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terça-feira, 5 de abril de 2022

EDUCAÇÃO CATÓLICA: Educar para o humanismo solidário (Parte 13)

paroquiadasaude.com.br

Dom Antônio Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA)

EDUCAÇÃO CATÓLICA:  Educar para o humanismo solidário (Parte 13) 

Em 2017, por ocasião da celebração dos 50 anos da encíclica Populorum Progressio (PP), sobre o desenvolvimento humano dos povos, escrita pelo Papa Paulo VI em 1967, a Congregação para a Educação Católica lançou um documento com o título “Educar ao humanismo solidário”. É uma joia literária educativa que estimula os educadores e líderes sociais a promoverem a “Civilização do Amor” através da Educação.  

A encíclica Populorum Progressio reflete sobre critérios para o verdadeiro desenvolvimento dos povos; segundo esse documento a questão da injustiça no mundo tem dimensões estruturais. Onde há estruturas e sistemas injustos ali a promoção da justiça deverá ser combatida através de uma nova arquitetura e cultura na sociedade. Isso passa inevitavelmente pela educação.  

“O desenvolvimento exige transformações audaciosas, profundamente inovadoras. Devem empreender-se, sem demora, em reformas urgentes. Contribuir para elas com a sua parte, compete a cada pessoa, sobretudo àquelas que, por educação, situação e poder, têm grandes possibilidades de influxo” (PP, 32).  

A partir de um processo de educação, que é direito de todos, os cidadãos devem se tornar participantes do desenvolvimento integral, em espírito de colaboração solidária, e declarar que “o desenvolvimento é o novo nome da paz” (PP, 87); o desenvolvimento é a passagem para condições mais humanas (cf. PP, 21). O documento se conclui com vários apelos específicos: aos católicos, aos cristãos e crentes, aos homens de boa vontade, às autoridades, aos intelectuais para a promoção da renovação da ordem temporal. 

 A Educação e o desenvolvimento humano 

A Encíclica Populorum progressio nos apresentou vários critérios para que o desenvolvimento humano possa ser autêntico, pleno, verdadeiramente humano e não simplesmente ser reduzido ao aspecto econômico, científico e tecnológico. A economia e a ciência devem estar a serviço da dignidade humana.  

A humanidade não tem outra via para buscar o desenvolvimento pleno a não ser através da educação. “A educação será ineficaz e os seus esforços estéreis, se não se preocupar também por difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza» (N.2).  

O documento “educar para o humanismo solidário”, retomando as provocações e os horizontes da PP, apresenta diretrizes para que a educação possa, de fato, em todos os contextos, contribuir para a promoção de um mundo mais humano e solidário. 

 O cenário contemporâneo  

O mundo atual vive muitos dramas; está multifacetado, em constante mudança, atravessando múltiplas crises. Estas são de várias naturezas: crises econômicas, financeiras, de trabalho; crises políticas, democráticas, de participação popular; crises ambientais, crises demográficas, políticas e migratórias etc. As consequências provocadas por tais crises revelam diariamente o seu carácter dramático que ameaçam o bem-estar da humanidade.  

A paz no mundo está constantemente ameaçada; difunde-se a insegurança causada pelo terrorismo internacional; no campo político há fortes sentimentos populistas e nacionalistas; as desigualdades econômicas persistem e há uma injusta distribuição dos bens naturais. Esses males concorrem para a promoção da miséria, do desemprego, da exploração; enfim, para a decadência do humanismo porque está fundado no paradigma da indiferença à dignidade humana (cf. N. 3-4). 

Por outro lado, há também no mundo um movimento em prol da solidariedade. “A globalização das relações é também a globalização da solidariedade”. Isso se manifesta nas correntes de solidariedade, nas iniciativas de assistência e de caridade quando acontece uma catástrofe em alguma parte do mundo. Todavia, tais gestos, muitas vezes ocasionais, não suprimem os problemas das desigualdades. Há uma urgência da promoção da cultura da solidariedade como conjunto de atitudes permanentes de cuidado e promoção da dignidade humana (cf. N. 5). 

O homem contemporâneo vive uma grande contradição; se por um lado, há um enorme avanço científico e tecnológico, por outro, a humanidade carece de projetos humanitários. “O que, talvez, ainda falte é o desenvolvimento conjunto das oportunidades civis através de um plano educativo, capaz de explicar as motivações da cooperação num mundo solidário” (N.6). Eis porque é urgente a promoção de uma educação capaz de estimular o humanismo solidário.   

 É preciso humanizar a educação 

A educação deve estar a serviço da realização dos maiores e mais nobres objetivos da humanidade: o desenvolvimento harmônico das qualidades físicas, morais e intelectuais finalizados ao gradual amadurecimento do sentido de responsabilidade; a conquista da verdadeira liberdade; a positiva e prudente educação sexual, a capacitação para o diálogo, a consciência da promoção do bem comum (cf. N.7). 

É preciso um sério investimento numa educação baseada em profundas concepções antropológicas saudáveis, de modo que possa dar respostas ao materialismo, ao individualismo, ao consumismo, à corrupção, ao relativismo, e a tantas outras formas de pensar e de organizar a vida porque depõem contra a dignidade humana. 

É preciso humanizar a educação para ir ao encontro da vocação do ser humano. “Humanizar a educação” significa colocar a pessoa no centro da educação, num quadro de relações que compõem uma comunidade viva, interdependente, vinculada a um destino comum. É desta maneira que é caracterizado o humanismo solidário” (N.8). Humanizar a educação significa, ainda, perceber que é preciso renovar o pacto educativo entre as gerações, pois a Igreja afirma que «a boa educação familiar é a coluna vertebral do humanismo” (N.9). 

“Uma educação humanizada, portanto, não se limita a fornecer um serviço de formação, mas cuida dos seus resultados no quadro geral das capacidades pessoais, morais e sociais dos participantes no processo educativo” (N.10).  

 A promoção da cultura do diálogo 

As nossas sociedades atualmente no mundo globalizado são profundamente marcadas pela interculturalidade, pela convivência multicultural de muitos povos, tradições, religiões e concepções de mundo diferentes. Isso naturalmente, às vezes, contribui para a incompreensões, exclusões, conflitos (cf. N. 11). O mundo é profundamente marcado pela beleza da diversidade.  

Educar para o humanismo solidário significa também preparar as pessoas para que possam dialogar; o diálogo não é simplesmente troca de palavras, mas pressupõe a acolhida da diversidade, a aceitação do outro, o reconhecimento da sua dignidade, o respeito por seus valores. Educar para o humanismo solidário pressupõe ainda, quesitos importantes como o reconhecimento da liberdade e da igualdade entre todos os povos das mais variadas culturas; a consciência da mesma dignidade de todos, deve nos levar à busca incessante da paz, da justiça juntos, pois somos convocados a promover soluções para os problemas do mundo (cf. N.12). Educar para o diálogo deve ser um componente importante para todas as instituições educativas. (A reflexão continua)… 

PARA A REFLEXÃO PESSOAL: 

  1. Você já leu a encíclica Populorum Progressio? O que mais lhe chamou à atenção? 
  1. Qual é a relação das crises contemporâneas com a Educação? 
  1. O que que significa “humanizar a educação”? 

Como ajudar a preparar seus filhos para a Primeira Comunhão

Rawpixel.com/Shutterstock
Por Mathilde de robien

Essa missão também é dos pais, não apenas da Igreja.

Juntamente com o Batismo e a Confirmação, a Primeira Comunhão é um dos três sacramentos da iniciação cristã. Na maioria das vezes, as crianças recebem a Eucaristia pela primeira vez quando atingem a idade da razão – mais ou menos até os 13 anos (as tradições locais variam).

Segundo o Código de Direito Canônico, as crianças devem ter “conhecimento suficiente” e ter recebido “preparação cuidadosa para que entendam o mistério de Cristo de acordo com sua capacidade e sejam capazes de receber o corpo de Cristo com fé e devoção” (Cânon 913).

Geralmente, a preparação para a Primeira Comunhão é feita na paróquia ou na escola, que pode terminar com um pequeno retiro.

No entanto, essa missão também é dos pais.

“Os pais, ou quem fizer as suas vezes, e ainda o pároco têm o dever de procurar que as crianças, ao atingirem o uso da razão, se preparem convenientemente e recebam quanto antes este divino alimento, feita previamente a confissão sacramental; compete também ao pároco vigiar por que não se aproximem da sagrada comunhão as crianças que não tenham atingido o uso da razão ou aquelas que julgue não estarem suficientemente preparadas.”

Cânon 914

Como ajudar

Mas o que nós, pais, podemos fazer no dia a dia para ajudar na preparação dos nossos filhos para receber a Primeira Comunhão?

A primeira coisa é acompanhar a formação dada na escola ou na paróquia. Podemos perguntar a nossos filhos: “Sobre o que vocês falaram durante a aula? O que vocês aprenderam? O que mais o impressionou?” Nosso interesse mostra que valorizamos o sacramento da Eucaristia.

Em segundo lugar, nossa maneira de ser, especialmente durante a Missa, influencia nossos filhos. Assim, deixar transparecer nosso próprio desejo de comungar é uma forma de prepará-los para receber o sacramento da Eucaristia.

Finalmente, durante todo o período de preparação, é bom prestar atenção especial aos nossos filhos durante a Missa. Podemos nos certificar de chegarmos sempre a tempo para que eles possam ver bem o altar e, assim, permanecerem mais atentos.

Mas a melhor escola para entender a liturgia e os sacramentos é participar adequadamente da Missa!

Atenção especial à Liturgia Eucarística

Se há um momento durante a Missa em que devemos convidar nossos filhos a estarem particularmente atentos é durante a Liturgia Eucarística. Podemos encorajá-los a ouvir atentamente o sacerdote, observá-lo, reparar nos gestos de suas mãos: levantados e abertos para o céu, voltados para a congregação e para o altar ou segurando a hóstia. Os ensinamentos que eles receberam durante a catequese poderão, então, ressoar neles neste momento. Também podemos sussurrar algumas explicações: “É o próprio Jesus que se oferece a nós no pão e no vinho”, “Jesus virá a cada um de nós …”.

Durante o Ofertório, podemos convidá-los a colocar suas boas e más ações e suas alegrias e tristezas nas mãos do Senhor. No momento da Elevação, por que não encorajá-los a simplesmente dizer: “Obrigado Senhor, eu te amo”? Esta é uma forma de ensiná-los a estar particularmente próximos de Jesus no momento em que Ele se torna presente no meio da assembleia.

Depois de receber a Comunhão, os fiéis são convidados a rezar. Mesmo que nossos filhos ainda não tenham recebido a hóstia, podemos nos oferecer para rezar com eles.

Um simples “obrigado”, dito com fé e amor, é uma oração excelente para dar graças após a Comunhão. Podemos tornar nossos filhos conscientes da graça que alcançamos quando recebemos a Comunhão.

Finalmente, quando o dia a Primeira Comunhão se aproximar, podemos pedir-lhes que escolham pequenos cartões para distribuir aos nossos entes queridos como lembrança da ocasião. Eles podem escrever seu primeiro nome e a data neles, e serem inspirados pela doçura ou pelo simbolismo das imagens.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Novo livro sobre Charles de Foucauld no Brasil

Charles de Foucauld | Vatican News

Em Bênni Abbês, nosso eremita escreve sobre como se sente enquanto irmão universal: “Eu quero acostumar todos os habitantes, cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras, a me perceberem como seu irmão, como um irmão universal.

Irmão. Vanderlei de Lima - eremita de Charles de Foucauld

A Editora Cultor de Livros publicou a nossa obra “Vida e espiritualidade de Charles de Foucauld e Regra de vida eremítica”.

Ela se abre com a vida de Foucauld e o milagre que o levará à canonização, passa pelos grande pontos da sua rica espiritualidade, pelo elogio que os Papas recentes lhe fizeram e chega à nossa Regra de vida eremítica e a três orações muito estimadas pelo eremita do Saara. Neste modesto artigo, pretendemos deixar que o próprio Foucauld nos fale, como, aliás, buscamos fazer no livro que agora vem à luz.

Em Bênni Abbês, nosso eremita escreve sobre como se sente enquanto irmão universal: “Eu quero acostumar todos os habitantes, cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras, a me perceberem como seu irmão, como um irmão universal. Eles começaram a chamar a casa [de Charles de Foucauld — nota nossa] ‘a fraternidade’ (khauja, em árabe) e isto me deixa muito contente”. A respeito dos muçulmanos, nosso santo eremita – confirmando, uma vez mais, o seu desejo de fraternidade universal, sem renunciar à fé católica – afirma: “Vou para o sul da província de Oran, até a fronteira do Marrocos, para uma das guarnições francesas sem sacerdote, viver lá como monge, em silêncio e retraído do mundo exterior, sem título de pároco ou capelão; como monge, em oração, e administrando os sacramentos. O objetivo é duplo: primeiro, impedir que os nossos soldados morram sem os sacramentos nesses lugares onde a febre mata muitos e onde não há sacerdote perto. Segundo, sobretudo, fazer o máximo possível de bem à população muçulmana tão numerosa e tão abandonada, levando até ela Jesus na Eucaristia, assim como Maria foi uma bênção para João Batista, levando Jesus até ele”.

O mistério da Encarnação é essencial na espiritualidade de Charles de Foucauld. Daí escrever ele, em 6 de novembro de 1897, esta belíssima reflexão: “A Encarnação tem sua fonte na bondade de Deus, mas uma coisa logo se destaca, tão maravilhosa, tão brilhante, tão surpreendente que brilha como um sinal fascinante: é a humildade infinita que tal mistério encerra... Deus, o Ser, o Infinito, o Perfeito, o Criador todo-poderoso, Imenso, Mestre soberano de tudo, ao fazer-se homem, unindo-se a uma alma e a um corpo humanos e aparecendo na terra como um homem, e como o último dos homens [...]. Para mim: buscar sempre o último dos lugares, para fazer-me tão pequeno quanto meu Mestre, para estar com Ele, para segui-Lo, passo a passo, como servo fiel, discípulo fiel [...] para viver com meu Deus que viveu assim toda a sua vida e me dá um exemplo tão grande no seu nascimento”.

A respeito da adoração eucarística, no retiro de 1897, nosso monge sem mosteiro registra: “Não estavas mais perto da Virgem Santíssima, de São José, na gruta de Belém, na casa de Nazaré, na fuga para o Egito, em todos os instantes da vida desta sagrada família, do que estás de mim neste momento e tantas, tantas vezes neste sacrário. [...] Ficar na minha cela quando podia estar diante de ti no Sacrário, é como se Madalena, quando estiveste em Betânia, te deixasse só para ir pensar em ti sozinha no quarto”.

Charles de Foucauld também chegou a reflexões magistrais como esta de Marcos 6,31 que toca um dos eixos da vida eremítica quando, por exemplo, escreve o seguinte: “Quanto mais a sós estivermos com Jesus, melhor o amor aprecia a entrevista; quanto menos estivermos na companhia de outras criaturas, mais poderemos consagrar todos os nossos minutos, pensamentos e todo o nosso coração à contemplação amorosa de Jesus, e melhor aproveitaremos para estar na companhia de nosso Bem-Amado; que sejam períodos de solidão na companhia de Jesus, constantemente na Sua companhia, aos Seus pés, não nos ocupando senão d’Ele, quer olhando-O em silêncio quer interrogando-O, como faziam os apóstolos, a Santíssima Virgem e Santa Maria Madalena, quando se encontravam a sós na companhia desse divino e Bem-Amado Jesus... [...] Contemplação constante, meditação maior ou menor consoante o que Jesus nos der e indicar, pois devemos seguir as indicações do seu Espírito”.

Como não deixar tudo para buscar só a Deus após ler e meditar o que Charles de Foucauld escreveu? – Que o livro muito nos ajude neste santo propósito.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Vicente Ferrer

S. Vicente Ferrer | arquisp
05 de abril

São Vicente Ferrer

Vicente nasceu em Valência, na Espanha, em 1350. Passou a infância e a juventude junto aos padres dominicanos, que tinham um convento próximo de sua casa. Percebendo sua vocação, pediu ingresso na Ordem dos Pregadores (dominicanos) aos dezessete anos.

Vicente estudou em Lérida, Barcelona e Tolosa, doutorando-se em filosofia e teologia, e ordenando-se sacerdote em 1378. Pregador nato, nesse mesmo ano começou sua peregrinação por toda a Europa, durante um período negro da história, quando ocorreu a Guerra dos Cem Anos, quando forças políticas, alheias à Igreja, tinham tanta influência que atuavam até na eleição dos papas.

Assim, quando um italiano foi eleito papa, Urbano VI, as correntes políticas francesas não o aceitaram e elegeram outro, um francês, Clemente VII, que foi residir em Avinhão, na França. A Igreja dividiu-se em duas, ocorrendo o chamado cisma da Igreja ocidental, porque ela ficou sob dois comandos, o que durou trinta e nove anos.

Vicente Ferrer, pregador, já era muito conhecido. Como prior do convento de Valência, teve contato com o cardeal Pedro de Luna, que o convenceu da legitimidade do papa de Avinhão, e Vicente aderiu à causa. Em 1384, o referido cardeal foi eleito papa Bento XIII e habilmente fez do dominicano Vicente seu confessor, sendo defendido por ele até 1416, como fazia Catarina de Sena, sua contemporânea, pelo italiano Urbano VI.

O coração desse dominicano era dotado de uma fé fervorosa, mas passando por uma divisão dessas, e juntando-se o panorama geral da Europa na época: por toda parte batalhas sangrentas, calamidades públicas, fome, miséria, misticismo, ignorância, além da peste negra, que dizimou um terço da população. Tudo isso fez que a pregação de Vicente Ferrer ganhasse a nuance do fatalismo.

Ele andou pela Espanha, França, Itália, Suíça, Bélgica, Inglaterra e Irlanda e muitas outras regiões, defendendo sempre a unidade da Igreja, o fim das guerras, o arrependimento e a penitência, como forma de esperar a iminente volta de Cristo. Tornou-se a mais alta voz da Europa. Pregava para multidões e as catedrais tornavam-se pequenas para os que queriam ouvi-lo. Por isso fazia seus sermões nas grandes praças públicas. Milhares de pessoas o seguiam em procissões de penitência. Dizem os registros da Igreja, e mesmo os que não concordavam com ele, que Deus estava do seu lado. A cada procissão os prodígios e graças sucediam-se e podiam ser comprovados às centenas entre os fiéis.

O cisma da Igreja só terminou quando os dois papas renunciaram ao mesmo tempo, para o bem da unidade do cristianismo. Vicente retirou seu apoio ao papa Bento XIII e, com sua atuação, ajudou a eleger o novo papa, Martinho V, trazendo de novo a união da Igreja ocidental. As nuvens negras dissiparam-se, mas as conversões e as graças por obra de Vicente Ferrer ficarão por toda a eternidade.

Ele morreu no dia 5 de abril de 1419, na cidade de Vannes, Bretanha, na França. Foi canonizado pelo papa Calisto III, seu compatriota, em 1458, que o declarou padroeiro de Valência e Vannes. São Vicente Ferrer foi um dos maiores pregadores da Igreja do segundo milênio e o maior pregador do século XIV.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Santo Isidoro de Sevilha

S. Isidoro de Servilha | arquisp
04 de abril

Santo Isidoro de Sevilha

Isidoro, o mais novo de quatro irmãos, nasceu em 560, em Sevilha, capital da Andaluzia, numa família hispano-romana muito cristã. Seu pai, Severiano, era prefeito de Cartagena e comandava sua cidade dentro dos mais disciplinados preceitos católicos. A mãe, Teodora, educou todos os filhos igualmente nas regras do cristianismo. Como fruto, colheu a alegria de ter quatro deles: Isidoro, Fulgêncio, Leandro e Florentina, elevados à veneração dos altares da Igreja.

Isidoro começou a estudar a religião desde muito pequeno, tendo na figura do irmão mais velho, Leandro, o pai que falecera cedo. Diz a tradição que logo que ingressou na escola o menino tinha muitas dificuldades de aprendizagem, chegando a preocupar a família e os professores, mas rapidamente superou tudo com a ajuda da Providência Divina. Formou-se em Sevilha, onde, além do latim, ainda aprendeu grego e hebraico, e ordenou-se sacerdote.

Tudo isso contribuiu muito para que trabalhasse na conversão dos visigodos arianos, a começar pelo próprio rei. Isidoro também foi o responsável pela conversão dos judeus espanhóis. Tornou-se arcebispo e sucedeu a seu irmão Leandro, em Sevilha, durante quase quatro décadas. Logo no início do seu bispado, Isidoro organizou núcleos escolares nas casas religiosas, que são considerados os embriões dos atuais seminários. Sua influência cultural foi muito grande, era possuidor de uma das maiores e mais bem abastecidas bibliotecas e seu exemplo levou muitas pessoas a dedicarem seus tempos livres ao estudo e às boas leituras.

Depois, retirou-se para um convento, onde poderia praticar suas obrigações religiosas e também se dedicar intensamente aos estudos. Por seus profundos conhecimentos, presidiu o II Concílio de Sevilha, em 619, e o IV Concílio de Toledo, em 633, do qual saíram leis muito importantes para a Igreja, de modo que a religiosidade se enraizou no país. Por isso foi chamado de "Pai dos Concílios" e "mestre da Igreja" da Idade Média.

Isidoro era tão dedicado à caridade que sua casa vivia cheia de mendigos e necessitados, isso todos os dias. No dia 4 de abril de 636, sentindo que a morte estava se aproximando, dividiu seus bens com os pobres, publicamente pediu perdão para os seus pecados, recebeu pela última vez a eucaristia e, orando aos pés do altar, ali morreu.

Ele nos deixou uma obra escrita sobre cultura, filosofia e teologia considerada a mais valorosa do século VII. Nada menos que uma enciclopédia, com vinte e um volumes, chamada Etimologias, considerada o primeiro dicionário escrito, um livro com a biografia dos principais homens e mulheres da Bíblia, regras para mosteiros e conventos, além de muitos comentários acerca de cada um dos livros da Bíblia, estudo que mais lhe agradava.

Dante Alighieri cita Isidoro de Sevilha em seu livro A divina comédia, no capítulo do Paraíso, onde vê "brilhar o espírito ardente" nesse teólogo. Em 1722, o papa Bento XIV proclamou santo Isidoro de Sevilha doutor da Igreja, e seu culto litúrgico confirmado para o dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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domingo, 3 de abril de 2022

Bioeticistas criticam defesa do aborto da Organização Mundial de Saúde

Imagem ilustrativa / Liv Bruce (Unsplash)

MADRI, 01 abr. 22 / 04:15 pm (ACI).- A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento com orientações sobre a prática do aborto recomendando que seja despenalizado, pois o considera “fundamental para a saúde de mulheres e meninas”.

O organismo da Organização das Nações Unidas (ONU) defende eliminar qualquer obstáculo ao acesso ao aborto. Isso inclui a objeção de consciência pelos profissionais de saúde envolvidos, períodos de espera obrigatórios antes do aborto ou a necessidade de autorização de outras pessoas. O objetivo é a descriminalização total do aborto, sem limite de idade gestacional, em todos os países.

O Observatório de Bioética da Universidade Católica de Valência (UCV) publicou uma avaliação das recomendações da OMS. "É difícil explicar que a Organização Mundial da Saúde, organização internacional líder no estabelecimento de políticas destinadas a preservar e promover a saúde da população, defenda inequivocamente o extermínio da população mais vulnerável - os nascituros - através do aborto sem limites”, disse o observatório. ‘Defende-o e promove-o subordinando a concessão de ajudas à aceitação dos seus postulados contra a vida”.

Para os bioeticistas do observatório, “a saúde, que o organismo deve defender, não é possível sem vida. Os nascituros também têm direito à saúde, portanto, antes de tudo, têm direito à vida. E não apenas alguns: todos têm o mesmo direito de ter sua saúde preservada igual o restante da população. Como é possível apoiar políticas de promoção da saúde com uma mão e usar a outra em procedimentos homicidas dirigidos contra os mais frágeis, os mais indefesos?”

“Abortar não promove a saúde. Em nenhum caso. O aborto, além de acabar com a vida do nascituro, que é o extremo oposto da promoção de sua saúde, prejudica a saúde da mulher que aborta”, afirma a UCV.

Porque “a incidência de transtornos pós-aborto tem sido evidenciada por inúmeros estudos, principalmente quando o aborto é repetido. Mesmo em mulheres adolescentes, o aborto não contribui para a promoção da sua saúde, muito pelo contrário, como mostram outros trabalhos”, destacam.

“Embora no início da defesa do aborto e de seus procedimentos legais tenha sido evocada a necessidade de evitar que crianças gravemente doentes nasçam ou suas mães sejam expostas a gestações de alto risco, hoje a própria OMS quer estender o aborto a todo o período da gravidez, a todos os casos, sem limites, com ajudas, sem que os profissionais de saúde possam opor-se em consciência”.

E concluem que “a OMS está doente. Está gravemente doente quem deve velar pela saúde. E o problema é que é uma doença contagiosa contra a qual devemos nos proteger dizendo a verdade, mostrando a evidência e defendendo os mais frágeis”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Quando celebrar a Páscoa?

Cordeiro | Guadium Press
O dia em que se deveria celebrar a “festa das festas” e a “solenidade das solenidades” da Igreja Católica ocasionou aproximadamente seis séculos de controvérsias entre os fiéis do Oriente e do Ocidente.

Redação (01/04/2022 09:38Gaudium Press) No culto da antiga lei, a festa da Páscoa era celebrada ao cair da tarde do décimo quarto dia do primeiro mês, o mês de Nissan, conforme o próprio Deus comunicara a Moisés. (Cf. Lv. 23, 5).

Com a ceia do cordeiro pascal, o Senhor tinha a intenção de que o povo, ao celebrá-la, rememorasse sua libertação do jugo da escravidão do faraó, além da indulgência que teve com os primogênitos dos filhos de Israel. Na ocasião, cada chefe de família deveria sacrificar um cordeiro e comê-lo com ervas amargas, em companhia de todos os seus.[1]

Entretanto, com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo à terra, a Igreja, povo da nova lei, passou a considerar a Páscoa como a “festa das festas” e a “solenidade das solenidades”,[2] pois foi esta a ocasião em que Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado para nos redimir.  Assim, nesta tão grandiosa solenidade, a Igreja celebra o momento em que Cristo não só padeceu, mas que, sobretudo, ressuscitou, vencendo e destruindo o império da morte para todo o sempre.[3]

Por isso, nos tempos atuais, celebra-se a Páscoa no Domingo, pois, segundo narra o Evangelista (Cf. Jo, 20, 1), foi esse o dia em que o Senhor ressuscitou. Porém, nem sempre foi desta maneira.

Seis séculos de polêmicas

Nos primórdios da Igreja, o dia em que se deveria celebrar a “solenidade das solenidades” foi pretexto para aproximadamente seis séculos de grandes polêmicas entre as Igrejas do oriente e do ocidente.[4]

No século II, na Ásia proconsular, celebrava-se a Festa da Páscoa no mesmo dia em que os judeus, isto é, no 14 de Nissan, dia de plenilúnio. Este mês, do calendário hebraico, corresponde à segunda metade do mês de março e à primeira do mês de abril, no calendário gregoriano. Outra parte da Igreja, porém, partindo do pressuposto de que Nosso Senhor ressuscitou num Domingo, celebrava a Páscoa neste dia da semana, provavelmente no que seguia ao 14 de Nissan.[5]

Não se sabe ao certo se os que sustentavam a observância da Páscoa no Domingo celebravam a Paixão do Salvador na sexta-feira que antecedia tal data. Não obstante, aqueles que se mantinham fiéis ao costume judaico, provavelmente, consideravam o 14 de Nissan não só como memorial da Ressurreição, mas também da Paixão do Salvador.[6]

Em 314, convocou-se um primeiro concílio em Arles, com o fim de estabelecer a data exata em que a Páscoa seria celebrada. Ficou definido na ocasião que todas as Igrejas teriam de celebrar tal festa no mesmo dia, e que o Papa, a cada ano, enviaria uma circular determinando o dia da celebração. Mas, ainda assim, alguns persistiram em sua obstinação, não querendo abrir mão do antigo costume do povo hebreu, em prol da unidade da Igreja Universal.[7]

Somente em 325, onze anos depois, foi convocado o primeiro concílio ecumênico da história da Igreja, o de Nicéia, com vistas a, sobretudo, combater o Arianismo. Contudo, uma vez que toda a Igreja estava reunida, aproveitou-se para definir e solucionar muitas coisas, dentre elas, a data da comemoração da Páscoa em todas as Igrejas da cristandade. Assim, com vistas a satisfazer tanto os fiéis de origem oriental quanto ocidental, chegou-se a um acordo, o qual estabeleceu que a Páscoa seria celebrada no Domingo seguinte ao 14 de Nissan, depois do equinócio de primavera.[8]

Entretanto, devido a diferentes métodos usados para calcular o 14 de Nissan, o dia da celebração da Páscoa, ainda hoje, nem sempre coincide nas Igrejas do Ocidente e do Oriente.

Assim, mesmo após a definição de Nicéia, as controvérsias acerca do assunto persistiram, mas sem nenhum resultado mais relevante que levasse o Santo Padre a promulgar outro parecer nesse sentido.

Por Guilherme Maia


[1] Cf. SCHUSTER, Ignacio; HOLZMMER, Juan. Historia Bíblica: Antiguo Testamento. Trad. Jorge de Rieu. Litúrgica: Barcelona, 1934, p. 341, n. 326.

[2] CATECISMO da Igreja Católica. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2001, 1169.

[3] Idem.

[4] Cf. VACANT ; MANGENOT; Dictionnaire de Théologie Catholique. Letouzey et Ané: Paris, 1932, V. 11- II, p. 1948.

[5] Idem.

[6] Idem.

[7] Idem, p. 1952.

[8] CATECISMO da Igreja Católica. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2001, 1170; Cf. VACANT ; MANGENOT; Dictionnaire de Théologie Catholique. Letouzey et Ané: Paris, 1932, V. 11- II, p. 1956.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Você sabe rezar adequadamente?

Roman Zaiets | Shutterstock
Por Hozana

A ansiedade, por exemplo, é um grande perigo para a vida de oração. Quem reza com ansiedade tende a querer submeter Deus ao seu tempo.

Antes de aprender a rezar é preciso compreender o que é a oração, e qual é o sentido dela. A oração nada mais é que uma relação de amor, que um diálogo humilde com Deus. Ela é, segundo Santa Teresinha do Menino Jesus “Um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação como no meio da alegria”

O fundamento da oração é a humildade uma vez que “Não sabemos o que pedir” (Rm 8,26). O orante não pode perder jamais o senso de piedade, ele deve se dirigir a Deus dizendo: “Senhor, meu coração não se enche de orgulho, meu olhar não se levanta arrogante. Não procuro grandezas, nem coisas superiores a mim. Ao contrário, mantenho em calma e sossego a minha alma, tal como uma criança no seio materno, assim está minha alma em mim mesmo” (Salmo 131,1-2). Na certeza de que: “A oração do humilde penetra as nuvens; e ele não se consolará, enquanto ela não chegar a Deus, e não se afastará, enquanto o Altíssimo não puser nela os olhos” (Eclesiástico 35,21).

A finalidade da oração

A finalidade da oração não é outra se não aquela de nos unir a Cristo. A oração é muito mais que um proferimento de palavras, ela é antes e acima de tudo, um encontro com a Pessoa de Cristo. Ele por primeiro deseja nos encontrar “Ele antecipa-se a procurar-nos e é Ele que nos pede de beber. Jesus tem sede, e o seu pedido brota das profundezas de Deus que nos deseja. A oração, saibamo-lo ou não, é o encontro da sede de Deus com a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede d’Ele” (CIC 2560).

Os combates da oração

Não existe oração sem combate. Quer sejam os combates humanos, quer sejam os combates espirituais “Não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares” (Efésios 6,12). 

Aqui se poderia falar de três combates da vida de oração: Barulho, distração e imediatismo. O mundo de hoje é permeado pelo barulho e é averso ao silêncio. O silêncio é fundamental para a vida de oração. A distração é uma consequência do barulho, mas não só do barulho ruidoso, mas também de um outro tipo de barulho que nos passa despercebido, e por mais paradoxal que pareça, pode ser chamado de barulho do silêncio, ou seja, aquele barulho das infinitas informações visuais que recebemos. 

Por último, se pode falar então do combate do imediatismo. A sociedade de hoje é conduzida pelo princípio do “amanhã já é tarde”, do “tudo tem que ser para ontem”, e a consequência disso é a ansiedade. 

A ansiedade é um grande perigo para a vida de oração, pois quem reza com ansiedade, tende a querer submeter Deus ao seu tempo, tende a querer fazer mais a sua própria vontade do que a vontade de Deus.

Expressões da oração

O Catecismo da Igreja nos apresenta três expressões da oração, ou seja, as três formas de rezar. 

A primeira é a oração vocal que é “Uma necessidade humana de associar os sentidos à oração interior e que corresponde a uma exigência da natureza humana. Nós somos corpo e espírito e experimentamos a necessidade de traduzir exteriormente os nossos sentimentos. Devemos rezar com todo o nosso ser para dar à nossa súplica a maior força possível” (CIC 2702). 

A segunda expressão da oração é a meditação. A meditação é antes de tudo uma busca, é através dela que o espírito procura uma compreensão das razões da vida cristã para aderir aquilo que o Senhor lhe pede. A meditação, diz o Catecismo: “Exige uma atenção difícil de disciplinar. Habitualmente, recorre-se à ajuda de um livro como as Sagradas Escrituras, os ícones e imagens sagradas, ou algum escrito espiritual” (CIC 2705). 

Por fim, vem a terceira expressão da oração que é a contemplação que segundo Santa Teresa de Jesus, nada mais é que uma forma de nos relacionarmos amigavelmente com Jesus. A contemplação é procurar “Aquele que o coração ama (Ct 1, 7) que é Jesus, e n’Ele o Pai. Ele é procurado, porque desejá-Lo é sempre o princípio do amor, e é procurado na fé pura, esta fé que nos faz nascer d’Ele e viver n’Ele. Nesta modalidade de oração pode, ainda, meditar-se; todavia, o olhar vai todo para o Senhor” (CIC 2709).

Para entender e se aprofundar mais nesse assunto preparamos 9 dias de reflexão para aprender a rezar no Hozana. Através dessa proposta, o Horeb quer levar você a um aprofundamento teórico, mas também prático da vivência da oração, tornando você mais próximo de Jesus. Clique aqui para participar! 

A missão do Horeb é conduzir cada participante a uma intimidade com Deus. Uma das formas de se vivenciar esta experiência de intimidade é através dos “Núcleos de Intimidade”. Os Núcleos de Intimidade têm como proposta a vivência da intimidade com Deus em família, com seus amigos e vizinhos. Participe da nossa comunidade de oração no Hozana e conheça melhor o Horeb.

João Paulo Medeiros, seminarista responsável Horeb, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

V Domingo da Quaresma - Ano C

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

V Domingo da Quaresma

Dom Paulo Cezar Costa

Arcebispo de Brasília

A misericórdia e a mísera

O evangelho deste quinto domingo da Quaresma nos apresenta o encontro entre Jesus e a mulher adúltera (Jo 8, 1-11) que, nas palavras de Santo Agostinho, é o encontro entre a misericórdia e a mísera. Estamos avançando no tempo da Quaresma e estes domingos querem nos fazer experimentar o amor misericordioso de Deus, aquele amor que vem do mais íntimo de Deus, do coração de Deus. Experimentar o amor misericordioso do Deus que perdoa, restaura, dá vida nova é fundamental na nossa vida cristã. Este amor transforma a existência como transformou a vida desta mulher flagrada em adultério e que, segundo a Lei mosaica, deveria ser apedrejada. O encontro com Jesus salvou a vida desta mulher.

Papa Francisco assim comenta este texto: “Encontraram-se uma mulher e Jesus: ela, adúltera e, segundo a Lei, julgada merecedora de apedrejamento; Ele que, com a sua pregação e o dom total de Si mesmo que O levará à cruz, reconduziu a lei mosaica ao seu intento originário genuíno. No centro, não temos a lei e a justiça legal, mas o amor de Deus, que sabe ler no coração de cada pessoa, incluindo o seu desejo mais oculto, e que deve ter a primazia de tudo. Entretanto, nesta narração evangélica, não se encontram o pecado e o juízo em abstrato, mas uma pecadora e o Salvador. Jesus fixou o olhar naquela mulher e leu no seu coração: lá encontrou o desejo de ser compreendida, perdoada e libertada. A miséria do pecado foi revestida pela misericórdia do amor. Da parte de Jesus, nenhum juízo que não estivesse repassado de piedade e compaixão pela condição da pecadora. A quem pretendia julgá-la e condená-la à morte Jesus responde com um longo silêncio, cujo intuito é deixar emergir a voz de Deus tanto na consciência da mulher como nas dos seus acusadores. Estes deixam cair as pedras das mãos e vão-se embora um a um (cf. Jo 8, 9). E, depois daquele silêncio, Jesus diz: ‘Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou? (…) Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar’ (8, 10.11). Desta forma, ajuda-a a olhar para o futuro com esperança, pronta a recomeçar a sua vida; a partir de agora, se quiser, poderá ‘proceder no amor’ (Ef 5, 2). Depois que se revestiu da misericórdia, embora permaneça a condição de fraqueza por causa do pecado, tal condição é dominada pelo amor que permite olhar mais além e viver de maneira diferente.’” (Papa Francisco, Misericordia et Misera, 1)

A vida desta mulher renasce graças a uma palavra que não condena, mas que a perdoa. Assim é Jesus. Ele é capaz de ir além. Os acusadores olhavam para a atitude da mulher e faziam uma aplicação rigorosa da Lei. Para os fariseus, ela era uma adúltera. Jesus olha a mulher. Não ignora o seu pecado, mas salva a mulher: “Eu também não te condeno. Podes ir e de agora em diante não peques mais”.

Que o encontro com este Evangelho nos ajude a termos atitudes que, a exemplo de Jesus, dignificam e salvam as pessoas porque são expressão do Seu amor misericordioso.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF