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terça-feira, 19 de abril de 2022

O eco da Laudato si' entre os vales do Oásis do Cervo e da Lua

O eco da Laudato si' | Vatican News

Meio ambiente, social e futuro são as três palavras-chave de um projeto nascido nas montanhas da Sardenha na maior reserva natural italiana do WWF. Por que decidimos contar essa história? Porque é um daqueles casos em que o homem, de inimigo e 'tirano' da natureza, torna-se seu guardião, criando ao mesmo tempo oportunidades de trabalho e reintegração para pessoas frágeis e em risco de exclusão.

Cecilia Seppia – Vatican News

Mulheres vítimas de violência, menores maltratados, crianças com deficiência, presos, deslocados e refugiados, são os protagonistas desta história, ambientada na maior reserva italiana do WWF localizada no Monte Arcosu, no coração do parque natural Gutturu Mannu, a 20 quilômetros da cidade de Cagliari. Quatro mil hectares de beleza incontaminada, onde os pobres, os frágeis, os últimos no sentido evangélico, não só encontram uma "casa", mas vivem imersos nela, cobertos pelo manto branco da Lua, que na Sardenha, sabe-se lá por que, parece cada vez mais próximo, entre cervo, corços, javalis, aves raras e mil outras espécies animais e vegetais.

O eco da Laudato si' | Vatican News

Do Silicon Valley às montanhas da Sardenha: o testemunho

O presidente desta fundação, Ugo Bressanello, gestor de sucesso no mundo das telecomunicações, nos fala sobre o projeto "Oásis do Cervo e da Lua", nascido de um acordo entre o WWF e a Domus de Luna (Casa da Lua), em 2005. No auge de sua carreira, ele decide largar tudo para se dedicar às crianças em dificuldade. Crucial na escolha de apertar o botão "reset", deixando a sólida mesa do diretor de Mídia da Tiscali, foi o encontro amoroso com o filho adotivo, cujo olhar, afirma ele, "me fez entender que havia um universo para descobrir até então desconhecido, que eu queria ser útil em outro lugar e que eu poderia usar o dinheiro de outra forma, para dar uma chance a quem não tinha mãe e pai". E assim, com sua esposa Petra e outros filhos, na Sardenha, para onde havia se mudado para trabalhar alguns anos atrás diretamente do Silicon Valley, começou a abrir casas de acolhimento para crianças abandonadas, num período em que na Itália o governo estava fechando os orfanatos. Tirando o paletó e a gravata, Bressanello deixa de falar sobre estratégias de marketing e planos de desenvolvimento para lidar com papinhas, mamadeiras e fraldas. "Pensei em tirar um ano sabático", continua ele, "e me dedicar a este mundo, aí tomei gosto, porque ver rostos se transformarem de tristes em alegres, te enche, te dá muito mais do que você tem para dar e por quase vinte anos esta é agora a minha vida". Neste tempo, aproveitando também a sua capacidade de gestão, Bressanello consegue garantir hospitalidade e acolhimento a crianças de até três anos e grávidas ou com filhos recém-nascidos que têm atrás de si situações de dependência de droga, prostituição, violência e pobreza. Em seguida, volta sua atenção para adolescentes abandonados com problemas familiares; aos pais de crianças obrigadas a passar longos períodos de internação em hospitais longe de casa; às crianças com doenças mentais. Mas a sua "multinacional solidária" não para na construção destas casas. A Domus de Luna, através da Locanda dei Buoni e Cattivi, uma vila-restaurante na capital da Sardenha, oferece às crianças e mães que deixaram as comunidades ou jovens, indicados pelo Centro de Justiça Juvenil, uma oportunidade de reintegração social e trabalhista. Funda o 'Exmè, um lugar simbólico, uma alternativa à cultura de rua, que fica no lugar de um antigo mercado cívico abandonado e usado para fins de contrabando, apostas ilegais e brigas de animais, num dos bairros mais degradados da periferia de Cagliari: aqui agora os jovens podem estar juntos e usar a música, a arte e o esporte como meio de expressão, possibilidade formativa, e conter também o fenômeno desenfreado do abandono escolar precoce. Por fim, desde o início da pandemia, a Domus de Luna ajudou concretamente 5 mil famílias em dificuldade, distribuindo a 'bolsa de compras' para aqueles que ficaram sem trabalho. E aqui estamos, em 2019, no Oásis do Cervo e da Lua.

Visitantes do Oásis após a restauração dos caminhos | Vatican News

A reserva

Na década de 80, esta era uma reserva privada onde se praticava a caça clandestina e a caça de cervos sardos em risco de extinção. Graças a uma grande coleta de fundos, o WWF conseguiu adquirir grande parte da área dedicando-se à sua proteção e passou de algumas dezenas para mais de 1500, com uma forte intervenção para proteger o seu habitat. O território desta zona tem uma morfologia bastante acidentada: caracteriza-se por longos vales onde correm riachos e charcos impetuosos, reduzidos drasticamente no verão. A fauna presente é de extremo interesse, enquanto do ponto de vista da flora, a reserva alberga uma extensa floresta mediterrânica onde predominam azinheiras e sobreiros e matos rasteiros. No entanto, o enorme trabalho do WWF foi varrido num instante pela inundação excepcional de 2018, que além de causar mortes e danos em vários pontos da região, destruiu a reserva, cancelando todos os caminhos e infligindo graves lesões à vegetação. Diante dessa devastação, apenas alguns anos depois que a fúria do ciclone Cleópatra passou por toda a Ilha, uma espécie de 'milagre' aconteceu. O homem, um dos primeiros responsáveis ​​pela destruição sistemática do meio ambiente, homem tirano e carrasco, torna-se seu médico. É precisamente aqui que nasce a colaboração com a Domus de Luna e o Centro de Justiça Juvenil de Cagliari, graças à qual meninos detidos na prisão de Uta, e outros com medidas de liberdade condicional, estão engajados na manutenção do patrimônio natural e proteção da biodiversidade, também recorrendo à tecnologia de proteção e prevenção de incêndios e novas inundações, bem como ao início de estruturas e sistemas de eficiência energética, concebidos para reduzir a zero o impacto ambiental.

Um cervo sardo, uma espécie típica local salva da extinção | Vatican News

A beleza da integração

Mas isso não é tudo. "Os cerca de 80 jovens que vêm trabalhar aqui", explica Bressanello, "são responsáveis por acolher e receber turistas. Eles são empregados nas áreas de refrescos, onde, entre outras coisas, a comida tradicional e os vinhos típicos da Sardenha são servidos para oferecer aos visitantes uma viagem à nossa terra, também através do paladar, mas eles também se dedicam à agricultura social, com a coleta e o processamento de plantas medicinais, a produção de mel... É um projeto que combina três palavras: ambiente, compromisso social e futuro, com o objetivo de dar trabalho e resgatar as pessoas que têm histórias muito diferentes, e esta talvez seja precisamente a característica de nosso projeto: acolhemos mulheres vítimas de violência, jovens com deficiência, síndrome de Down ou autismo, jovens que vêm do sistema penal, viciados em drogas. Diferentes histórias que neste 'paraíso na terra' encontram a possibilidade de trabalhar juntos, aprender novos ofícios, desfrutar de paisagens maravilhosas".  

Entre os serviços oferecidos no Oásis por detentos e jovens vulneráveis está o catering |
Vatican News

"Esta proximidade, esta integração", continua Bressanello, "gera experiências muito positivas: as pessoas enriquecem umas às outras, aprendem a se amar, veem a esperança surgir de montanhas de escombros. No início, apenas os detentos masculinos vinham até nós, e o Oásis parecia um pouco como um "quartel", com sua linguagem e modos que não eram exatamente educados e gentis. Depois, com a chegada das mulheres e deficientes, houve uma virada. Foi criada uma atmosfera familiar e serena, de educação e respeito, e é por isso que nos voltamos para a contaminação. Relações profundas são criadas aqui, e o meio ambiente, a natureza, é fundamental, é a cola! Para os detentos, que buscamos todas as manhãs com um microônibus, é ainda mais. Eles vivem o dia inteiro na prisão, entre quatro paredes e mil barras, depois vêm aqui, cada um na sua vez, e se encontram imersos neste espaço infinito e belo que lhes proporciona outro tipo de refúgio, um lar, mas ao ar livre, eles podem ouvir a água correndo, os cervos rugindo, sentir o vento em seus rostos. Em todos estes anos, nenhum deles jamais nos deu problemas". A Domus de Luna também realiza atividades educacionais sob medida, graças à presença de educadores e psicólogos especializados que tornam possível combinar o ambiente com questões relacionadas ao crescimento, às escolhas da vida e à descoberta de novas paixões e talentos.

Trabalhos de recuperação e manutenção no Oásis | Vatican News

Os temas da Laudato si'

"Já trabalhei com vários sacerdotes em minha vida, em primeiro lugar pe. Mazzi, mas não sou um que conhece bem o catecismo", brinca Bressanello, "e ainda assim vi com meus próprios olhos as coisas extraordinárias que podem sair do encontro entre a natureza ferida e uma pessoa que também é colocada à prova. Há uma centelha de vida nova que um dá ao outro, o ambiente ao homem, e por isso reconheço nesta osmose, o caminho para o Bem com uma letra maiúscula. Muito do que fazemos aqui no Oásis está contido e é tratado na encíclica do Papa Francisco. Não se trata apenas de ecologia integral. É justiça, solidariedade, caridade em seu sentido mais pleno, o desejo de cuidar desse patrimônio comum, também combatendo o consumismo desenfreado, com escolhas solidárias, com investimentos em algo que permanecerá e que é justo permanecer intacto para as gerações futuras. Sair da lógica de retorno imediato e gastar com o meio ambiente, sabendo que outros poderão desfrutar dele. Não levantamos a voz, longe disso! Estamos acostumados à maravilha do silêncio aqui, mas talvez através deste projeto possamos também lançar um apelo aos políticos para que façam escolhas responsáveis...".

Espelhos de água entre os vales do Oásis | Vatican News

Lágrimas de gratidão

Bressanello tem milhões de histórias para contar, mas há uma anedota que ele nos conta. "Nos últimos anos tenho testemunhado muitos episódios que estão destinados a permanecer na minha memória e que me dão a força para continuar neste caminho. Há um jovem, um detento, que já vem ao Oásis há muito tempo. Ele não fala muito. É bastante tímido. Por causa de sua habilidade com a madeira, pensamos primeiro em fazê-lo restaurar uma cerca danificada pela enchente. Ele chegava, pegava suas ferramentas, começava a lixar, e limpava constantemente os olhos. Eu pensava que era a serradura e também estava preocupado que a poeira o machucasse, mas em vez disso eram lágrimas de gratidão: ele se sentia útil, se sentia livre. Havia outro jovem que morreu há pouco tempo de um tumor, depois de tanto sofrimento e inquietação, anos passados dentro e fora da prisão, e na comunidade de reabilitação: aqui ele havia encontrado a paz e pouco antes de morrer, quase não conseguia se levantar, mas mesmo assim vinha trabalhar: testemunhou aos outros a beleza deste lugar, a alegria de ter tido esta oportunidade, e talvez isto também, diria o Papa Francisco, seja Laudato si'".

Restauração de cercas e estruturas danificadas pelas inundações de 2018 | 
Vatican News

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Expedito

S. Expedito | Costa Norte
19 de abril
Santo Expedito

A poderosa oração e o Terço de Santo Expedito

Santo Expedito é conhecido como o “Santo das causas justas, impossíveis e urgentes”. Isso acontece porque ele foi um oficial do exército romano. E, em determinado momento de sua vida, depois de ter conhecido a fé cristã, venceu a “procrastinação”, parou de “deixar para amanhã” sua conversão e assumiu a fé. Por causa desta sua decisão, ele enfrentou a morte, tornou-se mártir e passou a ser invocado como o intercessor pelas causas urgentes e justas. Então, surgiu a poderosa oração dirigida a ele, o Terço e a Novena. Vamos compreender cada um para melhor rezarmos e obtermos as graças ligadas a essa devoção.

A Poderosa oração a Santo Expedito

"Meu Santo Expedito das causas justas e urgentes, socorrei-me nesta hora de aflição e desespero, interceda por mim junto ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Vós que sois um santo guerreiro. Vós que sois o santo dos aflitos. Vós que sois o santo dos desesperados. Vós que sois o santo das causas urgentes. Protegei-me, ajudai-me, dai-me força, coragem e serenidade. Atendei ao meu pedido. (fazer o pedido). Ajudai-me a superar estas horas difíceis, protegei-me de todos que possam me prejudicar. Protegei minha família, atendei o meu pedido com urgência. Devolva-me a paz e a tranquilidade. Serei grato pelo resto de minha vida e levarei se nome a todos que tem fé. Santo Expedito, rogai por nós. Amém."

Essa oração nos coloca como amigos e próximos de Santo Expedito. Essa deve ser a tônica toda vez que a rezarmos: aproximarmo-nos deste grande santo com confiança. A oração nos lembra que ele foi guerreiro, pois enfrentou guerras físicas como soldado e as guerras espirituais, como cristão. E venceu. Por isso, ele é chamado o santo dos aflitos, dos desesperados, das causas urgentes; o santo da força, da coragem, da serenidade de quem venceu as batalhas da fé. Por isso, reze esta oração sempre com muita confiança.

O poderoso Terço de Santo Expedito 

O Terço de Santo Expedito é mais uma forma de pedirmos a intercessão deste grande santo. Observe que as orações são todas rimadas, são poesia em forma de oração. Essa poesia nos ajuda a compreender a força de Santo Expedito, características de sua vida e o poder de sua intercessão.

Para rezá-lo, usa-se um Terço normal, de cinco mistérios, cinquenta contas mais as contas iniciais, como no terço mariano. Porém, as orações são diferentes, todas dirigidas a Santo Expedito. Em cada uma das cinco contas grandes reza-se uma oração diferente. E, nas contas pequenas, reza-se sempre a mesma oração, como as Ave-Marias do terço normal. Quando for rezá-lo, procure, o quando possível, um lugar tranquilo e pacífico. Se possível, prepare um pequeno altar, coloque uma imagem de Santo Expedito, acenda uma vela e reze com fé.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Oração inicial do terço:
Meu Jesus, misericórdia dos meus pecados,libertai-me de todos os males que me oprimem o corpo,a alma e o espírito.Dai-me a vossa graça e a vossa paz.Não retireis de mim o vosso Santo Espírito.

Nas primeiras contas reza-se:
Creio em Deus Pai…
Pai Nosso...
Três Ave-Marias
Glória ao Pai...

1. Na primeira conta grande: 
“Ó Santo Expedito, das causas urgentes, atende o pedido de tantos irmãos. 
Amigo dos pobres, aflitos, doentes, concede-nos sempre tua proteção!”

Nas contas menores (em todos os mistérios): 
“Ó Santo Expedito, és forte, guerreiro, soldado de Cristo, fiel vencedor!
Nas horas difíceis és mediador do povo que reza com tanto fervor”. (Glória ao Pai…)

2. Na segunda conta grande: 
“Ó Santo Expedito, tua fé, firme e forte, ganhaste de Cristo, a coroa da glória.
E, martirizado, tiveste esta sorte, nós hoje cantamos a tua vitória”.

3. Na terceira conta grande: 
“Ó Santo Expedito, tu és o modelo dos jovens, soldados e dos estudantes, em nome de Cristo te pedimos, semeia bondade em todos os lugares”.

4. Na quarta conta grande: 
“Ó Santo Expedito, que os viajantes não sofram nas suas viagens e voltem aos lares felizes e contentes, com fé, esperança, e muita coragem”.

5. Na quinta conta grande: 
“Ó Santo Expedito, a minha conversão de hoje não posso adiar para amanhã, 
anseio um dia ter a salvação, por isso desejo a vida cristã”.

Oração Final

“Ó Poderoso Santo Expedito, apresentai a Deus os meus pedidos,neste momento de aflição e desespero em que me encontro.Atendei com urgência o que vos peço com fé e confiança.Anunciarei o vosso nome bendito entre os meus irmãos para que se convertam a Cristoseguindo o vosso belo exemplo de Mártir Glorioso,não trocando Jesus por nada. Amém”.

Outra coisa muito importante que vai ajudar você a crescer na fé e na devoção a Santo Expedito é procurar conhecer a vida dele. Santo Expedito foi um grande herói da fé. Um ser humano como nós, que teve suas fraquezas e as venceu com a fé. Sua principal fraqueza era procrastinação, como vimos. Mas a fé em Jesus, a certeza da presença de Deus conosco e de uma vida eterna e feliz no céu lhe deu forças para alcançar a vitória. Assim, conhecendo a vida de Santo Expedito, rezaremos melhor a oração e o terço dirigidos a ele.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Mensagem de Páscoa de frei Francesco Patton, ofm – Custódio da Terra Santa

Terra Santa | Vatican News

Os discípulos de Emaús é o tema da mensagem de Páscoa de frei Francesco Patton, ofm – Custódio da Terra Santa. Jesus ressuscitado caminha ao nosso lado.

Vatican News

Caríssimas amigas e caríssimos amigos, estamos em Emaús, o lugar onde, na noite de Páscoa, Jesus ressuscitado se manifestou a dois discípulos que fugiam de Jerusalém, desanimados e desapontados.

Emaús nos recorda o caminho da vida, o caminho da história, também o caminho da Igreja neste tempo em que o Papa Francisco nos convida, a todos, à sinodalidade, que significa "caminhar juntos".

A Páscoa é uma oportunidade extraordinária que Jesus nos oferece para descobrir que Ele caminha conosco.

Como os discípulos de Emaús, talvez também nós estejamos desapontados e frustrados com tudo o que estamos vivendo: porque o mundo parece ter mergulhado numa espiral de violência e morte sem fim; porque na Igreja surgem escândalos, rivalidades e divisões; porque constatamos que os nossos próprios sonhos e os nossos esforços para o bem, estão se despedaçando contra as barreiras da indiferença, das circunstâncias desfavoráveis, também da nossa incoerência.

Jesus ressuscitado caminha ao nosso lado. Ele nos ouve e nos deixa desabafar: que saiam do coração todas as amarguras e frustrações, os cansaços, as dúvidas e as objeções.

https://youtu.be/4cH2kRspGT4

Jesus ressuscitado caminha ao nosso lado e nos escuta. Em certo momento, porém, é ele que começa a falar e nos censura por nossa miopia:

“Se lermos a história e o presente, a vida da Igreja e nossa própria vida sem a luz da Palavra de Deus, como poderemos compreender seu sentido? Não poderemos caminhar com confiança, não poderemos transmitir esperança. Sem a luz Pascal, continuaremos vendo apenas os sinais da morte, do fracasso, do desespero”.

Aqui, neste antigo vilarejo, Jesus parou na casa de Cléofas e de outro discípulo, que no relato de Lucas não tem nome, porque na verdade, ele tem o nosso nome e o nosso rosto.

Emaús | Vatican News

Jesus se deu a conhecer no partir o pão e desapareceu. Mas tamanha e tal é a alegria e a surpresa, que nem a noite assusta mais Cléofas, seu companheiro de viagem e cada um de nós. E eles sentem o impulso de voltar imediatamente à estrada, aliás, de correr para anunciar que Jesus está vivo, que ressuscitou, que tudo agora deve ser entendido à luz de sua Páscoa.

Feliz Páscoa de Emaús, a todos vocês e suas famílias. Que cada um possa perceber a presença misteriosa e real de Jesus caminhando ao seu lado.

Que a luz da sua Palavra venha iluminar também as situações de morte, escuridão e decepção que os colocam à prova neste tempo.

Que o simples gesto de partir o pão em família ou em comunidade, sobre a mesa de casa ou sobre o altar, entre amigos ou com o estranho encontrado na rua, os ajude a reconhecer Jesus presente, Jesus que espera ser convidado à mesa, Jesus que se oferece a nós como pão vivo partido para dar vida ao mundo.

Feliz Páscoa de Emaús! Que o Senhor ressuscitado vos dê coragem, torne clara também a vossa noite e dê asas aos vossos pés para levar ao mundo o anúncio da esperança.

Feliz Páscoa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Neve, frio, guerra e fé: um domingo de Páscoa em Kiev

EyePress via AFP
Por Francisco Vêneto

Na cultura ucraniana, há mais tradições familiares e culturais ligadas à Páscoa do que ao Natal.

Sob neve, frio, guerra e fé, o domingo de Páscoa em Kiev voltou a reunir católicos para celebrar a Ressurreição de Cristo enquanto a nação continua trilhando o seu calvário.

Os católicos, tanto de rito latino quanto de rito greco-católico ucraniano, são minoria no país invadido pelos russos. Os cristãos ortodoxos são a maioria e seguem seu próprio calendário, pelo qual a Páscoa será celebrada na semana que vem.

Páscoa, mais importante que o Natal

Na doutrina cristã, a Páscoa é ainda mais importante do que o Natal porque é mediante a Paixão, Morte e Ressurreição que Jesus realiza o objetivo de ter-Se encarnado e nascido como um de nós. Para muitos povos ocidentais, porém, a importância maior da Páscoa como ocasião de celebração da fé em família acabou ficando um tanto ofuscada devido à incidência de uma “publicidade” muito maior do Natal.

Isso não ocorre na Ucrânia, onde a Páscoa continua sendo vivida como uma “festa da família”. De fato, há inclusive mais tradições familiares e culturais ligadas à Páscoa do que ao Natal. Um exemplo muito tradicional é o riquíssimo simbolismo das pêssankas, os famosos ovos detalhadamente pintados a mão e que são característicos do tempo pascal.

Naturalmente, foi impossível neste ano juntar muita gente para celebrar a Páscoa na alegria e na paz familiar, mas, ainda assim, as famílias católicas despedaçadas pela guerra fizeram o seu melhor.

Páscoa em Kiev

O Papa Francisco procurou ajudar. Ele fez questão da presença do seu enviado pessoal em Kiev na Semana Santa e na Páscoa. O cardeal Konrad Krajewski, esmoleiro pontifício, presidiu a Via Sacra da Sexta-Feira Santa junto com o núncio na Ucrânia, dom Visvaldas Kulbokas. Na Santa Missa da Páscoa, celebrada na catedral de Kiev, ele afirmou:

“Não devemos parar naquela dor que nos deixa consternados”.

Ele acrescentou:

“Graças a Deus, há a Ressurreição. Quando Cristo vem, todo o mal é distanciado. Existe a esperança de que Ele nos abençoa”.

Recordando a mensagem Urbi et Orbi do Papa Francisco, que convidou o mundo inteiro a continuar rezando pela Ucrânia, o cardeal afirmou que levava aos fiéis daquele país “a bênção do Santo Padre”. E finalizou:

“Que reine a paz, porque Deus venceu todo o mal. Ele ressuscitou e nós também ressurgiremos. Христос воскрес! (Cristo ressuscitou!)”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Oitava e tempo pascal

Diocese de Crato

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

O período da Oitava da Páscoa engloba do Domingo de Páscoa ao Domingo seguinte da Páscoa, o domingo da misericórdia, antigamente o domingo in albis. São oito dias em que podemos desejar uns ao outros uma Feliz Páscoa. É que a festa da Páscoa é tão importante que não pode ser celebrada em um dia só. O tempo da Páscoa dura 50 dias e vai até a festa de Pentecostes, que é a vinda do Espírito Santo. É um tempo de grande alegria, em que a Igreja se reveste de branco e celebra as alegrias da ressurreição. Mas durante oito dias, tem a Oitava da Páscoa em que cada dia dessa semana é como se fosse um novo Domingo de Páscoa, até chegarmos no domingo seguinte, que é o segundo Domingo da Páscoa.

A Oitava Pascal é, portanto, os primeiros oito dias do tempo Pascal, que tem seu início no domingo, após a Vigília Pascal, e termina no segundo Domingo da Páscoa. Durante o tempo pascal, os domingos têm uma sequência solene, ou seja, não se diz “2º Domingo depois da Páscoa”, mas sim, 2º Domingo da Páscoa. Após a Oitava da Páscoa, todo domingo é Páscoa.

Por isso, durante a Oitava Pascal, a Igreja, comunidade de ressuscitados, proclama solenemente: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos” (Sl 118,24). Ou seja, a Páscoa tem esse significado, a vida venceu a morte. Para nós, cristãos, a Páscoa tem um novo sentido, que é a passagem da morte para a vida. O Senhor não podia ficar no sepulcro, não podia haver morte, onde a vida era a missa fundamental.

A Oitava Pascal traz para o centro da celebração litúrgica da Igreja o mistério da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em toda missa, recordamos o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. O que nós celebramos na Páscoa é o que fazemos em toda Eucaristia, e é o mistério da nossa fé. O Tríduo que celebramos de Quinta-feira Santa até o Sábado da Vigília Pascal, é o que dá sentido ao que celebramos em todas as missas durante o ano inteiro. Acreditamos que o Senhor nos deixou a memória de seu corpo e sangue e nos acompanha até aos dias de hoje e se Ele morreu e ressuscitou por nós, da mesma forma nós viveremos para sempre ao lado de Deus na eternidade.

Na verdade, todo domingo celebramos a Páscoa de Jesus, durante a Oitava da Páscoa, todo dia se torna um domingo e, consequentemente, todo dia é Páscoa. Durante os dias da Oitava da Páscoa, entoa-se o hino do Glória, que em outros tempos só se entoa aos domingos e festas, com exceção da Quaresma e do Advento, que não se canta. Por isso, durante oito dias, celebramos solenemente a Páscoa da Ressurreição de Jesus, como se fosse um único dia, “o dia que o Senhor fez para nós”.

A Oitava Pascal, tempo atrás, era um período muito especial, sobretudo, para aqueles que haviam sido batizados na Vigília Pascal. Durante toda a Oitava da Páscoa, aqueles que foram batizados usavam vestes brancas e só tiravam essas vestes no 2º Domingo da Páscoa. Era o momento para aqueles que foram renascidos para a fé experimentassem a vida nova em Cristo e fossem iniciados nos mistérios da fé. De igual modo, somos convidados a mergulhar nas águas do batismo e ressurgir para uma vida nova. É essa a transformação que a Páscoa nos proporciona, renascer para uma vida nova em Cristo.

Dessa forma, a Oitava da Páscoa convida-nos a fazer de cada dia dessa semana uma Páscoa contínua, um tempo de renovar as esperanças e a confiança no Senhor, colocando em suas mãos o nosso destino. É um tempo para que, ressuscitados com Cristo, aprendamos a buscar as coisas que são do alto.

Esse é o tempo litúrgico mais importante do ano, é a passagem da morte para a vida, Cristo volta de uma vez por todas para a eternidade. De certa maneira, também é a Páscoa da Igreja, porque Cristo é a cabeça, e nós somos os membros. A Igreja vive por Ele e para Ele. No dia de Pentecostes, a Igreja é introduzida na vida nova do reino de Deus. A Igreja renasce junto com Cristo para uma vida nova e, a partir da sua ressurreição e da vinda do Espírito Santo, nasce a Igreja primitiva com os apóstolos e o Espírito Santo guia a Igreja até aos dias de hoje. Esse Espírito Santo é sinal de que Cristo acompanha a sua Igreja.

Vivamos intensamente a Oitava da Páscoa e o tempo pascal, que é um de graça dado por Deus a nós. Participemos desse tempo não deixando de lado aquelas práticas que iniciamos na quaresma, sobretudo, a oração e a meditação da Palavra de Deus e deixemos com que Cristo guie a nossa vida. Que seja um tempo de graça e uma oportunidade de agradecer a Deus por tantos bens que Ele nos concede.

Esse ano, a Oitava da Páscoa e o tempo pascal terão um significado especial. Depois de dois anos sem poder se reunir em comunidade para celebrar o mistério pascal de Cristo, esse ano toda a comunidade pode celebrá-lo. Que o Espírito Santo infunda no coração dos fiéis o Espírito Santo da nova criação e, de uma vez por todas, possamos ficar livres da Covid-19 e que a paz seja restabelecida no mundo, particularmente, na Ucrânia.
Desejo uma feliz e santa Páscoa para todos e um excelente tempo pascal. Que o Espírito Santo nos santifique.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa: a falsidade, nas palavras e na vida, leva de volta ao túmulo

O Papa Francisco durante o Regina Caeli | Vatican News

No Regina Caeli desta "Segunda-Feira na Oitava de Páscoa", Jesus "nos convida a sair dos túmulos dos nossos medos" e nos recorda que "o Ressuscitado quer nos tirar dos sepulcros das falsidades e das duplicidades".

Mariangela Jaguraba/Silvonei José - Vatican News

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Regina Caeli, nesta "Segunda-Feira na Oitava de Páscoa (18/04), feriado no Vaticano e na Itália, conhecida como "Segunda-feira do Anjo", para lembrar a aparição do anjo às mulheres, anunciando a ressurreição de Jesus.

Segundo Francisco, "os dias da Oitava da Páscoa são como um único dia em que a alegria da Ressurreição é prolongada. Assim, o Evangelho da Liturgia de hoje continua nos falando do Ressuscitado, da sua aparição às mulheres que tinham ido ao túmulo". "Jesus vai ao encontro delas e as saúda. Depois, diz a elas duas coisas, que serão boas para nós também acolhermos, como um dom da Páscoa", frisou o Papa.

Sair dos túmulos dos nossos medos

Primeiro, ele as tranquiliza com as seguintes palavras: "Não tenham medo".

O Senhor sabe que os medos são nossos inimigos diários. Ele também sabe que nossos medos provêm do grande medo, o medo da morte: medo de desaparecer, de perder entes queridos, de estar doente, de não conseguir fazer mais. Mas, na Páscoa, Jesus venceu a morte. Ninguém mais, portanto, pode nos dizer de forma mais convincente: "Não tenha medo". O Senhor o diz ali mesmo, ao lado do túmulo do qual Ele saiu vitorioso. Ele nos convida assim a sair dos túmulos dos nossos medos. Ouçamos bem: sair dos túmulos de nossos medos, porque nossos medos são como túmulos, eles nos enterram dentro.

Segundo o Papa, Jesus "sabe que o medo está sempre agachado à porta de nossos corações e que precisamos ouvir dizer: não tenha medo: na manhã de Páscoa como na manhã de cada dia". "Irmão, irmã, que acredita em Cristo, não tenha medo! "Eu, nos diz Jesus, provei a morte por você, tomei seu mal sobre mim". Agora, eu ressuscitei para lhe dizer: Estou aqui, com você, para sempre. Não tenha medo", sublinhou o Pontífice.

A alegria da Páscoa não é para ser guardada para si mesmo

"Como podemos concretamente combater o medo? ", perguntou o Papa, respondendo com a segunda coisa que Jesus disse às mulheres: "Vão anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão".

Vão e anunciem. O medo sempre nos fecha em nós mesmos; Jesus, ao invés, nos faz sair e nos envia aos outros. Aqui está o remédio. Mas eu, podemos dizer, não sou capaz! Aquelas mulheres certamente não eram as mais adequadas ou preparadas para anunciar o Ressuscitado, mas o Senhor não se importa. A Ele importa que se saia e se anuncie. Porque a alegria da Páscoa não é para ser guardada para si mesmo. A alegria de Cristo é fortalecida ao doá-la, se multiplica quando se compartilha. Se nos abrimos e levamos o Evangelho, nosso coração se expande e supera o medo. Este é o segredo: anunciar para vencer o medo.

A falsidade leva de volta ao túmulo

O Papa disse que o Evangelho de hoje "nos diz que o anúncio pode encontrar um obstáculo: a falsidade. Na verdade, o Evangelho narra "um contra-anúncio", o dos soldados que haviam guardado o sepulcro de Jesus. Eles são pagos com "uma boa soma de dinheiro" e recebem estas instruções: "Digam isto: 'Seus discípulos vieram de noite e o roubaram enquanto dormíamos'". "Vocês estavam dormindo? Vocês viram no sono quando eles roubaram o corpo? Há ali uma contradição, mas uma contradição que todos acreditam, porque há dinheiro envolvido. É o poder do dinheiro, aquele outro senhor que Jesus diz para nunca servir. Há dois senhores: Deus e o dinheiro. Nunca servir", sublinhou Francisco.

Aqui está a falsidade, a lógica da ocultação, que se opõe à proclamação da verdade. É um lembrete para nós também: a falsidade, nas palavras e na vida, polui o anúncio, corrompe por dentro, leva de volta ao túmulo. A falsidade nos leva para trás, nos leva à morte, ao sepulcro. O Ressuscitado, ao invés, quer nos tirar dos sepulcros, das falsidades e das dependências. Diante do Senhor ressuscitado, existe este outro deus: o deus dinheiro, que suja tudo, que arruína tudo, fecha as portas para a salvação. E isso está para todo lado. Na vida cotidiana, há a tentação de adorar o deus dinheiro.

Segundo Francisco, "nós nos escandalizamos quando, através da informação, descobrimos mentiras e enganos na vida das pessoas e na sociedade". "Mas, vamos também dar um nome às falsidades que existem dentro de nós! E coloquemos essas nossas opacidades diante da luz de Jesus ressuscitado. Ele quer levar à luz as coisas escondidas, para nos tornar testemunhas transparentes e luminosas da alegria do Evangelho, da verdade que nos liberta", concluiu o Papa, pedindo "a Maria, Mãe do Ressuscitado, que nos ajude a vencer nossos medos e nos conceda a paixão pela verdade".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Maria da Encarnação

Maria da Encarnação | arquisp
18 de abril

Maria da Encarnação (Bárbara Avrillot)

Ela nasceu em Paris, no dia 1o de fevereiro de 1566, e se chamava Bárbara Avrillot, filha do senhor de Champstreaux, riquíssimo, influente na corte francesa e na vida religiosa por ser um homem muito devoto, assim como sua descendência.

Como era costume na época, apenas adolescente Bárbara foi enviada às Irmãs Menores da Humildade de Nossa Senhora, que habitavam nas proximidades. Regressou à família aos catorze anos e não pôde optar pela vida religiosa, pois aos dezesseis anos foi entregue como esposa ao visconde de Villemor, Pedro Acário, senhor de muitas terras, muito atuante na política da corte e cuja influência era tão forte quanto à de sua família, possuidor de costumes sérios e seguidor dos preceitos cristãos. Tiveram seis filhos.

O rei Henrique IV, após desfazer a Liga política à qual seu marido pertencia, mandou-o para o exílio e confiscou-lhe todos os bens. Foram quatro anos de várias atribulações financeiras e aflição de espírito. Porém Bárbara não se abateu, tomou a defesa do marido, não se detendo até provar a inocência dele e reaver todos os bens. Foi com essa fibra que educou os filhos com generosidade, no respeito e no serviço aos mais pobres, doentes e mais desamparados. Ensinou-os a viver de maneira simples, sóbria, modesta, e no amor à verdade, pois a verdade é Cristo. Ensinou-lhes, também, o espírito de sacrifício e a força de vontade perante as dificuldades.

Nesse período, conheceu o religioso Francisco de Salles, depois também fundador e santo pela Igreja, o qual aprovava sua atitude e comportamento, vindo a tornar-se o seu diretor espiritual. Em 1601, ela leu os escritos de Teresa d'Ávila e desejou, ela mesma, uma leiga, fazer todo o possível para introduzir na França a reforma carmelita. Um ano depois, acolheu as primeiras vocações e obteve a autorização do rei, o qual lhe dispensava uma grande consideração, e, em 1603, o papa Clemente VIII enviou-lhe sua autorização para a fundação, portanto ela pôde construir o primeiro mosteiro carmelita na França. Depois, com os outros, que vieram em seguida, houve uma forte influência na espiritualidade católica de seu tempo. Três de suas filhas entraram no Carmelo de Amiens.

Em 1613, morreu seu marido e só então ela tomou o nome de Maria da Encarnação, tomando o hábito e jurando os votos a uma de suas filhas, que se tornara a abadessa do mosteiro de Amiens, onde ela permaneceu durante algum tempo, para depois estabelecer-se no de Pontoise. Manteve-se sempre ativa e preparada para discussões sobre o tema da fé com personagens próprios e auto-reveladores e sempre humilde e afetuosa como simples carmelita de sua comunidade.

Maria da Encarnação, madame Acário, é considerada a "madre fundadora do Carmelo na França" porque contribuiu para a difusão da reforma carmelita de Santa Teresa d'Ávila, mais do que todos, em solo francês. Ela terminou os seus dias num leito de dor em Pontoise. E ao morrer, no dia 18 de abril de 1618, recitou várias vezes os salmos 21 e 101. Esse dia era Quinta-Feira Santa.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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domingo, 17 de abril de 2022

O que é a Oitava de Páscoa e qual é a sua importância?

Elnur | Shutterstock
Por Prof. Felipe Aquino

Ainda dá tempo de aproveitar as graças especiais da Páscoa.

Após o domingo de Páscoa, a Igreja vive o Tempo Pascal; são sete semanas em que celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos, dando-lhes as suas últimas instruções (At1,2). Quarenta dias depois da Ressurreição Jesus teve a sua Ascensão ao Céu, e ao final dos 49 dias enviou o Espírito Santo sobre a Igreja reunida no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa. O Espírito Santo dado à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso.

Tempo Pascal

O Tempo Pascal compreende esses cinquenta dias (em grego = “pentecostes”), vividos e celebrados “como um só dia”. Dizem as Normas Universais do Ano Litúrgico que: “os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, “como se fosse um único dia festivo”, como um grande domingo” (n. 22).

É importante não perder o caráter unitário dessas sete semanas. A primeira semana é a “oitava da Páscoa”. Ela termina com o domingo da oitava, chamado “in albis”, porque nesse dia os recém batizados tiravam as vestes brancas recebidas no dia do Batismo.

Esse é o Tempo litúrgico mais forte de todo o ano. É a Páscoa (passagem) de Cristo da morte à vida, a sua existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, seu Corpo. No dia de Pentecostes a Igreja é introduzida na “vida nova” do Reino de Deus. Daí para frente o Espírito Santo guiará e assistirá a Igreja em sua missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a Parusia. Com a vinda do Espírito Santo à Igreja, entramos “nos últimos tempos” e a salvação está definitivamente decretada; é irreversível; as forças o inferno vencidas pelo Cristo na cruz, não são mais capazes de barrar o avanço do Reino de Deus, até que o Senhor volte na Parusia.

Prolongar a alegria da Ressurreição

A Igreja logo nos primórdios começou a celebrar as sete semanas do Tempo Pascal, para “prolongar a alegria da Ressurreição” até a grande festa de Pentecostes. É um tempo de prolongada alegria espiritual. Esse tempo deve ser vivido na expectativa da vinda do Espírito Santo; deve ser o tempo de um longo Cenáculo de oração confiante.

Nestes cinquenta dias de Tempo Pascal, e, de modo especial na Oitava da Páscoa, o Círio Pascal é aceso em todas as celebrações, até o domingo de Pentecostes. Ele simboliza o Cristo ressuscitado no meio da Igreja. Ele deve nos lembrar que todo medo deve ser banido porque o Senhor ressuscitado caminha conosco, mesmo no vale da morte (Sl 22). É tempo de renovar a confiança no Senhor, colocar em suas mãos a nossa vida e o nosso destino, como diz o salmista: “Confia os teus cuidados ao Senhor e Ele certamente agirá” (Salmo 35,6).

Domingos de Páscoa

Os vários domingos do Tempo Pascal não se chamam, por exemplo, “terceiro domingo depois da Páscoa”, mas “III domingo de Páscoa”. As leituras da Palavra de Deus dos oito domingos deste Tempo na Santa Missa estão voltados para a Ressurreição. A primeira leitura é sempre dos Atos dos Apóstolos, as ações da Igreja primitiva, que no meio de perseguições anunciou o Senhor ressuscitado e o seu Reino, com destemor e alegria.

Portanto, este é um tempo de grande alegria espiritual, onde devemos viver intensamente na presença do Cristo ressuscitado que transborda sobre nós os méritos da Redenção. É um tempo especial de graças, onde a alma mais facilmente bebe nas fontes divinas. É o tempo de vencer os pecados, superar os vícios, renovar a fé e assumir com Cristo a missão de todo batizado: levar o mundo para Deus, através de Cristo. É tempo de anunciar o Cristo ressuscitado e dizer ao mundo que somente nele há salvação.

Então, a Igreja deseja que nos oito dias de Páscoa (Oitava de Páscoa) vivamos o mesmo espírito do domingo da Ressurreição, colhendo as mesmas graças. Assim, a Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de que “o tempo especial de graças” que significa a Páscoa, se estenda por oito dias, e o povo de Deus possa beber mais copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável, onde o céu beija a terra e derrama sobre elas suas Bênçãos copiosas.

Bênçãos da Páscoa

Mas, só podem se beneficiar dessas graças abundantes e especiais, aqueles que têm sede, que conhecem, que acreditam, e que pedem. É uma lei de Deus, quem não pede não recebe. E só recebe quem pede com fé, esperança, confiança e humildade.

As mesmas graças e bênçãos da Páscoa se estendem até o final da Oitava. Não deixe passar esse tempo de graças em vão! Viva oito dias de Páscoa e colha todas as suas bênçãos. Não tenha pressa! Reclamamos tanto de nossas misérias, mas desprezamos tanto os salutares remédios que Deus coloca à nossa disposição tão frequentemente.

Muitas vezes somos miseráveis sentados em cima de grandes tesouros, pois perdemos a chave que podia abri-lo. É a chave da fé, que tão maternalmente a Igreja coloca todos os anos em nossas mãos. Aproveitemos esse tempo de graça para renovar nossa vida espiritual e crescer em santidade.

O Círio Pascal

O Círio Pascal estará acesso por quarenta dias nos lembrando isso. A grande vela acesa simboliza o Senhor Ressuscitado. É o símbolo mais destacado do Tempo Pascal. A palavra “círio” vem do latim “cereus”, de cera. O produto das abelhas. O círio mais importante é o que é aceso na vigília Pascal como símbolo de Cristo – Luz, e que fica sobre uma elegante coluna ou candelabro enfeitado.

O Círio Pascal é já desde os primeiros séculos um dos símbolos mais expressivos da vigília, por isso ele traz uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, para indicar que a Páscoa do Senhor Jesus, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos alcança com força sempre nova no ano concreto em que vivemos. O Círio Pascal tem em sua cera incrustado cinco cravos de incenso simbolizando as cinco chagas santas e gloriosas do Senhor da Cruz.

O Círio Pascal ficará aceso em todas as celebrações durante as sete semanas do Tempo Pascal, ao lado do ambão da Palavra, até a tarde do domingo de Pentecostes. Uma vez concluído o tempo Pascal, convém que o Círio seja dignamente conservado no batistério. O Círio Pascal também é usado durante os batismos e as exéquias, quer dizer no princípio e o término da vida temporal, para simbolizar que um cristão participa da luz de Cristo ao longo de todo seu caminho terreno, como garantia de sua incorporação definitiva à Luz da vida eterna.

Sacramental

No Vaticano, a cera do Círio Pascal do ano anterior é usada para a confecção do “Agnus Dei” (Cordeiro de Deus), que muitos católicos usam no pescoço; é um sacramental valioso para nos proteger dos perigos desta vida, pois é feito do Círio que representa o próprio Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele é confeccionado de cera branca onde se imprime a figura de um cordeiro, símbolo do Cordeiro Imolado para reparar os pecados do mundo.

Esses “Agnus Dei” são mergulhados pelo Papa em água misturada com bálsamo e o óleo Sagrado Crisma. O Sumo Pontífice eleva profundas orações a Deus implorando para os fiéis que os usarem com fé, as seguintes graças: expulsar as tentações, aumentar a piedade, afastar a tibieza, os perigos de veneno e de morte súbita, livrar das insidias, preservar dos raios, tempestades, dos perigos das ondas e do fogo – impedir que qualquer força inimiga nos prejudique – ajudar as mães no nascimento das crianças.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Estrelas, fogo e Fé

Guadium Press
Meditemos nos sinais que envolvem a cerimônia da Vigília Pascal: a escuridão do ambiente; a chama, na qual são acesas todas as velas… Cada sinal possui um significado acerca dos tempos de Cristo e também acerca de nossos tempos.

Redação (16/04/2022 08:13Gaudium Press) Nesta noite santa, a escuridão que acolhe os fiéis é rompida somente pelas estrelas.

As mesmas estrelas que serviram de promessa a Abraão e de caminho para os Magos também hoje misturam sua luz com a do Círio Pascal, símbolo d’Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, a realização de todas as promessas.

Já a luz das estrelas, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança (Cf. Gn 1,26).

É sob estrelas que Deus promete a Abraão uma descendência numerosa, e pela Fé “Abraão, submetido à prova, ofereceu Isaac, seu único filho, depois de ter recebido a promessa e ouvido as palavras: ‘Uma posteridade com o teu nome te será dada em Isaac’. Estava ciente de que Deus é poderoso até para ressuscitar alguém dentre os mortos” (Hb 11,17-19).

Ainda pela Fé e sob as estrelas, Moisés “deixou o Egito, não temendo a cólera do rei, com tanta segurança como estivesse vendo o invisível. Foi pela fé que mandou celebrar a Páscoa e aspergir os portais com sangue, para que o anjo exterminador dos primogênitos poupasse os filhos de Israel. Foi pela fé que os fez atravessar o mar Vermelho, como por terreno seco, ao passo que os egípcios que se atreveram a persegui-los foram afogados” (Hb 11,27-29).

Enfim, quantas promessas e quantos atos de fé não viram as estrelas!?

Porém, entre tudo o que nos contariam, uma fé brilhou sobremaneira: nesta noite santa, em que o Corpo de Nosso Senhor repousava no sepulcro, houve uma única chama que sustentou toda a Igreja: era a Fé, a Esperança e a Caridade de Maria.

Somente Aquela que conferia e meditava nas palavras e acontecimentos relacionados com o Divino Mestre em seu Coração conservou sua Fé intacta nesta hora de trevas e nuvens.

Ora, em nossos dias, as estrelas parecem nos dizer que a Fé do mundo também jaz num sepulcro, o reino das trevas parece dominar o orbe. Contudo, nesta imensa escuridão, novamente uma chama conserva a integridade do depósito da fé. Nesta chama, ainda que pequena e insignificante aos olhos do mundo, já arde um “fogo novo”: é outra vez o Imaculado Coração de Maria que, desta vez, começa a triunfar.

Quantas profecias prenunciam seu cumprimento nos dias atuais! Não nos deixemos arrastar pelas ilusões do mundo.

Abandonemos as obras das trevas e aproximemo-nos deste “fogo novo”, aqueçamos nele nossas almas e tracemos nosso porvir à sua luz. Destas labaredas jorrarão abundantes graças que nos farão atravessar o Mar Vermelho desta vida e assegurar a vida futura.

Por Fernando Mesquita

Mensagem Urbi et Orbi: Deixemo-nos vencer pela paz de Cristo! A paz é possível

Missa de Páscoa e Bênção Urbi et Orbi | Vatican News

Cerca de 100 mil pessoas participaram da Missa de Páscoa na Praça São Pedro, presidida pelo Papa Francisco, ouviram sua mensagem pascal e receberam a benção Urbi et Orbi. O pensamento do Pontífice se concentrou nos vários países e regiões que vivem conflitos, particularmente a Ucrânia. Na América Latina, rezou por quem viu "piorar as suas condições sociais".

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

“Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa! Jesus, o Crucificado, ressuscitou!”

Assim o Papa Francisco saudou os fiéis presentes na Praça São Pedro e todos os que acompanharam a missa de Páscoa conectados pelos meios de comunicação em todo o mundo.

Cerca de 100 mil fiéis participaram da cerimônia, que pôde finalmente ser celebrada na Praça, após dois anos de pandemia, com os tradicionais enfeites florais para acolher o anúncio da ressurreição de Cristo. 

Também os nossos olhos estão incrédulos, nesta Páscoa de guerra

Após a Missa, o Papa se dirigiu à sacada central da Basílica Vaticana, de onde dirigiu a a mensagem Urbi et Orbi (à cidade de Roma e a todo o mundo) e concedeu a Bênção Apostólica. Ele estava acompanhado pelos cardeais Renato Raffaele Martino e Michael Czerny.

O Pontífice repetiu as palavras de Cristo contidas no Evangelho de João, diante dos olhos incrédulos dos discípulos: «A paz esteja convosco!».

“Também os nossos olhos estão incrédulos, nesta Páscoa de guerra”, disse o Papa. Com todo o sangue e violência que vimos, temos dificuldade em acreditar que Jesus tenha verdadeiramente ressuscitado. “Terá porventura sido uma ilusão?”, questionou Francisco, que imediatamente respondeu: “Não. Não é uma ilusão!”.

E hoje, mais do que nunca precisamos Dele, no final de uma Quaresma que parece não ter fim. Ao invés de sairmos juntos do túnel da pandemia, demonstramos que existe ainda em nós o espírito de Caim, que vê Abel não como um irmão, mas como um rival.

Por isso temos necessidade do Ressuscitado para acreditar na vitória do amor, para esperar na reconciliação. Só Ele o pode fazer.

Crianças vítimas da guerra, mas também da fome

O Papa então dirigiu o seu olhar para todas as realidades que necessitam do anúncio pascal. Falando da “martirizada” Ucrânia, usou termos como crueldade e insensatez e pediu mais uma vez que não se habitue à guerra. De modo especial, citou o sofrimento das crianças não só ucranianas, mas também “as que morrem de fome ou por falta de cuidados médicos, as que são vítimas de abusos e violências e aquelas a quem foi negado o direito de nascer”.

Pediu paz no Médio Oriente, em particular entre israelenses e palestinos, no Líbano, na Síria e no Iraque. Paz também para a Líbia e para o Iêmen, para Mianmar e para o Afeganistão. Paz para todo o continente africano, particularmente na região do Sahel, na Etiópia, na República Democrática do Congo.

Na América Latina, a "guerra" social

Olhando para o continente americano, a oração do Papa é para que “Cristo ressuscitado acompanhe e assista as populações da América Latina, que, em alguns casos, viram piorar as suas condições sociais nestes tempos difíceis de pandemia, agravadas também por casos de criminalidade, violência, corrupção e tráfico de drogas”.

Falou também do Canadá, para que o Senhor ressuscitado acompanhe o caminho de reconciliação que a Igreja Católica no país está percorrendo com os povos autóctones.

A paz é possível!

Francisco concluiu recordando que cada guerra traz consigo consequências que envolvem toda a humanidade: do luto ao drama dos refugiados, até à crise econômica e alimentar de que já se veem os primeiros sintomas.

Cristo, todavia, nos exorta a não nos render ao mal e à violência.

“Deixemo-nos vencer pela paz de Cristo! A paz é possível, a paz é um dever, a paz é responsabilidade primária de todos!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF