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sábado, 19 de março de 2022

Frases de São Cirilo de Jerusalém, Bispo e Doutor da Igreja

S. Cirilo de Jerusalém | Guadium Press
A Igreja Católica celebra no dia de hoje, 18 de março, a memória litúrgica de São Cirilo de Jerusalém, Bispo e Doutor da Igreja.

Redação (18/03/2022 09:21, Gaudium Press) São Cirilo nasceu no ano 315, em uma família cristã. Desde a infância, foi doutrinado segundo as Sagradas Escrituras, sendo ordenado sacerdote no ano 345. Três anos depois foi consagrado Bispo de Jerusalém, permanecendo no cargo durante aproximadamente trinta e cinco anos, dos quais dezesseis foram passados no exílio, em três ocasiões diferentes.

S. Cirilo de Jerusalém | Guadium Press

Os três exílios de São Cirilo de Jerusalém

A primeira porque foi acusado de heresia pelo Bispo Acácio. A segunda por ordem do imperador Constâncio que acreditava que Cirilo era simpatizante dos hereges. Os Santos Bispos Atanásio e Hilário, ambos Padres da Igreja, defenderam São Cirilo. O período mais longo de exílio foi o terceiro, no qual o herege imperador Valente, mandou de volta para o exílio todos os Bispos anistiados. Durante onze anos, São Cirilo peregrinou por várias cidades da Ásia, até a morte do soberano.

São Cirilo de Jerusalém: Doutor da Igreja

O Papa Leão XIII concedeu à São Cirilo o título de Doutor da Igreja, graças às 24 catequeses que escreveu para os catecúmenos da sua Diocese. Das primeiras 19, treze são dedicadas à exposição geral da doutrina e cinco, ditas mistagógicas, referem-se ao comentário dos ritos dos sacramentos de iniciação.

S. Cirilo de Jerusalém | Guadium Press

Confira algumas frases de São Cirilo de Jerusalém

01 – “Da mesma maneira que a vitória testemunha o valor do soldado na batalha, da mesma forma se manifesta a santidade de quem sofre os problemas e as tentações com paciência inquebrantável”.

02 – “Assim como dois pedaços de cera derretidos juntos se tornam um, do mesmo modo o que comunga, de tal sorte está unido a Cristo, que ele vive em Cristo e Cristo vive nele”.

03 – “A cruz vitoriosa iluminou quem estava cego pela ignorância, libertou quem estava preso pelo pecado, trouxe à toda humanidade a redenção”.

04 – “Mas aprendendo a Fé e a professando, tenhais em mente e conservai aquilo somente que vos é agora transmitido pela Igreja [Católica] e que foi estruturado fortemente nas Escrituras”.

05 – “Ao catecúmeno ele diz: “Caíste na rede da Igreja (Mt 13, 47). Deixa-te, portanto, apanhar vivo; não fujas, porque é Jesus que te prende no seu anzol, para te dar não a morte mas a ressurreição depois da morte. De fato, deves morrer e ressurgir ( Rm 6, 11.14)… Morres para o pecado, e vives para a justiça a partir de hoje”.

S. Cirilo de Jerusalém | Guadium Press

Oração a São Cirilo de Jerusalém

Ó Deus, que marcastes pela vossa doutrina a vida de São Cirilo de Jerusalém, concedei-nos, por sua intercessão, que sejamos fiéis à mesma doutrina, e a proclamemos em nossas ações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Santuário Nacional: fachada com narração bíblica será entregue no sábado

Santuário Nacional - Fachada Norte

Trabalho que conta a história de José do Egito e Moisés foi realizado em mosaico por artistas de diversos países. Quatro mil metros quadrados de mosaico. O padre esloveno Marko Rupnik é o autor da obra, que apresenta 24 cenas bíblicas.

Victor Hugo Barros – Santuário Nacional

O Santuário Nacional entrega, neste sábado (19), a Fachada Norte da Basílica de Aparecida (SP). A cerimônia tem início uma missa solene, celebrada às 18h no Altar Central, seguida por um show às 19h30, no Jardim Norte do complexo religioso. A obra, inspirada no livro do Êxodo, é a primeira das quatro fachadas que serão revestidas por mosaicos que apresentam cenas da Bíblia.

“Na festa de São José, o esposo da Virgem Maria, queremos entregar aos devotos de Nossa Senhora a primeira etapa dessa grande obra. O primeiro passo já foi dado, mas outras três etapas dessa jornada ainda estão por vir”, comemora o reitor do Santuário Nacional, padre Eduardo Catalfo.

Para celebrar o momento, as cantoras Ziza Fernandes e Adriana Arydes e o cantor Diego Tiguéz vão se apresentar diante da Fachada Norte da Basílica. Eles serão acompanhados pela orquestra composta por músicos do PEMSA (Projeto de Educação Musical do Santuário de Aparecida), regidos pelo maestro Rodrigo Costa.

Santuário Nacional

O musical, que conta com duas canções compostas especialmente para a data, vai narrar a história da libertação do povo hebreu do Egito e a ação de Deus na vida dos fiéis, temas presentes no mosaico que será inaugurado durante a apresentação. A ideia é traduzir a arte presente nas paredes utilizando a músicas, coreografias e encenações.

“É hora de contemplar. Ler o Êxodo na Fachada Norte do Santuário, interpretar fatos, cores e uma arte que nos revela que Deus cuida de nós, vem ao nosso encontro, nos liberta e caminha conosco. Ele quer ser um Pai para nós e quer sejamos seu povo, numa aliança de amor”, afirma o administrador do Santuário, padre Luiz Claudio Alves de Macedo.

Tanto a celebração eucarística, como a apresentação artística terão transmissão da TV Aparecida. Os devotos também podem acompanhar a festividade pelas redes sociais do Santuário Nacional (Facebook e Youtube), pela plataforma Aparecida ao Vivo, disponível em www.a12.com/aparecidaaovivo, e pelo aplicativo Aparecida.

Santuário Nacional - Fachada Norte

Fachada Norte 

Com mais de 50 metros de altura, a Fachada Norte foi a primeira a ser edificada no Santuário Nacional, em 1955. Em 2019, iniciaram-se as obras de revestimento do local, que contaram com o envolvimento direto de 177 profissionais. Entre eles, 27 mosaicistas de diversas nacionalidades, ligados ao Centro Aletti, de Roma, na Itália.

A concepção artística é do padre Marko Ivan Rupnik, sacerdote esloveno que desde 1991 vive e trabalha no Centro de Arte Espiritual Aletti. O religioso possui mais de 200 obras em mosaico nos cinco continentes.

“Seu trabalho foi iniciado a convite do então Papa João Paulo II para a realização dos mosaicos da Capela Redemptoris Mater no Vaticano, inaugurados em 1999. Também nos importantes santuários marianos de Fátima, em Portugal, e Lourdes, na França, na Igreja de São Pio de Pietrelcina, em San Giovanni Rotondo, na Itália. No Brasil, temos os mosaicos na Catedral de Santa Maria Mãe de Deus na cidade de Castanhal, no Pará”, detalha a doutora em ciência da religião, Wilma Tommaso.

A obra de Aparecida promete ser a maior realizada pelo sacerdote e o Centro Aletti até o momento. Somente na Fachada Norte da Basílica foram aplicados quatro mil metros quadrados de mosaicos.

As pedras que o compõem são provenientes de diversos países. Entre eles o Brasil, a França, a Grécia, e o Afeganistão, entre outros. Algumas são naturais, como o mármore e o granito, por exemplo, mas também há o Mosaico Veneziano, produzido artesanalmente.

Após a Fachada Norte, as outras três fachadas da Basílica também serão revestidas com cenas bíblicas. Atualmente, a Fachada Sul do templo está sendo preparada para receber os mosaicos, que estão sendo produzidos em Roma pelos artistas do Centro Aletti.

O revestimento é realizado por meio de doações feitas por membros da Família dos Devotos. A iniciativa reúne pessoas do Brasil e do exterior que auxiliam nas obras de acolhimento, construção e evangelização do Santuário Nacional de Aparecida.

Imprensa

Os profissionais de comunicação que desejam realizar a cobertura da missa e do evento de entrega da Fachada devem solicitar credenciamento junto à Assessoria de Imprensa do Santuário Nacional até às 17h desta sexta-feira (18). O cadastro, obrigatório para jornalistas, repórteres, fotógrafos, radialistas e cinegrafistas ligados a veículos de comunicação que desejam cobrir as festividades da Padroeira, deve ser realizado por meio de formulário em www.a12.com/imprensa.

No sábado, os porta-vozes do Santuário Nacional estarão disponíveis para o atendimento de entrevistas das 16h30 às 17h15. Para este momento, é preciso realizar agendamento prévio diretamente com a Sala de Imprensa da Basílica, também por meio do site de credenciamento.

Fotos: Santuário Nacional

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

“Valei-nos, São José”

arqbrasilia

“Valei-nos, São José” – Paróquias em Brasília celebram seu Padroeiro

O Patrono Universal da Igreja, São José, esposo castíssimo da Virgem Maria, é celebrado solenemente no próximo dia 19 de março. Na Arquidiocese de Brasília, 5 paróquias têm São José como Padroeiro a ser celebrado nesta data (muitas outras o tem com o título de operário que é lembrado no dia 1º de maio)

Após um ano especial convocado pelo Papa Francisco para honrar e refletir sobre a figura de São José na Igreja e seu exemplo para as famílias do mundo inteiro, celebrar sua Solenidade nos lembra da importância das virtudes josefinas para o cristão, sobretudo nos tempos difíceis pelos quais o mundo tem passado.

Por isso, todos os católicos são convidados a celebrar o Patrono Universal da Igreja nas diversas paróquias da Arquidiocese de Brasília, mas sobretudo, naquelas dedicadas ao Beatíssimo Protetor da Sagrada Família.

Abaixo, confira a programação deste sábado, 19/03, das Paróquias dedicadas a São José na Arquidiocese:

Paróquia São José – Taguatinga Norte

Missa Solene 18/03 às 19h

Missas dia 19/03: 08h e 11h00

Paróquia São José Esposo de Maria – Sobradinho II

Carreata saindo às 18h do restaurante comunitário rumo a paroquia. às 19h30, missa Solene.

Paróquia São José – Setor Habitacional Lúcio Costa

Missa de posse do novo pároco, Pe. Paulinho, às 10h celebrada pelo arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar.

Solenidade de São José, às 19h celebrada por Dom Marcony.

Paróquia São José – Santa Maria

Procissão com a imagem de São José saindo do colégio da 403 rumo a matriz. A missa solene será às 10h.

Paróquia São José – Brazlândia

Missa Solene às 19h30

Paróquia São José Operário – L2 Norte

Missas: 07h, 09h, 11h, 15h e 18h.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Ucrânia. "Toda a humanidade deve ser protegida, a guerra não tem vencedores"

"A guerra não tem vencedores, todos perdem" | Vatican News

Fazendo alusão ao pedido de uma zona de exclusão aérea para a Ucrânia, feito estes dias não somente pelo governo de Kiev diante da guerra em curso no país do Leste europeu, a fonte da Igreja local - que por razões de segurança pede o anonimato - afirma que, no seu entender, "não se pode dizer que somente o céu acima da Ucrânia precisa de proteção. É toda a humanidade que precisa de proteção. Porque se a Ucrânia perder, o mundo inteiro perde, a guerra não tem vencedores, todos perdem", enfatiza.

Vatican News

"O país está devastado, milhões de refugiados estão fugindo das áreas de combates e a guerra está se aproximando cada vez mais da capital Kiev. As tropas da Federação Russa estão avançando de forma lenta, mas inexorável, e o número de combatentes mortos de ambos os lados está aumentando, muitos são pouco mais que adolescentes." Foi o que disse à Fides - agência missionária da Congregação para a Evangelização dos Povos - uma fonte da Igreja local, que por razões de segurança pede o anonimato.

A Igreja inteira está ao lado do sofrimento do povo

"Muitos sacerdotes, nas cidades sitiadas, apesar das dificuldades permanecem em seu lugar como capelães das igrejas, greco-católicos, ortodoxos (mas também judeus e muçulmanos junto com os líderes de outras comunidades religiosas)" - explica a fonte.

"A Igreja inteira está ao lado do sofrimento do povo. Os pastores estão com as ovelhas e conhecem a dor, conhecem o cheiro das ovelhas, são os bispos com o seu rebanho. O Papa no Angelus de domingo, 13 de março, fez ouvir ainda mais alto sua voz com uma mensagem de paz", ressalta.

A guerra não tem vencedores, todos perdem

"Esta não é uma guerra da televisão ou dos jornais, não é uma história da segunda guerra mundial, mas uma guerra que está ocorrendo diante de nossos olhos, que não termina há mais de duas semanas. A questão é o que podemos fazer em relação a tudo isso?"

Fazendo alusão ao pedido de uma zona de exclusão aérea para a Ucrânia, feito estes dias não somente pelo governo de Kiev diante da guerra em curso no país do Leste europeu, a fonte da Igreja local afirma que, no seu entender, "não se pode dizer que somente o céu acima da Ucrânia precisa de proteção. É toda a humanidade que precisa de proteção. Porque se a Ucrânia perder, o mundo inteiro perde, a guerra não tem vencedores, todos perdem".

(com Fides)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São José

São José | arquisp
19 de março

São José

Do esposo de Maria sabemos somente aquilo que nos dizem os evangelistas Mateus e Lucas, mas é o que basta para colocar esse incomparável "homem justo" na mais alta cátedra de santidade e de nossa devoção, logo abaixo da Mãe de Jesus.
Venerado desde os primeiros séculos no Oriente, seu culto se difundiu no Ocidente somente no século IX, mas num crescendo não igual ao de outros santos. Em 1621, Gregório XV declarou de preceito a festa litúrgica deste dia; Pio IX elegeu são José padroeiro da Igreja, e os papas sucessivos o enriqueceram de outros títulos, instituindo uma segunda comemoração no dia 1º de maio, ligada a seu modesto e nobre ofício de artesão.
O privilégio de ser pai adotivo do Messias constitui o título mais alto concedido a um homem.
O extraordinário evento da Anunciação e da divina maternidade de Maria - da qual foi advertido pelo anjo depois da sofrida decisão de repudiar a esposa - coloca são José sob uma luz de simpatia humana, em razão do papel de devoto defensos da incolumidade da Virgem Mãe, mistério prenunciado pelos profestas, mas acima da inteligência humana.
Resolvido o angustiante dilema, José não se questiona. Cumpre as prescrições da lei: dirige-se a Belém para rescenseamento, assiste Maria no parto, acolhe os pastores e os reis Magos com útil disponibilidade, conduz a salvo Maria e o Menino para subtraí-lo do sanguinário Herodes, depois volta à laboriosa quietude da casinha de Nazaré, aprtilhando alegrias e dores comuns a todos os pais de família que deviam ganhar o pão com o suor de sua fronte. Nós o revemos na ansiosa procura de Jesus, que ele conduz ao templo por ter cumprido os 12 anos de idade.
Enfim, o Evangelho se despede dele com uma imagem rica de significado, que coloca mais de um tema para nossa reflexão: Jesus, o filho de Deus, o Messias esperado, obedece a ele e a Maria, crescendo em sabedoria, idade e graça.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

sexta-feira, 18 de março de 2022

Você sabe fazer o exame de consciência?

© Luxorphoto / Shutterstock
Por Hozana

Alguns escritores nos falam que o exame de consciência pode ser dividido em três etapas.

Todos nós cristãos sabemos da grande importância do exame de consciência, não somente para quando nos preparamos para fazer uma boa confissão, mas também devemos praticar este exercício à noite antes de se fazer a oração da noite.

São João Crisóstomo dizia que se uma pessoa fizesse seu exame de consciência todos os dias no período de trinta dias, sem dúvida essa pessoa estaria no caminho da santidade. Santo Inácio de Loyola, fundador dos Jesuítas, praticamente dirigia espiritualmente seus discípulos somente com o exame de consciência e a prática dos sacramentos. 

Então vejamos como é importante praticar o exame de consciência. Alguns escritores nos falam que o exame de consciência pode ser dividido em três etapas: a primeira, identificar os nossos atos (superficial). A segunda etapa é a contrição, onde percebemos que o pecado o qual cometemos não só machuca, mas destrói. A terceira, por fim, é a etapa da resolução, do propósito de amar a Deus, cortar pela raiz os maus hábitos e os vícios arraigados no coração.

Exame de consciência: pedido, louvor e agradecimento

O exame que é praticado a noite é de grande importância porque nesse momento depositamos no Coração misericordioso de Jesus todas as nossas misérias. Tudo o que vivemos durante o dia, os bons atos e ações que praticamos. Também é o momento do louvor e do agradecimento pelo dia que está chegando ao fim. É, ainda, o momento de colocar-se em questão sobre os atos que desagradaram a Deus e ao próximo: Será que magoei alguém com atos ou palavras? Fui fiel a Deus durante esse dia? 

Assim como agradecemos pelo dia que passou, também precisamos analisar onde erramos, como está a nossa consciência? Estou indo me deitar na tranquilidade e na paz ou algo que fiz está tirando o meu sono? Depois que for realizado tudo isso podemos então fazer nossas orações rezar o ato de contrição pedindo a Deus força para não cair no mesmo erro e que a cada dia possamos crescer na fé, no amor e no caminho para a santidade.

5 passos para um bom exame de consciência

Os 5 passos para realizar o exame de consciência, recomendados por Santo Inácio de Loyola, são os seguintes:

1. Pedir luz e graça para descobrir Deus naquilo que viveu

Acalmo o meu coração para compartilhar o que vivi com um Amigo muito especial. Peço luz para conhecer os sinais e a ação de Deus neste dia. Recordo que Jesus deixou seu Espírito Santo para levar à criação a plenitude e restaurá-la segundo o plano do Criador.

2. Agradecer pelos dons recebidos

Repasso o que vivi no dia: atividades, experiências, encontros, trabalho etc. Agradeço a Deus por tudo o que vivi e penso em que momentos senti uma maior proximidade com Jesus. Posso perceber esta proximidade através do que experimentei interiormente: esperança, entrega, gratidão, serviço, liberdade etc. Estes movimentos internos vêm acompanhados de convites e, por isso, é importante reconhecê-los e agradecê-los.

3. Reconhecer as falhas (o que senti, fiz ou pensei).

Penso nos descuidos que não me permitiram obter maiores frutos no dia. Reconheço se houve alguma insensibilidade diante das necessidades que encontrei no caminho. Assumo as falhas na construção da fraternidade e da justiça com os irmãos.

4. Se houve falhas graves, fazer uma oração de perdão

Peço perdão aos que eu ofendi hoje. Dou o meu perdão aos que me machucaram. Dou a mim mesmo o perdão que Jesus me oferece.

5. Fazer um propósito para cumprir essa graça

Se houve uma falha grave, vejo a maneira de corrigi-la para o dia de amanhã. Renovo a minha amizade e meu desejo de amar e servir: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo”. Peço a bênção de Maria.

Se você deseja ser guiado(a) nesse passo a passo para a vivência de um bom exame de consciência, convido você a unir-se a mim neste retiro de 7 dias para encontrar-se consigo mesmo no qual você poderá experimentar 7 propostas de exame de consciência que lhe ajudarão a rever o seu dia. Clique aqui para se inscrever. 

Margô Teixeira, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

“CUIDADO PARA NÃO CAIR”

Foto: Divulgação

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

            A Campanha da Fraternidade usa a metodologia de escutar a realidade, fazer o discernimento dos acontecimentos e agir para promover mudanças. Os textos bíblicos da liturgia do terceiro domingo da quaresma podem ser refletidos e rezados dentro desta metodologia educativa.

            No livro do Êxodo (3,1-15) Deus diz a Moisés que viu a aflição do povo, ouviu o seu clamor e conhece os seus sofrimentos. No evangelho (Lucas 13,1-9) Jesus está diante de dois fatos trágicos oriundos de causas diferentes. O primeiro relata a ordem de Pilatos para matar galileus no templo e misturar o sangue com os sacrifícios que ofereciam. Temos aí assassinato e sacrilégio. O segundo fato relata a morte de 18 pessoas sobre as quais caiu acidentalmente uma torre. São Paulo na 1 Carta aos Coríntios ((10, 1-12) constata que a vida cristã dos Coríntios era muito aparente e superficial. Os três relatos pedem uma escuta atenta destes fatos e um discernimento a partir da Palavra de Deus e por fim um agir ou uma conversão.

            Moisés conhecia muito bem a situação do seu povo. Tentou resolver o problema sozinho recorrendo à violência. Logo percebeu que a metodologia adotada não alcançaria os objetivos, por isso foge e se esconde no deserto. Neste contexto recebe o convite de voltar, de converter-se novamente em direção do seu povo. Agora não mais em nome próprio, mas em nome do “Deus de vossos pais que me enviou a vós”. A realidade de sofrimento somente muda com decisões eficazes e a colaboração dos sofredores.

            Jesus comenta os dois fatos trágicos que lhe são apresentados. Faz um discernimento pois havia interpretações que não condiziam com a verdade. Segundo a mentalidade da época, o povo interpretava estes acontecimentos como uma punição divina dos pecados daquelas vítimas. Transmitia-se com isso uma imagem errada de Deus, como também se culpava inocentes.

            Os fatos motivam Jesus a guiar seus ouvintes à necessidade da conversão. Não a propõe em termos moralistas, mas realistas. Perante certas desgraças as certezas humanas entram em crise. Não se pode descarregar a culpa nas vítimas. Diante da precariedade da existência humana deve-se assumir uma atitude de responsabilidade. A atitude correta, segundo Jesus, é converter-se. Ninguém está isento de ser vítima de desastres. Também não se pode gastar todo tempo em procurar culpados. Faz-se necessário rever o próprio agir e assumir a própria responsabilidade no contexto.

            A fragilidade humana também se expressa na demora para promover mudanças, mesmo aquelas que são urgentes. A parábola, ao final do Evangelho, expressa a vida infrutífera “já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro”. As mudanças exigem paciência e misericórdia, além de esforço e investimento. “Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto”.

            Muito provocativo é o alerta de São Paulo na Carta aos Coríntios. “Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair”. A condição humana não deixa espaço para atitudes de arrogância. Achar que somente os outros erram e por isso posso emitir julgamentos é uma ilusão. Pois, posso estar muito bem hoje, ser justo e correto, mas isto não é garantia absoluta para o amanhã. Quando menos se espera também posso estar caindo. Como recomenda Paulo “cuidado para não cair”, vigilância e conversão diária.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

I Pregação da Quaresma 2022 - texto integral

Vatican News

Nesta sexta-feira, 11 de março, o pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa, OFMCap, propôs à Cúria Romana a primeira pregação da Quaresma: "A Liturgia da Palavra".

Fr. Raniero Cantalamessa, OFMCap.

A LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Pregação, Quaresma de 2022

Entre os vários males que a pandemia da Covid tem causado à humanidade, houve ao menos um efeito positivo do ponto de vista da fé. Ela nos fez tomar consciência da necessidade que temos da Eucaristia e do vazio que cria a sua falta. Durante o período mais agudo da pandemia em 2020, fiquei fortemente impressionado – e comigo, penso que muitos outros – com o que significava assistir pela televisão toda manhã à Santa Missa celebrada pelo Papa Francisco em Santa Marta.

Algumas igrejas locais e nacionais decidiram dedicar o ano corrente a uma catequese especial sobre a Eucaristia, em vista de um desejado renascimento eucarístico na Igreja católica. Parece-me uma decisão oportuna e um exemplo a ser seguido. Por isso, pensei em dar uma pequena colaboração ao projeto, dedicando as reflexões desta Quaresma a uma revisitação do mistério eucarístico.

A Eucaristia está no centro de todo tempo litúrgico, da Quaresma, não menos que nos demais tempos. É o que celebramos cada dia, a Páscoa diária. Cada pequeno progresso na sua compreensão se traduz em um progresso na via espiritual da pessoa e da comunidade eclesial. Contudo, ela é também, infelizmente, a coisa mais exposta, pela sua repetitividade, a cair na rotina, a se tornar coisa habitual. São João Paulo II, na Carta Ecclesia de Eucharistia de abril de 2003, diz que os cristãos devem redescobrir e manter sempre vivo “o estupor eucarístico”. Assim, a este fim, gostariam de servir as nossas reflexões: a reencontrar o estupor eucarístico.

Falar da Eucaristia em tempo de pandemia e agora, por acréscimo, com cenas de guerra diante dos olhos, não é um alienarmo-nos da realidade dramática em que vivemos, mas um convite a olhá-la de um ponto de vista superior e menos contingente. A Eucaristia é a presença na história do evento que inverteu para sempre os papéis entre vencedores e vítimas. Na cruz, Cristo fez da vítima o verdadeiro vencedor: “Victor quia victima”, assim define Santo Agostinho: vencedor justamente porque vítima. A Eucaristia nos oferece a verdadeira chave de leitura da história. Nos assegura que Jesus está conosco, não apenas intencionalmente, mas realmente neste nosso mundo que parece escapar de nossas mãos a qualquer momento. Ele nos repete: "Tenha coragem: eu venci o mundo!" (Jo 16:33).

A Eucaristia na história da salvação

Que posto ocupa a Eucaristia na história da salvação? A resposta é: não ocupa um lugar, mas a ocupa inteiramente! A Eucaristia é coextensiva à história da salvação. Ela, porém, está presente em três modos diversos, nos três diversos tempos, ou fases, da salvação: está presente no Antigo Testamento como figura; está presente no Novo Testamento como evento e está presente no tempo da Igreja como sacramento. A figura antecipa e prepara o evento, o sacramento “prolonga” e atualiza o evento.

No Antigo Testamento, dizia eu, a Eucaristia está presente “em figura”. Uma destas figuras era o maná, uma outra era o sacrifício de Melquisedec, uma outra ainda era o sacrifício de Isaac. Na sequência Lauda Sion Salvatorem, composta por Santo Tomás de Aquino para a festa de Corpus Christi, canta-se: “As figuras o simbolizam: é Isaac que se imola, o cordeiro que se destina à Páscoa, o maná dado a nossos pais”: In figúris præsignátur, / cum Isaac immolátur: /agnus paschæ deputátur: /datur manna pátribus.  Enquanto figuras da Eucaristia, Santo Tomás chama estes ritos de “os sacramentos da antiga Lei” [1].

Com a vinda de Cristo e o seu mistério de morte e ressurreição, a Eucaristia não está mais presente como figura, mas como evento, como realidade. Nós o chamamos “evento” porque é algo historicamente acontecido, um fato único no tempo e no espaço, ocorrido apenas uma vez (semel) e irrepetível: Cristo, “na plenitude dos tempos, uma vez por todas, se manifestou para destruir o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9,26).

Enfim, no tempo da Igreja, a Eucaristia, eu dizia, está presente como sacramento, isto é, no sinal do pão e do vinho, instituído por Cristo. É importante que compreendamos bem a diferença entre o evento e o sacramento: na prática, a diferença entre a história e a liturgia. Deixemo-nos ajudar por Santo Agostinho.

Nós – afirma o santo doutor – sabemos e cremos com fé certíssima que Cristo morreu uma só vez por nós, ele, justo pelos pecadores, ele, Senhor pelos servos. Sabemos perfeitamente que isso aconteceu uma só vez; e, contudo, o sacramento periodicamente o renova, como se se repetisse várias vezes o que a história proclama ter acontecido uma só vez. E, ainda assim, evento e sacramento não contrastam entre si, quase como se o sacramento fosse enganoso e apenas o evento fosse real. De fato, do que a história afirma ter acontecido na realidade, uma só vez, o sacramento renova (renovat) frequentemente a celebração disso no coração dos fiéis. A história desvela o que aconteceu uma vez e como aconteceu, a liturgia faz com que o passado não seja esquecido; não no sentido de que o faz acontecer de novo (non faciendo), mas no sentido de que o celebra (sed celebrando) [2].

Precisar o nexo que existe entre o sacrifício único da cruz e a Missa é algo bem delicado e tem sido sempre um dos pontos de maior discordância entre católicos e protestantes. Agostinho usa, como vimos, dois verbos: renovar celebrar, que são justíssimos, com a condição, porém, de serem compreendidos um à luz do outro: a Missa renova o evento da cruz celebrando-o (não reiterando-o!) e o celebra renovando-o (não apenas recordando-o!). A palavra, na qual se realiza hoje o maior consentimento ecumênico, é talvez o verbo (usado também por Paulo VI, na Encíclica Mysterium fideirepresentar, compreendido no sentido forte de re-apresentar, isto é, tornar novamente presente [3]. Neste sentido, dizemos que a Eucaristia “representa” a cruz.

Segundo a história, houve, portanto, uma só Eucaristia, aquela realizada por Jesus com a sua vida e a sua morte; segundo a liturgia, ao contrário, ou seja, graças ao sacramento, há tantas Eucaristias quantas são celebradas e serão celebradas até o fim do mundo. O evento se realizou uma só vez (semel), o sacramento se realiza “cada vez” (quotiescumque). Graças aos sacramento da Eucaristia, nós nos tornamos, misteriosamente, contemporâneos do evento; o evento se faz presente a nós e nós ao evento.

As nossas reflexões quaresmais terão por objeto a Eucaristia em seu estágio presente, isto é, como sacramento. Na Igreja antiga existia uma catequese especial, chamada mistagógica, que era reservada ao bispo e era ministrada depois, não antes, do batismo. O seu objetivo era revelar aos neófitos o significado dos ritos celebrados e as profundezas dos mistérios da fé: batismo, crisma ou unção, e, particularmente, a Eucaristia. O que nos propomos fazer é justamente uma pequena catequese mistagógica sobre a Eucaristia. Para permanecer o mais ancorados possível na natureza sacramental e ritual dela, seguiremos de perto o desenvolvimento da Missa em suas três partes – liturgia da palavra, liturgia eucarística e comunhão –, acrescentando no fim uma reflexão sobre o culto eucarístico fora da Missa.

Liturgia da palavra

Nos primeiríssimos dias da Igreja, a liturgia da Palavra era separada da liturgia eucarística. Os discípulos, referem os Atos dos Apóstolos, “dia após dia, unânimes, frequentavam o templo”; aí escutavam a leitura da Bíblia, recitavam os salmos e as orações, junto com os outros judeus; faziam o que se faz na liturgia da Palavra; depois se reuniam à parte, em suas casas, para “partir o pão”, isto é, para celebrar a Eucaristia (cf. At 2,46).

Bem cedo, contudo, esta praxe se tornou impossível, seja pela hostilidade da parte das autoridades hebraicas em relação a eles, seja porque as Escrituras tinham então adquirido para eles um sentido novo, orientado todo a Cristo. foi assim que também a escuta da Escritura se transferiu do templo e da sinagoga aos lugares de culto cristãos, assumindo pouco a pouco a fisionomia da atual liturgia da Palavra que precede a oração eucarística. Na descrição da celebração eucarística feita por São Justino no II século, não apenas a liturgia da Palavra é parte integrante dela, mas às leituras do Antigo Testamento se juntaram aquelas que o santo chama “as memórias dos apóstolos”, isto é, os Evangelhos e as Cartas, na prática o Novo Testamento [4].

Escutadas na liturgia, as leituras bíblicas assumem um sentido novo e mais forte do que quando lidas em outros contextos. Não têm tanto a finalidade de conhecer melhor a Bíblia, como quando é lida em casa ou em uma escola bíblica, quanto a de reconhecer aquele que se faz presente no partir o pão, de iluminar a cada vez um aspecto particular do mistério que está por se receber. Isto aparece, de modo quase programático, no episódio dos dois discípulos de Emaús. Foi escutando a explicação das Escrituras que o coração dos discípulos começou a se abrir, de modo que foram depois capazes de reconhecê-lo “ao partir o pão” (Lc 24,1ss.). A de Jesus ressuscitado foi a primeira “liturgia da palavra” na história da Igreja!

Segunda característica: na Missa, as palavras e os episódios da Bíblia não são apenas narrados, mas revividos; a memória se torna realidade e presença. O que acontece “naquele tempo”, acontece “neste tempo”, “hoje” (hodie), como ama expressar-se a liturgia. Nós não somos apenas ouvintes da palavra, mas interlocutores e atores nela. É a nós, ali presentes, que é dirigida a palavra; somos chamados a assumir o lugar dos personagens evocados.

Alguns exemplos ajudarão a entender. Uma vez se lê, na primeira leitura, o episódio de Deus que fala a Moisés da sarça ardente: nós estamos, na Missa, diante da verdadeira sarça ardente... Uma outra vez, fala-se de Isaías que recebe nos lábios a brasa ardente que o purifica para a missão: nós estamos prestes a receber nos lábios a verdadeira brasa ardente, o fogo que Jesus veio trazer sobre a terra... Ezequiel é enviado para comer o rolo dos oráculos proféticos: nós nos aproximamos para comer aquele que é a própria palavra feita carne e feita pão.

A coisa se torna ainda mais clara se, do Antigo Testamento, passamos ao Novo, da primeira leitura ao trecho evangélico. A mulher que sofria de hemorragia está certa de ser curada se conseguir tocar a barra do manto de Jesus: o que dizer de nós, que estamos prestes a tocar bem mais do que a barra do seu manto? Uma vez, escutava no Evangelho o episódio de Zaqueu e fui tocado pela “atualidade”. Eu era Zaqueu; eram dirigidas a mim as palavras: “Hoje eu devo ficar na tua casa”; era de mim que se podia dizer: “Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!”, e era a mim, após tê-lo recebido na comunhão, que Jesus dizia: “Hoje a salvação entrou nesta casa” (cf. Lc 19,9).

Assim também de cada episódio evangélico. Como não se identificar na Missa com o paralítico ao qual Jesus diz: “Os teus pecados estão perdoados” e “Levanta-te e anda” (cf. Mc 2,5.11); com Simeão, que segura nos braços o Menino Jesus (cf. Lc 2, 27-28); com Tomé, que toca as suas feridas (Jo 20,27-28)? No segundo domingo do Tempo Comum do corrente ciclo litúrgico, há o trecho evangélico em que Jesus diz ao homem da mão paralisada: “‘Estende a mão’. Ele a estendeu e a mão ficou curada” (Mc 3,5). Nós não temos a mão paralisada; porém, temos todos, quem mais e quem menos, a alma paralisada, o coração ressecado. É a quem escuta que Jesus diz naquele momento: “Estende a tua mão! Estende o teu coração diante de mi, com a fé e a prontidão daquele homem”.

A Escritura proclamada durante a liturgia produz efeitos que estão acima de toda explicação humana, à maneira dos sacramentos que produzem o que significam. Os textos divinamente inspirados também têm um poder de cura. Após a leitura do trecho evangélico na Missa, a liturgia convida o ministro a beijar o livro dizendo: “Pelas palavras do santo Evangelho sejam perdoados os nossos pecados” (Per evangelica dicta deleantur nostra delicta).

Ao longo da história da Igreja, eventos de época aconteceram como resultado da escuta das leituras bíblicas durante a Missa. Um jovem ouviu um dia o trecho evangélico em que Jesus diz a um jovem rico: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem, e segue-me” (cf. Mt 19,21). Entendeu que aquela palavra era dirigida a ele pessoalmente, por isso, foi para casa, vendeu tudo o que tinha e se retirou no deserto. Seu nome era Antão, o iniciador do monaquismo. Muitos séculos depois, em Assis, um outro jovem, há pouco convertido, entrou em uma igreja com um amigo. No Evangelho do dia, Jesus dizia aos seus discípulos: “Não leveis nada pelo caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas” (Lc 9,3). O jovem se voltou ao seu amigo e disse: “Ouviste isso? É isso que o Senhor que façamos também nós”. E iniciou daí a ordem franciscana.

A liturgia da Palavra é a melhor fonte que temos para fazer cada vez, da Missa, uma celebração nova e atraente, evitando assim o grande perigo de uma repetição monótona que, especialmente os jovens, acham entediante. Para que isto se realize, devemos investir mais tempo e oração na preparação da homilia. Os fiéis deveriam poder entender que a palavra de Deus toca as situações reais da vida e é a única a ter respostas às questões mais sérias da existência.

Há dois modos de preparar uma homilia. Alguém pode se sentar à escrivaninha e escolher o tema em base às próprias experiências e conhecimentos; assim, uma vez preparado o texto, pôr-se de joelhos e pedir a Deus para que infunda o Espírito nas próprias palavras. É algo bom, mas não é um modo profético. Para sermos proféticos, é preciso seguir a via inversa: antes, pôr-se de joelhos e perguntar a Deus qual é a palavra que ele quer fazer ressoar para seu povo

Deus, de fato, tem uma sua palavra para cada ocasião e não deixa de revelá-la ao seu ministro que a pedir humildemente e com insistência. No início, não se tratará mais do que um pequeno movimento do coração, uma luz que se acende na mente, uma palavra da Escritura que chama a atenção e que lança luz sobre uma situação vivida. Trata-se, aparentemente, de uma pequena semente, mas contém o que o povo precisa escutar naquele momento.

Depois disso, alguém pode se sentar à escrivaninha, abrir os próprios livros, consultar anotações, reunir e organizar os próprios pensamentos, consultar os Padres da Igreja, os mestres, às vezes, os poetas; mas agora, não é mais a palavra de Deus que está à serviço da sua cultura, mas a sua cultura a serviço da palavra de Deus. Só assim a Palavra manifesta o seu poder intrínseco.

A obra do Espírito Santo

Mas é preciso acrescentar uma cosa: toda a atenção dada à palavra de Deus, por si só, não basta. Sobre ela deve descer “a força do alto”. Na Eucaristia, a ação do Espírito Santo não é limitada apenas ao momento da consagração, à epiclese que se recita antes dela A sua presença é igualmente indispensável para a liturgia da palavra, e veremos, a seu tempo, para a comunhão.

O Espírito Santo continua, na Igreja, a ação do Ressuscitado que, após a Páscoa, “abria a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras” (cf. Lc 24,45). A escritura, afirma a Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, “deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita” [5]. Na liturgia da palavra, a ação do Espírito Santo é exercida mediante a unção espiritual presente em quem fala e em quem escuta.

“O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me consagrou com a unção
para anunciar a Boa-nova aos pobres” (Lc 4,18).

Jesus indicou assim de onde tira força a palavra anunciada. Seria um erro confiar-se apenas na unção sacramental que recebemos uma vez por todas na ordenação sacerdotal ou episcopal. Ela nos habilita a cumprir certas ações sagradas, como governar, pregar e ministrar os sacramentos. Ela nos dá, por assim dizer, a autorização para fazer certas coisas, não necessariamente algo da autoridade que as multidões percebiam quando Jesus falava; assegura a sucessão apostólica, não necessariamente o sucesso apostólico!

Mas se a unção é dada pela presença do Espírito e é seu dom, o que podemos fazer para tê-la? Primeiramente, devemos partir de uma certeza: “Nós recebemos a unção do Santo”, assegura-nos São João (1Jo 2,20). Ou seja, graças ao batismo e à crisma – e, para alguns, à ordenação presbiteral ou episcopal –, nós já possuímos a unção. Na verdade, segundo a doutrina católica, ela imprimiu em nossa alma um caráter indelével, como uma marca ou um selo: “É Deus – escreve o Apóstolo – que nos confirma juntamente convosco, em Cristo, como também é Deus que nos ungiu, nos marcou com seu selo e deu-nos, em nossos corações, a garantia Espírito” (2Cor 1,21-22).

Esta unção, porém, é como um unguento perfumado fechado em um vaso: permanece inerte e não libera nenhum perfume se não se quebrar e não se abrir o vaso. Assim acontece com o caso de alabastro quebrado pela mulher do evangelho, cujo perfume encheu a casa inteira (Mc 14,3). Aí está onde se insere a nossa parte em relação à unção. Ela não depende de nós, mas depende de nós remover os obstáculos que impedem sua irradiação. Não é difícil entender o que significa para nós quebrar o vaso de alabastro. O vaso é a nossa humanidade, o nosso eu, às vezes, o nosso árido intelectualismo. Quebrá-lo, significa pôr-se em estado de submissão a Deus e de resistência ao mundo.

Felizmente, nem tudo é confiado ao esforço ascético. Muito mais, nesse caso, a fé, a oração, a humilde súplica. Pedir, assim, a unção antes de nos dirigirmos a uma pregação ou a uma ação importante a serviço do Reino. Enquanto nos preparamos à leitura do evangelho e à homilia, a liturgia nos faz pedir ao Senhor para purificar o nosso coração e os nossos lábios para poder anunciar dignamente o evangelho. Por que não dizer, vez ou outra (ou ao menos pensar para si mesmo): “Ó Deus todo-poderoso, ungi-me o coração e os lábios, para que eu anuncie com a doçura e a força do Espírito a vossa palavra”?

A unção não é necessária apenas aos pregadores para proclamar eficazmente a palavra, também o é aos ouvintes para acolhê-la. O evangelista João escrevia à sua comunidade: “Vós já recebestes a unção do Santo e todos tendes conhecimento... a unção que recebestes da parte de Jesus permanece convosco e não tendes necessidade de que alguém vos ensine” (1Jo 2,20.27). Não significa que todo ensinamento seja inútil. Por que, então, João escreve a sua carta e nós lhes pregamos?, comenta Agostinho, e responde: “É o mestre interior quem realmente instrui, é Cristo e a sua inspiração a instruir. Quando falta a sua inspiração e a sua unção, as palavras externas fazem apenas um inútil ruído” [6].

Esperamos que também hoje Cristo nos tenha instruído com sua inspiração interior e o meu falar não tenha sido “um inútil ruído”.

Tradução de fr. Ricardo Farias, ofmcap

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[1] Tomás de Aquino, S.Th., III, q.60, a. 2,2.

[2] Cf. Agostinho, Sermo 112 (PL 38, 643).

[3] Paulo VI, Mysterium fidei (AAS 57, 1965, p. 753ss).

[4] Justino, I Apologia, 67,3-4

[5] Dei Verbum, 12.

[6] Cf. Agostinho, Comentário à Primeira Epístola de João, 3,13.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF