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terça-feira, 12 de abril de 2022

O Papa: "Nós não aprendemos, estamos apaixonados pelas guerras e pelo espírito de Caim"

Papa Francisco, coletiva de imprensa (Foto arquivo)  (Vatican Media)

No diálogo com os jornalistas no voo de retorno de Malta, Francisco respondeu perguntas sobre a possibilidade de uma viagem a Kiev e sobre o horror da guerra.

Vatican News

"Não aprendemos! Que o Senhor tenha piedade de nós, de todos nós, todos nós somos culpados"! O Papa Francisco com os jornalistas no voo de retorno de Malta, depois de recordar o que o impressionou sobre a acolhida da ilha, retorna a falar sobre a guerra.

Andrea Rossitto (TVM)

Obrigado por sua presença em Malta, minha pergunta é sobre a surpresa desta manhã na capela onde está enterrado São Giorgio Preca. O que o motivou a fazer esta surpresa aos malteses e o que se recordará desta visita a Malta. E ainda, como está sua saúde? Nós o vimos durante esta viagem muito intensa. Correu tudo bem, digamos. Muito obrigado.

A minha saúde é um pouco caprichosa, tenho este problema com meu joelho que traz problemas na caminhada,  é um pouco chato, mas está melhorando, pelo menos eu posso andar. Duas semanas atrás, eu não podia fazer nada.  É uma coisa lenta, vamos ver se melhora, mas há a dúvida de que nesta idade você não sabe como isso vai acabar, vamos esperar que corra tudo bem. E depois sobre Malta: fiquei feliz com a visita, vi as realidades de Malta, vi um entusiasmo impressionante do povo, seja em Gozo, seja em Malta La Valletta e nos outros lugares. Um grande entusiasmo nas ruas me surpreendeu, foi um pouco breve, o problema que eu vi para vocês e também um dos problemas é a migração. O problema dos migrantes é sério porque Grécia, Chipre, Malta, Itália, Espanha, são os países mais próximos da África e do Oriente Médio e aterrissam aqui, eles chegam aqui, os migrantes devem ser sempre acolhidos!

O problema é que cada governo tem que dizer quantos podem receber normalmente para viver ali. Para isso você precisa de um acordo com os países da Europa e nem todos eles estão dispostos a receber os migrantes. Esquecemos que a Europa foi feita por migrantes, certo? Mas é assim que as coisas são, mas pelo menos não deixar todo o peso para esses países vizinhos que são tão generosos, e Malta é um deles. Hoje eu estive no centro de acolhida de migrantes e as coisas que ouvi lá são terríveis, o sofrimento dessas pessoas para chegar aqui e depois os lagers, há lagers, que estão na costa líbica, quando são mandadas de volta. Isso parece criminoso, não parece? É por isso que eu acho que é um problema que toca o coração de todos. Assim como a Europa está abrindo espaço tão generosamente para os ucranianos que batem à porta, assim também para os outros que vêm do Mediterrâneo. Este é um ponto com o qual terminei a visita e me tocou muito, porque ouvi os testemunhos, os sofrimentos que são mais ou menos como aqueles que eu acho que lhes disse que estão naquele pequeno livro que saiu, "Hermanito" em espanhol, "Irmãozinho", e toda a Via-Sacra destas pessoas. Um que falou hoje teve que pagar quatro vezes, peço-lhes que pensem sobre isto. Obrigado 

Jorge Antelo Barcia (RNA)

No voo que nos levou a Malta, o senhor disse a um colega que uma viagem a Kiev estava sobre a mesa e já em Malta fez referências à sua proximidade ao povo ucraniano, e na sexta-feira em Roma o presidente da Polônia deixou a porta aberta para uma viagem à fronteira com a Polônia. Hoje ficamos impressionados com as imagens vindas de Bucha, uma localidade perto de Kiev, abandonada pelo exército russo, onde os ucranianos encontraram dezenas de cadáveres jogados na rua, alguns com as mãos atadas, como se tivessem sido "executados". Parece que hoje sua presença ali seja cada vez mais necessária. O senhor acha que uma viagem como esta é possível? E quais condições teriam que ser cumpridas para que o senhor fosse lá?

Obrigado por me dar esta notícia de hoje que eu ainda não sabia. A guerra é sempre uma crueldade, uma coisa desumana, que vai contra o espírito humano, eu não digo cristão, humano. É o espírito de Caim, o espírito 'Caimista'... Estou disposto a fazer tudo o que precisa ser feito, e a Santa Sé, especialmente o lado diplomático, o cardeal Parolin e dom Gallagher, estão fazendo tudo, mas tudo, não se pode publicar tudo o que eles fazem, por prudência, por confidencialidade, mas estamos no limite do nosso trabalho. Entre as possibilidades está a viagem: há duas viagens possíveis: uma delas me pediu o presidente da Polônia para enviar o cardeal Krajewski para visitar os ucranianos que foram recebidos na Polônia. Ele já foi duas vezes, levou duas ambulâncias e ficou com eles, mas fará isso em outra ocasião, ele está disposto a fazer isso. A outra viagem que alguém me perguntou, mais de um, eu disse com sinceridade que eu tinha em mente de fazê-la, que há sempre a minha disponibilidade, não há o não, eu estou disponível. O que pensa sobre uma viagem, a pergunta era assim: "ouvimos dizer que o senhor estava pensando em uma viagem à Ucrânia", eu disse que ela está sobre a mesa, está ali como uma das propostas que chegaram, mas não sei se poderá ser feita, se é conveniente fazê-la e se seria para o melhor ou se é conveniente fazê-la e devo fazê-la, tudo isso está no ar. Depois há tempo, se tinha pensado em um encontro com o Patriarca Kirill, se está trabalhando para isso, se está trabalhando, e está se pensando no Oriente Médio para fazê-lo, estas são as coisas como elas são agora.

Gerry O’Connel (America Magazine)

Durante esta viagem, o senhor várias vezes falou da guerra. A pergunta que todos fazem desde o início da guerra é se o senhor falou com o presidente Putin e se não, o que lhe diria hoje?  

As coisas que disse às autoridades de cada lado são públicas. Nada do que disse é reservado para mim. Quando falei com o Patriarca, ele depois fez uma bela declaração daquilo que dissemos. Falei com o presidente da Rússia no final do ano, quando ele me ligou para as felicitações. Falei duas vezes com o presidente da Ucrânia. Depois, no primeiro dia de guerra pensei que deveria ir à embaixada russa para falar com o embaixador, que é o representante do povo e fazer minhas perguntas e dizer as minhas impressões sobre o caso. Estes foram os contatos oficiais que tive. Com a Rússia, fiz através da embaixada. Também falei com o arcebispo-mor de Kiev, Dom Schevchuck. Falei ainda com regularidade a cada dois ou três dias com um de vocês, Elisabetta Piqué, que estava em Lviv e agora está em Odessa. Ela me diz como estão as coisas. Falei também com o reitor do seminário. Mas como disse, estou em contato também com um de vocês. Falando deste tema, gostaria de dar os meus pêsames pelos colegas de vocês que morreram. Estejam de que parte estejam, não interessa. Mas o trabalho de vocês é pelo bem comum e essas pessoas morreram em serviço pelo bem comum. Pela informação. Não nos esqueçamos deles. Foram corajosos e eu rezo por eles para que o Senhor lhes dê o prêmio pelo seu trabalho. Estes foram os contatos feitos até agora.

Mas qual seria a mensagem para Putin se tivesse a possibilidade (de falar com ele)?

As mensagens que dei a todas as autoridades são as que fiz publicamente. Não tenho linguagem dupla. Faço sempre o mesmo. Creio que na sua pergunta exista também uma dúvida sobre guerras justas e injustas. Toda guerra nasce de uma injustiça, sempre. Porque há o esquema da guerra. Não há o esquema da paz. Por exemplo, fazer investimentos para comprar as armas. Dizem: mas precisamos delas para nos defender. Este é o esquema da guerra. Quando Segunda Guerra Mundial acabou, todos respiraram o “nunca mais a guerra” e a paz. Começou uma onda de trabalho pela paz também com a boa vontade de não dar as armas, as armas atômicas naquele momento, pela paz, depois de Hiroshima e Nagasaki. Havia uma grande boa vontade.

Setenta anos depois, esquecemos tudo isso. É assim que o esquema da guerra se impõe. Havia muitas esperanças no trabalho das Nações Unidas na época. Mas o esquema de guerra se impôs mais uma vez. Nós não podemos pensar outro esquema, não estamos mais acostumados a pensar no esquema da paz. Houve grandes personagens, como Ghandi e outros que menciono no final da encíclica “Fratelli tutti”, que apostaram no esquema da paz. Mas nós fomos teimosos como humanidade. Somos apaixonados pelas guerras, pelo espírito de Caim. Não por acaso, no início da Bíblica há este problema: o espírito “caimista” de matar ao invés do espírito da paz. Pai, não se pode! Conto algo pessoal de quando estive em 2014 em Redipuglia e vi os nomes dos jovens, eu chorei. Realmente chorei de amargura. Depois, um ou dois anos depois, para o dia de Finados fui celebrar em Anzio e vi os nomes dos jovens mortos ali. Todos jovens e também ali chorei. Realmente. É preciso chorar sobre os túmulos. Há algo que respeito porque existe um problema político. Quando houve a celebração do desembarque na Normandia, os chefes de Estado se reuniram para comemorar. Mas não lembro se alguém citou os 30 mil jovens que ficaram ali na praia. A juventude não conta. Isso me faz pensar. Estou entristecido. Não aprendemos. Que o Senhor tenha piedade de nós, de todos nós. Todos somos culpados!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

S. JOSÉ MOSCATI

S. José Moscati | matriznossasenhoradasdores
12 de abril
São José Moscati

Médico, cientista e professor de medicina

Origens

Filho de família nobre da cidade de Benevendo, Itália, José Moscati nasceu em 25 de julho de 1880. Seu pai era presidente do Tribunal de Justiça e se chamava Francisco. Sua mãe se chamava Rosa de Luca e também vinha de uma família nobre. Seus pais eram católicos praticantes. Tanto que José Moscati foi batizado em sua casa, no dia da festa de Santo Inácio de Loyola.

Encontro pessoal com Jesus

No ano 1884, a família do pequeno José Moscati mudou-se para a cidade de Nápoles porque seu pai fora promovido. Lá, o menino José, com apenas oito anos, fez a primeira comunhão. Mas não foi só isso. Ele teve um encontro pessoal com Jesus na eucaristia. Nesse dia, o embrião da vida eucarística de São José Moscati ganhou vida. A Eucaristia foi, ao longo de toda sua vida, alimento espiritual diário, que guiou toda a sua história.

Juventude para Deus

Aos dezessete anos, o jovem José Moscati já um adulto na fé. Isso aparecia claramente em sua devoção fiel à Virgem Maria e à Eucaristia. E, como fruto de sua devoção, revelava-se seu amor para com os pobres e necessitados. Sua devoção não era vazia nem alienada. Aos dezessete anos sentiu no coração o desejo de fazer voto de castidade perpétua. Porém, não sentia-se chamado à vida religiosa nem tampouco ao sacerdócio. Ela já percebia que seu caminho seria como leigo ativo na Igreja.

Ativo na caridade e na vida espiritual

José Moscati era um participante bastante ativo da vida paroquial. Jovem de missa e comunhão diárias, sentia especial compaixão pelos pobres, doentes e, em especial, os incuráveis. A lida com esses últimos, assistindo-os em suas necessidades, o ajudou-o a perceber o quão efêmera e passageira é a vida neste mundo.

Sofrimento com o irmão – descoberta da vocação para a medicina

Na juventude de São José Moscati, seu irmão Alberto começou a sofrer ataques de epilepsia. A partir de então, José passou a cuidar de seu irmão. Dispensava horas e horas de seu dia aos cuidados de Alberto. Este cuidado despertou em José o desejo de estudar medicina.

Médico

José Moscati dedicou-se, então, à faculdade de medicina. Logo ele se destacou pelo empenho, pela inteligência, pela comet6encia e pelo cuidado com os doentes. Em 1903 ele recebeu seu título de doutorado em medicina, após defender uma tese brilhante. A partir de então, o hospital, a universidade e a Igreja se tornaram o grande campo de suas atividades.

Trabalho com os incuráveis

No mesmo ano de seu doutorado, José Moscati passou a ser membro do corpo de médicos do Hospital dos Incuráveis em Nápoles. Ali, passou a ser respeitado e admirado pelo seu conhecimento científico e pela caridade para com os doentes. Unindo ciência, fé e caridade, conquistou o coração de todos no hospital. Nesse tempo, seu irmão Alberto faleceu, o que lhe causou grande dor.

Diretor

Por causa de sua competência excepcional, São José Moscati foi nomeado diretor responsável pela terceira ala masculina do Hospital dos Incuráveis de Nápoles. Ali, dedicou sua vida, inteligência, competência e amor para com aqueles doentes portadores de doenças incuráveis. Levou conforto, amor e amizade àqueles que não tinham mais esperança neste mundo. Ajudou inúmeros a morrerem em paz e na graça de Deus, confortando-os com os recursos da medicina de então e com a fé que nos assegura uma vida muito melhor que esta, marcada pelo sofrimento.

Morte

São José Moscati teve uma morte abençoada e serena. No dia 12 de abril de 1927, ele foi à missa, como fazia diariamente e comungou o corpo de Cristo, como sempre. Depois, foi para o hospital, cumpriu seu turno de trabalho aliviando o sofrimento de muitos. À tarde, voltou para sua casa e foi atender mais alguns doentes em consultas. Numa dessas consultas, sentiu-se mal, recostou-se, entregou sua alma a Deus e faleceu na serenidade. A notícia encheu Nápoles de tristeza pela perda de um santo tão querido.

Devoção

Pouco tempo depois de sua morte, notícias de graças alcançadas através da intercessão de São José Moscati se espalharam. Ele foi beatificado em 1975 pelo Papa Paulo VI. E em 25 de outubro de 1987 ele foi canonizado pelo Papa João Paulo II. Um leigo, médico que dedicou sua vida aos doentes incuráveis, aliviando seus sofrimentos e confortando seus corações.

Oração a São José Moscati

Ó Deus, que destes a São José Moscati a graça de unir a ciência à caridade e à fé, dai aos médicos e cientistas o espírito de amor ao próximo e de fazer colocar o conhecimento científico em favor do bem de todos, para que o vosso nome seja sempre glorificado. Por Cristo, Senhor nosso, amém. São José Moscati, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Catolicismo e educação

BalanceFormCreative | Shutterstock
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Até que ponto estamos dando apoio àqueles que estão lutando pela educação, não só em nível nacional, mas nas escolas que nossos filhos estudam?

Saúde, promoção social e educação são três dimensões das políticas públicas que não podem ser compreendidas, na história da humanidade, sem passar diretamente pela experiência das comunidades cristãs. Por outro lado, um dos maiores obstáculos tanto para o desenvolvimento econômico quanto humano de nosso país é justamente a insuficiência do sistema educacional. Nada mais justo, portanto, que a Campanha da Fraternidade 2022 nos convide a refletir e agir em prol da educação.

O problema da qualidade

O Brasil, com os esforços das últimas décadas, está obtendo resultados relativamente bons na tentativa de garantir o acesso à escola para todos (apesar da grande piora decorrente da pandemia). Contudo, obtêm resultados ruins em testes internacionais que avaliam o aprendizado dos alunos. A qualidade do nosso ensino é muito baixa, comprometendo o futuro dos estudantes e o desenvolvimento tanto econômico quanto social do País. Ainda que os problemas de acesso e permanência não estejam definitivamente superados, a qualidade é o grande desafio atual da escola brasileira. A má qualidade caminha lado a lado, por exemplo, com a desindustrialização da economia brasileira das últimas décadas. Impacta a produtividade, a oferta de postos de trabalho e até o aumento do custo de vida…

A universalização da educação (escola para todos) se ajusta bem aos interesses dos políticos. Podem usar o aumento do número de vagas, do tempo de permanência na escola, da distribuição de merendas, para mostrar seu trabalho e ganhar votos. A qualidade do ensino é mais difícil de ser capitalizada. Os pais muitas vezes têm menos escolaridade que seus filhos, não conseguem acompanhar o trabalho dos professores e nem têm a percepção clara das oportunidades que os jovens estão perdendo por um ensino falho. Ainda que um ensino de qualidade seja fundamental para o futuro dos jovens, das comunidades e do País, ele é pouco determinante na defesa dos interesses eleitorais de grande parte dos políticos.

A escola particular (que se pensa como empresa) e a confessional (que se pensa como serviço à comunidade) são alternativas à má qualidade do ensino público, mas enfrentam dois problemas. Aprofundam a desigualdade social brasileira, reduzindo as chances daqueles que não podem pagar uma boa escola. Além disso, como o conjunto do sistema tende a ser medido pelo ensino público, escolas particulares mesmo que fracas tenderão a parecer fazendo um bom serviço.

Um pacto pela educação

Oferecer educação de qualidade a todos é uma tarefa objetivamente desafiadora para o Estado brasileiro. Apesar de sermos uma das maiores economias do mundo e pagarmos impostos considerados altos, os governos têm relativamente pouco dinheiro para atender ao tamanho da população e cobrir nossa grande extensão territorial. Por isso, precisamos de uma boa gestão dos recursos materiais e humanos disponíveis. 

Papa Francisco é um ardoroso defensor de um pacto educativo global, um compromisso de todos os grupos e organizações sociais para a implementação de um ensino humanista integral, inclusivo e eficiente. A ideia reflete, sem dúvida, um desejo de toda a população brasileira, mas os resultados ruins e os escândalos de corrupção e ideologização da educação mostram que os governos não tomam as decisões políticas adequadas para melhorar a qualidade do ensino.

O papel de Estado

A educação é fundamental tanto para o desenvolvimento pessoal de cada cidadão quanto para o da nação como um todo. Por isso, é uma responsabilidade inevitável do Estado. Mesmo países tidos como exemplo para o pensamento neoliberal tem políticas estatais para a educação e algum tipo de acesso público à escola. Contudo, existem vários caminhos diferentes pelos quais o Estado pode cumprir sua missão. É um dos setores onde o princípio da subsidiariedade pode ser mais bem aplicado.

Esse princípio, fundamental para a doutrina social da Igreja, especifica que as instâncias governamentais superiores devem auxiliar (subsidiar) tanto as inferiores quanto as inciativas sociais, evitando determiná-las e permitindo seu protagonismo. Assim, a federação deve apoiar os governos estaduais e esses aos municípios, bem como todos os entes estatais devem apoiar soluções nascidas e geridas pelas comunidades. No caso do sistema educacional brasileiro, em teoria o ensino básico é deixado a cargo dos municípios, o médio aos governos estaduais e o superior às universidades. Em muitos países, o Estado aporta dinheiro para organizações não governamentais para que essas possam oferecer ensino gratuito à população – uma prática possível, mas muito pouco frequente no Brasil.

Em teoria, quanto mais descentralizado for o sistema escolar, maior o controle e o protagonismo das comunidades e famílias na fiscalização e tomada de decisões referentes à educação dos jovens. Desse modo, a subsidiariedade deveria minimizar tanto os confrontos ideológicos entre pais e professores quanto o mau uso das verbas públicas. Contudo, a sociedade brasileira ainda é pouco participante, exerce pouco seu direito ao controle e à fiscalização dos serviços públicos. 

Uma comunidade participativa

O sistema educacional brasileiro já é relativamente descentralizado – ainda que exista uma concentração de verbas nas mãos do governo federal que tem gerado uma série de escândalos nos últimos tempos. Essa descentralização gera uma multiplicidade de experiências que podem nos indicar quais seriam os melhores caminhos a serem seguidos para termos uma educação de qualidade. Dois elementos aparecem em todos os casos de sucesso: (1) o protagonismo de alguns (governantes, gestores escolares, organizações não-governamentais, professores, pais…) que olham realisticamente para os problemas e criam soluções; (2) uma comunidade, formada pelas famílias dos estudantes e outras pessoas comprometidas, que dá apoio a esses que se esforçam na criação de soluções. Onde falta um desses elementos, o outro – mesmo que exista – tem dificuldade para construir uma escola eficiente e inclusiva.

Nessa Campanha da Fraternidade, podemos nos perguntar se nossas comunidades católicas estão gerando esses protagonistas em nome da educação? Até que ponto estamos dando apoio àqueles que estão lutando pela educação, não só em nível nacional, mas nas escolas que nossos filhos estudam? Gestores, professores, pais e alunos não são criaturas de outro planeta. Somos nós mesmos, são as pessoas que se sentam a nosso lado na missa dominical ou no encontro comunitário. Por isso nossas comunidades são chamadas a refletir juntas e dar apoio às iniciativas em prol de uma educação melhor.

O que a comunidade pode fazer

Uma primeira responsabilidade de todos nós, até óbvia, é saber o que está acontecendo nas escolas, participar dos grupos que ajudam nas atividades das escolas, saber quais políticos estão se comprometendo efetivamente com a educação – sem demagogias ou mal uso dos recursos públicos. E, evidentemente, ajudar com votos e apoio aqueles realmente comprometidos. Mas existe muito mais que pode ser feito.

O acompanhamento dos pais é fundamental para que as crianças se sintam estimuladas e responsabilizadas com a aprendizagem. Infelizmente, muitas famílias não têm condições de dar esse apoio. As jornadas de trabalho, alongadas pelo tempo de deslocamento nas grandes cidades, são um obstáculo objetivo. Muitas vezes os jovens já estão num nível escolar que não foi frequentado pelos pais – que não se consideram preparados para acompanhar o desempenho dos filhos. Diante dos vários questionamentos que a mentalidade hegemônica lança à autoridade familiar, muitos pais se sentem inseguros e não cumprem seu papel de orientador e disciplinador, que continua sendo necessário.

Nossas comunidades podem fazer muito para ajudar os pais nessas situações. Desde reflexões compartilhadas sobre os problemas até auxílios práticos, como grupos de adultos que se alternam para cuidar dos filhos, criação de grupos de jovens e de espaços de convivência nas comunidades. As possibilidades são muitas e aparecem na medida que procuramos conhecer realisticamente os problemas e nos comprometer com sua solução.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Fake news sobre Jesus

Tomé e Jesus | Outras Palavras

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney

Fakenews é a palavra inglesa que significa notícia falsa. É objeto do VIII Mandamento da Lei de Deus: “Não apresentarás falso testemunho contra teu próximo” (Ex 20,16), que proíbe falsear a verdade nas relações com os outros, falta de retidão moral perante Deus que é e quer a verdade. Deus é veraz (Rm 3,4), por isso nós somos chamados a viver na verdade. Mentir é contra a lei natural, por contrariar a expressão do pensamento.

O falar ou o exprimir-se deve ser conforme ao que se pensa. Jesus ensina a seus discípulos o amor incondicional da verdade: “Seja o vosso ‘sim’, sim, e o vosso ‘não’, não’ (Mt 5, 37). A verdade como retidão do agir e da palavra humana tem o nome de veracidade, sinceridade ou franqueza. A verdade ou a veracidade é a virtude que consiste em mostrar-se verdadeiro no agir e no falar, guardando-se da duplicidade, da simulação e da hipocrisia.

Segundo Santo Tomás de Aquino, os homens não poderiam viver juntos se não tivessem confiança recíproca, quer dizer, se não manifestassem a verdade uns aos outros. As ofensas à verdade são: a mentira, o falso testemunho, o juízo temerário, a maledicência, quando se revela, sem razão, os defeitos e as faltas dos outros (todos têm direito ao bom nome), a calúnia, quando, por palavras contrárias à verdade, se prejudica a reputação dos outros e se dá ocasião a falsos juízos a respeito deles. São atos que destroem o bom nome e a honra do próximo. A maledicência e a calúnia ferem as virtudes da justiça e da caridade (cf. CIC).

Na sociedade moderna, os meios de comunicação social exercem um papel primordial na informação, na promoção cultural e na formação, a serviço do bem comum. Há muitos modos de se mentir, faltar à verdade. As meias verdades são até piores do que a mentira clara, pois enganam mais, por terem semelhança com a verdade.

Imagens, fotografias, legendas, manchetes, podem ser fakenews, por revelarem apenas uma parte da verdade e insinuarem a mentira. É fakenews dar ênfase a um pronunciamento ou a uma sua parte, ênfase que na realidade não tem. É fakenews caricaturar alguém ou uma notícia, ressaltando maliciosamente aquilo que se pretende criticar. É fakenews dar só uma versão ou uma parte da notícia. Fatos são fatos, mas a versão dos fatos pode ser enganosa. É fakenews manipular os fatos ou parte deles, para influenciar as pessoas.

Nem Jesus escapou da mentira e da calúnia, feitas pelos seus inimigos. As fakenews da época. Jesus falava do seu reino, que não era desse mundo. Começaram a espalhar que ele queria derrubar o império romano. Jesus recebia os pecadores e os exortava à conversão. Foi acusado de andar com as prostitutas. Falando do templo do seu corpo, profetizou a sua ressurreição após três dias. Acusaram-no de querer destruir o templo de Jerusalém para reedifica-lo em três dias. Falou contra a ganância, mas pagou o tributo quando lhe vieram cobrar e disse para dar a César o que é de César. No tribunal o acusaram de impedir o povo de pagar o tributo a César. Na sua ressurreição triunfante, inegável, seus inimigos subornaram os soldados para dizerem que haviam roubado o corpo do Senhor enquanto eles dormiam (Mt 28, 11-15).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Santa Gema Galgani

Sta. Gema Galgani | arquisp
11 de abril

Santa Gema Galgani

Ao nascer, em 12 de março de 1878, na pequena Camigliano, perto de Luca, na Itália, Gema recebeu esse nome, que em italiano significa jóia, por ser a primeira menina dos cinco filhos do casal Galgani, que foi abençoado com um total de oito filhos. A família, muito rica e nobre, era também profundamente religiosa, passando os preceitos do cristianismo aos filhos desde a tenra idade.

Gema Galgani teve uma infância feliz, cercada de atenção pela mãe, que lhe ensinava as orações e o catecismo com alegria, incutindo o amor a Jesus na pequena. Ela aprendeu tão bem que não se cansava de recitá-las e pedia constantemente à mãe que lhe contasse as histórias da vida de Jesus. Mas essa felicidade caseira terminou aos sete anos. Sua mãe morreu precocemente e sua ausência também logo causou o falecimento do pai. Órfã, caiu doente e só suplantou a grave enfermidade graças ao abrigo encontrado no seio de uma família de Luca, também muito católica, que a adotou e cuidou de sua formação.

Conta-se que Gema, com a tragédia da perda dos pais, apegou-se ainda mais à religião. Recebeu a primeira eucaristia antes mesmo do tempo marcado para as outras meninas e levava tão a sério os conceitos de caridade que dividia a própria merenda com os pobres. Demonstrava, sempre, vontade de tornar-se freira e tentou fazê-lo logo depois que Nossa Senhora lhe apareceu em sonho. Pediu a entrada no convento da Ordem das Passionistas de Corneto, mas a resposta foi negativa. Muito triste com a recusa, fez para si mesma os juramentos do serviço religioso, os votos de castidade e caridade, e fatos prodigiosos começaram a ocorrer em sua vida.

Quando rezava, Gema era constantemente vista rodeada de uma luz divina. Conversava com anjos e recebia a visita de são Gabriel, de Nossa Senhora das Dores passionista, como ela desejara ser. Logo lhe apareceram no corpo os estigmas de Cristo, que lhe trouxeram terríveis sofrimentos, mas que era tudo o que ela mais desejava.
Entretanto, fisicamente fraca, os estigmas e as penitências que se auto-infligia acabaram por consumir sua vida. Gema Galgani morreu muito doente, aos vinte e cinco anos, no Sábado Santo, dia 11 de abril de 1903.

Imediatamente, começou a devoção e veneração à "Virgem de Luca", como passou a ser conhecida. Estão registradas muitas graças operadas com a intercessão de Gema Galgani, que foi canonizada em 1940 pelo papa Pio XII, que a declarou modelo para a juventude da Igreja, autorizando sua festa litúrgica para o dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

domingo, 10 de abril de 2022

DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO

Cardeal Orani João Tempesta | ACI Digital

Cardeal dom  Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

         O Domingo sagrado de Ramos celebra dois mistérios: (1) a Entrada solene do Senhor Jesus em Jerusalém para viver sua Passagem do mundo para o Pai e (2) o Mistério de sua Paixão, Morte e Sepultura. Daí o título deste dia: Domingo de Ramos e da Paixão. A procissão é de ramos; a Missa é da paixão.

         Jesus é saudado como o Rei de Israel, novo Davi, Messias que chega à Cidade de Davi! E Jesus, de fato, é Rei, é Messias! A festa é, em certo sentido, uma festa de Cristo Rei, Rei-Messias! É uma festa de exultação! Mas, estejamos atentos: ele entra na Cidade Santa montado não em um cavalo, que simboliza poder e força, mas entra num jumentinho, usado pelos pobres nos serviços mais humildes e duros. Isto tem muito a nos dizer: Jesus é o Messias, mas um messias pobre, um messias servo, que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45).

         Jesus quer, também, entrar triunfante na vida dos homens, sobre uma montaria humilde: quer que demos testemunho d’Ele com a simplicidade do nosso trabalho bem feito, com a nossa alegria, com a nossa serenidade, com a nossa sincera preocupação pelos outros. Quer fazer-se presente em nós através das circunstâncias do viver humano. Antes, quando Jesus vê a cidade de Jerusalém, chora! Jesus vê como Jerusalém se afunda no pecado, na ignorância e na cegueira. O Senhor vê como virão outros dias que já não serão como estes, um dia de alegria e de salvação, mas de desgraça e ruína. Poucos anos depois a cidade será arrasada. Jesus chora a impenitência de Jerusalém. Como são eloquentes estas lágrimas de Cristo.

         O Concílio Ecumênico Vaticano II, Gaudium et Spes, nº 22, diz: “De certo modo, o próprio Filho de Deus se uniu a cada homem pela sua Encarnação. Trabalhou com mãos humanas, pensou com mente humana, amou com coração de homem. Nascido de Maria Virgem, fez-se verdadeiramente um de nós, igual a nós em tudo menos no pecado”.

         A entrada triunfal de Jesus foi bastante efêmera para muitos. Os ramos verdes murcharam rapidamente. O hosana entusiástico transformou-se, cinco dias mais tarde, num grito furioso: Crucifica-o! Por que foi tão brusca a mudança, por que tanta inconsistência? Nosso querido exemplo no monaquismo, São Bernardo, comenta: “Como eram diferentes umas vozes e outras! Fora, fora, crucifica-o e bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas! Como são diferentes as vozes que agora o aclamam Rei de Israel e dentro de poucos dias dirão: Não temos outro rei além de César! Como são diferentes os ramos verdes e a Cruz, as flores e os espinhos! Àquele a quem antes estendiam as próprias vestes, dali a pouco o despojam das suas e lançam a sorte sobres elas”.

         Quanto a nós, vamos com ele! Os ramos que trazemos nas mãos significam que reconhecemos Jesus como o Messias de Israel, prometido por Deus. Significam também que nos dispomos a segui-lo como o Servo que dá a vida na cruz. Levaremos estes ramos para casa. Devemos guardá-los num lugar visível durante todo o ano, para recordar nosso compromisso de seguir o Cristo num caminho de humildade e despojamento; segui-lo ainda quando não compreendermos bem os desígnios de Deus para nós. Seguir o Cristo, que confia no Pai até a morte e não se cansa de fazer da vida um serviço de amor. Seguir hoje em procissão com os ramos na mão significa proclamar diante do mundo que cremos nesse Jesus fraco, humilde, silencioso, crucificado, loucura para o mundo, mas sabedoria de Deus; fraqueza para o mundo, mas força de Deus!

         A Igreja nos lembra que a entrada triunfal vai perpassar todos os passos da Paixão de Cristo. Terminada a procissão mergulha-se no mistério da Paixão de Jesus Cristo: Em Isaías 50, 4-7 – descreve o Servo sofredor, na esperança da vitória final. Vemos nele a própria pessoa de Jesus Cristo. Em Filipenses 2,6-11 temos a chave principal de todo o mistério deste Domingo de Ramos: Jesus humilhou-se e por isso Deus o exaltou!

         Nós somos chamados a escolher com que atitude queremos entrar na história da Paixão de Cristo: com a atitude de Cirineu, que se coloca ao lado de Jesus, ombro a ombro, para carregar com Ele o peso da cruz; com a atitude das mulheres que choram, do centurião que bate no peito e de Maria que fica silenciosa ao pé da cruz; ou se queremos entrar com a atitude de Judas, de Pilatos e daqueles que “olham de longe” para ver como irá terminar aquele episódio. Toda nossa vida é, em certo sentido, uma “semana santa” se a vivemos com coragem e fé, na espera do “oitavo dia” que é o grande Domingo do repouso e da glória eterna.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Guerra na Ucrânia: Francisco pede uma "trégua pascal"

“Deponham-se as armas, se inicie uma trégua pascal", implorou o Papa

“Deponham-se as armas, se inicie uma trégua pascal, mas não para recarregar as armas e retomar o combate, não! Uma trégua para se chegar à paz, através de uma verdadeira negociação, disponíveis também a qualquer sacrifício pelo bem das pessoas. Com efeito, que vitória será aquela que fincará uma bandeira sobre um acúmulo de escombros?", disse o Papa antes do Angelus na Praça São Pedro.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Uma “trégua pascal”: foi o que pediu o Papa Francisco ao final da missa do Domingo de Ramos, antes de rezar o Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.

Ao nos dirigir a Nossa Senhora, disse o Pontífice, recordamos o que o Anjo do Senhor disse a Maria na Anunciação: “Nada é impossível a Deus”.

“Nada é impossível a Deus, repetiu o Papa, inclusive fazer cessar uma guerra da qual não se vê o fim, uma guerra que todos os dias nos coloca diante dos olhos massacres hediondos e atrozes crueldades realizados contra civis inermes. Rezemos por esta intenção.”

Estamos nos dias que precedem a Páscoa, disse ainda o Pontífice, ou seja, nos preparamos para celebrar a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte e não contra alguém.

“Mas hoje há a guerra, porque se quer vencer assim, de maneira mundana, mas assim somente se perde. Por que não deixar que Ele vença? Cristo carregou a cruz para nos libertar do domínio do mal, morreu para que reine a vida, o amor e a paz.”

E fez seu enésimo apelo:

“Deponham-se as armas, se inicie uma trégua pascal, mas não para recarregar as armas e retomar o combate, não! Uma trégua para se chegar à paz através de uma verdadeira negociação, disponíveis também a qualquer sacrifício pelo bem das pessoas. Com efeito, que vitória será aquela que fincará uma bandeira sobre um acúmulo de escombros? Nada é impossível a Deus. A Ele confiamos por intercessão da Virgem Maria.”

A oração do Papa pelos peruanos

Antes da oração mariana, o Pontífice saudou os peregrinos oriundos de vários países e quem acompanhou a cerimônia através dos meios de comunicação. Em especial, saudou “o querido povo do Peru”, que está atravessando um difícil momento de tensão social. Francisco garantiu sua oração, fazendo votos de que todas as partes encontrem o mais rápido possível uma solução pacífica pelo bem do país.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Macário da Antioquia

S. Macário da Antioquia | arquisp
10 de abril

São Macário da Antioquia

Macário recebeu esse nome por causa de seu tio e padrinho de batismo: o bispo de Antioquia. Mas dele não herdou apenas o nome, como também sua religiosidade e o destino: ser líder e ocupar um posto importante na Igreja.

Macário nasceu na Armênia, no final do primeiro milênio, foi educado sob a orientação do tio-padrinho e cresceu preparando-se com esmero para tornar-se um sacerdote, o que aconteceu assim que atingiu a idade necessária. Também não causou nenhuma surpresa sua indicação para suceder o tio como bispo.

Nesse posto, Macário realizou o apostolado que depois seria a causa de sua canonização. Pregava diariamente, visitava todos os hospitais confortando os doentes e dividindo tudo o que tinha com os pobres. O que resultou disso foi a conversão constante de pagãos. Ainda nessa fase, conta a tradição que aconteceu um prodígio presenciado por muitos: Macário, quando se ajoelhava para rezar, ficava tão emocionado que levava constantemente, entre as mãos, um pano para enxugar as lágrimas.

Um leproso teria aplicado esse pano ainda úmido sobre suas feridas e se curado da terrível doença. Bastou para que, diariamente, uma multidão de doentes procurasse a casa do bispo Macário para receber sua bênção. Assim, outras graças se sucederam.

Porém a fama desagradava o humilde bispo. Ele, então, empossou um substituto para a diocese, o padre Eleutério, e buscou a solidão. Na companhia de quatro sacerdotes, viajou como penitente à Terra Santa, peregrinou aos lugares sagrados e passou a pregar. Converteu centenas de muçulmanos e com isso provocou a ira dos poderosos. Preso e torturado, foi deixado à noite pregado por enormes pregos que perfuravam seus pés e mãos, no chão de uma cela, numa espécie de crucificação. Entretanto, durante a noite, um anjo apareceu na cela e libertou Macário dos pregos. As portas da prisão se abriram sozinhas e ele ganhou a liberdade. Assim dizem os escritos da tradição cristã.
Macário ainda evangelizou e praticou curas na Alemanha, Bélgica, Holanda e Itália.

Foi por essa época que teria apagado um incêndio em Malines, Bélgica, ao fazer o sinal da cruz. Terminou seus dias no convento dos agostinianos de São Bavo, em Ghent, também na Bélgica, mas decidiu que morreria em sua terra natal. Mesmo gravemente doente, conseguiu fazer a viagem de volta enfrentando pelo caminho a peste, que dizimava populações. Sua história se fecha com outro fato prodigioso: comunicou aos companheiros que seria a última vítima da peste. E tudo aconteceu como ele dissera.

Depois que o bispo Macário morreu, em 10 de abril de 1012, ninguém mais perdeu a vida por causa daquele mal contagioso. Sua festa litúrgica ocorre no dia do seu trânsito, sendo considerado o padroeiro das grandes epidemias.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br,

https://arquisp.org.br/

sábado, 9 de abril de 2022

Ela não podia ter filhos, foi a uma Missa para grávidas e surpreendeu a todos

@DiocesisSC
Por Ramón Antonio Pérez

Depois da Missa, e contrariando todas as probabilidades médicas, ela conseguiu realizar o sonho de gerar uma vida.

A “Semana pela Vida”, organizada pela Conferência Episcopal Venezuelana de 20 a 27 de março, proporcionou uma oportunidade para muita gente ouvir histórias reais que foram guiadas pela “mão de Deus”. Uma dessas belas experiências é a de Omareny Carolina García Pernía, 38 anos. Contra todas as probabilidades, ela conseguiu grávida!

De fato, em 27 de março de 2022, na igreja de San José, na cidade de San Cristóbal, a professora Omareny apresentou seu filho de dois anos e três meses de idade.

A professora com o filho no colo | @DiocesisSC

A bênção e a gravidez

Apesar dos tratamentos médicos, da acupuntura e de seu intenso desejo de ser mãe, Omareny não conseguia engravidar. As razões eram biológicas: seus níveis do hormônio reprodutivo sempre estavam abaixo do ideal para ocorrer a concepção.

Entretanto, ela se agarrou à sua fé em Deus e na Virgem. Repetiu fervorosamente as orações que havia aprendido quando criança e declarou sua realidade. Pode-se dizer que a chegada de Juan Josué, agora com dois anos e três meses de idade, foi graças ao seu amor pela vida.

No domingo, 31 de março de 2019, sua amiga Milagros del Valle Peña, do Projeto Esperança da Diocese de San Cristóbal, convidou-a para uma Missa. Lá os padres iriam abençoar os ventres das mulheres grávidas e daquelas que, como ela, ainda não tinham sido capazes de se tornar mães. Ela foi uma das últimas a receber a bênção.

“Alguns dias depois [da Missa], comecei a me sentir estranha: não queria pentear o cabelo, minhas roupas me incomodavam… Entretanto, foi em 2 de maio de 2019 que fiz o teste de gravidez. De fato, eu tinha concebido meu filho Juan Josué Pulido García”.

Quando ela recebeu a notícia de sua gravidez, ajoelhou-se no laboratório onde fez os testes e agradeceu a Deus e a Nossa Senhora. “Eu ansiava muito por ter meu filho”, acrescenta ela.

Mensagem de esperança

Ela, então, chamou seu companheiro, Jesús Eduardo Pulido Moreno, para levá-la à Casa de Oração Maria de Jerusalém. Lá ela lhe contou: “Tenho novidades para você, estou grávida! Foi um momento especial para os dois. Eles se abraçaram e agradeceram a Deus por ter realizado o sonho que almejavam há muitos anos.

Em 19 de dezembro de 2019, Juan Josué chegou ao mundo, para encher de alegria seus orgulhosos pais.

A professora Omareny Carolina García Pernía, através de Aleteia, quis enviar uma mensagem de esperança às mulheres que, como ela, querem ser mães:

“Antes de tudo devemos rezar com amor e devoção ao nosso Deus do universo e à Virgem Maria, porque com fé tudo é possível e esse belo sonho de ser mãe se tornará realidade no dia em que menos esperamos. Então, devemos nos comprometer a cuidar e zelar pelo bem-estar desta nova vida que está sendo tecida no útero”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O perigo do relativismo moral e religioso

Crédito: Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

Conta Peter Kreeft, um grande escritor e professor americano, que, um dia, ao dar uma das suas aulas de ética, um aluno lhe disse que a Moral era uma coisa relativa e que ele, como professor, não tinha o direito de “impor-lhe os seus valores”.

“Bem – respondeu Kreeft, para iniciar um debate sobre a questão- vou aplicar à classe os seus valores e não os meus. Você diz que não há valores absolutos, e que os valores morais são subjetivos e relativos. Como acontece que as minhas ideias pessoais são um tanto singulares sob alguns aspectos, a partir deste momento vou aplicar esta: toda as alunas estão reprovadas”.

O rapaz mostrou-se surpreendido e protestou dizendo que aquilo não era justo. Kreeft argumentou-lhe:

“Que significa para você ser justo? Porque, se a justiça é apenas o “meu” valor ou o “seu” valor, então não há nenhuma autoridade comum a nós dois. Eu não tenho o direito de impor-lhe o meu sentido de justiça, mas você também não pode impor-me o seu…

Portanto, só se existe um valor universal chamado justiça, que prevaleça sobre nós, você pode invocá-lo para considerar injusto que eu reprove todas as alunas. Mas, se não há valores absolutos e objetivos fora de nós, você só pode dizer que os seus valores subjetivos são diferentes dos meus, e nada mais.

No entanto, você não diz que não gosta do que eu faço, mas que é injusto. Ou seja, quando desce à prática, acredita sem a menor dúvida nos valores absolutos”…

Os relativistas e os céticos consideram que aceitar qualquer crença é servilismo, uma torpe escravidão que inibe a liberdade de pensamento e impede uma forma de pensar elevada e independente.

No entanto – como dizia C. S. Lewis -, “ainda que um homem afirme não acreditar que haja bem e mal, vê-lo-emos contradizer-se imediatamente na vida prática. Por exemplo, uma pessoa pode não cumprir a palavra ou não respeitar o combinado, argumentando que isso não tem importância e que cada qual deve organizar a sua vida sem pensar em teorias. Mas o mais provável é que não tarde muito em dizer, referindo-se a outra pessoa, que é indigno que essa pessoa lhe tenha faltado à palavra…”.

Por não ter um ponto de referência claro a respeito da verdade, o relativismo leva à confusão global entre o bem e o mal. Se se analisam com um pouco de detalhe as suas argumentações, é fácil observar – como explica Peter Kreeft – que quase todas costumam refutar-se a si próprias:

– “A verdade não é universal” (exceto esta verdade que você acaba de afirmar?).

– “Ninguém pode conhecer a verdade” (a não ser você, segundo parece).

– “A verdade é incerta” (então também é incerto o que você diz!).

– “Todas as generalizações são falsas” (esta também?).

– “Você não pode ser dogmático” (com essa mesma afirmação, você mostra que é bastante dogmático).

– “Não me imponha a sua verdade” (o que significa que neste momento você me está impondo as suas verdades).

– “Não existem absolutos” (absolutamente…?).

– “A verdade é apenas uma opinião” (a sua opinião, pelo que vejo). E assim por diante.

Retirado do livro: “É razoável crer?”. Alfonso Aguiló. Ed. Quadrante, SP, 2007.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF