cf. Ap 1,18). Mas estes Jesus é o “Cristo total”, Cabeça e corpo inseparavelmente unidos. Portanto, se é este Cristo total que pronuncia as palavras da consagração, eu também as pronuncio com ele. Eu as pronuncio, sim, “in persona Christi”, em nome de Cristo, mas também “em primeira pessoa”, isto é, em meu nome.

A partir daquele dia em que compreendi isso, comecei a não mais fechar os olhos no momento da consagração, mas a olhar – ao menos vez ou outra ‒ os irmãos que tenho diante, ou, se celebro sozinho, penso naqueles que devo encontrar durante o dia e aos quais devo dedicar o meu tempo, ou penso mesmo em toda a Igreja e, voltado para eles, digo com Jesus: “Tomai, todos, e comei: isto é o meu corpo, que quero dar por vós... Tomai, todos, e bebei: isto é o meu sangue, que quero derramar por vós”.

Em seguida, veio Santo Agostinho a tirar-me toda dúvida. “Naquilo que oferece, a Igreja oferece a si mesma” [5], escreve em uma famosa passagem do De civitate Dei. Mais perto de nós, a mística mexicana Concepción Cabrera de Armida, familiarmente chamada Conchita, falecida em 1937 e beatificada pelo Papa Francisco em 2019, ao filho jesuíta, prestes a ser ordenado sacerdote, escreveu estas palavras: "Lembre-se, meu filho, quando tiver na mão a Hóstia Sagrada, não dirá: 'Aqui está o corpo de Jesus, aqui está o seu sangue', mas dirá: 'Isto é o meu corpo, este é o meu sangue': isto é, um a transformação deve ocorrer em você total, você deve se perder nele, ser outro Jesus”.[6]

Tudo isso não se aplica apenas aos bispos e sacerdotes ordenados, mas a todos os batizados. Um famoso texto do Concílio assim se expressa:

“Os fiéis, por sua parte, concorrem para oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real... Pela participação no sacrifício eucarístico de Cristo, fonte e centro de toda a vida cristã, oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos juntamente com ela; assim, quer pela oblação quer pela sagrada comunhão, não indiscriminadamente, mas cada um a seu modo, todos tomam parte na ação litúrgica” [7].

Há dois corpos de Cristo sobre o altar: há o seu corpo real (o corpo “nascido da Virgem Maria”, morto, ressuscitado e subido ao céu) e há o seu corpo místico, que é a Igreja. Contudo, sobre o altar, está presente realmente o seu corpo real e está presente misticamente o seu corpo místico, em que “misticamente” significa: por força da sua inseparável união com a Cabeça. Nenhuma confusão entra as duas presenças, que são distintas, mas inseparáveis.

Dado que há duas “ofertas” e dois “dons” sobre o altar – o que deve se tornar o corpo e o sangue de Cristo (o pão e o vinho) e o que deve se tornar o corpo místico de Cristo –, assim há também duas “epicleses” na Missa, isto é, duas invocações do Espírito Santo. Na primeira, reza-se: “Por isso, nós vos suplicamos: santificai pelo Espírito Santo as oferendas que vos apresentamos para serem consagradas, a fim de que se tornem o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo”; na segunda, que se recita após a consagração, reza-se: “sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos em Cristo um só corpo e um só espírito. Que ele faça de nós uma oferenda perfeita”.

Eis como a Eucaristia faz a Igreja: a Eucaristia faz a Igreja, fazendo da Igreja uma Eucaristia! A Eucaristia não é apenas, genericamente, a fonte ou a causa da santidade da Igreja; é também a sua “forma”, isto é, o modelo. A santidade do cristão deve se realizar segundo a “forma” da Eucaristia; deve ser uma santidade eucarística. O cristão não pode se limitar a celebrar a Eucaristia, deve ser Eucaristia com Jesus.

O corpo e o sangue

Agora podemos tirar as consequências práticas desta doutrina para a nossa vida diária. Se, na consagração, também somos nós que dizemos, voltados aos irmãos: “Tomai, comei: isto é o meu corpo. Tomai, comei: isto é o meu sangue”, devemos saber o que significam “corpo” e “sangue”, para saber o que oferecemos.

A palavra “corpo” não indica, na Bíblia, um componente, ou uma parte, do homem que, unido aos outros componentes que são a alma e o espírito, forma o homem completo. Na linguagem bíblica e, portanto, na de Jesus e de Paulo, “corpo” indica o homem inteiro, na medida em que vive a sua vida em um corpo, em uma condição corpórea e mortal. “Corpo”, portanto, indica toda a vida. Ao instituir a Eucaristia, Jesus nos deixou toda a sua vida como um dom, desde o primeiro momento da encarnação até o último momento, com tudo o que preenchia concretamente aquela vida: silêncio, suor, fadigas, oração, lutas, humilhações...

Em seguida, Jesus diz: “Isto é o meu sangue”. O que acrescenta com a palavra “sangue”, se já nos deu toda a sua vida em seu corpo? Acrescenta a morte! Depois de nos ter dado a vida, ele também nos dá a parte mais preciosa dela, a sua morte. De fato, o termo “sangue”, na Bíblia, não indica uma parte do corpo, isto é, uma parte de uma parte do homem; indica um evento: a morte. Se o sangue é a sede da vida (assim se pensava então), seu “derramamento” é o sinal plástico da morte. A Eucaristia é o mistério do corpo e do sangue do Senhor, isto é, da vida e da morte do Senhor!

Agora, vindo a nós, o que oferecemos, oferecendo nosso corpo e nosso sangue, junto com Jesus, na Missa? Nós também oferecemos o que Jesus ofereceu: a vida e a morte. Com a palavra “corpo”, damos tudo o que constitui concretamente a vida que levamos neste mundo, a nossa experiência: tempo, saúde, energias, capacidades, afeto, talvez apenas um sorriso. O sorriso é algo que só um espírito que vive em um corpo pode fazer e é, às vezes, algo tão precioso. Com a palavra “sangue”, também nós expressamos a oferta da nossa morte. Não necessariamente a morte definitiva, o martírio por Cristo ou pelos irmãos. É morte tudo o que em nós, a partir de agora, prepara e antecipa a morte: humilhações, fracassos, doenças que imobilizam, limitações causadas pela idade, pela saúde, tudo isso, em uma palavra, que nos “mortifica”.

Tudo isso exige, contudo, que nós, assim que saímos da Missa, empenhemo-nos em cumprir o que dissemos; que realmente nos esforcemos, com todas as nossas limitações, para oferecer aos irmãos o nosso “corpo”, isto é, o tempo, as energias, a atenção; em uma palavra, a nossa vida. É preciso, portanto, que, depois de ter dito aos irmãos: “Tomai, comei”, nós nos deixemos realmente “comer”, e nos deixemos comer sobretudo por quem não o faz com toda a delicadeza e cortesia que esperaríamos. Santo Inácio de Antioquia, a caminho de Roma para aí morrer mártir, escrevia: “Sou trigo de Deus, serei triturado pelos dentes das feras para tornar-me o puro pão de Cristo” [8]. Cada um de nós, se olhar bem ao redor, verá esses dentes afiados de feras que ameaçam: são críticas, contrastes, oposições ocultas ou às claras, divergências de opiniões com quem está ao nosso lado, diversidades de caráter.

Tentemos imaginar o que aconteceria se celebrássemos a Missa com esta participação pessoal, se todos realmente disséssemos, no momento da consagração, quem em voz alta, quem em silêncio, segundo o ministério de cada um: “Tomai, comei”. Um sacerdote, um pároco e, mais ainda, um bispo, celebra assim a sua Missa, depois sai: reza, prega, confessa, recebe pessoas, visita doentes, escuta... Também o seu dia é Eucaristia. Um grande mestre espiritual francês, Pierre Olivaint (1816-1871), dizia: “De manhã, na Missa, eu sou sacerdote e Jesus é vítima; ao longo do dia, Jesus é sacerdote e eu, vítima”. Assim um sacerdote imita o “bom Pastor”, porque dá realmente a vida pelas suas ovelhas.

A nossa assinatura sobre o dom

Gostaria de resumir, com a ajuda de um exemplo humano, o que acontece na celebração eucarística. Pensemos em uma numerosa família na qual há um filho, o primogênito, que admira e ama sem medidas o próprio pai. Pelo seu aniversário, que dar-lhe um presente precioso. Antes de presenteá-lo, porém, pede secretamente a todos os seus irmãos e irmãs para pôr sua assinatura sobre o presente. Este chega às mãos do pai, portanto, como sinal de amor de todos os seus filhos, indistintamente, mesmo se, na realidade, apenas um pagou o preço dele.

É o que acontece no sacrifício eucarístico. Jesus admira e ama sem medidas o Pai celeste. A Ele, quer dar, cada dia, até o fim do mundo, o dom mais precioso que se possa imaginar, o da sua própria vida. Na Missa, ele convida todos os seus irmãos e irmãs a pôr a própria assinatura sobre o dom, de maneira que ele chegue a Deus Pai como dom indistinto de todos os seus filhos, ainda que apenas um tenha pagado o preço de tal dom. E que preço!

A nossa assinatura são as poucas gotas de água que são misturadas ao vinho no cálice. Não são mais do que água, mas, misturadas no cálice, tornam-se uma única bebida. A assinatura de todos é o solene Amém que a assembleia pronuncia, ou canta, ao término da doxologia: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a vós, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre... AMÉM!”.

Sabemos que quem assinou um compromisso, tem o dever de honrar a própria assinatura. Isto quer dizer que, saindo da Missa, devemos fazer também nós da nossa vida um dom de amor ao Pai e aos irmãos. Nós, repito, não somos chamados apenas a celebrar a Eucaristia, mas também a nos fazer eucaristia. Que Deus nos ajude nisto!

Tradução de fr. Ricardo Farias, ofmcap

[1] Cf. Inácio de Antioquia, Carta aos Magnésios, 10,3.

[2] Cf. J. Ratzinger – Benedetto XVI, Gesù di Nazaret, vol. II, LEV, Roma 2011, p.132-163; cf. L. Bouyer, Eucharistie. Théologie et spiritualità de la prière eucharistique. Desclée, Tournai 1966 (trad. ital. Eucaristia. Teologia e spiritualità della Preghiera eucaristica, LDC, Torino 1983.

[3] Agostinho, Confissões, X,43.

[4] Cf. R. Girard, Des choses cachées depuis la fondation du monde, Grasset, Paris 1978.

[5] Cf. Agostinho, De civitate Dei, X, 6: “In ea re quam offert, ipsa [Ecclesia] offertur”.

[6] Diario spirituale di una madre di famiglia, a cura di M.-M. Philipon, Roma, Città Nuova, 1985, p. 117.

[7] Lumen gentium, 10-11.

[8] Cf. Inácio de Antioquia, Carta aos romanos, 4,1.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Cirilo de Jerusalém

S. Cirilo de Jerusalém | arquisp
18 de março

São Cirilo de Jerusalém

Desde o início dos tempos cristãos a heresia se infiltrara na Igreja, mas, foi no século IV, que ocorreram as do arianismo e do nestorianismo causando profundas divisões. Cirilo viveu nesse período em Jerusalém, perto de onde nascera em 315, de pais cristãos e bem situados financeiramente. Muito preparado, desde a infância, nas Sagradas Escrituras e nas matérias humanísticas, em 345, foi ordenado sacerdote.

Em 348, foi consagrado, bispo de Jerusalém. Ocupou o cargo durante aproximadamente trinta e cinco anos, dezesseis dos quais passou no exílio, em três ocasiões diferentes. A primeira porque o bispo Acácio, de grande influencia na Igreja, cuja obra foi citada por São Jerônimo, acusou Cirilo de heresia. A segunda por ordem do imperador Constâncio que entendeu ser Cirílo realmente um simpatizante dos hereges, mas em sua defesa atuaram os bispos, Atanásio e Hilário, ambos Padres da Igreja assim como o próprio bispo Cirilo o é. A terceira, foi a mais longa , porque o imperador Valente, este sim herege, decidiu mandar de volta ao exílio todos os bispos anistiados, fato que fez Cirilo peregrinar durante onze anos, por várias cidades da Ásia, até a morte do soberano, em 378.

O seu trabalho, entretanto resistiu a tudo e chegou até nossos dias e especialmente porque ele sabia ensinar o Evangelho, como poucos. Em sua cidade, logo que se tornou sacerdote e no início do episcopado era o responsável por preparar os catecúmenos, isto é, os adultos que se convertiam e iriam ser batizados. Foi nesse período que escreveu dezoito discursos catequéticos, um sermão, a carta ao imperador Constantino e outros pequenos fragmentos. Treze escritos eram dedicados à exposição geral da doutrina e cinco dedicados ao comentário dos ritos Sacramentais da iniciação cristã . Assim, seus escritos explicam detalhadamente os "como" e os "porquês" de cada oração, do batismo, da crisma, da penitência, dos sacramentos e dos mistérios do Cristianismo, ditos dogmas da Igreja..

Cirilo também soube viver a religião na prática. Numa época de grande carestia, por exemplo, não hesitou em vender valiosos vasos litúrgicos e outras preciosidades eclesiásticas, para matar a fome dos pobres da cidade. Ele morreu no ano 386.

Desde o início de sua vida religiosa, Cirilo cujo caráter era afável e suave, sempre preferiu a catequese aos assuntos polêmicos, chegando quase a se comprometer com os arianos e semi-arianos. Porém, de maneira contundente aderiu à doutrina ortodoxa da Igreja no III Concílio ecumênico de Constantinopla, em 382, no qual ficou clara sua sempre fiel postura à Santa Sé e à Verdade de Cristo. Nessa oportunidade teve em seu favor a eloqüência das vozes dos sinceros bispos e amigos, Atanásio e Hilário, que o chamaram "valente lutador para defender a Igreja dos hereges que negam as verdades de nossa religião".

Sua canonização demorou porque, durante muito tempo, seu pensamento teológico foi considerado vascilante, como dizem os registros. Em 1882, o Papa Leão XIII, na solenidade em que instituiu sua veneração, honrou São Cirilo de Jerusalém, com os títulos de doutor da Igreja e príncipe dos catequistas católicos.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

quinta-feira, 17 de março de 2022

Ucrânia, celeiro do mundo: há risco de escassez de alimentos?

Dobra Kobra | Shutterstock
Por Karol Wojteczek

Até a invasão russa, a Ucrânia era responsável por cerca de 9-11% da produção mundial de cereais. A situação atual na Ucrânia deve ter um impacto sobre o fornecimento e o preço dos alimentos nos mercados internacionais.

No domingo, 6 de Março, o governo ucraniano impôs restrições à exportação de produtos agrícolas essenciais, incluindo trigo, milho, aves, ovos, e óleo de girassol. Em reação a esta decisão, no dia seguinte, o preço do trigo no mercado mundial atingiu a máxima histórica de 1.294 dólares por bushel (em comparação com 824 dólares antes da invasão russa). Do mesmo modo, no final de Fevereiro, o Índice de Preços de Alimentos da FAO atingiu o seu nível mais elevado (140,7 pontos).

Em pouco tempo, a 9 de Março, o embargo ucraniano foi consideravelmente apertado. O governo de Kiev impôs uma proibição rigorosa às exportações de centeio, cevada, trigo mourisco, painço, açúcar, sal, e carne. A 12 de Março, a lista de produtos excluídos da exportação foi alargada para incluir fertilizantes, dos quais a Ucrânia é um dos principais produtores.

A que países é que a Ucrânia fornece alimentos?

As restrições acima mencionadas são especialmente pesadas para os países do Norte de África e do Médio Oriente, que em grande medida dependem das importações de produtos ucranianos. Por exemplo, o Líbano importa até 90% de cereais da Ucrânia (e da Rússia); o valor para o Egito é de cerca de 86% e cerca de 50-60% para a Tunísia. A Síria, Líbia e Somália, devastadas por uma crise humanitária, encontram-se numa situação semelhante.

No entanto, mesmo antes do anúncio de um embargo oficial por parte de Kiev, a marinha russa abriria fogo sobre navios mercantes civis que tentassem zarpar dos portos do Mar Negro. Por exemplo, a 25 de Fevereiro, um foguete atingiu uma grande embarcação. Esse navio com bandeira do Panamá era utilizado para transportar cereais para a Turquia. Por sua vez, muitos países fecharam os seus portos a navios mercantes russos, também cheios de cereais, como parte das sanções.

De acordo com os últimos dados da Bloomberg, o Egito tem estoques de cereais para cerca de quatro meses. Com o tempo, a população deste país de mais de 100 milhões de habitantes irá enfrentar aumentos acentuados nos preços dos alimentos e possivelmente fome. Na Líbia, em conflito, que não tem um abastecimento adequado de cereais, o preço da farinha subiu 30% durante a última semana.

Será que vamos ter outra Primavera árabe?

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que nos próximos meses, cerca de 8-13 milhões de pessoas no Norte da África poderão ser atingidas pela fome. Substituir tais fornecimentos imensos de cereais por fornecimentos de outras fontes é simplesmente inviável num período de tempo tão curto.

Os peritos da Bloomberg salientam que em 2010 uma crise alimentar semelhante causada por uma seca catastrófica levou ao surgimento de protestos sociais conhecidos como a Primavera Árabe. O rescaldo desses acontecimentos é uma crise migratória que tem continuado até hoje e as prolongadas guerras civis na Síria, Iémen e Líbia.

Não surpreendentemente, alguns comentadores começaram a ver os acontecimentos acima mencionados como parte do plano de Vladimir Putin para desestabilizar a Europa através de sempre novas ondas de refugiados desesperados. O constante bombardeamento de edifícios civis na Ucrânia serviria um propósito semelhante.

O que é que está reservado para a Europa?

A situação no mercado alimentar global será agravada pelo aumento do preço do gás, essencial na produção de fertilizantes, e por uma diminuição da oferta de ração animal, da qual a Ucrânia é também um grande exportador. Os custos de transporte em geral aumentarão em várias dezenas de por cento devido à escalada dos preços do petróleo. Como resultado, o custo da produção alimentar aumentará significativamente mesmo em países com um nível relativamente elevado da sua própria produção agrícola.

Além disso, a seca catastrófica na América do Norte e noutras regiões do mundo também afetou a produção global. Os armazéns de cereais do mundo têm um nível de estoques extremamente baixo devido a uma queda significativa no consumo durante a pandemia da COVID-19. A China e a Índia continuam a ser os únicos países com estoques capazes de mitigar os efeitos da crise. A questão, no entanto, é se decidem liberá-los para os mercados mundiais face à queda da produção e das suas próprias enormes populações.

Numa análise divulgada antes do ataque russo, os especialistas do Credit Agricole previram este ano um crescimento do preço dos alimentos de cerca de 6,7%. As estimativas conservadoras dos mesmos autores de 28 de Fevereiro indicam aumentos de mais de 12%. No entanto, na atual situação internacional volátil, mesmo estimativas aproximadas podem revelar-se muito fora do comum.

Zelensky e os russos podem falar em uníssono?

Curiosamente, se encontrarmos um assunto em que Volodymyr Zelensky fale a uma só voz com as autoridades de ocupação russas, é a questão do plantio das culturas. O início de Março é quando os agricultores ucranianos tradicionalmente começam a trabalhar nos campos. Tanto o governo de Kiev como os comandantes temporários das autoridades de ocupação estão a encorajá-los a prosseguir com o cultivo dos campos.

No entanto, as motivações de cada lado são diferentes. Zelensky está empenhado em fornecer alimentos aos habitantes do país invadido. Os russos, por outro lado, assumem que os ucranianos, ocupados a trabalhar na terra, não se darão ao trabalho de resistir (ou de se apropriar do equipamento militar russo). Os invasores chegaram ao ponto de prometer aos agricultores de Kherson a abertura do mercado russo aos seus produtos.

Seria impensável que os agricultores ucranianos voltassem a trabalhar em tempo integral nas regiões afetadas pela guerra. Além disso, em alguns locais, o cultivo dos campos é impossível, uma vez que grandes áreas em redor das cidades foram minadas e os próprios campos foram destruídos pelos combates. De acordo com estimativas da ONU, as terras aráveis na Ucrânia serão cerca de 30% menores do que no ano passado. Há também relatórios cada vez mais frequentes das forças ocupantes que apreendem ou destroem maquinaria e veículos agrícolas.

A situação na Ucrânia mudou completamente em relação às previsões anteriores à guerra de uma colheita abundante. No entanto, no dia-a-dia, o maior problema alimentar continua a ser a impossibilidade de abastecer as cidades sitiadas pelos russos, sobretudo Mariupol.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Em 25 de março, o Papa consagrará a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria

Papa Francisco reza na capela das aparições em Fátima, Portugal,
em 13 de maio de 2017, no centenário da primeira aparição da Virgem Maria
aos três pastores

O ato se realizará durante a Celebração da Penitência que o Papa Francisco presidirá às 17h na Basílica de São Pedro. O mesmo ato será realizado, no mesmo dia, em Fátima pelo cardeal Krajewski, esmoleiro pontifício, enviado do Papa.

VATICAN NEWS

"Na sexta-feira, 25 de março, durante a Celebração da Penitência que presidirá às 17h na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco consagrará a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. O mesmo ato será realizado, no mesmo dia, em Fátima pelo esmoleiro do Papa, cardeal Konrad Krajewski, enviado do Santo Padre."

A notícia foi dada, numa nota, pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni. O dia da Festa da Anunciação do Senhor foi escolhido para a consagração.

Nossa Senhora, na aparição de 13 de julho de 1917, em Fátima, pediu a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração, afirmando que, se este pedido não fosse atendido, a Rússia espalharia "seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja". "Os bons", acrescentou, "serão martirizados, o Santo Padre sofrerá muito, várias nações serão destruídas". Depois das aparições de Fátima houve vários atos de consagração ao Imaculado Coração de Maria: Pio XII, em 31 de outubro de 1942, consagrou o mundo inteiro, e em 7 de julho de 1952, consagrou os povos da Rússia ao Imaculado Coração de Maria na Carta Apostólica Sacro vergente anno:

Assim como há alguns anos atrás consagramos o mundo ao Imaculado Coração da Virgem Mãe de Deus, agora, de forma muito especial, consagramos todos os povos da Rússia ao mesmo Imaculado Coração.

Paulo VI, em 21 de novembro de 1964, renovou a consagração da Rússia ao Imaculado Coração na presença dos Padres do Concílio Vaticano II. O Papa João Paulo II compôs uma oração para o que definiu de "Ato de entrega" a ser celebrado na Basílica de Santa Maria Maior em 7 de junho de 1981, Solenidade de Pentecostes. Este é o texto:

Ó Mãe dos homens e dos povos, Tu conheces todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Tu sentes maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas que abalam o mundo, acolhe o nosso clamor no Espírito Santo diretamente ao teu coração e abraça com o amor de Mãe e de Serva do Senhor aqueles que esperam mais este abraço, junto com aqueles que cuja entrega Tu também esperas de modo particular. Tomai sob a tua proteção materna toda a família humana que, com carinho afetuoso, a Ti, ó mãe, nós confiamos. Que se aproxime para todos o tempo da paz e da liberdade, o tempo da verdade, da justiça e da esperança.

Depois, para responder mais plenamente aos pedidos de Nossa Senhora, quis explicitar durante o Ano Santo da Redenção o ato de entrega de 7 de Junho de 1981, repetido em Fátima a 13 de maio de 1982. Em memória do Fiat pronunciado por Maria no momento da Anunciação, em 25 de março de 1984, na Praça São Pedro, em união espiritual com todos os bispos do mundo, previamente "convocados", João Paulo II confiou todos os povos ao Imaculado Coração de Maria:

E por isso, ó Mãe dos homens e dos povos, Tu que conheces todos os seus sofrimentos e todas as suas esperanças, Tu que sentes maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo contemporâneo, acolhe o nosso grito que, movido pelo Espírito Santo, dirigimos diretamente ao teu Coração: abraça com amor de Mãe e Serva do Senhor, este nosso mundo humano, que Te confiamos e consagramos, cheio de inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos. De modo especial Te confiamos e consagramos aqueles homens e nações que têm necessidade particular desta entrega e consagração.

Em junho do ano 2000, a Santa Sé revelou a terceira parte do segredo de Fátima e o então arcebispo Tarcisio Bertone, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, sublinhou que irmã Lúcia, numa carta de 1989, tinha confirmado pessoalmente que este ato de consagração solene e universal correspondia ao que Nossa Senhora queria: "Sim, foi feito", escreveu a vidente, "como Nossa Senhora havia pedido, em 25 de março de 1984".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Família missionária do Caminho Neocatecumenal retorna da Ucrânia

Família em Missão e Equipe - Com Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

Onde hoje há tantas perdas, Deus não nos abandona. Com essa certeza nos corações, o casal Emanuel Cícera e Patrícia Cícera retorna para o Brasil após serem enviados em missão à Ucrânia e são recebidos com grande carinho pelo Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar, acompanhados do Pe. José Folqué, também missionário, e de Raúl Viana, da Equipe responsável pelo Caminho Neocatecumenal, na Cúria Metropolitana de Brasília, na manhã desta terça-feira (15/03).

A família pertence a uma comunidade do Neocatecumenato e em comunhão, no matrimônio, com a comunidade e com os catequistas, foram enviados em missão em julho de 2019 para evangelizarem em um país onde a fé católica está desaparecendo. Eles são da paróquia Nossa Senhora da Assunção, em Águas Claras/DF.

Para Emanuel Cícera e Patrícia Cícera, pais de cinco filhos: Ana, 5 anos, Israel, 4 anos, Carmem, 3 anos, Olivia, 2 anos e Maria, com 5 meses, e da Maria Goreth que faleceu; “o maior desafio que enfrentamos quando chegamos à Ucrânia foi com a língua. Mas em todas as situações, vimos a providência divina. Deus foi tão misericordioso que quando nossos filhos foram nascer, encontramos uma médica que falava inglês e nos deu toda assistência humanizada à minha esposa em um hospital onde tudo é muito precário.”, explica Emanuel.

“Nesse momento de conflito causado pela guerra,” fala Emanuel, “as pessoas buscaram realmente escutar o anúncio da boa notícia. Jesus Cristo venceu a morte! O combustível que sustenta essa comunidade é a oração. Mesmo cientes de tudo que está acontecendo, buscamos permanecer firmes na nossa missão de levar a Cristo.”

O casal explica que foram grandiosos os frutos em sua missão na Ucrânia, mas, que, infelizmente, foi interrompida devido à guerra.

“Após 15 anos em uma comunidade do Neocatecumenal, surge essa vocação: a vocação de família missionária. Somos expectadores do que Deus fez e faz a essa família. A vocação nasceu em uma comunidade e esta mesma comunidade esteve com eles o tempo todo, sustentando-os em orações e, quando necessário, no apoio financeiro. Quando retornaram, não ‘retornarão à casa somente’, mas retornamos à comunidade”, explica Raúl Viana.

O Caminho Neocatecumenal nasceu na Espanha, em 1964, por iniciativa do pintor e músico Kiko Argüello e da missionária Carmen Hernández, já falecida, e chegou a Portugal por volta de 1969.

As primeiras Comunidades Neocatecumenais no Brasil se formaram em 1974, na diocese de Umuarama, PR. Rapidamente, passou ao estado de São Paulo bispos e presbíteros de outras dioceses passaram a pedir o Caminho Neocatecumenal.

Hoje está presente em mais de 100 dioceses, com mais de 1.800 comunidades espalhadas em quase todos os estados. (Com informações https://cn.org.br/)

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

São Patrício

S. Patrício | arquisp
17 de março

São Patrício

Há poucos dados sobre a origem de Patrício, mas os que temos foram tirados do seu livro autobiográfico "Confissão". Nele, Patrício diz ter nascido numa vila de seu pai, situada na Inglaterra ou Escócia, no ano 377. Era filho de Calpurnius. Apesar de ter nascido cristão, só na adolescência passou a professar a fé.

Aos dezesseis anos, foi raptado por piratas irlandeses e vendido como escravo. Levado para a Irlanda foi obrigado a executar duros trabalhos em meio a um povo rude e pagão. Por duas vezes Patrício tentou a fuga, até que na terceira vez conseguiu se libertar. Embarcou para a Grã-Bretanha e depois para a Gália, atual França, onde frequentou vários mosteiros e se habilitou para a vida monástica e missionária.

A princípio, acompanhou São Germano do mosteiro de Auxerre, numa missão apostólica na Grã-Bretanha. Mas seu destino parecia mesmo ligado à Irlanda, mesmo porque sua alma piedosa desejava evangelizar aquela nação pagã, que o escravizara. Quando faleceu o Bispo Paládio, responsável pela missão no país, o Papa Celestino I o convocou para dar seguimento à missão. Foi consagrado bispo e viajou para a "Ilha Verde", no ano 432.

Sua obra naquelas terras ficará eternamente gravada na História da Igreja Católica e da própria Humanidade, pois mudou o destino de todo um povo. Em quase três décadas, o bispo Patrício converteu praticamente todo o país. Não contava com apoio político e muito menos usou de violência contra os pagãos. Com isso, não houve repressão também contra os cristãos. O próprio rei Leogário deu o exemplo maior, possibilitando a conversão de toda sua corte. O trabalho desse fantástico e singelo bispo foi tão eficiente que o catolicismo se enraizou na Irlanda, vendo nos anos seguintes florescer um grande número de Santos e evangelizadores missionários.

O método de Patrício para conseguir tanta conversão foi a fundação de incontáveis mosteiros. Esse método foi imitado pela Igreja também na Inglaterra e na evangelização dos alemães do norte da Europa. Promovendo por toda parte a construção e povoação de mosteiros, o bispo Patrício fez da Ilha um centro de irradiação de fé e cultura. Dali partiram centenas de monges missionários que peregrinaram por terras estrangeiras levando o Evangelho. Temos, como exemplo, a atuação dos célebres apóstolos Columbano, Galo, Willibrordo, Tarásio, Donato e tantos outros.

A obra do bispo Patrício interferiu tanto na cultura dos irlandeses, que as lendas heróicas desse povo falam sempre de monges simples com suas aventuras, prodígios e graças, enquanto outras nações têm como protagonistas seus reis e suas façanhas bélicas.

Patrício morreu no dia 17 de março de 461, na cidade de Down, atualmente Downpatrick. Até hoje, no dia de sua festa os irlandeses fixam à roupa um trevo, cuja folha se divide em três, numa homenagem ao venerado São Patrício que o usava para exemplificar melhor o sentido do mistério da Santíssima Trindade: "um só Deus em três pessoas".

A data de 17 de março há séculos marca a festa de São Patrício, a glória da Irlanda. Os irlandeses sempre sentiram um enorme orgulho de sua pátria, tanto, por ter ela nascido na chamada Ilha dos Santos, quanto, por ter sido convertida pelo venerado bispo. Só na Irlanda existem duzentos santuários erguidos em honra a São Patrício, seu padroeiro.

Rezo com São Patrício:

Cristo guarde-me hoje,
Cristo comigo, Cristo à minha frente, Cristo atrás de mim,
Cristo em mim, Cristo embaixo de mim, Cristo acima de mim,
Cristo à minha direita, Cristo à minha esquerda,
Cristo ao me deitar,
Cristo ao me sentar,
Cristo ao me levantar,
Cristo no coração de todos os que pensarem em mim,
Cristo na boca de todos que falarem em mim,
Cristo em todos os olhos que me virem,
Cristo em todos os ouvidos que me ouvirem.
Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força, pela invocação da Trindade,
Pela fé na Trindade,
Pela afirmação da Unidade,
Pelo Criador da Criação.
Amém.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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quarta-feira, 16 de março de 2022

Conversão pela educação

CF2022 | CNBB

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Este tempo da Quaresma que estamos celebrando tem um forte apelo de conversão para a nossa vida pessoal. Precisamos acreditar que a conversão sempre é possível, lembrando que os tribunais humanos julgam sempre um homem que não existe mais: não consideram aquilo que ele pode tornar-se, mas o fixam no momento do seu crime. Deus pai misericordioso deixa sempre uma possibilidade de salvação àqueles que são considerados culpados. Ele é vida e amor, e quer que nós vivamos no amor. A todos ele dá a oportunidade da conversão pessoal; o pecador pode converter-se enquanto estiver vivo, e obter de Deus, pela sua misericórdia a justificação. Da mesma forma, o justo também pode pecar.  

Deus respeita a liberdade de cada um, desde a criação do mundo. Mas com seu amor de Pai misericordioso, ele constantemente nos convida à conversão. Deus não nos julga por aquilo que fomos, mas por aquilo que somos. No seu tribunal é sempre possível libertar-se do peso do passado e salvar a vida, porque Deus quer que o homem viva. Por isso é importante a conversão. “Se o ímpio se arrepender de todos os pecados cometidos, e guardar todas as minhas leis, e praticar o direito e a justiça, viverá com certeza e não morrerá” (Ez 18,21).  

Quando Jesus começou a anunciar o Reino de Deus, revelando o rosto da misericórdia do Pai, muitos se sentiram incomodados. O passar da antiga à nova aliança faz crescer a liberdade do homem, mas somente em função de um amor maior. Por isso, as exigências da caridade se tornam mais fortes. Sem ela o culto a Deus não pode ser autentico. “Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta” (Mt 2,24). Jesus afirma que por se tratar de uma nova justiça é necessário transcender ou superar aquela dos escribas e fariseus. 

A Campanha da Fraternidade, com o tema: Fraternidade e Educação e o lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), nos convida a refletirmos sobre a realidade da educação. Mas não somente sobre a educação “instrução”, embora essa seja fundamental para a pessoa e a sociedade, mas também sobre a educação básica para um bom convívio social na família e na comunidade. O processo de educação, que prepara a pessoa para o convívio na comunidade, com direitos, deveres e responsabilidades, também precisa passar por um profundo processo de conversão. Todo processo de conversão e de reconciliação exige despojamento das vaidades, do orgulho e, ao mesmo tempo, atitude para dar o primeiro passo. “Quem dá o primeiro passo é sempre aquele que é bastante rico de espírito, de poder ser superior às ações dos homens, e é capaz de encontrar as palavras que possibilitam reatar uma relação, sem perder a própria dignidade” (Jean Baptiste Perrin). O cristão não é chamado a moldar-se à lei de Deus apenas com sua vida exterior, mas principalmente com o seu interior. Ele é um peregrino a caminho da casa do Pai. Um peregrino que no caminhar semeia vida e esperança. Deve proteger a vida e a criação, ao invés de deixar atrás de si um rastro de destruição e morte, que agride os irmãos e o próprio Criador. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Francisco com Kirill: Igreja deve usar a linguagem de Jesus, não da política

Líderes das Igrejas Católica e Ortodoxa da Ucrânia conversaram por
videoconferência na tarde desta quarta-feira 

"A Igreja não deve usar a linguagem da política, mas a linguagem de Jesus", concordou o Papa Francisco com o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa. “Somos pastores do mesmo Povo Santo que crê em Deus, na Santíssima Trindade, na Santa Mãe de Deus: para isso devemos unir-nos no esforço de ajudar a paz, de ajudar os que sofrem, de buscar caminhos de paz, para deter o fogo".

Vatican News

Respondendo às perguntas dos jornalistas, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, afirmou o que segue:

“Posso confirmar que hoje, no início da tarde, ocorreu uma videoconferência entre o Papa Francisco e Sua Santidade Kirill, Patriarca de Moscou e de toda a Rússia. O encontro também contou com a presença de Sua Eminência o cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e do metropolita Hilarion de Volokolamsk, chefe do Departamento de Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou”.

A conversa - explicou Bruni - centrou-se na guerra na Ucrânia e no papel dos cristãos e seus pastores em fazer todo o possível para que a paz prevalecesse. O Papa Francisco agradeceu ao Patriarca por este encontro, motivado pelo desejo de indicar, como pastores de seu povo, um caminho para a paz, para rezar pelo dom da paz, para que o fogo cesse.

"A Igreja - o Papa concordou com o Patriarca - não deve usar a linguagem da política, mas a linguagem de Jesus". “Somos pastores do mesmo Povo Santo que crê em Deus, na Santíssima Trindade, na Santa Mãe de Deus: para isso devemos unir-nos no esforço de ajudar a paz, de ajudar os que sofrem, de buscar caminhos de paz, para deter o fogo".

Ambos sublinharam a excepcional importância do processo de negociação em curso porque, disse o Papa: "Quem paga a conta da guerra é o povo, são os soldados russos e é o povo que é bombardeado e morre".

“Como pastores – continuou o Santo Padre – temos o dever de estar próximos e ajudar todas as pessoas que sofrem com a guerra. Um tempo se falava também nas nossas Igrejas de guerra santa ou guerra justa, Hoje não se pode falar assim. Desenvolve-se a consciência cristã da importância da paz".

E, concordando com o Patriarca sobre o quanto "as Igrejas são chamadas a contribuir para o fortalecimento da paz e da justiça - o Papa Francisco concluiu afirmando que "as guerras são sempre injustas. Porque quem paga é o povo de Deus, nosso coração não pode deixar de chorar diante das crianças, das mulheres mortas, de todas as vítimas da guerra. A guerra nunca é o caminho. O Espírito que nos une nos pede como pastores de ajudar os povos que sofrem com a guerra”.

Papa no Angelus: Deus é o Deus da paz e não da guerra

No Angelus do último domingo, o Papa Francisco fez um forte apelo pelo fim do conflito, afirmando que “Deus é apenas o Deus da paz, ele não é o Deus da guerra, e aqueles que apoiam a violência profanam o seu nome”:

Irmãos e irmãs, acabámos de rezar à Virgem Maria. Esta semana, a cidade que tem o seu nome, Mariupol, tornou-se uma cidade mártir da guerra devastadora que assola a Ucrânia. Perante a barbárie do assassínio de crianças, de inocentes e de civis indefesos, não há razões estratégicas que justifiquem: a única coisa a fazer é pôr fim à inaceitável agressão armada, antes que ela reduza as cidades a cemitérios. Com pesar no coração uno a minha voz à do povo que implora o fim da guerra. Em nome de Deus, que se ouçam os gritos de sofrimento e que cessem os bombardeamentos e ataques! Que se vise verdadeira e decididamente a negociação, e que os corredores humanitários sejam eficazes e seguros. Em nome de Deus, peço-vos: parai este massacre! Gostaria, uma vez mais, de exortar ao acolhimento dos muitos refugiados, nos quais Cristo está presente, e agradecer pela grande rede de solidariedade que se formou. Peço a todas as comunidades diocesanas e religiosas que aumentem os momentos de oração pela paz. Deus é apenas o Deus da paz, ele não é o Deus da guerra, e aqueles que apoiam a violência profanam o seu nome. Agora oremos em silêncio por quantos sofrem e para que Deus converta os corações a uma firme vontade de paz.

No encontro em Havana, a condenação do conflito

Em 12 de fevereiro de 2016, antes da chegada no México, o Papa Francisco teve um histórico encontro com o Patriarca Kirill no Aeroporto Internacional José Martí, em Havana, oportunidade em que foi assinada uma declaração conjunta. Um dos tópicos fazia referência justamente ao conflito em andamento na Ucrânia:

Deploramos o conflito na Ucrânia que já causou muitas vítimas, provocou inúmeras tribulações a gente pacífica e lançou a sociedade numa grave crise económica e humanitária. Convidamos todas as partes do conflito à prudência, à solidariedade social e à atividade de construir a paz. Convidamos as nossas Igrejas na Ucrânia a trabalhar por se chegar à harmonia social, abster-se de participar no conflito e não apoiar ulteriores desenvolvimentos do mesmo. Esperamos que o cisma entre os fiéis ortodoxos na Ucrânia possa ser superado com base nas normas canônicas existentes, que todos os cristãos ortodoxos da Ucrânia vivam em paz e harmonia, e que as comunidades católicas do país contribuam para isso de modo que seja visível cada vez mais a nossa fraternidade cristã.

A declaração também faz uma exortação:

Exortamos todos os cristãos e todos os crentes em Deus a suplicarem, fervorosamente, ao Criador providente do mundo que proteja a sua criação da destruição e não permita uma nova guerra mundial. Para que a paz seja duradoura e esperançosa, são necessários esforços específicos tendentes a redescobrir os valores comuns que nos unem, fundados no Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

Fonte:https://www.vaticannews.va/pt

Ex-bispo anglicano é ordenado padre católico

Catherine Williams, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

O pe. Jonathan Goodall, que se converteu em 2021, recebeu a ordenação católica neste sábado, 12 de março.

Ex-bispo anglicano, o agora padre católico Jonathan Goodall, convertido em 2021, recebeu a ordenação sacerdotal neste sábado, 12 de março, em ceromônia celebrada pelo cardeal Vincent Nichols, arcebispo de Westminster, na Inglaterra.

Ele agora será pároco da igreja de São Guilherme de York (Saint William), em Londres.

Ex-bispo anglicano convertido à Igreja Católica

Jonathan Goodall foi bispo anglicano de Ebbsfleet, na Inglaterra, e anunciou em 3 de setembro de 2021 que renunciará ao ministério anglicano:

“Tomei a decisão de renunciar como bispo de Ebbsfleet para ser recebido na plena comunhão com a Igreja Católica Romana, após um longo período de oração, que foi um dos períodos mais difíceis da minha vida. A vida na comunhão da Igreja da Inglaterra modelou e alimentou o meu discipulado como cristão católico ao longo de muitas décadas. Foi aqui que recebi, pela primeira vez e durante metade da minha vida como sacerdote e bispo, a graça sacramental da vida e da fé cristãs. Sempre conservarei e serei grato por isso”.

Goodall, de 60 anos de idade, era bispo de Ebbsfleet desde 2013. Ele prosseguiu:

“Tenho a confiança de que todos vocês acreditarão que eu tomei a minha decisão como uma forma de dizer sim ao novo chamado e convite de Deus, e não como uma forma de dizer não ao que conheci e experimentei na Igreja da Inglaterra, com a qual tenho uma grande dívida”.

Jonathan Goodall prestou apoio às comunidades anglicanas que não reconhecem a ordenação presbiteral e episcopal de mulheres, aprovada faz alguns anos na Igreja da Inglaterra. Ele mantém ainda vínculos muito importantes com a abadia de Westminster, já que ali foi capelão desde 1992 e vigário desde 2004.

O atual arcebispo anglicano de Canterbury, Justin Welby, emitiu um comunicado de imprensa, naquele mesmo dia 3 de setembro, declarando aceitar a decisão de Goodall e ser-lhe grato pelos anos de “ministério e fiel serviço” à sua comunidade.

Outros bispos anglicanos convertidos ao catolicismo

Jonathan Goodall é o segundo bispo de Ebbsfleet que decide aderir plenamente à Igreja Católica. Em 2010, Andrew Burnham renunciou ao bispado anglicano e, após formalizar a sua comunhão com a Igreja, foi ordenado sacerdote católico e passou a exercer o ministério no Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham. Ele hoje é pároco católico.

Na mesma época, também renunciaram ao episcopado anglicano para se converterem oficialmente ao catolicismo os reverendos Keith Newton, ex-bispo de Richborough, e John Broadhurst, de Fulham.

Antes ainda, o reverendo Graham Leonard, que havia sido bispo de Londres de 1981 até 1991, havia decidido aderir plenamente à Igreja Católica em 1993.

Os bispos anglicanos que mais recentemente aderiram à fé católica foram o reverendo Peter Forster, de Chester, se converteu ao catolicismo em uma cerimônia privada realizada na Escócia ao final de 2021, e o reverendo Michael Nazir-Ali, de Rochester, que também já foi ordenado sacerdote católico em outubro de 2021.

Um dos mais célebres casos de clérigo anglicano convertido ao catolicismo é do cardeal Newman, canonizado pelo Papa Francisco em 2019 como São John Henry Newman. Conheça a sua história acessando o artigo recomendado logo abaixo desta matéria.

Quanto a Jonathan Goodall, ele finalizou a notícia da sua conversão declarando:

“Estou profundamente grato a todos os que generosamente apoiaram a Sarah e a mim ao longo destes anos, em especial aos leigos e ao clero de Ebbsfleet, que foi o centro e a alegria do meu ministério e devoção desde que me tornei bispo em 2013. Foi um privilégio imenso. Espero poder servir à Igreja no futuro, da forma como eu venha a ser chamado a servir”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF